Ilhota em chamas. Servidor pode ser vereador ao mesmo tempo? Interesses financeiros, políticos, corporativos e de oportunidades contribuem para essa anomalia. - Jornal Cruzeiro do Vale

Ilhota em chamas. Servidor pode ser vereador ao mesmo tempo? Interesses financeiros, políticos, corporativos e de oportunidades contribuem para essa anomalia.

21/11/2018

 

O advogado Aurélio Marcos (esquerda) quer um projeto de iniciativa popular em Ilhota para barrar o apoio incondicional na Câmara de três vereadores servidores ao prefeito Érico de Oliveira, MDB (direita)

Advogado quer liderar uma ação popular em Ilhota para impedir essa dupla função. Está mexendo em um vespeiro daqueles. Em Gaspar, este assunto rendeu. Ao final, foi permitido o cúmulo

A questão é simples. Quando um servidor público decide ser candidato a vereador, ele sabe desde logo, que terá, no mínimo, a incompatibilidade de tempo para o exercício pleno das duas atividades: uma política (vereador) ampla e que não tem horários, bem como a outra administrativa e sujeita a horários e produtividade (servidor).

Eleito – e na maioria dos casos usando resultados ou o relacionamento diretos e indiretos da função pública ou do seu trabalho de servir ao munícipe para o qual é remunerado - começa a lenga-lenga. O vereador quer ter as duas funções ao mesmo tempo para ter poder, para acumular salários e ganhar mais. Se está na oposição é perseguido. Se é da situação, favorece o poder de plantão e para casos que fogem à normalidade; e se não fizer o jogo do poder, por incrível que pareça, estará sujeito às retaliações desse mesmo poder no ambiente de trabalho.

Resumindo: se correr o bicho pega, se ficar, o bicho come. E nem se trata de constrangimento abstrato, formação de grupos de interesses e a descaraterização ou até anulação do poder fiscalizatório constitucional inerente do Legislativo sobre o Executivo. Trata-se de uma mistura perigosa para a sociedade que sustenta com seus pesados impostos toda essa mistura indecente.

Em Ilhota, a majoritária bancada de apoio na Câmara ao prefeito Érico de Oliveira, MDB, que está batendo recordes de inquéritos no Ministério Público que apura as irregularidades nas áreas probidade administrativa e meio ambiente da Comarca, possui três vereadores servidores efetivos. Em alguns casos, essas dúvidas que estão sendo apuradas passaram pelo referendo de regularidade desses vereadores.

Há dias, a suposta incompatibilidade ética – porque na lei esse acumulo é permitido - causou um debate intenso nas redes sociais, com troca de farpas e acusações mútuas entre as partes.

É que estimulado pelo advogado Aurélio Marcos de Souza – que já foi assessor da Câmara de Ilhota e procurador geral de Gaspar, ou seja, conhecedor profundo desse ambiente poluído de gestão administrativa – disse que iniciaria uma campanha para a coleta de no mínimo 550 assinaturas (5% do eleitorado, segundo a Lei Orgânica Municipal) para dar entrada na Câmara de Ilhota e com as assinaturas, obrigar os vereadores a votarem um Projeto de Iniciativa Popular para impedir, pela lei, o vereador eleito de continuar no serviço público enquanto estiver no exercício do mandato.

A primeira dificuldade será coletar este número de assinaturas. Os políticos vão trabalhar contra, incluindo a coação, o constrangimento e o poder de reação. É do jogo jogado. Segundo e mais explícito, este tipo de assunto, em causa própria, os vereadores corporativamente não aprovarão quando aparecer na Câmara, se aparecer. Também é do jogo jogado.

“Isso [ a rejeição] mostrará para a população que quer mudanças, transparência e ações coletivas, quem eles são e como trabalham os vereadores representantes do povo contra os eleitores”, fulminou Aurélio Marcos. “Estarei satisfeito se puder contribuir para o debate e mostrar como eles [vereadores, prefeito e outros agentes políticos] agem em causa própria e contra a cidade”, arrematou.

Para o advogado, não importa se o horário das sessões da Câmara – e em Ilhota são duas por semana, ou seja, mais que em Gaspar onde ela se reúne uma só vez – não coincida com o horário de trabalho dos servidores. “Eles estão em plena atividade política atendendo a população e em alguns casos, usando das suas funções de servidores, tem trabalho nas comissões, há sucessivas reuniões... Eu trabalhei lá e sou testemunha disso”.

Nas redes sociais, pelo menos um partido, o PR e que não possui assento na casa, encampou a ideia. Ou seja, está em campanha. Entretanto, até agora, na prática, não foi adiante.

De uma Câmara, de nove, três vereadores, ou um terço e algo representativo, são funcionários efetivos do município: Juarez Antônio da Cunha, DEM, Francisco Domingos, MDB, ambos motoristas e Almir Aníbal de Souza, contador. “Como pode funcionários votarem seus próprios aumentos diferenciados como aconteceu recentemente no caso dos motoristas”?, pergunta Aurélio Marcos para emendar uma lista longa de argumentos a favor da sua ideia.

Na prática, nada aconteceu até agora. Só o debate. E os vereadores funcionários apostam que a ideia morra, o debate desapareça e de verdade, nada aconteça. Pelo menos neste exercício legislativo.

O MAU EXEMPLO DE GASPAR

Em Gaspar, o caso mais notório nesta legislatura foi o do vereador e funcionário público concursado no Samae, Cicero Giovane Amaro, PSD. Como o vereador estava no papel que lhe cabe de oposição ao governo de Kleber Edson Wan Dall, MDB. É que esta oposição – mesmo não sendo direta e depois foi por desdobramentos óbvios – por ser governo também abrangia o presidente da autarquia, o mais longevo dos vereadores, José Hilário Melato, PP, onde o vereador trabalha.

O governo de Gaspar e o presidente da autarquia mandaram cercar Cicero o tempo todo e de todos os meios. Apontavam a incompatibilidade de horários. A sessões eram às terças, às 15h30min, pleno horário de trabalho do servidor que tentou montar banco de horas de compensação e não teve sucesso para tal.

Um bate-boca sem fim em todas as sessões, bastidores e nas redes sociais. Kleber e Melato estavam certos. Entretanto, o método completamente nada republicano e próprio de cidade de coronéis. Era um notório constrangimento ao vereador. E para o qual, o próprio vereador contribuiu.

Cícero foi salvo pela incompetência estratégica e política do próprio governo Kleber. É que o prefeito por sua culpa de articulação perdeu a maioria na Câmara e aí a oposição conseguiu passar as sessões para a noite das terças como é hoje, fato que era impedido pela situação quando estava em maioria. Outro absurdo interesse corporativo para afastar a população e principalmente os servidores das pressões no plenário. E logo na Câmara, a dita Casa do Povo.

Cicero – com isso - teve a sorte de ter a desincompatibilidade de horários – os da sessão da Câmara e o do seu trabalho no Samae via um projeto de lei que mudou o horário da Câmara para não coincidir com a sua obrigação funcional de servidor público no Samae. Cícero é um vereador combativo. E essa desincompatibilidade de horários não é suficiente para livrá-lo de uma jornada dupla incompatível no tempo e nos interesses. Cícero não é vereador apenas no horário da sessão. Nenhum vereador é. Ele como outros, até possui um celular caro pago pela Câmara...

Outro que ficou na mira e está fazendo malabarismo – e teve que inclusive deixar a condição de médico especialista – cardiologista - do município, foi o presidente da Casa, Silvio Cleffi, PSC, exatamente o que deu maioria a oposição depois de se desalinha com Kleber. Ele é médico funcionário do município na unidade do Bela Vista.

Ainda há a ex-vice-prefeita, a vereadora Mariluci Deschamps Rosa, PT. Ela é berçarista, mas está licenciada, o que a livra desse pecado.

Da esquerda para a direita: o vereador funcionário Cícero Giovane Amaro PSD, autor do projeto julgado inconstitucional, a presidente do Sintraspug, Lucimara Rozanski da Silva; o presidente da Câmara e funcionário público, Silvio Cleffi, PSC, que ajudou a derrubar o veto do prefeito Kleber Edson Wan Dall, MDB, e promulgou uma lei que tinha pareceres técnicos claros de ilegalidade e inconstitucionalidade

Estava na cara. A Lei que os vereadores de Gaspar aprovaram para dar o vale alimentação em dinheiro em não em cartão não passou no primeiro teste no Tribunal de Justiça

Estava na cara. Não precisava ser jurista. Os próprios técnicos da Câmara – e pagos com dinheiro público para bem auxiliarem os vereadores - já tinham escrito pareceres sem retoques: o Projeto de Lei 22/2018, do vereador Cícero Giovane Amaro, PSD, que obrigava a prefeitura a pagar em dinheiro, como se extensão dos vencimentos fosse, e não em cartão como era o espírito da lei 1491 de 1994 que criou o vale alimentação e tanto tempo relegada à irresponsabilidade pelos sucessivos prefeitos de Gaspar, era ilegal e inconstitucional.

O Tribunal de Justiça – em medida cautelar pedida pela prefeitura de Gaspar – acaba de dizer isso, e suspender os efeitos da lei 9.115 deste ano. Ela foi promulgada pelo presidente da Câmara, Silvio Cleffi, PSC, depois que o prefeito Kleber Edson Wan Dall, MDB, vetou integralmente o projeto aprovado pela maioria dos vereadores. De volta à Câmara, os edis derrubaram o veto dele. O único que foi a favor do veto, foi o líder do MDB, Francisco Solano Anhaia. Até o líder do governo, advogado, Francisco Hostins Júnior, MDB, lavou as mãos para ficar de bem como os servidores e ajudou a derrubar o veto do prefeito como os demais da minoritária base. Incrível!

Por que o município recorreu à Justiça para não aplicar a lei promulgada na Câmara. Porque como a lei a princípio é ilegal e inconstitucional, se o prefeito se sujeitasse a ela, estaria configurado, em tese, à improbidade administrativa do gestor municipal e que poderia ser invocado por qualquer munícipe, ou o Ministério Público a qualquer momento.

Então Kleber não fez por birra ou afronta ao que os servidores alegam ser um direito adquirido deles, mas por uma autoproteção jurídica. E ao ir à Justiça ele pediu apenas para verificar se a lei realmente tinha um vício de origem e por conta disso não era válida. Ao final fica a lição da demagogia, irresponsabilidade e oportunismo de quase todos os vereadores de Gaspar para o assunto e isso demonstra o que se passa naquela Casa de Leis onde se renega até pareceres técnicos óbvios para se fazer oposição irresponsável.

O Sintrapug – derrotado – fez o papel dele, defendendo uma guilda. Cícero também fez certo ao propor o PL. Fez errado ao ignorar os avisos técnicos e ir adiante. Mas é do jogo jogado. Até oposição fez a parte dela, no jogo para a torcida, para mostrar força e unidade – que agora se esvai por acordos de bastidores, pois sabiam que praticavam demagógica, animavam grupos de interesses etc e tal.

