GOVERNA POR ESPORTE, EXAGERA NAS DIÁRIAS E COMPRA CARRÃO PARA IMPRESSIONAR INTERLOCUTORES - Por Herculano Domício - Jornal Cruzeiro do Vale

GOVERNA POR ESPORTE, EXAGERA NAS DIÁRIAS E COMPRA CARRÃO PARA IMPRESSIONAR INTERLOCUTORES - Por Herculano Domício

01/03/2018

ILHOTA EM CHAMAS - ESPORTE CARO I

Na sessão “Trapiche” da coluna da sexta-feira passada, relatei que Érico de Oliveira, parido no berço do PP e emprestado ao MDB, está prefeito de Ilhota “por esporte”. Quem afirmou isso nas redes sociais, foi o seu próprio filho, Jean Carlos de Oliveira, uma espécie de consultor informal de imagem e chefe do “staff” de comunicação do prefeito. O contratado para essa função e pago com os pesados do povo foi “elevado” à categoria de “espião”. É assim que Jean combateu os questionamentos dos críticos do governo de Érico. Vale aqui, lembrar que macaco não é capaz de esconder o seu próprio rabo comprido. Ele usa com maestria para se equilibrar entre os galhos da mata cheia de outros bichos matreiros. Também não vou voltar ao inchamento da cara estrutura e que lhe pode colocar numa sinuca de bico a atual administração; ou da briga entre os peemedebistas locais e os de fora; ou às dúvidas dos loteamentos, que foram temas usados por Erico na campanha e no mandato para mostrar como falhou o seu antecessor, Daniel Christiam Bosi, PSD.

ILHOTA EM CHAMAS - ESPORTE CARO II

Vou recorrer apenas às duas penúltimas atitudes incoerentes de Jean e Érico. O prefeito tinha um carrão. Acaba de comprar outro, um Jetta, novinho, por mais de R$92 mil. E qual a justificativa de Jean e Erico ao serem cobrados nas redes sociais? Para impressionar as autoridades em Florianópolis e assim obter mais verbas para Ilhota. Não riam. É isso mesmo! O prefeito e o seu assessor especial estão dizendo que não possuem legitimidade, assessoria, rede política de trocas e proteção capaz de sensibilizar os caminhos governamentais para colocar Ilhota na rota das verbas a que ela tem direito. E acham que com um Jetta novo (foto no dia da entrega ao prefeito), o cenário muda. Meu Deus! Érico conhece a cidade e os cidadãos de Ilhota como a palma da sua mão. Será que ficaria impressionado se algum deles, viesse lá do mato, com trajes e carrão caro para lhe pedir um direito ou reivindicação justa? Na política é a mesma coisa. Todos se conhecem. Todos se servem de interesses: votos para se manter no poder.

ILHOTA CHAMAS - ESPORTE CARO III

O outro fato, revela que o prefeito Érico não está trabalhando por esporte como insiste o seu assessor familiar. Um dos atos do ano passado que deu problemas e até parou no Ministério Público que cuida da Moralidade Pública, foi a tentativa disfarçada de aumentar as diárias, com a mudança da unidade monetária de referência. O assunto foi manchete só aqui. E o prefeito Érico voltou atrás. Mas durou pouco. Meses depois, Érico aumentou por decreto. E assustadoramente. As dele, por exemplo, em mais de 190%, para uma inflação no período de 10%. Uau! Todas as diárias de Ilhota são maiores das de Blumenau e Gaspar. Não vou me alongar nesse exagero. Falta espaço. Um quadro resume tudo. Ora, um prefeito que está num cargo por esporte, deveria ele bancar essa diversão. Ou não? Além das diárias, acrescentam-se as passagens, a gasolina do Jetta... Esporte caro, esse, heim? E quem paga? O povo.

 

TRAPICHE

O discurso do presidente da Câmara, Silvio Cleffi, PSC, do tal “pacto pela Saúde, unindo forças por Gaspar”, não durou uma semana. A farsa foi desnudada por ele mesmo na Tribuna, nesta terça-feira.

O “pacto” só une ele com os seis vereadores da oposição (PT, PDT e PSD), que votaram nele para presidente quando o próprio Silvio quebrou outro “pacto”, o da base do governo a que ele pertencia, para eleger Franciele Daiane Back, PSDB do MDB.

Agora majoritária, a bancada oposicionista é uma arma contra o governo de Kleber Edson Wan Dall, MDB. Pior: articulada pela cria do próprio Kleber. Silvio diz a todo momento, inclusive da tribuna, ter um canal aberto com Kleber, numa sinalização clara de vingança, enfraquecimento e desprezo pela bancada governista.

Silvio tinha a chance da grandeza como lembrei na coluna desta terça, feita especialmente para os leitores e leitoras do portal Cruzeiro do Vale, o mais antigo, atualizado e acessado. Não foi capaz ou não o deixaram.

Silvio com a atitude, confirmou à análise e o título da coluna: “políticos disputam a moribunda Saúde de Gaspar. Jogos”

Na fala que fez, Silvio se mostrou magoado pelos discursos duros que ouviu no dia da trapaça, quando eleito presidente da Câmara.

Insinuou que poderia até processar colegas seus por falta de decoro no questionamento duro sobre o seu jogo de traição naquele dia. Mas, não fará isso. “Indulgente”, vai perdoar a todos.

Não vai processar, porque a manifestação política na Tribuna da Câmara é protegida pela Constituição. Há história recente. Simples assim!

A outra prova de que esse “pacto pela Saúde, unindo forças por Gaspar” é só propaganda e enganosa por interesses partidários, corporativos, pessoais e eleitoreiros, está implícito no anúncio da vereadora Mariluci Deschamps Rosa, PT.

É que o deputado Décio Neri de Lima, PT, vai destinar ao “Hospital”, sob a intervenção do município governado pelo MDB, via a bancada de vereadores petistas, R$150 mil (R$50 mil para cada um) das emendas impositivas na área da Saúde a que o deputado tem direito no Orçamento da União: nossos pesados impostos.

Até aí, tudo bem. Mas, segundo Mariluci, a tal verba, quando vier, terá destino certo. É para a área de ortopedia do Hospital, tocada pelo médico Fernando Buchen, genro do ex-prefeito Pedro Celso Zuchi, PT (de quem Mariluci foi vice), hoje pendurado numa assessoria de Décio.

Começou a encrenca, o cabo de guerra e já se tem discurso de campanha se os recursos de Décio, por decisão autônoma exclusiva do secretário de Saúde, Carlos Roberto Pereira, presidente do MDB de Gaspar, não forem para a área do doutor Buchen lá no Hospital! E dizem que estão unindo forças por Gaspar. Incrível! Acorda, Gaspar!

 

Edição 1840 - sexta-feira

Comentários

Herculano
04/03/2018 09:34
UM FAROL PARA A RECONSTRUÇÃO, editorial do jornal O Estado de S. Paulo

A derrocada do lulopetismo abriu uma enorme janela de oportunidade para o País se recompor dos desatinos de governos populistas

A derrocada do lulopetismo, marcada pelo impeachment de Dilma Rousseff e pela recente confirmação da condenação de Lula da Silva por corrupção e lavagem de dinheiro, o que torna o ex-presidente inelegível à luz da Lei da Ficha Limpa, abriu uma enorme janela de oportunidade para o País se recompor dos desatinos de governos populistas e voltar ao caminho do desenvolvimento econômico, social e político, guiado por lideranças éticas e responsáveis.

Para ajudar na compreensão dos desafios da Nação e fomentar o debate acerca da agenda para a reconstrução do País, o Estado publicou uma série de reportagens entre setembro de 2016 e janeiro de 2017 com as políticas públicas que deverão pautar os debates eleitorais deste ano. Não só isso. Nos próximos meses, a série Fórum Estadão: A Reconstrução do Brasil irá abordar os principais temas visando à modernização do País.

Durante a abertura do primeiro evento da série, terça-feira passada, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso afirmou que para iluminar esses caminhos que levarão à reconstrução "não faltam ideias, o que falta são líderes" que sejam capazes de engajar a maioria da sociedade em torno de uma agenda em prol do interesse nacional.

Em meados de novembro do ano passado, FHC proferiu uma conferência sobre a conjuntura política brasileira na Columbia University, nos EUA. Naquela ocasião, ao tratar da necessidade de unificar a sociedade em torno de uma agenda de interesses comuns, afirmou que "não temos um De Gaulle", referindo-se ao general Charles de Gaulle, o ex-presidente da França que reergueu seu país dos escombros da 2.ª Guerra.

Por mais graves que tenham sido os males infligidos ao País nos últimos anos, para repará-los, nos próximos quatro anos, não precisamos de um estadista do porte do general De Gaulle ?" embora isso seja desejável. Um líder decente, pautado por valores morais e disposto a encampar uma agenda que atenda aos anseios por ética no exercício da atividade política, estabilidade econômica, racionalidade administrativa e responsabilidade fiscal, já será capaz de fazer o País dar o salto em direção a um futuro mais promissor.

O problema é que não têm surgido nomes que aglutinem ideias e vontades. As ações que devem ser tomadas para dar prumo ao Brasil já estão expostas ?" como mostra a série de reportagens do Estado que deu origem ao Fórum ?", mas a insuficiência de debate público, partidário ou parlamentar em torno de propostas é o exemplo de que a escassez de lideranças reconhecidas pela sociedade aflige o País.

Se é verdade que todas as eleições são importantes para a definição dos rumos do País, também é verdadeiro afirmar que o pleito de 2018 terá uma importância ainda maior para indicar se nos próximos anos haveremos de tomar a direção do desenvolvimento ou voltaremos aos trilhos do retrocesso. Não faltam vozes a se aproveitarem da justa indignação da sociedade diante dos desmandos da chamada "classe política", da sensação de insegurança que parece não ter fim, da divisão dicotômica entre nós e eles que foi engendrada pelo PT e hoje dificulta qualquer debate profícuo em torno de temas de interesse geral, além da precariedade na prestação dos serviços públicos, o que torna a vida de milhões de brasileiros, todos os dias, um enorme desafio.

É dessa angústia que advém a busca pelo "novo", sem que esteja claro o que seria isso e, principalmente, quem poderia desempenhar este papel. Na verdade, o que se busca é uma liderança genuinamente imbuída de espírito público e comprometida com os valores liberais e democráticos, não necessariamente neófitos na política.

A Constituição consagra a democracia representativa e define a filiação a um partido político como uma condição de elegibilidade. "Na hora da campanha, o 'novo' sem estrutura partidária é só uma ideia", disse Fernando Henrique. "Não vejo o 'novo' nesta eleição. Temos de jogar com as cartas que estão aí", concluiu.

De um elenco de candidatos heterogêneos e sem muito brilho, os eleitores terão de separar aqueles que, de fato, estão dispostos a fazer o que precisa ser feito e, assim, reconduzir o Brasil na direção de um futuro próspero e sustentável, daqueles que não passam de promessas vazias, cujo único resultado que são capazes de entregar é um mergulho em um profundo abismo de incertezas.
Herculano
04/03/2018 07:45
LUCRO NÃO É DESONRA NEM PECADO, por Maílson da Nóbrega, economista, ex-ministro da Fazenda do governo de José Sarney, MDB, nos finas da década de 1980, e de hiperinflação, para a revista Veja.

Ele promove a inovação, o investimento e a prosperidade

A partir do século XIX, a revolução científica e o Iluminismo foram decisivos para a prosperidade, ao criarem o ambiente favorável à inovação e ao investimento. Empreendedores podiam assumir riscos e aproveitar oportunidades apoiados na previsibilidade e na segurança jurídica resultantes de instituições que garantiam direitos de propriedade e respeito a contratos.

Douglass North provou que as instituições têm papel essencial no desenvolvimento. Vários pesquisadores ganharam o Prêmio Nobel de Economia por estudos realizados nesse campo, a começar por North, laureado em 1993.

North defendeu sua teoria no livro Institutions, Institutional Change and Economic Performance (1990), um dos mais citados na literatura econômica. Em Understanding the Process of Economic Change (2005), ele assinalou que "as crenças determinam as escolhas dos seres humanos" e os induzem a aprender, a evoluir culturalmente e a contribuir para mudanças institucionais.

No Brasil, novas crenças plasmaram avanços institucionais. Abandonamos ideias equivocadas que legaram atraso econômico, social e político. Por exemplo, nos anos 1980 deixamos de acreditar que a inflação contribui para o desenvolvimento, uma crença que nos levou à hiperinflação. Agora, valorizamos a estabilidade e rejeitamos governos lenientes com a inflação (Dilma que o diga).

Depois, percebemos que o crescimento econômico não é a única via para reduzir a pobreza. O Estado tem papel irrecusável, inclusive no combate às desigualdades. O Bolsa Família e outros programas sociais são fruto da nova realidade.

Hoje, a rejeição à ideia de que a corrupção seria inerente ao sistema político tornou esse flagelo a nossa maior preocupação, segundo o Datafolha. Daí vêm o apoio à Lava-Jato e a quase impossibilidade de sua reversão.

Ainda não surgiu, todavia, a crença que atribui ao lucro papel relevante no desenvolvimento econômico. O Datafolha revelou que 70% dos brasileiros se opõem à privatização. A ojeriza ao lucro privado pode explicar muito dessa rejeição.

Foi na Inglaterra do século XVIII que a atividade econômica deixou de ser vista como desprezível e desonrosa, como era comum na Idade Média. A aceitação do lucro foi a consequência natural da mudança. Vários pensadores elaboraram teorias nessa área, mas poucos se igualam ao escocês Adam Smith em sua obra A Riqueza das Nações (1776).

Smith sustentou que o lucro é a base do aumento da riqueza. Na opinião de Yuval Harari, autor de Sapiens (2014), essa foi "uma das ideias mais revolucionárias na história humana". O comércio e a indústria floresceram. Uma inédita prosperidade surgiu onde vicejou o sistema capitalista.

Essa mudança mental é crucial para que possamos materializar o imenso potencial do Brasil. Há que educar os brasileiros, desde muito cedo, a não demonizar o lucro. Quando disso a maioria se convencer, crescerá o apoio a reformas, à competição e à privatização. Seremos um país mais próspero.
Herculano
04/03/2018 07:41
TRIO DE OURO, por Carlos Brickmann

Em velhos, velhos tempos, um dos conjuntos musicais mais populares do Brasil foi o Trio de Ouro: Dalva de Oliveira era a rainha, seu marido Herivelto Martins e Nilo Chagas a acompanhavam.

Nestes dias, o Trio de Ouro, que existia mas não era reconhecido, voltou à tona. O ministro Édson Fachin, do Supremo, mandou incluir Michel Temer num inquérito que investiga dois de seus antigos aliados, Eliseu Padilha e Moreira Franco, ambos ministros - e dos mais importantes. Trio que é trio tem de ter três. E a Operação Lava Jato agora investiga os três a respeito do ouro da Odebrecht, com apoio na delação premiada de executivos da empreiteira. O que se apura são repasses da Odebrecht em troca do atendimento de suas reivindicações na Secretaria de Aviação Civil.

Nos tempos de Rodrigo Janot como procurador-geral da República, não houve investigação sobre Temer, já que o presidente não pode ser acusado por fatos ocorridos antes do início de seu mandato. A doação da Odebrecht, dizem as delações, foi acertada num jantar no Palácio do Jaburu, quando Temer era vice-presidente. Raquel Dodge, sucessora de Janot, acha que o presidente pode ser investigado, sim, embora qualquer ação contra ele só se possa efetivar após o final de seu mandato. O ministro Fachin concordou.

O velho Trio de Ouro acabou quando a Rainha e seu marido se separaram. Apesar das delações, o novo Trio de Ouro está intacto. Ainda.

JABURU OU CURITIBA

A lei fundamental da política é sobreviver; é por isso que, a menos que haja um bom acordo, Michel Temer precisará ser candidato à reeleição. É melhor se candidatar do que correr o risco de depor em Curitiba. Um bom acordo pode ser a nomeação para uma Embaixada de prestígio, ou a garantia de um indulto ?" como o que o presidente Gerald Ford deu a Nixon. Este processo da Odebrecht é só um dos que Temer terá de enfrentar, sem o foro especial.

Já há o decreto que mudou as normas do setor de portos, que teria beneficiado uma empresa de amigos; há mais duas denúncias suspensas, depois que a Câmara decidiu que só poderão ser investigadas depois de terminado seu mandato. Candidatar-se é mais saudável.

O CRIME E A PENA

O Supremo determinou que R$ 71 milhões encontrados em uma única conta bancária do casal João Santana - Mônica Moura, os marqueteiros do PT, sejam entregues à União. Quem disse onde estava o dinheiro foi o próprio casal, como parte do acordo de delação premiada.

A outra parte do acordo é uma pena bem atenuada, de 4 anos. Ambos ficam um ano e meio em "prisão domiciliar fechada": não podem sair de casa sem autorização da Justiça. Depois, a pena vai para um ano e meio no regime semiaberto, sempre em casa. Poderão sair de dia para trabalhar e prestar serviços comunitários, mas ficam em casa à noite e nos fins de semana. Por fim, um ano em regime aberto, mas com restrições a saídas em feriados e fins de semana. E, durante a pena toda, não poderão trabalhar, direta ou indiretamente, no Brasil ou no Exterior, em marketing eleitoral.

AS PRÉVIAS DE SEMPRE
Todos os partidos aceitam que seus candidatos sejam escolhidos pelos eleitores, em prévias (ou primárias, tradução direta do termo americano). E todos concordam com a beleza das prévias e com sua contribuição para a democracia partidária - exceto, claro, no momento em que alguém insiste em realizá-las. Prévia é para constar no cardápio, jamais para ser servida.

O governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, quer suspender a prévia, já marcada, em que enfrentará o prefeito de Manaus, Arthur Virgílio, pelo direito de ser o candidato tucano à Presidência. O prefeito paulistano, João Doria, prefere ser aclamado candidato ao Governo do Estado a disputar prévias. Coisa de tucano? Não: quando Eduardo Suplicy quis disputar as prévias no PT, pleiteando ser candidato à Presidência, queriam liquidá-lo.

Prévia é ótimo, é democrático, desde que ninguém queira realizá-la.

FOTO VELHA

Mais um carnaval com a divulgação de pesquisas eleitorais para a Presidência. Mais um carnaval inútil, pois de que adianta a pesquisa se não há nomes? Caso Lula possa ser candidato, é forte, com boa chance de passar ao segundo turno; caso não possa, o PT fica órfão, sendo forçado a lançar postes ?" e que tristes postes! ?" como Fernando Haddad ou Jaques Wagner. Que vão enfrentar um político que tem votos em seu Estado, mas nacionalmente é um poste, como Alckmin. E Temer, como é que fica?

BRASIL BRASILEIRO
Temer, pelo jeito, é o novo ídolo de Lula. Em entrevista, Lula diz que Temer conseguiu se livrar do golpe tramado pela Globo contra ele.

E dizem que militares foram flagrados no Rio portando armas de uso exclusivo de traficantes.
Herculano
04/03/2018 07:35
INCERTEZAS SOBRE PRISÃO DE LULA AMPLIAM PRESSÃO SOBRE STF, por Bruno Boghossian, no jornal Folha de S. Paulo

Ministros e políticos querem resposta definitiva sobre execução de penas

O principal ponto de interrogação da política em 2018 deixou de ser a cada vez mais improvável candidatura de Lula e se deslocou para as dúvidas em relação à possível prisão do petista. A despeito da resistência da ministra Cármen Lúcia, aumenta a pressão dentro e fora do Supremo Tribunal Federal para que a corte dê um direcionamento definitivo para o caso.

