Obras cobertas por terra e asfalto podem não dar votos para os políticos como eles sempre alegam, mas tiram dinheiro escasso dos pesados impostos para outras prioridades - Jornal Cruzeiro do Vale

Obras cobertas por terra e asfalto podem não dar votos para os políticos como eles sempre alegam, mas tiram dinheiro escasso dos pesados impostos para outras prioridades

27/02/2019

[...] escondem problemas graves de engenharia e execução; exigem contínuos caros reparos e no fundo, não resolvem de fato os problemas da cidade e da população

reeditado às 10.06, de 27.02.2019

Há dias na Câmara de Gaspar sendo metralhado por dados, filmes, fotos, depoimentos e discursos fortes dos vereadores de oposição, o líder do governo de Kleber Edson Wan Dall, MDB, vereador Francisco Solano Anhaia, MDB, construiu uma desculpa perigosa. Ela mostra bem à irresponsabilidade do poder público, quando no poder de plantão, com as soluções que marqueteia aos cidadãos.

Para a desculpa, Anhaia citou obras feitas por governos anteriores, especialmente do PT de Pedro Celso Zuchi e da vice Mariluci Deschamps Rosa, ela vereadora atualmente. Segundo ele, o atual governo está corrigindo coisa malfeita nos governos anteriores e “enterrada” sob terra e asfalto, como se isso fosse um álibi para o atual governo continuar errando da mesma forma. O próprio Anhaia, que já foi do PT, mostra como esse discurso não tem pé, nem cabeça, apenas esperteza e desculpas esfarrapadas: “para consertar o que foi feito errado, está se gastando mais tempo e dinheiro agora”.

Resumindo: no fundo, os políticos – de ontem e hoje - sabem que estão errados e ao mesmo tempo, por incrível que pareça, estão defendendo o erro, a gastança, a irresponsabilidade e jogando sempre a culpa nos outros.

Por isso, repito acima as fotos que publiquei aqui e que correram à cidade nos últimos dias das obras do atual governo do MDB e PP. Depois de cobertas por terra e asfalto, alguém imaginará as lambanças técnicas e óbvias, até a leigos, do que foi feito ali? Só quando a coisa não funcionar, como se queixou Anhaia sobre as obras dos outros.

Quando a esperteza é demais, ela come o dono

Entretanto, quando a esperteza é demais, ela come o dono, já lembrava o mineiro Tancredo Neves. Algumas dessas obras drenagem, feitas nas coxas pelo atual governo de Kleber e do Samae de José Hilário Melato, PP, o mais longevo dos vereadores, não vão sobreviver à campanha de outubro do ano que vem e podem ser um tiro no próprio pé dessa gente. Nem para isso, houve a tal eficiência que é a marca de propaganda do governo Kleber. Há retrocesso e nenhum avanço, que parece estar apenas no outro mote mais recente da propaganda oficial.

E se a obra conseguir ultrapassar o outubro de 2020, ela terá que ser consertada depois, gerando mais custos e retirando dinheiro do contribuinte mais uma vez e para a mesma coisa. O que era para ser uma solução virtuosa, conforme a propaganda enganosa, é um ciclo vicioso.

Conversei com gente que lida com esse tipo de obra (drenagem) como engenheiros, empreiteiros, mestre de obras, fornecedores de produtos. Impressionante à unanimidade para reprovar o que está sendo feito. A drenagem do Gasparinho por exemplo, não tem cota. E os tubos colocados lá há dias – porque na rotatória do Willi Becker encontram rochas e não puderam criar o nível mínimo para o escoamento -, já estão assoreados (entupidos de barro e areia). Mais de R$1,4 milhão jogados fora. Irá outro milhão para consertar tudo, certamente.

E se isso não bastasse, quem atua nessa área em Gaspar, sabe que o nosso solo, em muitas regiões é instável. Esse problema de adensamento apareceu em vários loteamentos, ruas e terrenos. Coloca-se a tubulação nivelada, anos depois aparecem as barrigas. Por isso, hoje a recomendação são tubos de Riblock (PVC). E entre a Rua Manuel Pedra e a antiga Textil, há esse tipo de solo mole, pois muito antigamente, conta-se, ali era uma lagoa.

