O elefante está com medo da formiga? - Jornal Cruzeiro do Vale

O elefante está com medo da formiga?

08/07/2019

O poder de plantão em Gaspar só aceita ‘ajuda’ do esquema político que domina ou lhe serve na troca de favores e submissão, mesmo que isso traga prejuízos à cidade e aos cidadãos

Esta foto causou ciúmes e preocupações entre os políticos daqui. Incrível! Os representantes da PSL do Vale com deputado Federal Coronel Armando (de paletó), em Joinville, com Marciano à sua direita, exibindo o mapa de ligação intermunicipal alternativa com Blumenau.

Esta foto acima FOI publicada nesta coluna de segunda-feira passada, feita especialmente para o portal Cruzeiro do Vale, o mais antigo, atualizado e acessado de Gaspar. Ela causou “ciúme”, preocupação e indignação do poder de plantão liderado pelo MDB, presidido pelo prefeito de fato e secretário da Fazenda e Gestão Administrativa, Carlos Roberto Pereira. Incrível!

O MDB quer exclusividade nas ideias, articulação e perpetuamente na execução manca que faz de seus projetos, supostamente favor de Gaspar. Impressionante! É incapaz, de trabalhar em grupo, articulado pela cidade e cidadãos e que não estejam alinhados incondicionalmente com seu esquema político de poder. Afinal, Kleber Edson Wan Dall, MDB, é ou não o prefeito de todos os gasparenses? Ou é apenas dos interesses do seu grupo interessado na sua reeleição?

Enquanto os prefeitos de antes e agora só pensaram – e pensam - em “grandes” obras para o marketing político deles visando unicamente à perpetuação do poder – e se deram mal no objetivo de se manter no poder e os de hoje ainda não levaram este fato histórico em consideração - ou no varejo populista - e também não se saíram bem -, a interdição da Rua Nereu Ramos das últimas semanas, mostrou que os do poder de plantão de ontem e de hoje se descuidaram do essencial: a mobilidade por novos e alternativos caminhos dentro da própria cidade.

Resumindo: Gaspar está metida entre o Litoral – com portos, aeroporto, Capital, BR-101 -, Médio Vale e o Itajaí Mirim. Estamos ainda, dependentes de eixos naturais de deslocamentos –e resultados de picadas - abertos à beira do Rio Itajaí Açú quando a ocupação se deu no século 19. Este fato por si só no século 21, mostra o atraso da cidade, seus líderes, técnicos e políticos.

A primeira iniciativa para mudar esta natureza foi no final do século passado. Foi comemorada como algo extraordinário: a Avenida Francisco Mastella – a que permitiu tirar o único fluxo da Coronel Aristiliano Ramos. A segunda, só aconteceu neste século e é muito recente: a ligação da Rodovia Ivo Silveira com a Rodovia Jorge Lacerda, via o Macucos. Detalhe: graças ao MDB quando era oposição ao PT, num acordo com o governo do estado para deixar parte do ICMS daqui, aqui. A terceira, tão recente quanto, foi a Ponte do Vale para se tornar a principal ligação da cidade com a BR 470. Foi uma iniciativa da Acig e Acib, que teve o patrocínio do PT da então senadora Ideli Salvatti e depois do prefeito Pedro Celso Zuchi. Não menos importante, foram as ligações esporádicas do Gaspar Grande com o Gasparinho entre outras.

Entretanto, entre o populoso bairro do Bela Vista e o vizinho Figueiras, não há nenhuma ligação alternativa à velha picada, que virou a estadual SC 470 – ou Rodovia Jorge Lacerda – e que agora é a municipal Anfilóquio Nunes Pires. Existe uma barreira de morros. É até compreensível. Contudo, se ninguém começar e investir, nada sairá. E do Figueira para a Coloninha onde tudo é plano? Como lhes relatei em outra coluna aqui, estamos atrasados há mais de 20 anos desde que o ex-prefeito Bernardo Leonardo Spengler, o Nadinho, MDB, iniciou as primeiras desapropriações.

Exagero? Então veja diariamente o resultado desse atraso no improviso que se faz para vencer menos de 100 metros da atual interdição da Rua Nereu Ramos, a que já foi picada e também a SC 470.

O QUE “PEGOU” NAQUELA FOTO ENTRE POS POLÍTICOS DO PODER DE PLANTÃO?

Primeiro que o mapa que o pessoal do PSL segura é exatamente o que cuida da mobilidade interna de Gaspar e cria uma nova rota com Blumenau – para ligar à Rua Pastor Rudolf Osvald Hess quase no Centro da cidade de lá ou à Rua da Glória, no Distrito do Garcia - via Morro da Garuba. Vai que o governo do estado liderado por Calos Moisés da Silva, PSL, se interesse por esse assunto...

O atual poder não pensa em Gaspar e nos gssparenses. Pensa em concorrência aos seus planos. É incapaz de pensar que a nova ligação é uma complementariedade aos projetos que estão na prancheta ou até em execução; não enxerga como mais uma alternativa ao atual “contorno” que se engendra com empréstimos já aprovados pela Câmara de Vereadores.

Segundo. As obras sugeridas na foto que o PSL segura, apenas aproveitam picadas de outrora, caminhos de hoje e já existentes. É a história repetida da SC 470, Nereu e Anfilóquio que o tempo as tornou ligação essencial entre os gasparenses e com seus vizinhos no Vale. São exequíveis e de baixos custos, diferente por exemplo, daquele milionário Anel de Contorno enjambrado pelo governo de Raimundo Colombo, PSD, feito assim, exatamente para não sair do papel e quem apenas ganhou com ele, foi a Iguatemi que o projetou e não se sabe se está pronto.

Ora! Esse traçado alternativo não elimina ou concorre com os planos do MDB, do poder de plantão e de Kleber. Ao contrário. São complementares. Se iniciados e executados, todos ganharão: a cidade e os gasparenses.

É a mesma coisa que o governo de Zuchi trabalhasse contra a pavimentação da velha picada e que virou a estrada do Macucos, campanha apadrinhada pelo MDB na oposição para ter apenas a ponte do Vale pronta. Incompreensível esses políticos que dizem defender o povo, mas desde que eles políticos sejam os únicos donos da glória. Por votos e poder, mesmo se dizendo novos e agentes de mudanças, são iguais aos velhos nos métodos e incapacidade de se unirem por causas comuns pela cidade.

E o que pegou de verdade na foto acima e que publiquei na segunda-feira passada? Foi ver nela o deputado Federal Coronel Armando – Luiz Armando Schroeder Reis – PSL, de Joinville, interessado em defender na bancada parlamentar catarinense, a inclusão de verbas no Orçamento da União que possam contemplar à construção de uma terceira ponte em Gaspar, ali perto da Havan para ligar com o Distrito do Belchior e BR-470, bem como de uma outra em Blumenau, nas imediações do Sesi.

Para o poder de plantão de Gaspar, é um “perigo” esta defesa por mais mobilidade se ela não for feita por gente do MDB apoiada aqui, como os deputados federais Rogério Peninha Mendonça (Ituporanga) ou Carlos Chiodini (Jaraguá do Sul). É melhor a cidade perder a oportunidade de avançar (aliás este é o mais novo slogan marqueteiro de Kleber depois que o da tal eficiência foi por água abaixo) do que um outro que não seja do grupo do poder de plantão e que quer se perpetuar no poder político da cidade.

No mesmo barco de boicote do poder de plantão em Gaspar mirou contra o deputado estadual Ricardo Alba, PSL. Quer a sua ajuda, mas não o reconhecimento.

A mobilidade –e não está só na abertura de ruas, avenidas e rodovias – mas nos modais de transportes – e Gaspar está há muito improvisando. Não vou longe. Kleber está no terceiro ano de governo, mas o transporte coletivo urbano é o mais caro, improvisado e não conseguiu colocar um edital de concorrência na praça.

Como se pode falar em mobilidade se não há uma prática e política de transporte coletivo? Se isso não é uma discussão regionalizada num ambiente de forte adensamento urbano e numa cidade parte de uma região metropolitana?

E para piorar, os políticos que escolhem seus técnicos por critérios políticos, recusam-se à inserir o nome deles na história da mobilidade pelo futuro dos cidadãos, seus eleitores. Desconhecem que isso se trata na verdade de qualidade de vida, bem-estar, desenvolvimento e geração de mais renda.

E para encerrar. O elefante que está com medo da formiga? É isso? Quando perceber, o paquiderme estará dentro do formigueiro e ai... Acorda, Gaspar!

“O prefeito não deve desculpas a ninguém”, diz o seu líder na Câmara sobre o atraso de seis meses da repavimentação e urbanização da rua Frei Solano

 No debate na Câmara, o vereador Dionísio (a esquerda) pediu que o prefeito Kleber (ao centro) se desculpasse pelo atraso de seis meses para repor a pavimentação da Frei Solano decorrente de erro da sua equipe técnica. Em defesa, o líder do prefeito, Anhaia (à direita) disse que Kleber não deve pedir desculpas a ninguém, pois teria sido a oposição – que não possui interferência nenhuma nos editais de licitações da prefeitura - a causadora do atraso – que escondeu a causa - do asfaltamento.

Depois que os discursos, entrevistas sem perguntas, posts nas redes sociais de fanáticos e dependentes de empregos públicos foram desmascarados aqui naquilo que afirmava o governo de Kleber Edson Wan Dall, MDB, de que o atraso de mais quase seis meses da re-pavimentação e urbanização da Rua Frei Solano, no Gasparinho era culpa dos vereadores da oposição, o líder do prefeito na Câmara, vereador Francisco Solano Anhaia, MDB, foi cobrado pelo vereador do bairro, Dionísio Luiz Bertoldi, PT.

“O prefeito deveria reconhecer que errou neste caso e pedir desculpas não a este vereador, mas ao povo do Gasparinho e da Frei Solano”, pontuou Dionísio. “O prefeito Kleber não vai e não deve pedir desculpas a ninguém”, enfatizou Anhaia em resposta contundente a Dionísio, culpando-o, mais uma vez, pela situação caótica da rua e do bairro e que só agora poderá ser revertida.

No artigo que publiquei na segunda-feira passada sob este título: “a mentira tem pernas curtas. Depois de seis meses do assentamento dos tubos da drenagem cheia de dúvidas técnicas e administrativas, a prefeitura de Gaspar contratou a urbanização e o asfaltamento da rua Frei Solano”, mostrei que os questionamentos técnicos e administrativos dos vereadores de oposição sobre a obra de drenagem, principalmente os de Dionísio e Cícero Giovane Amaro, PSD, nada tinham a ver com a não recuperação da pavimentação da rua depois do “enterro” dos tubos na Frei Solano. Foi falta de planejamento sincronizado tanto da secretaria de Planejamento Territorial, secretaria de Obras e Serviços Urbanos, bem como da Fazenda e Gestão Administrativa.

No afã de fazer rápido a drenagem daquela rua para escapar das possíveis enxurradas de água e consequente das queixas no verão passado dos moradores de lá como prometeram na campanha eleitoral, os técnicos da prefeitura esqueceram de comprar o asfalto e o serviço para colocá-lo depois do assentamento dos tubos.

Mesmo diante de tantas evidências, Anhaia, todavia, continuou na falsa ladainha do poder de plantão feita para analfabetos, ignorantes e desinformados.

Culpou Dionísio e a oposição por atrasarem à votação do Projeto de Lei que autorizou a execução dos serviços de drenagem em Gaspar sair da secretaria de Obras e ir para o Samae (uma jogada de dinheiro no caixa do governo); culpou Dionísio e a oposição pelo atraso do Projeto de Lei que autorizou os empréstimos para as grandes obras – o que de fato não confere, pois depois do ensaio de tentar esmiuçar o PL, a própria oposição cedeu e deu maioria de forma rápida a Kleber em tudo o que o governo queria -, e Anhaia continuou a culpar Dionísio e a oposição por pedir explicações sobre a execução da obra levando as dúvidas para o Ministério Público e o Tribunal de Contas do Estado.

Mas, perguntar, não ofende. Pedir explicações ao prefeito sobre os projetos de Lei não é obrigação dos vereadores? E quem atrasou as respostas, não foi a própria prefeitura que só fez isso de forma incompleta à base de mandado judicial? O que a prefeitura de fato quer esconder? Ou é apenas birra, a qual trabalha contra a cidade e os cidadãos? Pedir explicações sobre as obras executadas, não é obrigação dos vereadores? E quem vem se enrolando nas respostas não é a própria prefeitura? Pedir aos órgãos de controle apuração de dúvidas, não é obrigação dos vereadores, os ditos fiscais do povo?

E mesmo assim, tudo isso, nos dois últimos casos da Rua Frei Solano e que se entrelaçam sobre a drenagem da rua Frei Solano - nada interferiu na re-pavimentação ou reurbanização da rua. Resumindo: a desinformação e a confusão neste assunto é proposital para que nada se esclareça e a culpa fique com quem deu verdadeiramente causa à poeira, lama e prejuízos aos moradores e comerciantes da Rua Frei Solano.

Como demonstrei naquele artigo e lembrou o vereador Dionísio na sua intervenção na Cãmara na terça-feira passada, citando esta coluna – ou seja nada como um dia após o outro para o PT, o meu maior crítico lavar a minha alma -, só agora, o Executivo fez a licitação para essas obras.

Concluindo: faltou então planejamento e sincronia. Erraram os que deveriam ajudar Kleber a ser eficiente. Kleber deve desculpas, sim. A arrogância – dele, mas principalmente do seu grupo que vive do poder e o orienta - é que não permite esse gesto de grandeza ao povo do Gasparinho. Por causa dessa má orientação, uma vez o prefeito Kleber teve que interromper às pressas uma das suas muitas viagens que faz a Brasília e ir às pressas à Câmara pedir desculpas aos vereadores, aos servidores e à população, por ter incitado os seus nas suas redes sociais a lhe apoiar a fórceps nas suas ideias.

Parece que não aprendeu e continua em má companhia. Acorda, Gaspar!

Mais uma vez, a falta de eficiência da equipe técnica feita de políticos e cabos eleitorais apadrinhados do governo Kleber avança sobre o falho planejamento.

E a reurbanização da rua Itajaí pode atrasar ou então alterar substancialmente seus custos

Por anos, os moradores da Rua Itajaí, em Gaspar, esperaram pela reurbanização dela desde a Rua Aristiliano Ramos até o entroncamento da Avenida Francisco Mastella, no Ginásio de Esportes João dos Santos. A obra começou a ser executada a todo vapor pela gasparense Pacopedra – uma garantia de começo e fim dos trabalhos e com qualidade. Ela vai custar algo em torno de R$8 milhões.

Propaganda para todos os lados. E fez bem o governo de Kleber Edson Wan Dall, MDB, em comemorar tal feito depois de tanta pressão da comunidade e diante de tantas desculpas e adiamentos que vem desde o governo do ex-prefeito Pedro Celso Zuchi, PT.

O que está acontecendo agora e se esconde nas explicações oficiais? A obra está parando. E por que? Como no exemplo da Rua Frei Solano, uma coisa não se encaixa na outra, exatamente por falta de planejamento, ou diálogo mínimo entre os vários setores da prefeitura como a secretaria de Planejamento Territorial, a secretaria de Obras e Serviços Urbanos, bem como a da Fazenda e Gestão Administrativa, veja bem, tocada pelo prefeito de fato, Carlos Roberto Pereira, MDB.

O que pega agora para a tão esperada reurbanização da Rua Itajaí? A concorrência 06/2019 feita para a “execução do sistema sanitário e que está orçada no lance máximo de R$2.944.054,91, sem os costumeiros aditivos e que podem chegar até 25% da obra. O edital foi lançado agora no dia primeiro de julho. E nesta data os trabalhos da reurbanização já estavam a pleno vapor. Incrível!

E quando vão ser abertos os envelopes desta concorrência pública? Só na manhã do dia dois de agosto. Supondo que ninguém conteste o resultado da licitação e dê tudo certo, a vencedora desta obra – se não for a própria Pacopedra – até se preparar, montar o canteiro, mobilizar seu corpo técnico, detalhar o projeto e contratar gente para a execução, só começará de fato lá por meados de setembro. Entenderam o nó da questão e como a prefeitura se perde nas próprias pernas por falta de liderança, organização, comando técnico e operacional?

É uma atrás da outra. A prefeitura e os seus estão, mais uma vez, diante de uma escolha de Sofia.

Se a prefeitura continuar a reurbanização da Rua Itajaí no estágio em que ela está, colocará fora o dinheiro dos pesados impostos dos gasparenses, que servirão para pagar os empréstimos dessas obras. E por que? No futuro, a prefeitura terá que gastar mais para reparar a implantação do esgotamento sanitário numa reurbanização recém feita. Fora de timming, o esgotamento danificará a reurbanização que já estiver concluída. Simples assim.