A presidente do STF foi taxativa ao se recusar a rever agora o entendimento que determina o início da execução de penas após condenação em segunda instância ?"o que levaria Lula para a cadeia em um mês, após o julgamento dos embargos que apresentou no Tribunal Regional Federal da 4ª Região.

Seus colegas, porém, consideram inescapável a responsabilidade do Supremo e já enxergam uma mudança no ambiente do tribunal.

A defesa feita pelo decano Celso de Mello de que o assunto deveria ser enfrentado "sem qualquer vinculação a um dado caso concreto ou a uma determinada pessoa" foi interpretada como a senha para um recuo de Cármen. A ideia é que a presidente inclua na pauta um processo não relacionado a Lula, mas que terá impacto na situação do petista.

Até mesmo adversários do ex-presidente tentam persuadir o Supremo a dar uma resposta definitiva aos questionamentos sobre a execução provisória de penas. Nomes graduados do PSDB e do governo Michel Temer já manifestaram a ministros do tribunal preocupação com os desdobramentos de uma prisão de Lula.

É crescente entre esses personagens o temor de que, com o petista na cadeia, uma parcela considerável da população veja o processo eleitoral com desconfiança, o que ampliaria a instabilidade do próximo governo.

O cenário mais provável é que um mandado de prisão contra Lula seja expedido antes que o STF se posicione, mas surgem sinais de que a corte deverá revisitar o tema para dar uma resposta definitiva a esses questionamentos - seja qual for a decisão.
Herculano
04/03/2018 07:32
DECANO ACHA QUE STF MUDA REGRA SOBRE PRISÃO, por Josias de Souza

Num instante em que autoridades já planejam a execução da ordem de prisão de Lula, o ministro Celso de Mello, decano no Supremo Tribunal Federal, fez duas previsões que, se confirmadas, podem retardar o envio do líder do PT para o xadrez. Em entrevista ao Globo, o ministro vaticinou:

1) Cármen Lúcia, a presidente da Suprema Corte, "terá a sensibilidade" para pautar o julgamento de ações que contestam a regra que permite o encarceramento de condenados a partir de decisões de segunda instância;

2) Deve prevalecer no plenário do Supremo uma "posição intermediária", que condiciona a execução das penas à confirmação da sentença pelo Superior Tribunal de Justiça, o STJ.

Se Celso de Mello estiver certo, a condenação a 12 anos e 1 mês de cadeia, que o TRF-4 impôs a Lula e deve confirmar nos próximos dias, já não seria suficiente para colocá-lo atrás das grades. O condenado permaneceria em liberdade até o julgamento dos seus recursos no STJ.

Há um mês, Cármen Lúcia dissera que o Supremo iria se "apequenar" se usasse a condenação de Lula para alterar o entendimento sobre prisão em segunda instância. Declarou que não cogitava pautar o julgamento de ações sobre o tema. Celso de Mello aposta que sua colega mudará de ideia.

"Entendo que a ministra Cármen Lúcia terá a sensibilidade para compreender a necessidade de pautar no plenário o julgamento das duas ações diretas de constitucionalidade, porque nelas vamos julgar, em tese, de forma abstrata, questão envolvendo o direito fundamental de qualquer pessoas de ser presumida inocente."

A prisão na segunda instância foi autorizada pelo Supremo em três ocasiões. A novidade representou uma reviravolta, pois acabou com a mamata de recorrer em liberdade. Preso, o condenado mantém intacto o direito de recorrer. Mas o interesse pela procrastinação dos julgamentos deixou de ser um grande negócio.

No penúltimo julgamento sobre o tema, o placar a favor da tranca foi de foi de 7 a 4. No último, foi de 6 a 5. Há na Suprema Corte duas ações que questionam a decisão ?"uma do Partido Ecológico Nacional, outra da OAB. E o ministro Gilmar Mendes, que ajudara a formar a magra maioria, já informou que mudou de ideia. Aderiu à tese do colega Dias Toffoli, que sugere retardar a prisão até o pronunciamento do STJ, a terceira instância.

Voto vencido nos julgamentos anteriores, Celso de Mello continua aferrado ao princípio do trânsito em julgado. Por ele, a pena só pode ser executada depois de esgotadas todas as possibilidades de recursos aos tribunais superiores de Brasília. Não crê que o Supremo retroceda tanto. Mas avalia que pode ficar no meio do caminho.

"Eu não sei se prevalece o trânsito em julgado, porque precisamos de seis votos", disse o ministro. "Meu palpite é que vai acabar prevalecendo a posição intermediária, da possibilidade de execução da pena com a sentença confirmada no STJ."

Embora Celso de Mello realce que as ações sobre prisão foram protocoladas antes da condenação de Lula, será difícil dissociar uma coisa da outra. O apequenamento de que falava Cármen Lúcia está prestes a ocorrer. Não podendo elevar a própria estatura, a maioria do Supremo flerta com a ideia de rebaixar o teto.
Herculano
04/03/2018 07:21
DUAS SURPRESAS, por Samuel Pessoa, físico e doutor, física e doutor em economia, pesquisador do Instituto Brasileiro de Economia da FGV, para o jornal Folha de S. Paulo

O consumo das famílias cresceu menos do que se esperava, e o investimento superou as previsões

Na quinta (1º) o IBGE divulgou o crescimento da economia no quarto trimestre de 2017 ante o terceiro trimestre. O resultado frustrou um pouco as expectativas. O mercado esperava crescimento de 0,3%, nós no Ibre, de 0,2%, e o indicador foi 0,1%.

A frustração derivou de um crescimento do consumo das famílias menor do que se esperava, de 0,1%, em vez de 0,4%. Esse fato mais do que compensou a surpresa positiva do crescimento do investimento
um pouco maior do que o projetado.


Os setores com desempenho abaixo do esperado foram o varejo e "outros serviços", que são essencialmente serviços prestados diretamente às famílias.


A confiança do empresário tem voltado mais forte, compatível com a melhora do investimento. A confiança do consumidor, contudo, principalmente aquela que aparece no "indicador da situação atual",
ainda opera em níveis baixos.


A recuperação da economia é sólida, mas é lenta. É possível que o esgotamento do impulso fiscal advindo da liberação do FGTS explique a surpresa negativa no consumo.


Outra surpresa neste primeiro bimestre, agora positiva, foi a inflação bem mais baixa do que se esperava. O IPCA de janeiro foi de 0,29%, a prévia da inflação de fevereiro foi de 0,35%, sinalizando fechamento do índice em 0,30%. E é possível que em março a inflação seja de 0,20%. Ou seja, com as informações disponíveis até hoje, a inflação no primeiro trimestre será ao redor de 0,8%.


No relatório de inflação de dezembro, o Banco Central esperava inflação de 1,4% para o primeiro trimestre. É possível, portanto, que o ano se inicie com surpresa desinflacionária de 0,6 ponto percentual.

A maior parcela dessa surpresa desinflacionária tem ocorrido em serviços, item mais sensível à política monetária. Adicionalmente, pelo segundo ano consecutivo os modelos econométricos têm tido dificuldade de acompanhar a queda da inflação.

Há possibilidade real, apesar de não ser o cenário básico, de fechar o ano com inflação abaixo do piso de 3% estabelecido pelo regime de metas.

Aparentemente, a dinâmica da inflação brasileira mudou. É possível que a ociosidade da economia seja maior do que se imagina, provocando, portanto, maior força desinflacionária.

Adicionalmente, ocorreu uma alteração do regime de política econômica desde 2015, com o ajuste do ministro Joaquim Levy. Em um primeiro momento, em razão do ajuste do câmbio ?"necessário, pois o déficit externo em 2014 foi de 4,5% do PIB?" e do descongelamento do preço da gasolina e de outras tarifas públicas, a inflação aumentou.

Demorou para cair em razão da elevada inércia e da baixa credibilidade do Banco Central à época. Passados esses fatores, estamos diante de um novo regime de política econômica.

Política fiscal e, principalmente, parafiscal (crédito dos bancos públicos), contracionista e maior credibilidade do Banco Central. É possível que, no novo regime de política econômica, o juro neutro
seja substancialmente menor.


Juntando todos esses elementos, aparentemente mudou o processo de formação da inflação brasileira. Parece que navegamos mares desconhecidos. É, por um lado, uma boa notícia, pois ao longo da nossa história sofremos muito com inflações elevadas, e a novidade é que ela está surpreendentemente baixa. Por outro lado, esse novo regime demandará muito esforço de entendimento e abertura mental por parte da autoridade monetária.

Evidentemente, nada disso se manterá se não fizermos a reforma da Previdência.
Herculano
04/03/2018 07:03
SE FOI "JOGADA DE MESTRE", O RIO ESTÁ FRITO, por Elio Gaspari, nos jornais O Globo e Folha de S. Paulo

Intervenção na segurança do Rio pede um trabalho de chinês paciente e calado, e até agora foi um espetáculo

"Jogada de mestre", as três palavras ditas por Temer ecoam as outras cinco ("tem que manter isso, viu?") que descarrilaram seu governo. O doutor nomeou um general para pacificar o Rio e criou um Ministério da Segurança. Braga Netto deu uma entrevista coletiva com perguntas previamente selecionadas, e quando os jornalistas fizeram um burburinho, ele informou: "Senhores, no grito não funciona". Verdade, mas, com perguntas selecionadas, também não. Ninguém deve esperar que o general seja obrigado a responder o que não quer, mas, todo dia, quando acorda, tem o sacrossanto direito de ficar calado ou de falar apenas por notas oficiais.

Se a intervenção no Rio foi uma "jogada de mestre", Temer pode ter entregue ao general a tropa da cavalaria ligeira da batalha de Balaclava, na guerra da Crimeia, em 1854. Jogada de mestre foi imortalizada num poema heroico de Lord Tennyson. Noves fora a marquetagem da época que era feita por poetas, aquela carga de cavalaria foi um desastre, mas durante algum tempo valeu a emoção do poema.

No mesmo palácio de Temer está o ex-governador do Rio Moreira Franco. Numa jogada de mestre, em 1987, ele também anunciou o império da lei e da ordem.

Temer pagou o vexame de dispensar o diretor da Polícia Federal, um fabricante de trapalhadas, que ficou no cargo menos de cem dias. Todas as suas encrencas atrapalhavam o combate à corrupção.

Poucas vezes se torceu tanto para que uma jogada de mestre dê certo. Até agora houve um teatro medíocre.

ZILDA ARNS, MUITO TRABALHO, ZERO TEATRO
Está chegando às livrarias "Zilda Arns - A Biografia", do jornalista Ernesto Rodrigues, que conta a vida da médica que criou a Pastoral da Criança e revolucionou as políticas públicas de combate à mortalidade e desnutrição infantil. Por diversos ângulos, a vida de dona Zilda é um tesouro. Junta a fé católica e o vigor pessoal. Seu irmão Paulo Evaristo foi cardeal, outro, tornou-se frei, e duas irmãs, religiosas. Zilda enviuvou aos 46 anos e criou cinco filhos. Quando morreu, aos 75, durante o terremoto do Haiti de 2010, ela era um símbolo da força da mobilização comunitária e do valor das soluções simples. Com 200 mil voluntários, a pastoral cuidava de 1,35 milhão de crianças. É palpite, mas sua beatificação pelo Vaticano será uma questão de tempo.

A virtude da narrativa de Ernesto Rodrigues está em ter mostrado, sem estridências, como é dura a rotina de quem quer fazer o bem. Em 1983 ela foi defenestrada do serviço de pediatria do governo do Paraná por motivos puramente políticos. Quando começou a formular o trabalho de uma Pastoral da Criança, teve que ralar nas ciumeiras de outras iniciativas da Conferência Nacional dos Bispos. Sua ação comunitária foi hostilizada pelos salvadores da pátria que viam nela uma política meramente assistencialista.

Farmacêuticos chegaram a se mobilizar porque seu trabalho reduzia a venda de remédios contra diarreias de crianças. A burocracia internacional do Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) às vezes ajudava, às vezes atrapalhava. Dona Zilda teve bons aliados: o irmão cardeal, o bispo d. Geraldo Majella, Roberto Marinho e o ministro da Saúde José Serra. Outro ministro (ela lidou com 28) queria engessar a pastoral e gentilmente retirou-a da sala. Ninguém conseguiu pespegar-lhe um rótulo político. Ela era uma máquina a serviço das crianças. Só.

No dia 20 de janeiro de 2010 Zilda Arns estava no Haiti e passou o dia com religiosos, num dos anexos da igreja Sacré Coeur, e assistira a uma missa. A terra tremeu e restou apenas um monumento com a forma de crucifixo.

RIDÍCULO
Os juízes federais que ameaçam fazer greve para defender o penduricalho do auxílio-moradia podem entender muito de direito, mas não têm senso do ridículo.

Se eles pararem, farão menos falta que o pipoqueiro do cinema. Os cidadãos que pagam seus salários e auxílios esperam anos por um despacho dos meritíssimos. O doutor Luiz Fux ficou três anos sentado em cima do processo que arguiu a inconstitucionalidade do penduricalho e nenhum juiz reclamou. Afinal, era um esperteza a favor deles.

CANCELLIER, 4 MESES
Completaram-se quatro meses do suicídio do professor Luiz Carlos Cancellier, reitor da Universidade Federal de Santa Catarina. Ele se matou depois de ser preso e proibido de entrar no campus da instituição. Sabe-se que a Polícia Federal tem um novo diretor e que a reforma da Previdência de Temer foi para o brejo, mas não se sabe o resultado da espetaculosa Operação Ouvidos Moucos, que o relacionava com um desvio (inexistente) de R$ 80 milhões.

Aqui e ali pingam gotinhas de informações capazes de insinuar culpas de Cancellier. Sabe-se que ele não é acusado de ter desviado um só centavo. O inquérito teria mais de 3.000 páginas, e o principal acusador de Cancellier, o professor Rodolfo Hickel do Prado, diz que ele quis atrapalhar a investigação ao avocar oficialmente ao seu gabinete o processo que tratava dos desvios. Além disso, a investigação envolveu a Capes, e os procedimentos burocráticos não foram mantidos em sigilo. Isso foi o que vazou. Parece pouco para tamanho espetáculo.

CONCILIAÇÃO
Cozinha-se em Brasília uma gambiarra para manter o mimo do auxílio-moradia usufruído por magistrados e procuradores. A ideia é manter o pagamento para os servidores que vão viver em cidades onde não têm casa. Os outros, que embolsam os R$ 4,3 mil mesmo tendo imóveis, às vezes dois, e, num caso, 60, teriam o mimo transformado numa forma de abono. Ele seria abatido gradativamente. Quando as categorias tivessem aumentos salariais.

A ideia é engenhosa, mas falta os doutores concordarem com o fim de todos os outros penduricalhos e com o respeito ao teto constitucional dos R$ 33,7 mil.

EREMILDO, O IDIOTA
Eremildo é um idiota e acredita em todas as superstições. Tem medo de gato preto, não passa embaixo de escada e não diz o nome do pai da aviação.

O cretino achou a origem da desgraça de Jared Kushner, o genro de Donald Trump, encrencado com a polícia americana.

O pai de Jared é um empreendedor imobiliário e comprou um edifício na Quinta Avenida, para substituí-lo por uma torre moderníssima. A arquiteta Zaha Hadid, que projetou o novo prédio, foi abatida por um ataque cardíaco aos 66 anos, o negócio atolou e a empresa de Kushner está mal da pernas.

O prédio da Quinta Avenida tem o número da besta, iluminado por diabólicas luzes vermelhas.

WAGNER E A CHINA
O ex-governador Jaques Wagner justificou sua coleção de 15 relógios de grife dizendo que são réplicas compradas na China.

Lance arriscado. A milenar tradição chinesa do "yahui" ou "gorjeta elegante" consiste em dar a uma pessoa uma obra de arte falsa quando, na realidade, ela é verdadeiro
Herculano
04/03/2018 06:54
AMORIM QUIS IMPOR ARMA ANTIAÉREA RUSSA AO BRASIL, por Cláudio Humberto, na coluna que publicou hoje nos jornais brasileiros

Se for escolhido candidato a presidente pelo PT em lugar de Lula, como sua turma espalha, o diplomata Celso Amorim terá de dar muitas explicações sobre sua incansável insistência, quando foi ministro da Defesa, para que o Brasil comprasse baterias antiaéreas russas Pantsir-S1, um negócio estimado em US$1 bilhão (R$3,2 bilhões em valores atualizados), contra a vontade das Forças Armadas.

SISTEMA INCOMPATÍVEL
Por serem incompatíveis com o sistema militar brasileiro, as baterias foram rejeitadas pelos militares. Mas Amorim não parou de insistir.

RUSSOS INSISTEM
As Pantsir-S1 que fazia Celso Amorim revirar os olhos custariam mais que o programa de modernização do sistema brasileiro, R$2,3 bilhões.

PROMESSA VÃ
Até hoje militares brasileiros fogem de eventos internacionais com os russos. Não agüentam mais a ladainha: "Mr. Amorim prometeu...".

COISA MAIS ESQUISITA
Nunca ficou claro para generais brasileiros se o negócio das baterias antiaéreas eram interesse de Celso Amorim ou do esquema Lula-PT.

GOVERNO NÃO ATUALIZA TRANSPARÊNCIA DESDE 2017
O Portal da Transparência, banco de dados das despesas do governo federal mantido pelo Ministério da Transparência (ex-Controladoria Geral) ainda não foi atualizado este ano. Os valores gastos com Bolsa Família, dois tipos de cartões corporativos, despesas com diárias, erradicação do trabalho infantil, garantia da safra, cartão da defesa civil etc, sumiram do site. Em 2017, esses gastos totalizaram R$32 bilhões.

BOLSA FAMÍLIA
Só o Bolsa Família custou R$29 bilhões ao contribuinte em 2017. Janeiro e fevereiro de 2018 devem custar quase R$5 bilhões.

TRABALHO INFANTIL
O programa de erradicação do trabalho infantil foi o menor custo para o contribuinte em 2017 (R$ 295 mil), entre os gastos diretos temáticos.

SÃO DOIS TIPOS DE CARTõES
O cartão do governo para compras centralizadas (inventado por Dilma em 2014) custou ao contribuinte R$ 293 milhões em 2017.

QUE PAÍS É ESSE?
O governo da Noruega boicota e articula alianças, há anos, para vetar a proposta brasileira, formalizada em organismos das Nações Unidas, para a criação do Santuário de Baleias no Atlântico Sul.

BANANAS PARA POLUIDORES
O governo da Noruega fez sondagens junto ao governo brasileiros em busca de um jeitinho para "resolver" o problema da empresa Norsk, interditada por poluir a Amazônia e multada em R$20 milhões. Ouviram-se diferentes sons de "banana" no Palácio do Planalto.

MEIO BILHÃO NO RALO
Até 2017 quatro agências de publicidade dividiam a verba publicitária de R$400 milhões da Caixa Econômica. Este ano, são três as agências que dividem o bolo, agora de R$450 milhões. Tudo do seu bolso.

OLHO EM 2016
Os 77,8 mil empregos formais criados em janeiro "zeraram" a conta de 2017, quando as demissões superaram as contratações em 20,8 mil. O alvo agora é desfazer o estrago das 1,3 milhão demissões de 2016.

