23/01/2020
Não vou repetir o que escrevi e detalhei na coluna de três de janeiro de 2019 sobre as contas do governo de Kleber Edson Wan Dall, MDB e Luiz Carlos Spengler Filho, PP. É um copia e cola que lava a minha alma outra vez sobre tudo o que escrevi durante o ano passado e fui perseguido por apenas esclarecer. Devido à falta de espaço físico aqui, reproduzo apenas o título daquela coluna. Ele é o resumo: Gaspar arrecada bem menos do que o projetado no orçamento para 2018. Um jogo contábil faz despesa ficar dentro dos limites. Sobra de caixa é criatividade”. Mudem então 2018 por 2019 e tudo piora. E ninguém pode falar que a culpa é do ex-prefeito Pedro Celso Zuchi, PT, o qual delegou um Orçamento amarrado para Kleber administrar. O de 2019 já é todo ele montado pela atual administração. No papel, as receitas reais chegaram a R$234,9 milhões; no caixa, de verdade, só pingou R$221,6 milhões – sendo R$153,9 milhões de transferências (união e estado); gerado aqui, R$ 39 milhões de impostos, R$9,4 milhões em taxas, R$17,3 milhões em serviços e R$8 milhões em “outras” receitas para um orçado de R$256,8 milhões. É fácil concluir que sobraram números para embaralhar discursos de gestão eficiente e o quase permanente Refis. Faltou, de verdade, dinheiro. E não foi pouco!
Já no outro lado, o orçado das despesas em R$256,8 milhões foi afogado pela assustadora cifra consolidada de R$317 milhões (receitas reais R$ 221,6 milhões). Dos empenhados R$261,4 milhões durante o exercício, só R$221,2 milhões foram pagos; coincidentemente com o que está entre parênteses sobre as receitas de verdade. A diferença está embarrigada para ser quitada neste ano e vai comer parte da receita, ficcionalmente, outra vez, aprovada na Câmara, de R$296 milhões para 2020. E a diferença para cobrir os R$317 milhões? Vem em parte pelos R$140 milhões em empréstimos aprovados pela Câmara. Despesas, inchamento (como o PL 64/2019, e o polêmico PLC 17/2019 aprovados pela Câmara e detalhados nas colunas de sexta e segunda-feira) e empréstimos, vão parar Gaspar em pouco tempo, se não houver, de verdade, um aumento de receitas próprias com atração de investimentos limpos e com mais valor agregado, ou até, com mais transferências. Estas poderão ocorrer diante de um novo pacto federativo e até via a reforma tributária. Porque enxugar a máquina que tornou a prefeitura um cabideiro para composição política, criar produtividade, quebrar privilégios, isso o governo Kleber não fez e não fará, ainda mais neste ano em que tenta a reeleição.
Mas o que chama mais a atenção? As três áreas as quais concentram os maiores gastos, ou investimentos da prefeitura na cidade e aos seus cidadãos. Na ponta do lápis, no custo-benefício é a pior imagem e percepção. Consequentemente, o retorno e reconhecimento para o político e um governo que querem continuar no poder de plantão são fatores bem complicados. A área de projetos e obras exigiu recursos de R$89,7 milhões (dos R$72,2 milhões orçados). Nesta área sobram dúvidas, atrasos e confusões a tal ponto que o governo está enfrentando uma Comissão Parlamentar de Inquérito na Câmara contra a drenagem feita pelo Samae (e que cujos recursos dele nem estão neste total de R$89,7, milhões) bem como à re-pavimentação em que correram com a Engeplan da obra. E dizer que tudo começou errado já ao retirar os paralelepípedos da rua, um bem público. Estavam enterrando-os no lixo. Complicado!
