21/06/2018
DEPUTADOS OU VEREADORES I
Há em Santa Catarina 295 municípios. Na Assembleia há apenas 40 vagas para deputados na representação dos catarinenses. Já na Câmara, 16 e o Senado, três (neste ano, apenas duas vagas estão disponíveis). Então, os números mostram que não é possível se eleger um deputado por município como alguns apregoam por aqui e ainda mais com os apenas nossos 45 mil eleitores. E muito menos identificá-lo com uma região, como a do Médio Vale do Itajaí onde estamos. É que os próprios políticos quando tiveram essa possibilidade em nosso nome, rejeitaram-na no Congresso para Distritão ou Distrito Misto. E por que? Simples. Isso permitiria colocar em cheque velhos esquemas que reelegem sempre os mesmos ou os que estão numa fila entre poucos. É um jogo brutal entre (natural e necessário) e até mesmo dentro dos partidos. Eleitores são meros detalhes e usados para validar esses esquemões. Vence o candidato que se criou com verbas, funções e cargos públicas; o herdeiro político; o assertivo no uso das mídias ou o que representa alguma corporação, igrejas ou de artistas, esportistas e apresentadores... mas com o votos de todos, sem identificação e compromissos com a região onde ganhou votos.
DEPUTADOS OU VEREADORES II
Essa ideia de um município se fechar e ter um “candidato dele” a deputado estadual é um tanto utópica (hoje se precisa em torno ou mais de 46 mil votos para ser deputado estadual). Na maioria dos casos é até uma bobagem. Vários fatores conspiram, a começar pela necessária pluralidade de interesses e ideias na comunidade. Mas, Gaspar já teve o seu deputado: Francisco Mastella, nascido em nova Veneza, ex-líder estudantil na Capital, ex-funcionário público no governo do Estado em Florianópolis, ex-diretor financeiro da extinta Ceval aqui, ex-presidente da Acig e da Facisc. Ele conseguiu 36.646 votos e se elegeu pelo nanico PDC para o mandato 1987 a 1991, quando morreu. Só se elegeu porque se saiu bem daqui, mas principalmente porque teve a grande maioria dos votos fora de Gaspar, articulados a partir da Facisc e da própria Ceval em polos no Planalto, Meio Oeste, Extremo Oeste e Norte.
DEPUTADOS OU VEREADORES III
Pedro Inácio Bornhausen, PP, como diretor regional da Celesc em Blumenau, num esquema corporativo próprio para tal, também quase se elegeu deputado estadual em 2002, com 20.227 votos, dos quais 12.012 vieram dos gasparenses num colégio eleitoral da metade de hoje; 2.677 de Blumenau e 1.362 de Ilhota. Só para comparar e ratificar aquilo que já afirmei sobre o brutal jogo e esquemas corporativos, em 2006, o mesmo Pedro, para a mesma vaga, conseguiu apenas 8.639 votos em todo o estado. O PT de Pedro Celso Zuchi não deixou Bornhausen se criar em casa e dividiu a cidade em 2002 com sua esposa Liliane Zuchi com 6.504 votos no estado e com Mariluci Deschamps Rosa, em 2006 por 8.373 votos no estado. No outro exemplo, mas de união comunitária, a então pequena Pomerode elegeu Ralf Knaesel – num esquema empresarial – e depois quatro vezes seu filho Gilmar como estadual e herdeiro da sua imagem política, que se somou aos esquemas corporativos da fiscalização estadual, assim como o próprio João Alberto Pizzolatti Júnior para deputado Federal por três vezes, todos oriundos do PP. Este sem esquema, apenas com fama, bom momento partidário e da também então pequena cidade, quem surpreendeu a estadual foi o médico Nilo de Freitas, MDB, ex-prefeito de Indaial (1973/77).