A outra escolha é a de paralisar a reurbanização da Rua Itajaí no estágio em que está. Esta opção obriga, pela ordem natural das coisas, à espera da implantação do esgotamento sanitário. Seria mais sensato, menos custoso e com ares de probidade administrativa. Ou seja, sacrifica-se por mais dois meses os moradores da Rua Itajaí, causa prejuízo ao empreiteiro que terá que parar a obra com toda a estrutura que contratou para executá-la no tempo que o edital exigiu, prejuízo que certamente ele vai cobrar de uma forma ou de outra da prefeitura.

Nos dois casos, a conta – menor ou menos, dependendo da escolha - virá para os mesmos pagadores de pesados impostos. Não seria o caso de mais uma vez o prefeito Kleber pedir desculpas, ou de ser responsabilizado administrativamente? Acorda, Gaspar!

A cidade e suas imagens I

 

Samae inundado. Eu escrevi e mostrei em vídeo e fotos que a Segurança nas obras e serviços executados pela prefeitura de Gaspar – incluindo o próprio prefeito Kleber Edson Wan Dall, MDB -, não era uma preocupação prioritária. Gerou problemas com o olho da Promotoria do Ministério do Trabalho.

Entretanto, o assunto persiste e as lições do passado pouco importam. Vejam estas imagens do Samae de Gaspar, governado pelo mais longevo dos vereadores de Gaspar, José Hilário Melato, PP, e que trabalhou num ambiente empresarial onde esta situação não permitida: o terceirizado tinha o contrato interrompido e se empregado ele e o chefe, de demissão.

A empresa que pinta o prédio do Samae não usa EPI – Equipamento de Proteção Individual. Seus empregados estão trepados em escadas a sete metros de altura. A lavação do prédio aconteceu da mesma forma. E o contratante Samae pensa que está livre da solidariedade em caso de acidentes? Falta orientação jurídica, fiscalização, responsabilidade e gestão dos responsáveis. O Samae também está com memória curta e aprendizado zero. Há um ano, exatamente por falta de EPI, um terceiro que consertava o telhado do prédio do Samae caiu e quase morreu. É tudo isso que a prefeitura e o Samae querem que se escondam da cidade. Acorda, Gaspar!

A cidade e suas imagens II

O que escrevi num dos tópicos da coluna se segunda-feira passada aqui no portal? Por preguiça, vou repetir parte do texto:

A Ditran, esvaziada há muito tempo e não é desta administração, não possui gente para orientar e controlar permanentemente o desvio. Em muitos horários só há viaturas com o alerta ligado. Aceitável, desde que não haja emergência, mas abre oportunidade aos abusos. Nem a sinalização adequada colocou lá. Segundo do Código, só uma placa, oficial como a que mostro acima para o caso da ponte Hercílio Deecke, no Centro. Ela colocada cabeceira da ponte. Só assim, se é capaz de impedir trânsito de veículos com mais de quatro toneladas e autorizar multas, guinchamentos no desvio, mesmo que antes, haja informações ou advertências em faixas que naquele desvio não serão permitidos veículos com mais de quatro toneladas.

Bingo. Sabe o que ocorreu? Caminhões tentaram e começaram a passar pelo desvio, em alguns pontos muito estreito, e até com curvas acentuadas para eles. E sabe o que aconteceu? Nada! E por que? Por falta de uma sinalização oficial (placa). Os profissionais do volante conhecem o Código Nacional de Trânsito. Os agentes também. Só quem não fez a sua parte foi a Ditran à favor da disciplina, fluxo e segurança. A esquerda, acima, mostro um exemplo de placa oficial. Ela impede à passagem de veículos na ponte Hercílio Deecke. E a direita, os caminhões no desvio da Rua Olga Bohn na ligação entre a Nereu Ramos e a Anfilóquio Nunes Pires. Acorda, Gaspar!

A cidade e suas imagens III

A abertura de uma rua num loteamento no bairro Sete de Setembro obrigou à detonação de rochas na sexta-feira à tarde. Pânico entre os moradores das ruas Frederico Nicolau da Silva, Nelson Goedert e Blumenau.

Eles perceberam durante a semana uma movimentação estranha no local. Souberam que uma empreiteira se preparava para a detonação de rochas. Procuraram a Delegacia de Polícia e não puderam registrar um Boletim de Ocorrência para investigar e impedir preventivamente o ato sem a segurança mínima; o fato não havia acontecido segundo argumentaram o pessoal da delegacia.

Na prefeitura, no Planejamento Territorial e Superintendência de Meio-ambiente todos se eximiram de alguma responsabilidade ou de apuração da intenção. Na Defesa Civil, o titular orientou que se procurasse o Exército, pois toda detonação por explosivos, se regular, teria que antes ser autorizada pelo Exército e pela lei, comunicada aos vizinhos para a busca de proteção.

Resumo da história. Houve a detonação e danos às casas de região com residências de classe média.

Agora, os moradores que não foram avisados previamente da detonação com manda a lei para esses casos, que ficaram expostos ao perigo, que alegam terem tido prejuízos, querem ir ao Ministério Público para tirar tudo a limpo, principalmente a omissão prévia das autoridades neste assunto incluindo a prefeitura e a empresa de terraplanagem. Acima, a detonação amplamente filmada pelos moradores e a ata que fizeram com abaixo-assinado para pedir explicações e indenizações. Acorda, Gaspar!

TRAPICHE

Na coluna de sexta-feira e feita especialmente para a edição impressa do jornal Cruzeiro do Vale, o mais antigo, de maior circulação e credibilidade em Gaspar e Ilhota, mostrei como o governador Carlos Moisés da Silva, PSL, autorizou o repasse de R$600 mil por ano ao Hospital de Gaspar, mesmo não se sabendo quem é o seu verdadeiro dono.

O ex-governador Raimundo Colombo, PSD, por mais de sete anos e Eduardo Pinho Moreira, MDB, por quase um ano, não conseguiram cumprir a promessa – e obrigação - de dar R$11 mil por mês (algo em torno de R$132 mil por ano).

Na sessão da Câmara na terça-feira passada, o presidente Ciro André Quintino, MDB, prestou contas da sua viagem à Brasília. Afirmou que conseguiu R$140 mil para compra de equipamentos para o Hospital de Gaspar, sem especificar qual ou quais. Esta verba é oriunda daquelas do orçamento impositivo. É da cota do deputado Carlos Chiodini, MDB, de quem Ciro é seu cabo eleitoral por aqui.

Nenhuma doação para o Hospital de Gaspar deve ser desprezada. Mas, está na hora de deixar os discursos e ir à prática às verdadeiras necessidades do Hospital. O que adianta doar equipamentos que ele não precisa e na outra ponta fazer lucros para os produtores desses equipamentos? Em ano anterior, um deputado estadual conseguiu uma dúzia de desfibriladores. Para que tanto?

Equipamentos são bem-vindos ao Hospital. Mas, antes é preciso fazer uma lista do que é necessário e ir atrás deles, como por exemplo melhoria das salas cirúrgicas, laparoscopia, ou até o desejado aparelho de ressonância magnética que servirá não apenas ao Hospital, mas também à comunidade como um todo. Não podemos ficar a reboque de qualquer doação, mas buscar as prioritárias e necessárias.

Mal comparando. Na defesa do Hospital e da Saúde pública de Gaspar, que segundo eles está bem melhor, os vereadores de Kleber Edson Wan Dall, MDB, na Câmara, lembraram as cenas deprimentes de doentes nos hospitais federais, estaduais e municipais do Rio de Janeiro, um estado e uma cidade falidos, tomados por bandidos de todos os tipos. Por que os políticos insistem em se comparar sempre com o pior para se sair bem, e não com o melhor benchmarking sempre usada pelos vencedores? Acorda, Gaspar!

Registro I. A que ponto chegamos. A Câmara aprovou o Projeto de Lei 37/2019 de autoria de Mariluci Deschamps Rosa, PT, Franciele Daiane Back, PSDB e Cícero Giovane Amaro, PSD. Ele proíbe à nomeação de comissionados pela prefeitura de Gaspar que tenham sido condenados, em última instância e que é coisa longa, com base na Lei Maria da Penha. E era preciso uma lei dessas? Mas, como na política a ética e à normalidade de conduta é uma letra morta entre os poderosos no plantão...

Registro II. Por outro lado, fica comprometido o discurso da ressocialização e da segunda oportunidade.

Registro III. Já está em casa se recuperando e esta semana já aparece na Redação, o proprietário e editor do jornal e portal Cruzeiro do Vale, Gilberto Schmitt. Ele foi submetido no Hospital Santa Isabel, de Blumenau, e referência neste assunto em Santa Catarina, a um cateterismo de emergência.

Registro IV. O Zé da foto. Tem político de Gaspar que nunca trabalhou de verdade na vida e que sobrevive das tetas públicas. Nas redes sociais, vive postando fotos com supostos encontros com outros grupos de políticos. Qual a intenção? Evitar o ostracismo e se mostrar como articulador, que possui trânsito fácil com todos e principalmente, valorizar o passe como se ele tivesse valor algum.

Registro V. A gasparense Jussara Cristina Wandalen Schmitz, entre as cinco mil inscritas no Brasil, é uma das 50 finalistas do Prêmio Educador Nota 10, da editora Abril em parceria com a Rede Globo. Ela é professora do Colégio Estadual Frei Godofredo e para a escolha, apresentou o projeto "Costurando a Matemática", no segmento do Ensino Fundamental.

Registro VI. O Colégio Frei Godofredo recentemente teve a sua ex-diretora e escolhida no voto de ampla maioria da comunidade escolar, Viviana Maria Schmitt dos Santos, afastada pela secretaria de Educação. É que entre outras coisas, autorizada, ela usou o dinheiro da APP para pagar professor substituto temporário. O objetivo dela era não deixar parte dos alunos do Colégio sem aulas, enquanto a burocracia do governo estado não conseguia à reposição de um docente temporário. Se fosse omissa, o Colégio também não teria sido o principal público da cidade no Enem.

Transparência. Recente resolução da Mesa Diretora da Câmara de Gaspar mandou identificar dois carros daquele poder. Era sem tempo. Um é o carrão Toyota Corolla, placas QJS-8474 adquirido há poucas semanas e o outro é Chevrolet Spin, placas OKG-5469. Ufa!

Ao mesmo tempo, em outra resolução disciplinou quem dirige, usa e autoriza e como se controla o uso desses dois veículos, bem como as responsabilidades pelos danos. Será que haverá fiscalização? Deixa chegar a campanha política.

O projeto que trata sobre as diretrizes orçamentárias para o exercício de 2020 deu entrada ontem na Câmara. Mas, sinceramente, quem mesmo vai se dar ao trabalho de olhar com lupa esse assunto? Há previsão de R$226 milhões de receitas, sendo que as líquidas estão em torno de R$222 milhões. Acorda, Gaspar!

 

Comentários

Herculano
10/07/2019 06:59
COM SINAIS FAVORÁVEIS À APROVAÇÃO, CÂMARA DEVE VOTAR REFORMA DA PREVIDÊNCIA NESTA QUARTA

Plenário esgotou fase de discussão no início da madrugada; 'testes' mostram apoio suficiente para aprovação

Conteúdo do jornal Folha de S. Paulo. Texto de Ranier Bragon, Danielle Brant , Thiago Resende e Thais Arbex, da sucursal de Brasília. Após uma pressão de siglas do centrão, a Câmara encerrou à 0h43 desta madrugada a fase de debates da reforma da Previdência e convocou nova reunião para esta quarta-feira (10) para a votação da proposta, que é a prioridade legislativa do governo de Jair Bolsonaro.
?
A expectativa dos parlamentares é que às 10h30 haja quorum para retomada dos trabalhos.

Ao rejeitar no final da noite desta terça (9) um requerimento protelatório da oposição e ao aprovar na madrugada o encerramento dos debates, o plenário deu sinais favoráveis à reforma - 331 votos a 117 e 353 votos a 118, respectivamente - é preciso 308 dos 513 votos para a aprovar a nova Previdência.

Apesar disso, a terça foi marcada por longas negociações que inviabilizaram a votação da proposta nesse dia, como era planejado inicialmente pelo governo.

Mais verbas, demandas de estados e municípios e uma desconfiança generalizada com o presidente da República formaram o impasse.

O governo federal acelerou a liberação de emendas orçamentárias e ofereceu um lote extra aos parlamentares, mas isso não foi o suficiente.

Apesar de na campanha ter adotado o discurso de que colocaria fim ao toma lá dá cá na relação com o Congresso, o governo ofereceu a cada parlamentar fiel um lote extra de R$ 20 milhões de emendas (em um total de mais de R$ 3 bilhões), que é o direcionamento de verbas do Orçamento para o reduto eleitoral dos parlamentares.

Além disso, acelerou o empenho - registro oficial de que pretende executar aquele gasto - das emendas ordinárias: liberou quase R$ 1 bilhão na véspera da votação - R$ 2,6 bilhões só nos seis primeiros dias úteis de julho, segundo levantamento do gabinete do líder da oposição, Alessandro Molon (PSB-RJ).

Partidos pressionam por um volume maior de empenho de emendas e também manifestam desconfiança de que o governo, passada a votação, irá descumprir a sua palavra. É normal, por exemplo, que empenhos fiquem anos na gaveta, sendo cancelados sem execução.

Maia, que se tornou o principal fiador da reforma, tenta contornar as insatisfações. Entre outros pontos, discute com o presidente do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP), compromisso de ele segurar a votação da reforma no Senado até que o governo cumpra a promessa de liberar, de fato, o dinheiro das emendas ordinárias e extras.

O PSD do ex-ministro Gilberto Kassab também era um problema. O senador Otto Alencar (PSD-BA) vinha liderando um movimento contrário à reforma. As negociações para demovê-lo da iniciativa incluíam promessa de ampliar repasse de recursos federais, dentre eles do petróleo, aos estados e municípios.

A oposição acusa o governo de cometer crime de responsabilidade e tentar comprar votos com promessas vazias.

Segundo o líder do PT, Paulo Pimenta (RS), o governo publicou no Diário Oficial da União liberação de R$ 93 milhões para uma emenda da saúde feita pela Comissão de Seguridade Social da Câmara. O problema é que o Congresso só havia aprovado R$ 2 milhões para essa emenda.

"O governo está comprando votos com cheque sem fundo. Esse governo usa fake news até para comprar votos dos seus aliados", afirmou o petista.

"A despesa pública depende de autorização expressa do Legislativo, isso acontece por meio da Lei Orçamentária (emendas de bancada, individuais e de comissão). O governo pode executar uma emenda na sua totalidade, mas não pode extrapolar o valor autorizado pelo Legislativo. Isso é crime", afirmou o PSOL em nota.

Segundo o partido, emendas coletivas da Comissão de Seguridade Social no valor de R$ 604 milhões foram transformadas pelo governo em um valor de mais de R$ 1 bilhão.

Em entrevista e manifestação nas redes sociais, Bolsonaro afirmou que a liberação de emendas é uma ação normal de governo e não a relacionou à votação da Previdência --declaração que difere da de seu ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, que reconheceu que a aproximação da votação da reforma impulsionou a liberação das verbas.
Herculano
10/07/2019 06:54
PEC DA REFORMA DA PREVIDÊNCIA VAI A VOTAÇÃO HOJE NA CÂMARA.

NA PRIMEIRA PRÉVIA, O PEDIDO DA ESQUERDA DO ATRASO PARA RETIRAR A PEC DA PAUTA, UMA SINALIZAÇÃO. FICOU A SINALIZAÇÃO QUE ELA TEM VOTOS PARA SER APROVADA.