ENCONTRO COM A REALIDADE
Inelegível por safadezas gerais, Silvio Berlusconi lidera as pesquisas na Itália, na eleição deste domingo, mas não pode ser eleito. No Brasil, o PT insiste em Lula, mesmo condenado por corrupção, já em 2018.

BICENTENÁRIO
A Corte Federal do Brooklyn fixará em 4 de abril a pena de José Maria Marin, ex-CBF, condenado por seis dos sete crimes de que foi acusado. Ele pode pegar mais de 120 anos de prisão. Ele tem 85.

Só PARA PÚBLICO INTERNO
A campanha 2018 começa nos partidos políticos no dia 5 de julho: pré-candidatos podem fazer propaganda para disputar prévias, por exemplo. Só não se pode usar rádio, televisão ou "outdoors".

PROGRESSO A CAMINHO
Nesta terça será escolhido relator do projeto de privatização da Eletrobras. Na quarta (7), começa a análise da MP 814, que inclui a empresa de energia no Plano Nacional de Desestatização.

PENSANDO BEM...
...a Receita espera bater recorde de declarações em 2018 (28,8 milhões), mostrando: só 13,7% da população paga imposto de renda
Herculano
04/03/2018 06:47
da série: O que o PT, Lula e Dilma fizeram contra o Brasil, os brasileiros, os pobres, os analfabetos, ignorantes e desinformados, mas mesmo assim, com mentiras e malabarismo retórico populista se orgulha de ter levados todos para o inferno do atraso

SETE ANOS PERDIDOS, editorial do jornal Folha de S. Paulo

Pior da crise econômica ficou para trás, mas renda do país ainda é inferior à do início da década

Com o tímido crescimento econômico de 1% em 2017, o país começou a superar a trágica recessão dos três anos anteriores. Apesar de ainda lenta, a presente retomada mostra alguma consistência.

O retorno dos investimentos privados, com três altas trimestrais consecutivas, interrompe o colapso que atingiu a produção de máquinas e a construção civil. Com inflação e juros mais baixos, além disso, melhoram as perspectivas para o crédito e o consumo.

Nesse cenário, o desemprego, ainda em 12,2%, tende a cair de modo gradual. Em janeiro foram criadas 77,8 mil vagas com carteira assinada, a melhor marca para o mês desde 2012.

Tudo considerado, parece plausível que a expansão do Produto Interno Bruto supere 3% neste ano.

Mesmo nos cenários mais otimistas, contudo, o país está longe de recuperar o patamar econômico anterior à recessão - e o atraso na trajetória de desenvolvimento é quase irreparável.

Trata-se, até aqui, de uma nova década perdida. A atual renda por habitante do país, de R$ 31,6 mil, é inferior à de 2011, em valores corrigidos. A expansão acumulada do PIB em sete anos é de irrisórios 3,2%, enquanto a produção global elevou-se em 27,9%.

O desastre reflete, decerto, fragilidades estruturais do país, mas também oportunidades desperdiçadas e erros tão primários quanto recorrentes de política econômica.

De mais evidente, há uma estrutura governamental inchada e perdulária, que a despeito de consumir um terço do PIB em tributos continua a se endividar a cada dia, absorvendo recursos que poderiam financiar investimentos.

A tarefa de conter e tornar mais eficiente o gasto público foi negligenciada. Em vez disso, apostou-se na carcomida fórmula do intervencionismo estatal para estimular empresas e setores selecionados.

Mais do que uma mera correção de rumos, há que buscar algum consenso em torno de uma agenda que permita ao país superar a pobreza e rumar a um padrão de renda elevado em 20 ou 30 anos.

É um desafio inadiável, tendo em vista a realidade demográfica que levará ao envelhecimento acelerado da população no período.

O Brasil precisa crescer de 3% a 3,5% ao ano de forma sustentada por ao menos duas décadas. Nesse cenário, a renda per capita se aproximaria da observada em países como Portugal e Espanha, configurando um salto civilizatório.

Para tanto, faz-se necessário um avanço mais vigoroso da produtividade de trabalhadores e empresas, que evolui a passos lentos e descontínuos desde os anos 1980.

O caminho é a melhora do ambiente de negócios, da infraestrutura e, sobretudo, da qualidade da mão de obra, por meio de treinamento e educação.

Ao menos três elementos devem lastrear essa estratégia. O primeiro é mais abertura econômica: há uma desproporção entre as dimensões do país e sua pífia participação no comércio internacional.

Sem estarem expostas à competição nos mercados globais, as empresas brasileiras não conseguirão ganhar escala produtiva e acesso às tecnologias mais avançadas ?"e o país terá severas dificuldades para cruzar a fronteira que separa os ricos dos remediados.

Também imperativa é uma ampla reforma do sistema de impostos, ainda que os objetivos sejam perseguidos de forma incremental.

Sem elevar a carga tributária, cumpre alterar sua distribuição, de modo a desonerar a atividade produtiva e simplificar o emaranhado de regras que trazem enorme contencioso jurídico.

A missão é mais difícil do que possa parecer, dados os interesses de setores hoje favorecidos por regimes especiais e de entes federativos que desejam preservar seu poder de arrecadação. Há uma negociação difícil pela frente, que terá de ser liderada por Brasília.

Por fim, há a óbvia necessidade de redesenhar as prioridades e o alcance do Estado. Os programas sociais, imprescindíveis, precisam se ajustar às possibilidades orçamentárias. Do contrário, alimenta-se uma dívida pública cujo custo acaba por solapar o desejado combate à pobreza.

Desmontar privilégios da alta burocracia, reformar a Previdência e privilegiar o provimento de educação, saúde, segurança e infraestrutura ?"todas essas ações, além de justas, teriam impacto altamente positivo na produtividade.

O pior da crise ficou para trás, mas nem de longe estão asseguradas as condições para um crescimento duradouro. Um debate franco sobre como buscá-las é o mínimo que se espera da eleição presidencial.
Herculano
03/03/2018 08:17
ADOLESCÊNCIA, por Dráuzio Varella, médico cancerologista, no jornal Folha de S. Paul

Hiato entre fim da infância e início da vida adulta não é exclusivamente biológico, mas uma construção social

Ao completar 63 anos, o poeta e compositor Jean Garfunkel chegou à conclusão:

- Nunca fui adulto. Passei direto da adolescência para a velhice.

A adolescência é um fenômeno moderno. No passado, as crianças eram jogadas na vida adulta sem estágios intermediários.

Quando perdeu o pai, meu avô veio sozinho da Espanha para o Brasil, com a responsabilidade de ganhar o sustento da mãe e dos irmãos mais novos. Tinha 12 anos.

No campo, meninos pegavam na enxada aos sete anos e meninas dessa idade cuidavam dos afazeres da casa e dos irmãos menores.

O progresso, a melhora das condições de nutrição, de higiene, o saneamento básico e o acesso à educação criaram a necessidade de encontrar critérios para definir quando termina a infância e quando começa a vida adulta.

A dificuldade maior está no fato de que o hiato entre elas não é exclusivamente biológico, mas uma construção social.

A Nature, uma das revistas mais respeitadas pela comunidade científica, faz uma revisão sobre a adolescência.

Diz que os problemas para identificar o fim da infância têm origem antes da puberdade, período de grandes transformações físicas, psicológicas e comportamentais sem idade fixa para se instalar, e que acontecem cada vez mais cedo, nas sociedades modernas.

Nas mulheres europeias dos primeiros anos do século 20 a menarca chegava ao redor dos 17 anos; hoje, as meninas menstruam pela primeira vez aos 12 ou 13 anos.

Entre 1989 e 2010, a menarca das chinesas passou a ocorrer um ano antes. No período de 1991 a 2006, o início do crescimento das mamas diminuiu um ano, nas dinamarquesas.

O começo da vida adulta é mais nebuloso, ainda. Como não há características anatômicas ou fisiológicas marcantes para discriminar as duas fases, o desenvolvimento psicológico e os fatores sociais ganham relevância.

O inconveniente é que esses parâmetros variam de uma cultura para outra e com o passar do tempo. Por exemplo, nos últimos 20 anos, o primeiro casamento -considerado marco social para a entrada no mundo adulto- passou a acontecer em média dois anos mais tarde, no mundo inteiro (dado da ONU). Os brasileiros de hoje casam em média aos 27 anos, seis anos mais tarde do que há duas décadas.

Para aumentar a complexidade, é tão grande a variação interpessoal do desenvolvimento neurocognitivo, que não há como caracterizar o fim da adolescência com base na estrutura ou no funcionamento cerebral. A passagem de uma fase à outra é um processo sem mudanças abruptas.

Por outro lado, diversas publicações mostram que as transformações físicas, neurocognitivas e sócio-emocionais ocorridas na adolescência podem persistir pelo resto da vida.

Você, leitor, sabe que esse é um período cheio de sobressaltos. No mundo, a mortalidade dos 15 aos 19 anos é cerca de 35% mais alta do que entre os 10 e 14 anos. Acidentes de trânsito, violência e suicídios são as principais causas. Cigarro, abuso de álcool e drogas ilícitas e o sedentarismo podem ter consequências nefastas duradouras.

A visão de que a rebeldia dos adolescentes é resultado de explosões hormonais incontroláveis é antiquada. Eles, de fato, tendem a ser imprudentes e impulsivos, mas em algumas situações dão lições de sensatez aos mais velhos. Pais e mães que bebem e fumam, muitas vezes têm filhos abstêmios que detestam cigarros.

O córtex pré-frontal, que ocupa a parte anterior do cérebro, estrutura essencial para as funções executivas responsáveis pela habilidade de tomar decisões, planejar as ações e resistir aos impulsos, não consegue formar as conexões necessárias para ficar completamente online antes dos 20 anos.

As variações individuais na circuitaria de neurônios dos centros cerebrais que controlam a cognição mostram claramente que não tem sentido nem interesse descrever as características psicossociais do adolescente médio.

Na ausência de critérios científicos confiáveis, a ONU considera adolescência o período que vai dos 10 aos 19 anos.

A tendência da psicologia moderna é aumentar o limite superior para 24 anos. No caso de meu avô ela terminou aos 12 anos. No de meu amigo Jean, resistiu até os 60.
Herculano
03/03/2018 08:05
FACHIN ACATA PETIÇÃO DE DODGE E INCLUI TEMER EM INQUÉRITO, CONTRA A CONSTITUIÇÃO. É OUTRA DO PARTIDO DA POLÍCIA FACHINSTOIDE, por Reinaldo Azevedo, na Rede TV

Os Partidos da Polícia não querem deixar respirar os Partidos da Política. Raquel Dodge resolveu jogar no lixo o Parágrafo 4º do Artigo 86 da Constituição e pediu a inclusão do presidente Michel Temer no inquérito que apura suspeitas de repasses irregulares da Odebrecht para campanhas eleitorais do MDB. Já são investigados no caso os ministros Eliseu Padilha (Casa Civil) e Moreira Franco (Secretaria-Geral da Presidência). O inquérito foi aberto em abril de 2017 e diz respeito a um jantar ocorrido com diretores da empresa no Palácio do Jaburu em 2014, quando Temer era vice-presidente.

Que país curioso o nosso!

O procurador-geral anterior, Rodrigo Janot, já havia decidido não incluir Temer no inquérito. Não por simpatia pessoal. Não custa lembrar que ele tentou derrubar o presidente duas vezes. É que a letra da Constituição é clara no Parágrafo 4º do Artigo 86:
" O Presidente da República, na vigência de seu mandato, não pode ser responsabilizado por atos estranhos ao exercício de suas funções."

Fim de conversa. O "ser responsabilizado", no caso, inclui a fase do inquérito. Como sabem todos, cessado o mandato, o cidadão Michel Temer pode ser alvo da investigação.

Mas não! Dona Raquel, que seguiu bovinamente as decisões do antecessor quando se trata de manter procedimentos contra pessoas, resolveu dissentir desta vez. Segundo o entendimento da valente, obviamente compartilhado por Fachin, "A apuração dos fatos em relação ao Presidente da República não afronta o art. 86-§ 4° da Constituição. Ao contrário, é medida consentânea com o princípio central da Constituição, de que todos são iguais perante a lei, e não há imunidade penal".

Com a devida vênia, doutor, uma ova!

"Responsabilidade" vem do verbo "responder". O "responder", por óbvio, inclui a fase do inquérito. É por isso que, nos crimes de responsabilidade, o presidente "responde" desde sempre, em todas as fases da persecução penal.

Dodge ainda tem a fineza de observar em sua petição doidivanas:
"A investigação penal, todavia, embora traga consigo elevada carga estigmatizante, é meio de coleta de provas que podem desaparecer, de vestígios que podem se extinguir com a ação do tempo, de ouvir testemunhas que podem falecer, de modo que a investigação destina-se a fazer a devida reconstrução dos fatos e a colecionar provas. A ausência da investigação pode dar ensejo a que as provas pereçam".

Ah, tem "carga estigmatizante"??? Vai ver foi por isso que o Constituinte originário, minha senhora, redigiu o que vai na Constituição. Afinal, um presidente pode ser investigado, gerar uma grande instabilidade no país, e, depois, chega-se à conclusão de que nada houve.

Na decisão, Fachin estende a investigação por mais dias. A razão é simples. Não há nem mesmo um testemunho que dê conta de que o presidente sabia daquilo que dizem ter acontecido, a saber: a promessa de doação de R$ 10 milhões, de forma irregular, para o PMDB.

Mas que se reitere: ainda que verdade fosse e que se chegasse à conclusão de que o presidente tinha ciência de tudo, ele não poderia ser processado. Não agora. O que dona Raquel faria com os dados?

Não respirar
O objetivo, parece evidente, é não deixar o presidente respirar. Notem que é uma atrás da outra. Embora o país esteja nos trilhos, com a economia em franca recuperação, uma obra dos Partidos da Política, os Partidos da Polícia, de que Fachin faz parte ?" agora integrados por doutora Raquel ?" insistem no caos.

E agora? O professor Conrado Hübner Mendes, o suposto crítico do Supremo, não virá a público para censurar a decisão de Fachin.

E Roberto Barroso? Vai dizer que isso é um entendimento "anglo-saxão" da Constituição, não "romano-germânico" ? Que outra fraude intelectual será posta para circular?

E uma nota: fosse eu o presidente, não recorreria da patuscada. Até porque, com a demagogia comendo solta, seria grande o risco de a Constituição ser derrotada por seis aloprados.

Anotem: não há presidente que consiga governar o país nessas circunstâncias. Não importa o partido.

Onde triunfa o Partido da Polícia, não o da Política, só o fascismo é um regime eficaz.

A seu modo.

É a "Ordem Fachinstoide"!
Herculano
03/03/2018 07:55
O MARKETING ACADÊMICO DAS DISCIPLINAS SOBRE O GOLPE DE 2016, por Demétrio Magnoli, geógrafo e sociólogo, no jornal Folha de S. Paulo.

Na era Lula, acadêmicos eram militantes partidários. Agora, eles ingressam no ofício de marqueteiros

A campanha presidencial simulada de Lula dissolveu a delgada película que ainda separava o pensamento acadêmico do imperativo partidário. O ácido foi derramado pelo professor da UnB Luis Felipe Miguel, que criou uma disciplina intitulada "O golpe de 2016 e o futuro da democracia no Brasil".

Uma reclamação imprópria do ministro da Educação serviu como pretexto para que dezenas de colegas emulassem o gesto de vandalismo intelectual, ofertando disciplinas idênticas em departamentos da USP, Unicamp, UFBA, Ufam e outras. Na "era Lula", acostumamo-nos com a redução de acadêmicos a militantes partidários. Agora, assistimos ao ingresso deles no ofício de marqueteiros.

O vaga-lume ativa e desativa a bioluminescência segundo suas necessidades biológicas. O PT acende e apaga o sinal de "golpe" de acordo com as circunstâncias políticas. O luminoso foi ativado para reagrupar a militância, na hora do colapso dilmista, mas desativado pouco depois, quando o PT anunciou a retomada das alianças eleitorais com os partidos "golpistas" (o MDB e as siglas do "centrão"). Hoje, pressiona-se novamente o interruptor para denunciar o veto legal à candidatura de Lula. A ciência política tem algo a dizer sobre as funções desempenhadas pela narrativa do golpe. Já os acadêmicos que a reproduzem, aplicando-lhe um verniz de discurso científico, depredam a instituição na qual trabalham.

Na UFBA, a disciplina decola no golpe do Estado Novo, transita pelo golpe de 1964 e aterrissa no "golpe de 2016", que abriria uma etapa de "autoritarismo". As leis de exceção, a proibição de partidos, a cassação de parlamentares, as prisões políticas, a tortura, a censura, a repressão a manifestações - nada disso aparece no "golpe de 2016", que obedeceu à letra da Constituição e procedeu segundo regras ditadas pelo STF. Por qual motivo, além da fidelidade ao partido, a disciplina não contempla o "golpe de 1992" (ou seja, o processo de impeachment contra Collor)?

"O discurso da 'imparcialidade' é muitas vezes brandido para inibir qualquer interpelação crítica do mundo", alegou constrangedoramente Felipe Miguel em defesa de sua obra de marketing fantasiada de disciplina acadêmica. Ocorre que a noção de "imparcialidade", tão cara ao direito, é estranha à investigação científica. O discurso científico distingue-se do discurso político-ideológico por rejeitar o finalismo: no campo da ciência, é proibido fabricar uma conclusão prévia da qual escorrem as "provas". A disciplina dos neomarqueteiros não peca por "parcialidade", mas por violar o método científico.

A prevalência da esquerda nas faculdades de humanidades nem sempre conduziu à dissolução do método científico. Os professores socialistas ou comunistas do passado separavam sua militância partidária de seu trabalho acadêmico, pois acreditavam que a transformação social não seria produzida por eles, mas por uma revolução dos "de baixo". A ascensão do PT coincidiu com o descrédito da ideia revolucionária ?"eabriu caminho para o vale tudo intelectual.

Na confusa ideologia original petista, o socialismo nasceria "por cima", pela construção de uma hegemonia social da esquerda, não da anacrônica insurreição proletária. A missão exigiria a produção de um direito, uma história, uma sociologia, uma antropologia "dos oprimidos". Na mente dos quadros acadêmicos petistas, a fronteira entre discurso científico e discurso ideológico aparecia como uma conservadora exigência de "imparcialidade" destinada a proteger "as elites".

Os professores que se entregam ao marketing lulista pertencem à geração de estudantes universitários do "PT das origens". Tirando os mais ingênuos, eles já desistiram do objetivo socialista, contentando-se hoje com uma migalha: o sucesso eleitoral do partido. O golpe do "golpe de 2016" - eis o título para uma disciplina útil.
Herculano
03/03/2018 07:48
A RECONSTRUÇÃO DO BRASIL, editorial do jornal O Estado de S. Paulo

As quase três décadas da Constituição de 1988 devem ser ocasião para uma reflexão madura sobre a sua aplicação, pondo freio às aventuras realizadas em seu nome

A Constituição de 1988 tem 250 artigos e já sofreu 99 emendas. Por sua vez, a Constituição dos EUA, que tem 7 artigos, recebeu apenas 27 emendas ao longo de 230 anos. A comparação foi feita pelo ex-ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) e professor de Direito da USP Eros Grau, durante o primeiro Fórum Estadão ?" A Reconstrução do Brasil. Também participaram do debate sobre a Constituição o professor de Direito da FGV-RJ Joaquim Falcão e o ex-presidente do STF Nelson Jobim.

