11/07/2018
A vida do “novo” político Silvio Cleffi, PSC, não está fácil desde que ele resolveu dar lição de moralidade aos recentes ex-correligionários; defender corporativamente os interesses dos médicos contra as mudanças pretendidas pela secretaria da Saúde; trair os políticos que o inventaram como político; e criar do nada um plano para inchar a Câmara com cargos comissionados de altos vencimentos e tudo com os pesados impostos dos gasparenses.
E tudo poderia ter sido mais fácil se a sua sede de poder não atropelasse às regras das exigências administrativas obrigatórias. E por conta disso, o vereador e presidente da Câmara de Gaspar já enfrentava três questionamentos no Ministério Público da Comarca de Gaspar levantados pelo vereador Francisco Solano Anhaia, líder do MDB. Agora, tem mais um: e vem do médico e desafeto que arrumou nos últimos dias, José Alberto Dantas.
Provocada, a promotora Andreza Borinelli, que cuida da Moralidade Pública na Comarca, abriu o inquérito civil público 06.2018.0004183-9 para apurar se o vereador e presidente da Câmara Silvio Cleffi, PSC, cometeu suposto ato improbo, ao receber honorários médicos da prefeitura de Gaspar por intermédio de Pessoa Jurídica.
O cardiologista Silvio é dono da Intercor Gaspar. E como agente político (vereador no exercício), isso (prestar serviços a ente público no município onde o prestador tem a função constitucional de fiscalizar o poder que o contrata) não é permitido. E não há santos nesta história se ela se comprovar: nem Silvio que recebeu, nem a própria prefeitura que pagou esses honorários. Ambos deviam conhecer a lei e Silvio que já foi integrante da equipe e da base política do atual governo Kleber Edson Wan Dall, MDB, e Luiz Carlos Spengler Filho, PP, certamente teve além do seu cochilo, a proteção do grande esquema político quando estava nele e no poder de plantão que supostamente o pagou.
BRIGA DE GENTE GRANDE. QUEM PAGA E SOFRE SÃO OS FRACOS
Enquanto os pobres e doentes penam nos postinhos, policlínica, pronto socorro do Hospital e na farmácia básica, os políticos e os médicos de Gaspar travam as batalhas particulares entre eles e por interesses corporativos, espaços de poder e proteção de grupos, pois a última é de que não queriam ser trocados no PA do Hospital por uma empresa terceirizada de fora. Já escrevi várias vezes sobre isso aqui. Vergonhoso.
Resumindo: o paulista Silvio, evangélico, é cria político de Kleber, irmãos da mesma denominação pentecostal e templo. Tudo ia bem, aparentemente. Silvio por conta da frágil maioria que dava ao governo de Kleber na Câmara, interferia como poucos na Saúde Pública de Gaspar e tudo piorava. Em menos de um ano, duas secretárias na área – uma, inclusive reconhecida técnica - foram embora e nada da Saúde de sair do caos onde está metida. Numa jogada de “mestre”, a minoritária bancada oposicionista com o PT, PDT e PSD, embalou Silvio no voto secreto a presidente da Câmara em dezembro do ano passado, passando a perna na bancada governista e deixando-a em minoria e sua candidata choramingando.
Na volta dos trabalhos legislativos neste ano, sentindo que seu poder de influência na Saúde diminuía, Silvio armou com o PT, PDT e PSD contra Kleber, dificultando a vida dele nos projetos na Câmara. E com a nomeação do prefeito de fato, Carlos Roberto Pereira para a Saúde, com as mudanças promovidas, Silvio sentiu-se isolado e percebeu que estava perdendo o poder de interferir na área, apesar de ter ganho a presidência da Câmara.
Silvio passou a apontar erros na gestão da Saúde em Gaspar. Num deles, de forma acertada, mostrou que o diretor de regulação do município e diretor técnico do Hospital de Gaspar, o anestesista José Alberto Dantas, estava trabalhando – em plenas funções - quando deveria estar em casa cumprindo uma suspensão de 30 dias imposta pelo Conselho de Medicina.