DEPUTADOS OU VEREADORES IV
O MDB e o PP são o poder de plantão em Gaspar. Eles não querem colocar à prova com um candidato a sua “força” eleitoral diante de tantos questionamentos que eles próprios criaram em tão pouco tempo de governo. Disfarçam. Então o MDB loteou o município, não para os candidatos da região, mas para os de bem longe. Cada vereador, cada grupo possui um candidato a seu gosto e para marcar seu terreno ou suposta “força” política. A deputada Dirce Heidercheid, de Palhoça, tem a benção de uma parcela ponderável do diretório; o deputado e presidente da Alesc, Aldo Schneider, de Ibirama, e que foi trazido em 2012 por Adilson Luiz Schmitt, está com o vereador Ciro André Quintino; o deputado Luiz Fernando Cardoso, o Vampiro, de Criciuma, tem como cabo eleitoral o vereador Francisco Solano Anhaia; a deputada Ada Faraco De Luca, de Criciúma, é da cota do vereador Evandro Carlos Andrietti. E o prefeito Kleber Edson Wan Dall, MDB? Sua força será no campo familiar e da igreja evangélica pentecostal para o desaparecido deputado Ismael dos Santos, do PSD. Ou seja, nem do MDB é.
DEPUTADOS OU VEREADORES V
Se não bastasse essa lista, o MDB de Gaspar ainda vai trabalhar para a eleição improvável do presidente da Câmara de Joinville, Rodrigo Fachini. O cabo eleitoral é nada menos que Roni Muller, o que trabalha nas comunidades de Gaspar ouvindo-as para dar verbas e obras, e foi o cabo eleitoral e assessor parlamentar do vereador Ciro André Quintino com quem agora está medindo forças para um embate futuro. E quem apareceu aqui há poucos dias como registra a foto feita no gabinete do prefeito Kleber? O deputado Mário Marcondes. Ele é de São José. E não apareceu à toa por aqui. Foi ele quem vem questionando a compra por R$83 milhões do prédio anexo da Alesc. Há uma semana combateu a contração de terceirizados de altos salários (mais de R$12 mil) para atender telefonemas e mandar e.mails pela Assembleia, tudo autorizado por Aldo Schneider e sem consultar a mesa diretora da qual Mário faz parte. Aldo teve que recuar em 24 horas. Adilson que se divorciou de Aldo é o mais novo cabo eleitoral de Mário Marcondes. Sintomático, não?
Cinco deputados federais catarinenses, entre 190 – a maioria do PT, MDB e PP -, assinaram um documento para uma CPI destinada a esculachar a Lava Jato, procuradores e juízes firmes e legalistas contra a corrupção dos políticos.
Só depois que o assunto veio à imprensa nacional, timidamente em Santa Catarina, e caiu nas redes sociais com atestado de notícia verdadeira, com grande repercussão negativa para os que assinaram o documento, alguns deputados correram para retirar a assinatura, dizendo-se enganados.
Entre os que assinaram e bateram em retirada está Rogério Peninha Mendonça, MDB, identificado com Gaspar e Ilhota. Os deputados não foram enganados como afirmam, achando que todos os eleitores são analfabetos, ignorantes e desinformados. Até porque com os nossos pesados impostos, eles dispõem de bem pagos assessores para ajudá-los nos esclarecimentos.
E se os deputados foram “enganados” por outros espertos, é preciso trocá-los por gente que não se deixa enganar. E outubro está aí. Essa é mais outra enganação própria de ano de eleições. Os deputados só perceberam que houve um estrago e recuaram, fingindo ouvir seus eleitores e eleitoras sem voz nos outros anos.
Afinal o advogado Carlos Roberto Pereira é ou não secretário de Saúde de Gaspar? Ou ainda está na secretaria da Fazenda e Gestão Administrativa e sendo o prefeito de fato? O que estava ele fazendo, desfazendo e ordenando para diminuir a lambança (documentada) das obras no CDI Vovó Leonilda?
Aliás, a cidade está cheia de lambanças como aquela das máquinas da secretaria de Agricultura, sem controle, no uso particular e operadas por terceiros. A oposição dormindo ou choramingando à espera do Ministério Público (e até esta coluna) fazer o que é de responsabilidade dela fiscalizar? Acorda, Gaspar!
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