26/04/2018
O DESBALANÇO DA DEFESA CIVIL I
A atuação técnica da nova gestão da Defesa Civil de Gaspar, liderada pelo bombeiro militar Rafael Araújo de Freitas, fez com que a cidade recebesse dias atrás, quase R$2 milhões da secretaria Nacional da Defesa Civil. São para quatro obras emergenciais. A DC fez a obrigação dela e Brasília, também. As verbas são para a recuperação de danos da enxurrada em 16 de janeiro. Isso é notícia velha. O Cruzeiro do Vale estampou na edição de sexta-feira passada. Todavia, velho, continua o tratamento que o atual governo dá ao setor. A DC só se sente útil e possui o seu valor desejado ou medido pela comunidade, quando a cidade é atingida pelas tragédias naturais. Eficiência, sensibilidade e prevenção das autoridades que a suportam, zero. Espera-se que a visita esta semana ao prefeito Kleber Edson Wan Dall, MDB, do coordenador geral do setor de prevenção e preparação da Defesa Civil Federal, Mushue Dayan Hampel Vieira, tenha servido para algo prático, além das fotos exibidas no site oficial.
O DESBALANÇO DA DEFESA CIVIL II
A DC era algo caricato nos três governos de Pedro Celso Zuchi, PT, mesmo tendo em Blumenau um exemplo nacional e até internacional deste tipo vital de prevenção e proteção às vidas e o patrimônio dos cidadãos. Há também em Itajaí e Brusque, as quais são referências numa escala menor. Mas, sabe quanto a DC de Gaspar tem no Orçamento para a manutenção e investimentos? Pasmem: R$16 mil por mês. Eu sei que Saúde está uma lástima, que faltam mais de mil vagas nas creches, que há problemas de toda ordem na Assistência Social, que a manutenção da cidade possui problemas graves, onde até o capim toma conta de algumas ruas, que há necessidade de obras simples... Entretanto, ninguém poderá ser exigido numa emergência se não se der uma estrutura mínima antecipada para agir. A não ser que a DC seja mais uma cabide de emprego para os do MDB e PP como foi no do PT.
O DESBALANÇO DA DEFESA CIVIL III
Este parece não ser o caso de Rafael cuja nomeação passou por um embate na Câmara e é reconhecido por seu voluntarismo e conhecimento na área. Contudo, até agora, ele não conseguiu criar leis e mecanismos que amparasse a DC para enfrentar minimamente uma tragédia e se ter um grupo organizado para orientar os voluntários (hoje há mais de 120 cadastrados) bem como a uma equipe ínfima, mesmo que não fixa e emprestada de outras áreas da prefeitura, visando uma ação efetiva durante enchentes, enxurradas, deslizamentos, grandes acidentes etc.. Rafael está, de fato, gerenciando uma crise no seu próprio ambiente de gestão para a cidade ter uma DC disponível para os cidadãos gasparenses. É uma doação aqui, favores lá, uma ajuda acolá com entidades, empresários, empresas e ambientes públicos daqui e de outras esferas. E assim vai. Menos mal, mas não pode ser essencialmente assim. Na hora da tragédia a cidade não pode depender de favores.
O DESBALANÇO DA DEFESA CIVIL IV
Rafael está literalmente com o pires na mão. Não que isso não seja necessário e louvável, mas não pode ser a única fonte para algo tão essencial – devido as nossas circunstâncias históricas e exposição para os desastres naturais - na orientação e proteção da população, bem como na busca de ressarcimentos como aconteceu com os R$2 milhões. Hoje, com Rafael, esse sistema precário funciona devido ao seu estilo, influência e determinação. E amanhã? Entre os dias 14 e 17 de maio haverá um simulado de enchente. É o primeiro. Um teste para o sonho, improviso e a falta do essencial. Rafael não se desanima, todavia não está conformado. Há uma preparação. Diante de tudo o que se colhe numa correspondência que circula na cidade alertando para o evento, mostrando as fragilidades e o que está se fazendo para esse exercício, está claro que se tenta um milagre. Definitivamente não pode ser assim. Acorda, Gaspar!
Esta semana foi agitada. Há três retratos. Um mostrou que a administração de Kleber Edson Wan Dall e Luiz Carlos Spengler Filho, PP, ainda vagueia 16 meses depois de assumir o governo.
O outro exibiu uma oposição alternando ações efetivas de fiscalização ao Executivo com a irresponsabilidade para criar na Câmara altas despesas para os gasparenses pagarem, isto sem falar no passeio de um assessor parlamentar pelo exterior em pleno horário de trabalho.