E este não é o único ponto fora da curva neste custo-benefício que contribuiu decisivamente para o retorno negativo à imagem do governo Kleber, Luiz Carlos e do prefeito de fato, o ex-coordenador de campanha, presidente do MDB, o secretário de Fazenda e Gestão Administrativa, Carlos Roberto Pereira, cuja área gerenciou na própria pasta, R$30,5 milhões de despesas e investimentos. A Saúde de Gaspar – onde já esteve Carlos Roberto Pereira em 2018 - em 2019 consumiu R$57,5 milhões contra um orçamento de R$43,4 milhões (quase R$52 milhões estão previstos para 2020). É preciso ir mais adiante para mostrar que é muito dinheiro para muita reclamação e insatisfação da população? Apostou-se erradamente no Hospital – que ninguém sabe quem é o dono – e faltou assistência básica nos postinhos dos bairros onde as queixas se acumulam. E o que falar da Educação? Ela gastou R$69,8 milhões contra um orçamento R$60,8 milhões (R$64 milhões para este ano), mas só conseguiu diminuir a filas nas creches criando o meio-período. Contra-turno, período integral ou até ensino bilíngue, passaram longe do ensino básico e fundamental. Onde se avançou? Na terceirização da merenda. Mas, por outra razão: negócios. Atrair faculdades quando não se cuida do básico?
E o que falar do Samae, do mais longevo dos vereadores, José Hilário Melato e do PP? Eles são parte ponderável deste custo-benefício negativo político e de imagem para o governo de Kleber, Luiz Carlos e Carlos Roberto. Com um orçamento de R$23,1 milhões, o Samae gastou e investiu R$28,3 milhões. Ampliou a capacidade de armazenamento de água tratada, mas está faltando o produto e rede para distribui-la. E neste fim-de-ano com parte dos gasparenses fora da cidade, restou culpar São Pedro e pedir economia de água. Vergonha! Por outro lado, para aliviar o caixa da prefeitura e usando recursos que dizia sobrar na autarquia por exemplar gestão, mas que deveriam estar em investimentos dela, o Samae de Melato se meteu em fazer aquilo que não sabia: a drenagem e limpeza de valas. Um fiasco que deu em CPI. E precisava isso? O verdadeiro fiasco do Samae, o que constrói o futuro, que é eficiente e que avança, como insiste a propaganda de Kleber, fica por conta da falta de coleta e tratamento de esgoto. Em três anos, a autarquia e o seu presidente não tiveram à capacidade para tocar um projeto com verba federal já disponível. O Rio Itajaí Açú, sob a complacência do Ministério Público, tornou-se a latrina dos gasparenses. O MP gerencia uma Termo de Ajustamento de Conduta desde o tempo do primeiro mandato de Zuchi. Acorda, Gaspar!
Impagável. Há um mês corria nas redes sociais e aplicativo de mensagens – e eu fui o único a registrar uma pequena nota aqui, um filmete da realidade gasparense que todos enxergam, menos os poderosos.
Nele, uma árvore de Natal, grande, cara e ricamente decorada por especialista, era levada por um puxa-saco do poder de plantão, na caçamba de uma pick-up, desafiando as leis de trânsito e à segurança pessoal do segurador de árvores. Destino devidamente comprovado: à casa de um dos plantonistas do poder.
O flagrante desmascarou quatro verdades: a primeira de que não adianta mais surtar, emparedar ou comprar o silêncio da imprensa. Um simples smartphone faz prova e entrega o crime ao mundo todo. Provas irrefutáveis. Desnecessárias as explicações. Ninguém acredita diante das provas, mesmo se absolvido pela Justiça hoje feita para os poderosos.
Desmascarou-se o infrator da lei do trânsito, à dúvida sobre a intenção na reciprocidade do presente tão generoso e à razão pela qual puxa-saco não possui credibilidade para ser o porta-voz do poder de plantão, ou o demoralizado a questionar os que desvendam erros e dúvidas. É uma marca da uma fama e de anos que a cidade inteira conhece.
O que eu não tinha ainda registrado para os meus leitores e leitoras? É que a árvore foi devolvida poucas horas depois da entrega. E por que? Diante da intensa repercussão negativa perante a cidade e os cidadãos que fizeram do fato um hit nas redes e aplicativos de mensagens.
Enquanto culpa uma suposta imprensa, esta cena do filmete, e outras, vão ser os verdadeiros fantasmas do poder de plantão nas redes sociais e aplicativos de mensagens durante a campanha eleitoral.
Elas vão ajudar nas escolhas no pleito eleitoral em Gaspar. O que é impagável, afinal? O puxa-saco de plantão, pela estultice, é de fato e imprudência, o algoz impiedoso do poderoso que adula. Acorda, Gaspar!
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