Agora, os vereadores defensores do governo, mesmo em minoria, não. Eles acabam de ser desmoralizados pelo Tribunal de Justiça em caráter liminar, ao menos. O episódio mostra bem como o governo Kleber está sem rumo, sem posicionamento, objetivos e sustentação. A provável volta na maioria da Câmara não emendará essa percepção da sociedade de fragilidade do governo dele.

O que escreveu o desembargador Sérgio Izidoro Heil no despacho do dia 12 de novembro sobre o vício da lei e que poucos deram por aqui como notícia?

“Trata-se de autorização constitucional, com reprodução no âmbito municipal (arts. 15 e 53, II, da Lei Orgânica de Gaspar) para que função típica do Poder Legislativo seja reservada ao Chefe do Poder Executivo, notadamente o início do trâmite legislativo de determinadas matérias.

Com o fim de manter o equilíbrio nas relações entre os Poderes, a Constituição do Estado de Santa Catarina, em seu art. 52, I, seguindo o modelo federal (art. 63, I, CRFB), impôs restrição à atividade legiferante ao não admitir o aumento da despesa prevista nos projetos de iniciativa exclusiva do Governador do Estado. Dentro deste contexto, é verossímil a alegação de que a interferência da Câmara de Vereadores, ao alterar o art. 1º da Lei 1.491/94, que trata do auxílio alimentação dos servidores ativos do Município de Gaspar - matéria cuja criação é exclusiva do Chefe do Poder Executivo - extrapolou sua competência, importando em aparente violação ao princípio da separação dos poderes (art. 32 da Carta Estadual) e à iniciativa privativa do Chefe do Poder Executivo (art. 50, § 2º, IV, CESC).

Além do mais, também restou evidenciado o periculum in mora suficiente à concessão da medida cautelar, porquanto a determinação da lei impugnada, de que o pagamento do auxílio alimentação deve se dar em pecúnia, importa em prejuízo à administração pública, a qual já estabeleceu que a forma de pagamento será por meio de cartão magnético, por importar em economia ao erário. Há, inclusive, processo licitatório deflagrado com objetivo de contratar empresa especializada na administração de cartões de "vale alimentação/refeição eletrônicos/magnéticos, o que extraio do Mandado de Segurança impetrado pelo Sindicato dos Trabalhadores no serviço público Municipal de Gaspar em face do Prefeito (autos n. 0303600-42.2017.8.24.0025)”.

Alguma dúvida? Ah, a decisão é monocrática. Ela vai ser analisada por um colegiado. E se seguir a jurisprudência conhecida, será ratificada. Acorda, Gaspar!

 

TRAPICHE

O PSL de Gaspar nasce religioso e para apoiar o governo de Kleber Edson Wan Dall, MDB. Espalhou-se então, a maldade de que ele seria a linha auxiliar do MDB. O MDB que tome cuidado, pois poderá ser ele em Gaspar a linha auxiliar do PSL.

Samae inundado. Mais uma prova da propalada eficiência de gestão e resultados da autarquia tocada pelo mais longevos dos vereadores de Gaspar, José Hilário Melato, PP. Ontem às seis da tarde os funcionários que implantavam a rede na Rua Leopoldo Alberto Schramm deram como completo o trabalho e foram embora. Todos sem água no Gaspar Grande. Reclamação geral. Só três horas e meia depois se descobriu que o registro continuava fechado. Acorda, Gaspar!

Na semana passada meu e.mail e principalmente o whatsapp foram inundados com cenas da retirada, pela Ditran de Gaspar, de película em vidros de carros particulares proibida pela legislação nacional em vigor. Tudo em pleno Centro da cidade. Áudios e vídeos mostravam a indignação.

Logo o assunto correu a cidade e além dela. A Ditran estava certa neste caso. O prefeito Kleber Edson Wan Dall, MDB, que recebeu a ameaça de não mais receber votos na próxima eleição da família do infrator, só foi humilhado por três motivos principais: perdeu a autoridade porque se comunica muito mal e desarticuladamente; não está satisfazendo o que prometeu à cidade na campanha num mandato que caminha para o fim; e politicamente está mal nas arrumações que fez e está fazendo sobreviver à falta de uma marca de governo.

Quando pediu votos, Wan Dall e a coligação, prometeram cargos para todos. E todos não cabem num governo. E para piorar, escolheu para lugar de competentes e técnicos, gente curiosa, que dizia ter votos e que passada estas eleições de outubro, ficou clara a enganação de tudo isso. Agora, Kleber e seus iluminados prepararam uma nova leva de mais curiosos e exatamente para um governo que diz ser eficiente e quer avançar (?).

No caso da película eu preferi olhar a maré. O desespero daquela ação, como ela se espalhou pela cidade e ganhou adeptos, é mais um aviso de muitos que Kleber, Luiz Carlos Spengler Filho e o articulador do governo, o que está na secretaria de Saúde, o advogado Carlos Roberto Pereira, de que as coisas não andam bem. A avestruz está com a cabeça no buraco.

Aliás, se a Ditran agiu certo naquele caso. Mas, ontem, falhou mais uma vez, em controlar o trânsito da cidade.

Roberto Basei publicou na sua rede social um meme: “em Gaspar para que serve as sinaleiras eletrônicas? Para lembrar o quanto você poderia andar! O controle é feito pelos buracos”. Ou seja, estão economizando onde não deveriam. No Samae economizam na expansão da rede de águas, para abrir valas entupidas que não é sua missão e nem possui orçamento (receita específica) para tal.

Da série perguntar não ofende: se o governo de Kleber não responder os requerimentos da vereadora Franciele Daiane Back, PSDB, sobre a reurbanização da Rua Bonifácio Haedchen, no Distrito do Belchior e que se emperra da burocracia da prefeitura, ela também vai à Justiça por mandado de segurança?

Outra: o Belchior sempre esteve isolado das administrações de Gaspar. E quem primeiro pavimentou a Bonifácio Haedchen foi a Ceval numa doação comunitária que fez. E eu estava lá. Era o tempo do Belchior Unido. E unido mostrou pela primeira vez a sua força. Então...

Na sexta-feira, a edição impressa do jornal Cruzeiro do Vale – o mais antigo, o de maior circulação, retorno para os investidores e credibilidade em Gaspar e Ilhota – trará uma edição especial sobre os dez anos do maior desastre ambiental severo que experimentamos até aqui.

É um trabalho de fôlego e competência da redação. A minha coluna já está pronta. E ela pergunta, qual foi o nosso aprendizado se o evento se repetir agora? E esta seria a única resposta quando se relembra – e não se comemora, como muitos estão repetindo por ai – as dezenas de mortes. Ou alguém comemora à morte de alguém soterrado por lama? Alguns deles, nem enterrados puderam ser. Acorda, Gaspar!

 

Comentários

Herculano
22/11/2018 17:57
AMANHÃ É DIA DE EDIÇÃO IMPRESSA DO JORNAL CRUZEIRO DO VALE, O MAIS ANTIGO, O DE MAIOR CIRCULAÇÃO E CREDIBILIDADE DE GASPAR E ILHOTA

SERÁ ESPECIAL. UM TRABALHO DE FôLEGO DA REDAÇÃO DO JORNAL LÍDER E SERÁ SOBRE A CATÁSTROFE AMBIENTAL SEVERA DE 2008
Herculano
22/11/2018 13:12
IMAGENS E DEPOIMENTOS ALERTAM OS POLITIQUEIROS

Profissional a edição do "Jornal do Almoço", da NSC de Blumenau neste 22 de novembro, o dia da pior catástrofe ambiental severa de Santa Catarina que fez mais de uma centena de mortes (números controversos até hoje). Foi em 2008.

É muito difícil, e sou testemunha, selecionar dezenas de horas de imagens, depoimentos e separar versões. A tragédia ficou estabelecida em emoções, perdas e saudades que não precisamos repetir pela omissão dos nossos governantes, todos eleitos e pagos por nós.

Contudo, ainda sobram políticos e politiqueiros. Sobram, promessas e principalmente demagogos na busca de discursos e votos fáceis dos analfabetos, ignorantes e desinformados, exatamente os mais vulneráveis dessas catástrofes. Faltam estadistas e cidadãos conscientes para salvar a si próprios e os demais.

Ao fim, ficou o recado aos políticos: "vocês estão brincando com a morte, os sonhos, a vida de seus eleitores e da comunidade para a quais dizem defender.

Esse recado vale muito mais para Gaspar e Ilhota. Ficou expresso no programa especial, sem heróis, mas recheados de vítimas, lições e exemplos.

Nós por aqui não fizeram o nosso dever de casa. Incrível e infelizmente. Gente que nem foi ao dicionários para ver o significado da palavre da geologia.

Ilhota no mesmo programa da NSC. Antonio Schmitz,vice-prefeito da época do desastre e atual "secretário" (entre aspas mesmo) da Defesa Civil que perdeu 16 parentes na catástrofe, foi patético: nada foi feito e o prefeito atual, Érico Oliveira, MDB, cortou as verbas... é preciso ir adiante no comentário sobre irresponsabilidade cidadã contra si, sua famílias e a cidade?

E Gaspar? Ao menos Rafael Araújo de Freitas, um técnico, um bombeiro militar depois de tanto tempo de curiosos na Defesa Civil daqui, disfarçou para livrar o prefeito Kleber Edson Wan Dall, MDB, da omissão e irresponsabilidade.

Ao menos aqui, por iniciativa de Rafael a população e a que vai fazer a diferença no futuro - crianças e jovens. Eles estão sendo conscientizadas do perigo e serem "fiscais" daquilo que fará a diferença entre a vida e a morte, a saudade... Acorda, Gaspar!
Herculano
22/11/2018 11:26
VENDA DIRETA DE COMBUSTÍVEL VOLTA A SER DEBATIDA ÉLO SETOR, por Maria Cristina Frias, no jornal Folha de S. Paulo

Para associações do etanol, estudo da Fazenda não implica liberação de comercialização

Entidades empresariais ligadas à produção, distribuição e venda de etanol que se opõem à venda direta para postos consideram que o Ministério da Fazenda será contrário à medida.

A ANP (agência nacional do petróleo e combustíveis) realizou, em agosto, discussões sobre novas regras para a comercialização.

A liberação da venda direta sem mudanças na tributação poderá gerar distorções no mercado de etanol hidratado, segundo nota da Fazenda. Um grupo de três secretarias fará um relatório com proposições para a questão.

"A ideia é só discutir a venda direta, mas não necessariamente aprová-la", diz Elizabeth Farina, diretora-presidente da Unica (União da Indústria de Cana-de-Açúcar).

A entidade é contrária à mudança, pois considera que as usinas herdarão impostos pagos por distribuidoras.

Já há sonegação nos postos, o que coloca os que estão em dia com o fisco em desvantagem. Isso seria ampliado com uma alteração da regra, diz Paulo Miranda, da Fecombustíveis (de postos).

"A Fazenda está preocupada com o PIS/Cofins. Ela resolverá isso se tributar na fonte, mas, sem distribuidoras, talvez o país inteiro não possa ser abastecido."

