11/10/2018
Gaspar retalhada I
Nas colunas que produzi na segunda e quarta-feira para o portal Cruzeiro do Vale, o mais antigo, acessado e atualizado de Gaspar e Ilhota na internet, mostrei como os resultados das eleições do dia sete de outubro foram danosos para Gaspar e o Vale do Itajaí na representação em Brasília. Relatei como vaidades, guetos de políticos manjados e jeitos antigos nas demonstrações de suas “forças”, que provaram claramente não possuírem, prevaleceram sobre a defesa da cidade, dos cidadãos e da região. Todos - cidadãos e cidades - ficaram mais vulneráveis. Hoje, vou mostrar como o mesmo fenômeno se deu na nossa representação de cidade na Assembleia. Qual a razão para se dividir tanto e os que se dizem líderes políticos buscarem malvadamente representantes de tão longe de Gaspar ou Ilhota?
Gaspar retalhada II
Gaspar tinha um candidato a deputado estadual. E não era um qualquer: Pedro Celso Zuchi, PT, prefeito por três mandatos. O resultado provou de forma contundente que ele não era um projeto da cidade, de região e pasmem, até do partido, apesar do esquemão da família Lima, com o deputado Federal Décio Neri que concorria ao governo do estado e a mulher deputada Estatual Ana Paula e que se lançou à vaga familiar na Câmara Federal. Todos derrotados. Não era projeto de cidade porque Zuchi fez apenas 29,03% dos votos válidos (9.722) de Gaspar; não era de região, porque no estado todo, nesse esquemão, ele só conseguiu 0,33% votos válidos com os esquálidos total de 12.140 votos. Aliás, quando (2002) Gaspar tinha um projeto viável regional para eleger um deputado estadual, Pedro Inácio Bornhausen, PP, então gerente regional da Celesc, Zuchi o boicotou e colocou a própria mulher (Liliane) para concorrer e minar os votos de Pedro. Gaspar ficou no gargalo do quase no segundo projeto de cidade. O primeiro, foi o eleito Francisco Mastella, PDC.
Gaspar retalhada III
Contudo, nada foi pior no exemplo do que o comportamento do poder de plantão com o MDB e PP, salvos pela dubiedade no voto evangélico e até da onda Jair Bolsonaro, onde estão ou espertamente surfaram. A primeira e inexplicável escolha é por candidatos longe de Gaspar ou que não tenham nenhuma identidade com o Vale do Itajaí. Vergonhoso na opção e no resultado. A candidata oficial do diretório do MDB era a já deputada Dirceu Heidercheit, cujo curral eleitoral é de Palhoça, na Grande Florianópolis. Ela não foi reeleita. Está uma arara – e com razão - com os daqui que lhe deram 1,76% dos votos válidos (588). A expectativa era no mínimo o triplo. Gaspar perdeu um canal e MDB a fleuma. Está à caça das bruxas entre os comissionados – e cargos de confiança - como se eles fossem os culpados. Com isso, provam-se duas coisas: a primeira de que a escolha dos comissionados não se deu pela tal eficiência, e sim por suposta capacidade de serem cabos eleitoras. A segunda: até nisso o poder errou, pois se revelaram péssimos cabos eleitorais. Essa “caça” não vai terminar bem!
Gaspar retalhada IV
Outra aposta do MDB, via principalmente o vereador Francisco Solano Anhaia para marcar o seu poder, do próprio presidente licenciado do partido, Carlos Roberto Pereira e do secretário estadual de Infraestrutura, Paulo França, foi o tal de Vampiro. Luiz Fernando Cardoso ao menos foi reeleito e se credencia assim a ser candidato a prefeito de Criciuma numa disputa interna com Ronaldo Benedet. Ou seja, Gaspar está ameaçada de ficar na mão de novo na Assembleia. Vampiro sugou 3,06% dos votos válidos daqui, ou seja, 1.024, menos da metade da projeção inicial do seu grupo de apoiadores. Surpreendente, todavia, foi a eleição do substituto do falecido Aldo Schneider, de Ibirama, Jerry Comper, seu ex-chefe de Gabinete e por isso, ele se apresentou como Jerry do Aldo. O trabalho de transferência de votos foi feito por Ciro André Quintino, MDB. Projetavam no mínimo dois mil votos. Quem lida com esse assunto, sabia da impossibilidade diante de todas as circunstâncias que envolviam a construção de uma candidatura de última hora. Jerry teve 2% dos votos válidos (699) de Gaspar. Uma boa votação, mas nem tanto se comparada a Ilhota. O MDB do prefeito Érico de Oliveira fechou questão, como foi no caso de Rogério Peninha Mendonça a Federal. Jerry foi o mais votado com 11,59% dos votos válidos (909). Ou seja, os números falam por si só e mostram como Gaspar foi retalhada e enfraquecida, sem dó e piedade pelos nossos políticos. Acorda, Gaspar!
