30/01/2020
Esclarecimento: esta coluna – por problemas industriais - foi editada na terça-feira, dia 28.01.2020 e estava praticamente pronta há três semanas. Vamos lá. Um fato importante acontecido na última eleição da mesa diretora da Câmara de Gaspar, em dezembro do ano passado, marcou e poderá mudar o “rumo da romaria” eleitoral por aqui. Ele passou despercebido das redes sociais, mas andou nervosamente sendo discutido nos bastidores políticos. E já começa a ganhar contornos de viabilidade. Por motivos óbvios e bem conhecidos dos meus leitores e leitoras - que esclareço todas as semanas há mais de uma década -, também não apareceu na imprensa local, mas pode criar um novo fator na corrida – ainda bem nebulosa - para prefeito e vereadores neste quatro de outubro.
O ensaio até poderá até não dar em nada porque os bombeiros e incendiários se espalharam para ampliar ou diminuir as fogueiras. Contudo, o poder de plantão, o vingativo, o que sufoca, o que não é transparente, não contava com mais este tipo de desgaste – a bem da verdade, que ele próprio criou – contra à reeleição de Kleber Edson Wan Dall, MDB. Ela ainda está difícil, apesar da estrutura eleitoral que tomou conta da estrutura de governo. A suposta dificuldade não é apenas porque as pesquisas de trabalho sinalizam isso. Mas, porque os eleitores estão exigindo mudanças; estão cansados das mesmas pessoas, discursos e promessas. Porque os eleitores não toleram mais às dúvidas e aqui há muitas, bem como conchavos onde poucos se beneficiam com o apoio de muitos. Porque os eleitores esperavam resultados e eles não vieram como o prometido, ou estão sendo muito, mas, muito mal comunicados.
O que aconteceu? A reeleição de Ciro André Quintino, MDB, católico, à presidência da Câmara não foi tão tranquila como se vendeu e se aparentou. Os leitoras e leitoras da coluna souberam parcialmente das escaramuças. O poder de plantão e o MDB onde está Ciro – é MDB de raiz e o sustenta com votos devido ao seu populismo -, tentaram passar uma rasteira na reeleição “quase certa” de Ciro. O poder de plantão escalou Roberto Procópio de Souza, PDT, vereador que já liderou na Câmara a oposição a Kleber e hoje, devido ao malho que fazia, é um dos defensores de Kleber, na missão de convencer Rui Carlos Deschamps, PT, ser o candidato com os votos do MDB, PDT, PSDB e PP. Não deu certo. Rui honrou o compromisso que o próprio Procópio articulou com sucesso em 2017 e uniu, naquele tempo, a suposta oposição (PSD, PT e PDT) para eleger Silvio Cleffi, PSC – que era Kleber -, no lugar da candidata do governo, Franciele Daine Back, PSDB. Tudo para preservar a independência do Legislativo. Depois que virou um aliado de Kleber, o próprio Procópio com apoio da máquina do governo, foi derrotado por Ciro na presidência da Câmara. Ciro “usou” para se eleger, vejam só, a união dos vereadores de oposição criada em 2017 pelo próprio Procópio.
Esclarecido isso, vamos ao tal fator Ciro. O vereador é um bicho político por natureza e no MDB de Gaspar – e não é de hoje - é contraditoriamente um ente estranho aos que dominam do MDB gasparense. Ciro só serve para montar palanque, dar aval, fazer discursos, pedir e buscar votos. Todos que chegam hoje no MDB de Gaspar, ganharam o assento na janela ônibus e Ciro continuou pendurado na porta dele. Foi o caso dos nanicos PSDB de Franciele Daiane Back e o PDT do próprio Roberto Procópio de Souza, e muito recentemente, o PSD de Marcelo de Souza Brick, onde uma soma virou uma conta de diminuir e até dividir. Incrível! Ciro possui um sonho: o de ser candidato a prefeito de Gaspar. E no MDB, isso é um fato quase impossível e há uma fila que é controlada pelo agora pelo prefeito de fato, Carlos Roberto Pereira, secretário de Fazenda e Gestão Administrativa. Os dois não são almas gêmeas. E para piorar, Ciro está encucado: numa aposta de 10, crava nove que a tentativa para rifá-lo na presidência da Câmara, foi avalizada – se não orquestrado - por Carlos Roberto Pereira.