A Plural (entidade dos distribuidores) considera que a pasta vai estudar o tema de forma técnica, e diz, em nota, apoiar o grupo de trabalho.

Para a Feplana (federação dos plantadores de cana), a venda derrubaria preços. "Postos já procuram as usinas para compra, na expectativa da aprovação", diz o diretor-técnico José Severo.
Herculano
22/11/2018 11:17
UFA! BOLSONARO: "SERIA LEVADO PARA O LADO DO NEPOSTIMO"

Jair Bolsonaro disse para a imprensa que o plano de nomear seu filho para a Secom deve "morrer", porque ele não quer ser acusado de nepotismo:

"O nome do meu filho foi levantado. Passei para O Antagonista, que ligou para mim. Não tem nada certo, acho difícil que ele aceite ir para lá. Seria levado para o lado do nepotismo. Nunca pratiquei isso, não me interessa fazer."
Herculano
22/11/2018 11:04
PEGOU MAL

Esta era a notícia nova de ontem do novo governo de Carlos Moisés da Silva, PSL.

Está sendo avaliada, pela equipe de governo de transição, a criação da Controladoria Geral do Estado. Seria nos moldes da CGU, Controladoria Geral da União. A ideia é bem vista no núcleo do futuro governo Carlos Moisés. Se o novo órgão terá status de primeiro escalão na estrutura estadual ou não, isso será definido mais adiante.

E por que do mal estar?

As pessoas que vieram da UFSC - e pelo jeito os que orientam o novo governador -não conhecem as estruturas do Estado. Isto já é feito pela DIAG - Diretoria de Auditoria Geral da Secretaria da Fazenda.

Miguel José Teixeira
22/11/2018 08:32
Senhores,

Na mídia:

"Políticos do PT cogitam alegar 'problemas mentais' para soltar Lula"

Concordo perfeitamente: lula-lelé!!!

Agora, mais insanos ainda fomos nós, burros-de-cargas, que o elegemos presidente.

Lembram-se quando lula visitou uma clínica psiquiátrica?

- Pois é. . .êle perguntou ao psiquiatra como era identificado um paciente recuperado.

Simples, presidente, respondeu o médido. Está vendo esta banheira cheia de água?

Sim,respondeu o hoje presidiário.

Então, prossegue o médico, oferecemos ao paciente, uma colher e uma chícara e pedimos à ele para esvaziar a banheira.

Há já entendi, disse o titeriteiro quardado em Curitiba:

Se, para esvaziar a banheira êle escolher a chícara, que cabe mais água, é sinal que está recuperado!!!

Não senhor presidente! consideramos ele normal, se puxar a tampinha do ralo da banheira. . .
Herculano
22/11/2018 08:31
CHANCELER, por Matias Spektor, professor de relações internacionais na FGV, para o jornal Folha de S. Paulo

Ernesto Araújo assume num momento propício para a mudança

A nomeação de Ernesto Araújo para chefiar o Itamaraty produziu barulho ensurdecedor. Esta é minha tentativa de separar o ruído daquilo que importa.

Bolsonaro encomendou uma guinada de política externa para sinalizar fidelidade ao programa que o elegeu. A transformação começará por Cuba, Venezuela, BNDES e cooperação jurídica internacional.

Ainda é cedo para cravar o resto da agenda, mas uma coisa é certa: a política externa do próximo governo não será pautada pelas ideias do blog do novo chanceler ou de seu ensaio sobre Deus e Trump.

Seus escritos pregressos importam porque expressam valores caros ao candidato que obteve maioria eleitoral. Mas a operacionalização dessas ideias em política externa são outros quinhentos. O resultado dependerá de uma correlação de forças que vai muito além do Itamaraty.

Isso dito, o novo chanceler assume num momento propício para a mudança, e sua gestão já começa com um trunfo: a tese da diplomacia petista segundo a qual a multipolaridade seria benigna provou estar equivocada. Antes, a competição geopolítica voltou à cena com fúria, ao passo que organismos internacionais e tentativas de governança coletiva acumulam rachaduras.

Além disso, o chanceler assume num momento em que crime organizado, contrabando e narcotráfico constituem a maior ameaça transnacional à qualidade de vida da maioria dos brasileiros. Isso permitirá ao governo dobrar sua aposta de campanha em segurança nacional e refestelar-se nos negócios que dela derivam.

O chanceler também tem a vantagem de servir a um presidente que desconfia da China. As razões alegadas para a desconfiança estão equivocadas e a forma de expressá-las é tosca, mas a intuição geral é correta: há tempos, o Brasil devia ter ajustado sua política externa à ascensão da Ásia.

Há espaço para uma diplomacia bolsonarista que não seja um desastre completo?

Penso que sim, embora reconheça que as chances de êxito são limitadas.

O presidente pode cometer erros de principiante, como fazer concessões aos EUA a troco de nada. Ele pode atiçar os chineses com Taiwan, pagando um custo que ainda não imagina. Ou ele pode insistir com Jerusalém contra melhor conselho de seus generais.

O chanceler pode repetir críticas infundadas ao globalismo, embora seu governo saiba que a abertura da economia a um mundo bem regulado é o único caminho para tirar o país do atoleiro.

Acima de tudo, o governo pode se dobrar aos grupos de interesse que capturam a política externa. Esses querem manter o país fechado ao mundo.

O maior risco à política externa não é a ideologia. Não foi com Lula, não será com Bolsonaro.
Herculano
22/11/2018 08:25
A MÁSCARA CAIU

De José Paulo de Andrade, da Rádio Bandeirantes, no twitter:

Foi mesmo trambique o acordo do Brasil com Cuba, via OPAS, para criar o "Mais Médicos", a maneira do PT mandar dinheiro para o governo de Fidel. A negociação vinha de 2012, um ano antes do pretexto que a mentirosa Dilma esperou para anunciar. Vergonha!
Herculano
22/11/2018 08:14
BOLSONARO PENSA EM CARLOS, SEU FILHO, PARA MINISTRO DA COMUNICAÇÃO. PODE? PODE! MAS ENTÃO ENTRA O APóSTOLO PAULO: "CONVEM?" por Reinaldo Azevedo, na Rede TV

Jair Bolsonaro diz que cogita transformar o vereador Carlos Bolsonaro (PSL-RJ), um de seus filhos, ministro da Comunicação Social - hoje, a tarefa é exercida por uma secretaria.

Bem, acho dispensável estender-me muito no mérito da decisão de um presidente da República que fizesse seu próprio filho um ministro... Parece impróprio, errado mesmo. Penso que isso vai acender, quando menos, uma luz amarela mesmo na cachola do bolsonarista mais fanático. A última vez em que isso aconteceu, deixem-me ver, foi no Estado Novo. Entre 1937 e 1939, Alzira exerceu a função de auxiliar no Gabinete Civil da Presidência do pai, Getúlio Vargas. Não! Não era um cargo ministerial.

Nenhum dos filhos de Bolsonaro, a exemplo do pai, gosta da imprensa - há as exceções, claro! Mas Carlos é visivelmente o que gosta menos. É ele quem comanda as redes sociais. Sem entrar no conteúdo do trabalho, há de se convir que é competente no que faz, dados os propósitos a que se destina. Mas seria esse o trabalho de uma comunicação que tem de ter caráter institucional? É, entre os irmãos, o mais próximo do presidente eleito e também o de temperamento mais rascante. Na Comunicação?

Só para lembrar. Há uma Súmula Vinculante no Supremo, a de nº 13, contra o nepotismo. E também um decreto, o 7.203. Leiam trechos:

A SÚMULA:
"A nomeação de cônjuge, companheiro ou parente em linha reta, colateral ou por afinidade, até o terceiro grau, inclusive, da autoridade nomeante ou de servidor da mesma pessoa jurídica investido em cargo de direção, chefia ou assessoramento, para o exercício de cargo em comissão ou de confiança ou, ainda, de função gratificada na administração pública direta e indireta em qualquer dos poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, compreendido o ajuste mediante designações recíprocas, viola a Constituição Federal."

TRECHO DO DECRETO
Art. 1º A vedação do nepotismo no âmbito dos órgãos e entidades da administração pública federal direta e indireta observará o disposto neste Decreto.
(...)
Art. 3º No âmbito de cada órgão e de cada entidade, são vedadas as nomeações, contratações ou designações de familiar de Ministro de Estado, familiar da máxima autoridade administrativa correspondente ou, ainda, familiar de ocupante de cargo em comissão ou função de confiança de direção, chefia ou assessoramento, para:

I ?" cargo em comissão ou função de confiança;

II ?" atendimento a necessidade temporária de excepcional interesse público, salvo quando a contratação tiver sido precedida de regular processo seletivo;

e
III ?" estágio, salvo se a contratação for precedida de processo seletivo que assegure o princípio da isonomia entre os concorrentes.

Não valem
O Supremo decidiu, no entanto, que as restrições contidas na Súmula e no decreto não valem para cargos políticos. E ministro é um cargo político.

Carlos Bolsonaro pode, pois, ser ministro do ponto de vista legal.

Bolsonaro gosta da Bíblia. Lá vai mais uma de São Paulo, "1 Coríntios 6:12", que a bancada evangélica, que vetou Mozart Ramos, deve conhecer: "Posso tudo, mas nem tudo me convém".

Poder, pode. Mas convém?
Herculano
22/11/2018 08:09
PT TRAMA ALEGAR ATÉ 'INSANIDADE' PARA SOLTAR LULA, por Cláudio Humberto, na coluna que publicou hoje nos jornais brasileiros

Políticos do PT têm procurado jornalistas para "plantar" a informação de que andam preocupados com a saúde mental do presidiário, citando alterações de humor, abatimento e até supostas "falhas de memória". O objetivo, que mal disfarçam, seria criar um ambiente para arrancar dos tribunais a decisão "humanitária" de transferir para o regime de prisão domiciliar o petista condenado por corrupção e lavagem de dinheiro.

VEM MAIS POR AÍ
O temor dos apoiadores do reeducando é que os processos pendentes de julgamento, cinco no total, possam resultar em novas condenações.

HARDT É MAIS DURA
Lula e seus apoiadores já acham que Sérgio Moro pode não ter sido seu juiz mais rígido. A substituta Gabriela Hardt é ainda mais dura.

ESTRATÉGIA SUICIDA
Fiel à estratégia de hostilizar quem investiga e julga, a defesa de Lula questiona a competência da juíza Gabriela Hardt para julgar o detento.

COITADISMO DE RESULTADOS
A armação começou com plantações em publicações amigas sobre o "coitado" do presidiário, "tão velho e abatido" e até "meio esquecido".

MAIS MÉDICOS: DRIBLE NO CONGRESSO FOI DE PATRIOTA
As negociações da embaixada do Brasil em Havana com o governo de Cuba para o programa "Mais Médicos" foram instruídas pelo ex-ministro das Relações Exteriores Antônio Patriota. Inclui as tratativas para driblar a exigência constitucional de aprovação do Congresso brasileiro, criando uma operação triangular com a Organização Pan-Americana de Saúde (Opas), que se prestou ao papel vexatório de repassar à ditadura o dinheiro confiscado dos médicos cubanos.

