12/06/2019
Pior mesmo é saber que o assunto virou moeda de troca e chantagem do prefeito. Só fará a obra se os vereadores não pedirem explicações sobre suposto erros.
O prefeito Kleber (Esquerda) prometeu à comunidade e empresário o asfaltamento da Rua Vidal Flávio Dias no Belchior Baixo, como lembrou o vereador Rui (centro), atrasando o desenvolvimento da região
O vereador petista Rui Carlos Deschamps – funcionário público municipal aposentado e que já foi superintendente do Distrito Belchior – não pode ser considerado um radical. Longe disso! Mas, na sessão da terça-feira da semana passada na Câmara – e que praticamente nada se divulgou até agora - Rui perdeu a linha.
E seus argumentos foram tão fortes, diretos, óbvios e contundentes, que nem o líder do governo, Francisco Solano Anhaia, MDB, foi capaz de rebate-lo ou repetir as explicações que não colam mais neste especial assunto; nem prometeu alguma coisa além daquilo que já se tem prometido e não se cumpriu até agora. Anhaia, que já foi petista, fingiu que não ouviu Rui no desabafo e acusações, pois a prefeitura ouve e do seu jeito na propaganda enganosa, ela finge ou informa que está fazendo alguma coisa.
Pior. Esta semana o vereador Rui ouviu do próprio prefeito Kleber que nada vai sair lá, se os vereadores, especialmente o funcionário púbico municipal (Samae), Cicero Giovane Amaro, PSD, não pararem de questioná-lo na Câmara, exigindo explicações e obrigando-o à correção de seus atos equivocados. Meus Deus! Chantagem? É isso? Primeiro é dever do vereador fiscalizar os atos do prefeito; foi para isso, entre outras, que o vereador foi eleito. Segundo, para continuar no erro, o prefeito exige que outro poder fique calado, submisso e enquanto isso não acontecer, não executa obras públicas necessárias e prometidas à população, os investidores, geradores de impostos para o município? Ai, ai, ai.
Retomo. Sabe quando o prefeito Kleber Edson Wan Dall, MDB, foi à comunidade do Belchior Baixo – que também estavam presentes empresários que possuem negócios ou estão se instalando por lá - e de viva voz disse às lideranças de lá que faria de pronto o alargamento, infraestrutura e a pavimentação da Rua Vidal Flávio Dias pelo menos em quase dois quilômetros da BR 470 até a Cooperbom? Outubro de 2017. Estamos chegando a outubro de 2019.
E de lá para cá? Quase uma dezena de outras reuniões com o mesmo objetivo foram realizadas. Numa delas, mudou-se até à prioridade – e que muito avaliaram como falta de foco ou o proposital desvio do que já estava acordado entre todos. A prefeitura propôs pavimentar a outra parte: da Cooperbom até o entrocamento com a Rua Antônio Amorim, na Capela Santa Catarina.
A estreita Rua Vidal Flávio Dias – numa parte do Belchior Baixo, pois na outra está asfaltada e há muito tempo - ficou mais conhecida pelos gasparenses, depois que ela virou um escape dos motoristas quando do fechamento para detonação de rochas na duplicação, ou acidentes na BR 470.
Por isso, ela se tornou um inferno para os que moram lá: alta velocidade, poeira ou lama, na incapacidade da Ditran disciplinar essas emergências anunciadas com boa antecedência – no caso das detonações - e da própria Superintendência do Belchior, tocada por Raul Schiller, MDB, sem identidade com o Distrito e que está de saída. Nada de manutenção do trecho, com à oferta de passadas de caminhões pipas.
Os empresários – instalados ou prestes a montarem seus negócios por lá devido ao natural surgimento de um distrito produtivo e à logística que permite fácil acesso a BR 470 -, reunidos com a comunidade, o prefeito e seus técnicos, publicamente, sem conchavos de gabinetes, e para dar velocidade e cooperar com o poder público, sinalizaram ajudar em parte do investimento: R$800 mil numa vaquinha entre eles.