Na sessão anterior às eleições, o caro e sofisticado sistema de som da Câmara de Vereadores de Gaspar estava com eco e muitas dificuldades para se colocar tudo em ordem. Foi um aviso! Espera-se que agora, os vereadores escutem ao menos o eco das urnas já que eles não ouvem as ruas.
Surfando na onda. O segundo mais votado em Gaspar foi o Oficial de Justiça e vereador de Blumenau, Ricardo Alba, PSL (ex-DEM, PSDB, PP e PEN em tão curta trajetória política). O mais votado no estado teve aqui, 13,21% dos votos válidos (4.426) e foi o quarto em Ilhota com 7,76% dos votos válidos de lá (604).
Jean Kuhlmann, PSD, foi o terceiro mais votado em Gaspar e não foi reeleito. Teve 5,18% dos votos válidos (1.734) e o cabo eleitoral dele, candidato a Federal, Marcelo de Souza Brick e os vereadores Cícero Giovane Amaro e Wilson Lenfers se revelaram pífios em favor do padrinho. Em Ilhota Kuhlmann teve um esquálido 1,99% dos válidos (155 votos).
Não deixa de ser notado também o desempenho do finalmente eleito Ivan Naatz, de Blumenau, desta vez pelo PV (ex-PDT). O vereador de Blumenau teve aqui 2,24% dos votos válidos (750) numa campanha coordenada por Raul Schramm, Rodrigo Althoff e Gean Grimm.
Outro que surpreendeu foi o vereador de Blumenau, Sylvio Zimmermann, PSDB (não eleito) e cuja família é daqui: 599 votos. Outros do partido e liberados pelo diretório como Serafim Venzon (não reeleito) e vereador de Blumenau, Jeans Mantau (não eleito), tiveram respectivamente, 429 e 223 votos.
Enquanto isso, a única vereadora tucana de Gaspar resolveu marcar território com o vereador de Pomerode, Rafael Fuetzenreiter (não eleito). Ele obteve 79 votos. Um aviso à vereadora que está alinhada com o governo de Kleber Edson Wan Dall, MDB, ao arrepio do diretório.
Depois do resultado das urnas, Franciele Daiane Back saiu do grupo de whatsapp do PSDB. Não é a primeira vez que isso acontece, quando contrariada.
Sem força: a deputada Ada Faraco de Lucca, de Criciuma, reeleita, tinha como cabo eleitoral Evandro Carlos Andrietti, MDB. Ela teve apenas 89 votos. Outra advertência é para Ismael dos Santos, PSD, de Blumenau e reeleito, que com todo o aparato das denominações evangélicas, inclusive, às ligadas ao poder de plantão de Gaspar. Ele teve 1.313 votos.
A vereadora Mariluci Deschamps Rosa, PT, vice-prefeita por dois mandatos com Zuchi era a primeira suplente da candidata ao senado do partido, Ideli Salvatti. Ideli tinha Gaspar como uma marca para si e à identidade local (ponte do Vale, IFSC...).
Esse reconhecimento não veio em forma de votos nem para a ex-senadora queridinha do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, preso em Curitiba, e nem para a ex-ministra de Dilma Vana Rousseff, bem como à sua cabo eleitoral: foram apenas 4.082 votos, ou seja 6,82% dos válidos.
Quem lavou a égua foi Lucas Esmeraldino, PSL (20,94%), Esperidião Amin, PP (18,34%); Jorginho dos Santos Mello, PR (16,54%) e que por aqui foi gerente na antiga agência do Besc; Raimundo Colombo, PSD (14,86%), o que desprezou Gaspar; e Paulo Bauer, PSDB (10,33%), não se reelegeu e fez poucos votos para quem se ensaiava candidato a governador.
A promotora da Comarca, Andreza Borinelli, mandou instaurar inquérito civil para apurar “possível” conduta improba do prefeito de Ilhota, Érico de Oliveira, MDB, durante a campanha eleitoral. Perguntar não ofende: mas, só Ilhota?
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