Faltam engenharia e conhecimento

O segundo resumo: há falha no conhecimento do solo no projeto e na execução. Na verdade, falta engenharia e sobra improviso ditado pelos políticos, os quais desprezam o dinheiro do povo.

E isso vai dar zebra. Os vereadores da oposição estão reunindo documentação para provar e responsabilizar o atual governo por essa má gestão das obras que ganharam aprovação da Câmara para se amparar em empréstimos, que vão ser pagos por outros prefeitos, mesmo que Kleber venha se reeleger. É que tem o período de carência.

O vereador Dionísio Luiz Bertoldi teve aprovado um requerimento seu sobre a obra de drenagem da Rua Frei Solano, no Bairro Gasparinho, pedindo os seguintes documentos: cópia do projeto de execução; cópia dos Contratos/Aditivos; cópia do Decreto/Portaria indicando o agente público responsável pela fiscalização de cada obra (art. 67 da Lei 8666/1993) que parece ser o grande problema e em muitas delas correram atrás para preencher este item, e quando preenchido, parece que não funciona; cópia dos Diários de Obra, individualizados e em ordem cronológica; cópia das Notas de Empenhos/sub-empenhos; cópia das Notas Fiscais (frente e verso) com relatórios de serviços/materiais; cópia das autorizações de pagamento das respectivas notas de Empenho e sub-empenhos.

Perseguição? Não! Esta é a função do vereador e que se tivesse sido mais contundente, talvez não teria chegado a esse ponto explicações sobre algo mal feito e cheio de dúvidas no procedimento administrativo. Os problemas – todos técnicos e de transparência – abundam. Acorda, Gaspar!

Hospital de Gaspar na mira dos vereadores do PT, o partido que inventou a intervenção que dura até hoje

Desse assunto, Hospital de Gaspar e que ninguém sabe a quem ele pertence, o PT deve entender pois é o pai da intervenção nele, que colocou no colo da prefeitura algo que não possui sustentabilidade econômica mínima, tem dívidas impagáveis e não totalmente apuradas, pois a cada levantamento, aparecem mais coisas penduradas, sem explicações. Resumindo:é a  falta de transparência alimenta histórias, dúvidas e defesas corporativas do ambiente médico e hospitalar.

Os três vereadores do PT, Rui Carlos Deschamps, Dionísio Carlos Bertoldi e Mariluci Deschamps Rosa – esta, vice-prefeita no tempo em que se decretou à intervenção - tiveram um requerimento aprovado para se descobrir algumas informações oficiais da prefeitura sobre o relacionamento econômico dela com o Hospital. E disso devem entender. O foco é o secretário de Saúde, o advogado Carlos Roberto Pereira e suas mágicas.

Depois dos grande contratos com obras e serviços, o outro grande foco de dúvidas no ambiente da gestão pública no Brasil de ontem e hoje, é a área saúde - o depoimento de ontem do ex-governador do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral, MDB, mostrando arrependimento dos malfeitos e entregando a turma da quadrilha dele é um retrato disso. Soma-se merenda escolar, terceirização de serviços até compra de “livros” para compor bibliotecas.

Voltando. Os vereadores petistas querem as cópias dos contratos e aditivos de prestação de serviços realizado entra a Prefeitura de Gaspar e o Hospital, que estiveram vigentes nos anos de 2017 e 2018; cópia das notas de empenhos relativos a prestação de serviços realizado entre a Prefeitura de Gaspar e o Hospital Nossa Senhora do Perpétuo Socorro de Gaspar, de 2017 e 2018; cópia das Notas Fiscais (frente e verso) relativos aos empenhos emitidos, liquidados e pagos pela Prefeitura de Gaspar, decorrentes de prestação de serviços realizados em 2017 e 2018; e cópia das autorizações de pagamento - Notas de empenhos, inclusive as autorizações emitidas  pela Comissão Interventora, da prestação de serviços realizada. Ai, ai, ai.

Tribunal de Contas manda restabelecer um pregão para compra de programas de contabilidade na prefeitura de Gaspar

No dia 11 de maio do ano passado, Gaspar montou um daqueles pregões que se faz tudo ao vivo, como se isso fosse suficiente para a transparência e se ter certeza que tudo está correto.

