19/12/2018
NOVO GOVERNO VELHO I
Quando ganhou a prefeitura de Gaspar, Kleber Edson Wan Dall, MDB, e o vice Luiz Carlos Spengler Filho, PP, repetiram outra uma vez, a aliança da cobra com o sapo. Uma balaia já comprovadamente desastrosa “unindo” Adilson Luiz Schmit, MDB, e Clarindo Fantoni, PP. Kleber e Luiz Carlos – o sumido - vendiam o “novo”, competência e na propaganda oficial, a eficiência. Com o tempo, os gasparenses descobriram que somente a embalagem era nova; já o conteúdo, velho e rançoso. Sem experiência administrativa pública ou na gestão privada, os ex-vereadores se tornaram reféns – ou fizeram escada e papel - para os velhos esquemas. Foram tragados pelos truques da política rejeitada massivamente nas urnas de outubro deste ano. Contudo, isso é mera consequência. Antes veio o desgaste, a desconfiança e até a rejeição. E por que? Faltou Plano de Governo –apesar dele existir no papel, fez parte dos discursos de campanha e até foi entregue à Justiça Eleitoral. Falta prioridade, liderança, capacidade executiva e resultados.
NOVO GOVERNO VELHO II
O “novo” governo começou tirando dinheiro rubricado no Orçamento para o Fundo da Infância e Adolescência e terminou o segundo ano de mandato “desviando” dinheiro da expansão da rede de água do Samae para abrir valas. Do Bela Vista ao Pocinho; do Barracão ao Distrito do Belchior, o Samae foi inundado de reclamações. A lista de barbeiragens encheria esta última edição do jornal Cruzeiro do Vale – o mais antigo, o de maior circulação e o mais acreditado de Gaspar e Ilhota – deste 2018. Passou pelos desastres da secretaria da Saúde, do Hospital, das faltas de vagas nas creches, da inoperância da secretaria de Assistência Social e da especialmente marcante, derrota humilhante da base do governo na eleição da presidência da Câmara em dezembro do ano passado, quando também perdeu a estreita maioria que tinha para tratorar a minoritária oposição.
NOVO GOVERNO VELHO III
Os exemplos de sucessivos erros – táticos, estratégicos e de execução -, arrogância e dúvidas do governo Kleber e Luiz Carlos, tocado pelo prefeito de fato, o agora secretário da Saúde, o advogado Carlos Roberto Pereira, abundam. Primeiro, porque além de Pereira, as interferências externas no poder pelos velhos caciques partidários são parte desse jogo brutal do poder. Segundo porque não há uma equipe profissional mínima para segurar as exigências prometidas de resultados; porque é uma máquina de empregar cabos eleitorais, amigos e familiares. Terceiro, mesmo caminhando sob cobranças, a vingança é um ingrediente que permeia parte do resultado; usa-se o tempo que não possui – faltam menos de dois anos para outubro de 2020 - e dinheiro dos contribuintes. E vingança no ambiente político só atiça e alimenta adversários. Quarto: nega-se a reconhecer que errou na leitura dos cenários políticos, administrativos e de prioridades. Agora, Kleber e os seus ao invés de refundar o governo, e salvá-lo, vão trocar apenas de cabos eleitorais, após a cara recuperação da maioria na Câmara de vereadores. É suficiente? Haverá tempo?
Há dezenas de exemplos, mas pinço um e desta semana. O cabo Rafael Araújo de Freitas saiu da Defesa Civil porque os Bombeiros o queriam de volta ao quartel. Quem o trouxe e sob polêmica? Carlos Roberto Pereira, ex-soldado bombeiro. Quem armou a saída dele sob dissimulações, na qual se prestou ao papel o próprio prefeito Kleber rasgando elogios? Carlos Roberto Pereira. Era um dos poucos eficientes. Rafael técnico. Avançou naquilo que era zero na gestão petista de Pedro Celso Zuchi. Rafael se negou aos pedidos fora das regras dos políticos e ser também, cabo eleitoral, segurador de bandeiras de partido e de candidatos em outubro pelas esquinas de Gaspar. Foi avisado. Esperava. A sordidez é tamanha que, na Câmara, vereadores da base que tiveram dificuldades nos pedidos extra-lei, comemoraram e em tom de deboche cifrado, desfilavam nas sessões com bonés da Defesa Civil. Quem está indicando o novo gestor da área e afinado com o esquema? Carlos Roberto Pereira. Militar aposentado, pode segurar bandeiras por aí. Entenderam onde, de verdade, Gaspar Avança? Vende-se o novo. Pratica-se o velho com os novos. Parece que ninguém no governo de Kleber entendeu a surra e o recado das urnas em outubro, bem como a sessão da Câmara de terça-feira. Acorda, Gaspar!
