27/06/2019
A interdição há duas semanas pelo deslizamento por solapamento da barranca da Margem Direita do Rio Itajaí Açú, no final da Nereu Ramos quando ela troca de nome para Anfilóquio Nunes Pires - na municipalizada rua do trecho que era estadual da SC 470, ou Rodovia Jorge Lacerda, apenas mostrou aos gasparenses –, e aos que usam diária ou esporadicamente aquele pedaço, o atraso na mobilidade urbana daqui. Retratou, acima de tudo, os políticos daqui que não conseguem planejar a cidade para as pessoas. Ficou claro que não há um plano que transcende aos governos de plantão em favor da cidade e dos cidadãos – os pagadores de pesados impostos e os submetidos aos sacrifícios nestas horas - para contemplar o seu crescimento e que nem ordenado consegue ser. Com 85 anos, o primeiro Plano Diretor só sancionado em 2006 pelo ex-prefeito Adilson Luiz Schmitt, sem partido. Pior. Está para ser revisado por imposição obrigação legal há mais de cinco anos. Nem isso se consegue, diante de tantos erros, além de interesses políticos e particulares. Daí às mudanças fatiadas que prejudicam o conjunto geral de regras e servem aos oportunistas.
O ex-prefeito Bernardo Leonardo Spengler, o Nadinho, MDB (1997/98 e o único até agora que foi obrigado deixar o cargo para o vice Andreone dos Santos Cordeiro, PTB, completar o mandato até 1999), foi também o primeiro a definir como ideia a ligação alternativa entre os bairros Figueira e Coloninha, quando o adensamento habitacional ainda era ínfimo naquela região. Se isso tivesse acontecido o que planejou, ou ao menos continuado pelos demais prefeitos como uma contingência à Jorge Lacerda e principalmente, como expansão e mobilidade interna para os gasparenses – pois Gaspar ainda é feita para a passagem regional e estabelece em poucas vias principais que convergem ao Centro -, o vexaminoso caminho alternativo da Águas Negras para superar à interdição da Nereu Ramos, não teria sido agora uma dor de cabeça para Kleber Edson Wan Dall, MDB. Foi isso, aliás, que ele provou, diante do desastre em que se metia na sua imagem, quando decidiu, por acordos, ocupar provisoriamente terras de particulares para fazer o atual desvio a partir da Rua Olga Bohn, Paulo Bailer, Paulo Evaldo Gaetner e Beco Baron. Simples. Rápido. Óbvio.
O ex-prefeito-Luiz Fernando Polli, PFL, em 1996 quando entregava o cargo, em favor do seu populismo, até deu início à essa ideia: “riscou” no pasto, a Rua Vitório Anacleto Cardoso, no Figueira. Era para “tirar” as crianças do acostamento da SC 470 e que estudavam na Dolores Krause. Longe em pensar em mobilidade e interligações urbanas internas. Foi Nadinho quem efetivamente deu início à ideia com as ruas Pedro Figueiredo e Rute Santos. Na primeira eleição de Pedro Celso Zuchi, PT, tudo murchou. Afinal, não era um plano da cidade, mas de um adversário. Era preciso criar fatos novos para o governo petista. Com Adilson Luiz Schmitt, MDB, e hoje sem partido, o plano chegou a ser retomado. Desapropriou 400 metros dessa rota alternativa e a ideia se ampliou até o Gaspar Grande, ou seja, além da Coloninha como queria Nadinho. Entretanto, pouca coisa se avançou e por três fatores, segundo ele: teve dificuldades para negociar as desapropriações; focou na criação do Plano Diretor e, preferiu desapropriar os terrenos das cabeceiras da ponte do Vale e que Zuchi a fez com verbas federais e locais. E com a volta por dois mandatos de Zuchi, esta rota alternativa entre Figueira, Coloninha, Gaspar Grande e Santa Terezinha e Rodovia Gaspar Brusque, praticamente não saiu da prancheta. O resultado está aí aos olhos de todos.