No debate, foram discutidas algumas consequências da excessiva amplidão da Constituição de 1988. Como exemplo, Joaquim Falcão mencionou o fato de a Carta Magna ter 32 artigos relativos ao funcionalismo público e apenas 1 referente ao trabalhador privado. Com isso, o funcionário público tem 16 vezes mais chances de levar suas demandas para julgamento pelo STF em comparação com o trabalhador do setor privado. "Os funcionários públicos constitucionalizaram todas as suas pretensões durante a Constituinte", disse Falcão.

"Precisamos fazer uma lipoaspiração na Constituição", disse Jobim. Para ele, o excesso de regras constitucionais dificulta a governabilidade, alimentando o presidencialismo de coalizão, que torna o Poder Executivo refém do Congresso e abre caminho para a corrupção. Sendo a Constituição muito ampla, com frequência o governo precisa fazer emendas constitucionais, o que requer maioria de três quintos no Congresso.

Nelson Jobim lembrou que as dificuldades para compor a maioria durante a Assembleia Constituinte levaram à redação ambígua de muitos artigos, já que assim era mais fácil obter a sua aprovação. No entanto, essa solução, que apenas adiou o problema, foi ocasião para que o Judiciário fizesse interpretações muito além do conteúdo aprovado em 1988.

O debate possibilitou evidenciar, uma vez mais, que os principais problemas da Constituição de 1988 não são decorrência apenas das deficiências do seu texto. Eles deixaram claro que o Poder Judiciário vem aplicando mal a Constituição, com criações interpretativas que não têm fundamento no texto votado pela Constituinte.

Joaquim Falcão lembrou que o cumprimento da Carta Magna é tarefa dos Três Poderes, não apenas do Judiciário. "O poder moderador não é o Supremo", disse. "O Legislativo interpreta a Constituição para fazer suas leis e o Executivo interpreta a Constituição ao regulá-la através das agências. A Constituição é sua aplicação." Ou seja, o STF não é o proprietário da Constituição.

Eros Grau avaliou que "o STF se transformou num grande espetáculo televisivo", em contraste com o que se vê em outros países. O professor do Largo São Francisco citou como exemplo a França, onde os integrantes da Corte constitucional não desfrutam de qualquer protagonismo perante a opinião pública.

"O Supremo tem que ser um órgão plenário, e não um órgão de soma de vontades e conflitos individuais, como está acontecendo", disse Nelson Jobim. Ele defendeu que o Judiciário deve apenas aplicar a lei. "Ele não pode ser o elemento arbitrador dos interesses da sociedade", afirmou.

Como comentou Joaquim Falcão, integrantes do Supremo têm desrespeitado o processo decisório, descumprindo, por exemplo, o prazo para a devolução das vistas de um processo. Tais descuidos procedimentais têm graves consequências. Com isso, decisões liminares, que são monocráticas, ganham uma perenidade que não deveriam ter, aumentando, fora da lei, o poder discricionário de cada ministro. É o caso das liminares do ministro Luiz Fux concedendo auxílio-moradia a juízes e procuradores. Poucas vezes se viu tamanho prejuízo aos cofres públicos por força de uma única canetada. A atuação de integrantes do STF fora dos cânones regimentais, tardando o fim do processo, também alimenta a imprevisibilidade. O Supremo, que deveria ser a segurança da lei, passa a ser, assim, causa de insegurança jurídica.

As quase três décadas da Constituição de 1988 devem ser ocasião para uma reflexão madura sobre a sua aplicação, pondo freio às aventuras realizadas em seu nome. Por ser fundamento do Estado Democrático de Direito, ela impõe que o poder estatal seja sempre exercido com responsabilidade e controle. É, por isso, que a última palavra deve ser sempre dela.
Herculano
03/03/2018 07:47
O MOMENTO EXIGE AÇõES INCOMUNS, por João Luiz Mauad, diretor do Instituto Liberal, no jornal O Globo

Os militares estão trabalhando para tentar ajudar os próprios cidadãos das comunidades, que são os mais prejudicados e diariamente aviltados pelos traficantes

A OAB-RJ e a Defensoria Pública do estado resolveram pedir explicações ao general Braga Netto sobre as identificações de moradores que vêm sendo realizadas por militares em diversas comunidades do Rio de Janeiro, desde a decretação da intervenção federal. Nas abordagens, acompanhadas de perto pela imprensa, os militares enviam número da identidade e foto das pessoas, através de um aplicativo de celular, para um setor de inteligência, que avaliava eventual existência da anotação criminal.

Segundo consta, aquelas instituições estão preocupadas com eventuais abusos em relação a direitos civis. Algumas organizações de direitos humanos, por outro lado, afirmam que essas abordagens violam dispositivos constitucionais, pois retiram do cidadão o direito à liberdade e à intimidade. Seria uma preocupação bastante louvável, se não cheirasse a oportunismo ideológico.

Há cerca de um par de meses, um amigo foi abordado por uma blitz da Polícia Militar de forma bastante ríspida. Policiais de fuzil em punho mandaram-no sair do veículo a fim de revistá-lo. Uma varredura também foi realizada no carro. Tudo isso sem nenhum motivo aparente, já que a documentação apresentada estava em dia.

Blitzes semelhantes, embora sem tanta agressividade, são realizadas diuturnamente nas ruas das grandes cidades brasileiras, sem que quase ninguém reclame, pois a motivação, pelo menos aparente, é a segurança dos próprios cidadãos.

Da mesma forma, inúmeros prédios públicos e comerciais exigem não apenas identificação, como tiram fotografias de todos os visitantes. Meu nome, identidade e foto já estão no cadastro de diversos desses prédios, sem que eu jamais tenha visto nisso um abuso contra meus direitos civis. Simplesmente, sempre enxerguei nessas iniciativas uma forma de zelo pela minha própria segurança.

O mesmo ocorre em praticamente todos os aeroportos do planeta, onde, além da identificação de praxe de cada passageiro, a entrada nas aeronaves só é permitida depois de uma verificação das bagagens de mão e do próprio passageiro, através de aparelhos de raios X. Nos Estados Unidos, o cuidado é tanto que, ao invés dos raios X, todos os passageiros são literalmente escaneados, quando não revistados manualmente. É desagradável? Sim, mas as pessoas se submetem porque sabem que tudo aquilo é feito para resguardar a sua segurança.

O cidadão de bem morador da favela com certeza irá compreender e colaborar. Ninguém gosta de ser abordado, mas o momento exige ações incomuns. Os militares estão trabalhando para tentar ajudar os próprios cidadãos daquelas comunidades, que são os mais prejudicados e diariamente aviltados pelos traficantes.

Nada contra o fato de se manter estrita vigilância para evitar exageros, principalmente porque as ações militares estão focadas em localidades onde os cidadãos são mais vulneráveis e, no mais das vezes, não têm meios de defender-se de eventuais abusos. Porém, até onde se sabe, os soldados do Exército têm agido com cautela e respeito. Logo, pelo menos por enquanto, não há que se falar de abusos, nem tampouco acusar as Forças Armadas de usurpação da liberdade e da intimidade.

Preocupações perfeitamente legítimas com direitos individuais sagrados não podem transformar-se em cortina de fumaça para esconder a real intenção de certos valentes: o boicote político-ideológico à intervenção federal, não por acaso apoiada por mais de 70% da população fluminense, reféns do crime organizado e de falsos defensores do povo faz tempo.
Herculano
03/03/2018 07:44
BB NÃO MEXE EM DIRETORIA MESMO APóS FRAUDE, por Cláudio Humberto, na coluna que publicou hoje nos jornais brasileiros

O Banco do Brasil nem sequer substituiu os responsáveis pela licitação fraudada de quase R$3 bilhões para a propaganda do banco. Dez dias antes do resultado, documento registrado em cartório previa que a agência de propaganda Multisolution seria uma das vencedoras. O diretor de Marketing que comandou a licitação, Alexandre Alves, continua no cargo dez meses após do escândalo. Ninguém foi punido.

CADEIRA ELÉTRICA
A Diretoria de Marketing do BB é velha conhecida das páginas policiais: o presidiário mensaleiro Henrique Pizzolato era o chefe dessa diretoria.

MUITO ESTRANHO
A Multisolution, vencedora na licitação da diretoria de Marketing para a conta milionária do BB, tinha capital social de apenas R$ 3 mil.

NADA MUDOU
No Banco do Brasil tudo continua como sempre foi. E o contrato anual de meio bilhão continua com agências escolhidas pelo governo Dilma.

A LEI? ORA, A LEI
Datados de 2011, os contratos com as agências Lew'Lara e Máster foram prorrogados até agosto. Mas serão prorrogados outra vez.

BARCARENA NÃO VAI VIRAR SAMARCO, ADVERTE TEMER
"Não vamos permitir que isso vire outra Samarco", advertiu o presidente Michel Temer ao ser informado de que a mineradora Norsk Hydro, da qual o governo da Noruega detém 43,8% das ações, ainda não informou como pretende solucionar o problema causado pelo vazamento de resíduos altamente tóxicos, como chumbo, em mina de bauxita para produzir alumínio no município paraense de Barcarena, coração da Amazônia. O governo avalia novas sanções contra a Norsk.

PALIATIVOS NÃO SERVEM
Distribuir água potável à população é uma medida meramente paliativa, segundo o Planalto. Os noruegueses devem limpar o que sujaram.

PURA EMBROMATION
Desde o vazamento criminoso, que originou a interdição, a mineradora se limita a tentar contestar os laudos sobre o derramamento de rejeitos.

MATADORES DE BALEIA
A poluição criminosa desmascarou o caráter "ambientalista" da Noruega, apesar da matança de baleias que promove anualmente.

VIROU FEIRA DE VERDADE
Em meio à crise, os comerciantes se deram conta de onde não falta dinheiro: o estacionamento do Anexo 4 da Câmara dos Deputados. Lá vende-se de tudo; comida, doces, informática (pirata!) e até sapatos.

DUPLA DENUNCIADA
No início de 2016, o ex-diretor da Petrobras Nestor Cerveró, preso pela Polícia Federal, denunciou em seu acordo de delação que "houve um grande aporte de recursos para o candidato do PT, Jaques Wagner, dirigido por [Sérgio] Gabrielli". Ambos continuam soltos.

COVAS FORA DO PSDB
O rompimento de Mário Covas Neto com o PSDB, anunciado nesta sexta (2), é um marco na política partidária paulista. Geraldo Alckmin, que o pai do vereador inventou para a política, deu de ombros.

AINDA NA LAMA
Foi contida a animação no governo com a geração de 77,8 mil postos de trabalho em janeiro, melhor resultado em seis anos. Em janeiro de 2016, último com Dilma no poder, o "saldo" foi de 100 mil demissões.

PROPAGANDA ANTECIPADA
O Tribunal Regional Eleitoral do DF mandou retirar de circulação a cartilha com ofensas ao governador Rodrigo Rollemberg, distribuída a professores e alunos de escolas públicas pela pelegada do sindicato.

PSB MUDA DE COMANDO
O PSB elege neste sábado (3) o novo Diretório e a nova Executiva Nacional para o próximo triênio. A eleição ocorrerá durante o 14º Congresso Nacional do partido. A expectativa é de 1,3 mil delegados.

É UMA MÃE
A situação falimentar do governo do Rio de Janeiro foi agravada pela condescendência com seus servidores. Dados do governo mostram que a média de idade para aposentadoria entre homens é de 53 anos.

FOCO NOS JOVENS
A lei do menor aprendiz entrou em vigor em 2005 e o ano passado foi um dos melhores para os jovens. Foram 386 mil contratações, mais de 12% do total de 3,2 milhões de enquadramentos desde a criação da lei.

PENSANDO BEM?
...Sergio Cabral pode até ser condenado a mais de cem anos de cadeia, mas nunca vai passar mais de 30 anos preso. É a lei brasileira.
Herculano
03/03/2018 07:30
POR QUE MADURO AINDA NÃO CAIU? por Helio Schwartsman, no jornal Folha de S. Paulo

De acordo com alguns modelos da ciência política, isso já deveria ter ocorrido

Os sinais de que o regime chavista fracassou não poderiam ser mais evidentes. Estão presentes em tudo, dos indicadores macroeconômicos em colapso, às prateleiras vazias dos supermercados, e encontram expressão visceral no aumento da desnutrição e na regressão epidemiológica por que passa o país. Quando pais abandonam seus filhos em orfanatos na esperança de que lá sejam alimentados, sabemos que algo deu muito errado.

Por que então a população não se rebelou e pôs o ditador para correr?

De acordo com alguns modelos da ciência política, isso já deveria ter ocorrido. Muitas das autocracias contemporâneas só sobrevivem porque conseguem entregar alguma prosperidade à população, que, num barganha tácita, deixa de questionar a falta de liberdade política ou mesmo a repressão. É o caso da Rússia de Putin, da Turquia de Erdogan e até da China do Partido Comunista. Foi também, durante algum tempo, a situação da Venezuela sob Hugo Chávez.

Hoje, porém, não há mais traço da prosperidade; ao contrário, a vida dos venezuelanos tornou-se um inferno, mas o governo ainda resiste. Ao que tudo indica, o regime, que capturou as instituições e tem o apoio de setores minoritários da população e do aparato militar, encontrou um ponto de equilíbrio de baixo desempenho, sob o qual a maioria dos venezuelanos que quer se livrar de Maduro não consegue coordenar suas ações para obter esse resultado.

O que está faltando para romper o ciclo é alguma faísca que deflagre a sincronização, isto é, que sirva de senha para que as pessoas-chaves que ainda sustentam o governo, mas sabem que não há futuro com Maduro, possam desertar em bloco.

Ela pode assumir formas inesperadas. Na Romênia dos Ceausescus foi o despejo do padre László Tökés; na Tunísia da Primavera Árabe, a autoimolação do vendedor de fruta Mohamed Bouazizi. Vamos aguardar o gatilho venezuelano.
Herculano
03/03/2018 07:16
MÁRCIO FRANÇA QUER FAZER PROGRAMA DE ALISTAMENTO CIVIL PARA 100 MIL JOVENS, por Josias de Souza

Prestes a assumir o governo de São Paulo no lugar do tucano Geraldo Alckmin, que deixará o cargo para disputar o Planalto, Márcio França (PSB) prepara o lançamento de um programa que vai dar o que falar. Consiste no "alistamento civil" de 100 mil jovens de 18 anos - uma legião equiparável ao contingente da Polícia Militar paulista. Receberão remuneração, uniforme e treinamento para trabalhar nas ruas por um período de um ano.

O alvo do programa, disse o futuro governador ao blog, é a juventude em situação de "vulnerabilidade" social. Deseja-se oferecer aos jovens refugados no alistamento obrigatório do Exército, da Marinha e da Aeronáutica a opção de prestar "serviços gerais" no asfalto ?"de primeiros socorros ao fornecimento de informações turísticas.

FRANÇA COGITA USAR POLICIAIS APOSENTADOS COMO TUTORES DOS JOVENS

França estima que cada "alistado" custará ao Estado R$ 1 mil por mês. No total, R$ 100 milhões mensais. Como que antevendo as críticas que trovejarão sobre sua cabeça, o virtual substituto de Alckmin sustenta que os gastos resultarão em economia de verbas públicas em outras áreas.

Nessa versão otimista, o programa de alistamento civil evitaria que jovens pobres fossem recrutados pelo crime organizado. Com isso, acredita Márcio França, cairiam os índices de criminalidade e todas as despesas dele decorrentes: desde os gastos com o sistema prisional até os custos com o Sistema Único de Saúde.

PARA GARANTIR VERBAS, FRANÇA TRATA ALISTADO COMO 'JOVEM APRENDIZ'

Exceto pelo vocábulo "civil" que traz enganchado no nome, tudo no projeto de Márcio França exala um aroma militar: o alistamento, a farda, a disciplina, a convocação de PMs aposentados para atuar como tutores dos jovens? Mas a analogia não parece incomodar o autor da iniciativa.

França disse ter implantado o mesmo programa em São Vicente, no litoral paulista - cidade da qual foi prefeito por dois mandatos, de 1997 até 2004. Ali, o alistamento foi batizado de Jepom, sigla de "Jovens em Exercício do Programa de Orientação Municipal". A iniciativa foi inspirada numa ideia do tucano José Gregori, que foi ministro da Justiça de Fernando Henrique Cardoso. O viés militar rendeu muitas críticas a França. Mas ele dá de ombros.

FRANÇA SOBRE VIÉS MILITAR DO PROJETO: 'NÃO HÁ MAL EM TER DISCIPLINA'

Márcio França declarou que promoverá um "rearranjo político-administrativo" no governo de São Paulo. Candidato à reeleição para o cargo que ainda não assumiu, ele compõe uma coligação partidária sem o PSDB, que optou por participar da corrida ao Palácio dos Bandeirantes com um nome próprio.

O tucanato paulista não perde nada medindo forças com o substituto de Alckmin, exceto o pescoço. França informa desde logo que aguarda pelos pedidos de demissão dos tucanos que ocupam cargos de confiança no governo. "Quem tem ética, não fica no governo de alguém, para depois trabalhar por outro candidato", afirmou o quase-governador, que deseja acomodar seus apoiadores nos cargos que ficarão vagos.

FRANÇA: TUCANO QUE FICAR NO GOVERNO É PORQUE 'NÃO VAI COM DORIA'

De zero a 10, qual é a chance de o PSB apoiar a candidatura presidencial de Alckmin?, quis saber o repórter. Márcio França saiu-se com uma resposta, digamos, tucana: "?Alguma coisa em torno de cinco." Na sequência, o entrevistado enumerou tantas alternativas que acabou realçando o fosso que separa o seu partido do projeto presidencial de Alckmin.

"Hoje, há grande parte das pessoas que preferem não ter nenhum candidato" à Presidência", afirmou França, antes de enfileirar os nomes que estão sobre a mesa: Ciro Gomes, Joaquim Barbosa, Aldo Rebelo, Beto Albuquerque...
Herculano
03/03/2018 07:10
ELEIÇÃO DE 2018 SERÁ CONFUSA E EMOCIONANTE, por André Singer, ex-assessor do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, no jornal Folha de S. Paulo.

Estilhaçados sob o impacto de rupturas, blocos não conseguem se unificar para o pleito

A crise que se abriu em 2015, somando a recessão à Lava Jato, desembocou no impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff. Mas o desenlace de 2016 não resolveu o problema de como reorganizar a política. Agora, estilhaçados sob o impacto das rupturas ocorridas, nenhum dos dois blocos - pró-impedimento e anti-impedimento - consegue se unificar para 2018.

A arca que patrocinou o golpe parlamentar se encontra, até aqui, dividida. Desde as acusações de Joesley, Michel Temer, Geraldo Alckmin, Rodrigo Maia, Marina Silva e Jair Bolsonaro não tocam pela mesma partitura. Embora, no fundo, o projeto seja idêntico - alinhar, via liberalismo, o Brasil à nova onda de expansão capitalista - os propósitos individuais começaram a falar mais alto.