Mas, nem isso, foi capaz de sensibilizar o poder público até agora, cujo valor está sendo “comido” pela inflação. É claro que eles não vão por esse dinheiro nos cofres da prefeitura e nem deixá-la administrar. Vão disponibilizar em serviços e materiais.
A CONTRADIÇÃO DE KLEBER
E por que Kleber diz uma coisa, faz outra e essa imagem pegou e já trabalha politicamente contra ele, como demonstram as pesquisas que ele e seu grupo possuem, capaz até de mudar de comportamento e até, tardiamente, à sua equipe oficial de comunicação?
Kleber diz na propaganda que quer atrair investidores e com isso gerar mais empregos, impostos e renda. Excelente, até porque geograficamente Gaspar está bem posicionada.
Essa promessa clichê soa como música aos ouvidos dos leigos, analfabetos, ignorantes, desinformados e gente que acredita na promessa. No caso da Vidal Flávio Dias, Kleber faz exatamente o contrário. Ele gera insegurança e insatisfações aos investidores em algo tão simples. Ou está criando dificuldades para colocar preço nas facilidades?
Ah, mas falta dinheiro no caixa da prefeitura? No discurso, Kleber tem dito que está sobrando. Ou seja, mais uma vez se estabelece no contraditório.
Mais. Os empresários se comprometeram (não prometeram) a meter a mão no bolso e bancar parte da obra.
E se tudo isso não bastasse, Kleber aprovou dois financiamentos na Câmara – um de R$40 milhões e outro de R$60 milhões - onde garantiu aos vereadores - e está demonstrado - que parte desses recursos seria exatamente para as obras de infraestrutura e pavimentação da Vidal Flávio Dias.
Mentiu? Se não mentiu, faltou efetiva ação da sua equipe técnica para pegar o financiamento, juntar com o dinheiro em caixa e o ofertado pelos empresários, fazer projetos transforma-los a obra em favor do desenvolvimento da cidade e da comunidade de lá.
E o que faz a tal secretaria de Desenvolvimento Econômico, Renda e Turismo? Está muda, como o seu titular Celso de Oliveira. Vergonhoso. Deveria ser a primeira a empunhar a bandeira de uma solução já entendida como vital e prometida por Kleber. Esta imagem e percepção se espalham contra Gaspar. Na mesma toada está à superintendência dos Distrito do Belchior pelo Belchior Baixo.
Entretanto, nada é pior mesmo do que o comportamento de omissão de Kleber a respeito desse assunto do que “chantagem” que ele quer fazer com os vereadores.
Na semana passada, Rui foi informado pelo gabinete de Kleber – e relatou isso no seu discurso na Câmara - quando ele cobrava pela enésima vez uma solução - de que era preciso esperar à volta da viagem particular do ex-chefe de gabinete, Pedro Inácio Bornhausen, PP, demitido na reestruturação política promovida recentemente para alavancar a campanha eleitoral de Kleber no ano que vem.
Esta semana, Kleber disse que não haverá mais obra na Vidal Flávio Dias se o vereador Cícero não parar que questioná-lo sobre os erros da administração e que poderão até dar a cassação do prefeito se não houver esclarecimentos rápidos.
O que Kleber prova com esses posicionamentos? Que não há um plano de governo para a cidade, mas interesses de pessoas que se confundem com os objetivos políticos de poder. Que não há compromissos institucionais, mas vinganças.
Ora, o que Pedro Bornhausen tem a ver com o assunto se ele já não pertence mais ao governo? Tudo, o que ele tratou, intermediou ou testemunhou em nome do governo que representava, agora vai ficar parado em Gaspar porque ele não está mais no governo? Ou Roni Muller, novo chefe de gabinete, encontrou novas oportunidades para o imbróglio?