O requerimento que pedia a retirada de pauta da reforma da Previdência foi descartado pela ampla maioria do plenário da Câmara dos Deputados na noite dessa terça-feira (9). O pedido para pôr fim à apreciação da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 6/2019 foi rejeitado por 331 votos a 117 - placar que, para os defensores da reforma, mostra o apoio parlamentar ao texto.

estes foram os votos catarinenses a favor da PEC

Angela Amin (PP-SC)
Carlos Chiodini (MDB-SC)
Carmen Zanotto (CIDADANIA-SC)
Caroline de Toni (PSL-SC)
Celso Maldaner (MDB-SC)
Coronel Armando (PSL-SC)
Daniel Freitas (PSL-SC)
Darci de Matos (PSD-SC)
Fabio Schiochet (PSL-SC)
Gilson Marques (NOVO-SC)
Hélio Costa (PRB-SC)
Ricardo Guidi (PSD-SC)
Rodrigo Coelho (PSB-SC)
Mara
09/07/2019 20:35
Herculano, estou com uma dúvida. O Samae também pode fazer tubulação em vala? Aqui no Santa Terezinha pedimos para fechar um corrwgo de esgoto e falavam que não podiam. Agora o prefeito e sua trupe fazem vídeo de uma obra de tubulação de corrwgo no coloninha. Mesma situação que a nossa. Mas, samae não era só drenagem? Ou vão falar que isso é drenagem? Coincidência que é reduto eleitoral do Mdb de Ivete, Junior e companhia? Vergonha. Alguém avisa o prefeito que o Santa Terezinha também é em Gaspar.
Herculano
09/07/2019 17:31
ASSESSORA DE IMPRENSA DE MORO PEDE DEMISSÃO DO MINISTÉRIO DA JUSTIÇA

Conteúdo do jornal O Estado de S. Paulo. Texto deSonia Racy. A jornalista Giselly Siqueira acaba de pedir demissão do cargo de assessora especial de comunicação do Ministério da Justiça, de Sérgio Moro.

Antes de trabalhar com Moro, Siqueira foi assessora de comunicação em vários órgãos públicos, como o Conselho Nacional de Justiça (CNJ) da gestão dos ministros Dias Toffoli e Ricardo Lewandowski.

Ela também chefiou a assessoria de imprensa do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), quando Gilmar Mendes presidiu a corte e foi da equipe de comunicação da Procuradoria-Geral da República na gestão de Antonio Fernando de Souza e de Roberto Gurgel.

Ela é casada com o também jornalista Vladimir Netto, autor do livro Lava Jato - O juiz Sérgio Moro e os bastidores da operação que abalou o Brasil, obra publicada em 2016 e que foi usada na elaboração do roteiro da série O Mecanismo da Netflix
Herculano
09/07/2019 16:18
COMO AS REFORMAS PRó-MERCADO SÃO ANTIFACISTAS (E ANTICOMUNISTAS), por Pedro Menezes, no site Gazeta do Povo,Curitiba PR

A queda do Muro de Berlim foi vendida ao mundo como vitória final da democracia. Depois das ameaças nazifascista e comunista que marcaram o século 20, a ordem política liberal parecia a única saída para as nações a partir do fim dos anos 80. Nestes anos 2010, muito se fala sobre uma suposta crise da democracia liberal. Uma nova leva de autoritários, da Venezuela à Turquia, aqueceu esse debate.

A gente também discute o assunto. No Brasil, quase todos acham que a democracia está ameaçada por algum grupo político. Divergimos apenas sobre quem ameaça: petismo ou bolsonarismo? Muitos acusam o PT de arroubos autoritárias entre 2003 e 2016 e alertam para os riscos de uma volta do partido ao poder. Outros denunciam traços intrinsecamente autoritários em Bolsonaro e seu governo. Há também quem veja autoritarismo em ambos.

Seja lá qual for a opinião do leitor como eleitor, nesta coluna tento convencê-lo sobre um argumento simples, que independe da sua adesão ao PT ou Bolsonaro: reformas pró-mercado, como as que vêm sendo lideradas por Paulo Guedes e Rodrigo Maia, são antifascistas e anticomunistas, ao mesmo tempo. Se aprovadas, fortalecerão a democracia brasileira contra ameaças.

Há um argumento genérico sobre o caráter democrático desse tipo de reforma, mas ele sofre de um problema fundamental: embora não exista uma relação simples e direta entre crescimento econômico e democracia, o trabalho de cientistas políticos como o polonês Adam Przeworski é convincente ao mostrar que, a partir de certo nível de riqueza, as democracias ficam muito mais sólidas contra ataques externos.

O problema fundamental é que, para concordar com esse argumento, o leitor precisaria assumir que as reformas trarão crescimento econômico. Tenho muitas colunas defendendo o argumento em posts nesta Gazeta, mas entendo que é tema controverso.

Do genérico para o específico, do abstrato para a pauta do Congresso, o argumento fica melhor. Hoje, reformas de Estado deveriam ser uma prioridade para quem se preocupa com a presença de autoritários no poder. O mesmo vale para quem gosta do atual governo, mas teme a volta de ameaças do passado.

A dívida pública está descontrolada e não há como resolver esse problema sem uma reforma profunda que endureça regras da Previdência. A incerteza sobre a capacidade do Estado de honrar suas contas é prejudicial para a democracia, pois a instabilidade econômica favorece rupturas autoritárias. É mais fácil liderar um golpe quando os preços ou a renda são instáveis, com inflação e recessões frequentes que enfurecem a população. Grande parte exemplos históricos do tipo, como o Brasil em 1964, ocorreram em contexto de instabilidade econômica.

Sem reforma, o Estado quebra e nossa democracia pode quebrar junto. Muitos analistas tem ignorado o poder estabilizador que uma reforma da Previdência deve ter sobre a política brasileira.

Outro argumento específico e persuasivo diz respeito à abertura comercial. Assinar acordos de comércio também aumenta nossa defesa contra golpistas de qualquer origem. Diversas cláusulas desse tipo de acordo restringem a arbitrariedade do governo em áreas como a política ambiental. A própria presença do Brasil no Mercosul é vinculada à continuidade da nossa democracia. Quanto maior a integração da nossa economia com o mundo, maior o custo de rupturas autoritárias.

Quem conhece a trajetória recente de Polônia e Hungria sabe por que os impostos são uma ótima ferramenta para o abuso de poder. Através de regimes especiais de tributação, é possível punir empresas inimigas e beneficiar amigas. E a reforma tributária formulada por Bernard Appy, que tramita com celeridade sob a liderança de Rodrigo Maia e Baleia Rossi, restringe a instituição de regimes especiais e compartilha as decisões entre prefeitos, governadores e presidente. Caso seja aprovada, será um entrave e tanto a qualquer projeto tirânico.

Privatizar e fortalecer a economia de mercado também deixa nossa ordem política mais robusta contra ataques. Através de estatais, muito pode ser feito (e financiado), como a história do Brasil deixa claro durante a ditadura militar e em anos recentes. Privatizar é compartilhar poder com gente não-necessariamente alinhada ao governo, o que desagrada quem quer concentrar poder. O mesmo argumento vale para todas as reformas que tornam a atividade empreendedora mais previsível, como desburocratizações e simplificações diversas que estão na agenda política nacional.

Muitas linhas são escritas para denunciar o "comunismo" do PT ou o "fascismo" de Bolsonaro. Nesse processo, perdemos amigos e transformamos o debate público em ambiente árido para o diálogo. Ao invés de perder tempo com discussões sem fim, seria mais produtivo debater aquilo que nos fortalece contra qualquer autoritário, sem viés ideológico. Se prosseguir a aprovação da sua agenda econômica, o presidente pode nos proteger dele mesmo, e de qualquer sucessor que tente atacar a democracia brasileira."
Daniel
09/07/2019 14:41
Apenas um registro "bobo" e ultrapassado.

É preocupante e irritante a situação da Avenida Francisco Mastella.
E pior, não é ano de eleição...
Herculano
09/07/2019 08:40
da série: sem dar 14 milhões de empregos roubados pelo PT, o governo Bolsonaro não será reconhecido

O DIA SEGUINTE DA REFORMA JÁ COMEÇOU, por Thomas Trauman, no site Poder 360

Pressão será por resultados imediatos

Cena 1: Consulado da Itália, no centro do Rio de Janeiro, 14 de junho: Em entrevista depois de falar para dezenas de executivos de empresas estrangeiras com interesse no Brasil, o ministro Paulo Guedes comentou pela primeira vez o relatório do deputado Samuel Moreira, que retirou a capitalização da reforma da Previdência. O tom da voz do ministro é raivoso:

"Houve um recuo que pode abortar a Nova Previdência. Pressões corporativas dos servidores do Legislativo forçaram o relator a abrir mão de R$ 30 bilhões para os servidores do Legislativo, que já são favorecidos. Recuaram na regra de transição. O compromisso (dos deputados) com os servidores públicos do Legislativo parece maior do que das futuras gerações".

O presidente da Câmara, Rodrigo Maia, reage, o índice do Ibovespa cai, a cotação do dólar sobe e a reforma inteira subiu no telhado.

Cena 2: XP Expert 2019, em São Paulo, quinta-feira (4.jul): Paulo Guedes é aplaudido de pé por um minuto quando chega ao palco da sua palestra. Centenas de executivos de bancos, analistas de corretoras e futuros investidores se acotovelam para fazer uma foto do ministro. Um deles berra, "meu presidente". O ministro fala rápido e com voz firme. Espalha números e previsões da economia brasileira com tamanho otimismo que qualquer um duvidaria, menos aquela plateia fascinada. Ataca sem dó todos os governos anteriores, o prefeito de Nova York e o tamanho do Estado.

Só é condescendente com Jair Bolsonaro, que no dia anterior prometera interferir para privilegiar os policiais federais na reforma. "Eu tenho convivido com o presidente e não vejo um milímetro de comportamento dele que fosse (contrário à agenda liberal), a não ser uma ingenuidade ou outra, uma coisa ou outra, tipo: 'Não dá para ajudar aquele ali não?' Como ocorreu agora com a Previdência". Ao final, Guedes saiu aplaudido de pé. Em inglês ouve-se um "we trust in you, mister Guedes" (confiamos em você, senhor Guedes).

Nas três semanas entre essas duas cenas, Paulo Guedes parou de brigar com a vitória, mania de todo perfeccionista, e passou a se preparar para o seu pior momento, o dia seguinte à aprovação da reforma.

A possível aprovação da reforma da Previdência nesta semana pela Câmara e até outubro pelo Senado é a melhor notícia que a área econômica produziu desde a concessão do grau de investimento para o Brasil, em 2008. Joaquim Levy, Nelson Barbosa, Henrique Meirelles e Eduardo Guardia ?"cada um no seu tom?" evangelizaram sobre a inevitabilidade da reforma, abrindo as clareiras para Guedes avançar. E mesmo assim, ela só saiu pelo esforço do presidente da Câmara, Rodrigo Maia, o verdadeiro alvo do rancor do ministro na cena 1 deste artigo.

De uma maneira torta, a reforma permitia uma certa blindagem ao ministro. Todo problema comezinho era desprezado em nome da missão maior e todas as urgências eram escanteadas para "depois da reforma". Essa proteção vai acabar.

Pesquisa do Datafolha divulgada na segunda-feira (8.jul) registrou o clima de desapontamento e desalento no país. Contrariando todas as projeções dos economistas, 46% dos entrevistados acham que a inflação vai aumentar, índice similar aos que acreditam no aumento no desemprego. Em seis meses, Jair Bolsonaro tem a pior avaliação de um início de governo na era democrática. Três em cada cinco brasileiros acham que o presidente fez menos do que eles esperavam.

"Essa preocupação com o que vem pela frente fica ainda mais explícita na pergunta que mede os sentimentos dos brasileiros associados ao país. Atributos passionais como raiva, desânimo e tristeza, todos em alta durante o período eleitoral, sofreram quedas expressivas, mas o medo em relação ao futuro apresenta crescimento importante de cinco pontos percentuais.
Entre os jovens, o temor supera a média em oito pontos percentuais. Eles também estão muito mais tristes e desanimados do que qualquer outro segmento da população", escreveram os diretores do Datafolha, Mauro Paulino e Alessandro Janoni.

Com a reforma encaminhada, Guedes sofrerá mais pressão e terá menos paciência dos seus compatriotas. Para os fãs que o aplaudiram na XP está fácil. É provável que o Banco Central inicie uma sequência de cortes na taxa básica de juros, estacionada em 6,5% desde fevereiro de 2008. Esse ciclo coincide com uma agenda forte pró-mercado no setor de energia. A Petrobras vai trocar o controle da BR Distribuidora via mercado secundário de ações, iniciar a venda de refinarias e abandonar o seu quase monopólio no transporte e distribuição de gás. O megaleilão de excedente do pré-sal, estimado na casa dos R$ 100 bilhões, ainda depende do Congresso, mas fatalmente ocorre início de 2020.

A agenda do Ministério da Economia é de médio e longo prazo. Está pronto um projeto de lei que prevê mudanças na legislação de debêntures incentivadas para permitir que investidores institucionais, como fundos de pensão, possam financiar projetos de infraestrutura, um cronograma factível de privatizações (incluindo a Eletrobras) e o ainda nebuloso pacto federativo (renegociando crédito com os Estados). A Câmara dos Deputados apronta um ótimo projeto de reforma tributária e o Senado aprovou um virtuoso novo modelo de saneamento.

No curto prazo, no entanto, a cartola de ideias da equipe econômica está vazia. A futura liberação de recursos do FGTS e do PIS/PASEP já deu seus melhores resultados no governo Temer e o que vier agora é rescaldo. Medidas como a redução do compulsório bancário tiveram resultados controversos no passado. A arrecadação federal está uma miséria e o novo contingenciamento só comprova que mal haverá dinheiro para pagar as contas.

Guedes precisa de tempo para mostrar resultados e tempo é matéria escassa em um governo como o de Jair Bolsonaro. O ministro vai precisar de couro duro e cintura flexível para enfrentar os dias que virão.
Herculano
09/07/2019 08:29
O FACHIN É DELES?

Conteúdo de O Antagonista. Os lulistas acreditam que o golpe do Verdevaldo pode mudar o voto de Edson Fachin.

Diz a Folha de S. Paulo:

"Relator da Lava Jato no Supremo, ele disse, sem citar nomes, que 'juízes também cometem ilícitos e devem ser punidos'.

Para integrantes do STF e do meio jurídico, a fala confirmou rumor que circulava desde a última semana: o de que o ministro não gostou da forma como foi citado em diálogos entre procuradores da Lava Jato. Segundo o The Intercept, investigadores exclamaram: 'Aha, uhu, o Fachin é nosso'".

Edson Fachin sempre esteve do lado da lei. É impensável que ele se baseie num vazamento criminoso para inocentar Lula e seus comparsas.
Herculano
09/07/2019 08:27
O SUPREMO LAVAJISTA, por Carlos Andreazza, no jornal O Globo

Vale tudo em nome da missão prendedora de corruptos?

A Polícia Federal ainda não esclareceu: Glenn Greenwald, do site Intercept, está sob investigação? A resposta é importante porque dirá a quanto estamos do estado policial. A explicação dada até aqui - cuja ambiguidade compõe um método intimidador - é alarmante: "A PF não confirma tal solicitação e não se manifesta sobre eventuais investigações em andamento".

Se circula a notícia de que o órgão do Estado responsável por apurar crimes federais teria instaurado um procedimento contra um jornalista, e se tal consiste em afronta a um direito fundamental, aquele expresso no artigo 5º da Constituição, a única manifestação aceitável seria uma que negasse - com energia - a existência da inquirição.

Não aprecio o jornalismo de Greenwald, limitado por sua militância, nem a forma como o Intercept oferta o conteúdo sob seu controle, a conta-gotas, como num folhetim, e reativamente, algo que é apanágio do discurso político-partidário. Mas: não há crime na prática - e só isso ora interessa.

Os abusos sobre as liberdades individuais costumam ter a história facilmente identificável, daí por que pergunte: como medir o pulso do ambiente intimidatório que contaminou o país sem se lembrar do inquérito autoritário, estabelecido de ofício e sem objeto definido, por meio do qual Dias Toffoli, presidente do Supremo, formalizou estarmos todos sob suspeita, o que, objetivamente, logo resultaria em censura à revista "Crusoé"?

A repercussão do imbróglio Intercept mapeia o drama brasileiro - qual seja: se um togado pode extrapolar, se um procurador pode, todo mundo pode. Roberto Barroso - aquele que autorizou uma investigação permanente contra um presidente da República, e por crimes supostamente havidos antes de seu mandato - está indignado com o que considera "uma clara violação de comunicação privada". No caso, entre procuradores e, particularmente, entre um deles, Deltan Dallagnol, e Sergio Moro. O ministro - aquele que autorizou a quebra de sigilo bancário de um presidente não porque houvesse elementos para tanto, mas porque era preciso encontrar alguma coisa - tem razão em se incomodar com o que parece mesmo ser obtenção ilegal de conteúdo particular.

Mui preocupada com essa ocorrência, e zelando pela segurança de Moro e dos procuradores, a PF - aqui, sem qualquer dubiedade - investiga a invasão e o vazamento de dados privados; mas, atenção, sem se deter na análise das conversas em si, sobre se ali haveria o cometimento de algum ilícito por autoridades. Gostaria de questionar Barroso sobre se a PF pode cuidar da provável ação criminosa de roubo de mensagens, no entanto negligenciando a perícia acerca da autenticidade do conjunto e o exame de seu teor? A PF não incorreria em disfunção ao não solicitar os celulares dos procuradores que supostamente participaram dos diálogos?