DEBAIXO DA CAMA
Hoje embaixador de modesto desempenho em Roma, Patriota não se mexeu em defesa do então embaixador em Cuba José Eduardo Felício.

TIRANIA OPORTUNISTA
A iniciativa foi de Cuba, para obter dinheiro fácil, confiscando dos próprios médicos 70% dos salários. Faturou, no total, R$7,1 bilhões.

MENTIRA
O governo Dilma inventou a inexistência de médicos para justificar a chegada dos cubanos. Hoje são 8 mil. No Brasil, há 450 mil médicos.

ARTISTAS SÃO UNS ARTISTAS
A Lei Rouanet faz o governo não cobrar o imposto devido cujo valor seja aplicado em cultura por patrocinadores. Mas os nossos artistas são uns artistas: nem sequer retribuem a gentileza reduzindo o preço do ingresso para a população pobre, onde o imposto seria aplicado.

ESTERTORES
O Ministério do Trabalho mostrou ontem uma das últimas atribuições: divulgar os "números do Caged", de emprego e desemprego. Quase nada para uma repartição que custa quase R$10 bilhões por ano.

SUPERAUTORIDADE
A comissão que analisa 230 projetos que mudam a Lei de Licitações adiou de novo a votação do relatório, que cria a poderosa figura do "agente de licitação", para cuidar do edital à execução das licitações.

ORGULHO NA ESCOLA
Alunos e professores do Colégio Militar de Brasília estão orgulhosos porque um ex-aluno ilustre, ministro Wagner Rosário (Transparência e CGU), foi convidado por Bolsonaro a permanecer no cargo.

MISTÉRIO CONTINUA
A notícia divulgada pelo Estadão sobre a escolha de Carlos Bolsonaro, o "Zero Dois", para chefiar a Secretaria de Comunicação foi desmentida pelo próprio imediatamente: "Nada disso será tratado comigo".

O NOVO CRESCE
O Partido Novo já comemora 30 mil filiados. Foram 22,7 milhões de votos conquistados nas eleições de 2018 e vinte parlamentares eleitos. Além da vitória sensacional do governador de Minas, Romeu Zema.

PENA DO BOLSO
Projeto do senador Reguffe (DF) deve tirar do bolso de quem depreda patrimônio público o dinheiro para reparar os danos causados e multa. "Não adianta apenas prender e punir, é preciso reparar o dano", disse.

FAZENDO O SOCIAL
Na ânsia de saber com quem vai contracenar na Câmara, o deputado eleito Alexandre Frota (PSL-RJ) chegou uma hora mais cedo ao jantar na residência do presidente da Câmara. E se enturmou rapidinho.

PENSANDO BEM...
...é bom o presidente continuar gerando empregos: a partir de 1º de janeiro, o cidadão Michel Temer vai perder o dele.
Herculano
22/11/2018 08:03
BOLSONARO EXIBE SINAL DE FRAQUEZA DIANTE DE SUA TROPA; NO PASSADO, LULA BANCOU MEIRELLES, E DILMA BANCOU LEVY. CONTRA A GRITARIA DOS SEUS, por Reinaldo Azevedo, na Rede TV

É preciso que se aponte também. Jair Bolsonaro, presidente eleito, dá um evidente sinal de fraqueza diante de sua tropa, o que não deixa de ser algo estranho para um militar.

Lembro da grita de setores mais à esquerda do PT quando Lula nomeou o então tucano e "banqueiro" Henrique Meirelles para o Banco Central. Não teve recuo nenhum. O ex-presidente também apanhou bastante dos setores de esquerda quando indicou o conservador Menezes Direito para o STF. Nos dois casos, a escolha se mostrou acertada.

A fraca Dilma bancou por ao menos um ano Joaquim Levy ?" que será o presidente do BNDES - para o Ministério da Fazenda. E ele já tinha sido secretário do Tesouro do primeiro governo Lula. Levy deixou o cargo porque a então presidente não gostava das soluções que ele propunha. A militância petista não teve influência nenhuma também na demissão.

Sim, Bolsonaro havia decidido escolher Mozart Neves Ramos para a Educação. E rapidamente cedeu à gritaria. E olhem que estamos falando de gritaria de gente ligada a seu partido e bancadas que o apoiaram. Logo, logo, ele terá de lidar com todo o Congresso. E não! Não serão propostas de gosto popular que serão votadas por lá.
Herculano
22/11/2018 07:54
O QUE BOLSONARO DIRÁ AOS POBRES?, por Vinicus Torres Freire, no jornal Folha de S. Paulo

Mesmo com mais crescimento, haverá pouco trabalho e ajuste social duro em 2019

Ainda há criação de empregos com carteira assinada, neste ano. Mas está devagar e, de novo, quase parando, como deu para notar pelos dados divulgados pelo Ministério do Trabalho.

O número de empregos formais cresce a 1,2% ao ano, praticamente nada, ritmo um tico menor que o de setembro.

O número de empregos formais na indústria parou de crescer. Voltou ao patamar de outubro de 2017. Ao menos a situação parou de piorar na construção civil. Há avanço melhorzinho no setor de serviços. Mas o quadro geral é de estagnação.

A taxa de desemprego geral, medida pelo IBGE, deve chegar a uns 12,2% em 2018, progresso ínfimo em relação aos 12,7% da média do ano passado. Pelas previsões, deve ficar perto de 11,7% em 2019, melhoria outra vez pequena, embora mais gente deva estar empregada.

Mesmo que o ritmo de crescimento da economia aumente, como se prevê para 2019, os danos socioeconômicos ainda serão extensos e há pouco o que fazer.

Obviamente, um crescimento de pelo menos 2,5% no ano que vem, que é o chute informado dos economistas, seria um alívio em relação ao 1,4% deste 2018. Mas alívio para quem?

O que Jair Bolsonaro dirá ao eleitorado? Pode, claro, dizer sem mentir que o estrago é grande e o remédio é difícil. Como vai dizê-lo, e o que as pessoas vão ouvir, é outra conversa.

Em tese, o governo vai começar o ano propondo uma reforma da Previdência, até aqui majoritariamente rejeitada pela população, e um plano de aumento mínimo do salário mínimo, se é que vai haver reajuste além da inflação (isto é, zero de aumento real). Sem medidas dessa espécie, dificilmente haverá crescimento maior da economia em 2019, se é que não sobreviria nova deterioração.

Ou seja, só é bom se for ruim, por assim dizer.

Uma recuperação mais rápida da construção civil tende a minorar o desemprego entre os mais pobres. Com reformas em andamento, é possível que as taxas de juros de prazo mais longo até baixem e a confiança econômica cresça, o que pode animar vendas e construção de imóveis residenciais.

Quanto à infraestrutura, tão cedo a coisa não andará mais rápido, pois o governo não tem dinheiro e terá de se organizar para tocar a construção pesada, o que leva tempo. De resto, falta muito para que as concessões à iniciativa privada resultem em abertura de canteiros de obras.

O crescimento regional será desigual, um tanto menor na região Nordeste, onde a vida é mais dura, estimam economistas do Bradesco, em relatório publicado nesta quarta-feira (21). Muitos pobres, de resto, estão cronicamente desempregados ou precarizados.

No que diz respeito a programas sociais ou serviços públicos, um grande feito será evitar que mais governos estaduais entrem em colapso.

O governo federal pode compartilhar algum dinheiro que receberá em 2019 com leilões de petróleo, como já indicou que vai fazer, mas os estados voltarão à breca logo em 2020 se não fizerem ajustes duros, na Previdência e no funcionalismo.

Ou seja, as providências mais sensatas ainda serão impopulares. Dificilmente o povo vai notar que se evitou degradação adicional dos serviços públicos.

Bolsonaro não tem até agora um discurso para os mais pobres, no que diz respeito a problemas socioeconômicos. Não terá recursos para nada em 2019. As melhorias possíveis dependem, pois, de reformas, de habilidade política.

Quanto mais energia gastar em planos econômicos muito ambiciosos ou mirabolâncias de outra espécie, mais implausível será seu sucesso.
Herculano
22/11/2018 07:51
BOLSONARO FLERTA COM O DESASTRE NO CONGRESSO, por Josias de Souza

Faltam 40 dias para a posse de Jair Bolsonaro. Prestes a receber de Michel Temer a faixa, o novo presidente convive com um paradoxo: autorizou futuros ministros como Paulo Guedes (Economia) e Sergio Moro (Justiça) a preparar reformas estratégicas. Deseja implementá-las rapidamente. Mas ainda não providenciou uma infantaria capaz de aprovar as propostas no Congresso.

Dizer que o gabinete de transição é politicamente desarticulado não traduziria adequadamente o cenário. Desarticulação pressupõe a existência de uma articulação defeituosa. E o que se observa, em verdade, é uma ausência de articulação. É como se Bolsonaro tivesse feito uma opção pelo desastre no Legislativo.

Em campanha, Bolsonaro dissera que formaria um ministério de técnicos. Recrutaria civis e militares. Sem recorrer ao toma-lá-dá-cá. Tostada, a banda fisiológica do Parlamento apresentou reações epidérmicas. Mas não perdeu a noção de que, no calor da composição de um novo governo, as queimaduras podem ser de primeiro, de segundo e de terceiro escalões.

Quando os partidos patrimonialistas já se conformavam com a perspectiva de suportar o sacrifício patriótico de submeter-se às queimadura$ de segundo escalão, Bolsonaro entregou três ministérios vistosos para o DEM, dono de uma bancada de apenas 22 deputados. Operou-se no subsolo de Brasília algo parecido com um curto-circuito.

A maioria dos potenciais aliados de Bolsonaro já havia absorvido a presença de Onyx Lorenzoni (DEM-RS) na Casa Civil, pois ele aderira ao projeto no alvorecer da campanha eleitoral. Mas a entrega da Agricultura para Tereza Cristina (DEM-MS) e da Saúde para Luiz Henrique Mandetta (DEM-RS) provocou um choque. Eletrocutou-se a paciência inclusive do PSL, partido de Bolsonaro.

Bolsonaro, Onyx e até o general Augusto Heleno, futuro chefe do Gabinete de Segurança Institucional, esforçaram-se para difundir a tese segundo a qual as pastas não foram entregues ao DEM, mas às frentes suprapartidárias da Agricultura e da Saúde, que indicaram ou apoiaram a escolha dos novos ministros. Não colou.

Arma-se em Brasília uma cena típica de filme de faroeste. Nela, Bolsonaro cavalga à frente dos carroções da transição como uma espécie de John Wayne liderando um grupo de colonos a caminho da clareira bravia do Planalto. Ao cruzar as planícies do Congresso, uma região que percorre há 28 anos, declara-se preocupado com os índios de tribos como as do PP, PTB, PRB, SD?

"Índios? Não se vê índio nenhum", surpreende-se um dos colonos da transição. E Jair Wayne Bolsonaro: "O que me preocupa é justamente o silêncio. Nada mais preocupante do que essa sensação de que os índios não estão dando nenhum motivo para preocupação." A ausência de barulho, por incomum, de fato é prenúncio de confusão.