A malinha de Rocha Loures tornou Temer tóxico para os antigos companheiros, só lhe restando lutar sozinho em defesa própria, para não ir preso em 2019. Além disso, aconselhado pelo veterano José Sarney, percebeu que terá um papel importante na eleição, pois o governo é sempre o tema principal da campanha. Resta decidir se o melhor candidato para o papel é ele próprio ou Henrique Meirelles, que não tem dúvida em defender as políticas executadas.

Nesse caso, Rodrigo Maia e Geraldo Alckmin terão dificuldade para explicar por que e a que são oposição. Marina Silva vai testar pela terceira vez a sua plataforma pós-materialista. Do ponto substantivo, porém, terá pouco de diferente a oferecer. À direita deles, Jair Bolsonaro ocupou o nicho das propostas de segurança ultraconservadoras.

Do lado derrotado em 2016, a tentativa de unidade para resistir às consequências do golpe gorou. A entrevista de Lula à Folha (1°/3), anunciando que está obrigado a ir até o fim com a sua candidatura, enterra as chances de construir uma frente ampla, como a do Uruguai, em que vários partidos decidissem em conjunto, por meio de prévias, quem será o candidato. Ciro Gomes, Guilherme Boulos e o ex-presidente (ou quem o represente na última hora) vão disputar os votos na urna.

Lula e Ciro, no fundamental, pensam parecido: querem convencer a burguesia (ou parte dela) de que o capitalismo brasileiro poderia se desenvolver de um modo a favorecer mais os setores populares. Boulos pretende recolocar em cena propostas nitidamente de esquerda, como fez o PT na origem.

Com oito candidatos relativamente emparelhados, na hipótese de Lula não poder efetivamente concorrer, a luta será para chegar ao segundo turno. Em 1989, o ex-presidente deu o passo decisivo para entrar na divisão especial da política brasileira (participar da reta final) com apenas 14% dos eleitores sufragando seu nome no primeiro turno. Será um pleito confuso e emocionante.
Roberto Sombrio
02/03/2018 20:25
Oi, Herculano.

PIRUETAS DE LULA, editorial do jornal Folha de S. Paulo

Diante de um momento dificílimo em sua carreira, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) fez jus a sua reconhecida imagem de político habilíssimo em entrevista concedida a esta Folha.

POLÍTICO HABILÍSSIMO? Agora entendo porque o Brasil afundou e os políticos são uma M...
Todos seguem Lula e consideram as suas ideias, de um político Hábil. E a imprensa insiste em endeusar esse lixo.

Gasparense
02/03/2018 20:01
Entao o Prefeito de Ilhota comprou um Jetta Sky....sem duvida impresssionara todo mundo em Florianopolis, pela inovação.....so recomendo usar colete salva vidas....
Herculano
02/03/2018 17:32
FACHIN INCLUI TEMER EM INQUÉRITO DA ODEBRECHET NA LAVA JATO

Conteúdo do jornal Folha de S. Paulo. Texto de Letícia Casado. O ministro Edson Fachin, relator da Lava Jato no STF (Supremo Tribunal Federal), autorizou a inclusão do presidente Michel Temer como um dos investigados em um inquérito aberto para apurar repasses da Odebrecht ao MDB em 2014.

O caso se refere a um jantar no Palácio do Jaburu em maio daquele ano em que teria sido acertado o repasse ilícito de R$ 10 milhões.

Fachin também autorizou a prorrogação do prazo para a Polícia Federal fazer as diligências do caso.

Agora, os investigadores terão mais 60 dias para concluir a apuração.

"Defiro o pedido da Procuradora-Geral da República para determinar a inclusão de Michel Miguel Elias Temer Lulia, atual Presidente da República, como investigado nestes autos de Inquérito, sem prejuízo algum das investigações até então realizadas e daquelas que se encontram em curso", escreveu o ministro no despacho.

Já são alvos desse inquérito os ministros Eliseu Padilha (Casa Civil) e Moreira Franco (Secretaria-Geral da Presidência), ambos do MDB. Na época de abertura da investigação, o então procurador-geral, Rodrigo Janot, entendeu que a Constituição proibia investigar o presidente por supostos crimes anteriores ao mandato.

No entanto, o ministro destacou que uma eventual investigação do presidente da República "não afronta a Carta Magna".

"Com efeito, a imunidade temporária vertida no texto constitucional se alça a obstar a responsabilização do Presidente da República por atos estranhos ao exercícios das funções; mesmo nessa hipótese (a de atos estranhos ao exercício das funções) caberia proceder a investigação a fim de, por exemplo, evitar dissipação de provas, valendo aquela proteção constitucional apenas contra a responsabilização, e não em face da investigação criminal em si", acrescentou o magistrado.

A inclusão foi feita a pedido da procuradora-geral Raquel Dodge, que discordou do entendimento de Janot.

Para ela, o presidente da República só "não poderá sofrer responsabilização em ação penal enquanto durar seu mandato", mas pode ser investigado.

O ministro Fachin destaca que a investigação aponta supostos fatos no sentido de que integrantes do grupo político liderado por Temer, Padilha e Moreira Franco teriam recebido propina da Odebrecht em 2014 "como contrapartida ao atendimento de interesses deste grupo pela Secretaria de Aviação Civil da Presidência da República".

Para Fachin, "tal contexto há de ser posto à prova".

Ele ainda ressalta que a investigação "não implica, por evidente, nesse passo, qualquer responsabilização do investigado".

Temer é alvo de outro inquérito que tramita no STF e apura se houve irregularidade em um decreto da área portuária que beneficiou a empresa Rodrimar, assinado em maio de 2017.


Além disso, o presidente já foi alvo de duas denúncias feitas pela PGR com base nas investigações da Lava jato. Em ambos os casos, a Câmara dos Deputados barrou as acusações, que ficam sobrestadas até ele deixar o cargo.

A assessoria do presidente Temer informa que o Planalto não irá comentar o assunto.
Herculano
02/03/2018 17:08
da série: para refletir

A LUTA CONTRA O FANTASMA, por Fernando Gabeira, no jornal O Globo

Existem várias comissões para fiscalizar a intervenção e poucas articulações para cooperar com o Exército

Outro dia, chamaram-me de general num desses blogs. Não me importo: são os mesmos de sempre, como diria um personagem de Beckett, depois de apanhar. O ponto de partida é minha visão positiva sobre o papel do Exército no Haiti. O que fazer? Estive lá duas vezes, vi com os meus olhos e ainda assim sempre consulto o maior conhecedor brasileiro do tema, Ricardo Seitenfus.

Não estive com o Exército apenas no Haiti. Visitei postos avançados de fronteira da Venezuela, junto aos yanomamis, em plena selva perto da Colômbia. Vi seu trabalho na Cabeça do Cachorro, no Rio Negro, cobri o sistema de distribuição de água para milhões de pessoas no sertão do Nordeste.

Não tenho o direito de encarar o Exército com os olhos do passado, fixado no espelho retrovisor. Além de seu trabalho, conheci também as pessoas que o realizam.

Nesse momento de intervenção federal, pergunto-me se o Exercito para algumas pessoas da esquerda e mesmo alguns liberais na imprensa, ainda não é uma espécie de fantasma que marchou dos anos de chumbo até aqui, como se nada tivesse acontecido no caminho.

Alguns o identificam com o Bolsonaro. Outro engano. Certamente existem eleitores de Bolsonaro nas Forças Armadas como existem na igreja, nos bancos e universidades. Mas Bolsonaro e o Exército não são a mesma coisa.

Existem várias comissões para fiscalizar a intervenção. ?"timo. Isso é democracia. Mas existem poucas articulações para cooperar com o Exército: isso é miopia.

Houve um certo drama porque os pobres foram fotografados por soldados. Quem dramatiza são pessoas da classe media que vivem sendo fotografadas, na portaria de prédios, na entrada de empresas. Por toda a parte alguém nos filma.

Há uma lei especifica sobre identificação. É razoável discutir com base nela. Mas é inegável também que os tempos mudaram. Na Europa e nos EUA por causa do terrorismo, aqui por causa da violência urbana.

Não se trata de dizer sorria, você está sendo filmado. É desagradável e representa uma perda de liberdade em relação ao passado. Mas expressa um novo momento.

O Ministro Raul Jungman tomou posse afirmando que a sociedade do Rio pede segurança durante o dia e à noite consome drogas. É uma frase muito eficaz em debates e artigos. Creio que apareceu até no filme Tropa de Elite.

Na boca de um ministro, que considero competente, merece uma pequena análise.

Parisienses, londrinos, paulistas e nova-iorquinos também consomem droga, suponho. No entanto não existem grupos armados dominando o território urbano.

Se isso é verdade não é propriamente a abstinência que tem um peso decisivo, mas sim a presença do Estado que garante uma relativa paz, apesar do consumo de drogas.

Núcleos de traficantes deslocaram-se para o roubo de cargas porque o acham mais rentável. É impossível culpar os consumidores de geladeiras e eletrodomésticos não só porque é uma prática legal.

As milicias pouco se dedicam ao tráfico de drogas. Vendem segurança, butijões de gás e controlam o transporte alternativo. São forças de ocupação.

Campanhas contra o consumo de drogas, nessa emergência, têm uma eficácia limitada, apesar de suas boas intenções.

Mas assim como há gente que vê um exército fantasma, perdido nas brumas do século passado, pode ser um erro mirar no consumo de droga e perder de vista a ocupação armada do território.

Uma das frases mais interessantes no Terra em Transe de Glauber Rocha é quando o personagem diz que não sabe mais quem é o inimigo.

Há tantos combatendo exércitos fantasmas ou investindo contra moinhos que é sempre bom perguntar: afinal, qual é o foco?
Herculano
02/03/2018 16:57
SEIS POR MEIA DÚZIA, editorial do jornal O Estado de S. Paulo

Uma boa parcela do Poder Judiciário, incluindo algumas de suas mais altas autoridades, parece alheia aos ventos de mudança que passaram a soprar no País, com as atenções desviadas do clamor por moralidade em todas as esferas do poder público. Como não se está a falar de pessoas com problemas cognitivos, trata-se de um alheamento deliberado.

Não pode ser interpretada de outra forma a proposta do ministro Ives Gandra Martins Filho, que, ao se despedir da presidência do Tribunal Superior do Trabalho (TST), na segunda-feira passada, sugeriu que os "penduricalhos" pagos à magistratura e aos membros do Ministério Público fossem aglutinados a título de adicional por tempo de serviço.

A ideia não é nova. Em 2013, o então senador Gim Argello (PTB-DF), hoje implicado na Operação Lava Jato, apresentou uma Proposta de Emenda à Constituição (PEC) para estabelecer a remuneração por tempo de serviço dos integrantes do Ministério Público e da magistratura da União e dos Estados, calculada à razão de 5% do salário do respectivo cargo a cada quinquênio de efetivo exercício. A PEC 63/2013 ainda não foi votada.

Em defesa da substituição dos "penduricalhos" pelo adicional por tempo de serviço, o ministro Ives Gandra Martins Filho sustenta que, caso seja aprovada, a medida "acabaria com a polêmica sobre o auxílio-moradia e incentivaria a carreira no Judiciário". O ministro acrescenta que o adicional seria considerado parte do salário e, portanto, aumentaria a arrecadação do Imposto de Renda e da contribuição previdenciária. Tal argumento pode servir para dar um verniz social à manutenção dos privilégios, mas não se sustenta. O eventual aumento da arrecadação nem de longe corrigiria as muitas distorções do sistema previdenciário do funcionalismo público, anacrônico e profundamente desigual.

"Tenho encontrado respaldo das associações (de magistrados), que concordam em trocar o auxílio-moradia pelo adicional por tempo de serviço. Também tenho conversado com ministros do Supremo e nomes do Legislativo e do Executivo", disse Ives Gandra em entrevista ao Estado.

Não é difícil imaginar o apoio entusiasmado que o ministro esteja recebendo de entidades como a Associação dos Magistrados Brasileiros (AMB) e a Associação Nacional dos Magistrados da Justiça do Trabalho (Anamatra), já que tais clubes de juízes vêm se notabilizando pelas táticas sindicais de defesa de seus interesses de classe ?" como a recente ameaça de greve ilegal feita pela Associação dos Juízes Federais do Brasil (Ajufe) ?", em detrimento do interesse público.

A manifestação da Anamatra é particularmente curiosa. A associação de juízes do trabalho foi uma ferrenha opositora à gestão de Ives Gandra Martins Filho na presidência do TST. Entretanto, quando se trata de defender os privilégios da categoria, impera a concórdia. "Esse é um dos poucos temas de concordância. Essa é realmente uma solução plausível (o adicional por tempo de serviço) para reorganizar a remuneração da magistratura nacionalmente", disse Guilherme Feliciano, presidente da Anamatra.

Cabe indagar que tipo de "reorganização" salarial seria essa. Não raro, a "defasagem" dos subsídios pagos à magistratura tem sido um argumento em defesa dos "penduricalhos". Em um país onde a maioria da população não recebe sequer o valor do auxílio-moradia ?" R$ 4.378,00 ?" como salário mensal, falar em "defasagem" para quem pode receber até o teto constitucional de R$ 33.700,00 chega a ser ofensivo.

Ives Gandra Martins Filho afirmou que sua proposta "é uma solução para acabar com os penduricalhos". Não é. O nome que se dê aos benefícios extravagantes não importa. Travestir um conjunto de privilégios em direitos apenas reforçaria a ideia que a sociedade tem de que membros do Poder Judiciário e do Ministério Público formam uma categoria distinta de cidadãos, aos quais são garantidos privilégios e tratamentos especiais tão somente por terem sido aprovados em um concurso público.
Miguel José Teixeira
02/03/2018 13:37
Senhores,

Da série "pensando bem": se os marqueteiros contratados pelos PeTralhas tinham em mãos R$ 71 milhões, imaginem o quanto devem ter em mãos seus contratantes - os PeTralha$$$$. . .

Em 2018 não perca a peleja: não reeleja!!!
Herculano
02/03/2018 11:42
TEMER TIRA PAÍS DA RECESSÃO; EMPREGO JÁ SE RECUPERA. PRÉ-CANDIDATOS TÊM DE VOLTAR À PRANCHETA. HÁ PERSONAGEM NOVA NO PLEITO, por Reinaldo Azevedo, na Rede TV.

O governo Michel Temer tirou o país da recessão. O Brasil cresceu 1% em 2017. Os dados mais conservadores apontam um crescimento de 3% neste ano. Otimistas responsáveis acham que pode se aproximar de 4%. Sim, é verdade, a sensação de que as coisas melhoraram brutalmente ainda não chegou às pessoas, mas, acredito, acabará chegando. E é importante notar que isso se deu contra todas as expectativas, com o governo enfrentando duas tentativas de golpe.

O ano de 2018 começa também com o país gerando novas vagas formais de trabalho. O governo deve anunciar nesta sexta os dados referentes a janeiro do Caged (Cadastro Geral de Empregados e Desempregados): criaram-se no mês passado 77,8 mil novas vagas, o melhor resultado para janeiro desde 2012. No acumulado de 12 meses, é o primeiro saldo líquido positivo desde 2012: 83.5 mil vagas entre fevereiro do ano passado e janeiro deste ano.

Nos anos tenebrosos da recessão, obra de Dilma e do PT, o país mandou para o ralo 3,5 milhões vagas. A coisa melhorou bastante em 2017, mas o saldo ainda foi negativo em 20,8 mil vagas. Como dizem os economistas, o emprego é sempre o último vagão a se mover quando há a retomada da economia. Quando se fala, note-se, que a melhoria da economia "ainda não chegou" à população, o que se quer dizer é que o desemprego ainda é alto e isso ajuda a manter em alta o mal-estar oriundo do governo Dilma. Mas o mercado de trabalho começa a se mexer pra valer.

Que se note: isso tudo se dá na contramão do catastrofismo. Até anteontem, propagandistas do caos alertavam para o que diziam ser a "ruína" do governo Temer. Ainda hoje, a pestilência do moralismo chulo - que nada tem a ver com a moral - do lava-jatismo doidivanas insiste em tornar o país refém de suas taras policialescas. Que essa gente investigue e faça o seu trabalho, no limite do que a lei lhe facultar.

Já escrevi na Folha e já disse aqui que parte considerável da reação negativa de certos setores à intervenção no Rio - que conta com o apoio da esmagadora maioria da população - deriva do temor de que ela sirva de gatilho a despertar a população para o bom e virtuoso governo do presidente Michel Temer. E, por óbvio, não fossem as duas tentativas de golpe lideradas por Rodrigo Janot, com a conivência de ministros do Supremo, as perspectivas seriam ainda melhores. Não fossem as fábulas dos açougueiros de casaca, o país já teria aprovado a reforma da Previdência.

Antes, o reconhecimento sobre as óbvias virtudes do governo era sonegado porque, afinal, ninguém queria ser parceiro de uma gestão impopular. Agora, há um esforço para esconder os méritos, que são óbvios, com receio de que eles possam a vir a ter uma tradução eleitoral e que, fale-se com todas as letras, o próprio Michel Temer se viabilize como candidato.

Uma coisa, note-se, já podemos dar como certo. Se, antes, poderia haver alguma dúvida sobre o governo ter ou não alguém que defendesse seus méritos na disputa deste ano, agora não se tenha mais. E, ate onde leio o jogo, afirmo: ou será Geraldo Alckmin, do PSDB, ou será alguém do próprio PMDB, o que, a meu juízo, inclui Temer.

E por que se pode fazer tal afirmação sem medo de errar? Porque é contra a natureza do jogo e da política um governo com essa folha de serviços ficar ao relento, sem quem o defenda, num processo eleitoral. Mais: a expectativa de que pudesse ser um saco de pancadas à esquerda, à direita e até ao centro também vai se diluindo. Objetivamente, não há razão para isso.

Até um Luiz Inácio Lula da Silva, não é mesmo?, reconhece que houve uma tentativa de golpe contra Temer. Leio as hipóteses mais disparatadas sobre os motivos que o levaram a tal constatação. Com a devida vênia, não passam de exercícios de curta imaginação. O petista está apenas fazendo uma constatação objetiva. E Temer ainda paga o pato da impopularidade decorrente, em boa parte, daquela arquitetura dolosa.

Sim, a recuperação da economia está aí. Seu tempo de duração dependerá, obviamente, do que os brasileiros vão fazer nas urnas em 2018. Uma coisa é certa: esse é um dado que não estava na equação original dos pré-candidatos. Ainda que contra os fatos, ainda que contra as evidências, ainda que contra os números, todos haviam preparado uma retórica para uma disputa eleitoral travada no "Findomundistão". Mas o fim do mundo não chegou.

Alckmin será o candidato do centro, mas não o do governo? Mas, afinal, o que há de errado com o governo? Os esquerdistas vão atacar tudo o que está aí? Mas será preciso ver se as pessoas querem mudar tudo o que está aí. E a extrema direita bolsonarista? Vai pregar a continuidade, mas com mais revólveres e fuzis?

Voltem à prancheta, senhores estrategistas. A economia derrubou Dilma. E ela é, desde agora, uma personagem da eleição deste ano. Ou Temer estará na urna - e não por causa da intervenção (isso é só maldizer) - ou alguém estará por ele.

Porque é essa a natureza do jogo
Herculano
02/03/2018 11:33
O MAL DO PRECONCEITO EM TORNO DA INTERVENÇÃO, editorial do jornal O Globo

A prevenção, de raiz ideológica, contra militares leva a equívocos sobre o significado da necessária operação no Rio, executada com base na Constituição

A forma como representantes da esquerda brasileira, com exceções, reagem à imprescindível intervenção federal na área de segurança do Rio de Janeiro diz muito das distorções que as lentes da ideologia provocam na percepção da realidade por parte de militantes.

