10/07/2019
O que a ExpoGaspar provou mais uma vez? Que é um modelo simples, eficaz e capaz de ao mesmo tempo reunir milhares de pessoas daqui e mostrar ao público local, como a cidade de Gaspar evoluiu e que de alguma forma, afora às grandes e bem conhecidas empresas, é um município pujante de médios e pequenos. Mostrou, mais uma vez, que Gaspar tem vida e relacionamentos próprios. E mostrou, principalmente, que falta para Gaspar um local estruturado para ações assemelhadas para eventos com mais frequência.
A ExpoGaspar foi criada na administração do petista Pedro Celso Zuchi nos meados do seu primeiro mandato (2001/04). Mas, foi ele também, no segundo dos três governos (2005/09), teve que abortá-la, exatamente pelas dúvidas criadas pelo seu ex-secretário de Turismo, Comércio e Indústria, Rodrigo Fontes Schramm, já falecido. Por pouco não custa ao ex-prefeito uma quarentena na perda dos direitos políticos.
O incremento da ExpoGaspar de uma ideia que não era sua, mas da cidade, aconteceu pelas mãos e insistência do ex-prefeito e médico veterinário Adilson Luiz Schmitt, então no MDB. Ele abriu o caminho para a mistura de eventos e no formato como ela é hoje com a exposição de produtores industriais, feira comercial, exposição e feira de animais, parte das atividades do Festinver – Festival de Inverno -, bem como o Festival da Tilápia e agora, com mais shows regionais e até nacionais.
A ideia da ExpoGaspar hoje já não caberia mais no então Ginásio de Esportes João dos Santos, o primeiro prefeito daqui, nem no seu anexo, que se ergueu para exatamente comportar expansão da ExpoGaspar em tempos não tão longínquos assim. Seja, pela dimensão que tomou a ideia, seja pela perigosa localização em que o ginásio depois da construção da ponte do Vale está metido, seja pelo desenvolvimento urbano que tomou e ameaça se consolidar naquela região, a ExpoGaspar naturalmente tomou o rumo da Arena Multiuso.
PROJETO DE POLÍTICOS E NÃO DE CIDADE, MAS PAGO POR TODOS
Retomo ao título do artigo.
O que provou, afinal, a ExpoGaspar como fez este ano o Rodeio Crioulo, o Stammtisch entre outros eventos realizados lá na Arena Multiuso?
Que Gaspar carece de um local amplo, estruturado e de livre no acesso – no que tange à mobilidade - para eventos de porte, não só local, como regional (caso do Rodeio). A Arena Multiuso, que até está batizada com o nome de um ex-prefeito, Francisco Hostins, PDC, é uma fantasma e está destinada à desaparecer.
É um problema jurídico grave criado por Zuchi. Ele a desapropriou, por preço de banana, numa vingança sem precedentes de um empresário. Kleber e os que os cercam, por sua vez, não querem resolver esse abacaxi, sejam pelas implicações jurídicas criadas, seja pelo montante indenizatório envolvido pois não é nenhuma banana e cada dia se valoriza mais àquela área, seja porque Kleber, como todo político vaidoso, quer criar uma outra marca para si. Resumindo: a solução deste problema na Arena, daria lembrança à um adversário e não à cidade. Por isso, nem ao menos Kleber disfarça e tenta uma composição.
O uso daquela área, onde já foi investida muita grana dos pesados impostos dos gasparenses – incluindo a reposição de roubos e depredações do local que se dá a cada ano depois dos eventos, pois a partir de agora ficará abandonado até o ano que vem -, é um favor especial do seu dono, Gert Fritsche, ex-dono da finada Sulfabril e da modelo Fazenda Juçara – desapropriada para ser uma Arena Multiuso.
Depois de tudo parar na Justiça, só um acordo e muita boa vontade de Gert para esquecer o que os políticos gasparenses fizeram contra ele. O uso precário daquela área para os eventos do ano passado e deste ano está sob várias restrições impostas pelo Ministério Público e pela Justiça para proteger o dono da área.