Sentindo-se desprestigiados, os caciques partidários equipam-se em silêncio para demonstrar a Bolsonaro que frentes parlamentares temáticas podem não substituir as legendas e suas estruturas nas barricadas do plenário. Acham que, caindo-lhes a ficha, o novo presidente e seus desarticuladores talvez percebam que os "índios" estão quietos demais porque ninguém se lembrou de pedir a opinião deles.

Resta a Bolsonaro um consolo. A única novidade na oposição é o lançamento de uma nova campanha do PT na internet. Numa tentativa de reforçar a cruzada 'Lula Livre', o petismo estimula a formação de correntes nas redes sociais para o envio de cartões de Natal para a divindade-presa de Curitiba.
Indignada Sempre
22/11/2018 07:47
Muito aplausível a atitude do Aurélio Marcos! Isso já deveria ser feito anteriormente, afinal nenhum dos vereadores que ocupam as duas funções exercem verdadeiramente a de vereador. Apenas comparecem as sessões para ocupar as cadeiras, na maioria das vezes, sem nada de requerimentos, projetos e afins, para justificar o compromisso junto à população!
Mostram que são apenas funcionários da Câmara em mais um dia de "trabalho" onde comparecem para registrar o ponto!
Vergonha!!!!
Herculano
22/11/2018 07:45
MEIA-VOLTA VOLVER, por Luiz Weber, secretário de redação da sucursal de Brasília do jornal Folha de S. Paulo

Generais estão batendo em retirada na disputa por território no Planalto

Os militares avançam em direção ao núcleo do poder quando a coesão da elite política civil se esgarça. Na disputa por território no Planalto, os generais estão batendo em retirada.

No organograma do Palácio, cargos chave estão sendo destinados aos aliados sem farda do presidente eleito Jair Bolsonaro. Num primeiro momento, a eleição do capitão reformado abriu um cabeça de ponte para generais da reserva na Presidência da República.

A transição colocou militares estrelados, que até há pouco manobravam carrinhos de supermercado na aposentadoria, diante de um teatro de operações que eles supunham esterilizados da política. Despreparados para enfrentar um poder civil unido na disputa por cargos, viram minados espaços considerados estratégicos.

As armas aí são outras. É uma lei universal dos países democráticos que testemunham o vaivém de militares entre os quartéis e o Executivo. Em seu "A Elite do Poder", Wright Mills diz que "no mundo político civil o general perde seus objetivos e, devido à falta de tirocínio, se enfraquece". Falta-lhes a manha. O grupo militar está em retirada - física (alguns foram rifados) e simbólica (com o esvaziamento de funções ambicionadas).

Não é de todo mal uma eventual reconfiguração de forças no Planalto. Os militares queriam, por exemplo, a gestão do Programa de Parceria de Investimentos. Trata-se de área onde o DNA do Exército faria mais mal do que bem. Generais possuem aversão ao capital estrangeiro em certos setores da economia.

A história militar brasileira registra grandes recuos. A "Retirada da Laguna", quando tropas nacionais escaparam do Paraguai no século 19, é mais lida pelo oficialato na caserna do que a saga dos pracinhas em Monte Castello, na Segunda Guerra.

Uma retirada não é desonrosa. Pode ser estratégica, envolver uma logística complicada e heroísmo. E mais importante: um movimento que precede uma retomada.
Herculano
22/11/2018 07:32
HOJE É DIA DE AÇõES DE GRAÇAS, MAS NOS ESTADOS UNIDOS

O Dia de Ação de Graças (Thanksgiving Day) é um feriado celebrado nos Estados Unidos (quarta quinta-feira de Novembro) e no Canadá (segunda segunda-feira de Outubro) que simboliza um dia de gratidão, geralmente a Deus, pelos bons acontecimentos do ano (já foi pelo agradecimento a boa colheita do milho). Neste dia, as pessoas comemoram com festas e orações.

Um dia depois se dá a Black Friday
Pedro Salvador
21/11/2018 12:38
Estou perplexo com as atitudes do governo de nosso município, estive consultando o portal da transparência e verifiquei que os impostos do povo estão sendo utilizados para executar obras de interesse particular.

Nesta semana será inaugurado o Container Park que fica localizado entre as Avenidas Frei Godofredo e Francisco Mastella, ótimo, pois teremos mais uma opção de lazer, compras e gastronomia para os gasparenses.

Contudo, os acessos para o empreendimento ao que tudo indica foram executados e serão pagos pela prefeitura, conforme pode ser verificado nos empenhos 6239 e 6250, os quais na sua descrição informam: Aquisição de MATERIAIS para PAVIMENTAÇÃO do trevo do FOOD PARK, conforme ATA 17/2018 e Contratação de empresa para PAVIMENTAÇÃO do trevo do FOOD PARK, conforme ATA 63/2018.

Como cidadão e contribuinte gostaria do apoio dos vereadores e imprensa para investigar e solicitar a Prefeitura explicações e os devidos projetos de engenharia destas ampliações realizadas com a respectiva relação dos materiais empregados que somam um custo previsto de R$ 82.430,76, pois pelo o que se verifica nos empenhos nem tudo parece ético nesta obra.

Aos que se interessarem, os empenhos mencionados podem ser consultados no seguinte site:
http://grp.gaspar.sc.gov.br/grp/acessoexterno/programaAcessoExterno.faces?codigo=670063

Também disponibilizo a tela dos empenhos consultados nos seguintes links:
https://uploaddeimagens.com.br/imagens/empenho6239-jpeg
https://uploaddeimagens.com.br/imagens/empenho6250-jpeg
Herculano
21/11/2018 11:46
da série: não havia nem outra alternativa, seja na questão econômica, de resultados auditáveis para a sociedade, ética ou até porque o novo poder eleito nem tem quadros para ocupar esta excrescência administrativa.

O MELACóLICO FIM DAS REGIONAIS, por Upiara Boschi, no Diário Catarinense, da NSC Florianópolis.
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Muito pacientemente, o governo de Carlos Moisés da Silva (PSL) vai ganhando rosto. Hoje, suas feições estão sendo dadas pelo coordenador da transição, o professor Luiz Felipe Ferreira. Através dele, em entrevista concedida terça-feira aos jornais da NSC Comunicação, soubemos que o primeiro ato do governador eleito será um decreto para desativar as 20 agências de desenvolvimento regional (ADRs) que ainda, por assim dizer, funcionam.

É curioso como o projeto de descentralização administrativa representado (e em alguns momentos) executado pelas antigas 36 secretarias de desenvolvimento regional, hoje ADRs, termina de forma melancólica - como um fruto que apodrece ainda preso à árvore e cuja queda não será sentida ou lamentada. Qualquer um que vencesse as eleições, talvez até o próprio MDB - pai da ideia - desse fim às regionais em janeiro de 2019. Era promessa do eleito Moisés, do adversário Gelson Merisio (PSD), do petista Décio Lima e, com muito cuidado no falar, de Mauro Mariani (MDB).

O fim das regionais começou no dia em que Luiz Henrique da Silveira (PMDB), criador da tese da descentralização, deixou o governo. Ao assumir, em 2011, Raimundo Colombo (PSD) esvaziou suas funções e seu orçamento até reduzi-las a mera homenagem ao antecessor na máquina pública.

Os deputados do MDB mantinham o discurso em defesa da estrutura com maior ou menor ênfase, muitas vezes apenas para marcar posição na antagônica base governista que marcou a gestão Colombo. No primeiro dia de trabalho como governador, após licença do pessedista, Eduardo Pinho Moreira (MDB) deixou claro que as regionais não importavam mais ao desativar 15 delas em uma canetada - um decreto semelhante ao que Moisés vai assinar dia 1o de janeiro de 2019.

Todo esse processo de descentralização de estruturas de governo merece um amplo olhar, acima da disputa partidária que marcou seus 16 anos de existência. Em seu segundo mandato, Luiz Henrique defendia um modelo que nunca chegou a funcionar plenamente - as secretarias centrais formulariam as políticas, mas a execução seria toda feita nas regionais, donas da maior fatia do orçamento. Colombo assumiu pensando o contrário, defendendo que as pastas locais fossem pontos de aproximação com o poder central. Na prática, as regionais funcionaram bem quando a economia andou bem - como tudo nos governos - e degringolaram quando a arrecadação caiu - como tudo nos governos.

Na prática, o maior ponto positivo da extinção das ADRs é aposentar o discurso fácil de seu fim garantirá milhões de reais em recursos que faltam em outras áreas no Estado. Haverá uma economia com comissionados, mas boa parte do quadro é efetiva. Remanejada ou não, permanece na folha. Investimentos nas regiões precisarão ser feitos, com ou sem pastas locais. Haverá gerências regionais de saúde e de educação, talvez menos que as atuais. São vários exemplos de órgãos e funcionários que não vão sumir da máquina com a extinção das ADRs. A partir de janeiro, estará aberta a vaga de bode expiatório dos problemas do governo estadual.
Herculano
21/11/2018 11:40
AO LEMBRAR AÉCIO, STF MANTÉM PSDB NO LODO, por Josias de Souza

Além do controlado Doctor Jekyll e do incontido Mister Hyde, há uma terceira personalidade dentro dos tucanos: Mister Chongas. Nem bom, nem mau: indiferente. Enquanto Doctor Jekyll busca a fórmula da virtude e Mister Hyde é pilhado com a mão em todas as cumbucas, Mister Chongas se faz de morto. Ao desarquivar nesta terça-feira um dos inquéritos protagonizados por Aécio Neves, o Supremo levou o PSDB a cultivar novamente o seu Mister Chongas.

Com um voto de desempate de Ricardo Lewandowiski, a Segunda Turma do Supremo ressuscitou inquérito que Gilmar Mendes arquivara em junho. Nele, apura-se a suspeita de que Aécio recebeu propina desviada da estatal elétrica Furnas e depositada numa conta aberta no principado de Liechtenstein. O que fez o PSDB? Chongas. A Procuradoria obteve 60 dias de prazo para apalpar dados bancários obtidos no estrangeiro. O que disse o tucanato? Chongas.

O Supremo devolveu Aécio às manchetes num instante em que o presidente do PSDB, Geraldo Alckmin, organiza um congresso para virar o partido do avesso, remodelando-o para o futuro. Os tucanos falam em renovação com a cabeça na lua e os pés no lodo. Ainda conservam na Executiva Nacional do PSDB o encrencado Aécio e o condenado Eduardo Azeredo, que puxa em Belo Horizonte uma cada de duas décadas. É como se Mister Chongas tivesse assumido o controle da alma tucana.
Herculano
21/11/2018 11:30
da série: quem paga a conta desses irresponsáveis? Nós os eleitores deles. E em Santa Catarina, a imprensa tem parcela ponderável da culpa: preferiu negócios, empregos, conchavos e companhia...

