11/04/2019
Em Blumenau e até Balneário Camboriú se você vai às tradicionais feiras-livres ou até sacolões, lá você encontra feirantes – produtores ou comerciantes – de Gaspar e muito especialmente os de origem no Distrito do Belchior. São reconhecidos pelo atendimento, produtos diferenciais, encomendas especiais e possuem clientes cativos há anos. Pois é! Como no dito popular, em casa de ferreiro, o espeto é de pau. Não é que Gaspar acabou com a sua mais tradicional feira aqui do Centro? Primeiro ela se “modernizou” no prédio e até virou uma tal “Casa do Agricultor”. Depois foi fechada pela Justiça, a pedido do Ministério Público, por contrariar a lei. E não há quem se disponha a resolver o assunto tão simples. O espaço está lá, fechado, depois que o dinheiro do povo foi gasto. Um desperdício. Na semana que vem, parte das instalações até vai abrir, por excepcionalidade: será a tradicional Feira do Peixe Vivo.
Gaspar sem feira II
No dia sete de março de 2016 – portanto há três anos – o juiz que passou por aqui, Renato Mastella -, mandou fechar a feira se antes não houvesse a licitação pública para quem quisesse operar lá. E a denúncia, vejam só, foi feita na Câmara pelo então vereador e hoje vice-prefeito Luiz Carlos Spengler Filho, PP. O MP se interessou pelo caso. Batata. Havia problema na condução do assunto pela turma do ex-prefeito Pedro Celso Zuchi, PT. É um espaço público, então as concessões precisam ser disputadas por concorrência. Em três anos, dos quais dois sob Kleber Edson Wan Dall, MDB, com Luiz Carlos de vice, ninguém buscou uma solução, nem mesmo Termo de Ajustamento de Conduta, ou dar outra utilidade para aquele espaço nobre e no Centro. Tudo por aqui vai para debaixo do tapete, inclusive a tradição, as necessidades e as boas ideias. Acorda, Gaspar!
Na coluna de sexta-feira passada, fiz estas duas notas no Trapiche. “Afinal, onde mora; quem inseriu no sistema; e quem autorizou Vanusa Sbruzzi ser atendida em tempo recorde no posto de Saúde Central de Gaspar, fazer mamografia e exames laboratoriais?” e a outra: “O endereço da residência da paciente é do próprio posto. Hum! Denunciada aqui, com documentos no dia 25 de fevereiro, esta situação continua sendo um “segredo” da secretaria de Saúde. Caso assemelhado no passado, foi parar no Ministério Público e levado por quem facilitou tudo agora”.
Facilidade aos amigos II
O assunto ganhou pernas para o esclarecimento dentro da prefeitura. E quem tomou a iniciativa? Um requerimento do médico, trabalhador de posto de Saúde do Bela Vista, o vereador Silvio Cleffi, PSC, tenta por luz em algo tão simples, óbvio e cheio de provas. Ele está pedindo as seguintes informações: “houve alguma irregularidade no citado atendimento? Quais as datas de seus atendimentos no posto de saúde do município, neste ano de 2019? Houve, pelo médico solicitante, alguma prioridade no pedido destes exames, ou na realização? Caso positivo, qual o critério de prioridade? Qual o endereço da paciente que consta na ficha de atendimento e, em especial no atendimento do dia 25 de fevereiro de 2019?”
Facilidade aos amigos III
Volto. É preciso saber onde – antes do dia 25 de fevereiro - esta paciente era atendida na rede pública de saúde e o endereço que ela oferecia para tal; qual o comprovante de residência apresentado nos atendimentos públicos anteriores e neste em Gaspar, porque do posto de saúde, ela não poderia ter nenhum documento de que é moradora de lá como está na sua ficha, se não foi alterada no sistema posteriormente para tentar “regularizar” minimamente esta situação irregular. Como os sistemas da prefeitura já sofreram adulteração... É preciso saber a relação de afinidade ou parentesco da paciente com comissionados em Gaspar e que permitiu esse atendimento facilitado, com contornos de falsidade ideológica e improbidade. Trata-se de isonomia e proteção de quem não tem amigos no poder de plantão e por isso, ficam em filas eternas, exige-se a documentação mínima e se impede o atendimento por não atender à legislação. Qual a razão para o funcionário público da secretaria de Saúde se permitir a esse ajeitamento e a mando de quem ele fez isso? Ou ele vai ficar com a culpa para si para não perder o emprego? Acorda, Gaspar!
O juiz Leonar Bendine Madalena concedeu liminar e mandou Kleber Edson Wan Dall, MDB, responder em dez dias o requerimento do vereador Dionísio Luiz Bertoldi, PT, aprovado na Câmara por todos os vereadores dia cinco de fevereiro. O prefeito, por vingança, ou por falta de respostas, porque está complicado explicar o que estava à vista de todos, “esqueceu-se” de responder no prazo. A resposta chegou na segunda, dia 8, quando a pauta da sessão já estava fechada.
“Conforme visita ‘in loco’, verificou-se que os tubos foram entregues na rua antes do dia 26 de outubro, e a aprovação do Projeto de Lei Complementar 03/2018 (que permite ao Samae realizar drenagens pluviais) foi apenas em 13 de novembro. Desta forma, este requerimento visa esclarecer para a comunidade quais os recursos foram utilizados”, simplificou o vereador.
Outra vez, fui o único a tratar deste tipo assunto na coluna “Olhando a Maré” de segunda-feira, no portal Cruzeiro do Vale, o mais antigo, acessado e atualizado de Gaspar e Ilhota: “Vereador de Gaspar vai à Justiça para que o prefeito Kleber responda os seus requerimentos. Transparência? Zero!”
Das tetas: o ex-vereador de Gaspar, Marcelo de Souza Brick, ainda do PSD, é agora assessor do gabinete do presidente da Assembleia, Júlio Garcia, PSD. Já ex-prefeito de Blumenau, João Paulo Kleinubing, DEM, está num bloco denominado, “Unidos pelo Brasil!”,. Ele reúne PP, MDB e PRB. É liderado pelo senador Esperidião Amim Helou Filho, PP. E o povo pagando tudo isso.
Sobrou penas no ninho tucano de Gaspar após a surpreendente eleição de Jorge Luiz Prucino Pereira, diretor geral de gestão de convênios do governo de Kleber Edson Wan Dall, MDB, como presidente do PSDB de Gaspar.
Como demonstrei aqui, as eleições podem estar viciadas. “Históricos” como Amadeu Mitterstein e Renato Luiz Nicoletti querem passar essa história a limpo. Já a ex-presidente Andreia Simone Zimmermann Nagel, disse que desistiu de tudo. “Não sou eu quem vou dividir o partido. Ele fez suas escolhas e me exclui delas”.
Duplo desperdício. A propaganda fez manchete: Gaspar gasta R$50 milhões em Saúde Pública. Não é isso que as pessoas estão percebendo, tanto nas manchetes do jornal Cruzeiro do Vale, e principalmente nas redes sociais, aquelas que não estão obrigadas aos aplausos do poder de plantão. Mal aplicada a dinheirama na saúde que não produz resultados e na propaganda enganosa sem crédito. Acorda, Gaspar!
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