14/10/2019
Os eleitores já puniram os seus padrinhos políticos. E os jovens sucessores ficaram velhos precocemente no hábito. Agora, correm contra possíveis surpresas nas urnas
Na coluna de sexta-feira escrevi que as obras da Rua Frei Solano vão completar neste novembro, um ano de dúvidas, questionamentos, agonia e imposição de sacrifícios do governo de Kleber Edson Wan Dall, MDB e Luiz Carlos Spengler Filho, PP, contra os moradores e principalmente comerciantes do Gasparinho. O pessoal do poder de plantão tem certeza que eu exagero, até porque não moro lá. Nem eles!
Naturalmente, este assunto – pelo espanto e crucial que é - foi tema de cobranças na Câmara de Gaspar pelos vereadores da dita oposição e que dizem falar em nome dos afetados. Mas, de fato, a oposição provoca quem claramente está momentaneamente acuada e amarrada nos seus próprios erros e escolhas da equipe de executores de seus projetos. Deu-se preferência ao empreguismo, aos ajustes políticos e relegou-se quem faz com acerto, o técnico.
O que surpreende, contudo, é a falta de respostas concretas por parte dos vereadores que defendem o governo. É uma ladainha que não cola mais como: “a solução vai se dar a partir da semana que vem”. E ela é rezada há pelo menos oito meses. E esta semana que vem não chega nem para o governo, nem para os moradores e comerciantes da Frei Solano. Tomara que chegue nesta segunda-feira.
E depois dos pronunciamentos vigorosos e irônicos, a prefeitura mandou dizer para os seus amestrados da imprensa, como parte da propaganda e da enganação “que está cobrando agilidade das empreiteiras”.
Mas, cobrando agilidade naquilo que ela própria causou para ampliar esta demora? Fez uma drenagem sem projeto, esqueceu de licitar a pavimentação no tempo certo e a empresa que deve fazer esse serviço está esperando pelos corretivos da drenagem mal executada. Coisa de doido. Discurso para eleitor analfabeto, ignorante, desinformado, puxa-saco e que não mora no Gasparinho e que não consegue medir a dor daquela gente.
OS OUTROS FIZERAM O MESMO
O mais incrível, por exemplo, foi ouvir e de gente jovem na Câmara, de que o governo anterior, o de Pedro Celso Zuchi, PT, fez o mesmo quando da reforma da Ponte Hercílio Deecke quando ainda não se tinha a ponte do Vale para ligar o outro lado do Rio e fez o povo – incluindo os comerciantes - sofrer por longo tempo.
Vamos por partes, como diria Jack, O Estripador.
Primeiro, a reforma da ponte Hercílio Deecke não foi feita porque Zuchi quis ou teve uma visão da necessária manutenção – pois até tentou esconder um laudo da sua Defesa Civil sobre a precariedade da ponte -, mas porque ele foi obrigado pela Justiça – acionado pelo Ministério Público - para preservar minimamente a única ligação que se havia entre o centro de Gaspar e à Margem Esquerda
Segundo. Zuchi realmente, por conta de uma obrigação inesperada, imposta pela Justiça, que até recorreu e perdeu, demorou e sacrificou Gaspar, os gasparenses e à mobilidade, não só daqui, mas também do Vale do Itajaí. Então, tudo errado.
Mas, quem o quis sucede-lo, disse claramente à cidade que não faria mais isso, um fato que se repetia de anos anteriores quando Zuchi se lançou à reurbanização do Centro e a cozinhou por longos meses, impondo sacrifícios e perdas aos moradores, à mobilidade e principalmente aos comerciantes.
Então, contra-argumentar de que o PT não possui legitimidade para cobrar e culpar o atual governo do MDB-PP pelo caos que fez de uma obra simples da Frei Solano, é de verdade, assinar a ficha de que ambos são iguais naquilo que malfazem contra a comunidade e da falta de respeito para com a cidade e os cidadãos.
É um novo recorde da insensatez. Não era hora de passar a régua e ter outro discurso do que o manjado e repudiado? Quem mesmo orienta essa gente para a má propaganda e contra si próprio?
ONDE ESTÁ O PREFEITO?
A ex-vice-prefeita e hoje vereadora, Mariluci Deschamps Rosa, PT, passou pela Frei Solano antes da sessão da Câmara e resolveu tirar uma casquinha: “onde está o prefeito?”, referindo-se ao estado deplorável da rua em obras paralisadas.