O fato de a operação ser executada pelas Forças Armadas, com o Exército à frente ?" o interventor é um general, Braga Netto ?", facilita interpretações rasteiras do que está acontecendo. É truque barato dizer que há uma "intervenção militar", quando se trata de um ato do poder constituído, civil, implementado por meio de decreto encaminhado ao Congresso e por ele aprovado, como estabelece a Constituição.

Trata-se, pois, de ato legal, realizado dentro do estado de direito e na área de jurisdição do recém-criado Ministério da Segurança Pública, cujo responsável é um civil, Raul Jungmann, do PPS, originado do Partido Comunista Brasileiro. Que fosse militar, também não teria importância. Jungmann era ministro da Defesa, por sobre os comandantes militares. Foi importante, há não muito tempo saído da ditadura militar, o país ter tido até agora civis neste Ministério. O substituto de Jungmann é um general. Depois, poderá ser um civil. Simples dessa forma, sem qualquer outra implicação.

Assim como militantes de esquerda não aposentaram projetos autoritários de poder, também não perderem a percepção preconceituosa das Forças Armadas. Ora, diante do estágio a que chegou a criminalidade no Rio de Janeiro ?" assim como em outras unidades da Federação ?", em meio à grave crise fiscal do estado, pior que a da União, a alternativa mais sensata foi acionar os instrumentos legais disponíveis e executar esta intervenção, prevista para cessar em 31 de dezembro. A depender do desejo do próximo governador, ela será prorrogada, dada a desorganização a que a segurança chegou no Rio, acompanhada do descontrole da criminalidade.

O preconceito contra as Forças Armadas chega ao ponto de fazer com que haja resistências até ao uso de tecnologias avançadas para a identificação de pessoas em comunidades (fotos tiradas de aplicativo para a varredura em arquivos) e mesmo ao chamado "mandado coletivo de busca", instrumento adequado ao emaranhado urbanístico de favelas, já usado com êxito na localização de bandidos. Por exemplo, de Elias Maluco, assassino do jornalista Tim Lopes, na favela da Grota, no Complexo do Alemão.

Uma exceção na esquerda, Vladimir Palmeira, hoje professor universitário, filiado ao PT, importante líder estudantil nos idos de 1967/68, exilado, publicou artigo no GLOBO de crítica à postura preconceituosa da esquerda diante da intervenção.

Lembrou que a situação estava ficando insustentável e que a intervenção pode ser o "choque positivo" de que o Rio precisa, "um chega pra lá na bandidagem". Outro aspecto: a morte de inocentes, um lado dramático nesta crise, ocorre em bairros pobres. Onde moram aqueles que militantes dizem defender. A crise de segurança e a vida real vão muito além das cartilhas de doutrinação.
Herculano
02/03/2018 11:30
JUÍZES DE PASSEATA, por Fábio Prieto, desembargador do TRF-3(SP E MS), do qual foi presidente e corregedor, diretor conselheiro da Internacional Association Of Tax Judges, juiz do TRE-SP, foi advogado e promotor de Justiça de Entrância Especial em São Paulo (1º lugar, melhor trabalho forense, 1989, na área dos direitos do cidadão), no jornal O Estado de S. Paulo

Defesa da magistratura compete ao STF e ao Congresso, não ao sindicalismo de toga

Durante os debates federalistas nos EUA, Alexander Hamilton anotou que, "depois da vitaliciedade no cargo, nada pode contribuir mais para a independência dos juízes que uma estipulação definitiva de seus proventos. (...) No curso geral da natureza humana, o poder sobre o sustento de um homem equivale ao poder sobre sua vontade".

Hamilton estava preocupado com as oscilações artificiais dos vencimentos dos juízes nos Estados. Ao defender a criação da poderosa Justiça Federal, não pretendia ver a independência dos novos magistrados ameaçada pela redução "política" dos salários. Não só o pragmatismo americano sabe que a remuneração compatível com a exigência da função é o melhor cimento para vincular o cidadão ao seu dever laboral, público ou privado. O princípio é de fácil compreensão. A execução exige engenho.

No Brasil, na reforma do Judiciário concluída com a, ainda vigente, Lei Orgânica da Magistratura (1979), os vencimentos dos ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) foram fixados como teto, em nome da unidade nacional do Poder Judiciário. Para além dos vencimentos, foram listadas algumas vantagens pecuniárias na Lei Orgânica da Magistratura.

Na porta das finanças públicas a tranca foi posta em dispositivo da própria lei: "É vedada a concessão de adicionais ou vantagens pecuniárias não previstas na presente Lei, bem como em bases e limites superiores aos nela fixados". O STF garantiu eficiência razoável ao sistema no curso dos anos, proibindo a concessão de outras vantagens, por lei federal ou estadual.

No início dos anos 2000, o Brasil fez outra reforma do Judiciário. Criou os Conselhos Nacional de Justiça (CNJ) e Nacional do Ministério Público, sem extinguir dois outros então atuantes, o da Justiça Federal e o Superior da Justiça do Trabalho. O contribuinte brasileiro passou a ser o único no mundo a sustentar o modelo dispendioso, com quatro estruturas.

Sob a inspiração da superação do autoritarismo e da consagração da atuação paritária, o CNJ foi composto por conselheiros escolhidos a partir do conceito de representação. Há representantes dos tribunais, dos juízes de primeiro grau, dos advogados, do Ministério Público e do Congresso Nacional.

Os princípios são generosos. Mas aplicados no projeto errado. O conselho de um Poder do Estado não é órgão de representação paritária, mas de gestão pública e institucional.

No sistema de Justiça, seus integrantes precisam ser os mais experientes, com a posição funcional mais estável. E a mais elevada, não apenas para enfrentar o dilema das graves decisões, mas, ainda, por questão essencial da democracia: a plena visibilidade, para a fiscalização eficaz da sociedade e da imprensa. Os cidadãos devem saber o nome dos juízes responsáveis pela alta gestão do Poder Judiciário, como em qualquer país civilizado.

O Brasil tem grupo qualificado e institucionalmente livre para a tarefa: os ministros do STF. Cometeu-se grave equívoco, todavia: só o presidente do STF foi escolhido para compor o CNJ. O dirigente máximo do Poder Judiciário pode ser constrangido a tomar decisões cercado pela inexperiência e pela instabilidade ?" os conselheiros têm mandato curto e precário de dois anos.

Os outros três conselhos ainda podem decidir a mesma questão ou tese. A confusão ?" cara para o contribuinte ?" é geral.

A reforma do Judiciário foi manipulada para introduzir no sistema de Justiça a mensagem da luta de classes entre "nós e eles": juízes de tribunal contra os "da base", de primeiro grau. Como a divisão é artificial, a conciliação, que não era necessária, veio com a acomodação realizada por meio do aumento exponencial das estruturas burocráticas sustentadas pelo contribuinte.

Grupos ditos de trabalho, gabinetes, comissões, seminários, conselhos para dar conselhos aos conselhos, laboratórios, assessorias ?" a nova elite burocrático-sindical da reforma do Judiciário não sabe o que é julgar processos. Tudo é permitido em nome de um mundo melhor, menos fazer sentenças. Há campeões de sinecura que não redigem uma sentença há cinco, dez anos.

A partilha dos "penduricalhos" não poderia ser feita só com as relações de compadrio. Surgiram, então, as "eleições diretas" sem povo no sistema de Justiça. A pele da democracia vestida pelo assembleísmo corporativo-sindical. O método aplicado para a ruína de nosso futuro, nas universidades públicas, veio para a condenação do presente, nas Cortes de Justiça.

A última reforma do Judiciário produziu muitos danos e, passados mais de 13 anos, com gastos públicos bilionários, não atingiu sequer um de seus poucos objetivos: a definição do sistema de remuneração da magistratura, com respeito ao teto constitucional. O mais grave dano é o mais difícil de chegar à percepção da sociedade: a sindicalização da magistratura. Era. Há poucos dias o sindicalismo de toga expôs ao conhecimento público a sua grande novidade, o juiz de passeata.

Em ato sem precedentes na História do Brasil, a caravana sindical cinco-estrelas, em dia de expediente pesado para os demais magistrados, fez "protesto" no prédio-sede do STF. Porque não tem nada com isso, consciente de que, seja qual for a adversidade, nunca é hora para realizar assembleia de marinheiros no sindicato dos metalúrgicos, a magistratura séria e trabalhadora continua a aguardar que Alexander Hamilton seja inspirador para as instituições brasileiras.

O assunto público e estratégico da remuneração dos magistrados é responsabilidade do Supremo Tribunal Federal e do Congresso Nacional. Não pode ser privatizado pelo descansado sindicalismo de toga.
Herculano
02/03/2018 11:23
FALTOU COMBINAR COM OS MILITONTOS

De Guilherme Fiuza, no Twitter: "Lula disse que houve um golpe contra Temer. Como o Brasil não ouviu, vamos repetir: Lula declarou que Temer resistiu a um golpe de estado".

Faltou ele combinar com os seus militontos como a presidenta do partido, senadora Gleisi Hoffmann, o líder do PT no Senado, Lindberg Farias, o líder na Câmara, Paulo Pimenta; outros como Benedita da Silva, Maria do Rosário, José Nobre Guimarães, o irmão de José Genoíno,isto sem falar nos daqui como Pedro Uczai, Décio Neri de Lima, Ideli Salvatti, Ana Paula Lima, Pedro Celso Zuchi, Mariluci Deschamps Rosa...
Herculano
02/03/2018 11:12
PLANO Z - O "PLANO B" DO PT PARA AS ELEIÇõES FOI A PIQUE, por J.R. GUZZO, na revista Veja

O PT está com o mesmo problema de Diógenes na Grécia antiga. O filósofo, como se conta na história, andava pelas ruas de Atenas, em plena luz do dia, carregando na mão uma lanterna acesa. "Para que essa lanterna, Diógenes?", perguntavam os atenienses que cruzavam com ele. "Para ver se eu acho um homem honesto nesta cidade", respondia. É o que o PT está procurando hoje entre os seus grão-senhores - um sujeito honesto, ou, pelo menos, que tenha uma ficha suficientemente limpa para sair candidato à Presidência da República. Está difícil achar essa figura. O "Plano A" do partido para as eleições sempre previu a candidatura do ex-presidente Lula. Quem mais poderia ser? Nunca houve, desde a fundação do PT, outro candidato que não fosse ele - e quem achou um dia que poderia se apresentar como "opção" jaz há muito tempo no cemitério dos petistas mortos e excomungados.

Como no momento Lula está condenado a doze anos e tanto de cadeia por corrupção e lavagem de dinheiro, sem contar outras sentenças que pode acumular nos próximos meses, sua candidatura ficou difícil. O "Plano B" previa que em seu lugar entrasse o ex-governador da Bahia, Jaques Wagner ?"? mas o homem acaba de ser indiciado por roubalheira grossa num inquérito da Polícia Federal, acusado de levar mais de 80 milhões de reais em propina em seu governo. O "Plano C" poderia incluir a atual presidente do partido. Mas ela também é acusada de ladroagem pesada, e só está circulando por aí porque tem "foro privilegiado" como senadora; aguarda, hoje, que o Supremo Tribunal Federal crie coragem para resolver o seu caso um dia desses. (De qualquer forma, seria um plano tão ruim que ninguém, nem entre a "militância" mais alucinada, chegou a pensar a sério no seu nome.) O "Plano D", ao que parece, é o ex-prefeito de São Paulo, Fernando Haddad. Ele é uma raridade no PT de hoje ?"? não está correndo da polícia, nem cercado por uma manada de advogados penalistas. Em compensação, tem de lidar com a vida real. O problema de Haddad não é folha corrida ?"? é falta de voto. Na última eleição que disputou perdeu já no primeiro turno para um estreante, o atual prefeito João Doria, e de lá para cá não aconteceu nada que o tivesse transformado num colosso eleitoral.

Um "Plano E" poderia ser o ex-ministro Ciro Gomes. Mas Ciro não é do PT, os petistas não gostam dele e o seu grau de confiança nos possíveis aliados é mínimo. "É mais fácil um boi voar do que o PT apoiar um candidato de outro partido", disse há pouco. Daí para um "Plano F", "G" ou "H" é um pulo. Sempre haverá algum nome para colocar na roda. Resolve? Não resolve. O problema real é que o PT se transformou há muito tempo num partido totalmente franqueado ao mesmo tipo de gente, exatamente o mesmo, que sempre viveu de roubar o Erário em tempo integral. O partido, hoje, é apenas mais uma entre todas essas gangues que infestam a política brasileira. A dificuldade eleitoral que o PT encontra no momento não é o fato de que Lula foi condenado como ladrão duas vezes, na primeira e na segunda instâncias. É que, tirando o ex-presidente da campanha, nada muda ?"? o sub-mundo ao seu redor continua igual. Ou seja: o partido não vai se livrar da tradicional maçã estragada e tornar-se sadio outra vez. A esta altura, o barril todo já foi para o espaço. De plano em plano, podem ir até a letra "Z" sem encontrar o justo procurado por Diógenes.
Herculano
02/03/2018 06:38
AO EMPAREDAR CIRO, LULA AMPLIA ABISMO ENTRE PT E ALIADOS, por Bruno Boghossian, no jornal Folha de S. Paulo

"O Ciro ou vai para a direita ou não pode brigar com o PT. Eu fico fascinado de ver como uma pessoa inteligente como o Ciro fala tão mal do PT."

A declaração do ex-presidente Lula em sua entrevista à Folha mostra a dimensão do abismo que se abriu entre a cúpula petista e a candidatura de Ciro Gomes (PDT) para a próxima corrida eleitoral. Dirigentes do partido até viam com simpatia a possibilidade de apoiá-lo já no primeiro turno, mas sob a condição de que a defesa do PT tivesse papel central na campanha ?"algo que o ex-ministro de Lula não está disposto a conceder.

Enfraquecidos pelo provável afastamento de seu principal líder do processo eleitoral, os petistas pretendem tratar a eleição de 2018 como uma arena para expor uma narrativa de injustiças contra Lula, denunciar o impeachment de Dilma Rousseff e propagandear o legado dos 14 anos em que a sigla esteve no poder.

Nesse sentido, as críticas feitas por Ciro ao PT nos últimos meses geraram uma incompatibilidade determinante entre os dois grupos, a ponto de Lula tratá-lo como rival, excomungando-o do campo da esquerda.

O comportamento do ex-presidente revela exatamente o que ele tenta negar: o PT ainda tem a ilusão de exercer um papel hegemônico, reduzindo outras forças políticas a meros satélites. O movimento funcionou em quatro eleições, mas pode levar a sigla a um isolamento quase inédito na próxima disputa.

Petistas justificam que o partido tem força para sustentar essa posição porque ainda detém capital político para exercer protagonismo na campanha. Alegam que um candidato do PT apoiado por Lula tem potencial para ser maior do que Ciro ?"que aparece com no máximo 13% dos votos na última pesquisa do Datafolha.

O plano B petista, porém, ainda é uma incógnita, e as alternativas que o partido tem à mão são cada vez mais escassas. Ao fechar portas cedo demais, o PT corre o risco de chegar às urnas apequenado.
Herculano
02/03/2018 06:33
O GOLPE DE JAQUES WAGNER NA CAIXA

Conteúdo de O Antagonista. Os anexos da OAS mandam Jaques Wagner para a cadeia.

Léo Pinheiro disse à PGR que se reuniu com Jaques Wagner no Palácio de Ondina para "tramar um golpe contra os cofres do Funcef".

Segundo a Veja, o golpe consistia em "interceder junto ao então presidente da Caixa, Jorge Herada, seu afilhado político, para convencer a Funcef a adquirir uma participação na OAS Empreendimentos".

O lobby, relatou o empreiteiro, funcionou.

Em novembro de 2013, "a Funcef autorizou a compra de cotas de 500 milhões de reais na subsidiária da OAS".

Em troca, a OAS despejou propina na conta do governador petista.
Herculano
02/03/2018 06:28
LULA TEM DOIS RASGOS DE LUCIDEZ EM ENTREVISTA. E OS PARTIDOS DA POLÍTICA E DA POLÍCIA, por Reinaldo Azevedo, no jornal Folha de S. Paulo

Único favor que Lula poderia prestar seria mobilizar o PT em favor da reinstitucionalização do país

Um país tem um encontro marcado com o caos quando desaparecem os Partidos da Política e só restam os Partidos da Polícia. Infelizmente, a imprensa é parte desse processo, mas não do modo como Lula sugere na entrevista de quinta, nesta Folha, à colunista Mônica Bergamo. O ex-presidente faz tudo parecer uma conspiração. Fosse assim, e seria mais fácil reverter o processo de degeneração. Infelizmente, esse casamento se dá em razão de uma contiguidade que tem história -foi a luta contra a ditadura que os uniu -, mas que é pré-cognitiva.

Esses dois entes são movidos por um espírito de purificação que é avesso a qualquer forma de negociação que não esteja baseada numa retidão abstrata, sem correspondência no mundo real. Nota: o PT é, em grande parte, responsável pelo conjunto da obra. Lula tem de reconhecer que o espírito que move os "Deltans & Moros" é filho daquele mote lançado lá no começo dos 80: "Ética na política". E "ético" será tudo aquilo que "nós, o partido, definirmos como tal". Não ocorreu a gente como Marilena Chauí, porque isso está além das suas sandálias, que braços do Estado, com sua força repressiva, poderiam se apoderar dessa fala. E isso aconteceu.

Na vida pública, a maximização ou o exclusivismo da ética da convicção termina em guilhotina, forca, cadeia, nunca em avanço institucional. Quantas pessoas Lula e o PT executaram ao longo de sua história? E a cultura vive um momento especialmente favorável à estupidez convicta. Basta ver o que vai nas redes sociais. Com exceções aqui e ali, a curva dos "likes" coincide com a da burrice convicta.

Lula, que foi condenado sem provas no caso do tríplex de Guarujá, viaja na Terra do Nunca quando trata da possibilidade de ser absolvido. Se Cármen Lúcia cumprir a sua obrigação e pautar a Ação Declaratória de Constitucionalidade que decidirá o mérito da execução da pena depois da condenação em segunda instância, há a chance de ele ser beneficiado por um habeas corpus, que terá prazo de validade: até o julgamento do STJ. Não vejo esse tribunal com autonomia suficiente - em relação ao espírito do tempo - para rever a condenação. Teria de reconhecer que houve violações nas chamadas "questões de direito", o que implicaria a desmoralização disso que ainda é uma religião, embora decadente: o Lava-Jatismo dos Santos dos Últimos Dias de Banânia.

Se Lula quer dar uma contribuição ao país, e não apenas salvar a própria pele, tem de reconhecer que a tal "conspiração" não tem o PT como alvo, mas a política. Ele chega a ter um rasgo de lucidez quando reconhece que Michel Temer foi vítima de uma tentativa de golpe, liderada por Rodrigo Janot. Lembre-se, não obstante, que seu partido votou, então, na Câmara, unanimemente em favor do golpe. Outro esboço de consciência crítica está no reconhecimento de que errou ao aceitar a pressão de natureza sindical em favor da eleição direta para procurador-geral da República. Mas como explicar, em 2003, a um partido formado no sindical-corporativismo que não se entrega tamanho poder a uma corporação imune a qualquer forma de controle democrático?