Já escrevi sobre isso. É importante a transmissão, mas ela não resolve tudo.

Volto, o pregão era para a contratação de empresa para a prestação de serviços de consultoria e assessoria técnica especializada nas áreas contábil e de folha de pagamentos, destinada à pesquisa e apresentação de diagnóstico da atual estrutura de pessoal e seus impactos orçamentários e financeiros.

Lindo. Envolveu não só os da prefeitura, mas o Samae e a Fundação de Esportes no pacote. Coisa para R$150.666,67, mas que a vencedora Sintegris Consultoria e Assessoria levou por R$145.000,00. Acontece que o Ideia – Instituto de Desenvolvimento e Gestão Estratégica Aplicada – também estava interessado e tinha impugnado a licitação antes mesmo da abertura dela. Apontou um suposto direcionamento técnico do certame e que por isso, impedia o Ideia de competir. A prefeitura não aceitou as alegações do Ideia e se negou a reformular o edital. Inconformado, o Ideia foi ao Tribunal de Contas. E lá a prefeitura, Samae e Fundação de Esportes perderam.

O TCE deu 30 dias para o pessoal daqui justificar, pois os conselheiros do tribunal “consideram inadequada escolha do tipo licitatório face ao objeto contratado”, como tinha fundamentado o Ideia na impugnação que apresentou e foi rejeitada pela prefeitura gasparense. O TCE ainda colocou em dúvida os critérios de avaliação e pontuação para a seleção da proposta mais vantajosa. E para finalizar, o Tribunal disse no relatório do julgamento que “há ausência de justificativa para a atribuição de pesos desiguais na valoração das propostas de técnica e preço”.

Resumindo: a prefeitura continua resistindo e o assunto se enrola desde final de novembro. O que adianta a transmissão ao vivo, se no ambiente burocrático isso não é relevante e não aparece? Acorda, Gaspar!

Baile do Hawaii do dia nove de março embala e será marcante na Associação da Bunge em Gaspar. É o fechamento oficial da semana do Carnaval na nossa região

Criado pelo Cruzeiro do Vale e seu proprietário, Gilberto Schmitt, o Baile do Hawaii está na sua nona edição. Tornou-se tradição por se apresentar a cada ano renovado, bem como ser um ponto de convergência de gente alegre de Gaspar, Ilhota, Luiz Alves, Blumenau e alhures. Hoje, o evento Baile do Hawaii de Gaspar é coordenado pela jovem Indianara Schmitt, editora do jornal – e de Sociedade - e do portal Cruzeiro do Vale.

Relatam-me que os ingressos para a área VIP estão praticamente esgotados e as mesas, quase no fim. Tickets de pista, com procura elevada e acima da média se comparada com os anos anteriores.

O que faz do Baile do Hawaii um sucesso? As pessoas, o lugar (o Bunge Natureza, no Poço Grande), o som com duas bandas de primeira linha para seis horas de folia e até saudades (Kauana e Champanhe), estrutura para o conforto (estacionamento, segurança, serviço de atendimento de mesa e área VIP, decoração...), cobertura intensa na mídia, não só no portal e no jornal Cruzeiro, onde estarão as fotos das pessoas em estado de alegria, a razão de tanto sucesso.

Será um encontro onde a convergência será a diversão prazerosa. As diferenças, que são necessárias, ficarão para outro dia. Afinal, ninguém é de ferro o tempo todo.

É a esticada da semana do Carnaval. Oficialmente no calendário ele começa nesta sexta e termina na quarta-feira de cinzas. Mas em Gaspar, há um repique com o Baile do Hawaii.

TRAPICHE

Casadinhos. Quando em dezembro do ano passado o juiz da segunda vara de Gaspar, Lenoar Bendini Madalena, a pedido do Ministério Público, impediu por liminar, a finalização da construção daquele prédio às margens do Rio Gasparinho, aqui no Centro, por ter ele supostamente invadido Área de Preservação Permanente, mandou o secretário de Planejamento Territorial, Alexandre Gevaerd, e o superintendente de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável, Rafael Andrade Weber, se manifestarem.

E eles fizeram isso no dia 12 de fevereiro. No requerimento, eles dizem textualmente que “seja denegada a segurança, tendo em vista que não existe direito líquido e certo, impondo-se à impetrante os ônus de estilo”. Hum!