Kleber é ou não é o prefeito – ao menos eleito – de Gaspar e não acompanhava esse assunto relevante para o futuro da cidade? O que assumiu não vale na troca de chefia de gabinete? O que faz a secretaria de Planejamento Territorial, a secretaria de Obras e Serviços Urbanos, bem como a secretaria de Desenvolvimento Econômico neste assunto? E a superintendência do Distrito? Não se falam, não estão integradas ou não estão interessadas na solução daquilo que se prometeu à comunidade, empresários e investidores? É impossível perceber a irresponsabilidade coletiva neste e outros assuntos.
E o que tem a ver à atuação de um vereador, ou dos vereadores de oposição se eles não pararem de questionar os erros da atual administração exatamente para os quais eles foram eleitos? Kleber parece que não entendeu ainda o seu papel de líder no contexto em que está inserido. O PSDB que vai indicar o novo superintendente do Belchior, e a vereadora Franciele Daiane Back, que tem o Distrito como base eleitoral que abram o olho. Kleber está trabalhando contra o Distrito. E não é de hoje. Acorda, Gaspar!
Definitivamente, não tem sido fácil a vida nos últimos dias do prefeito eleito, Kleber Edson Wan Dall, do prefeito de fato, presidente do MDB e secretário de Fazenda e Gestão Administrativa, o advogado Carlos Roberto Pereira.
Depois de verem frustrados as suas denúncias no Ministério Público da Comarca, precisando até recorrer à Ouvidoria do MP em Florianópolis, como foi o caso da invasão de uma construção numa APP, os vereadores da oposição vêm sendo ouvidos nas dúvidas e denúncias Tribunal de Contas do Estado.
Em recente caso grave e noticiado só aqui (coluna desta segunda-feira), o TCE mandou parar uma licitação destinada às futuras drenagens para analisar o enquadramento dela nas Leis das Licitações. Estava na de pregão e desde segunda-feira, sucessivas reuniões na prefeitura e Samae, tentam colocar tudo na linha para não brigar com o TCE. Hum!
Agora foi a vez, do conselheiro Wilson Rogério Wan Dall, gasparense do Belchior, notificar o prefeito Kleber Edson Wan Dall, MDB e o seu secretário de Obras e Serviços Urbanos, Jean Alexandre dos Santos. É sobre aquele descarte supostamente irregular de paralelepípedos. Eles foram retirados da Rua Frei Solano, no Gasparinho, para a colocação de tubos e o asfaltamento da rua que depois de três meses, ainda não aconteceu.
E precisava disso? Claro que não! Isso mostra à quão errática, teimosa, provocativa, centralizadora, vingativa e de enfrentamento é a gestão de Roberto Pereira no governo de Kleber.
No dia cinco de janeiro, já na primeira sessão do ano na Câmara, os vereadores Mariluci Deschamps Rosa, Dionísio Luiz Bertoldi e Rui Carlos Deschamps, por requerimento (o número cinco), questionaram Kleber sobre o descarte desse material em si e do local usado para isso. Na verdade, trata-se de um patrimônio do município, pois foi adquirido com os impostos de todos. Resumindo: além da demora na resposta, os vereadores quando a receberam foram enrolados pelo Executivo. Aliás, uma condenável prática e que já custou até a interferência judicial para obrigar o prefeito responder os requerimentos dos vereadores no dentro do prazo definida pela Lei Orgânica e que é de 15 dias.
Insatisfeitos com a demorada e superficiais respostas, os mesmos vereadores voltaram ao assunto e fizeram um novo requerimento, o de número 72, do dia nove de abril, para que o prefeito completasse àquilo que não se esclareceu anteriormente. A enrolação se repetiu.
O que fizeram os vereadores? Foram ao Tribunal de Contas. Deram conhecimento dos seus requerimentos, juntaram documentos que comprovam a chicana do Executivo, com ajuda – mais uma vez – dos artigos desta coluna e com representações que já tramitam no Tribunal sobre todas as dúvidas na drenagem executada na Rua Frei Solano, provando que se trata de um método articulado, falta de transparência, transgressões à legislação e não de um simples erro de procedimental ou administrativo.