IRRESPONSABILIDADE REVELADA, por Alexandre Schwartsman, economista e ex-diretor do Banco Central, no jornal Folha de S. Paulo

O governo não pode salvar os estados sem exigir contrapartidas duras e claras

O Tesouro Nacional, antes sob o comando de Ana Paula Vescovi, hoje liderado por Mansueto Almeida, tem feito um esforço louvável para detalhar o estado das contas públicas, não só no que se refere ao governo federal, mas expondo também as mazelas dos governos locais.

O exemplo mais recente deste trabalho é o Boletim de Finanças dos Entes Subnacionais, publicação que traz dados sobre estados e municípios até 2017.

Os números são preocupantes. A começar pelo aumento do déficit primário dos estados, que pulou de R$ 1,8 bilhão em 2015 e R$ 2,9 bilhões em 2016 (valores irrisórios na comparação com o PIB) para R$ 13,9 bilhões em 2017 (0,2% do PIB).

Note-se que esta medida leva em consideração a despesa empenhada naqueles anos, não a efetivamente paga. A diferença reflete principalmente o atraso no pagamento de fornecedores e servidores, mecanismo adotado por vários estados, na prática "empurrando com a barriga" o problema, ao invés de atacá-lo frontalmente.

A piora do desempenho não decorre da receita. Pelo contrário, durante o período destacado esta cresceu relativamente ao PIB, embora não muito.

Por outro lado, a despesa do conjunto dos estados cresceu bem à frente do PIB, em parte pela recessão observada até 2016, mas além da modesta expansão da atividade no ano passado.

A verdade é que os gastos estaduais vêm aumentando mais do que a inflação, reproduzindo o padrão do gasto federal até 2016.

Dentre esses, a despesa com pessoal, R$ 403 bilhões, merece atenção, representando pouco mais da metade do dispêndio primário registrado no ano passado, R$ 766 bilhões. Segundo o Tesouro, os gastos dos estados com pessoal aumentaram 32% acima da inflação entre 2011 e 2017.

Nada menos do que 14 dos 27 estados (incluindo o Distrito Federal) superaram no ano passado o limite (fixado na LRF) de 60% entre despesas de pessoal e receita corrente líquida.

Há muito mais a ser explorado na publicação, mas acredito que os números acima já deixam claro que boa parte dos estados está na lona por conta da péssima administração fiscal a que foram submetidos.

Não é por outro motivo que, mais uma vez, se fala em novo resgate por parte do governo federal, apenas dois anos depois da última tentativa.

A questão parecia superada com a reestruturação firmada no final dos anos 90, quando o governo federal assumiu a dívida de alguns estados e capitais, os mais ricos, em troca de programas de ajuste fiscal que foram bastante bem-sucedidos por praticamente uma década.

Em particular, esta dívida ?"apesar da choradeira de governadores e prefeitos ?"caiu de 13% do PIB para pouco mais de 7% do PIB de 2002 a 2014.

Todavia, sob a gestão de Dilma Rousseff, Guido Mantega e Arno Augustin os estados foram liberados das amarras fiscais, o que acabou nos levando à crise atual.

Muito embora a experiência daquela reestruturação não tenha sido perfeita, seu longo período de sucesso nos deixa lições importantes.

Em hipótese alguma o governo federal pode salvar os estados sem exigir contrapartidas muito duras e claras em termos de redução de gastos, privatização e modernização das práticas públicas, sem as quais nenhum recurso pode ser adiantado.

Por óbvio, nenhum estado é obrigado a aceitar quaisquer condições, mas é ainda mais certo que o governo federal não pode empurrar novamente para a população as contas de governos fiscalmente irresponsáveis.
Herculano
21/11/2018 11:25
AMANHÃ TALVEZ SEJA OUTRO DIA, por Carlos Brickmann

País parado, desemprego, a turma atual do poder pensando só no deles, a turma do poder futuro dizendo, desdizendo e contradizendo - ruim, né?

Surpreenda-se: talvez não. O emprego não aumentou, mas o desemprego parou de crescer e voltou ao nível menos péssimo de alguns meses atrás. O pessoal escolhido para a área econômica tem sido bem visto no Exterior. Uma publicação importante, o Wall Street Journal, cita a "equipe de falcões fiscais" do futuro Governo (acredite, é elogio). Há sugestões que parecem viáveis para superar a crise dos aumentos em cascata que ameaça a Regra de Ouro, o teto dos gastos públicos. E a língua comprida dos novos poderosos parece não ter causado danos incuráveis à imagem do país.

O Partido Comunista Chinês, por exemplo, acaba de convidar o partido de Bolsonaro, o PSL, a visitar a China, ainda em 2018, para "intercâmbio de experiências de governança e cooperação pragmática entre os partidos". O PC chinês pagará todos os gastos da delegação de dez pessoas do PSL.

E há a interessante observação de Ricardo Kotscho, amigo de Lula há quase 40 anos, seu secretário de Imprensa nos dois primeiros anos de governo, ótimo jornalista: nota que várias empresas, "em vez de ficarem reclamando da situação, decidiram botar a mão no bolso e ampliar seus parques produtivos". Isso pode indicar, diz, os primeiros sinais de retomada da economia. "Apesar de tudo", conclui, "o mundo não acabou".

CONFERINDO

No Balaio do Kotscho, www.balaiodokotscho.com.br, estão o link das notícias e o valor dos investimentos ?" uns US$ 4 bilhões. Vale ler. Não vale dizer que o Kotscho é petista, ou melhor, lulista. Eu sei. E confio nele.

A CORRIDA BOLSONARO

O presidente eleito chegou ontem a Brasília e fica até amanhã, em reuniões com a equipe de transição. Na sexta deve estar em São Paulo, para os exames pré-operatórios da terceira cirurgia a que será submetido, em 12 de dezembro, para tirar a bolsa e recolocar o intestino na posição normal.

A FESTA

?"nix Lorenzoni, que será chefe da Casa Civil de Bolsonaro, casa-se hoje em Brasília, aproveitando a presença do amigo. Amor em alta: o general Hamilton Mourão, vice de Bolsonaro, casou-se em junho último.

DILMA, SEMPRE DILMA

Muita gente ficou triste quando Dilma tomou aquela surra de criar bicho e não conseguiu se eleger senadora. Iríamos ficar sem suas notáveis frases? Não, Dilma não nos abandona. A ex-presidente falou no 1º Foro Mundial do Pensamento Crítico, em Buenos Aires, para outros ex, como Pepe Mujica, Uruguai, e Cristina Kirchner, Argentina, todos gritando "Lula Livre".
Disse Dilma que, com Bolsonaro, o Brasil corre o risco de sair da democracia para um Estado neoliberal e fascista. Curioso: o italiano Mussolini definia o regime que criou em uma frase, "Tudo para o Estado, nada contra o Estado, nada fora do Estado". O neoliberalismo é o contrário, Estado mínimo, com o mínimo possível de poder. Só Dilma pode explicar.

LULA CÁ

José Dirceu, acusado dos mesmos crimes que Lula, defendendo-se da mesma maneira (nada era propina), e punido com quase o triplo da pena, está em prisão domiciliar, com tornozeleira. Por que Lula não recebe o mesmo benefício? Em parte, porque disse que não o aceitaria: só queria ser absolvido. Em parte, porque, tentando o tudo ou nada, confrontou a Justiça.
Mas há, nos tribunais superiores, quem queira trocar sua cela por uma tornozeleira. O tempo é curto: o recesso do Judiciário começa no dia 20 de dezembro. A maneira mais viável de tirar Lula da cela é o pedido da defesa para que o STF considere que o juiz Sérgio Moro se comportou de forma a prejudicar o réu, por ter interesse na vitória eleitoral de seu adversário. O ministro Edson Fachin relata o caso e já pediu parecer à Procuradoria Geral da República. A rapidez é essencial por outro motivo: Lula responde agora a processo pelo sítio de Atibaia, e se for condenado tudo fica mais difícil.

CORRIGINDO

O professor Paulo Roberto de Oliveira, diretor do Instituto de Pesquisa de Relações Internacionais, profundo conhecedor da vida e obra de Roberto Campos, corrige dois erros cometidos pela coluna na edição anterior. Um: Roberto Campos não foi historiador. Dois: fez mestrado em Economia pela George Washington University, de Washington. Joseph Schumpeter, então em Harvard, disse que a dissertação de Campos valia por um doutorado.

O professor Paulo Roberto de Oliveira é organizador do livro O Homem que pensou o Brasil - trajetória intelectual de Roberto Campos; e autor de A Constituição Contra o Brasil: ensaios de Roberto Campos sobre a Constituinte e a Constituição de 1988.
Grato pelos esclarecimentos. Mas o professor vai-se arrepender de uma palavra que usou: "Disponha". Claro!
Herculano
21/11/2018 11:18
Ao Mário Pera

IMPEDIDO? ISSO É COISA PARA GENTE DE OUTRO MUNDO. NÃO NO UNIVERSO DOS POLÍTICOS, MESMO OS QUE DIZEM QUE DEUS ESTÁ ACIMA DE TODOS

1. O vereador autor do projeto é um funcionário público. Então trabalhou corporativamente e não para a coletividade que paga a conta. Mas, como já escrevi, estava no papel dele de defender uma guilda que o elegeu e não a cidade. Ou seja, sentiu-se desimpedido.

2. Votaram quatro vereadores funcionários públicos municipais a favor do PL - um sempre se escapa dizendo que é aposentado, mas usufrui dos reflexos do que aprova para a massa ativa. Tudo em causa própria e sem corar ninguém. Sentiram-se desimpedidos.

3. Veja esses números e eles assustam: um terço dos vereadores, ou seja numa outra conta mais perturbadora, esse terço é a maioria - quatro dos sete vereadores - da atual majoritária bancada oposicionista feita de vereadores funcionários públicos. E para eles, nem adianta pareceres técnicos contrários porque a causa corporativa é o que vale. Os cidadãos e a cidade pagam a conta.

4. E quem promulgou a lei depois de derrubado o veto? Um vereador funcionário público. Então de que abstenção, isenção e impedimento se está falando, pedindo ou invocando num princípio minimamente ético?

5. Mas, isso, reputo é fichinha nesse mundo do faz de conta contra a cidade. Pior mesmo foi o comportamento da bancada do prefeito. Ora se o caso é perdido por ser ela hoje ainda minoritária e por arrogância e erro de cálculo do poder de plantão, ao menos diz - a bancada - para a população que não concorda. Ou os vereadores do governo que votaram a favor de tal projeto e contra o veto de Kleber acham que os servidores vão mudar a opinião em relação a eles, do mesmo jeito que os vereadores mudaram de voto, se estabelecendo na perigosa omissão?

6. Os vereadores que se omitiram, por não serem funcionários públicos, perderam a grande chance de se identificar com o seu eleitorado, o pagador disso tudo e que não possui as mesmas regalias que se quer para os funcionários públicos. Se sentir impedido e não votar em causa própria nos dias de hoje é coisa de outro mundo, não dos políticos. Acorda, Gaspar!
Herculano
21/11/2018 10:49
da série: o isolamento do nacionalismo de Trump começa dá sinais de fraqueza no mercado de capitais. Como é o mercado que move a economia americana e global...

