12/12/2019
Começo com duas desculpas. Elas trazem, na verdade, um retrato acabado do passado e esboça a imagem do futuro dos políticos e da política por aqui. A primeira desculpa é que por obrigação industrial, quando escrevi esta coluna, não sabia quem teria sido eleito presidente da Câmara para o ano que vem, bem como até que ponto, o prefeito Kleber Edson Wan Dall, MDB e o seu novo blocão, ousou, novamente, interferir em outro poder, independente, onde Kleber já foi presidente. Assim, mais que outros, ele deveria conhecer à importância dessa autonomia para a harmonia no seu governo ainda mais diante de tantas trapalhadas, aparelhamento, arrogância, imposições, vingança e sobretudo, muita propaganda enganosa e falta de transparência. A segunda desculpa é, que quando fechei a coluna para manda-la à gráfica, não sabia se a segunda Comissão Parlamentar de Inquérito que se alinhavava nos bastidores chegou mesmo às vias de ser protocolada na Câmara. Como se vê, o destino de Kleber começa a ficar exposto cada vez mais que se aproxima outubro do ano que vem. Brincou com fogo. Coisa da oposição? Que nada! Dos jovens orientados pelos velhos com as velhas práticas de sempre.
No tempo do governo petista de Pedro Celso Zuchi, o Dia dos Pais e o Dia das Mães acabaram “abolidos” das comemorações das escolas e CDIs municipais. Uma questão ideológica e burra. A esquerda do atraso é contra qualquer sentimento familiar. Em nome de uma minoria, não se podia constranger quem por ventura não tivesse pai declarado na certidão de nascimento ou a mãe não pudesse estar nas confraternizações. Além disso, para essa gente, crianças, no máximo, têm “cuidadoras” ou “cuidadores” e não pais (Hum!). No governo do evangélico, ou seja, cristão, Kleber Edson Wan Dall, MDB, as festinhas de encerramento do ano letivo nos Centros de Desenvolvimento Infantil, principalmente, não podem se cantar coisas que lembrem o Natal – uma festa cristã, essencialmente. Não há nada escrito sobre essa estranha proibição – e isso, por esperteza para nada se provar - mas nos aplicativos de mensagens, as orientações informais das diretoras abundam ao professorado. Todos com medo de desafiar o poder de plantão. Ainda bem que a secretaria de Educação - e que agora é área de moeda de troca para as eleições do ano que vem de tão desimportante que é -, não interferiu na apresentação natalina feita nas escadarias da nossa Igreja Matriz de São Pedro Apóstolo, que inclui músicas sacras. Por isso, ela foi um sucesso e emocionou.
O deputado Jerry Comper, MDB, jovem, sucessor do falecido Aldo Schneider e que por aqui tem o presidente da Câmara, Ciro André Quintino, MDB, não foi corajoso, mas petulante. Apresentou na Assembleia um Projeto de Lei para tirar parte do ICMS dos municípios com mais de dez mil habitantes e repassá-los aos com menos de menos mil habitantes. Jerry ignorou que os municípios médios e grandes também têm problemas bem mais complexos e maiores, que os pequenos que nem deveriam existir, porque não possuem sequer condições econômicas de sobrevivência. Eles existem frutos de birras entre vizinhos, ou do ego de políticos e que custam muito aos próprios moradores. O dinheiro que vai para sustentar a administração, as câmaras e o desperdício, falta à saúde, a educação e manutenção mínima e básica dessas cidades.
Tanto o presidente Jair Messias Bolsonaro, sem partido, quanto o seu ministro de Economia, Paulo Guedes, fizeram o oposto que o deputado de primeiro mandato, o jovem Jerry Comper, MDB: estão propondo à fusão dos pequenos municípios que não conseguem se sustentar e são exclusivamente dependentes de repasses de verbas públicas federais ou estaduais. Por esta ideia óbvia e sensata tentativa, estão sendo metralhados, inclusive pela Federação Catarinense dos Municípios, cujo presidente e ex-deputado estadual, hoje prefeito de Tubarão, Joarez Pontecelli, PP – que também não quer perder o ICM que lhe quer tirar Jerry. E por que a Fecam é contra? Os políticos-chupins vão perder cabos eleitorais pagos com dinheiro dos pesados impostos empregados na prefeitura e câmara. Dinheiro escasso e que está faltando em outras prioridades.
