28/03/2019
Gaspar e Ilhota viralizaram nas redes sociais, sem pudor, parte de seus pecados. Manchas e fraquezas do ser humano. Elas fizeram manchetes nacionais nas duas últimas semanas. E pelo pior que as mentes podem produzir. Sintomático! Primeiro os bandidões, possivelmente do PCC paulista e que assaltaram R$9,8 milhões de carros fortes da Brinks no aeroporto Quero-Quero, em Blumenau. Eles plantaram suas iscas pés-de-chinelos – que dizem não saberem quem são seus chefes – nas matas no interior dos dois municípios para atraírem a polícia. Enquanto ela os caçava num lado, os executores e pensadores fugiam por outro. Espetáculo para capturar os chinfrins. Com eles R$20 mil do assalto, ou seja, zero. A Polícia Federal está tocando o caso agora. E tudo se aquietou, inclusive à disputa histórica entre as nossas polícias – a Militar e a Civil. Espera-se pelo desfecho desse capítulo: a inteligência, quase sempre é resultado de muito silêncio. Como disse, o delegado Regional e que bem atuou por Gaspar, Egídio Maciel Ferrari, ao ser questionado se o assalto tinha sido coisa de profissional, retrucou impositivo: “ profissional aqui é a polícia”. Então..
E a adrenalina não baixou entre assassinatos que se registraram. Enquanto o prefeito de Ilhota, Érico de Oliveira, MDB, e a secretária de Educação de lá, Andréa Cordeiro Quintino, tentavam esconder às ameaças de adolescentes-estudantes e egressos da escola municipal José Elias de Oliveira, na localidade de Minas, os pais dos vulneráveis e possíveis vítimas de uma tragédia arquitetada e anunciada, usaram as redes sociais, aplicativos de mensagens e a imprensa para se protegerem preventivamente. Vergonhoso abafa. Ele contribui para o perigo, o crime e os criminosos. Esses adolescentes, pelas redes sociais, prometiam repetir a tragédia de Suzano, na Grande São Paulo, em quase tudo, inclusive na falta de um propósito para o gesto tresloucado. Provas abundam nas trocas de mensagens por aplicativos e de preparo para o ato que não se consumou. E as autoridades insistem em colocar panos quentes em tudo. Se não cuidar, os pais que estavam cuidando preventivamente de suas crias, serão os culpados de tudo. E confrontados com a realidade, orientados, os então valentes, estão dizendo que tudo não passou de brincadeira. E vai ficar por isso, mesmo? Quem não percebe – ou renega – os fatos e os sinais claros, poderá ser ferrado por eles.
Nada, entretanto, se compara ao que aconteceu no bairro Figueira, em Gaspar. Repugnante, não o ato em si, mas a realidade de tudo que a barbárie produziu. A cena de degradação social, moral e de valores pior não há. E não é raro, diga-se, não só aqui, mas em muitos outros lugares. Mulher, embriagada, é estuprada em via pública, em plena luz do dia. Um homem filma tudo, não a socorre, não avisa a polícia e diz que não nem tempo para isso. E tudo vem a público como um escândalo, porque não satisfeito com a filmagem, retransmite-a. E aí, descobre-se que duas mulheres testemunham – não o ato – e sim a vítima atordoada ao chão. Ouvem, a acusação de quem assistiu o estupro e disse a elas ter filmado tudo. Inertes, uma num carro e outra, numa moto, filmadas também, agem pouco para proteger a violentada, bem como buscar socorro, a polícia. Do estuprador que ainda no domínio da ação, estruturou-se na surpresa como se ele a tivesse achado; que nada sabia; parecia-se um carente, piedoso e santo. Antes de ir embora, como é do ramo, ele se virou para a mulher e buscou na sua própria vítima o álibi, ou constrangimento sob forma d ameaça: “eu te estrupei?”
