21/08/2019
O presidente da Câmara, Ciro André Quintino, MDB, foi ver a única obra do Anel de Contorno Urbano de Gaspar que verdadeiramente está saindo do papel e que é por iniciativa privada
O vereador Rui Carlos Deschamps, PT, resolveu colocar o dedo na ferida. Isso aconteceu depois que oficialmente circulou a notícia diante do aditamento de que o projeto do Anel de Contorno Urbano - que já deveria ter sido entregue e servir de base para a execução da obra -, teve à sua conclusão prorrogada para outubro pela empresa Iguatemi.
Na propaganda oficial da prefeitura o tal Contorno que já se chamou Anel Viário de Gaspar, Anel de Contorno de Gaspar e agora é Anel de Contorno Urbano é uma realidade. Na prancheta, entretanto, o Contorno do Kleber não está concluído. E este projeto é necessário para servir de base, inclusive, para a contratação de obras, serviços e materiais.
O único trecho que está em andamento do atual Contorno é o que relatei na coluna de sexta-feira na edição impressa do jornal Cruzeiro do Vale: o da Rua Rodolfo Vieira Pamplona com a Rua São Bento, no bairro Santa Terezinha. E por que? Ele está sendo executado por um particular – o empresário imobiliário e ex-prefeito Osvaldo Schneider, o Paca, MDB -, num acordo compensatório previsto em lei aprovada na Câmara e permitido a todos os outros lindeiros do trecho onde passará o Contorno.
Na semana passada o prefeito Kleber Edson Wan Dall, MDB – orientado pelos políticos, curiosos e a comunicação eleitoral que contratou -, tirou uma casquinha com o início dessa obra lá no Santa Terezinha, sua nas redes sociais. Esclarecida aqui, hoje ele irá lá mostrar os trabalhos para continuar na propaganda enganosa. Obra nova da própria prefeitura no tal Anel de Contorno Urbano, até agora, nada.
DETALHAMENTO
Retornando. No requerimento 156/2019 do vereador Rui ao prefeito Kleber, ele pede informações óbvias sobre os contratos realizados com a Empresa Iguatemi Consultoria e Serviços de Engenharia Ltda, entre 2017 a 2019. Rui também quer saber o quanto foi pago até agora por eles, com cópia das notas de empenhos, sub-empenhos e das autorizações de pagamento; cópia de todos os projetos executivos efetuados para a Iguatemi.
Rui também quer um relatório que descreva todos os projetos entregues pela referida empresa. “Caso exista algum projeto que não foi entregue, encaminhar um relatório completo com os referidos prazos para entrega juntamente com a justificativa do atraso”. Ou seja, as respostas deverão ser entregues pelo prefeito em 15 dias, mas ele pode poder a prorrogação delas, uma manobra recorrentemente usada depois que o desprezo aos requerimentos foi parar na Justiça que o obrigou responder por mandado de segurança.
A prorrogação dará tempo para a prefeitura de Gaspar pressionar a Iguatemi a entregar o que não foi entregue ainda e livrará a equipe de Kleber de respostas incompletas e que tem sido reclamação recorrentes dos vereadores, não só de oposição.
A Iguatemi é uma velha conhecida dos gasparenses. Ela fez para o governo de Raimundo Colombo, PSD, o famoso projeto do Anel de Contorno de Gaspar e que foi descartado na execução por ser muito cara e o governo do estado não tinha dinheiro para a obra. Estimou-se em R$400 milhões, mas há quem diga que poderia chegar a R$700 milhões.
A Iguatemi também foi contratada pelo governo petista de Pedro Celso Zuchi, para realizar à revisão do Plano Diretor de Gaspar. Até hoje, apesar de pago, o que a Iguatemi projetou não foi aprovado pela Câmara de Gaspar conforme prevê a lei específica do Estatuto das Cidades. O projeto de revisão foi fatiado e modificado parcialmente pelo governo de Kleber com o ex-secretário de Planejamento Territorial, Alexandre Gevaerd, e aprovado na Câmara.
O requerimento de Rui se refere apenas ao período contratado pela administração do prefeito Kleber. Acorda, Gaspar!