Esta é a questão de fundo que moveu Jerry com seu projeto demagogo e despropositado. Alguma dúvida? Então veja os números: salários, gratificações, verbas de gabinete e indenizatórias e outras regalias pagas nas Câmara municipais no ano passado em cidades com menos de 20 mil habitantes, repito, com menos de 20 mil habitantes, custaram a assustadora cifra R$ 16,44 bilhões aos cofres públicos. O dado faz parte do “Anuário Multicidades: Finanças dos Municípios do Brasil”, produzido pela Frente Nacional de Prefeitos (FNP), ou seja, este custo é 2,7 vezes mais do que os municípios arrecadaram, em média com IPTU, se tudo fosse cobrado. Não cobre nem as despesas da Câmara, muito menos dos municípios. É ou não uma vergonha, não apenas a situação de penúria, mas a defesa dela, e a cara de pau para nos esfolar como pagadores de pesados impostos?
Quem assiste a CPI na Câmara contra o prefeito Kleber Edson Wan Dall, acha que é filme velho e repetido do MDB. Ele não teria aprendido nada com o passado. O ex-prefeito Bernardo Leonardo Spengler, o Nadinho, cismava que tinha o corpo fechado. O tempo e instituições provaram que não.
O Ministério Público com Assis Maciel Kretzer, atuante na época, encurtou o mandato de Nadinho. Foi o único prefeito até agora a não finalizar o governo em Gaspar. Foi substituído pelo vice, Andreone Cordeiro dos Santos, PTB, casualmente, neto do primeiro prefeito eleito de Gaspar, João dos Santos.
Adilson Luiz Schmitt eleito com o PP – na primeira união da cobra com o sapo - decidiu enfrentar o MDB que e o elegeu. É o mesmo que manda hoje em Kleber. Deixou o MDB e andou pelo PSB e PPS. Também, mal orientado, ficou com fama de vingador. Ela colou até hoje e não o larga. O esquema de poder não o perdoou pelo voo solo.
Mesmo acuado de todos os lados e depois daquela fatídica entrevista na Rádio Sentinela do Vale onde acusou um monte de gente de corrupta, Adilson sobreviveu ao mandato. O preço foi alto. Não se reelegeu. E quando tentou mais uma vez, perdeu. Três CPIs rondaram a sua vida, mas só sobreviveram como denúncias no Tribunal de Contas e que não deram em nada. Foram a contratação do lixo pela Recicle, os serviços contratados para o cemitério e as lombadas eletrônicas, na Ditran, tocada por Ciro André Quintino.
Outras três CPIs, todavia, vingaram e não deram em nada. Todas tiveram o dedo ou a omissão intencional do MDB que hoje comanda a prefeitura: uma foi por supostamente ter trancado dos servidores no paço; por ter batido no carro da vereadora Ivete Mafra Hammes, MDB. Outra, foi no tempo do petista Pedro Celso Zuchi. Os seus apuraram os serviços emergenciais que a Salseiros, de Itajaí, realizou em Gaspar durante a catástrofe ambiental severa de novembro de 2008.
Se Adilson se livrou das CPIs, não se livrou dos estragos daquela entrevista e da marcação do MDB que o tem como um traidor por não encher a barrosa com os desempregados de sempre do partido. Kleber ao menos, emprega, protege gente embrulhada e não apenas os do MDB. Acorda, Gaspar!
Transparência e prevenção zeros. O assunto foi manchete nacional no portal G1 no dia 28 de novembro. O fato ocorreu no dia 26. A secretaria da Educação da prefeitura de Gaspar tentou esconde-lo. Aqui poucos souberam. A “imprensa é um perigo”. Os perigosos, todavia, são os políticos e gestores públicos irresponsáveis. Alô Conselho Tutelar, puxadinho da secretaria aparelhada de Assistência Social e Ministério Público!
O assunto só saiu do “controle da secretaria” porque o Corpo de Bombeiros e o Samu foram chamados diante da gravidade e emergência, exatamente para ajudar livrar uma criança de um acidente quase mortal em brinquedo no CDI, Mercedes Melato Beduschi, no Bateias.
Se olharem bem o que se esconde, duas crianças outras já perderam o dedo numa porta de CDI. Como se camufla tudo, outras serão mutiladas. E por que? Simples! Ao esconder incidentes ou acidentes tão graves da imprensa, o poder público, por seus irresponsáveis, não trabalha para eliminar os riscos de acidentes. Vergonha! Quando isso vai mudar? Acorda, Gaspar!
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