O que quer dizer isso? Ambos, confirmaram no mesmo documento perante o juízo que o investidor construiu o prédio em desacordo às licenças e alvarás concedidos pela prefeitura. Mas, ao mesmo tempo, ambos deixaram aberta a questão. E por que? Diz nos documentos levados a juízo:

“O Mandado de Segurança deve proteger sempre o direito líquido e certo, que não necessita de prova complexa e instrução alongada, o que não é o caso dos autos, pois somente uma prova pericial isenta pode aferir a condição de distância do curso hídrico para afastar a condição da APP, não havendo condição jurídica no caso em tela”

Apesar das duas autoridades constituídas e profissionais de amplo conhecimento do assunto, ao mesmo tempo que reconhecem o erro do construtor com aquilo que foi autorizado, defendem o levantamento do embargo, porque só uma perícia complexa é que determinaria o erro já reconhecido à priori por todos os autorizantes. O único que discorda é o construtor. Ele, informalmente, até admitiu ter sido, no máximo, um pequeno erro do agrimensor, ou seja, do mordomo.

E o que acontece se a perícia complexa e alongada comprovar o erro? Aí o prédio está completamente pronto e ocupado. Só restaria o prejuízo para a APP e talvez uma mitigação mínima para o infrator. E para quem não fiscalizou? Nada!

O certo era o secretário e o superintendentes assumirem que não há erros. E por que não fazem isso? Porque não amarrar o bode em galho seco. Falta-lhes segurança e proteção. Sabem que vai sobrar para eles, e fortemente.

Todavia, quando dizem que a obra está em desacordo àquilo que foi aprovado, estão assumindo que não fiscalizaram o que deviam ter fiscalizado. Se continuar assim, pode ser que não vão ficar para o bicho pegar, mas em correndo, o bicho pode alcançar, diante da falta de elasticidade para ajudar gente em perigo.

Esse jogo de empurra vem de longe, tanto que esse assunto só entrou em pauta no Ministério Público de Gaspar, depois que veio pela Ouvidoria de Florianópolis, apesar do que aqui, o bafafá já era público desde o primeiro dia em que as máquinas começaram arrasando tudo diante de tantas evidências a olho nú, tanto que vai precisar de uma perícia complexa. Acorda, Gaspar!

O vereador Cicero Giovane Amaro, PSD, funcionário público lotado no Samae, está sempre em pé de guerra com o governo. Ou o governo está sempre em pé de guerra com ele? Sei lá! É um dos mais duros críticos na Câmara. Está permanentemente com o dedo na ferida. Tanto que uma vez o governo de Kleber Edson Wan Dall, MDB e de José Hilário Melato, PP, quase conseguiram que ele tivesse que escolher em ser vereador ou funcionário.

Entretanto, há duas sessões, o requerimento 27 do líder do governo, Francisco Solano Anhaia, MDB, o tirou do sério. Coisa simples, todavia, poderá deixar Cícero exposto. E ele sabe disso, e por isso, reagiu. Cícero deveria saber: quem denuncia precisa estar solenemente livre. Regra de ouro!

O que quer o requerimento da polêmica feito em tabelinha com Melato – o mais longevo dos vereadores e experiente em encurralar até os livres? Relatório diário e detalhado, referente ao ano de 2019, da frota de veículos automotivos do Samae, contendo: nome de todos os motoristas autorizados a conduzir os veículos; modelo e placa dos veículos; rota praticada por cada motorista e seu respectivo dia/horário; e motivo pelo qual o motorista utilizou o veículo e seu respectivo dia/horário”.

A resposta já está pronta e faz tempo. Ela quer mostrar que Cícero usou carro da autarquia para fiscalizar uma irregularidade do município e não do Samae, longe da sua alçada, em horário de serviço, que denunciou na Câmara. É outra do tipo se ficar o bicho pega, se correr o bicho come. Hum!

Cobrar as promessas, contar os votos do cabo eleitoral da Gecom. O vereador Rui Carlos Deschamps, PT, também quer outra coisa simples: as cópias de todas as atas das audiências públicas do Programa Gestão Compartilhada – Gecom, tocadas por Roni Muller nos anos de 2017 e 2018.