A bancada governista respondeu não só que faz igual ao que PT fazia e que justamente por isso, tinha perdido à corrida em 2016 à prefeitura com o tocador de obras, o ex-secretário Lovídio Carlos Bertoldi, como também pronunciou uma lista de obras.
Este rol é fruto de uma providencial ação marqueteira emergencial (ou seria desesperada?) para combater à percepção de que o governo Kleber é um péssimo executor de obras que anuncia como a salvação de Gaspar, dos gasparenses e do seu governo. Na lista, vejam só, estão obras planejadas, não terminadas e até não executadas pelo governo do PT.
É lá nessas obras, segundo os jovens defensores de Kleber na Câmara é que estava o prefeito. Estava, mas não viu os problemas. Não antecipou a solução própria de um gestor e líder.
Esta coluna mesmo mostrou Kleber nelas, sem Equipamentos de Proteção Individual; empregados terceiros trabalhando nos canteiros de obras da Frei Solano sem camisa, sem capacete, sem luvas, sem botas e sob sol escaldante do verão passado. Os vereadores da oposição também mostraram documentos e fotos do improviso.
Então o prefeito é testemunha de suas próprias obras e erros. Kleber sabe onde está metido, até porque foi antes vereador. Só não quer compreender que ele mesmo armou essa arapuca contra si.
Tanto que o improvisado líder do PT, Rui Carlos Deschamps, deu-se ao luxo de ser irônico para não repetir à acusação de sempre da bancada. Disse que não entendia à razão pela qual a empresa vencedora da licitação, já com canteiro implantado na obra, não asfaltava de vez a Frei Solano para se acabar com a agonia.
Aparteado, o líder do MDB, Francisco Hostins Júnior, retrucou que “um probleminha com as medidas e posicionamento das bocas de lobo por quem fez a drenagem”, atrasava a pavimentação. E essa lenga-lenga já dura semanas, que segundo Hostins se resolveria nesta que começa hoje.
“Então meu caro, é problema de projeto!”, retrucou sem polemizar Rui, e que já foi diretor do Samae e o primeiro superintendente do Distrito do Belchior. E é a falta dele – o projeto que nunca apareceu na Câmara, apesar dos requerimentos pedindo-o, ou então, a execução fora do que foi projetado a causa de tudo. Devido as polêmicas, os moradores da Rua Frei Solano estão carecas de saber e micou a tentativa da prefeitura em esconder à sua culpa e transferi-la para os vereadores que questionam e defendem a comunidade do Gasparinho.
Sabe qual o dia que Kleber saiu-se melhor com a cidade e os contribuintes?
Quando já em Florianópolis cancelou uma das suas rotineiras viagens mensais a Brasília sem transparência e pauta antecipada, e veio à Câmara no dia seguinte, dizer que errou ao obrigar os funcionários comissionados e de confiança a aplaudi-lo nas redes sociais: pediu desculpas. Fez da transparência apenas um lance desesperado para evitar uma CPI. E conseguiu.
Se tivesse feito o mesmo em relação a Rua Frei Solano, o seu desgaste teria sido estancado há vários meses. Mas, orientado por “çabios”, resolveu colocar a culpa na oposição, pois na meteorologia, essa foi camarada e nem disso ele aproveitou para avançar. Acorda, Gaspar!
O Ministério Público de Gaspar ainda avalia o resultado das eleições que escolheu os cinco membros titulares do Conselho Tutelar de Gaspar entre os sete únicos concorrentes. Como relatei em dois artigos anteriores – um antes e outro depois das eleições -, há claros indícios de interferência política partidária dos que dão sustentação ao governo do prefeito Kleber Edson Wan Dall, MDB, para fazer do Conselho Tutelar um puxadinho da secretaria de Assistência Social, retirando-lhe a sua necessária independência técnica a favor da vulnerabilidade.
Este cenário suscitou denúncias e desconfianças. Elas estão sendo apuradas e confrontadas. É remota, mas elas poderão produzir desdobramentos se ficar provada e tipificada essa interferência política num ambiente que deveria ser isento e técnico.
Até as denúncias têm alvo e cores partidárias o que a fragiliza com o vício de origem.
Pelo menos dois conselheiros titulares que concorreram e se elegeram há dois domingos, trocaram de filiação partidária: André Luiz e Mayandra Tonet Francisco, respectivamente segundo e terceiros mais votados. Eles saíram do PSD que faz oposição ao governo de Kleber e foram parar no MDB do prefeito de fato, Carlos Roberto Pereira, presidente do MDB. A mais votada, Vanessa Fabiane Scheidt, já é MDB de berço. Sintomática a partidarização alinhada ao poder de plantão. É preciso ser mais explícito que isso?