TRAPICHE
“O ontem não é nosso para recuperá-lo, e sim é nosso o amanhã para ganhar ou perde-lo”. Quem afirmou isso, foi o Democrata Lyndon Baines Jonhson (1908/73), ex-presidente dos Estados Unidos, sucedendo na morte John Fitzgerald Kennedy, em 1963. Elegendo-se em 1964. Os do poder de plantão em Gaspar ainda têm tempo - pouco, é claro - para refletirem mais sobre o significado desta frase.
É dele também: “fazer o certo não é o problema, mas sim saber o que é certo”. Tem gente tentando projetar o amanhã, mas não sabe o que é o certo.
Ciro André Quintino, MDB, foi eleito pela segunda vez presidente da Câmara de Gaspar. E não foi por articulação e votos da bancada do governo do prefeito Kleber e do doutor Pereira, do PP de Luiz Carlos. Mais uma vez, essa gente apostou as fichas no lugar errado.
Cacifaram o mais ferrenho vereador da oposição Roberto Procópio de Souza, PDT. E que por conta disso, ele arrumou a sua vida e virou amiguinho do poder de plantão. Nada diferente do que se previa nos últimos dias aqui e em parte da cidade.
Foi mais um tapa na cara da errática articulação governista. Expliquei – e até antecipei - tudo isso em sucessivas colunas. Na noite da eleição, escrevi uma outra com o seguinte título: “Casa da Traição ou da Independência?”
A “traição” que houve foi exatamente de uma maioria para sinalizar e punir o Executivo. Ele insiste, sem habilidade, arrogante e com ares de vingança que lhe é peculiar, em fazer da Câmara um puxadinho seu. E na humilhação suprema, cria candidatos seus para tocar o Legislativo ao seu modo. No ano passado foi Franciele Daiane Back, PSDB. Neste foi Roberto Procópio.
Agora, quem pensa que Kleber ficou em minoria na Câmara, está enganado. O voto da vitória de Ciro foi secreto. O voto das matérias polêmicas, será aberto. E aí o buraco será outro. Em condições normais, a oposição terá apenas cinco votos. Espera-se que o Executivo não tenha novos surtos e não perca esse precioso patrimônio que lhe restou e que é vital para se reerguer.
Com as eleições da Câmara concluídas, vêm mudanças no Executivo. Não está descartada à volta de Carlos Roberto Pereira para a poderosa secretaria da Fazenda e Gestão Administrativa que o próprio a desenhou para ele na Reforma, mas que a esvaziou quando o governo perdeu a maioria na Câmara. Refugiou-se na Saúde.
Outra do cabideiro. Sem emprego oficial a partir de primeiro de janeiro, Paulo França, MDB, poderá parar em Gaspar para tocar o mutirão de Obras, cheio de problemas executivos e pegadinhas que escolhem os fornecedores.
Samae inundado. Enquanto “chove” reclamações por toda a cidade, o Samae desperdiça dinheiro grosso dos pagadores de impostos com propagandas nas TVs regionais para dizer que “o problema da falta água está com os dias contados”. Ou seja, o problema continua. O deboche com a população, também.
Perderá o emprego Nelson José Wan Dall Júnior. Ele é gerente de infraestrutura na Agência de Desenvolvimento Regional. Finalmente esta anomalia criada pelo ex-governador Luiz Henrique da Silveira, MDB, para empregar políticos sem votos e cabos eleitorais, vai terminar.
Reserva de vaga. Antes de Nelson, o irmão Kleber Edson Wan Dall por anos estacionou lá na gerência regional do Iprev até ser candidato a prefeito em Gaspar.
Aos leitores e leitoras cristãos, o verdadeiro Natal. Aos demais, controlem-se nas festas; as contas chegarão. Sucesso em 2019. Estarei o tempo todo deste ainda 2018, aceso no portal Cruzeiro do Vale.
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