É quase um improviso, pois nem melhorias a prefeitura pode fazer lá. E se isso acontecer, pode até ser caracterizado como improbidade administrativa para quem assim autorizar.
Kleber quer criar um parque municipal no bairro Sete de Setembro para substituir a Arena Multiuso. Além de se uma área bem menor, tomará dinheiro que parte já emprestou dos bancos e não se sabe quando ela, de fato, estará disponível para a população. A tentativa é para pelo menos ser incorporada na campanha eleitoral do ano que vem.
Mais do que isso. Esta nova área de eventos públicos ficará numa região que tenderá ser residencial e que durante eventos grandiosos, poderá comprometer seriamente a mobilidade da cidade. É só ver o que acontece hoje com Festival de Aeromodelismo.
Para finalizar. Trabalhar para buscar soluções jurídicas, negociar preços e prazos, bem como atrair investimentos federais possíveis para esta finalidade nas múltiplas viagens que faz a Brasília, ou com deputados parceiros e assim atenuar os custos – gerados pela má ação de Zuchi -, é algo que passa bem longe de Kleber e seu grupo. Assim fica cada vez mais longe de se tornar o espaço da Margem Esquerda uma verdadeira Arena Multiuso e lá Kleber impor à sua marca como o que transformou um grande problema em solução.
Para quem não consegue desatar o nó também criado por Zuchi no loteamento das Casinhas de Plástico, tudo está dentro do atual padrão de resultados. Acorda, Gaspar!
O ex-diretor e funcionário do Samae, o vereador Rui Carlos Deschamps, PT, atravessou e teve aprovado na Câmara, um requerimento revelador. Ele faz parte de queixas não tão veladas assim de alguns funcionários daquela autarquia tocada pelo mais longevo dos vereadores, José Hilário Melato, PP.
Rui quer saber de Melato quantos rompimentos de lacres em medidores de água foram detectados no período de primeiro de janeiro de 2018 a 31 de maio deste ano. O vereador, experimentado no assunto, quer a cópia dos códigos e cadastros de todos os consumidores que tiveram seus lacres violados no período; quer também saber as medidas que foram tomadas e aplicadas pelo Samae a estes consumidores. Mais: dos servidores que constataram tais irregularidades, ele quer o nome e a função de cada servidor, encaminhando os relatórios e imagens da ocorrência para ele analisar o assunto na Câmara.
Qual a razão disso? É que há indícios de uso político dessa prática. Ou seja, alguns consumidores são diferentes de outros do Samae de Gaspar. A maioria não rompe lacres, paga a água que consomem, quando não paga o ar da falta constante dela nas redes por vários motivos técnicos e que têm sido uma constante nos últimos anos e manchete por aqui. Acorda, Gaspar!
Não se tratava de premonição quando editei o título e o texto. Tratava-se de uma obviedade que saltava aos olhos de todos, inclusive de alguns profissionais envolvidos na própria operação em si, mas principalmente na investigação em curso e integrantes da inteligência policial catarinense.
Três meses depois, fica claro que as polícias de Santa Catarina ainda não são um só corpo, apesar da experiência que quer dar o governador Carlos Moisés da Silva, PSL, - um comandante bombeiro militar reformado - em não ter um secretário de Segurança, mas um “colegiado” de Segurança no seu governo. A boa intenção é a de fazer o topo das forças de segurança conversarem entre elas. Entretanto, no miolo e no ground operacional, a realidade ainda é outra e há poucos sinais de mudanças.
Se a ideia é nova, e está sendo testada aos limites que toda novidade experimenta, ela precisa evoluir e o caminho é longo, muito longo e cheio de pegadinhas dentro nas próprias corporações, arraigadas à vícios e castelos de poder. Questionado à época sobre se o assalto tinha sido realizado por profissionais, o delegado regional – e que já atuou com destaque em Gaspar, Egídio Maciel Ferrari, respondeu que “aqui os profissionais são os policiais e não os bandidos.