Dos conselheiros titulares do Conselho Tutelar de Gaspar e que se reelegeram, o único que não trocou de partido, foi Márcio Sansão. Ele ficou com a quarta vaga.
Ele está filiado no PSDB, partido que até poucos dias atrás não estava oficialmente com o governo Kleber. Esse posicionamento, entretanto, mudou com a eleição do novo diretório tucano.
Ele saiu das mãos da ex-vereadora Andreia Simone Zimmermann Nagel – que não se afina com a atual administração e foi candidata a prefeito contra Kleber – para as mãos o presidente da Fundação Municipal de Esportes, Jorge Luiz Prucinio Pereira – próximo de Leila, mulher de Kleber e notoriamente influenciadora na secretaria de Assistência Social. A articulação para o PSDB apoiar Kleber foi da vereadora do Distrito do Belchior, Franciele Daiane Back que também não tolera Andreia.
Mas, Márcio pelo alinhamento que tinha com Andreia continua sendo um estranho para o governo Kleber e para o novo diretório do PSDB.
E de que são acusados os que se elegeram no Conselho Tutelar com alguma identificação com o governo de Kleber? A de que a máquina de comissionados e do MDB funcionou a seu favor.
André justificou à sua saída do PSD por ser o partido “muito desorganizado, ter egos e nunca escutam”. Mas, a pergunta que não quer calar é: o MDB de Gaspar é diferente?
Mayndra tem a sua mãe, Marisa Isabel Tonet Beretta, como suplente do PSD. E quando ela assumiu a titularidade por algumas semanas na Câmara no ano passado, foi explícito o apoio de Marisa ao governo de Kleber, contrariando a orientação de quem lhe deu a vaga, Cícero Giovane Amaro, funcionário público e um dos mais ferrenhos oposicionistas ao governo de Kleber.
MISTURA INDEVIDA E APARELHAMENTO EXPLÍCITO
A eleição do Conselho Titular de Gaspar caminhava para ser uma homologação. São cinco vagas de titulares. Nas inscrições, feito pente fino para o enquadramento das regras, sobraram cinco candidatos. Recursos, aumentaram esse número para o raquítico sete concorrentes.
Uma fora do esquema, Marinês Testoni Theiss, filiada ao PT se elegeu. E Josiane Zuchi que ficou na suplência está inconformada, acionando o Ministério Público alegando irregularidades na cabala de votos dos vencedores.
É uma história que pode ser abafada ou pode resultar em feridos, dependendo como o Ministério Público avaliar tudo o que está recebendo. A tática, coincidentemente, é a mesma que o MDB emprega neste momento para eliminar ou inviabilizar os concorrentes das eleições municipais de outubro do ano que vem. Vem trazendo todos para dentro do partido ou os da aliança.
As desconfianças, queixas e denúncias contra a interferência externa na eleição do Conselho Tutelar de Gaspar teriam sido abreviadas se tivesse lá no edital um item simples e claro com a seguinte regrinha: os candidatos ao Conselho Tutelar não podem estar filiados aos partidos políticos por menos dois anos.
E por que? Porque não são funcionários dos partidos e dos partidários, nem do poder de plantão. Ao contrário, são técnicos com uma corajosa isenção. E por que? Porque o próprio site do Conselho Tutelar de Gaspar diz qual é a função de um conselheiro tutelar:
- Atender as crianças e adolescentes aplicando as medidas previstas no ECA – Estatuto da Criança e Adolescente;
- Atender e aconselhar os pais aplicando as medidas previstas no Estatuto;
- Promover a execução de suas decisões, podendo para tanto:
- Requisitar serviços públicos nas áreas de saúde, educação, serviço social, previdência, trabalho e segurança;
- Representar junto à autoridade judiciária nos casos de descumprimento injustificado de suas deliberações;
- Encaminhar junto ao Ministério Público notícia do fato que constitua infração administrativa ou penal contra os direitos da criança e do adolescente;
- Encaminhar à autoridade judiciária os casos de sua competência;
- Providenciar a medida expedida pela autoridade judiciária dentre as previstas para o adolescente, autor de ato infracional;
- Expedir notificações;
- Requisitar certidão de nascimento ou de óbito da criança ou adolescente quando necessário;
- Assessorar o Poder Executivo local na elaboração da proposta orçamentária para planos e programas de atendimento dos direitos da criança e do adolescente;
- Representar em nome da pessoa e da família contra a violação dos direitos previstos no ECA;
- Representar ao Ministério Público para efeito das ações de perda ou suspensão do poder público.