Gostaria, aliás, de perguntar a Barroso, o mais afiado entre os justiceiros do STF, sobre se vê alguma impropriedade no conteúdo das conversas até aqui reveladas. Teria curiosidade em saber como o ministro avalia a conduta de Moro conforme apresentada nos diálogos. Teria Barroso, cuja vocação para advogar é espantosa, uma opinião sobre se o ex-juiz tomou lado no processo relativo a Lula.

As mesmas questões caberiam a Edson Fachin, aquele que, de acordo com Dallagnol em mensagem a procuradores, "aha uhu!", seria deles. Rodrigo Janot talvez tenha pensado o mesmo sobre o ministro quando, por ocasião do acordo de delação dos irmãos Batista, teve no juiz um despachante. Pergunto a Fachin, mestre em homologações exóticas: quantas vezes, no período de negociação dos termos de um acordo, um delator pode reformar sua delação? Quantas vezes poderá ser impreciso, omisso ou mentiroso, até que ofereça a verdade aceita pelo Ministério Público? Sem qualquer restrição, o sujeito, um criminoso confesso em busca de se aliviar, pode ajustar a entrega - numa espécie de obra em permanente construção - até alcançar o que será a verdade segundo procuradores, só a partir de então, à espera da canetada que homologa (e liberta), tendo compromisso com a própria palavra? É isso?

Estamos frente ao dilema moral de uma sociedade enfeitiçada pelo lavajatismo: vale tudo em nome da missão prendedora de corruptos? Barroso, por exemplo, é da escola Bolsonaro de estado de direito, aquela que, diante de controvérsias legítimas sobre atos que põem em xeque o devido processo legal, resolve qualquer dúvida entrando no gramado do Maracanã para ouvir a voz das ruas. Ou não será o ministro o formulador da tese - alicerce da cultura plebiscitária em que aposta o bolsonarismo e síntese do espírito do tempo jacobinista que ergue mitos e heróis - segundo a qual o Supremo se deslegitimará se repetidamente frustrar o sentimento social?

É o STF que chama o cabo e soldado.
Herculano
09/07/2019 08:23
DEPOIS DA FOLHA E DA GLOBO, É VEJA QUE DÁ UMA MÃOZINHA AO PT DE LULA, por Itamar Garcez, em Os Divergentes

A mídia tradicional é odiada pela dupla antagônica Lula-Bolsonaro, bem como pelos seguidores de ambos. Primeiro, porque exaltou a cruzada anticorrupção da Lava-Jato. Agora, porque aponta seus defeitos ao dar espaço à Vaza-Jato

Uma das características deste primeiro quinto do século XXI é a polarização política exacerbada. De tal maneira que a refrega se espraia à economia, à intimidade das famílias, às relações de trabalho e, claro, à imprensa.

Numa sequência frenética de colóquios, Balzac definia o fascínio que jornais exerciam sobre jornalistas. "Você ficará de tal modo encantado de exercer o poder, de ter direito de vida e de morte sobre as obras do pensamento, que se tornará jornalista (...)".

"Quem tudo pode dizer, tudo consegue fazer!". E desfechava: "Se a imprensa não existisse, seria preciso não inventá-la".

Vaza-Jato x Lava-Jato

Em terras brasilianas não é diferente. Os grandes veículos de comunicação sempre foram atacados ?" muitas vezes com razão. Nesses anos de redes antissociais, no entanto, as críticas à mídia parecem esquizofrênicas.

Os principais veículos são apedrejados por serem lulistas, por uns, e bolsonaristas, por outros.

Quando o site The Intercept Brasil estreou a Vaza-Jato, divulgando diálogos pessoais entre os procuradores da Lava-Jato e o então sufeta de Curitiba, Sergio Moro, a desconfiança era ampla. Afinal, seu principal fiador, o jornalista Glenn Greenwald, é simpático ao PT de Lula.

Eis que o The Intercept estabeleceu uma parceria com o matutino Folha de S. Paulo e passou a divulgar diálogos exclusivos cedidos por Greenwald. Ponto para a Vaza-Jato.

Nesta sexta, 5, foi a vez da revista Veja lustrar um pouco mais a Vaza-Jato. Na capa, o hebdomadário considerado pelo PT como esbirro da chamada direita, concluiu: "Sergio Moro cometeu irregularidades, desequilibrando a balança em favor da acusação nos processos da Lava-Jato".

Vaza-Jato 2 x 0 Lava-Jato. Na noite de sábado, foi a vez da TV Globo, que já vinha dando destaque ao tema, ampliar o placar.

"A Veja diz na seção Carta ao Leitor que analisou dezenas de mensagens trocadas ao longo dos anos entre membros da revista e os procuradores e que todas as comunicações seriam verdadeiras, palavra por palavra", respaldou o Jornal Nacional. Como os repórteres de Veja, os da Folha de S. Paulo já tinham concedido o mesmo atestado ao The Intercept.

Agora, neste domingo, 7, o Datafolha empresta mais um pouco de credibilidade à Vaza-Jato. Para 58% dos entrevistados, a conduta de Sergio Moro foi "inadequada".

Também para 58% as decisões do sufeta de Curitiba devem ser revistas. Isto não vale para Lula, já que 54% são favoráveis à prisão do ex-presidente ?" mesmo índice de abril deste ano.

A aprovação da Lava-Jato mantém-se majoritária, mas caiu de 61%, em abril, para 55%, hoje. Por fim, a avaliação de Moro como ministro minguou de 59% para 52%.

Intriga da oposição


Sergio Moro e seus escudeiros do Ministério Público podem continuar dizendo que não reconhecem os diálogos vazados pelo The Intercept. É a tática do momento.

Caso os números negativos das pesquisas continuarem subindo e a mídia tradicional mantiver seu aval ao The Intercept, o sufeta de Curitiba terá que encontrar outra desculpa. Ou prova que os diálogos são falsos e adulterados, ou apresenta explicações convincentes.

Até aqui, fosse uma partida de futebol, a Vaza-Jato estaria goleando a Lava-Jato. No campo da coerência política, porém, o jogo está empatado.

A chamada esquerda age como sempre. Se a notícia lhe é contrária, é armação da direita. Se é favorável, divulga-a como verdadeira.

A chamada direita, recém-saída do armário, adota comportamento semelhante. Como aquele ministro que perdeu o emprego por dizer a verdade: "O que é bom a gente fatura, o que é ruim a gente esconde".
Herculano
09/07/2019 08:15
COVARDES! COVARDES! COVARDES! Fernão Lara Mesquita, no jornal O Estado de S. Paulo

Ilusão de noiva crer que qualquer coisa vai mudar antes que o poder mude de mãos

O que mais choca ao ver as tais "instituições funcionando" é constatar o completo abandono em que vai o brasileiro plebeu. O desarmamento mecânico foi só uma das consequências do outro. O pior é o absoluto desarmamento institucional a que estamos reduzidos. Vem vindo de longe e num crescendo há tanto tempo que anestesiou o povo e fez do brasileiro uma massa inerte. Já não se defende nem das mordidas que leva de frente. Reduzido à sobrevivência até a próxima refeição, foi devolvido à lei da selva. Está muito aquém do nível em que gestos de dignidade humana podem ser cobrados.

O grau de alienação da outra ponta é inversamente proporcional. Os predadores-alfa, com suas lagostas, seus vinhos tetracampeões e seus decretos de 16,32% no Ano da Grande Fome, rebaixaram Maria Antonieta a um símbolo de austeridade e promoveram o xerife de Nottingham a um quase mecenas. Para o Brasil de Brasília o luxo não é só constitutivo, é antes "constitucional". Exigível por ordem judicial, é função do Estado impô-lo à favela pela força.

Quando a sessão de tortura termina, a volta à cela torna-se motivo de comemoração. Mas esse trilhão, se sobrar tanto, não é desmame. É só um sopro no pulmão do morto. Está mais para a bruxa engordando o dedinho de Joãozinho e Maria. Quando a reforma da Previdência foi entregue ao Congresso, em fevereiro, já os militares, "no poder" após 33 anos de ostracismo, tinham sido (indiretamente) desembarcados dela. Morto o critério de igualdade, o arbítrio, de que nascem as privilegiaturas, ganhou salvo-conduto para o futuro do Brasil com o endosso presidencial à exclusão do sistema de capitalização logo nos primeiros dias dos dois meses até a CCJ mais 68 dias de Comissão Especial fazerem das palavras dele lei. No último minuto a agroteta, o alter ego do agronegócio que salva a Pátria, mordeu os seus 89 bi só pra ninguém esquecer que o privilégio não tem preconceito de classe. E então lançaram-se ao leilão os Estados e os municípios, onde se fará o ajuste fino do que sobrar após os dois turnos, no mínimo, em cada Casa do Congresso, que estão na agenda do "pra já" das nossas depressões futuras.

Não há "rachas" na privilegiatura. Só o que continua em disputa é a quem serão atirados os ossos a cada troca de turno no poder. Aos "movimentos sociais" de laboratório, à protomilícia da fase terminal das quase democracias, ou às polícias que já engatilham aquelas "greves" que consistem em sinalizar para o crime quando estará liberado o próximo comedio em que poderá "tocar o terror" impunemente. Será, portanto, disputada com o argumento de sempre a questão filosófica sobre se são ou não são privilégios as vantagens que as polícias têm: "E então, governador, a quantos plebeus trucidados vosselência resiste?".

Mortas sem choro nem vela de tantos observadores da imprensa e seus "especialistas" das universidades públicas as pretensões revolucionárias da reforma, nada mais restava "fora da ordem". Seguiu-se a tradicional disputa dos lobbies, alguns, como é de lei, patrocinados pelo presidente da República em pessoa, pois, da "direita" ou da "esquerda", é de bom tom que eles não se esqueçam "dos seus" nesta nossa democracia cordial.

A plebe do favelão nacional foi, como sempre, a única "parte" em prol da qual ninguém pediu "vantagens", com exceção do "politicamente inábil" ministro da Economia que as privilegiaturas "de direita" e "de esquerda" que se substituem no poder, igualmente virgens de qualquer experiência com as maçantes obrigações da economia não parasitária, acabam constrangidas a importar do Brasil Real.

Já é outra vez possível até atacar de frente o combate à corrupção e propor de peito aberto o restabelecimento da impunidade. Com a promoção dos hackers de aluguel e do jornalismo de banqueiro "campeão nacional" a interlocutores legítimos do processo político brasileiro, os "ganchos" para o bombardeio de saturação estão garantidos. As redações herdadas, com "autonomia" garantida pela sólida alienação dos seus patrocinadores, podem recuar do primeiro plano e concentrar-se por um tempo apenas em "repercutir" os ataques de que mesmo "fatiados" ninguém desconfia, enquanto mantêm a censura para as alternativas que funcionam no mundo que funciona. Quem, na privilegiatura "de direita" ou "de esquerda", "ganhou" ou "perdeu" cada round?

O resumo é que foi mais uma vez anunciado aos quatro ventos que quem tem lobby monta em quem não tem, e a polícia, os paladinos dos direitos humanos e os santos de pau oco montam juntos.

Covardes! Covardes! Covardes!

É a hora mais escura do Brasil. Ilusão de noiva acreditar que qualquer coisa vai mudar antes que o poder mude de mãos. Enquanto não impusermos ao País Oficial o deslocamento do seu eixo de referências e do ponto de ancoragem dos empregos públicos, as lealdades continuarão sendo as de hoje, as iniciativas para "melhorar" isto ou aquilo não passarão de paliativos e qualquer debate em torno delas, apenas dados de uma autópsia que contribuirão mais para alienar que para esclarecer o País.

O mundo está aí para quem quiser conferir. Manda na própria vida e livra-se da miséria quem tem o poder de contratar E DE DEMITIR políticos (os funcionários tornam-se demissíveis por consequência) e de dar a última palavra na escolha das leis sob as quais concorda viver. Só não é escravo quem tem a garantia de que é seu o resultado do seu trabalho e que só ele tem o poder de dispor sobre o que será feito dele. Eleições distritais puras com direito a retomada de mandatos, iniciativa de propor leis combinada com direito de referendo do que vier dos legislativos e eleições periódicas de retenção de juízes põem você como referência obrigatória dos políticos, a sua satisfação como única garantia do emprego deles e, ao mesmo tempo, blinda o País contra golpes e manipulações.

A deus o que é de deus, portanto. O Brasil não precisa mais que de políticos tementes ao patrão.

E viva o 9 de julho, que era disso que se tratava desde muito antes de 1932!
Herculano
09/07/2019 07:48
NA RETA FINAL, Merval Pereira, no jornal O Globo

A interferência do presidente Jair Bolsonaro a favor de regras mais brandas para a Polícia Federal e a Polícia Rodoviária Federal pode criar obstáculos de última hora para a aprovação da reforma da Previdência na Câmara.

O presidente Rodrigo Maia está disposto a fazer as duas votações antes do recesso parlamentar, convencido de que já tem pelo menos 330 votos, com uma margem de mais de 20 votos necessários para a aprovação. Vai entregar a reforma para o Senado praticamente pronta. Mas que não se pense que os senadores são peças decorativas nesse processo.

Todos os acordos acertados na Câmara foram feitos após consulta ao presidente do Senado, Davi Alcolumbre, que, por sua vez, negociou com os senadores cada passo. Isso aconteceu justamente pela pressa que há na aprovação da reforma logo na volta do recesso, em agosto.

Se houver modificação no Senado, a emenda tem que voltar à Câmara para outras duas votações, e depois retornar ao Senado também para outras duas votações.

Há ainda outra combinação entre eles. Se por acaso alguma emenda for aprovada na Câmara sem estar dentro do acordado com o Senado, prejudicando de maneira relevante o resultado final da reforma, a maioria dos senadores pode vetar a alteração.

Por isso os destaques, que são imprevisíveis, estão sendo controlados com lupa pelos líderes, para não atrasar a aprovação da reforma, nem desidratá-la a ponto de torná-la inócua.

Aí é que entra a defesa do presidente Bolsonaro de corporações que ficaram de fora do acordo feito. Aquelas representativas da PF e da PRF rejeitaram um acordo para aposentadoria dos policiais, nas seguintes condições: idade mínima de 53 anos para homens e 52 anos para mulheres, e pedágio de 100%.

A proposta foi submetida a Bolsonaro, que a referendou, mas as duas instituições não a aceitaram quando foi apresentada pelas lideranças partidárias, queriam a idade mínima de 55 anos.

Perderam no voto na Comissão Especial, e estão tentando reverter a situação no voto do plenário. A necessidade de barrar pedidos de destaque favoráveis a outras corporações está fazendo com que a maioria a favor da reforma recuse abrir exceções.

"Se abrir a porteira, passa todo mundo e acaba a reformas", comenta um dos líderes. O próprio PSL, partido do governo, não quer que seus membros apresentem destaques, mas há uma negociação no Palácio do Planalto para que deputados ligados a Bolsonaro façam esse movimento individual, mesmo contra a orientação da liderança.

Se o número de destaques apresentados na Comissão Especial se repetir no plenário, talvez não haja tempo de aprovar a emenda constitucional nos dois turnos na Câmara antes do recesso.

Querem evitar o perigo de abrir a porteira para outras exceções, reduzindo a economia prevista em dez anos para menos de R$ 900 bilhões, base para o fundo de capitalização que será discutido mais adiante.

O ambiente de disputa entre Legislativo e o Palácio do Planalto continua carregado, e o presidente da Câmara, Rodrigo Maia, faz questão de ressaltar sempre que pode que a aprovação da reforma da Previdência se dará devido ao esforço dos deputados e senadores, e não do Executivo.

Chega a dizer que o presidente só passou a ajudar nessa reta final, e mesmo assim, com a interferência a favor da Polícia Federal e da Polícia Rodoviária Federal, pode estar criando problemas para a reforma avançar na Câmara.

Um acordo só será possível se essas corporações aceitarem as regras básicas de idade limite, podendo conseguir uma transição mais favorável. A Comissão Especial já derrubou medidas que privilegiavam várias categorias, e o plenário não parece disposto, orientado pelo presidente da Câmara, a abrir exceções que custem caro ao país.
Herculano
09/07/2019 07:45
ÁGUIA TAMBÉM PRECISA DECOLAR, editorial do O Estado de S. Paulo

Depois do impulso inicial, o alcance do voo dependerá das medidas mais ambiciosas prometidas pelo governo.