O único favor que Lula poderia prestar a si mesmo e ao Brasil seria mobilizar o seu partido, em associação com outros do campo adversário, em favor da reinstitucionalização do país. Ele viu a barbaridade de que foi vítima seu amigo Jaques Wagner. Não sei se o ex-governador (BA) e ex-ministro é culpado ou inocente. Mas não concedo ao Partido da Polícia, sob o registro cúmplice da imprensa, o poder de se comportar como juiz numa entrevista coletiva. "Ah, os políticos que tenham compostura!" Nenhum comportamento será bom o suficiente quando inexiste direito de defesa.

Acreditem: um país em que os Partidos da Polícia tomam o lugar dos Partidos da Política será sempre instável e estará condenado à mediocridade, quando não ao caos, porque permanentemente assediado por tentações populistas de direita e de esquerda. O PT flertou com esse baguncismo no passado e terá, quando menos, de fazer um mea-culpa interno par começar a fazer a coisa certa, ainda que eu discorde de cada linha de seus postulados. Fazer a coisa certa, entenda-se, é devolver a política ao domínio da política e a polícia ao domínio da polícia.
Herculano
02/03/2018 06:20
DEU EM NADA A FRAUDE DE LICITAÇÃO BILIONÁRIA NO BB, por Cláudio Humberto, na coluna que publicou hoje nos jornais brasileiros

Caiu no esquecimento a fraude à licitação de R$3 bilhões do Banco do Brasil, a primeira do governo Temer, para agências de publicidade que gastariam a bolada por 5 anos, sendo mais de R$500 milhões somente em 2018. A Folha antecipou quem venceria 15 dias antes. Agências do governo do PT, em vez de substituídas, ganharam um presentaço: a prorrogação dos contratos até o fim do atual governo, que o PT chama de "golpista", com direito a ignorar diretrizes do Palácio do Planalto.

CONTRATADAS DO PT
Escolhidas em 2011 no governo Dilma, há 7 anos as agências Master, Lew'Lara e Giacometti comandam a verba bilionária do BB.

FRAUDE ENGAVETADA
O BB cancelou a licitação fraudulenta em maio de 2017, prometendo "apurar" a safadeza. Dez meses depois, ninguém fala mais no assunto.

FRAUDE, NÃO, 'CONFLITO'
No BB, a fraude virou "conflito de interesse" de membro da comissão de licitação. Lorota. É caso para ser investigado pela Polícia Federal.

CALA-TE, BOCA
O Banco do Brasil se limitou a dizer que "levou o caso ao conhecimento das autoridades policiais" e ninguém foi responsabilizado pela fraude.

CORREIOS AFASTAM CLIENTES TRATANDO-OS COM DESCASO
Os Correios anda mal das pernas, seus prejuízos são bilionários, mas continuam afastando a clientela tratada com descaso. Até parece uma conspiração para destruir a empresa. Objeto destinado a um cliente de Brasília foi liberada pela Receita Federal, sem imposto, no dia 14 de fevereiro. Mas os Correios informaram por SMS ao cliente (ou vítima) que a encomenda dele somente será entregue dentro de 40 dias úteis.

ALô DHL, UPS ETC
Os Correios agora tentam atirar os clientes do Sedex nos braços da concorrência, com o aumento criminoso de até 51% no valor do frete.

TELEGRAMA MORREU
Até mesmo telegramas, que já foram forma de comunicação quase automática, têm sido entregues na mesma cidade oito dias depois.

Só MALUCO
Para privatizar os Correios, como se defende, é preciso achar quem compre uma empresa com 6.500 funcionários dando prejuízo bilionário.

TAMOS AÍ
Dyogo de Oliveira (Planejamento) admitiu aceitar assumir o Ministério da Fazenda, se for convidado, mas calou. Até porque, disse, ninguém sabe se Meirelles vai mesmo se demitir em abril para ser candidato.

BYE, BYE, RECESSÃO
O ministro Dyogo de Oliveira celebrou o crescimento de 1% do PIB de 2017 e os indicadores de que o Brasil já cresce ao ritmo de 2% este ano. Melhor: deve emplacar crescimento mínimo de 3% em 2018.

TODOS OS GATOS SÃO PARDOS
Costuma-se dizer que a Comissão de Constituição e Justiça é a mais importante da Câmara, mas a que os deputados ambicionam é mesmo a de Orçamento. O PMDB acabou a brincadeira do blocão do PSDB para se juntar "até ao diabo" (PCdoB, PDT etc) pelo seu controle.

LÍDER ZAGUEIRO
Não foi surpresa a escolha do deputado Arthur Lira (AL) para liderar um bloco partidário de onze partidos e 244 deputados. Ele é o que em futebol chamam de "zagueiro zagueiro", na defesa dos parlamentares.

COFRE ABASTECIDO
As receitas do governo federal aumentam de acordo com a melhoria da economia. Com R$410 bilhões antes do fim de fevereiro, se mantiver o ritmo, deve atingir R$ 2,62 trilhões este ano. Alta de 2,5% ante 2017.

FALTA COMBINAR
Será enorme a renovação na Câmara, mas aumentam os deputados federais em campanha para a Mesa Diretora de 2019. Só que, antes, eles precisam combinar com os eleitores e renovar o mandato.

SALDO MILIONÁRIO
Os R$ 71 milhões confiscados do casal de marqueteiros João Santana e Mônica Moura, devolvidos pelo STF à União, foram encontrados em apenas uma das contas dos publicitários de íntimas ligações com o PT.

GOVERNO PERDIDO
O crescimento de 1% do PIB em 2017 marca a saída da pior recessão da história e, com o retorno ao nível de 2011, oficializa o governo Dilma como o mais maléfico para a economia desde a década perdida.

PENSANDO BEM...
...se temos SUS (Saúde), o Sistema Único de Segurança, que pode ser criado este mês para acalmar a situação, deveria se chamar Susega.
Herculano
02/03/2018 06:16
PIRUETAS DE LULA, editorial do jornal Folha de S. Paulo

Diante de um momento dificílimo em sua carreira, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) fez jus a sua reconhecida imagem de político habilíssimo em entrevista concedida a esta Folha.

Como qualquer envolvido em sérias evidências de corrupção, proclama-se inocente, diz confiar nas instituições e ser vítima da perseguição de seus adversários.

Há algo em Lula que se afasta, entretanto, da rigidez persistente ou do tom melodramático com que outros investigados e condenados procuram negar os fatos.

Nota-se no ex-presidente um à vontade, um humor, um toque de intimidade na interlocução que, sem dúvida, poucos na situação seriam capazes de manifestar.

Ele pode beneficiar-se, ademais, do calor indiscutível que lhe transmite a persistente popularidade.

Deriva daí, sem dúvida, o paradoxo que configura todo seu diálogo com a jornalista Mônica Bergamo. Lula estaria morto politicamente, como se diz, mas ainda assim vivíssimo; parece fora da realidade, mas ao mesmo tempo sente a realidade a seu favor. Resvala pelas mais patentes contradições e cobre-as de irônica coerência.

É assim que, de um lado, investe nas delirantes versões de que a atuação do juiz Sergio Moro segue instruções de Washington, motivadas pelas riquezas do petróleo; ou de complôs da Polícia Federal, do Ministério Público e da imprensa.

De outro, refuta a ideia de que seria contrário à Operação Lava Jato; diz orgulhar-se de ter instituído, no governo, mecanismos eficientes de combate à corrupção - e tem boa dose de razão neste ponto.

Mas, se merecem elogio as instituições, é quando prendem outros que não os petistas. Ressalte-se, entretanto, que Lula abre uma exceção a seu ex-ministro Antonio Palocci Filho, "que demonstrou gostar de dinheiro".

Aqui, o juiz Moro certamente não terá então agido por influência do governo americano.

O custo de tamanha ginástica implica atribuir as revelações sobre a conduta do presidente Michel Temer (MDB) a uma tentativa de golpe, como a que em sua visão atingiu Dilma Rousseff.

Temer seria mais uma vítima das conspirações, do mesmo modo que os protestos de junho de 2013 consistiram, quem sabe, em outra estratégia da CIA.

Sobre os favores que recebeu de empreiteiras, Lula recusa-se a comentar seu aspecto ético; prefere, aqui, refugiar-se nas formalidades do campo jurídico.

Nesse vaivém vertiginoso ele prossegue, esperando que a realidade política predomine sobre a realidade dos fatos - e que a esperteza triunfe sobre a lei. É popular, mas ilude cada vez menos.
Herculano
01/03/2018 19:52
SOBRENATURAL

De J.R.Guzzo, de Veja, no seu twitter: "Todos os gigantes da ladroagem nacional hoje na cadeia foram parceiros íntimos de Lula - Antonio Palocci, Sérgio Cabral, Eduardo Cunha, Geddel Vieira de Lima, Joesley Batista, Renato Duque, etc. Só o chefe de todos eles, Lula, nunca fez nada. Fenômeno sobrenatural, sem dúvida".
Herculano
01/03/2018 19:50
DILMA COM OS BENS INDISPONÍVEIS

Conteúdo da revista Época. Texto de Marcelo Rocha. A ex-presidente Dilma Rousseff recorreu ao Tribunal de Contas da União (TCU) na tentativa de reverter a indisponibilidade de bens que foi imposta a ela, a outros ex-conselheiros de administração e a ex-diretores da Petrobras no processo que apontou prejuízos à Petrobras na compra da refinaria de Pasadena, no Estados Unidos. Não conseguiu, ficando mantido o bloqueio. O relator do caso é o ministro Vital do Rêgo, investigado na Lava Jato.

A Corte de Contas concluiu que os envolvidos devem ressarcir a estatal em R$ 1,9 bilhão. Entre os implicados, estão Dilma, o ex-ministro Antonio Palocci e o ex-presidente da estatal Sérgio Gabrielli
Herculano
01/03/2018 19:23
AS LEITURAS DE LULA: PIOR DO QUE NADA LER É LER OS LIVROS ERRADOS!, por Rodrigo Constantino, no site Gazeta do Povo, Curitiba PR

Lula concedeu nova entrevista à Folha, uma vez mais comprovando todo seu cinismo, sua sociopatia. É uma jararaca que mente tanto, mas tanto, que passou a "acreditar" nas próprias mentiras, acha que é a alma mais honesta deste país, que teve um tratamento republicano com a mídia, que é vítima de perseguição política porque foi um presidente popular. É o cúmulo da cara de pau!

Em determinado momento, banca a vítima numa proporção que chega a ser realmente patética, quando fala de seus filhos "desempregados". O "Ronaldinho" dos negócios, aquele que limpava caca de elefante no zoológico e vendeu empresa de tecnologia por milhões pouco depois? A família toda se lambuzou nos recursos públicos, eis o fato, mas o milionário condenado pela Justiça ainda tenta posar de pobre vítima do "sistema", sem ter aonde cair morto. Psicopatia ou não?

Mas o tema aqui nem será a entrevista em si, e sim a estante do ex-presidente. Lula, não custa lembrar, é aquele que confessou certa vez que a leitura lhe dava "azia". Preguiçoso é assim mesmo: quer sempre atalhos, malandragem, pois estudar dá trabalho, e isso afugenta a turma vagabunda. Mas há uma coisa pior do que não ler nada: ler os livros errados!

A "biblioteca" de Lula comprova isso. É um show de horrores! Não tem nada que preste. João Luiz Mauad, colaborador do Instituto Liberal, resumiu:

Eis a estante de Lula: Além de 4 livros sobre o Golpe de 2016, há dois sobre direito penal, o que faz pensar que ele mente quando diz que não está preocupado com os processos contra si. A relação de autores também é muito sugestiva, principalmente se você acredita que a personalidade de um homem sofre grande influência dos livros que ele lê: Frei Betto, Emir Sader, Paulo Henrique Amorim, Mino Carta, Walter Pomar, Wladimir Pomar, Manoel del Rio, Leonardo Sakamoto e José Saramago.

Alguém que só lê porcaria pode se tornar uma pessoa melhor, minimamente decente? Se Lula nada lesse e apenas seguisse a instrução de sua mãe analfabeta, talvez pudesse estar numa situação diferente hoje. Afinal, ele relata na entrevista: "A minha educação é a de uma mulher [a mãe, dona Lindu] que viveu e morreu analfabeta. E ela dizia 'não baixe a cabeça nunca a ninguém. Nunca roube uma laranja mas não baixe a cabeça'".

Lula não roubou uma laranja: ele roubou o Brasil, ele liderou uma quadrilha que desviou centenas de bilhões, ele ajudou a dilapidar a Petrobras, ele era o "amigo" da Odebrecht, o camarada da OAS, que ganhava de "presente" coberturas triplex em frente à praia e sítios. Se seguisse a lição da mãe, poderia estar com a vidinha tranquila em família que diz ter sonhado. Como seguiu seus instintos imorais e encontrou justificativa para seus crimes nas obras dos "intelectuais" de esquerda, que chamam roubo de "justiça social", vai acabar preso?

PS: Leandro Ruschel também comentou sobre a entrevista arrogante de Lula: "O Lula já se apresenta com o terno típico de ditador latino-americano, fala cada vez mais como um ditador chavista e a justiça já demonstrou que ele é um corrupto do pior tipo, como todo socialista radical. Pelo bem da sociedade, um psicopata desses tem que apodrecer na cadeia".
Herculano
01/03/2018 19:12
ENTREVISTA DE LULA INCOMODOU UM PEDAÇO DO PT, por Josias de Souza

A entrevista de Lula à Folha [abaixo] não caiu bem no PT. Um pedaço do partido ficou aborrecido com o timbre egocêntrico do grande líder. A coluna conversou com três membros do diretório nacional do partido. Dois deles enxergaram num trecho das declarações uma ponta de desprezo com o partido. Avaliam que, ao interditar o debate sobre alternativas à sua candidatura, Lula prioriza suas conveniências penais em detrimento dos interesses partidários.

No trecho da entrevista que provocou mais ruídos internos, Lula foi instado a responder se abriria "brecha" para a discussão de uma candidatura presidencial alternativa. Soou categórico: "Não abro, não abro. Se eu fizer isso, minha filha, eu tô dando o fato [da condenação que levou à inelegibilidade] como consumado. Eu vou brigar até ganhar. E só vou aventar a possibilidade de outra candidatura quando for confirmado definitivamente que não sou candidato."

Já estava entendido que o PT, com seu perfil político-religioso, conduziria a candidatura de Lula como uma procissão. Nela, o santo segue em procissão até a impugnação de sua candidatura no Tribunal Superior Eleitoral, prevista para agosto. Aos devotos cabe carregar o andor e acompanhar Lula com suas preces. O problema é que a superexposição dos pés de barro da santidade petista reduz a taxa de devoção.

O terceiro petista ouvido concordou apenas parcialmente com os outros dois. Diz não ter dúvidas quanto ao fato de que Lula prioriza seus interesses. Mas acha natural que o partido ampare seu principal dirigente no "pior momento" de sua vida política.

Acredita que o partido não sairá mais prejudicado do que já está, pois Lula, se for barrado, consehuirá empurrar com o seu prestígio um correligionário para o segundo turno da eleição presidencial. De resto, acha que o PT, mobilizada em torno de Lula, a militância garantirá a eleição de uma boa bancada no Congresso.

Lula está longe de ser um líder minoritário no seu partido. Seu estilo coronelesco sufocou o surgimento de lideranças capazes de lhe fazer sombra. Mas o bloco dos insatisfeitos não para de crescer. Dissemina-se o receio de que, ao privilegiar o próprio umbigo, o fundador do PT contribua para afundar o partido um pouco mais nas urnas de 2018.
Herculano
01/03/2018 19:09
da série: PT, especialmente, mas os políticos de em geral, mentem, mudam a história para se tornarem os únicos capazes.... Aqui em Gaspar é o caso da Ponte do Vale, fechamento e reabertura do Hospital, o Instituto Federal...

LULA LAVOU DINHEIRO, MAS NÃO VAI LAVAR A VERDADE, por Mário Sabino, ex-editor da Veja, e hoje em O Antagonista.

Lula disse à Folha que nunca houve outro presidente que tenha tratado a imprensa com tanta "republicanidade" e deferência quanto ele.

Mentira acintosa.

Lula tentou criar um "Conselho Federal de Jornalismo", para os petistas controlarem a imprensa, ponto fundamental para o seu projeto de poder.

Lula quis expulsar o jornalista americano Larry Rohter, correspondente do New York Times no Brasil, porque ele fez uma reportagem sobre as bebedeiras do presidente petista.

Lula criou uma rede de blogs sujos, pagos com dinheiro público, para atacar veículos e jornalistas independentes.

Lula cortou publicidade estatal na Veja e na editora Abril, porque a revista revelou os podres do mensalão petista e as negociatas envolvendo o seu filho.

Eu, Mario, fui indiciado pelos meganhas de Lula no episódio do dossiê dos "aloprados", porque defendi jornalistas da Veja que estavam sendo intimidados na sede da PF em São Paulo, depois de terem chegado muito perto das digitais do chefão numa reportagem publicada pela revista. Passei anos como o único indiciado nesse episódio vergonhoso. Hoje se sabe que o dossiê fajuto foi pago pela Odebrecht.

No início deste site, Lula, o chefe da Orcrim, e o seu advogado engomadinho tentaram me levar para uma delegacia, sob a acusação de que O Antagonista era uma "associação criminosa".

O corrupto Lula é também um lavador de dinheiro, mas não vai lavar a verdade.

Que vá tomar muito Whey na cadeia.
Herculano
01/03/2018 19:05
da série: como funciona a narrativa, a mentira, a conspiração, a criação de fantasmas contra o PT e seu líder em tudo, o mais honesto dos homens, segundo ele mesmo.

Entrevista conduzida por Mônica Bérgamo, colunista social, para o jornal Folha de S. Paulo

"NÃO VOU ME MATAR NEM FUGIR DO BRASIL. VOU BRIGAR ATÉ GANHAR", DIZ LULA

Ex-presidente diz à Folha que está preparado para ser preso, mas acredita que será inocentado

O ex-presidente Lula recebeu a Folha em sua sala no Instituto Lula, na terça-feira (27), para uma rara entrevista exclusiva.

Com a Justiça prestes a decidir se ele vai ou não preso por causa da condenação no processo do tríplex, o ex-presidente afirma que é "um homem muito tranquilo, que sabe o que está sendo traçado para ele".

Ainda assim, Lula rechaça abrir qualquer discussão sobre uma candidatura alternativa à dele no PT. "Se eu fizer isso, minha filha, eu tô dando o fato como consumado."

Antes de começar a entrevista, o petista passou os olhos por um sumário que a assessoria havia feito para ele sobre a entrevistadora.

"Busca esta entrevista faz anos, cercando amigos e conhecidos do presidente para isso. Ela tentará: interromper, questionar o discurso, apontar contradições, tentar que assuma erros e investir muito em plano B", dizia o resumo.

Com o gravador já ligado, Lula disse: "A senhora pode perguntar tudo o que vossa excelência quer perguntar. Tá? Não tem pergunta sem resposta. A não ser que eu não saiba. Se eu não souber eu vou dizer 'não sei' e você vai perguntar para um candidato que sabe".

A seguir, um resumo da conversa.