A TV NSC e o Jornal de Santa Catarina, ambos de Blumenau, que raramente aparecem por aqui, devidamente pautados – pois quem os pautou tinha dúvidas que a notícia fosse dada por aqui e se publicada, não teria a repercussão estadual que teve -, vieram para o flagrante. Um escândalo.
Dantas foi à forra. Ou seja, é coisa de gente grande e entre eles mesmos. Mas, é bom para a sociedade como um todo. Aparece o que se escondia. Prova-se que não há santos.
Silvio já estava na mira do Ministério Público por supostamente não cumprir o horário completo de cardiologista na Policlínica. Preventivamente, e vendo à impossibilidade de conciliar as suas atividades particulares, a de médico especialista da policlínica, a de médico clínico geral do postinho do Bela Vista e a de presidente da Câmara (administrativa e representativamente), Silvio pediu para sair da Policlínica.
Os algozes de hoje de Silvio na prefeitura podem estar até festejando sobre este novo inquérito no MP. Mas, eles devem tomar cuidados redobrados, pois possuem culpa nesse cartório.
Se Silvio realmente emitiu notas da sua empresa contra o município, era obrigação da prefeitura rejeitá-las por conhecimento pleno da lei. Basta lembrar que o secretário de Fazenda e Gestão Administrativa, era Carlos Roberto Pereira, advogado e hoje secretário da Saúde. E o hoje secretário de Fazenda e Gestão Administrativa era o então procurador geral, Felipe Juliano Braz a quem estaria, em tese, afeita esta verificação na incompatibilidade jurídica.
Verificado o ato irregular que é tema do novo inquérito, é preciso apurar como tanta gente sabida deixou passar tal erro. E não basta apontar, como se faz e passa batido. É preciso punir. Acorda, Gaspar!
A vida como ela é. O remendo obrigatório do Plano Diretor voltou à pauta do dia na Câmara de Gaspar depois dele ter sido devidamente escondido pelo governo de Pedro Celso Zuchi, PT e o atual levar quase dois anos para mexer no assunto. E o governo de Kleber Edson Wan Dall, MDB, não se emenda.
Falta-lhe desconfiômetro, ou Kleber, mal orientado, fragiliza à sua própria base e atiça e provoca à majoritária bancada oposicionista, naquilo que é essencialmente técnico, necessário e quanto menos polêmica e mais consensos der, melhor para ele, à cidade e os cidadãos.
Pois não é que Kleber, mais uma vez, banalizou algo tão importante e tratou o assunto que é complicado por si só, no rito sumário do regime de urgência? Ou seja, para discussão e votação em 45 dias. Vergonhosa piada.
Começou sinalizando mal neste assunto tão importante, ainda mais quando está em desvantagem e minoria na Câmara se quer ver tudo isso fora de uma disputa política. O Plano Diretor é um tema técnico e essencial para o futuro da cidade. Ainda, bem que a tal urgência foi descaracterizada e compreendida até pela própria base do prefeito Kleber.
A conversa que o secretário de Planejamento Territorial, Alexandre Gevaerd, de origem petista, e que participou da elaboração do primeiro Plano Diretor de Gaspar criado no tempo em que Adilson Luiz Schmitt foi prefeito, com os vereadores sobre os projetos remetidos, foi bem assimilado e colocou água na fervura. E precisava isso?
A atualização do Plano Diretor de Gaspar precisa ser aprovada pela Câmara só depois de ouvida à sociedade em audiências públicas amplas, nos locais afetados, como determina o Estatuto das Cidades.
Não se pode cometer o mesmo erro de Zuchi que contratou esse trabalho para a Iguatemi, que daqui levou quase R$2,4 milhões dos gasparenses e se tornou algo impraticável, tanto que não teve coragem de debate-lo com a cidade. Tentou aprovar em partes, sem audiências públicas necessárias. Só não conseguiu porque parte percebeu que era um tiro contra si próprio e tinha no seu pé o Ministério Público a olhar às fragilidades dos procedimentos mínimos para consolidar as mudanças antes de aprova-los na Câmara.
O Hospital de Gaspar comprou um ultrassom, e segundo o médico Silvio Cleffi de marca desconhecida e qualidade ruim. O diagnóstico é de quem entende. Então...
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