O Brasil começará a sair do marasmo logo depois de aprovada a reforma da Previdência na Câmara dos Deputados, segundo fontes do Ministério da Economia. Perdido um semestre e agravado o quadro geral do emprego, a equipe econômica decidiu, segundo aquelas fontes, apressar os estímulos antes condicionados à aprovação final do projeto. Se isso se confirmar, 25 milhões de desempregados, subempregados e desalentados, além de milhões de médios, pequenos e microempresários, poderão, finalmente, vislumbrar tempos menos duros. Se os deputados votarem a reforma antes do recesso de julho, isso se deverá muito mais ao esforço de alguns parlamentares do que a articulações e negociações conduzidas pelo Executivo. Previdência e outras questões econômicas fundamentais, como reforma tributária e reativação dos negócios, sempre ocuparam espaço mínimo na agenda presidencial.

Medidas para reativar a economia tornam-se dia a dia mais urgentes, enquanto se deterioram as condições do comércio, da produção e do emprego. Economistas do setor financeiro e das principais consultorias acabam de baixar de 0,85% para 0,82% a mediana das projeções de crescimento econômico em 2019.

A pesquisa Focus, conduzida pelo Banco Central (BC), mostrou a redução desses números por 19 semanas consecutivas. Esse período corresponde a mais de quatro meses e meio, mais de dois terços do mandato cumprido pelo presidente Jair Bolsonaro.

O ministro da Economia, Paulo Guedes, e sua equipe têm estudado medidas estruturais e de curto prazo para animar os negócios e dar durabilidade ao crescimento. Ações conjunturais foram quase menosprezadas até há pouco, como se o governo devesse dedicar-se exclusivamente, ou quase, a políticas de longo prazo. Mas o ministro e seus auxiliares têm exibido nova atitude. Além de ações estruturais, como a da reforma tributária, privatizações e a nova divisão de receitas entre União, Estados e municípios, a pauta passou a incluir medidas para estímulo rápido à demanda, especialmente ao consumo familiar.

A agenda para efeito imediato inclui, segundo se informou, liberação de recursos do PISPasep e do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS). Faltam detalhes sobre essas medidas, mas o sentido é claro: passar dinheiro às famílias para dinamizar o consumo e, com isso, dar novo impulso à produção industrial. O aumento do emprego poderá, como tem sido normal, ocorrer com algum atraso, mas acabará ocorrendo.

O ministro Paulo Guedes e outras fontes do Ministério também têm mencionado redução dos juros e simplificação do crédito. É uma conversa estranha, porque parece uma invasão das competências do BC. O presidente do banco, Roberto Campos Neto, voltou a negar, em entrevista ao Estado, uma conexão mecânica entre a aprovação da Previdência e a política dos juros básicos. Mas confirmou seu empenho em tornar o crédito mais acessível e mais barato. Uma das medidas deve ser a criação de condições para o uso do imóvel quitado como garantia para obtenção de empréstimo.

Crédito mais simples e mais acessível será sem dúvida importante, mas falta saber se haverá grande procura de empréstimos enquanto a demanda permanecer muito baixa. De imediato, ações de estímulo ao consumo serão provavelmente muito mais úteis para reanimar a economia. Combinadas a reanimação, clareado o horizonte e aumentada a ocupação da capacidade produtiva, os empresários serão também estimulados a investir em máquinas, equipamentos e instalações.

Não vale a pena criar um voo de galinha, têm dito o ministro Paulo Guedes e outras fontes do Ministério da Economia. Mas também um voo de águia depende de um impulso inicial. As medidas de efeito imediato podem proporcionar esse impulso. O alcance do voo dependerá das medidas mais ambiciosas prometidas pelo governo. Se houver empenho e competência, e se o presidente Jair Bolsonaro controlar seus impulsos de criação de conflitos, a águia decolará e poderá voar por muitos anos.
Herculano
09/07/2019 07:44
PLENÁRIO REALÇA O PROBLEMA DO LOBBY DAS CORPORAÇõES, editorial do jornal O Globo

PMs e bombeiros inativos custam mais que os ativos; eis por que a reforma tem de abranger estados

O início da tramitação da reforma da Previdência na Câmara para a primeira de duas votações em plenário recoloca o problema da atuação no Congresso dos grupos defensores de segmentos privilegiados na aposentadoria, basicamente servidores públicos.

Se na Comissão Especial estavam em jogo 49 votos, agora o desafio é obter o apoio de no mínimo 308 deputados, de um total de 513, ou seja, 60% do plenário. O espaço para lobbies é muito mais amplo, mas que também pode ser considerado um empecilho para os lobistas. A ver. Mas deve-se considerar que entre eles, por incrível que pareça, está o próprio presidente Bolsonaro, que se frustrou por não conseguir, na Comissão Especial, privilegiar policiais federais e rodoviários federais, da área de segurança, sua base eleitoral.

O presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), como agendado, fez reuniões ontem em Brasília com líderes de partidos aliados ao governo, como parte da preparação para se tentar, ainda nesta semana, votar o projeto da reforma no primeiro turno e talvez também no segundo.

Se isso for possível, a meta ambiciosa de se vencer a etapa da Câmara antes do início do recesso de meio de ano, quinta da semana que vem, pode ser factível. Melhor que seja.

Nas conversas de ontem de que Maia participou foi defendido que a base evite apresentar destaques, para não atrasar o processo de votação. É preciso combinar com Bolsonaro, que, derrotado na Comissão Especial, disse acreditar que no plenário será possível corrigir "equívocos".

Por exemplo, fazer mudanças no projeto para que policiais federais, já beneficiados, recebam privilégios em relação a outras categorias de servidores: não querem ter de se aposentar com 55 anos, nem cumprir o pedágio estipulado. O presidente costurou acordo para suavizar o limite de idade para 52 anos, no caso das mulheres, e 53 nos dos homens. Mas a categoria não aceita o pedágio.

Têm razão os que alertam o Planalto para não criar exceções, pois assim será impossível resistir a outras pressões para afrouxamentos. Caso dos professores. E ainda continua à frente do Congresso o grave problema de a reforma se limitar à União e não ser estendida ao resto da Federação.

Na edição de ontem, O GLOBO apresentou dados sobre o peso dos gastos com a aposentadoria de PMs e bombeiros que evidenciam a gravidade de o ajuste não abranger estados e municípios.

Alguns deles: em 14 das 27 unidades da Federação, gasta-se mais com PMs e bombeiros inativos e pensões do que com os ainda em serviço. No Rio de Janeiro, 54% da folha da área são de aposentados e pensionistas. Em São Paulo, 59%; no Rio Grande do Sul, 71%.

É claro que algo precisa ser feito, porque a situação só tende a se agravar. Se nada ocorrer, não demorará para governadores e prefeitos pedirem socorro ao Tesouro Nacional. Mais uma vez.
Herculano
09/07/2019 07:42
SILÊNCIO IRRESPONSÁVEL, por Pablo Ortellato, professor do curso de gestão de políticas públicas da USP, é doutor em filosofia, no jornal Folha de S. Paulo.

Relatório sobre situação dos direitos humanos na Venezuela foi recebido pela esquerda com silêncio

É embaraçoso o silêncio da esquerda sobre o relatório da ex-presidente chilena Michelle Bachelet a respeito da situação dos direitos humanos na Venezuela.

Enquanto uma parte da esquerda aceitou acriticamente as explicações do governo Maduro, a outra parte preferiu um silêncio constrangido para não se indispor com o primeiro grupo e abalar a unidade do campo num momento em que o inimigo é o "fascismo". A decência, porém, indica uma enérgica dissociação com o monstro bolivariano, inepto e totalitário.

O relatório lançado na última quinta-feira mostra um retrato assustador do que a Venezuela se tornou, com uma mistura de devastação econômica, corrupção generalizada, supressão de direitos civis e perseguição política.

A FAO estima que há 3,7 milhões de pessoas subnutridas no país (12% da população). O salário mínimo de US$ 7 por mês (cerca de R$ 28) permite comprar apenas 4,7% de uma cesta básica. Embora o governo subsidie e distribua alimentos, há denúncias abundantes de que a distribuição está condicionada a apoio político e é completamente insuficiente - mulheres gastam em média dez horas por dia em filas para conseguir alimentos.

O acesso à saúde também é calamitoso. A falta de medicamentos em hospitais nas quatro maiores cidades do país varia de 60% a 100%. Apenas entre novembro de 2018 e fevereiro de 2019, 1.557 pessoas morreram por falta de suprimentos nos hospitais.

As liberdades civis e políticas também não são respeitadas.

Além do fechamento de jornais e da não renovação por motivos políticos de concessões de radiodifusão, o governo prendeu e expulsou do país centenas de jornalistas. Além disso, bloqueou o acesso a websites e a plataformas de mídia social. Apenas em 2018, 24 pessoas foram presas por publicações nas mídias sociais.

Desde 2016 o país vive em um estado de exceção que confere ao presidente amplos poderes discricionários sob pretexto de manter a "ordem interna". O decreto que o instituiu é renovado a cada 60 dias.

Dissidentes políticos são invariavelmente tratados como "traidores" e "agentes desestabilizadores". Desde 2014, pelo menos 15 mil pessoas foram presas por motivos políticos. A tortura desses presos se tornou uma prática rotineira, com choques elétricos, sufocamentos e violência sexual.

É chocante pensar que um retrato como esse possa ser respondido com alegações de que as fontes do relatório não foram oficiais, de que a culpa da situação econômica é apenas das sanções dos Estados Unidos e de que na Venezuela não há preso político. Também é chocante que o relatório possa ser respondido com silêncio.
Herculano
09/07/2019 07:34
QUEBRA DE DECORO PODE CASSAR MARIA DO ROSÁRIO, por Cláudio Humberto, na coluna que publicou hoje nos jornais brasileiros

Conhecida pelo estilo teatral e especialista em "denunciar" opositores, Maria do Rosário (PT-RS) agora terá de encarar o Conselho de Ética da Câmara. Ela foi denunciada pelo presidente do PSL, deputado Luciano Bivar (PE), por haver esbarrado de propósito em deputados para depois acusá-los de "agressão". Mas, desta vez, a parlamentar petista levou a pior porque toda a aparente armação foi filmada.

ELA ESTAVA ATACADA

Tudo aconteceu na sessão de 16 de maio, quando o ministro Abraham Weintraub esclarecia o contingenciamento de verbas para Educação.

JUÍZO AFETADO

O deputado Julian Lemos filmava o plenário quando a petista caminhou em sua direção até esbarrar nele, que reagiu: "Tá doida?".

SIMULAÇÃO FILMADA

Lemos continuou filmando e flagra Maria do Rosário esbarrando de propósito em Eder Mauro (PSD-PA), a quem acusaria de "agressão".

OBJETIVO É CASSAR

No documento de dez páginas, no qual enumera argumentos e a previsão legal de punição, Luciano Bivar pede a cassação da petista.

PT MANOBRA CONTRA MP DA LIBERDADE ECONôMICA

O PT manobra na Câmara para ressuscitar o projeto de Novo Código Comercial (o "Estatuto do Engessamento Econômico") pela porta dos fundos da medida provisória 881, a MP da Liberdade Econômica, que desregulamenta, simplifica e desburocratiza o ambiente de negócios. O "novo código", de mil artigos, é uma invenção diabólica de Fábio Ulhôa Coelho, ligado a petistas tipo o deputado Paulo Teixeira, ex-ministro da Justiça José Eduardo Cardozo e o ex-deputado Vicente Cândido.

MP PRORROGADA

A MP da Liberdade Econômica já teve sua tramitação prorrogada por 60 dias (o primeiro prazo, também de 60 dias, expirou em 26 de junho.

OS RELATORES

O relator da MP 881 na Câmara é o deputado Jerônimo Goergen (PP-RS); no Senado, é a "caloura" Soraya Thronicke (PSL-MS).

AÇÃO SATÂNICA

O temor é que aliados do "satânico dr. Ulhôa" (como o tratam nos bastidores) levem Soraya na conversa do "histórico" código do atraso.

SÃO UNS BABACAS

O ex-ministro Delfim Netto já não dá trela às conveniências. Ontem ele chamou de "babacas" os governadores e deputados que excluíram Estados e Municípios da reforma: "Vão se arrepender amargamente".

CAMPANHA ANTECIPADA

No Paraná, a pelegada da Educação e da Polícia Militar se submeteu de vez à politicalha de Gleisi Hoffmann (PT-PR) e do ex-senador "Maria Louca" para radicalizar contra o governo estadual, que paga salários em dia e quer honrar a data-base pela primeira vez em quatro anos.

CINCO EM UM

Após aprovar a Nova Previdência, a Câmara instalará a comissão da Reforma Tributária. Será outra novela. A proposta substitui IPI, PIS, Cofins, ICMS e ISS por um novo Imposto sobre Bens e Serviços (IBS).

SUCESSO IGNORADO

Repercute nas redes o perfil "Pavão Misterioso", que vazou prints de conversas constrangedoras da turma do site e do Psol que divulga supostas mensagens de Sérgio Moro. São não-verificadas tanto quanto as mensagens do site, mas aquelas são ignoradas pela grande mídia.

COMEMORAÇÃO DISCRETA

O presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), já fala em "surpreender" com o resultado da votação da reforma da Previdência, no primeiro turno. O governo comemorou discretamente.

FALTA RESPONSABILIZAR

Relatório do Tribunal de Contas mostra que 37,5% de obras como escolas e hospitais estão paradas. Segundo Felipe Boselli, especialista de licitações, pior é que 23% foram abandonadas pelas empresas.

MANDOU MAL

Recusando-se a cantar o Hino Nacional, enquanto jogadores e torcida o faziam com todo o fervor, Tite agiu como aquele tipo de petista que acha esse símbolo da nacionalidade uma espécie de jingle do governo.

PACOTE ANTICRIME

O grupo de trabalho sobre o pacote anticrime do ministro Moro (Justiça) realiza reunião nesta terça (9) às 14h para discutir e votar o parecer do relator Capitão Augusto (PL-SP), que reuniu as propostas num só texto.

PENSANDO BEM...

...as pesquisas mostram que o país não está mais dividido em dois. Agora há um terceiro grande grupo: o que cansou dessa ladainha.
Herculano
09/07/2019 07:26
APOIO À REFORMA DA PREVIDÊNCIA CRESCE, E PARCELA DOS CONTRÁRIOS JÁ NÃO É MAIORIA

Mulheres e os que não votaram em Jair Bolsonaro rejeitam mudanças, mostra pesquisa Datafolha

Conteúdo do jornal Folha de S. Paulo. Texto de Ana Estela de Sousa Pinto. Às vésperas da votação pelos deputados federais, a reforma da Previdência deixou de ser rejeitada pela maioria dos brasileiros, mostra pesquisa Datafolha.

A fatia dos que se opõem às mudanças nas aposentadorias e pensões caiu de 51% para 44% entre abril e julho.

A parcela dos que apoiam a proposta subiu de 41% para 47% e é agora numericamente superior à dos contrários, mas dentro da margem de erro (de dois pontos percentuais para mais ou para menos), o que configura empate técnico.

A queda na rejeição e o crescimento do apoio à reforma aparecem em todas as faixas de idade, escolaridade e renda familiar e ocorreram também independentemente das escolhas eleitorais em 2018.

A mudança de opinião foi mais forte entre os eleitores de Jair Bolsonaro (PSL) e entre os que declaram não ter votado nem no atual presidente nem em Fernando Haddad (PT).

Bolsonaristas favoráveis à reforma eram 55% em abril e agora são 67%; contrários caíram de 36% para 27%.

Entre os haddadistas, a rejeição passou de 72% para 67%, e o apoio subiu de 22% para 25%.

No grupo dos que não votaram em nenhum dos dois, a oposição é majoritária (61%), mas 11 pontos abaixo de abril; o apoio foi de 19% para 26%.

O Datafolha ouviu, nos dias 4 e 5 de julho, 2.086 brasileiros com 16 anos ou mais em todo o país.

Entre essa pesquisa e a de abril, deputados federais alteraram a proposta original do governo Bolsonaro, atenuando as regras para parcelas da população.

O novo texto reduz o tempo de espera pela aposentadoria de servidores e trabalhadores do setor privado que estão mais perto de obter o benefício, por exemplo.

Também retira da reforma o funcionalismo estadual e municipal e antecipa em até cinco anos (em relação à versão original do governo ) o recebimento de aposentadorias mais altas pelos servidores mais antigos.

Na direção oposta, a nova proposta reduz valores de benefício de quem está a pelo menos dois anos da aposentadoria no setor privado.

Medidas que atenuam os requisitos para mulheres, como a redução da idade para professoras e da contribuição mínima para trabalhadoras do setor privado, não foram suficientes para conquistar a maioria delas.

