20/02/2020
O PT de Gaspar fez uma reunião e apresentou a lista de candidatos do partido a prefeito em outubro e que não responde a mudança expressa pelo eleitor em outubro em 2018: o ex-prefeito Zuchi, a ex-vice, os vereadores Dionísio, Rui e presidente do partido, Doraci.
O PT de Gaspar mandou avisar aos eleitores que começou o ensaio do bloco para quatro de outubro. Na comissão de frente estão disponíveis para concorrer na cabeça de chapa o que já foi prefeito por três mandatos, Pedro Celso Zuchi, a sua ex-vice por dois mandatos, a funcionária municipal, Mariluci Deschamps Rosa. Ela é vereadora com Rui Carlos Deschamps – ex funcionário do Samae - e Dionísio Luiz Bertoldi, um microempreendedor os outros dois nomes. Integra ainda a lista, o professor e ex-chefe de gabinete de Zuchi, hoje presidente do partido por aqui, Doraci Vanz. Olhando-a, é uma nominata de respeito. Se olhar melhor, vai se descobrir que é o tal menos do mesmo. E os próprios petistas sabem disso, tanto que o assunto transpira nas conversas íntimas deles. A lista mostra que não houve renovação, não inovação nem proposta de mudanças. E para o eleitorado, mudanças é o pedido da vez. Esse “pedido” não aceita o PT.. Mesmo provando que Kleber não foi e não será a mudança que prometeu, o PT daqui dificilmente se livrará da fedentina. Ela o impregna. Não se trata de uma narrativa insana da direita xucra, dos conservadores nas novas seitas ou dos “golpistas” que apearam o PT da vaca leiteira.
O PT de Gaspar de hoje sabe que, tudo será diferente daquele tsunami de 2000. Ele surpreendeu a cacicada dona da cidade daqueles dias. Ela se perpetua até hoje direta e indiretamente – trocando de partido, amigos e discursos - no poder de plantão. Em 2000 havia cheiro de vingança – e mudança também. A onda amarela de Décio Neri de Lima – renegando o vermelho já naquela época - e se reelegia prefeito em Blumenau. Em 1996, num fenômeno eleitoral incontrolável – sem redes sociais e aplicativos de mensagens, sem imprensa, substituídos por sindicatos, sindicalistas e microempresários em torno da Ampe – Décio foi a vingança e mudança em Blumenau e derrubava a oligarquia do histórico Renato de Mello Vianna, MDB, e também gasparense. Eu sei que os tempos são outros. Contudo a exigência é a mesma e tudo se interliga. Décio bateu em 1996 o até então “imbatível” gasparense do Belchior, Wilson Rogério Wan Dall, PP, campeão de votos para deputado estadual por quatro vezes. Em 2000 não resistiu e compreendeu à derrota. Exilou-se no Tribunal de Contas onde está até hoje. Para os tempos atuais, o PT não poderá mais contar esta ajuda colateral de Décio, presidente estadual. O partido minguou como um nanico. E as lideranças juntam os cacos do telhado de vidro.
Aquela onda naquele primeiro de outubro deixou abatida e incrédula o establishment gasparense. Foram 6.770 votos dados a Zuchi, um funcionário aposentado da Petrobrás, sem atividade política e que passou boa parte da sua vida fora daqui. Era o novo. Era a vingança. Era o recado. Era a mudança. A cidade estava dividida em cores, rancores e sonhadores. Ficou pelo caminho o professor Francisco Hostins (6.595 votos). Hostins estava de volta ao PP depois de uma vitória histórica pelo nanico PDC onde foi o novo em 1988 e ter sido referência administrativa na cidade em apenas dois anos. Não vou repetir a história contada aqui várias vezes. Ficou Luiz Fernando Poli (5.418 votos), PFL, um prefeito populista, eleito duas vezes, oriundo do MDB. Ficou o jovem veterinário Adilson Luiz Schmitt (4.209 votos) e que voltava a testar o MDB depois do afastamento do prefeito Bernardo Leonardo Spengler, o Nadinho. Ficou, o então líder estudantil Mário Cesar Pera (1.977 votos) pelo PSDB com apoio empresarial. Ficou a professora e a primeira vereadora eleita aqui, Maria Terezinha Ramos (542 votos), pelo PDT. Ficou a grande decepção do jogo, o líder comunitário Dario Beduschi (147 votos) pelo PTB do vice que terminou o mandato de Nadinho, Andreone dos Santos Cordeiro. Mais do que história, esses números e resultados precisam ser lembrados como lição aos mais jovens, aos afoitos e principalmente aos mais velhos. É que todos estão insistindo nos erros que eles próprios foram protagonistas num mundo com mais exigências dos políticos.
