29/08/2019
O grande salto de identificação dos gasparenses e que uniu – ou interligou - minimamente a cidade, foi quando o Pedro Celso Zuchi, PT, se elegeu pela primeira vez prefeito em 2000. Ele teve a coragem de implantar o transporte coletivo na cidade. Antes, os ônibus intermunicipais passavam aqui pelo Centro e faziam daqui, no horário e na forma como queriam, o maior bairro de Blumenau. Nada se criava por aqui, até bares e restaurantes. Registrei isso um par de vezes nas colunas que escrevi sobre isso. Um bafafá na época da então poderosa Viação Verde Vale. Mas, por outro lado, foi à teimosia e os exageros de Zuchi e principalmente do seu PT, que fecharam os olhos para um edital que não se cumpriu – no caso da acessibilidade e que quase lhe cassou –, bem como em favor dos resultados econômicos se desleixou na fiscalização. E a empresa Viação do Vale, da família Berger, de São José, abandonou o serviço antes do final da permissão e sob ameaça de cobrar de nós supostos prejuízos que teve com a operação por mais de uma década.
O novo edital do prefeito da eficiência, que avança e da mudança, Kleber Edson Wan Dall, MDB, depois de quase três anos atraso, está na praça. Busca de uma nova concessionária desse serviço público. É longo, todavia, velho, tanto quanto o que não deu certo com Zuchi. A primeira ideia do transporte coletivo nos dias de hoje é o da mobilidade urbana, integração de linhas, regiões, modais, terminais, facilidades, conforto, conectividade e à permissão de aplicativos para acompanhar serviços, pagar, se identificar.... Nas centenas de páginas do edital, nada. O transporte coletivo de Gaspar do século 21, como em quase todas as cidades brasileiras, é feito como se fosse um favor para gente operária e pobre. As linhas começam e se encerram num terminal no Centro e em determinados pontos finais de bairros como é hoje. E assim deverá ser por mais 20 anos. Um político sem noção até publicou na sua rede social de que haveria Wi-Fi de graça no ônibus. No edital, não há essa obrigação. Pode até acontecer. E como essa experiência já está sendo questionada em Blumenau, e como os pacotes das operadoras estão cada vez mais baratos e eficazes que tal trocar o tal Wi-Fi por Ar Condicionado? Afinal, em Gaspar há 300 dos 365 do ano, à temperatura superior a 20 graus. Para os passageiros: poeira, suor e desconforto. Já para os políticos...
O novo transporte coletivo de Gaspar trata o passageiro como matéria de segunda. Só 40 por cento da frota será nova, podendo-se admitir que se tenha veículos com até 15 anos, dando-se um prazo de três anos para renová-la e se ter com isso uma idade média de oito anos. Ele não trata da interligação com Blumenau, Brusque, Ilhota e Gaspar, isso numa região metropolitana cada vez mais conturbada, congestionada e num contrato de 20 anos, como se tudo e todos fossem ficar parados no tempo por duas décadas. Ou isso é de propósito para arrumar pé para mudar tarifas contra os passageiros? Sim, por que isso, é uma das poucas coisas que está bem clara: o reajuste será anual em dezembro, a cada três anos haverá reavaliação pelas “planilhas” – que ninguém sabe direito como são compostas, fiscalizadas e conhecidas do público – além da possibilidade de se haver reajustes “extraordinários”.
O que está bem claro é quanto a prefeitura quer ganhar, não exatamente o quanto os cidadãos devem ganhar nesta concessão. São R$174.220.653,73 em 20 anos. Se a Caturani – a provisória - que aprendeu a fazer o serviço para estar habilitada nesta concorrência, sobram dúvidas. É que ela precisa mostrar no seu balanço que tem R$18.033.460,68 de patrimônio líquido. Ou seja, podem faltar interessados. E ai? Voltamos à precariedade de hoje. Supondo eu haja um vencedor, depois de todas as contestações e avaliações, ele vai depositar apenas R$609.772,29 de garantias, ou seja, 0,35% do valor da concessão. São regras para serem quebradas e eternamente serem questionadas na Justiça enquanto se explora o serviço – como aconteceu com a Viação do Vale -, até porque, no dia da assinatura do contrato é preciso cumprir apenas à metade do que é exigido no edital e há ainda seis meses para a devida adaptação. E a tarifa? O teto de R$4,40 (no dinheiro, no cartão tem 5% de desconto), mas leva quem apresentar a menor. E os R$4,80 cobrados hoje, enquanto Blumenau cobra R$4,20? É o velho que trabalha contra o novo. Um é chamado até transporte de passageiros, o outro deveria ser tratado de mobilidade e integração urbana. Nada se avançou desde quando Zuchi criou o serviço de transporte coletivo urbano por aqui nos anos 2000. Os erros que derrotaram Zuchi nesta matéria e fizeram à Viação do Vale correr daqui, continuam presentes no edital que está na praça. Aprendizado zero. Ou seja, Kleber levou três anos para fazer o mais do mesmo. Acorda, Gaspar!
Em campanha. Depois da pesquisa de campo, orientado, o prefeito Kleber Edson Wan Dall, MDB, foi para a rua, de madrugada, na porta de fábrica, panfletar material que fala e enumera às suas obras. Existe erro mais evidente da sua estratégia de comunicação feita por curiosos, amigos e vingança contra quem possui credibilidade? Em menos de três anos trocou quatro titulares?
O PSL parou tudo no estado. Está fazendo a tal “discussão das suas relações”. Vai rever as comissões provisórias, depois da lavação pública de roupa suja no diretório estadual, com o governador e até mesmo na comissão de Gaspar. A ordem é começar do zero.
Os que estão dentro terão que se enquadrar e unificar o discurso para ficar lá. Estão à procura de “infiltrados” e oportunistas que dizem estarem atrapalhando a “imagem” do partido.
O PSL precisa entender que Jair Messias Bolsonaro, PSL, fala demais e conspira contra o seu próprio discurso, ao privilegiar os filhos ou esconder seus deslizes, como à rachadinha de Flávio Bolsonaro na Assembleia do Rio de Janeiro, que desmoraliza o ministro Sérgio Moro e flerta com a corrupção que dizia combater sob qualquer força.
Já o governador Carlos Moisés da Silva possui uma equipe muito fraca. O seu homem mais forte no governo, é burocrata, coletor de impostos, Paulo Eli. Ele enxerga todos como sonegadores. Pior, só quer criar e aumentar tributos para cobrir o rombo de privilégios que Moisés prometeu acabar.
O peixe sumiu da merenda terceirizada nos CDI e escolas municipais em Gaspar. Faz três meses. A denúncia é da vereadora e berçarista, e ex-vice-prefeita, Mariluci Deschmps Rosa, PT.
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