Volto e encerro: entenderam? Ora, se os conselheiros tutelares de Gaspar são parte política do governo de plantão, não possuem isenção suficiente para agir em nome da sociedade e protegerem os vulneráveis, pois em alguns casos terão que contrariar interesses e políticas desse mesmo poder, a legitimidade para tal foi comprometida pela forma como conseguiram os votos.
Ainda mais em tempos de campanha política e que se avizinha. Mais. Estarão comprometidos como cabos eleitorais do poder de plantão como retorno à “conquista” que conseguiram. Parece óbvio, se as provas colaborarem, que houve o aparelhamento do Conselho. E quem denuncia, também possui interesses partidários, mas antagônicos. Acorda, Gaspar!
Mais uma. O Hospital de Gaspar – que ninguém sabe quem é o dono e quem poderá assumir as dívidas e responsabilidades civis que se acumulam dos anos de intervenção municipal marota –, está sendo acusado mais uma vez de negligente na morte do menino de três anos, Henrique Manoel de Oliveira, cujos pais moram no bairro do Bela Vista.
Esta é a via crucis relatada pelo próprio pai José Manuel de Oliveira. Uma quinta-feira, dia três de outubro, o menino deu entrada no Pronto Socorro, foi atendido, medicado e liberado. Sexta retornou: medicado e liberado. Sábado piorou. No OS, a indicação era de esperar até segunda-feira. Mas, teve que retornar no mesmo sábado, pois nem em pé ficava mais.
Ai “descobriram” que era pneumonia. Meus leitores e leitoras, este diagnóstico tardio de pneumonia não é algo recorrente e que lembra outros acidentes semelhantes no mesmo PS? De sábado para domingo o menino ficou roxo. Levaram-no para a emergência e de lá vieram com a notícia da morte. Até hoje, nenhuma explicação.
Na sessão de terça-feira passada, o médico cardiologista, funcionário público municipal e vereador Silvio Cleffi, PSC, informou, que tinha aumentado para ele, as reclamações de excessiva demora e mau atendimento no Pronto Socorro do Hospital de Gaspar, mas que esse assunto ele trataria na sessão desta terça-feira da Câmara.
O Hospital de Gaspar vive em perpétuo socorro, silêncio e erros. Ele é um desmoralizador contumaz de gestores reconhecidamente técnicos e experientes que passaram por outros grandes hospitais da região e fizeram ou tiveram sucesso em resultados para as entidades mantenedoras de hospitais referências e à comunidade. Então, alguma coisa grave e errada há no Hospital de Gaspar, e há muito.
É importante que o médico e vereador Silvio não seja mais um a encobrir os erros e os errados em nome da preservação da imagem do Hospital e do corporativismo. Isso não contribui para a melhoria do Hospital, muito menos para a causa de Silvio que é a implantação de uma UTI no Hospital.
Afinal, se o Hospital não se é capaz de fazer diagnósticos corretos na entrada do paciente do Hospital, para que servirá uma UTI? Para corrigir os erros médicos no atendimento primário e onerar ainda mais na rede pública carente de UTIs? Acorda, Gaspar!
Coisas de Gaspar e extra contrato. A Ackar tem a concessão prolongada para a remoção (guincho) de veículos do local da retenção do veículo pela Ditran ou PM até o seu pátio, onde fica até a regularização da infração.
Para aumentar a sua receita, a Ditran de Gaspar está induzindo os proprietários a levarem seus veículos a Ackar para a vistoria de gás ou inspeção veicular. Isso não está nas atribuições da Ackar, nem há normatizando tal serviços e custos. Pior, quando há a custódia e o carro está na oficina para regularização, cobra-se diária como se o veículo na oficina estivesse veículo no seu pátio.
Falta ao Ministério Público se interessar por esse tipo de anomalia administrativa e colocar ordem na casa em nome dos cidadãos. Acorda, Gaspar!
Neste sábado é dia dos gaúchos “Os Mirins” na tradicional Sociedade Harmonia, no Belchior Central, em Gaspar. O baile lembra os encontros de GTGs e vai “concorrer” com a Oktoberfest, de Blumenau. É uma parceria com o Clube de Bocha Belchior.
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