E por que fui buscar exemplos na história política tão mal contada por essas paragens? Porque para reverter o estrago ao establishment em 2.000, os “çabios” decidiram unir a cobra e o sapo numa mesma balaia 2004. Foi para vencer, apenas. Não foi para governar. O MDB e o PP ganharam, respectivamente com Adilson Luiz Schmitt –que se renegou a ser enquadrado pelos donos do partido - e o empresário Clarindo Fantoni. A experiência foi a pior possível. Então, a onda Lula – e não só Décio - foi decisiva para a retomada do poder por oito anos em 2008 com Pedro Celso Zuchi. Ele sim, é uma grife política. Depois de 12 anos como prefeito está acima do que é o partido hoje. O PT o atrapalha se ele de verdade quiser concorrer. Os demais, sem chances mesmo que a palavra seja a vingança ao que está. E o próprio PT sabe disso. E todos sabem disso. É que o partido os compromete muito mais, do que faria contra Zuchi. Então, o PT de Gaspar não tem nome para enfrentar os seus próprios pecados e não é verdadeiramente uma via de mudanças como foi em 2.000. Se há descontentamentos da cidade e dos cidadãos com a nova união do sapo com a cobra na versão Kleber Edson Wan Dall, MDB e Luiz Carlos Spengler Filho, PP, união que derrotou o PT, certamente a cidade e os cidadãos ainda esperam um nome novo diferente dos que o PT e PSL apresentaram. Acorda, Gaspar!
Em Gaspar, o PSL poderá ser o vice do MDB em outubro deste ano. A exemplo do que aconteceu em Ilhota, onde o vice-prefeito Joel Soares trocou o PP pelo PSL, com as bênçãos do governador Carlos Moisés da Silva, essa possibilidade é aventada nos labirintos politicos há muito tempo. Tudo via o deputado Ricardo Alba, PSL, como informei em novembro do ano passado.
O PSL de Gaspar nega desde lá. “Nós temos um plano estratégico para as eleições e vamos seguir com convicção”, acentua o presidente Marciano da Silva. Neste “plano estratégico” ele não confirma se está a filiação de Luiz Carlos Spengler Filho, PP, ou Marcelo de Souza Brick, PSD.
Os “çabios” do atual governo de Gaspar, estão chamando em seus gabinetes e escritórios, os desgarrados para uma “conversinha”. Estão ouvindo aquilo que a cidade inteira sabe e propaga, mas o poder de plantão finge não entender. Estão lavando a minha alma.
Esperteza e oportunidade aos ouvidos dos desinformados. Na Câmara de Gaspar, os governistas agora chamam os da oposição de serem representantes da esquerda [do atraso], pois essa palavra soa um palavrão aos eleitores neste momento. Onde é mesmo a raiz do MDB, PSDB e principalmente do PDT e que estão no governo Kleber?
O PL – do nada - virou a cereja do bolo em Gaspar. O poder de plantão vigia tudo com lupa para não ser surpreendido. Esta semana houve reuniões em Florianópolis e Gaspar para colocar se limpar os pratos. Márcio César que já foi PP e PSL, estava na formação do Aliança Pelo Brasil e auto-intitula presidente do PL daqui, não foi convidado para as reuniões.
Na segunda-feira, um artigo que escrevi especialmente para a coluna “Olhando a Maré” no portal Cruzeiro do Vale, expliquei esta engronha toda. Há uma unanimidade: Márcio estaria a serviço do poder de plantão que está cercando todos para que nada se crie fora do ambiente de domínio do MDB, PP, PDT, PSDB e PDT e quiçá PSD. Ele se ensaia parceiro de todos para se instalar no poder.
O experimentado agente de trânsito Pedro Silva, da Ditran de Gaspar e que está exilado no pátio de veículos apreendidos – mesmo faltando gente para trabalhar nas ruas da cidade – acaba de ser nomeado para a Junta Administrativa de Recursos de Infrações – Jari – do DNIT de Santa Catarina.
Ele foi nomeado na condição de ente “ com conhecimento na área de trânsito” e seu serviço – segundo ele -, será prestado fora do ambiente e horário da Ditran de Gaspar. O exílio de Silva é mais um ato de vingança do poder de plantão. Acorda, Gaspar!
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