O vereador Silvio Cleffi (à esquerda) resolveu esmiuçar as dúvidas na execução das obras de urbanização do Loteamento das Casinhas de Plástico
Especialmente os leitores e as leitoras desta coluna – a que sempre tratou desse assunto seja qual o governo de plantão em Gaspar - sabem dos percalços daquela gente simples, a maior parte, vítima da tragédia ambiental severa que se abateu sobre o Vale do Itajaí em novembro de 2008. A maioria morava ali perto no Sertão Verde e que foi condenado por geólogos da Defesa Civil. E todos que moram lá no novo loteamento, de uma forma ou de outra, estão lá por histórias parecidas em várias partes do município e em tempos diferentes.
E quando chega o tempo de campanha eleitoral, todos os candidatos – atrás de votos fáceis - acorrem para lá prometendo solução. Foi assim na reeleição de Pedro Celso Zuchi, PT, o causador do problema quando escolheu o terreno impróprio e negou o projeto modelo da Fundação Bunge. Foi assim com Kleber Edson Wan Dall, MDB, na sua eleição. E para se reeleger, Kleber terá que passar por lá e se houver alguma vantagem para contar, antes terá que agradecer aos adversários. É que só a pressão deles, com o povo do loteamento, está resolvendo a situação.
E um dos que se interessou a fundo neste problema e dúvidas foi justamente um ex-aliado de Kleber, o vereador Silvio Cleffi, PSC, médico e funcionário público municipal. Há meses, que ele ocupa a tribuna da Câmara dividindo-a com a busca de uma UTI para um hospital que ninguém sabe quem é o verdadeiro dono e à finalização da urbanização do Loteamento das Casinhas de Plástico.
Um simples requerimento feito por Sílvio no dia 16 de julho quis saber do prefeito Kleber informações detalhadas, bem como cópia de documentos referentes à implantação de esgoto e rede pluvial em execução no Loteamento. Registrei aqui a correria. É que se fazia um aditivo no contrato, mas de fato as obras não realizavam no loteamento.
E por causa disso, Silvio pediu a cópia do terceiro aditivo do contrato feito pela empreiteira terminar as obras naquele loteamento. Silvio foi mais longe: fez as seguintes simples perguntas: “existe diário de obras? Caso positivo, remeter a esta Casa de Leis o diário de obras referente aos últimos três meses da obra executada naquela localidade; qual o prazo para o término daquela obra? e as ruas serão asfaltadas logo em seguida a conclusão do esgoto e rede pluvial?”
E as respostas vieram. E dentro do prazo. Mas, com os documentos nas mãos, as dúvidas só aumentaram. Um novo e estranho requerimento deu entrada ontem na Câmara. Silvio agora quer saber:
1 - Considerando as cópias do diário de obras enviado a esta Casa de Leis, requer seja esclarecido:
O porque não consta no diário de obras a anotação de quantas horas laborou cada equipamento (máquinas, tratores, caminhões etc...), haja vista que o tópico HORÍMETRO está em branco em todo diário apresentado?
O porque nos dias chuvosos, conforme o diário apresentado, foi mantida a mesma quantidade de pessoas trabalhando na obra, pelo mesmo horário das 07h às 17h?
2 - Encaminhar a esta Casa de Leis o controle de TODOS os funcionários da empresa RAMOS TERRAPLANAGEM, que estão lançados no diário de obras enviado a esta Casa de Leis, encaminhar também a folha de pagamento dos funcionários que constam ter laborado nesta obra aos sábados e domingos (conforme diário de obras);
3 - Esclarecer o motivo da falta de EQUIPAMENTOS, o motivo da falta de REPROGRAMAÇÃO, e o motivo da falta de MATERIAS citados em dias distintos no diário de obras;
4 - Foi feita alguma observação ou alteração no projeto com relação aos afastamentos solicitados no decorrer das obras por conta de não haver possibilidade de implantar 03 estacas como deveria ser (descrição de três estacas no projeto)?
5 - Encaminhar a esta Casa de Leis o contracheque de TODOS os funcionários da empresa RAMOS TERRAPLANAGEM que laboraram nesta obra aos sábados e domingos.
