06/06/2018
Gilberto Schmitt, descende de uma família de história centenária em Gaspar. Uma igual a muitas outras que se consolidaram e são reconhecidas por trabalho duro, desbravamento, iniciativa social e empreendedorismo. Está nele o senso de comunidade, família e religiosidade. Algo meio tradicional por aqui e que está mudando.
Gilberto também os seus defeitos: até tentou ser vereador pelo MDB - em 2006 uma época em que o vereador já recebia para trabalhar duas sessões noturnas por semana e a câmara tinha apenas dez funcionários contra os 28 de hoje -, achando que com isso esse senso comunitário seria mais vigoroso. Ficou na suplência, e quando no exercício temporário do cargo, sentiu que aquilo não era para ele. Ainda bem. Com a experiência, ganhou o jornalismo: conheceu melhor os políticos, a política partidária, manha, manhosos no e pelo poder que usam a comunidade para se estabelecer nele.
Ficou claro então, que o tal senso comunitário é algo muito em função da determinação pessoal de cada um, da liderança e da oportunidade. E em muitos casos, a política partidária e os políticos até atrapalham, pois em primeiro lugar eles olham os resultados para si, e não para os outros.
Gilberto Schmitt tem o mais antigo jornal impresso em circulação (é o maior) em Gaspar e Ilhota, o Cruzeiro do Vale. E antes de todos, antecipando a uma tendência, bancou e criou o portal eletrônico com a mesma marca. Fez mais, tornou essa ferramenta a mais acessada e atualizada daqui e Ilhota. O seu empreendimento já divide com sua filha jornalista Indianara.
Gilberto possui histórias de pioneirismo em lista telefônica, eventos (Baile Havaii, Stammtich), livros etc. Mas, nenhuma delas, é tão relevante do ponto de vista de exemplo, envolvimento e resultado social e comunitário quanto a construção ou a reconstrução de casas para gente em dificuldades. Não foi uma, não foram duas. E não será a última, certamente. Isto sem falar na igreja da Comunidade Santa Clara, no Poço Grande.
Um jornal como o Cruzeiro do Vale, nos dias de hoje, exige dedicação integral para superar a velocidade dos novos meios de comunicação, a concorrência cada vez mais acirrada não de um jornal, mas do mundo digital e radiofônico. Entretanto, Gilberto, com a paciência e determinação, abandona essa essência e se lança a recuperar abrigos decentes para os pegos pela má sorte.
A última empreitada de Gilberto está na construção de uma casa de alvenaria com 70m2 para o seu Vavá, ou Genivaldo dos Santos Chagas, um alagoano que está por aqui onde trabalha como operador de máquinas. O incêndio consumiu a sua de 54m2 e outras duas casas no dia 13 de março, na Rua João Zuchi, no Bateias. A obra está no reboco interno e em 40 dias, talvez esteja pronta.
A comunidade e outros líderes comunitários se organizaram para a mesma tarefa na reconstrução das outras duas casas incendiadas.
O que Gilberto faz é simples: lidera um processo de arrecadação, coordenação da documentação nos órgãos públicos, da sensibilização dos gasparenses para a doação e de motivação do trabalho voluntariado por terceiros, contratação de mão-de-obra especializada e acompanhamento da própria obra. Ele próprio, nos finais de semana, se dedica ao trabalho braçal, como mostram as fotos, com outros que o fazem gratuita e voluntariamente.
Estima-se que em mais 40 dias, esta casa reconstruída possa ser o novo lar do seu Vavá, que também com os seus, ajuda a construí-la.
Para encerrar. Esta é a diferença entre o Gilberto, o Cruzeiro do Vale e de quem apenas faz notícias e traz relatos. Cada um possui as suas prioridades, então não se trata de condenar as atitudes alheias, mas apenas de marcar a diferença em relação à comunidade.
Gilberto e os seus com a atitudes deles, ajudam na transformação, na realização, na recuperação, e principalmente quando a má sorte bate a alguns e os políticos, ou o poder público caro, feito de políticos eleitos e pagos com os nossos pesados impostos também falham. Um exemplo, é a secretaria de Assistência Social.
Esse senso vem da Gaspar de outrora, onde a própria comunidade se reunia para resolver os problemas dos seus: quantas casas, cercas, valas (incluindo a limpeza), capelas, igrejas, templos, salões de festas, sociedades, clubes de futebol e até o CTG nasceram da união, reunião e trabalho voluntário dos comunitários? Estamos perdendo esse senso de doação, realização e prazer. Estamos esperando pelos políticos e eles, além de nos usar, estão faltando de verdade porquê o senso deles é outro: o poder. Acorda, Gaspar!
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