O que ensina a interdição da Rua Nereu Ramos aos gasparenses e principalmente aos gestores públicos? Primeiro, que é frágil e grave do ponto de vista geológico a barranca do Rio Itajaí Açú desde a Coloninha até quase a Figueira. Novos problemas virão. Contribuem para isso, segundo quem entende, a mudança do curso do próprio Rio, o solo de composição frágil das barrancas, a extração de areia próximo às margens e que já foi motivo de preocupações na Câmara recentemente, bem como a forma antiga de despejar a drenagem das águas pluviais e esgotos nas margens do Rio. Segundo. Gaspar é muito mais do que grandes obras com elevados custos para a propaganda enganosa e apenas fins eleitorais. É preciso pensar na contingência, na mobilidade interna para os gasparenses e principalmente em rotas alternativas. Com as instabilidades climáticas, ninguém está a salvo de graves problemas que colocarão expostos os políticos marqueteiros-empreiteiros às vésperas de eleições. A barranca da Nereu Ramos foi apenas um aviso aos governantes repórteres de si mesmo. Gaspar precisa ser pensada para o longo prazo. Quer um exemplo entre muitos desse tipo de desdém? Zuchi, com arrogância e erros substanciais criou a tal Arena Multiuso. Kleber desistiu dela. Não vai dar fama para outro. Vai fazer um parque municipal no bairro Sete e para ser seu. Há risco sério de não se ter nada. Resumindo? Todos vão perder. Kleber, jovem, não aprendeu com o rançoso passado e não lidera o futuro. Acorda, Gaspar!
Atrapalhados. Das enroladas verbas federais para a ponte do Vale, sobraram, vejam só, cerca R$3 milhões, coberto com recursos dos gasparenses. A gestão de Kleber Edson Wan Dall, MDB, não conseguiu mantê-las aqui. Terá que devolvê-las.
É patética a defesa dos buracos e poeira nas redes sociais de quem não mora lá e está obrigado para defender empregos das tetas públicas da Rua Frei Solano, no Gasparinho.
A capacidade do cabo bombeiro militar, Rafael Araújo de Freitas, de liderar e arregimentar voluntários para as causas cidadãs chama a atenção dos políticos. Foi assim na Defesa Civil e por isso, queriam transformá-lo em cabo eleitoral para as causas dos empregadores políticos.
Agora, está à frente da Agapa – Associação Gasparense de Proteção aos Animais – que era um aparelho do PT e faliu. Em pouco tempo, virou o quadro caótico, não excluiu ninguém, apenas deu nova dinâmica. A feijoada beneficente do último final de semana foi um exemplo: eclética no aspecto político, com muita gente e quase 40 voluntários.
“Esta causa não tem partido político. Ela busca apenas uma solução para fatos graves onde o setor está público falhando em Gaspar. Antes de reclamar dele, estamos criando e estimulando os outros pelo exemplo”, diz Rafael. Mesmo assim, a Agapa entrou na Justiça para o Município fazer minimamente a parte dele nas castrações de animais de rua entre outras. “Isto é uma questão de saúde pública”, vaticina.
Samae inundado I. O reservatório do Samae no bairro Bela Vista, transbordou de quinta-feira até domingo da semana passada. A vizinhança inconformada com tanto desleixo, desperdício e falta de ação do Samae para conter o vazamento, fez um vídeo de indignação que bombou nas redes sociais.
Samae inundado II. Perguntar não ofende ao vereador mais longevo de Gaspar e presidente do Samae, José Hilário Melato, PP: gastou-se R$ 1 milhão em telemetria, exatamente para que desperdícios como este fossem detectados; mas detectados não são resolvidos? Acorda, Gaspar!
Idosa, aposentada foi chamada à agência da Caixa para renovar o seu cadastro dois meses antes da exigida prova de vida pelo INSS. Um dia teve o pagamento da aposentaria suspenso por não ter feito prova de vida. Confundiu-se. Foi a Justiça Federal para restabelecer a aposentadoria e pediu danos morais por ter sido induzida ao erro. Conseguiu.
Foi isso que decidiu o juiz Federal Adamastor Nicolau Turnes, da segunda vara Federal de Blumenau, no procedimento do juizado especial civil patrocinado pelos advogados Cláudio César Miglioli e Amilton de Souza Filho, de Gaspar.
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