O Datafolha mostra homens e mulheres em polos opostos em relação à reforma: entre homens, 57% são a favor da proposta e 38% contra. Entre mulheres, 50% são contra e 39% a favor.

Como as regras atuais para as mulheres são mais generosas que as dos homens, a reforma significa um aperto proporcionalmente maior para elas, mesmo com as concessões feitas pelo novo texto.

A pesquisa mostra que a oposição mais forte à reforma aparece entre estudantes (57% contra e 35% a favor), assalariados sem registro (52% a 41%), funcionários públicos (52% a 42%) e desempregados (51% a 41%).

Ainda que os servidores continuem majoritariamente contrários à proposta, a rejeição caiu 11 pontos em três meses, e a concordância com a reforma cresceu 8 pontos.

O levantamento mostra também uma divisão geográfica: os que apoiam a reforma são maioria no Sul, Sudeste, Norte e Centro-Oeste, mas minoria no Nordeste.

Nesta região, de onde vêm também políticos que têm se manifestado contra as mudanças propostas pelo governo, 55% se opõem à PEC e 36% dizem apoiá-la.

O Nordeste é também a única região em que não cresceu o apoio à reforma nem caiu a rejeição nos últimos três meses.

A pesquisa indica ainda que nem todos foram atingidos pela campanha publicitária da reforma da Previdência, apresentada pelo presidente no final de maio, a um custo de R$ 37 milhões.

Um mês e meio depois, 50% dos brasileiros com ensino fundamental e 45% dos que vivem em famílias com renda mensal de até dois salários mínimos dizem não ter tomado conhecimento da proposta.

Já entre os mais ricos e mais escolarizados, as taxas de conhecimento chegam a 95% e 93%, respectivamente.

Quanto mais bem informado se considera o brasileiro, mais se declara a favor da reforma ?"e maior também o movimento de apoio nesses últimos três meses.

Entre os que se dizem bem informados, 56% apoiam uma mudança nas regras, contra 42% contrários. Há empate entre os mais ou menos informados, e a situação se inverte para os mal informados: 54% são contra e 34% a favor.

Outros itens da pesquisa indicam mudança de mentalidade sobre as aposentadorias: nos últimos três anos, caiu de 59% para 45% a parcela dos que acham que os brasileiros se aposentam mais tarde do que deveriam.

Os que avaliam a idade como adequada passaram de 27%, em julho de 2016, para 41% agora, e os que dizem que os brasileiros se aposentam cedo demais ficaram estáveis em 11%.

O recorte por renda e escolaridade ilumina disparidades nesses movimentos de opinião: entre os de maior renda familiar ?"dos quais a maioria hoje consegue se aposentar no setor privado sem idade mínima?", 31% respondem que o brasileiro se aposenta mais cedo do que deveria.

A diferença aparece também por ocupação: são os empresários os que têm maior fatia (21%) dos que acham que a aposentadoria é muito precoce.




Já entre os que ganham até 2 salários mínimos - maioria entre os que só conseguem se aposentar por idade -, 50% dizem que a previdência chega mais tarde do que deveria. Esse fenômeno aparece também nas ocupações mais vulneráveis: 56% dos assalariados sem registro e 55% dos desempregados opinam que a aposentadoria vem tarde demais.

Na avaliação da Previdência Social brasileira, os brasileiros se mostram divididos: 33% a aprovam, 31% a reprovam e 35% a consideram regular.

A opinião é mais positiva entre os mais pobres -para os quais os benefícios têm peso maior - e os menos escolarizados: 35% dos que ganham até 2 salários mínimos e 40% dos que têm ensino fundamental consideram a Previdência ótima ou boa.
Herculano
08/07/2019 15:50
da série: a Justiça sem venda

BRETAS: "HÁ PESSOAS QUE JULGAM ATÉ CASOS QUE ENVOLVEM AFILHADO DE CASAMENTO"

Conteúdo de O Antagonista. Marcelo Bretas foi questionado pela BBC Brasil sobre como agiria se um processo envolvendo Wilson Witzel, seu amigo há 15 anos e hoje governador do Rio, chegasse às suas mãos.

"Jamais julgaria algo com relação ao Wilson, por ser meu amigo. Primeiro, (...) não tenho competência. Como governador, ele não responde na primeira instância. Não tem nenhuma situação em que eu teria que julgá-lo", respondeu o juiz da Lava Jato.

"Eu o trato como amigo e, se algum dia ele estiver na iminência de vir para a minha jurisdição, a mim caberá dizer: 'olha, é meu amigo, nesse caso eu não participo'. Isso para mim é muito claro."

A reportagem insistiu e perguntou a Bretas como seria se ele tivesse de julgar, por exemplo, Eduardo Paes, adversário político de Witzel.

"Mas aí você quer entrar dentro da alma das pessoas e imaginar", rebateu o juiz. "A lei determina que eu não posso ter relação de amizade ou inimizade com o réu. Agora as pessoas querem divulgar essa dúvida: ah, o juiz não pode julgar alguma coisa envolvendo um amigo, ou um inimigo, de um amigo. Se for assim, não vai ter fim nunca."

E acrescentou: "Há casos de pessoas que eventualmente julgam até casos que envolvem afilhado de casamento, né? E não se dão por suspeitos ou impedidos".

Como os leitores de O Antagonista sabem, trata-se de uma referência ao padrinho de casamento da filha de Jacob Barata, Gilmar Mendes.
Herculano
08/07/2019 15:41
POR QUE?

De J. R. Guzzo, de Veja, no twitter:

Porque Angola não paga um centavo dos 14 bilhões de dólares que recebeu do BNDES de Lula? Porque Cuba não paga o Porto de Mariel? Porque o banco emprestava somas maiores que o valor das obras financiadas? Porque a mídia acha sem importância o que Antônio Palocci está contando?
Herculano
08/07/2019 15:39
da série: o mapa do atraso no Brasil

"NINGUÉM DO PDT VAI VOTAR A FAVOR DA REFORMA DA PREVIDÊNCIA", por Diego Amorim, de O Antagonista.

Carlos Lupi, presidente do PDT, reafirmou a O Antagonista que o partido fechou questão contra a reforma da Previdência e, portanto, segundo ele, todos os deputados - são 27 - votarão nesse sentido.

"Isso é questão fechada, decisão da convenção nacional do partido. Ninguém do PDT vai votar a favor da reforma da Previdência."

Quanto questionado sobre integrantes da legenda que se dizem publicamente favoráveis à reforma, ele ponderou:

"Quando forem votar os destaques [sugestões de alteração no texto votadas em separado], aí será outra história. Mas quanto ao texto-base da reforma que foi aprovado na comissão especial, posso garantir que ninguém do PDT vai votar a favor."
Herculano
08/07/2019 12:34
SE LULA "NÃO SABIA", MORO PODE NÃO "LEMBRAR"?, por Mario Rosa, em O Poder 360

O povo não destrói ídolos por impulso

Moro tem poupança de credibilidade

As 'provas' não são a questão central


Se Lula passou o Mensalão inteiro e se reelegeu presidente da República batendo na tecla de que 'não sabia' de nada, por que hoje Sérgio Moro não pode simplesmente 'não lembrar' do que digitou ou não?

Saem as primeiras ondas de pesquisa após os vazamentos sobre a Lava Jato. Mostram um desgaste na imagem do ex-juiz Sérgio Moro, mas exibem sobretudo uma solidez de seus atributos perante grande parte da sociedade. Guinada conservadora? Punitivismo seletivo do ponto de vista ideológico? Não, Moro se beneficia de um dos traços de nossa ancestralidade social, tão arraigado que já protegeu com seu manto indulgente inclusive seu hoje antípoda nas tramas da História: a atávica e benevolente compulsão oficialista da gente brasileira.

Ou, colocando de outra forma, um certo senso de ponderação de não destruir seus ídolos por impulso instantâneo (a não ser que a decepção seja tão aterradora que não haja como fingir que não viu). Se Lula passou o Mensalão inteiro e se reelegeu presidente da República batendo na tecla de que "não sabia" de nada, por que hoje Sérgio Moro não pode simplesmente "não lembrar" do que digitou ou não?

O Lula do Mensalão não era algo que havia surgido do éter. Era uma criação política caprichosamente construída e burilada no imaginário popular ao longo de décadas: o nordestino humilde, o líder sindical corajoso, o político de origem radical que após quatro tentativas alcançara a presidência da nação e a conduzia com serenidade e um compromisso com a inclusão social e os menos favorecidos.

Parecia crível do ponto de vista estritamente lógico que um líder político que encarnava e centralizava todas as principais decisões realmente importantes do PT "não soubesse" de um esquema de compra de votos de parlamentares para dar sustentação ao seu governo e à sua presidência? Logicamente que não. Como logicamente parecem pouco convincentes as primeiras reações à força dos vazamentos da Vaza Jato.

Mas quem disse que o povo julga com imparcialidade? Sem trocadilhos, julgar com imparcialidade é função de juízes e não de eleitores. As sociedades julgam com paixões e absolvem culpados e condenam inocentes. É por isso, inclusive, por causa do clamor, que o trabalho de um judiciário técnico e acima das paixões, de um Supremo corajoso e imune às ladainhas de cada época, é por isso mesmo que a Justiça é tão importante e jamais pode ser conspurcada: porque nos, cidadãos, somos bestas feras que ora absolvemos Lula contra todos os indícios eloquentes possíveis, ora majoritariamente queremos vê-lo mofar na cadeia, mesmo que o conjunto probatório do ponto de vista técnico seja pálido.

E o ex-juiz Sérgio Moro, hoje, desfruta da mesma bipolaridade moral que um dia já imantou Lula e o PT. Sua folha de serviços prestados ao país, no espinhoso capítulo do combate à corrupção e aos poderosos interesses antes intocáveis, é uma criação política caprichosamente construída e burilada no imaginário do país ao longo dos últimos cinco anos: o do intrépido agente da lei que corajosamente enfrenta aqueles que eram considerados invencíveis em nome do interesse público e da sociedade. Tal como Lula no Mensalão, Moro possui uma poupança de credibilidade - e as pesquisas mostram - flutuante mas com bastante liquidez em termos de capacidade de se fazer apoiar.

A questão fundamental é: Moro 19 é Lula 05? O ministro será capaz de resistir tanto hoje quanto o ex-presidente 14 anos atrás? Há muitas variáveis em questão. Primeira, Lula governava um Brasil que dava certo. Se o governo Bolsonaro trouxer prosperidade, por que discutir Moro não é verdade? Do outro lado, se a economia patinar, será preciso alimentar a fome insaciável da guilhotina - e guilhotinas degustam cabeças. Lembremos que Lula tinha mandato. Moro não. Claro, também vai depender da nova persona em que o ex-juiz vai se transformar, agora escancaradamente político. Temos um novo político no palco, com a história do mito da Lava Jato e todo sua nova forma de performar. Por falar em mito, como o presidente vai conviver com essa sombra? E, por fim, que "provas" irão surgir? No caso do mensalão, não havia fragmentos digitais, áudios de Lula. Neste caso haverá? Mas, como se vê, as "provas" são o que menos importa.
Herculano
08/07/2019 12:29
MP DA LIBERDADE ECONôMICA PODE AUMENTAR EM 7% O PIB PER CAPITA EM ALGUNS ANOS, por Marcel Balassiano, publicado pelo Instituto Liberal

O (mau) ambiente de negócios no Brasil é um dos (principais) entraves ao crescimento mais robusto da atividade econômica. Em comparações internacionais, de acordo com o relatório Doing Business, do Banco Mundial, podemos observar alguns indicadores que mostram como no país não é fácil fazer negócios, a dificuldade de se abrir uma empresa, entre outras questões complicadas.

Além da reforma da previdência, indispensável para solucionar nosso grande problema macroeconômico, que é o desequilíbrio fiscal, uma série de outras reformas é de fundamental importância para que o país consiga se desenvolver mais e de uma forma mais sustentada. Reforma tributária e melhoria do ambiente de negócios são alguns exemplos. A própria reforma trabalhista, feita no governo Temer, também foi na direção de uma maior flexibilidade das relações trabalhistas. Por isso que a MP da Liberdade Econômica, recentemente divulgada pelo governo, é vista com bons olhos para o futuro do país. Evidências empíricas mostram que liberdade econômica e melhoria do ambiente de negócios aceleram o ritmo de crescimento do PIB; aumentam a renda per capita de um país; são determinantes para a qualidade de vida, nível de emprego e produtividade. No mundo cada vez mais tecnológico, é positivo que "start ups em fases iniciais não precisarão de alvará de funcionamento e outras burocracias para testar seus produtos, como em lançamentos de aplicativos digitais, ou testagem de novas peças de roupas", como consta na apresentação da MP.

A MP apresenta dez "declarações de direitos" que são: redução da burocracia e barreiras à entrada; eliminação de restrições para o trabalho e os negócios; redução de disputas judiciais; maior transparência e agilidade por parte da administração pública e redução na margem para malfeitos; maior segurança jurídica; eliminação de normas obsoletas e redução do estoque regulatório; incentivo à inovação; maior segurança jurídica; maior agilidade para abertura de empresas; e redução de custos de produção.

A Secretaria de Política Econômica do Ministério da Economia divulgou um estudo recente com estimativas dos efeitos da MP 881/2019 (MP da Liberdade Econômica) sobre o PIB per capita e o emprego. De acordo com o relatório da SPE, "o efeito potencial da MP 881/2019 seria um ganho no longo prazo de 7% no PIB per capita e de 4% na população ocupada. Assumindo que o período de 10 a 15 anos seja suficientemente longo para que as mudanças analisadas sejam convertidas em maior estoque de capital e produtividade dos fatores, os 7% de PIB per capita adicionais significariam um acréscimo entre 0,4% a 0,7% no crescimento médio anual". Ou seja, essa medida pode ser de fundamental importância para um maior crescimento do Brasil no futuro, assim como uma geração maior de empregos.
Herculano
08/07/2019 12:26
HORA DO BALANÇO: OS SEIS MESES DE BOLSONARO, editorial do site Gazeta do Povo, Curitiba PR

A eleição de Bolsonaro criou uma forte expectativa na população brasileira de que a era petista ?" com seu projeto deletério de poder, que incluía o aparelhamento das instituições, o crescimento desordenado do Estado sobre a vida da sociedade, as políticas econômicas desastrosas, os empréstimos vultosos e inexplicáveis a companheiros ideológicos de outros países e a corrupção desenfreada ?" chegaria ao fim.

Ao acompanhar os fatos destes primeiros seis meses, é inegável que a ruptura com a forma anterior de governar efetivamente aconteceu, atendendo em boa medida os anseios dos brasileiros.

Para combater a corrupção e o inchaço estatal, os ministérios foram diminuídos e escolhidos na sua maioria, bem ou mal, a partir de critérios mais técnicos, e não para conseguir base de apoio no Congresso; várias medidas foram tomadas para o combate a fraudes; e o apoio a operações anticorrupção, como a Lava Jato, tem se mostrado irrestrito.

Também são de se louvar as medidas de abertura econômica que o governo adotou. Bolsonaro tem editado medidas provisórias e decretos para desburocratizar a atividade econômica e aumentar a participação internacional do Brasil nos negócios. A maior vitória nesse sentido é a conclusão do acordo de livre mercado assinado entre Mercosul e União Europeia que, apesar de ainda precisar de aprovação do Congresso e de levar alguns anos para ser consolidado, prenuncia um período de maior desenvolvimento para o país.

A população brasileira nutre uma grande esperança de que o processo de mudança iniciado com sua eleição avance

Outro ponto a ser considerado é a mudança de valores do governo, tanto interna como externamente. Bolsonaro manteve o seu compromisso de campanha em defender valores conservadores. Além disso, contrariou abertamente a linha terceiro-mundista, restritiva, do Partido dos Trabalhadores.

Estas características foram as linhas mestras de seu governo até aqui: realinhamento de valores, abertura econômica e espaço para propostas de combate à violência e à corrupção. Em muitos desses campos, a razoabilidade de algumas medidas e a efetividade delas podem e devem ser questionadas. Mas levando em conta a situação calamitosa em que o Brasil se encontrava, o presidente conseguiu avanços significativos nessas áreas.

É notável, ainda, o sucesso que alguns ministérios estão tendo em suas pastas. O Ministério da Infraestrutura, num trabalho consistente e estruturado, tem concluído muitas obras que podem destravar gargalos da economia brasileira. Outros ministérios também vêm realizando bons trabalhos, indicando que muitos dos nomes escolhidos por Bolsonaro foram acertados.