E por que retomo este assunto? Não porque ele aconteceu em Blumenau, mas porque as “iscas” dos bandidões para o espetáculo policial estavam embrenhadas no interior de Gaspar e Ilhota, foram notícias naquela semana aqui, em Itajaí e Balneário Camboriú. Porque surgiu outro impasse: o de competência.
E para piorar tudo, a segurança de Santa Catarina teve sair do comando do caso porque a Polícia Federal avocou o assunto para si, pois o assalto foi num “aeroporto”. Até judicialização sobre esta disputa, existe. Resumindo: enquanto a polícia bate cabeça, os bandidões comemoram e a sociedade paga a conta e fica vulnerável.
E mais. De lá para cá, o caso sumiu da imprensa. Todos que levaram vantagens neste assalto, agradecem.
Vamos o meu texto de março. Aos leitores e leitoras restam às conclusões.
“Na quarta-feira passada [23.03] o noticiário era surpreendido com uma ação espetacular da Polícia Militar no Médio Vale e Foz do Itajaí. Escrevi que uma parte era o papel dela. O outro, pode ter trabalhado contra ela própria: o resultado espetacular.
Prendeu-se três bandidos, de quinta, que participaram indiretamente de outro espetáculo: o assalto na semana anterior aos carros fortes no Aeroporto de Blumenau, o Quero-Quero.
A perigosa organização e os verdadeiros bandidões estão soltos e muito provavelmente, longe daqui, pois tudo ao que se indica foi tramado, cuidadosamente e por meses, pelo PCC paulista.
A PM recuperou R$20 mil, que era usado para deslocamentos de gente miúda e presa, ou usada de isca pelos bandidões para se desviar a atenção dos policiais enquanto eles fugiam. O assalto, segundo a Brinks, rendeu R$9,8 milhões. Então o recuperado, é equivalente a zero.
De lá para cá, nada. Não se sabe se se pratica o silêncio que vale ouro, ou para encobrir as naturais dificuldades. Escrevi naquela quarta-feira que faltava à Polícia Civil fazer a parte dela. Ela está quieta até porque não é mais a dona da investigação que passou para a Polícia Federal. A PM e a PC são agora, colaboradores. E isso é bom para ambos.
O silêncio na PF tem significado, na maioria dos casos, trabalhado duro, até o espetáculo da prisão.
O que se espera pela paz na nossa PM e PC que disputavam os mesmos holofotes enquanto os bandidos, na escuridão da fuga planejada, para despistar deram iscas aos policiais e ganharam tempo de sobrevivência”.
Retomo, reforço e encerro. Até agora, o silêncio sobre este assunto toma contornos de preocupação e contra a sociedade, a favor dos bandidos. Na Justiça a disputa a quem compete investigar e prender essa gente. Novamente, os bandidos continuam em vantagem contra os que verdadeiramente pagam as Polícias para enquadrá-los. Quando a sociedade que gera impostos vencerá às disputas, vaidade e burocracia e será protegida dos bandidos pelos policiais que paga? Wake up, Brazil!
A anunciada ida, mas ainda não efetivada, do ex-prefeito de Blumenau, Napoleão Bernardes, ex-PSDB, sem partido, para o PSD, se acontecer, vai mexer e enfraquecer o PSDB por aqui. Mas, também fará estragos no PSD.
Esta possível ida de Napoleão ao PSD é prematura, entretanto o retira do ostracismo político onde está metido desde que deixou o ninho tucano. É uma jogada do velho político Jorge Bornhausen, e é para colocar Napoleão na “suplência” do projeto a governador do presidente da Assembleia Júlio Garcia, PSD, envolvido – devido as relações com presos - nas últimas operações da Polícia Federal.
Ao menos no PSD, Napoleão vai ter articuladores e não traíras, como aconteceu na última corrida ao governo do estado. O prefeito de Blumenau apareceu no segundo tempo como capaz de aglutinar os interesses do PSD, PP, PSDB, PP entre outros. Acabou no último minuto descobrindo-se vice do MDB sem votos, com Mauro Mariani.