CRESCE MEDO DE RESFRIADO AMERICANO, por vinicius Torres Freire, no jornal Folha de S. Paulo

Tombo feio nas Bolsas é reação ao começo da perda de ritmo da economia dos EUA

O povo do dinheiro está nervoso nos Estados Unidos. No final do feriadão brasileiro e pouco antes do feriadão de Ação de Graças americano, as Bolsas tomaram outro tombo, daqueles feios que vêm levando desde o Outubro Vermelho.

Essa história pode ter interesse para o Brasil, além da confusão que deve acontecer hoje nos mercados daqui.

Dadas as perdas de um mês para cá, os principais índices das Bolsas americanas voltaram ao nível do início do ano - ganho zero. A taxa de juros de dez anos deu uma acalmada.

O preço do petróleo (Brent) voltou a níveis de final do ano passado, baixando mais de 25% desde o pico de outubro passado. Pelo menos até a reunião da Opep do começo de dezembro, a previsão é que vai sobrar petróleo.

A perda do valor das empresas de tecnologia está para lá do trilhão de dólares (considerados os picos de preço dos últimos 12 meses). Sim, trata-se das "Faang", Facebook, Apple, Amazon, Netflix, Google, além de outras menos cotadas.

O pessoal de Wall Street está nervoso também porque quebrou a cara com as compras que fez em outubro, na xepa, achando que faturaria uma alta agora em novembro.

Em suma, os preços estavam altos e o dinheiro para manter a viagem à lua das ações de tecnologia ficou mais caro. Mas o estrago é mais extenso e reforça discussão mais ampla. De quanto vai ser a desaceleração americana?

As condições financeiras ficaram mais apertadas (taxas de juros mais altas, agora Bolsas caindo etc.), o investimento das empresas em expansão cresce menos e os americanos acham que ficou mais difícil comprar casa e carro.

A redução dos impostos para empresas, o estímulo fiscal de Donald Trump, não deve mais fazer efeito de agora em diante; o lucro das empresas não deve subir de modo tão animado. O dólar mais forte e o tumulto comercial de "Nero" Trump prejudicam um tanto mais a economia.

Em tese, tudo isso sugere uma desaceleração. Já provocou também discussões sobre o que o Banco Central dos EUA (Fed) pode fazer em 2019, talvez até cortando um degrau da alta da taxa de juros. A expectativa de inflação começa a baixar.

Talvez as Bolsas estejam refletindo o temor de que o crescimento americano vá ser menor.
Uma desaceleração suave dos Estados Unidos não seria assim mau negócio para o Brasil.

Excluída a hipótese de choques, a taxa de câmbio ficaria calminha, o dinheiro grosso continuaria disposto a fluir para cá (como continuou a vir, mesmo durante os horrores da recessão e com anos de incerteza).

Sim, é especulação um tanto vaga, mas durante um tempo considerável se discutiu a perspectiva de aquecimento além da conta da economia americana e até de altas extras de juros.

Sim, pode ser também que a reviravolta vista desde o Outubro Vermelho provoque alguns paniquitos, em vez de pouso suave. Pode ser que os algoritmos que negociam papeis ajudem a tumultuar o ambiente.

Pode acontecer o de costume, crise, quebras, depois que acaba um período longo de farra financeira, com dinheiro barato.

Sim, há ainda o risco de Donald "Nero" Trump, que desde a posse ajuda a tumultuar a economia mundial, criando crises diplomáticas e comerciais. A reunião de Cúpula do G20 no final de mês pode dar uma pista sobre o nível de tensão nas relações sino-americanas.

Seja qual for a conversa mundial, uma parte importante dela agora é sobre a baixa do crescimento americano.
Herculano
21/11/2018 10:42
SUPERMINISTRO DE INFRAESTRUTURA PODE SER GENERAL, por Cláudio Humberto, na coluna que publicou hoje nos jornais brasileiros

O general da reserva Oswaldo Ferreira, líder da equipe que elaborou o programa de governo de Jair Bolsonaro, é hoje um dos mais cotados para um "superministério" englobando, além do setor elétrico, áreas como transportes, logística e telecomunicações. O general, que chefiou o elogiado Departamento de Engenharia do Exército, propõe a criação no Planalto de um órgão central de Infraestrutura, acima de ministérios, que permitisse ao presidente Jair Bolsonaro, sempre, a última palavra.

PRESIDENTE E ÁRBITRO
Esse órgão central permitiria a Bolsonaro arbitrar disputas entre obras de hidrelétricas, por exemplo, e a burocracia da Funai, Ibama, MPF etc.

PEDROSA É CITADO
Eletrocratas e o mercado apostam em três nomes para ministro como Paulo Pedrosa, ex-secretário-executivo de Minas e Energia.

MAIS DOIS NA BATALHA
Os outros cotados são Luciano de Castro, professor na Universidade de Iowa, Estados Unidos, e o "consultor" Adriano Pires.

UNANIMIDADE CONTRA
O setor elétrico torce apenas contra o ex-deputado baiano José Carlos Aleluia (DEM), ex-Chesf. Consideram-no "corporativista e estatizante".

DE SAÍDA, PIMENTEL QUER VENDER O CONTROLE DA LIGHT
O governador de Minas, Fernando Pimentel (PT), acaba de sofrer derrota vexatória na tentativa de reeleição, e teve sua gestão marcada por escândalos de corrupção como a Operação Acrônimo, da Polícia Federal. Mas, desafiando a sorte, no apagar das luzes do seu governo ele se prepara para vender parte da Light, concessionária de energia do Rio de Janeiro controlada pela Cemig, a estatal mineira de energia.

TROCANDO DE MÃOS
As negociações estariam avançadas com o GP Investimentos, podendo inclusive assumir o controle da Light em lugar da Cemig.

QUEM AGORA MANDA
Fundado por Jorge Paulo Lemann, o GP é controlado pelos executivos Antonio Bonchristiano, Fersen Lamas Lambranho e Marcelo Peano.

MANTEIGUEIRO DE HOTEL
A Cemig tem sofrido nas mãos do PT. Teve de abrigar mais de 500 petistas que perderam boquinhas no governo Dilma e vários estados.

HORROR A VOTAÇÃO
A comissão do projeto "Escola sem Partido" teve clima de impeachment com direito a gritos histéricos de dilmistas, obstrução da minoria, PT e PCdoB esbravejando contra o maior símbolo da democracia: a votação.

NADA DE LUCRO
A Comissão de Cultura da Câmara aprovou projeto que prevê aplicar no Fundo de Cultura o dinheiro arrecadado com a venda de ingressos em espetáculos beneficiados por recursos originados na Lei Rouanet.

É HEXA
Paixão Côrtes Advogados, de Brasília, ficou outra vez em 1º lugar de Brasília no ranking do anuário Análise 2018 das bancas de advocacia mais admiradas do País. Seu sócio, Osmar Mendes Paixão Côrtes, é o mais admirado em Direito Trabalhista pelo sexto ano consecutivo.

FESTA EM PEDRO II
O governador eleito do DF, Ibaneis Rocha (MDB), de raízes no Piauí, vai à festa que será organizada para receber o vice-presidente eleito na cidade de Pedro II, onde nasceu a mãe do general Hamilton Mourão.

QUEDA DE BRAÇO
São atribuídas indicações das deputadas Bia Kicis (PRP-DF) e Joyce Hasselmann (PSL-MG), ao menos três cada, para o MEC e a Secretaria de Comunicação de Bolsonaro. Mas não emplacaram.

MALANDRAGEM NORUEGUESA
O norueguês Erik Solheim, chefe da ONU para Meio Ambiente, perdeu a boquinha porque permanecia no trabalho apenas 20% do tempo e vivia flanando por aí. Esses funcionários públicos noruegueses?

EFEITO NEYMAR
Deputados enrolaram o início da ordem, nesta terça, até começar a pelada BrasilxCamarões, mas quando Neymar deixou o jogo, o quórum de 257 deputados, mínimo para aprovar leis, subitamente foi atingido.

DO TEMPO DO RONCA
A comissão do novo Código Comercial se reúne nesta quarta (21) para examinar o relatório do senador Pedro Chaves (PRB-MS), que defende mudanças urgentes: há normas comerciais datadas do Brasil-Império.

PENSANDO BEM...
...o clima na Câmara dos Deputados já é de fim de festa. E de carreiras políticas também.
Herculano
21/11/2018 10:41
da série: para governar com relativo desempenho para resultados é preciso reformar. Se reformar caem os privilégios das castas. Então percebendo que a reforma vai pegá-los, já começou o nenhenhem dos que vivem a custa dos pesados impostos da classe média, pobres e até dos desempregados. Uma vergonha.

REFORMAR OU GOVERNAR?, por Júlio Wiziak, no jornal Folha de S. Paulo

Bolsonaro já percebeu que discurso do novo jeito de fazer política pode não ser concretizado

Jair Bolsonaro se elegeu presidente prometendo acabar com o velho jeito de se fazer política, mas, sem quadros para montar seu governo, pode ter o discurso arruinado pelas articulações do deputado Onyx Lorenzoni (DEM-RS), futuro ministro da Casa Civil.

O congressista tenta emplacar o ministro da Infraestrutura, afastando militares próximos a Bolsonaro.

Há 15 dias, o vice-presidente, general Hamilton Mourão, um dos responsáveis por esse tema, entregou para o presidente eleito o nome para ocupar o Ministério de Minas e Energia. Onyx tenta viabilizar sua própria indicação, costurada depois de conversas com o MDB do presidente Michel Temer.

Na saúde e na educação não é diferente. Na economia, reduto do futuro ministro Paulo Guedes, as ingerências políticas também marcam presença.

Enquanto Guedes pretende agregar o Ministério de Indústria e Comércio à pasta da Economia (além da Fazenda e do Planejamento), Onyx conquista apoio da ala evangélica para mantê-lo independente e, provavelmente, com um ministro indicado pela bancada. Em troca, barganha apoios contra a reeleição de Rodrigo Maia (DEM-RJ) à presidência da Câmara.

Onyx conduz a transição.

A realidade tem sido um exercício difícil e Bolsonaro já percebeu que seu discurso não poderá ser plenamente concretizado. Se não prestar atenção ao que ocorre na sua cozinha, dará margem para que o toma-lá-dá-cá, que ele tanto condenou na campanha, continue em prática.

Na esfera administrativa, emissários de Temer que ajudam na transição evocam a reforma implementada pelo então ministro de Fernando Henrique Cardoso Luís Carlos Bresser Pereira.

Quem participou lembra que a transferência de uma simples secretaria para outro ministério levou três meses e arremata com uma frase do ex-ministro: "Um presidente precisa escolher entre fazer uma reforma administrativa e governar".
Herculano
21/11/2018 10:38
PAPO DE ÍNDIO: MORO, AQUELE QUE NÃO É TOLO, NÃO QUER A FUNAI SOB SEU GUARDA-CHUVA; SABE QUE O TEMA RENDE DESGASTE MUNDO AFORA, por Reinaldo Azevedo, na Rede TV

Para onde vai a Funai, a Fundação Nacional do Índio, hoje subordinada ao Ministério da Justiça, que terá Sérgio Moro como titular?