O terceiro, os adversários políticos aproveitando-se dos erros de gestão, colocaram na conta político e do prefeito de Ilhota, Érico de Oliveira, MDB, um acidente de trânsito, fatídico, fruto unicamente de um ato pessoal do cidadão Érico. Misturaram propositadamente coisas diferentes. Ruim, heim!
Sobre o primeiro retrato. O emprego público duplo e contra a Constituição do secretário de Planejamento Territorial, o engenheiro Alexandre Gevaerd, oriundo do PT, denunciado na Câmara pelo vereador Cícero Giovane Amaro, PSD, levou Kleber e os seus a outro erro.
Até a denúncia havia defesa como erro, da suposta ingenuidade. Depois dela vir a público e se insistir na defesa do erro, reclamar da mídia e culpar a oposição, apostar no suposto tráfico de influência no judiciário, ministério público e Tribunal de Contas, é deixar mais gente exposta e aumentar o risco, autenticando o crime de improbidade administrativa.
O ex-secretário de Fazenda e Gestão Administrativa e prefeito de fato, Carlos Roberto Pereira, advogado, nesta comeu mosca. Pior mesmo, foi a procuradoria geral – com oito técnicos especialistas - onde tudo foi avalizado.
Eles só existem e são pagos para proteger o prefeito, a administração nas exigências administrativas e jurídicas. Quem mesmo orienta essa gente? Para que esse sangramento? Querem expor, enfraquecer e cassar Kleber? Se continuar assim, nem oposição ele precisará. Os próprios assessores cuidarão disso com invejável maestria.
Ou Gevaerd vai trocar o emprego de professor concursado por um político comissionado? Ou vai se apagar o que já está errado por 16 meses?
O outro retrato é dos gulosos do nosso dinheiro. Você sabe quanto a Câmara de Gaspar tem, no mínimo, este ano pela lei Orçamentária (nº 3.820) das receitas dos impostos dos gasparenses? R$7.075.500,00.
Desses, R$4.485.000,00, estão provisionados para Folha de Pagamento e encargos Sociais. O inchaço pretendido e que pode chegar a mais de R$1 milhão por ano se baseia em cálculos de que haverá mais arrecadação dos gasparenses no futuro.
Noves fora, vai faltar dinheiro para luz e telefone... E para a construção do prédio, nem empréstimo será possível por falta de receita para tal.
(*)
Aliás, neste assunto, a majoritária oposição não quer mais polêmica, pois sentiu o bafo dos eleitores na discussão. Vai tentar “surpreender”. Diz que as matérias vão a plenário quando tiver maioria garantida dos vereadores. Hoje diz ter oito dos 13 vereadores.
Ciro André Quintino, MDB, quando presidente, foi mais inteligente. Em conversas com os vereadores queria aumentar os salários deles. Os arranjos contra o dinheiro do povo vazaram aqui. Bafafá! Ficou exposto. A contragosto, recolheu as armas quando testou à disposição dos vereadores diante da repercussão negativa na cidade. Nada foi a plenário.
Ciro engoliu a seco. Agora, a oposição quer inchar a Câmara, com cargos de altos vencimentos e comissionados. O primeiro projeto já apareceu: o de procurador geral com R$9 mil de salários por mês.
Os outros deveriam aparecer logo, a se supor pelo discurso do presidente da Câmara, porta-voz do inchamento, como relatei na coluna de terça-feira no portal Cruzeiro do Vale, em “O vereador Silvio Cleffi, PSC, quer fazer da Câmara de Gaspar um cabideiro milionário de empregos e um reduto de propaganda com verbas públicas”. A ideia é do PT, PDT e PSD.
Ora. Se a oposição diz ter oito votos dos 13, ela sabe que conta com o voto Wilson Luiz Lenfers, PSD, que fez um relatório colocando dúvidas do PL que autoriza a contratação de um “procurador geral” comissionado.
E também conta com um voto da bancada de apoio de Kleber Edson Wan Dall, MDB. E para isso, no pacote deverá estar o aumento de salários dos vereadores. Ciro não esconde simpatia pela ideia. Já quanto ao voto...
(*) Por um erro meu de transmissão à redação, esta parte final não está na coluna impressa do jornal Cruzeiro do Vale, e que publico apenas no portal por julgar ser ela importante para completar o pensamento que expressei sobre o assunto e assentar o entendimento de futuros comentários sobre o mesmo tema. Não houve tempo hábil para inclui-la depois que descobri o meu cochilo. Desculpas aos leitores e leitoras do jornal impresso. Atualizado às 22.31 de 26.04.2018.
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