Esta possível ida de Napoleão Bernardes para o PSD obriga também ex-prefeito de Blumenau, que já foi do PFL e deixou recentemente o PSD para liderar o DEM catarinense, a redobrar os cuidados. Napoleão não só criará um arco que vai do PSDB ao PSD e como encampará parte do DEM, com os egressos do PSD. Quem viver, verá.
Qual é a maior atração turística de Gaspar? Segundo alardeia a própria prefeitura, são as cascatas. O painel enolado, mal colocado na entrada da Rua Bonifácio Haendchen, no Belchior Central, já está desbotado. Mais um exemplo do dinheiro da comunicação colocado fora.
Evoluindo. As placas das ruas de Gaspar que estão sendo repostas já trazem nela o CEP – Código de Endereçamento Postal. A criação do CEP por ruas foi um pedido aos Correios da ex-vereadora Andreia Simone Zimmermann Nagel, PSDB, por sugestão do ex-prefeito Adilson Luiz Schmitt, sem partido.
Vem mais. Lembram-se daquele pregão milionário de serviços de drenagem que foi parar no Tribunal de Contas do Estado e lá discute-se há quase um mês às irregularidades dele. O vereador Dionísio Luiz Bertoldi, PT, quer saber quais as ruas – e os bairros - que seriam contempladas com genérico o tal pregão 78/2019 e que deveria ser na modalidade de concorrência. Ai, ai, ai.
Em campanha. Se está difícil para os vereadores que apoiam a administração de Kleber Edson Wan Dall, MDB e Luiz Carlos Spengler Filho, PP, o sumido, imagina-se para os da oposição. Os situacionistas estão cobrando por requerimento – e não mais sugestionando por indicações - projetos e datas de pavimentação de ruas periféricas. Kleber está preocupado com as “grandes obras” e que não está dando conta. Zuchi perdeu entregando um monte de ruas com asfalto nega maluca e a ponte do Vale...
A repentina baixa temperatura da semana desta e da semana mostrou, novamente, a fragilidade de Gaspar para lidar com as pessoas vulneráveis. Foi improvisado tanto pela secretaria de Assistência Social como pela Superintendência da Defesa Civil, por cinco dias, um abrigo Centro de Convivência e Fortalecimento de Vínculos Maria Hendricks.
O que mostra isso? Que falta a Gaspar uma Casa de Passagem; que da mesma forma como no verão nos preparamos para com as enxurradas e eventos climáticos extremos, no inverno, por aqui é um ponto de atenção e cada vez mais severo, diante das mudanças climáticas. É custo. Sim! É outro tipo de obra: a social.
E por que Gaspar precisa se preocupar com este assunto? Porque é uma cidade passagem e dormitório para migrantes em estado de vulnerabilidade. É uma cidade que a grande maioria dos empregos, quando não precários, são de baixos salários, conforme revela o IBGE e o próprio DEL da Acig. Segundo porque os relatos da secretaria de Assistência Social apontam para essa correção: foram 49 abordagens, sendo que 12 pessoas acolhidas no, quatro internadas em comunidades terapêuticas e uma voltou para seu lar.
O governo Kleber está marcado por várias fragilidades na área de Assistência Social. Começou usando a área para emprego político de seu titular, a primeira medida foi tentar retirar a participação no FIA – Fundo da Infância e Adolescência -, a tentativa de instrumentalização do Conselho Tutelar e até a tentativa de fechamento da Casa Lar. Ou seja, é histórico.
E o que aconteceu nas redes onde o prefeito Kleber Edson Wan Dall, MDB, apareceu como repórter dele mesmo se gabando da criação do abrigo de cinco dias para aplacar o frio dos vulneráveis? Logo foi aplaudido pelos que os cercam naquilo que estava atrasado e era sua obrigação preventiva. Mais, adiante, uma saraivada de comentários lhe lembrou dessa mínima preocupação como gestor de um município cheio de carências. Acorda, Gaspar!
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