Essa é uma das dores de cabeça que Jair Bolsonaro pode ter à frente da Presidência da República. Ele já prometeu de modo solene que, no seu governo, não haverá novas demarcações. Também expressou mais de uma vez, de maneira genérica, que, a seu juízo, os índios devem ter, como nós, o direito de desenvolver atividades econômicas. Não fica exatamente claro o que pretende.

Uma coisa é certa: também Moro não gostaria de ter a Funai sob o seu guarda-chuva. Como já disse o juiz sobre si mesmo, ele não é tolo e sabe que o assunto rende, vamos dizer, repercussão mundial. Alguém se construiu como paladino da Justiça ser visto, eventualmente, como leniente com eventuais agressões ao que a Constituição estabelece como direitos dos povos indígenas é algo que não combina muito com a sua biografia. E aí as coisas se complicam.


Comecemos pelo caso das demarcações. O Artigo 67 das Disposições Transitórias da Carta de 1988 estabeleceu: "A União concluirá a demarcação das terras indígenas no prazo de cinco anos a partir da promulgação da Constituição." Assim, essa questão poderia ter sido já encerrada. Por esse dispositivo, ao afirmar que não quer mais saber de demarcações, o presidente eleito poderia dizer que está apenas seguindo o que está na Constituição. Ocorre que os prazos não foram cumpridos.

E, pois, permanecem pendências. A mesma Constituição define no Artigo 232: "Os índios, suas comunidades e organizações são partes legítimas para ingressar em juízo em defesa de seus direitos e interesses, intervindo o Ministério Público em todos os atos do processo." Logo, pouco importa a que pasta esteja subordinada a Funai, o Ministério Público se coloca como uma espécie de guardião desses interesses. Mas a coisa não para por aí. É no artigo anterior que os direitos estão largamente especificados.


O Artigo 231 da Constituição se estende sobre os direitos dos índios e cria dificuldades para o que alguns entendem ser a necessária integração dos índios à ordem econômica. Lá se lê:

São reconhecidos aos índios sua organização social, costumes, línguas, crenças e tradições, e os direitos originários sobre as terras que tradicionalmente ocupam, competindo à União demarcá-las, proteger e fazer respeitar todos os seus bens.

1º São terras tradicionalmente ocupadas pelos índios as por eles habitadas em caráter permanente, as utilizadas para suas atividades produtivas, as imprescindíveis à preservação dos recursos ambientais necessários a seu bem-estar e as necessárias a sua reprodução física e cultural, segundo seus usos, costumes e tradições.

2º As terras tradicionalmente ocupadas pelos índios destinam-se a sua posse permanente, cabendo-lhes o usufruto exclusivo das riquezas do solo, dos rios e dos lagos nelas existentes.

3º O aproveitamento dos recursos hídricos, incluídos os potenciais energéticos, a pesquisa e a lavra das riquezas minerais em terras indígenas só podem ser efetivados com autorização do Congresso Nacional, ouvidas as comunidades afetadas, ficando-lhes assegurada participação nos resultados da lavra, na forma da lei.

4º As terras de que trata este artigo são inalienáveis e indisponíveis, e os direitos sobre elas, imprescritíveis.

5º É vedada a remoção dos grupos indígenas de suas terras, salvo, "ad referendum" do Congresso Nacional, em caso de catástrofe ou epidemia que ponha em risco sua população, ou no interesse da soberania do País, após deliberação do Congresso Nacional, garantido, em qualquer hipótese, o retorno imediato logo que cesse o risco.

6º São nulos e extintos, não produzindo efeitos jurídicos, os atos que tenham por objeto a ocupação, o domínio e a posse das terras a que se refere este artigo, ou a exploração das riquezas naturais do solo, dos rios e dos lagos nelas existentes, ressalvado relevante interesse público da União, segundo o que dispuser lei complementar, não gerando a nulidade e a extinção direito a indenização ou a ações contra a União, salvo, na forma da lei, quanto às benfeitorias derivadas da ocupação de boa fé.

O que parece quase uma poesia é fruto permanente de conflitos com os produtores rurais. Por quê? O que está na Constituição tem de ser regulamentado. O Decreto nº 1775, de 1996, estabelece o procedimento administrativo para o que está na Carta e no Estatuto do Índio, que é a Lei 6.001, de 1973. E lá se lê que "as terras indígenas (...) serão administrativamente demarcadas por iniciativa e sob a orientação do órgão federal de assistência ao índio"; segundo o texto, essa demarcação "será fundamentada em trabalhos desenvolvidos por antropólogo de qualificação reconhecida, que elaborará, em prazo fixado na portaria de nomeação baixada pelo titular do órgão federal de assistência ao índio, estudo antropológico de identificação (...) com a finalidade de realizar estudos complementares de natureza etno-histórica, sociológica, jurídica, cartográfica, ambiental e o levantamento fundiário necessários à delimitação."

Os críticos do trabalho desenvolvido pela Funai dizem que agricultores instalados há várias gerações em determinadas áreas do país são, muitas vezes, expulsos de suas terras em razão de demarcações malfeitas ou de uma visão romantizada sobre índios já integrados à nossa cultura. Vejam o desastre perpetrado pelo poder público em Raposa Serra do Sol, em Roraima. Os arrozeiros ocupavam uma área mínima da região, tiveram de abandonar as terras, e, no lugar, instalaram-se desemprego e miséria. Os índios que moram nas reservas, no mais das vezes, são dependentes da ajuda estatal e experimentam péssimas condições de vida.

A equipe de transição de Bolsonaro ainda não decidiu para onde vai a Funai. Uma coisa é certa: Moro não gostaria de ser o ministro responsável pela área, e o entorno no presidente eleito acha que seria conveniente, de fato, que a questão saísse de sua pasta porque entende que o ex-juiz terá um trânsito por demais autônomo e pode criar dificuldades para implementar mudanças consideradas necessárias de olha na sua reputação. De certo mesmo, o que se pode antecipar é um embate com o Ministério Público Federal. Não custa lembrar que só uma emenda constitucional pode mudar o Artigo 231, o que requer 308 deputados - o futuro governo pode obtê-los sem muita dificuldade - e 49 senadores; nesse caso, a coisa é mais difícil, com duas votações em cada Casa do Congresso. E ainda se corre o risco de eventuais mudanças serem barradas pelo Supremo caso se conclua que direitos essenciais estão sendo suprimidos.
Herculano
21/11/2018 10:37
A 'SALA VERMELHA' DA TORTURA, por Elio Gaspari, nos jornais O Globo e Folha de S. Paulo

Futuro da tortura depende do futuro do torturador, e militares já receberam essa lição

Baseado em documentos da Justiça, o repórter Rafael Soares mostrou que quatro cidadãos presos na madrugada de 20 de agosto durante uma operação militar em favelas da Penha, no Rio de Janeiro, denunciaram torturas sofridas num quartel da 1ª Divisão de Exército.

Eles teriam sido levados para uma "sala vermelha", onde três pessoas com os rostos cobertos e sem fardas deram-lhes "madeiradas" e chicotearam-nos com fios elétricos.

Um deles informou que a sessão durou cerca de 20 minutos. Todos eram interrogados para identificar traficantes da região. O grupo permaneceu no quartel por 17 horas, até ser levado para uma delegacia. Continuam presos, acusados de traficar drogas.

Durante a operação nas favelas da Penha, do Alemão e da Maré, traficantes mataram um cabo e dois soldados do Exército. Foram presas 86 pessoas e apreendidos 15 fuzis, 27 pistolas e 11 granadas de mão.

A despeito das baixas, essa pode ter sido a ação mais eficaz das forças da ordem desde o início da intervenção militar na segurança do Rio.

Num primeiro momento, a denúncia dos presos levados para o quartel da 1ª DE foi desprezada. Depois que surgiram novas informações, o comando militar decidiu investigar o caso.

Desde fevereiro, quando sete pessoas foram mortas no Complexo do Salgueiro, em São Gonçalo, paira sobre uma tropa do Exército a suspeita de ter praticado uma chacina. No caso, poderia ter havido um confronto, mas ainda não se sabe o que aconteceu.

Na denúncia da tortura da "sala vermelha", os presos teriam conexão com o tráfico e um deles é reconhecidamente viciado, mas o episódio teria ocorrido dentro de um quartel do Exército.

Está sobre a mesa dos comandantes militares a questão do esclarecimento das denúncias. A sabedoria convencional mostra que em certas épocas uma enorme parcela da opinião pública defende uma política de "mata e esfola". Quando a maré vira, aqueles que ontem eram festejados como vingadores passam a ser vistos como torturadores.

Em 1974 os jornalistas credenciados na Secretaria da Segurança de São Paulo escolheram os melhores policiais do ano e o delegado Sérgio Fleury ficou em quarto lugar.

O acobertamento de violências corrói a disciplina militar. Só isso explica por que em 1943, no meio da guerra, o general Dwight Eisenhower ordenou ao seu amigo George Patton que se desculpasse diante da tropa formada por ter esbofeteado um soldado que, a seu ver, se acovardara. Patton comandava os gloriosos blindados americanos que entrariam na Alemanha.

Quando o torturador vê que seus superiores negam ocorrências das quais participou, passa a crer que faz parte de uma elite onipotente e inimputável. Além disso, o acobertamento cria uma trama de cumplicidades que se infiltra no serviço público, no Judiciário e mesmo na imprensa.

O espírito de corpo que a princípio acoberta defensores de uma ordem específica acaba se transformando num estímulo à ilegalidade, levando agentes para outras formas de delinquência. As cumplicidades criadas na administração do Rio de Janeiro e de alguns outros estados explicam boa parte da anarquia de seus sistemas de segurança.

A "tigrada" francesa que nos anos 50 baixou o pau na Argélia e varejou comunidades árabes terminou seus dias tentando matar o presidente Charles De Gaulle. A brasileira explodiu no estacionamento do Riocentro.

Num livro intitulado "Torture", o professor americano Edward Peters tratou dessa questão com magistral clareza ao informar: "O futuro da tortura depende do futuro do torturador". Se ele é aplaudido e promovido, ela se espalha. Se ele é condenado, ela acaba.
mario pera
21/11/2018 09:59
Sobre a tal discussão do critério de pagamento em dinheiro e não pelo cartão/beneficio - abono alimentação - há também uma questão importante. Como há vereadores que são servidores municipais e portanto beneficiário do sistema de pagamento em forma de salário (para consolidar vantagem acumulativa), os mesmos deveriam por iniciativa própria se declararem impedidos de votar. Se não o fizeram também caberia questionamento uma vez que estariam legislando em causa própria e pior em flagrante inconstitucionalidade. O pior em tudo isso é muita gente - como a gente - e por certo muitos vereadores votaram em Bolsonaro em outubro e ele fez questão de dizer que sua base de atuação é o cumprimento da Constituição..ora - remete a todos e principalmente aos legisladores.

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