 

Edição 1890

Comentários

Remata Albuquerque Saldanha
28/02/2019 16:06
Senhor Herculano,

Vergonha esta tubulação, serviço de porco, bem a cara do diretor do Samae,.
Dinheiro do povo jogado no lixo.
Miguel José Teixeira
28/02/2019 11:37
Senhores,

Na mídia:

Relação Planalto-Câmara
"
Bolsonaro precisa usar 'manuais antigos' por reforma, diz líder da bancada rural".

Huuummm. . ."manuais antigos". . .leia-se: "toma-lá-dá-cá" ou da Oração de São Francisco: "Pois é dando que se recebe". . .

Mudamos a maioria das moscas. Porém, continua a lesma lerda. . .


Herculano
28/02/2019 05:01
ECONOMIA COMEÇA MAL O ANO, por Vinicius Torres Freire, no jornal Folha de S. Paulo

Emprego, confiança de empresas e receita do governo têm sintomas de resfriado

Mais um ano se passou e o desemprego continua na mesma. A taxa de desemprego é praticamente igual à do início de 2018, quando também o ritmo de criação de empregos passou a cair.

A confiança das empresas de comércio e serviços baixou em fevereiro. Na indústria, cresceu, mas ainda está abaixo do que se via antes do caminhonaço de meados do ano passado. Não há dados mais precisos ou gerais de produção e vendas neste começo de 2019, mas os indicadores indiretos são fracos.

A discreta melhora no crédito bancário deu um tempo e repousou na discrição. A receita de impostos do governo federal também desacelera desde setembro. A receita total também, prejudicada pela baixa na arrecadação dos recursos obtidos com concessões.

Há sinais de resfriado na atividade econômica, como se observa nestas colunas desde o início de janeiro. As estimativas de crescimento para 2019 vêm sendo reduzidas por economistas de grandes bancos e consultorias. A gente ouve cada vez mais conversas sobre a necessidade de cortar a taxa básica de juros, o que era assunto de uma minoria até a virada do ano.

O ritmo cadente de criação de empregos é bem preocupante. Em janeiro do ano passado, o número de pessoas empregadas crescia ao ritmo anual de 2,1%. Cai desde então. Agora, a população ocupada aumenta a 0,9% ao ano, como se soube nesta quarta-feira pela pesquisa do IBGE, a Pnad Contínua.

Note-se de passagem que há uma discrepância entre os indicadores de emprego formal do Ministério da Economia (Caged, algo melhores) e os do IBGE. São dados de natureza totalmente diferente: o Caged é um registro administrativo de criação de empregos formais; a Pnad é uma pesquisa por amostragem.

Discrepâncias são normais e as taxas de crescimento acabam se aproximando, mesmo com alguma defasagem. A defasagem de agora está difícil de entender.

Isto posto, é mesmo de fraca a ruim a situação do mercado de trabalho. Um indicador indireto das precariedades, empregos ainda escassos e ruins, é a arrecadação da Previdência. Depois de baixar de modo pavoroso entre julho de 2015 e outubro de 2017, a receita previdenciária voltou a crescer até de modo razoável no início de 2018 (perto de 3% ao ano). A arrecadação ficou desde então engasgada. Agora aumenta ao passo de apenas 0,9% ao ano, segundo dados do Tesouro Nacional divulgados nesta quarta-feira.

A subutilização da força de trabalho aumentou um tico em relação a 2018. O crescimento do salário médio perdeu impulso em relação aos progressos de 2017 (avança a 0,8% ao ano). Assim, o ritmo de crescimento da soma dos rendimentos do trabalho ("massa de rendimentos") embicou para baixo, crescendo em torno de apenas 1,8% ao ano, em média, desde setembro do ano passado.

Como a recuperação econômica por ora depende quase exclusivamente de rendimentos do trabalho e confiança para consumir, estamos com um problema sério.

Nestes tempos de maluquices e ignorâncias ainda mais extremadas é bom deixar claro que o governo de Jair Bolsonaro nada tem a ver com esses resultados ruins. No entanto, o tempo passa, é ainda mais escasso nesta crise secular e tem sido desperdiçado com irrelevâncias, atitudes disparatadas e promoção de conflitos tolos, odientos e divisivos.