Entretanto, em vários momentos do passado semestre, a inexperiência coletiva da "nova administração" ficou patente. Inexperiência que, levando-se tudo em conta, pode-se traduzir, nas questões essenciais, no que se poderia chamar de capacidade de execução, que está permanentemente em teste, necessitando ser provada. Há uma percepção de que o pano de fundo do governo, suas linhas e diretrizes gerais correspondem às expectativas do eleitorado, mas a capacidade de defini-las mediante projetos claros e a capacidade de executá-las com celeridade estão aquém do esperado.

Bolsonaro, em inúmeras situações foi obrigado "a voltar atrás", por fazer proposições irrefletidas, sem o necessário estudo ou embasamento. Certamente, as flutuações do mercado externo e interno não ficam imunes a esses vaivéns. Acrescenta-se a isso a falta de refinamento no papel de líder, com dificuldade de arbitrar com serenidade atritos entre membros do governo ?" por vezes alimentando-os de forma irrefletida ?", ou "fritando" subordinados em público, bem como mostrando dificuldade em compreender o significado valioso da coordenação de negociações políticas legítimas (inevitável diante da saudável pluralidade de ideias que se encontram numa sociedade complexa, e que não se confunde com fisiologismo ou tratativas espúrias).

Mesmo apresentando essas limitações, não se pode afirmar que o presidente de hoje é igual àquele que iniciou o governo. Bolsonaro tem demonstrado capacidade de aprendizado. O próprio fato de voltar atrás com frequência, se de um lado denota irreflexão, por outro revela uma humildade e simplicidade que não são desprezíveis. No campo da articulação política, deu passos importantes, ainda que não decisivos, para melhorar a relação com o Legislativo. A reforma da Previdência, ponto capital para o sucesso de seu mandato, é prova disso. Além disso, o próprio diálogo com a imprensa melhorou, convidando frequentemente representantes de vários veículos de comunicação para cafés da manhã no Palácio do Planalto.

Bolsonaro parece ter compreendido que o papel da Presidência em uma democracia não é a de um comandante central que simplesmente despacha ordens de seu gabinete. E aos poucos está se adaptando às exigências do cargo, embora muitos desejariam, de forma não irrazoável, que isso se desse num ritmo mais veloz. No fundo, a população brasileira nutre uma grande esperança de que o processo de mudança iniciado com sua eleição avance, e que as reformas estruturantes que podem destravar o país finalmente sejam aprovadas. Não são expectativas pequenas e há muito que fazer. Oxalá o presidente tenha uma consciência cada vez maior dessa responsabilidade e esteja à altura do desafio.
Herculano
08/07/2019 11:32
FIM DO PRIVILÉGIO ESDRÚXULO, editorial do jornal O Estado de S. Paulo

Qual o sentido em se obrigar os contribuintes a continuarem sustentando juízes corruptos e criminosos?

Entre as medidas que constam do relatório da reforma da Previdência aprovado pela comissão especial da Câmara dos Deputados, uma determina o fim da aposentadoria compulsória como punição para juízes condenados por corrupção, desvio de função e improbidade administrativa. Incluída na Constituição e na Lei Orgânica da Magistratura, essa sanção disciplinar foi classificada como um "privilégio esdrúxulo" pelo relator da Proposta de Emenda Constitucional da reforma previdenciária, deputado Samuel Moreira (PSDB-SP).

Pela legislação em vigor, quando um juiz perde o cargo por decisão administrativa adotada pelas corregedorias judiciais ou pelo Conselho Nacional de Justiça (CNJ), ele tem direito a receber a aposentadoria com vencimentos proporcionais ao tempo de serviço. Sensatamente, o relator da reforma previdenciária afirmou que, do ponto de vista ético e legal, nada justifica que juízes tenham tratamento diferente ao atribuído pela reforma previdenciária ao regime comum dos servidores públicos. Se a proposta for aprovada, ela será aplicada aos magistrados que forem afastados compulsoriamente daqui para a frente. Os que já foram afastados, contudo, continuarão recebendo a aposentadoria regularmente.

Custa crer que a medida moralizadora proposta pelo relator, que ainda terá de ser aprovada em duas sessões plenárias na Câmara e no Senado, tenha demorado tanto tempo para voltar a ser discutida. Entre 2003 e 2013 tramitaram no Senado e na Câmara propostas semelhantes, que revogavam o direito à aposentadoria de juízes afastados compulsoriamente e estabeleciam regras mais severas para punir magistrados corruptos. Por causa da oposição de entidades de juízes, porém, elas não foram aprovadas. Em diferentes ocasiões os dirigentes dessas entidades alegaram que o fim da aposentadoria compulsória era uma tentativa do Legislativo de enfraquecer o Judiciário. Também afirmaram que, embora alguns juízes possam cometer "falhas", não seria "justo" que fossem afastados sem receber qualquer remuneração. Segundo eles, a perda do cargo já é uma sanção rigorosa e a cassação da aposentadoria, além de ser uma sanção "adicional", permitiria ao poder público "apropriar-se" das contribuições previdenciárias que os juízes aposentados fizeram ao longo de sua vida.

Desde que começou a funcionar, em 2005, o CNJ já puniu 35 juízes de primeira instância, 22 desembargadores e 1 ministro do Superior Tribunal de Justiça com aposentadoria compulsória, por venda de liminares e sentenças para bicheiros, narcotraficantes e donos de casas de bingo, estelionato e desvio de recursos públicos. Nesse período, esses 58 magistrados receberam vencimentos totais de R$ 137,4 milhões, em valores corrigidos pela inflação. Com esse valor seria possível pagar no mesmo período, 1.562 aposentados pelo Instituto Nacional do Seguro Social (INSS).

As informações foram divulgadas após a aprovação do relatório da reforma previdenciária pela revista em seu site, e os valores foram atualizados por um escritório por ela especialmente contratado para esse fim. Segundo a reportagem, esses juízes foram aposentados em períodos distintos, mas, na média, recebem o benefício há cinco anos e dois meses. Neste período, o valor médio do benefício pago pelo INSS foi de R$ 1.415, enquanto a média mensal salarial dos 58 magistrados punidos foi de R$ 38 mil. Em outras palavras, cada excluído dos quadros da magistratura recebe, por mês, o equivalente ao pagamento de 27 aposentados.

É no mínimo estranho que associações de juízes não queiram que se aplique a alguns de seus membros as medidas que prescrevem para cidadãos comuns. Por isso, a iniciativa do relator Samuel Moreira merece aplauso, na medida em que tenta pôr fim a um prêmio atribuído a quem comprovadamente se revelou indigno da toga. Qual o sentido em se obrigar os contribuintes a continuarem sustentando juízes corruptos e criminosos?
Herculano
08/07/2019 11:31
da série: um país de milícias

AS CORPORAÇõES DA SEGURANÇA PÚBLICA ESTÃO INSACIÁVEIS

Conteúdo de O Antagonista. Fardados pelos corredores do Congresso, policiais continuam pressionando parlamentares, principalmente os novatos, que querem agradar a categoria já pensando em reeleição.

As regras para a aposentadoria de policiais na reforma da Previdência já foram suavizadas: enquanto trabalhadores da iniciativa privada só poderão se aposentar a partir dos 62 anos (mulheres) e dos 65 anos (homens), a idade mínima dos policiais, de acordo com o relatório aprovado na comissão especial, ficou em 55 anos ?" a mesma idade para mulheres que trabalham no campo.

Não satisfeitas, as corporações - principalmente sindicatos da Polícia Federal - agora querem incluir, no plenário, paridade e integralidade até para quem entrou na PF quando já não existiam paridade e integralidade.

Todos esses pleitos contam com a benção de Jair Bolsonaro, que só agora resolver participar diretamente das negociações sobre a reforma.
Herculano
08/07/2019 11:22
O PARTIDO DE BOLSONARO É CONTRA OU A FAVOR DOS PRIVILÉGIOS?

Conteúdo de O Antagonista. O presidente do PSL, Luciano Bivar, se reunirá hoje à tarde com o líder do partido na Câmara, Delegado Waldir, e uma parte da bancada.

A pauta será, de novo, os pedidos dos policiais por regras mais brandas de aposentadoria.

O partido do presidente da República precisa decidir se é contra ou a favor de privilégios.
Herculano
08/07/2019 11:13
LUZ E CONTRALUZ, por Fernando Gabeira, no jornal O Globo

Acordo com os europeus, ao lado da reforma da Previdência, pode ser um estímulo para novos investimentos

Trouxe o livro de Steven Pinker para a estrada. Na forma papel, só é possível quando me desloco de automóvel. Tem quase 700 páginas, o que pesa muito para quem vai trabalhar com as mãos, ainda que levemente, todo o dia. "O novo iluminismo" é uma defesa da razão, ciência e progresso. Há um imenso campo de discussão sobre essas três palavras.

Recolhi até agora algo que me estimulou a pensar sobre o momento. Pinker aponta a religião como uma adversária do iluminismo. De fato, há dois momentos perigosos em atitudes religiosas. Um deles é colocar suas regras morais acima da felicidade das pessoas. Daí a dificuldade de aceitar o homossexualismo e as diversas identidades sexuais. O "New York Times" perguntou como as pessoas se definiam. As respostas foram múltiplas e variadas.

Outro momento delicado é o questionamento da ciência a partir de uma visão da fé. Pinker cita o caso do júri de um professor americano que ensinava Darwin, que ficou conhecido como o julgamento do macaco. É histórico. Eu mesmo citei o filme sobre aquele júri, "O vento será tua herança", quando a ministra Damares questionou o espaço que se dava a Darwin.

Pinker considera também na base do contrailuminismo o que chama de uma tendência tribal que se expressa também no nacionalismo, na hostilidade às iniciativas globais. Referia-se mais aos Estados Unidos após a vitória de Trump. Mas esse traço é diferente no Brasil. Apesar da ideologia antiglobalista, o governo não só assinou como comemorou o acordo com a Comunidade Europeia. Na verdade, um passo na integração internacional.

E o avanço de um movimento muito amplo, apesar da resistência de Trump. É a marcha do capitalismo com todas as suas consequências, nem sempre positivas, sobretudo para os que vão sendo deixados para trás.

Bolsonaro precisou aceitar o discurso que muitos dos seus seguidores questionam. Isso me faz pensar em algo: como esquerda e direita são parecidas diante do capitalismo. O discurso é crítico, mas nas grandes decisões têm de seguir a corrente. É como se o capitalismo global avançasse sem travas, deixando a possibilidade de mudanças sempre para o futuro. Não há volta atrás.

Bolsonaro mantém seu discurso hostil à preocupação ambiental dos europeus. Minha suposição é que, diante desse tema também decisivo em termos globais, ele até possa seguir falando as mesmas coisas. Mas será julgado pela sua adesão prática ao Acordo de Paris.

Tem a solidariedade de Trump. Mas ambos me lembram um pouco a piada do papagaio que foi jogado para fora de um avião, junto com um passageiro que reclamava do serviço de forma inconveniente. Em plena queda entre as nuvens, o papagaio disse para o passageiro ejetado com ele:

- Até que, para quem não tem asas, você é bastante folgado.

A situação do Brasil é muito diferente da americana. Bolsonaro é muito arrojado ao afirmar que sobrevoou a Europa duas vezes e não viu florestas. Florestas existem, algumas até encantadas, como a Hallerbos, na Bélgica; a Negra, na Alemanha; a de Epping, na Inglaterra.

O problema é que a Europa, depois de 17 anos de monitoramento, constatou, ao examinar 130 mil amostras, que em suas florestas há decadência crescente das árvores. Sem contar que o alto nível de consumo de seus habitantes contribui também para a redução de muitas florestas pelo mundo.

A Europa reconhece o problema de suas florestas. No próprio relatório, a Comunidade fala de suas medidas sobre a poluição, uma das causas dessa decadência. Se a intenção for criticar a Europa, nada melhor do que se basear na sua própria autocrítica.

Esse acordo com os europeus, ao lado da reforma da Previdência, pode ser um estímulo para novos investimentos. Uma tênue promessa para o futuro. Não creio que vamos alcançá-lo dando cotoveladas.

O Instituto de Pesquisas Espaciais (Inpe) afirmou que houve um aumento de 88% em áreas desmatadas na Amazônia. É um dado que compara junho de 2018 com junho de 2019.

Os métodos do Inpe são transparentes. O governo disse que neles há ideologia, manipulação.

Aqui sim é preciso falar de ciência. Por enquanto, o governo contesta os fatos apenas com sua fé. Luz e contraluz.
Herculano
08/07/2019 11:10
REALISTAS VS. FANTASIAS, por Ronaldo Lemos, advogado, diretor do Instituto de Tecnologia e Sociedade do Rio de Janeiro, no jornal Folha de S. Paulo

As fake news foram só o começo; o que vem por aí são as fake realities

Dá para dizer que estamos entrando em uma era em que o mundo fica cada vez mais Smart. Não no sentido de "smart" phones ou de "smart" cities, mas sim no sentido do acrônimo para Simplista, Mecanicista, Ahistórico, Reducionista e Tautológico.

Dentre os efeitos da mudança brutal das mídias em que estamos vivendo, está a dissolução progressiva de conceitos que tínhamos como sólidos, como verdade e história.

Dá até para dizer que a polarização que realmente importa no mundo de hoje não é a da direita versus esquerda, mas sim aquela entre realistas versus fantasistas.

Os primeiros são aqueles que ainda defendem a ideia de verdade, acreditando que os valores humanos ainda podem ser minimamente compartilhados.

Já para os segundos, nem realidade nem valores objetivos existem mais. São conceitos que se pulverizaram e com isso podem ser reinventados (ou sintetizados) o tempo todo. Surge assim uma nova profissão: a de fazedor de realidades.

Essa dualidade entre realistas e fantasistas pode ser descrita de outras maneiras (todas imperfeitas): essencialistas e relativistas, apocalípticos versus integrados (sendo os apocalípticos, nesse caso, os que ainda se fiam à ideia de verdade, e os integrados, aqueles que estão confortáveis com seu desaparecimento).

Vale notar que, nesse contexto, defender a verdade e a realidade se transforma em atitude conservadora, provavelmente fadada ao fracasso.

Essa polarização ainda vai perdurar por muito tempo, especialmente porque o velho mundo onde a "realidade" fazia sentido está morrendo, mas o novo mundo que virá depois disso ainda não nasceu.

Os sintomas da falência do real estão em toda parte: na expansão da crença de que a terra é plana, na rejeição às vacinas e na volta do sarampo.

Não é que a história vá desaparecer. Ela apenas perde também a objetividade, podendo ser também refeita ou remixada. É algo que o crítico inglês Simon Reynolds já havia sugerido no seu livro "Retromania": a história (e a cultura) são hoje matéria-prima para o remix. Que, por sua vez, é incapaz de gerar um novo cânone, mas totalmente capaz de gerar infinitos pastiches, que podem ser servidos para vários grupos diversos, conforme seja conveniente.

Sem história nem verdade, a realidade pode ser reconfigurada a todo momento. Por incrível que pareça, essa é a concretização dos ideais de ícones da contracultura como Terence McKenna, Robert Anton Wilson ou Philip K. Dick.

Os três são, aliás, retratados no recém-lançado livro "High Weirdness", do escritor californiano Erick Davis. É leitura obrigatória para entender o que acontece quando todos os referenciais se tornam fakes.

Nesse sentido, as "fake news" foram só o começo. O que vem por aí são as "fake realities". O problema é que o mundo preconizado por Dick, McKenna e Wilson pregava uma suplantação do real em prol da dúvida. Já no mundo em que estamos começando a viver, há um triunfo das certezas. Muitas certezas.

Reader

Já era?
Um modelo único de banco e de contador

Já é?
A multiplicação das fintechs, startups financeiras

Já vem?
A multiplicação das acccountechs, startups contábeis
Herculano
08/07/2019 11:05
UM FLA-FLU PARA FANÁTICOS. QUANDO O BRASIL VAI SUPERAR ESTA CORTINA DE IGNORÂNCIA?

O presidente Jair Messias Bolsonaro, PSL, foi assistir a final da Copa América, no Maracanã.

Nas transmissões internacionais, é muito comum ver chefes de estado, na tribuna - ao lado de rivais - assistindo e torcendo pelo sucesso de suas equipes de seu país. Um traço de civilização.

Pois a Seleção Brasileira de Futebol venceu e provou ue não precisa do Neymar.

Sabem qual é a discussão nas redes sociais e até na imprensa? Se Bolsonaro foi ou não vaiado no Maracanã.

E por que disso?

Porque está fresco na memória o que aconteceu com os ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e Dilma Vana Rousseff, ambos do PT, bem como com Michel Temer, MDB.

O que se quer então? Limpar um ou enlamear todos.