Qual o medo de Ciro? Que possa se tornar um José Hilário Melato, PP, o mais longevo dos vereadores de Gaspar, que está na presidência do Samae e que em outubro de 2016, quase ficou fora, se não fossem os votos do PSC. Ciro quer ser mais do que um “eterno” vereador. Mais: quer também mudar de ares e sair do ambiente onde está encalacrado, o MDB, e não possui espaço para novos passos. E diante do que aconteceu na eleição da Câmara em dezembro; diante do quadro político que pede renovação – e Ciro, não é, propriamente, uma renovação -; diante da falta de alternativas, Ciro se mexeu nos bastidores. Alguns, como avestruz que enfia a cabeça na terra para se livrar dos problemas, acham que o fator Ciro é apenas uma forma dele se arrumar melhor no próprio MDB. Entretanto, a verdade é que Ciro está se aconselhando com algumas pessoas da comunidade e não esconde isso. E para completar, Ciro foi se queixar, se aconselhar e até pedir avais aos deputados Carlos Chiodini (Federal) e Jerry Comper (estadual), ambos do MDB e para quem Ciro pediu votos por aqui. Ciro pode não ser apenas um balão de ensaio, mas um fator de agravamento de problemas aos planos de Kleber e seu grupo na reeleição. E de quem é a culpa mesmo? Do jogo político, da oportunidade, e principalmente da arrogância e do erro estratégico do MDB de Gaspar como um todo: cuidou mais dos outros dos que dos seus. Acorda, Gaspar!
O MDB de Gaspar parece o tal pinus elliottii: nada nasce debaixo dele. Ao trazer para si o PDT e o PSDB, o MDB inviabilizou reeleição ou a eleição dos vereadores desses partidos. Se quiserem concorrer à reeleição, esses vereadores vão ter que procurar outros partidos, ou importar carregadores de votos, que consultados não estão dispostos a este papel.
Como se vê, a adesão do PDT e do PSDB ao governo terá um preço caro para seus fiéis na Câmara. Resta saber se valeu a pena o custo-benefício e o risco que correram.
A ex-vereadora pelo DEM, ex-funcionária municipal (era professora), ex-candidata derrotada a prefeita pelo PSDB, Andreia Simone Zimmermann Nagel está fora do ninho tucano onde foi sacada da presidência num golpe articulado pelo poder de plantão, com ajuda da vereadora Franciele Daiane Back. Andreia não escolheu o novo partido, mas diz quer ir as eleições para voltar à Câmara. E o governo Kleber faz de tudo para que isso não aconteça.
Outro que ficou no meio do caminho foi Silvio Cleffi, PSC, ex-presidente da Câmara. Como um filho pródigo, ele voltou ao manto de Kleber Edson Wan Dall, MDB, sua cria política e fiel de mesmo templo. Silvio diz que não se sentia acolhido pela oposição e o destino dele deverá ser o PSD, se quiser se viabilizar como candidato à reeleição. E pedindo votos para Kleber.
Quem está de malas prontas para sair do PSD é Cicero Giovane Amaro. O seu destino – como o de Rui Carlos Deschamps, PT -, deverá ser o PL do senador Jorginho dos Santos Mello, bancário, que já trabalhou em Gaspar, e cuja comissão promissória do partido por aqui está nas mãos do médico Odilon Áscoli, de origem no MDB, mas que já apoiou o PT.
Outro que poderá mudar de partido – mais uma vez – e para abrir espaços no MDB e ajudar Kleber a puxar votos na proporcional em outra legenda, é Francisco Hostins Júnior, hoje no MDB. A falta de coligação na disputa de vereadores está deixando muita gente precisada de puxadores de votos e Hostins, é.
A secretaria de Educação de Gaspar se não funciona para sua finalidade conforme queixa generalizada e percepção em geral, ela funciona para ser armações partidárias ilimitadas visando as próximas eleições municipais a favor de Kleber.
Então, por isso, procura-se um novo titular que desista de ser candidato a prefeito ou a vereador para não concorrer com os mapeados da coligação no poder, ou então que possa liderar um processo de cabala de votos onde o poder de plantão ainda não foi capaz de sensibilizar. Acorda, Gaspar!
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