20/09/2019
Não vou escrever sobre o gasparense Paulo Norberto Koerich, atual Delegado Chefe da Polícia Civil de Santa Catarina. Já fiz isso algumas vezes. A última nesta coluna foi no dia 26 de novembro de 2018, quando o governador Carlos Moisés da Silva, PSL, um tenente coronel bombeiro-militar reformado confirmou o nome dele para ser o membro do colegiado da Secretaria de Segurança Pública, a novidade-experimento da reestruturação governamental. Vou ao ponto chave dos meus comentários críticos feitos aqui para desespero dos que estão no poder de plantão: à quebra de paradigmas na gestão pública para acompanhar, ao mínimo, às mudanças do mundo e assim atender às demandas reais da sociedade de hoje e de um futuro que não será de décadas, mas de apenas poucos anos. O gestor público e os políticos – por características próprias - demoram, resistem e se embrulham; não se adaptam, não propõem ou se negam às mudanças; à maioria, incrivelmente, sequer as percebem. E, por isso, as urnas têm sido implacáveis com eles, num mundo cada vez mais conectado pelas redes sociais e aplicativos de mensagens.
Silenciosamente, mas no seu estilo firme de comando e gestão para agregar, Koerich vai dando nova cara à Polícia Civil. Ela deixa de ser um bando de civis armados para ser uma corporação de agentes treinados. Tudo para atender uma nova exigência da sociedade mais tecnológica, com crimes sofisticados – usando inclusive o ciber-espaço - em ampla evolução, incluindo os que envolvem recursos e o patrimônio público. Para o Delegado Geral não há outro caminho a não ser o de conhecer e interagir com as novas experiências fora de Santa Catarina e até do Brasil. Isso obriga-o reciclar às capacidades dos atuais policiais e lhes dar uma visão desafiadora e motivadora para agir. Na outra ponta está o aumento de efetivo com a nova visão, para dar conta do recado numa sociedade que criou novas demandas e exigências. Tanto que, já em 1º de outubro, tomarão posse cem novos policiais civis aprovados em concurso público (50 escrivães e 50 agentes). Eles farão curso de formação dentro desse novo contexto por quase sete meses na Academia de Polícia. Mais. Em dezembro, 34 novos delegados terão concluído o curso de formação deles. Estarão prontos para agirem em favor das comunidades. É pouco, todavia, um avanço mínimo que se resistiu até agora em governos anteriores ao de Moisés.
A Polícia Civil continua investigando e se aprimorando para esclarecer os crimes tradicionais contra a vida, as pessoas e o patrimônio delas. O desafio é incorporar novos conhecimentos e tecnologias de apuração. Contudo, hoje, os agentes e a corporação se defrontam com novas exigências, cenários e sofisticação seja na perpetração dos crimes bem como nas suas investigações, como a lavagem de dinheiro, a corrupção, o tráfico de pessoas e de drogas. Mais do que isso: a instituição Polícia Civil está obrigada, pelas circunstâncias de mudanças e de objetivos, a sair do seu isolacionismo como força de resultado e integrar sigilos, compartilhar informações e agir operacionalmente com núcleos investigativos e de resultados como a Polícia Militar, o Instituto Geral de Perícia, o Corpo de Bombeiros, a Polícia Federal, e outras forças públicas operacionais, de inteligência e investigativas como o Ministério Público e órgãos fazendários estaduais e federais... Mais de uma dezena de policiais da inteligência de elite da polícia catarinense já foi, está ou vai a treinamento e troca de experiências no exterior este ano (Estados Unidos, México, Portugal, El Salvador, Nicarágua e Botswana). Entretanto, a Polícia Civil padece de um mal muito comum nos ambientes públicos: num mundo plugado ela ainda se comunica mal com a sociedade. Não consegue mostrar que está evoluindo para responder às novas demandas e às tradicionais, as do varejo. Elas se acumulam e incomodam o cidadão, alimentam o noticiário factual diário e escondem à evolução na instituição.
Quando, em décadas, você ouviu falar de que a Polícia Civil de Santa Catarina está fazendo um Planejamento Estratégico 2019-2023? Ou seja: criando objetivos e metas? Ninguém está mais refém dos fatos cotidiano registrados nas delegacias. Nesse Planejamento há quatro dimensões alinhadas ao Plano Estadual da Secretaria de Segurança, à Lei do Sistema Único de Segurança e ao próximo Plano Plurianual, pois segurança, investigação e resultados requerem muito dinheiro público e ele é escasso. Para Koerich, “na prática, a Polícia Civil está reconhecendo novas possibilidades da realidade e executando ações direcionadas à atividade policial judiciária, com gestão ágil na investigação criminal, na inteligência policial e na fiscalização. Ela quer entregar ao cidadão um cenário de percepção onde a impunidade e desrespeito sejam, em cada novo momento, distantes marcas no passado”. E para isso, Koerich foca o Planejamento nas redes de aprendizagem, em projetos, inovação e orçamento; capital intelectual e; investigação criminal. “Mas para isso tudo é preciso se ter na hierarquia e disciplina, pilares basilares da Instituição. E eles estão sendo resgatados”, sinaliza.
Mas, tudo isso pode ser um blá-blá-blá intencional de quem conhece Koerich desde 1988, quando ele ainda não era policial – e sim, apenas um jovem estudante promissor - e o ajudou a validá-lo como o primeiro chefe de gabinete do ex-prefeito de Gaspar, Francisco Hostins, PDC (1989/92)? Os números dos primeiros oito meses da equipe do Delegado Geral impressionam e desmentem a minha suposta proteção para aquilo que precisa evoluir, e muito. A verdade, é que faltam vagas nas cadeias. “A nova cara da Polícia Civil deverá ser com processos administrativos mais simplificados devido ao investimento em tecnologia, para que para os policiais na ponta tenham mais tempo e se concentrarem na investigação criminal. Vamos buscar o essencial: melhores índices de resolução de crimes”, ressalta Koerich. E aqui está a prova: foram realizadas 332 operações da Polícia Civil até a semana passada quando pedi o relatório e que os mostro no quadro ao lado. Mais de mil pessoas foram presas, incluindo políticos e gestores públicos. Coisa de gente acordada.
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