O que determinou o conselheiro Wilson Rogério Wan Dall? Jjuntar todas essas informações aos processos sobre as dúvidas da drenagem da Frei Solano e que tramitam no TCE, para que o prefeito Kleber e o seu secretário de Obras se expliquem ao TCE.
E encerro e pergunto mais uma vez? E precisava isso? Quem mesmo orienta essa gente que vive pregando transparência, mas que no fundo esconde tudo e persegue que faz perguntas ou revela fatos reais como os vereadores e à imprensa que lhe dá voz? Acorda, Gaspar!
Quem acompanha as redes sociais, especialmente os políticos daqui, está me perguntando: qual é a do Adilson (ex-prefeito Adilson Luiz Schmitt, sem partido, mas que foi eleito pelo MDB e saiu dele ainda quando prefeito, porque não aceitou ser mandado por gente do partido que não tinha votos).
Respondo: não sei. Eu mesmo já fiz essa pergunta a ele. E descobri que ele não possui respostas e se as possui, esconde-as. Por enquanto, por ser essencialmente um bicho político, sem qualquer ocupação e amarras política de cargos, Adilson se sente solto e tenta mostrar que possui caminhos abertos em todos os partidos. Desmente, aparentemente, a fama de que possui dificuldades de relacionamento.
O certo é que Adilson divide o consultório de médico veterinário na Trinca Ferro com encontros devidamente fotografados e publicados nas suas redes sociais (Instagran e Facebook) e disparos pelo aplicativo de mensagens para gente que possa engrossar o caldo dos seus interesses políticos. Causa preocupação, inveja e ao mesmo tempo irritação porque por aqui faz a mesma coisa.
Eu particularmente, e já falei isso a ele, diversas vezes, penso que o tempo político dele passou. Também por má comunicação e percepção que estava se prendendo à própria armadilha, ficou com o estigma de autoritário criado pelos inimigos. E isso pegou, tanto que não se reelegeu prefeito e quando tentou outra vez, a resposta foi contundente.
Entretanto, Adilson possui boas- e até audaciosas – ideias. Por outro lado, não se conhece manchas à sua reputação administrativa – aqui e nos cargos que ocupou no estado -, mas ao mesmo tempo é essencialmente centralizador, teimoso e quando foi prefeito, teve dificuldades para construir boas equipes ecléticas. Pior, quando ouviu, preferiu gente fraca e por isso pagou caro. Se mudou, terá que provar, não apenas no comportamento, mas nas alianças. É um fuçador, trabalha bem os bastidores e quando quer, articula para resultados. E isso deixa o MDB de Gaspar arrepiado.
Retorno. Os que me perguntam têm lá suas razões. Se ele não está com planos políticos, qual o motivo para tantos encontros e exposição?
Analisem os dos últimos dias: esteve com o deputado Ricardo Alba, PSL, para mostrar o plano de integração viária de Gaspar a Blumenau. Já tinha feito isso com Ivan Naatz, PV, que possui uma foto do esboço desta ligação na porta do seu gabinete. Mais, mostrou essa ideia ao Sindiloja de Blumenau, ao presidente da Acib, Avelino Lombardi e ao vice-presidente da Fiesc, Ulrich Kuhn. Como no caso da Ponte do Vale, ideia que nasceu com ele – na desapropriação dos terrenos – no entendimento com a Acig de Samir Buhatem, Adilson tenta mostrar que a solução viária de Gaspar, é uma solução de mobilidade do Vale.
Nesta semana, Dilson já esteve em Florianópolis. Correu vários gabinetes na Assembleia como Jerry Comper, MDB, o sucessor do finado Aldo Schneider que Adilson trouxe para Gaspar; foi ao gabinete João Amim, PP e ali se encontrou com o senador Esperidião Amim Helou Filho e a mulher, deputada Ângela Amin (foto), além de ter passado no gabinete do Chefe Geral de Polícia Civil, o gasparense Paulo Norberto Koerich, só para mencionar os principais. Ai tem!
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