Vergonha diante do sucesso da seleção, dos verdadeiros donos do espetáculo, dos 14 milhões de desempregados, dos privilégios de poucos com aposentadorias precoces e milionárias, quando 65% dos brasileiros só se aposentam em média aos 66 anos de idade e com apenas um salário mínimo. Vão catar coquinhos. Wake up, Brazil!
Herculano
08/07/2019 10:53
MORO JÁ APOIOU VAZAMENTO COM UM PROPóSITO ÚTIL", por Josias de Souza, no Uol

Em artigo que escreveu antes da fama, sobre a italiana Operação Mãos Limpas, Sergio Moro defendeu clara e abertamente o vazamento de informações sigilosas quando a ação for motivada por um "propósito útil". Exatamente como propôs no caso do suborno que a Odebrecht pagou a autoridades da Venezuela, conforme notícia veiculada pela Folha, em parceria com o The Intercept.

No texto, escrito em 2004, Moro anotou que os responsáveis pela Operação Mãos Limpas "fizeram largo uso da imprensa." Segundo ele, a investigação "vazava como uma peneira. Tão logo alguém era preso, detalhes de sua confissão eram veiculados no 'L'Expresso', no 'La Republica' e outros jornais e revistas simpatizantes." Deu-se coisa semelhante na Lava Jato.

Moro acrescentou no artigo sobre a Itália: "Apesar de não existir nenhuma sugestão de que algum dos procuradores mais envolvidos com a investigação teria deliberadamente alimentado a imprensa com informações, os vazamentos serviram a um propósito útil. O constante fluxo de revelações manteve o interesse do público elevado e os líderes partidários na defensiva."

No caso exposto pela Folha e o Intercept, o então juiz Moro enviou mensagem ao procurador Deltan Dallagnol, chefe da força-tarefa de Curitiba, sugerindo que vazasse dados que expunham o propinoduto por onde escorreram as verbas sujas da Odebrecht para autoridades da Venezuela. A delação estava protegida pelo sigilo. Um segredo chancelado pelo Supremo Tribunal Federal. A despeito disso, Moro e Dallagnol travaram o seguinte diálogo, em 5 de agosto de 2017:

- Sergio Moro: Talvez seja o caso de tornar pública a delação da Odebrecht sobre propinas na Venezuela. Isso está aqui ou na PGR?

- Deltan Dallagnol: Concordo. Há umas limitações no acordo, então temos que ver como fazermos. Mais ainda, acho que é o caso de oferecer acusação aqui por lavagem internacional contra os responsáveis de lá se houver prova. Haverá críticas e um preço, mas vale pagar para expor e contribuir com os venezuelanos.

- Moro: Tinha pensado inicialmente em tornar público. Acusação daí vcs tem que estudar viabilidade Deltan.

- Dallagnol, após enviar sinal de positivo peloTelegram: Não dá para tornar público simplesmente porque violaria acordo, mas dá pra enviar informação espontânea e isso torna provável que em algum lugar no caminho alguém possa tornar público. Paralelamente, vamos avaliar se cabe acusação."

O material vazou, como se lê na reportagem. A Odebrecht chiou. Procurado, Moro, agora acomodado na poltrona de ministro da Justiça, não quis comentar o teor da conversa com Dallagnol. Mandou a assessoria reiterar que "não reconhece a autenticidade das supostas mensagens obtidas por meios criminosos e que podem ter sido adulteradas total ou parcialmente." Depois, pendurou no Twitter um post no qual praticamente confirma o diálogo eletrônico, ironizando o teor da reportagem:

"Novos crimes cometidos pela Operação Lava Jato segundo a Folha de S. Paulo e seu novo parceiro, supostas discussões para tornar públicos crimes de suborno da Odebrecht na Venezuela, país no qual juízes e procuradores são perseguidos e não podem agir com autonomia. É sério isso?"

No artigo de 2004 ?"disponível na internet, sob o título "Considerações sobre a Operação Mani Pulite"?", Moro como que enalteceu os vazamentos. Disse que, na Itália, "a publicidade conferida às investigações teve o efeito salutar de alertar os investigados em potencial sobre o aumento da massa de informações nas mãos dos magistrados, favorecendo novas confissões e colaborações. Mais importante: garantiu o apoio da opinião pública às ações judiciais, impedindo que as figuras públicas investigadas obstruíssem o trabalho dos magistrados?"

Moro admitiu que vazamentos podem produzir danos: "Há sempre o risco de lesão indevida à honra do investigado ou acusado." Mas deu de ombros: "Cabe aqui, porém, o cuidado na desvelação de fatos relativos à investigação, e não a proibição abstrata de divulgação, pois a publicidade tem objetivos legítimos e que não podem ser alcançados por outros meios. As prisões, confissões e a publicidade conferida às informações obtidas geraram um círculo virtuoso, consistindo na única explicação possível para a magnitude dos resultados obtidos pela operação Mani Pulite."

Ironicamente, a divulgação em conta-gotas das mensagens tóxicas que lhe são atribuídas levaram Sergio Moro a reproduzir maquinalmente procedimentos que se tornaram habituais no dia a dia dos investigados da Lava Jato. Mal comparando, o ex-juiz vive pesadelo semelhante ao que atormentou vários dos seus sentenciados. Moro está sempre um passo atrás do próximo vazamento.
Herculano
08/07/2019 10:50
É SÉRIO ISSO, por Leandro Colon, diretor da sucursal de Brasília do jornal Folha de S. Paulo

Frases fora de hora ditas por Bolsonaro não devem ser tratadas com normalidade

Em menos de três dias, o presidente Jair Bolsonaro defendeu a prática do trabalho infantil, comparou o Brasil a uma virgem que atrai tarados e tratou a lenda João Gilberto, que morreu no sábado (6), apenas como uma "pessoa conhecida".

Não se pode dizer que Bolsonaro causa espanto com essas declarações. As suas limitações são de domínio público desde os tempos de deputado federal. Ele foi eleito sem enganar nem mesmo seus eleitores.

Frases fora de hora e absurdas ditas pelo chefe da República não devem ser tratadas com normalidade.

Ao exaltar o trabalho infantil, o presidente faz a apologia de uma ilegalidade. A Constituição do país liderado por ele proíbe menores de 16 anos de trabalharem (com exceção dos aprendizes a partir de 14). O IBGE estima que ao menos 1 milhão de crianças trabalhem ilegalmente.

No início da noite de sábado, Bolsonaro resolveu dar uma escapada do Palácio do Alvorada para uma festa de São João no clube Naval, em Brasília. Não sem antes falar com os jornalistas que estavam de plantão do lado de fora. Aproveitou para novamente provocar líderes europeus sobre a preservação da Amazônia.

Segundo ele, "o Brasil é uma virgem que todo tarado de fora quer". Não cabe no figurino de um presidente equiparar chefes de outros países a um maníaco. Não há tese ambiental, por mais delirante que seja, capaz de sustentar tanta agressividade.

Na entrevista, Bolsonaro foi questionado sobre o pai da bossa nova. Passavam-se quatro horas do anúncio de sua morte e o Planalto ainda em silêncio. Esperava-se uma manifestação de agradecimento e exaltação à figura de quem fez muito pela cultura do país, dentro e fora dele.

Bolsonaro saiu com essa: "Uma pessoa conhecida. Nossos sentimentos à família, tá ok?". Não é um despropósito imaginar que ele nem soubesse direito quem era João Gilberto. Comportamento que parece mistura de desprezo ao compositor morto com ignorância mesmo.

Até o mais fanático dos "bolsominions" deveria ficar constrangido.
Herculano
08/07/2019 10:40
COMANDO DO EXÉRCITO NÃO USA SEDE HÁ TRÊS ANOS

O governo federal tem cerca de 10.400 imóveis desocupados devido a diversas razões, incluindo a falta de manutenção. É o caso do bloco O da Esplanada dos Ministérios, onde era o Comando do Exército, e que está abandonado sofrendo a ação do tempo desde 2016. A economia estimada com a transferência de servidores que trabalham em imóveis alugados para o 'ministério' desocupado é de R$ 19,2 milhões por ano.

MAIS GASTOS

Vidros quebrados, persianas e portas empenadas, além de ferrugem por todo lado, obrigam o governo a fazer reforma para reocupar o local.

OLHA O PREJUÍZO

Cada bloco da Esplanada pode abrigar cerca de 2.000 servidores e, na maioria dos casos, cada prédio é sede de mais de um ministério.

NÃO TEM PREÇO

Situado no local mais nobre de Brasília, não há sequer uma estimativa do valor de aluguel ou venda dos 23.480 metros quadrados do edifício.

VAI DEMORAR

Questionado, o Ministério da Economia disse que a "análise do projeto de reforma" está em curso, mas não soube estimar quanto será gasto.

BRASIL TERÁ FERRARI E LAMBORGHINI COM TAXA 0%

Uma das grandes inovações previstas no histórico acordo entre União Europeia e Mercosul trata do fim dos impostos de importação de cerca de 90% dos produtos comercializados entre os países dos blocos. O mercado de veículos, por exemplo, terá redução gradativa de alíquotas, que serão zeradas após 15 anos de vigência. Na prática, vai liberar importar carros europeus, muito mais avançados, com 0% de imposto.

LIVRE COMÉRCIO

O Brasil poderá importar carros com taxa reduzida pela metade durante 7 anos. A taxa cai ano a ano e, a partir do 16º ano, vai a 0%.

MUITO ALÉM

O Ministério da Economia estima incremento de R$ 500 bilhões no PIB, considerando a redução de barreiras e aumento da produção.

VIGÊNCIA

A previsão é que os 31 países envolvidos levem até quatro anos para ratificar e internalizar os termos do acordo. Só então ele passa a valer.

Só NÃO FAZ SE NÃO QUISER

Ao fim e ao cabo, se o presidente da Câmara quiser mesmo, a reforma da Previdência será votada e aprovada em dois turnos no dia 18. Rodrigo Maia aprovou a PEC do Orçamento Impositivo em duas horas.

QUEBRA DE INTERSTÍCIO

Para votar a reforma no dia 18, a Câmara terá que aprovar a "quebra de interstício", permitindo os dois turnos no mesmo dia. Para isso, o quórum no plenário deve ser alto, com pelo menos 470 deputados.

OS 340 DA REFORMA

Somam 370 deputados todos os partidos que orientam votação favorável à reforma da Previdência, mas, considerando as defecções de praxe, a reforma deve ser aprovada por um máximo de 340 votos.

AGENDA POSITIVA NA FUNASA

A gestão de Ronaldo Nogueira na presidência da Funasa economizou R$58 milhões em despesas de custeio, só no primeiro semestre. "Já realizamos o desembolso de mais de R$250 milhões, dando efetividade para mais de 2.300 obras em execução no País", diz ele, determinado.

SONHO NACIONAL

O prefeito de Salvador e presidente do DEM, ACM Neto, admitiu pela primeira vez alimentar o sonho de "projeto nacional", como chamam as candidaturas a presidente e a vice. Mas seu foco hoje é a prefeitura.

MDB COM A REFORMA

Após conversar com os deputados do seu partido, o líder do MDB na Câmara, Baleia Rossi (SP), não tem dúvida: 100% da sua bancada de 34 deputados vão votar pela aprovação da reforma da Previdência.

I LOVE NOVA YORK

O diplomata Mauro Vieira aceitou o gentil convite do chanceler Ernesto Araújo para ser embaixador do Brasil em Zagreb (Croácia), mas depois o guarda-chuva mais rápido do Itamaraty achou "pouco" para ele. E se recusa a sair da representação do Brasil junto à ONU, em Nova York.

BASTA QUERER

Para começar a contar o prazo da reforma da Previdência, a Câmara tem sessão nesta segunda. Raríssimo. Os deputados nem sequer discutem o fim da vergonhosa jornada semanal de dois dias (terça e quarta). Sessões na quinta só uma vez na vida. Às sextas, nunca.

PENSANDO BEM...

...fez sentido excluir ex-presidente enrolado do projeto que liberou a compra de carros oficiais: afinal, quem está preso não precisa de carro.
Herculano
08/07/2019 10:34
IDIOTAS DA AUTOESTIMA, por Luiz Felipe Pondé, filósofoi e ensaísta, no jornal Folha de S. Paulo

Os pais sentem culpa por acharem um saco tomar conta dos 'pentelhos'

Vou descrever uma cena e depois vou perguntar o que você acha dela. Cenário: um restaurante bem frequentado da zona oeste de São Paulo.

Uma criança com cerca de cinco anos corre perto da mesa onde se encontra sua família, com uma taça de vidro de vinho vazia nas mãos. A família conversa acaloradamente. O restaurante cheio, as mesas umas ao lado das outras. Sexta-feira à noite. De repente, um ruído de vidro quebrando. A criança, o que era óbvio de se esperar, derrubou a taça no chão.

É razoável imaginar que os pais não perceberam que a criança corria de um lado para o outro com a taça de vidro nas mãos. Às vezes, ainda mais numa sexta-feira à noite, tudo o que você quer é relaxar, e não ficar vigiando o "pentelho". Com o ruído da taça se espatifando no chão, os pais se levantam e correm até a criança. Pedaços de vidros se espalham pelo chão, caindo, inclusive, nas mesas em volta, nos pratos das pessoas, e mesmo nos cabelos das mulheres próximas ao incidente. Vou propor duas reações possíveis que os pais tiveram e você "vota".

Reação A. Os pais correm a acudir a criança para ver se tudo estava bem com ela e, em seguida, passam a pedir desculpas às pessoas próximas, mortos de vergonha pelo ocorrido. Em seguida, buscam ajuda dos garçons para limpar a área atingida pelos cacos minúsculos de vidro.

Reação B. Os pais correm a acudir a criança para ver se tudo está bem com ela, enchem a criança de beijos, dizem que não foi nada, que a culpa não foi dela, e voltam para a sua mesa sem se dirigir às pessoas das mesas em volta e sem buscar ajuda junto aos garçons a fim de garantir que os cacos de vidro não permaneçam, colocando todo mundo ao redor em situação de risco.

Se você votou na reação A, errou. O que aconteceu foi a reação B, por incrível que pareça. Talvez, não tão incrível assim. Afinal de contas, a única preocupação dos pais foi garantir que a criança não se sentisse culpada pelo que aconteceu. A rigor, os culpados foram eles, adultos, responsáveis pelo que uma criança de cinco anos faz.

As avós sempre nos ensinaram que crianças não podem mexer em determinadas coisas.

Mesmo que, num momento de desatenção, você não veja que seu filho brincava com um objeto de vidro (todo mundo pode perder de vista uma criança de vez em quando), na sequência do incidente, após ver se tudo está bem, você deveria vestir o manto da humildade e pedir desculpas aos outros.

Mas as avós estão fora de moda. O que está na moda é uma pedagogia e psicologia da economia da autoestima das crianças. E isso está destruindo a educação, as escolas e as próprias crianças.

Os pais mais jovens hoje fazem dos seus filhos pequenos ditadores, perguntando a eles o tempo todo "o que desejam". Num movimento de suposta instauração do "direito das crianças" não fazerem o que não querem, os pais fazem dessas crianças adultos insuportáveis, incapazes de lidar com os desafios que qualquer vida normal traz para as pessoas.

Aposto que, em poucos anos, não haverá mais avaliação alguma nas escolas, e essas existirão apenas para reforçar a autoestima dos pequenos mimados de 25 anos. Mas, afinal de contas, qual a causa disso?

Seriam muitas. Muita gente capaz está estudando o fenômeno, tentando entender por que os jovens, hoje em dia, entram na universidade com uma idade mental afetiva de uma criança de dez anos. As escolas são usinas de idiotas da autoestima. Eu arriscaria uma intuição acerca de uma das possíveis causas.

Além do conhecido narcisismo epidêmico do mundo contemporâneo (que faz dos adultos uns retardados mentais em geral), acho que uma das principais causas desse fenômeno é a culpa que os pais sentem por acharem um saco ter que tomar conta do "pentelho" - quase sempre um pentelho único.

Filhos estão fora de moda e diminuem a sensação de felicidade, autonomia e autoestima dos próprios pais (neste caso especifico porque, quando você tem filhos, você é continuamente julgado pelas pessoas à sua volta, principalmente as mães).

O número de mentiras cresceu no mundo contemporâneo. Por exemplo: os pais morrem de medo que seus filhos venham a ser gays, lésbicas ou trans, mas quem confessar é fuzilado imediatamente.

A cultura Instagram transformou todos em idiotas de vidas posadas. A única forma de editar a criação dos filhos é fingir que está sempre tudo bem, e que tanto eles quanto os pais sempre vivem um roteiro de amor perfeito contínuo.

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