Hoje, dia 21 de agosto, completa e comemora 90 anos o ex-prefeito, um clarinetista de primeira da Banda São Pedro, Evaristo Francisco Spengler. Eleito pela UDN, Evaristo administrou o município de 1966 a 1970. Neste período foram calçadas com paralelepípedos as ruas do centro da cidade.
Dorval Rodolfo Pamplona, também da UDN, e que governou Gaspar entre 1956 e 61, foi mais longevo prefeito daqui. Ele faleceu aos 92 anos no dia 23 de julho de 2014. Nasceu em oito de março de 1922. Ele dá nome à ponte do Vale.
Exemplo de transparência e desafio aos órgãos de fiscalização. O vereador Cícero Giovane Amaro, PSD, que também é funcionário público (Samae), precisou recorrer a um requerimento e invocar a Lei de Acesso a Informação para saber de detalhes que o Edital de Processo Seletivo 2/2019, escondia no site da própria prefeitura.
Binário da Coloninha. O vereador Cícero Giovane Amaro, PSD, está uma arara com a implantação das modificações feitas naquela área (Rua José Honorato Muller). Diz que as mudanças foram feitas na surdina e que expõem crianças, principalmente. Três realidades precisam ser ressaltadas, todavia.
A primeira de que toda mudança provoca reação. É natural. E essa é, no meu entender, uma delas. A segunda, que é preciso criar uma solução de mobilidade naquela região com o gargalo da passagem das Linhas Círculo. A terceira, e a que complica e nisso Cícero pode ter razão, as modificações não estão completas, como aconteceu no binário da Parolli.
Precedente. Na terça-feira da semana passada, o vereador Dionísio Luiz Bertoldi, PT, leu na Câmara esta notícia: “o prefeito de Bocaina do Sul, Luiz Carlos Schmuler (MDB), foi condenado por improbidade administrativa e teve decretada a perda de função pública, que exerce atualmente, e dos direitos políticos por oito anos, em uma ação civil ajuizada pelo Ministério Público de Santa Catarina (MPSC). A decisão é da juíza Karina Maliska Peiter, do dia 2 de agosto, mas foi divulgada na segunda-feira (13), pelo Tribunal de Justiça de Santa Catarina (TJSC). Cabe recurso”.
Qual a razão desta leitura pelo vereador? Para dizer que o prefeito Kleber Edson Wan Dall, MDB, corre sério risco de ter o mesmo destino. Ele está metido em situação idêntica nos casos da secretaria da Agricultura e Aquicultura, ainda tocada pelo André Pasqual Waltrick, PP.
Esta coluna, como sempre, foi a única a dar este assunto no dia 22 de julho em “Os que cercam, usam e orientam Kleber estão levando-o para o cadafalso da forca. Ele está cada vez mais exposto. Uso irregular da máquina da secretaria de Agricultura em possível área de preservação poderá lhe configurar improbidade administrativa, além de crime ambiental”.
A Gaspar que não avança. Esta insistência tola seja da administração de Kleber Edson Wan Dall, MDB, seja de seu líder de governo na Câmara, Francisco Solano Anhaia, MDB, de que o pregão 58 como a prefeitura para contratar obras de engenharia está correto, e o Tribunal de Contas está errado, dá bem a dimensão da teimosia do governo.
Um retrato do governo. Foi ele quem publicou nas redes sociais estas fotos com esta legenda: “nossa reunião semanal com os secretários para alinhar as ações do governo para nossa Gaspar”.
O que fica claro I? Que o smartphone parece ter mais importância para seus secretários do que o prefeito na reunião. Quem mesmo escolheu estas fotos? A nova assessoria de comunicação ou a velha feita de curiosos que está colocando o governo numa “roubada”?
O que fica claro II? Que mesmo não sendo secretário, nem líder do governo na Câmara, o então mais ferrenho adversário de Kleber, ex-aliado do governo petista de Pedro Celso Zuchi, e recém convertido em mais novo aliado do atual governo, o vereador Roberto Procópio de Souza, PDT, tem lugar cativo nas reuniões das segundas. Acorda, Gaspar!
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