Fui adolescente e me testei. Tive filhos homens adolescentes e eles me testaram, bem como a uma mãe sempre presente, fato raro e uma dádiva hoje em dia. Ainda não me decepcionaram, mas ninguém está livre disso, nem hoje, nem ontem, nem amanhã. Mas se sabe onde se joga as sementes. Atualmente, muitos desses jovens vêm de lares desestruturados, de pais ausentes; são filhos das creches desde os primeiros meses, da escola, da rua, da avó, dos amigos, da internet, dos jogos, do ócio, do vício, da falta de esperança, das frustações, de todos, menos dos seus próprios pais. Sabem que estão protegidos pela lei e não entendem que isso é uma excepcionalidade. Os pais entendem onde falharam, mas para minimizar culpam todos e tudo, menos eles próprios. E quando um caso grave desse acontece como o de Ilhota, a primeira coisa é trazer os filhotes para o ninho que nunca existiu, com amparo das “autoridades”. E sobre o caso da violência sexual? É resultado da promiscuidade, de um vício, de fraquezas emocionais, de perturbações mentais, de uma omissão social e das próprias mulheres que vivenciaram aquele quadro dantesco. Se elas não tomaram as atitudes vigorosas e imediatas que o caso requeria, elas também se tornaram um alvo do demente. Ou não perceberam isso? Este não é um caso policial, mas uma exemplar falha jurisdicional. O maníaco é contumaz nesse tipo de crime e não poderia estar solto, mas sim sendo tratado e isolado.
A prefeitura de Gaspar tentou fazer da Câmara seu puxadinho duas vezes neste final de semana. Foram dois reveses. O presidente Ciro André Quintino, MDB, o mesmo partido do prefeito Kleber Edson Wan Dall, bancou a autonomia e a independência.
A folha de pagamento dos servidores já estava rodada com o reajuste de 3,57% e 0,43% de aumento real e R$448,00 para o Vale Alimentação, quando o assunto foi remetido para a Câmara e Ciro convencido a fazer uma sessão extraordinária as 11h30min de quarta-feira, ou seja, bem longe dos servidores, para sacramentar tudo isso.
O assunto sem relator entrou na pauta na terça-feira à noite. O Sindicato pediu o adiamento para o debate e entrou em estado de greve. E para complicar, a servidora pública municipal (berçarista) e ex-vice-prefeita, Mariluci Deschamps Rosa, PT, foi sorteada, relatora. Ciro, resolveu adiar tudo para o dia nove de abril, uma terça-feira, numa sessão ordinária e a noite.
Se discutido, o governo tem, em tese, os votos para aprovar uma proposta de consenso e se não houver, a do governo. O que Ciro abriu, foi apenas o debate e a busca de um acordo.
A outra tentativa de fazer a Câmara um braço da prefeitura foi no caso da constituição do Fundo para a construção da sede própria do Legislativo. O assunto está para a sanção de Kleber. Isso eu detalhei na coluna Olhando a Maré, de segunda-feira, no portal Cruzeiro do Vale, o mais antigo, acessado e atualizado de Gaspar e Ilhota.
Samae inundado I. Como funciona. O presidente do Samae, José Hilário Melato, foi a 89,7. Lá pelas tantas perguntaram sobre as quedas de energia que vivem paralisando as Estações de Tratamento de Água, incluindo a do Centro, deixando o abastecimento da cidade vulnerável.
Samae inundado II. O mais longevo dos vereadores não deixou por menos. Primeiro disse que dava um voto de confiança para a Celesc. Ele acredita que as quedas de energia não se tornarão rotina. Segundo, informou que a engenharia da autarquia já estava tomando providência e as licitações a caminho. Naquele instante na sede do Samae, ninguém sabia de nada.
Samae inundado III. No desfile do município, o Samae ocupou espaço com 12 viaturas. Apenas um deles tinha um servidor efetivo, mas em cargo de confiança, dirigindo. Os demais eram dirigidos por comissionados, obrigados a isso.
O mato toma conta da cidade e das calçadas de Gaspar. No desfile de 19 de março, a prefeitura exibiu uma máquina de roçar capim. Propaganda enganosa. Ninguém viu ela ainda funcionando. E se funciona, não está dando conta do recado. Acorda, Gaspar!
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