Folha - O ex-ministro Ciro Gomes (PDT-CE) fala em voz alta o que muita gente murmura e pensa: ninguém no Brasil acredita que o senhor poderá ser candidato a presidente. Quando chegará a hora de discutir o lançamento ou o apoio a um outro nome?

Lula - Se eu não acreditasse na possibilidade de a Justiça rever o crime cometido contra mim pelo [juiz Sergio] Moro, [que o condenou à prisão] e pelo TRF-4 [Tribunal Regional Federal da 4ª Região, que confirmou a sentença], eu não precisaria fazer política.

Quem sabe eu virasse um moleque de 16 anos e fosse dizer que só tem solução na luta armada. Não. Eu acredito na democracia, eu acredito na Justiça. E acredito que essas pessoas [Moro e desembargadores] mereciam ser exoneradas a bem do serviço público.

Porque houve mentira na denúncia [feita pela] imprensa [que revelou a existência do tríplex], no inquérito da Polícia Federal, na acusação do Ministério Público Federal, na sentença do Moro e na confirmação do TRF-4.

Então o que eu espero? Que o Supremo Tribunal Federal [que deve julgar habeas corpus em que Lula pede para não ser preso] analise o processo, veja os depoimentos, as provas e tome uma decisão. Por isso tenho a crença de que vou ser candidato.

Folha -O STF não entrará no mérito da sentença. E não haveria nem tempo, caso isso ocorresse, para garantir a candidatura.

Lula - Eu vou dizer uma coisa: eu só posso confiar no julgamento se ele entrar no mérito.

A Justiça não é uma coisa que você dá 24 horas, 24 dias ou 24 meses. Ela tem o tempo necessário para fazer a investigação correta e punir quem está errado. E quem deveria ser punido era o Moro, o MPF, a PF e os três juízes que fizeram a sentença lá.

A segunda questão: não acho que ninguém acredita na possibilidade de eu ser candidato. Era mais fácil o Ciro dizer "tem gente que não quer que Lula seja candidato". E ele quem sabe se inclui nisso.

Só tem unanimidade hoje no meio político: as pessoas não querem que o Lula seja candidato. O Temer não quer, o Alckmin não quer, o Ciro não quer. Eles pensam: "ele [Lula] vai para o segundo turno e pode até ganhar no primeiro. Se ele não for candidato, em vez de uma vaga no segundo turno, podemos disputar duas". Aumenta a chance de todo mundo.

Eu respeito que todo mundo seja candidato. Até o Temer resolveu ser! Qual é a aposta dele? É a de defender os seus três anos de mandato.

E é importante ter em conta que o Temer teve uma vitória quando derrubou o golpe que a TV Globo, o [ex-procurador-geral Rodrigo] Janot e o [empresário] Joesley [Batista] tentaram dar nele.

Aquele golpe tinha como pressuposto básico o Temer cair, o Rodrigo Maia [presidente da Câmara dos Deputados] assumir a presidência e o Janot ter um terceiro mandato [na PGR].

Folha - O senhor acha que a Globo tentou dar um golpe?

Lula - Acho. Eu acho.

Folha - E por que isso ocorreria?

Lula - Porque era importante manter o Janot. Era importante tirar o Temer. E era importante colocar o Rodrigo Maia. Isso para mim tá claro.

Folha - Mas por que Rodrigo Maia se o Temer tem uma plataforma...

[Interrompendo] O Temer se prestou a fazer o serviço do golpe. Mas não era uma figura palatável, e houve uma tentativa de golpe. Senão, me explica o que aconteceu.

Folha - Não pode ser jornalismo simplesmente?

Lula -Jornalismo de quem?

Folha - Da Rede Globo.

Lula - Você acha que na Globo [primeira reportagem sobre a delação da J&F foi publicada por O Globo] alguém faz jornalismo livre? O jornalista decide e faz uma denúncia como aquela que foi feita contra o Temer?
No mesmo dia já tinha jornalista apostando na renúncia do Temer. E já tava se discutindo quem ia assumir e o que ia acontecer.

Ora, o Temer resolveu enfrentar. Teve a coragem de desmascarar o Janot, o Joesley e ficou presidente. E ainda ganhou duas paradas no Congresso Nacional [para impedir que o processo contra ele no STF seguisse], não se sabe a que preço. A imprensa dizia que R$ 30 bilhões foram gastos, não sei quantos bilhões. Mas ganhou.

Folha - E o senhor o admira por isso?

Lula - Não. Eu continuo pensando o mesmo do Temer. Eu estou contando o fato. E o fato histórico não tem sentimentalismo. Tem uma fotografia.

Folha - O senhor hoje faz críticas à TV Globo mas, no governo, teve uma boa relação com a emissora.

Lula - Para não ser ingrato com os outros meios, eu vou olhar bem nos seus olhos e dizer: duvido que em algum momento da história desse país um presidente tenha tratado os meios de comunicação com a deferência e a "republicanidade" que eu tratei.

Eu tinha uma relação maravilhosa com o velho [Octavio] Frias [de Oliveira, publisher da Folha morto em 2007]. Eu tratei bem o Estadão. Eu tratei bem o Jornal do Brasil, a Globo, a Bandeirantes, o SBT, a Record. Você há de convir que tenho comportamento exemplar no meu tratamento com a imprensa brasileira.
Mas acho que eles não são honestos na cobertura.

A Folha, mesmo nos bons tempos, nos anos 70, 75, quando começou a ser um jornal mais progressista, quando o pessoal de esquerda começou a ler, mesmo assim a gente sentia [no jornal] uma espécie de ojeriza de falar bem de uma coisa boa.

É uma necessidade maluca de não parecer chapa branca. Ah, se fez uma matéria boa hoje, amanhã tem que fazer outra dando um cacete.

Folha - O senhor fala "eles não me aceitam". Quem são eles?

Lula - Ah, não sei. São eles. Eu não vou ficar nominando.

Folha - Nesse sistema em que "eles" mandariam, o senhor foi eleito, reeleito, fez uma sucessora e a reelegeu. Tinha uma convivência boa com construtoras e bancos. Como dizer que a elite é contra o senhor?

Lula - Eu não tive uma relação boa só com esse setor que você falou. Eu tive uma relação boa com todos os segmentos sociais desse país.

Eu tenho orgulho de dizer que o meu governo foi o período em que os empresários mais ganharam dinheiro, os trabalhadores mais ganharam aumento de salário, em que geramos mais empregos, em que houve menos ocupação no campo, na cidade, e menos greve. Eu trago comigo essa honraria de saber conviver com a sociedade brasileira.

E de repente eu vejo o tal do mercado assustado com o Lula. E eu fico pensando, quem é esse mercado?
Não pode ser os donos do Itaú. Não pode ser os donos do Bradesco, do Santander.

Uma coisa são os donos do banco. Outra coisa é um bando de yuppies, jovens bem aquinhoados que vivem ganhando dinheiro através de bônus, de não sei das quantas, para vender papel sem vender um produto.

Essa gente esteve no FMI durante a crise na América do Sul. Falaram o tempo todo mal dos países pobres. Quando a crise foi nos EUA parece que fizeram cirurgia de amígdalas e não falavam nunca. Eles sabem que, se eu voltar, o FMI não dará palpite na nossa economia.

Então, querida, quando eu digo eles...

Folha ...fica parecendo as famosas "forças ocultas" do ex-presidente Jânio Quadros [quando se referia a quem o tinha levado a renunciar, em 1961].

Lula - Quando eu falo "eles" e "nós", é porque você tem lado na política brasileira. Quando ganhei as eleições, fiz questão de conquistar muita gente. Criei o Conselho Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social [com representantes de empresários, trabalhadores e setores sociais]. Tinha gente que achava que eu queria criar uma fissura na relação entre Senado e Câmara com a sociedade. Eu falei "não, eu quero é estabelecer uma política de convivência verdadeira com a sociedade".

Folha - Empreiteiras fizeram uma reforma no sítio de Atibaia porque o senhor o frequentava. Independentemente de a Justiça concluir se houve ou não crime, não foi no mínimo indevido, uma relação promíscua entre um político e uma empreiteira?

Lula - Não. Esse é um outro tipo de processo. Não é o processo do qual estou sendo vítima.

Folha - É uma pergunta que estou fazendo ao senhor.

Lula - Essa pergunta eu espero que seja feita em juízo, pelo Moro. Porque primeiro disseram que o sítio era meu. Aí descobriram que ele tem dono. Então mudaram [para dizer que] me fizeram favor. Se fizeram, não me pediram. Eu fiquei sabendo desse sítio no dia 15 de janeiro de 2011.

Folha - Por que empreiteiras tinham que bancar a manutenção do acervo formado na presidência, por que tinham que reformar o sítio? Essa relação não passou do ponto?

Lula - Quando eu for prestar depoimento, eu espero que essas sejam as perguntas que eles me façam.

Folha -Mas eu estou fazendo agora.

Folha - Não, você não é juíza. Eu vou esperar o juiz. Porque se eu responder para você, o Moro vai fazer outras. Aí, quer discutir a questão da ética, vamos discutir. É um outro processo.

Eu quero saber onde eles vão chegar. Eu quero saber o limite da mentira.

Folha - Segundo uma pesquisa do Datafolha, 83% acham que o senhor sabia que tinha corrupção no governo. Era possível não saber?

Lula - É possível não saber até hoje. Você tem filho? Sabe o que ele está esta fazendo agora? Quando você esta na cozinha e ele no quarto, você sabe?

Outro dia vi o caso de venda de sentenças em gabinetes de juízes. E eles foram inocentados porque não eram obrigados a saber o que estavam fazendo do lado de sua sala. Deixa eu te falar uma coisa: ninguém é colocado no governo pra roubar. Ninguém traz na testa "eu sou ladrão". Há um critério rigoroso de escolha [de diretores de estatais].

Muita gente pensa que eu sou contra a Operação Lava Jato. Eu tenho orgulho de pertencer a um partido e a um governo que criou os mecanismos mais eficientes de combate à lavagem de dinheiro e à corrupção nesse país.

Não foi ninguém de direita, não. Fomos nós.

Folha - O senhor manteria hoje o sistema de indicação dos procuradores-gerais, sempre os mais votado pela categoria?

Lula - Esse critério é herança minha do movimento sindical. Eu achava que era o mais acertado. Hoje eu analisaria o histórico da pessoa.

Veja, o que ocorreu com a Lava Jato? Ela virou refém da imprensa e vice-versa.

E hoje eu estou convencido de que os americanos estão por trás de tudo o que está acontecendo na Petrobras. Porque interessa para eles o fim da lei que regula o petróleo, o fim da lei que regula a partilha. O Brasil descobriu a maior reserva de petróleo do mundo do século 21. E não se sabe se tem outra.
Não sei se você já tem uma compreensão sociológica de junho de 2013 [mês de grandes manifestações no país].

O Brasil virou protagonista demais. E ali eu acho que começava o processo de tentar dar um jeito no Brasil.

Como diria meu amigo [e ex-chanceler] Celso Amorim, eu não acredito muito em conspiração. Mas também não desacredito.

Folha - O senhor faz uma conexão entre tudo isso e o que acontece com o senhor agora?

Lula - Faço. E se estiver errado, vou viver para pedir desculpas.

Folha - Mas o senhor acha, por exemplo, que os procuradores da Lava Jato vão aos EUA e se reúnem com um mentor?

Lula - Eu acho. Agora mesmo o Moro está lá [no exterior] para receber um prêmio dessa Câmara de Comércio Brasil-EUA. Ele foi lá para ficar 14 dias. Eu já recebi prêmios. Você vai num dia e volta no mesmo dia.
?", querida, não me peça provas de uma coisa que eu não tenho. Eu estou apenas insinuando que pode ser, tal é a proximidade do Ministério Público com a Secretaria de Justiça dos EUA.

Folha - O senhor já deu muitas voltas por cima na vida. Enxerga agora um caminho de saída, depois de duas condenações?

Lula - É muito simplista essa pergunta. Você deveria estar perguntando é se eles vão conseguir juntar uma prova de cinco centavos contra mim. Esse é o dilema.

Folha - Mas, presidente, eles já condenaram o senhor.

Lula - Eu não tenho que encontrar saída. O que vocês da imprensa têm que pedir são provas. Vocês não podem retratar "ipsis litteris" [como está escrito] a mentira da Polícia Federal.

Essa gente está me acusando há cinco anos. Essa gente não sabe o mal que causou à minha família. Eu tenho todos os meus filhos desempregados. Todos. E ninguém consegue arrumar emprego.

Essa gente já foi na minha casa. Ficaram três horas, levantaram o colchão da minha cama, revistaram tudo e não encontraram nada.

Poderiam ter chamado a imprensa e falado "queríamos pedir desculpas". Eles saíram com o rabinho no meio das pernas e não falaram nada.

Quando o Moro leva um Pedro Corrêa [ex-deputado do PP] para prestar depoimento contra mim, se ele entendesse um milímetro de política, ele não deixaria o Pedro Corrêa entrar naquele salão.

Folha - E o Palocci?

Lula - É uma pena. A história dele se esvaiu com isso. O Palocci demonstrou gostar de dinheiro. Quem faz delação quer ficar com uma parte daquilo de que se apoderou. Não vejo outra explicação.

Folha - Ou quer a liberdade.

Lula - Se fosse só por liberdade o [ex-tesoureiro do PT João] Vaccari não tinha feito a carta que fez nesta semana [inocentando Lula no caso do tríplex]. Porque é o cara que está preso há mais tempo. E está demonstrando que caráter e dignidade não são compráveis.

Deixa eu te falar: você está lidando com um homem muito tranquilo, que sabe o que está sendo traçado para ele. Desde o impeachment eu dizia: eles não vão tirar a Dilma e dois anos depois deixar o Lula voltar gloriosamente nos braços do povo. Era preciso impedir o Lula.

Folha - E isso está perto de ocorrer.

Lula - Vamos aguardar, querida. Se eu acreditar que o jogo está definido, o que eu estou fazendo nesse país? Eu quero saber o seguinte: eu, proibido de ser candidato, na rua fazendo campanha, como eles vão ficar? Eles estão me transformando numa vítima desnecessária.

Folha - O senhor diz que sabe o que está sendo traçado. Mesmo assim, não abre brecha para a discussão de uma outra candidatura?

Lula - Não abro. Não abro. Se eu fizer isso, minha filha, eu tô dando o fato como consumado. Eu vou brigar até ganhar. E só vou aventar a possibilidade de outra candidatura quando for confirmado definitivamente que não sou candidato.

Folha - Algumas correntes do PT já pensam em uma outra candidatura e alguns defendem o boicote das eleições.

Lula - Quando chegar o momento certo, o PT pode discutir todas as alternativas. Eu sou contra boicotar as eleições.

Folha - O ex-prefeito Fernando Haddad já falou que, mesmo sendo o maior partido, o PT não terá mais a hegemonia da esquerda.

Lula - Eu sou contra a tese da hegemonização. Em algum momento pode ter candidato de outro partido e o PT apoiar. Se o Eduardo Campos tivesse aceitado a proposta que eu fiz para ele e para a Renata em Bogotá, em julho de 2011, de ele ser o vice da Dilma [em 2014] e ser nosso candidato em 2018, a gente agora estaria gostosamente discutindo a campanha dele à Presidência da República. E não a minha.

Folha - O PT poderia apoiar Ciro Gomes? Ele tem feito críticas ao senhor e ao partido.

Lula - Eu não ando vendo o que o Ciro tá falando porque ele anda falando demais.

O Ciro ou vai para a direita ou não pode brigar com o PT.

Eu fico fascinado de ver como uma pessoa inteligente como o Ciro fala tão mal do PT. Não consigo entender.

Vamos ser francos: pela direita, ninguém será presidente sem o apoio dos tucanos. Pela esquerda, ninguém será presidente sem o PT.

Folha - Quem o senhor acha que tem chance de chegar ao segundo turno na eleição presidencial?

Lula - Eu, se entendo um pouco de política, vou dizer uma coisa: a disputa deverá ser outra vez entre tucanos e PT.

Folha - O senhor pode ser preso em breve, caso não obtenha um habeas corpus nos tribunais superiores. Não tem medo?

Lula - Sabe por que não tenho medo? Porque eu tenho a consciência tão tranquila. Sabe do que eu tenho medo de verdade? É se esses caras pudessem mostrar à minha bisneta que fez um ano no domingo que o bisavô dela roubou um real. Isso realmente me mataria.

Folha - O senhor está preparado?

Lula - Eu estou preparado. Estou tranquilo. E tenho certeza de que vou ser absolvido e de que não vou ser preso.

Folha - Há quem defenda que o senhor faça uma greve de fome caso vá para a prisão.

Lula - Eu já fiz greve de fome. Eu sou contra, do ponto de vista religioso. Eu não acho correto você judiar do próprio corpo. Quando eu fiz greve de fome [em 1980], dom Claudio Hummes foi à cadeia pedir para pararmos a greve.

Folha - O senhor já afirmou que se 10% dos que foram às ruas quando o presidente Getúlio Vargas morreu tivessem ido antes ele não teria se suicidado. O senhor teme que isso ocorra com o senhor? Eu não digo morte, mas...

Lula - Até porque não vou me matar. Eu gosto da vida pra cacete. E quero viver muito. Tô achando que eu sou o cara que nasceu para viver 120 anos. Dizem que ele já nasceu, quem sabe seja eu?

Tô me preparando. Levanto todos os dias às 5h da manhã, faço duas horas e meia de ginastica, tomo whey [complexo de proteínas] todo dia para ficar bem forte. E vou levando a vida assim. Eu não tenho essa perspectiva nem de me matar nem de fugir do Brasil. E vou ficar aqui. Aqui eu nasci, aqui é o meu lugar. Eu não tenho medo de nada. Só de trair o povo desse país. É por isso que eu estou aqui, fazendo a minha guerra.

Folha - E o povo na rua?

Lula - Você não leva o povo na rua para qualquer coisa. Mas também não duvidem do povo na rua porque ele pode vir.

Folha - Mas o senhor não esperava que ele já viesse, no seu caso?

Lula - Ele nunca foi chamado! Eu sou um homem tão civilizado, acredito tanto nas instituições que estou apostando nelas. Eu ando no Brasil, mas eu não ando chamando o povo numa pregação contra ninguém. Eu ando chamando o povo para ele acreditar que é possível esse país ser diferente.

Eu não imaginei viver esse período. Eu me lembro do [ex-presidente da França Nicolas] Sarkozy querendo discutir a minha ida para a secretaria-geral da ONU. Eu lembro dele conversando com o [ex-primeiro-ministro espanhol] José Luís Zapatero, em 2008, e eu falava "para com isso, você não pode politizar a ONU, colocar um ex-presidente lá".

Folha - O senhor imaginava outra coisa para a sua vida nessa fase.

Lula - Eu imaginei tranquilidade, querida. Eu imaginei viver meu fim de vida com a dona Marisa, cuidar dos filhos que eu não tive tempo de cuidar e viver. Não me deixaram ou não estão me deixando. Eu poderia abaixar a cabeça e ficar pedindo favor, ajuda. Não vou, querida. Não vou porque estou certo.

A minha educação é a de uma mulher [a mãe, dona Lindu] que viveu e morreu analfabeta. E ela dizia "não baixe a cabeça nunca a ninguém. Nunca roube uma laranja mas não baixe a cabeça". E é isso o que vai me fazer seguir em frente.

Deixe seu comentário


Seu e-mail não será divulgado.

Seu telefone não será divulgado.