Degradar o ambiente social e político vai prejudicar ainda mais as expectativas de que se possa chegar a um acordo para que se possa reformar este país arruinado.
Herculano
28/02/2019 04:58
NÚMEROS MOSTRAM OS DISPARATES DA PREVIDÊNCIA, por Cláudio Humberto, na coluna que publicou nesta quinta-feira nos jornais brasileiros

Os números dos privilégios dos aposentados no setor público são chocantes, quando comparados àqueles do setor privado. O valor médio de aposentadoria no Poder Judiciário, por exemplo, chega a R$27 mil mensais, mas quem acha isso um escândalo precisa saber que no Legislativo a média passa os R$28 mil. Enquanto isso, 66,5% dos aposentados, que totalizam 23,3 milhões de brasileiros inativos do setor privado, recebem proventos de até um salário mínimo por mês.

VINTE VEZES MAIS
Os aposentados do Legislativo recebem o equivalente a vinte vezes o valor médio da aposentadoria dos trabalhadores do setor privado.

DESORGANIZAÇÃO
Os números apurados pela equipe que elaborou o projeto de reforma apontam para a mais completa desorganização da Previdência.

ROMBO INSUPORTÁVEL
O rombo da Previdência, que totaliza cerca de R$185 bilhões por ano, impede o governo de investir em projetos que geram renda e emprego.

PAÍS DE CASTAS
Os 2,8 milhões de servidores aposentados custam aos cofres públicos, basicamente, o mesmo que 30 milhões de inativos do setor privado.

AÉREAS QUEREM MANTER PRIVILÉGIO E LUCRO MILIONÁRIO
O lobby das companhias aéreas pressiona a Câmara a aprovar projeto que restabelece uma mamata instituída no governo Dilma: a "compra direta" de passagens pelo governo federal. A pretexto de "economia", ao eliminar a intermediação das agências de viagem, a jogada dispensa empresas aéreas de reter imposto na fonte, dribla a lei de licitações e as torna os únicos fornecedores do governo a receberem à vista, até antecipado, por meio dos chamados "cartões corporativos".

JOGADA ESPERTA
A exclusão das agências de viagem não reduz os preços. Apenas dispensa as empresas aéreas de pagar comissões a essas empresas.

MELHOR QUE COLO DE MÃE
Se a manobra for restabelecida, as empresas aéreas terão mais de 600 órgãos públicos pagando passagens à vista, tarifa cheia.

A ORIGEM
O esquema começou com a suspeitíssima MP 651/14, assinada por Dilma, após proveitosa reunião com representantes das aéreas.

NADA A COMEMORAR
A Petrobras deveria se envergonhar do lucro líquido de R$25,8 bilhões em 2018. Tudo isso foi obtido com a adoção da política, em julho de 2017, de reajustes diários criminosos nos preços ao consumidor. Até maio de 2018, foram 207 aumentos, que levaram os caminhoneiros à greve que interrompeu a retomada da economia e dos empregos.

PERGUNTA NA PRAÇA
Diante do pedido de impeachment contra o Supremo Tribunal Federal, por divergir das posições dos ministros, a pergunta não se cala: se o STF exercer o direito a reciprocidade, quantos sobrariam na Câmara?

CAMPANHA PARA TRÁS
O ministro Ricardo Vélez Rodriguez (Educação) é acusado de usar "slogan eleitoral" de Bolsonaro, aquele que elogia Pátria e Deus. Seria o primeiro caso de proveito eleitoral de uma campanha que já passou.

OS SEM NOÇÃO
Com toda essa confusão na Venezuela, alguns brasileiros sem noção acharam que era hora de fazer turismo no Monte Roraima. O resgate deles virou um problema adicional para as autoridades brasileiras.

PARTIDO NÃO IMPORTA
O Estado da Bahia é um caso curioso: o governador, Rui Costa, é do PT, o prefeito da capital Salvador, ACM Neto, é do DEM. O presidente Bolsonaro é do PSL, mas os três são bem avaliados pelos baianos.

LINHA DURA
A troca da liderança do governo Jair Bolsonaro na Câmara retirou um militar de destaque, deputado Major Vitor, por uma "civil", Joice Hasselmann. Mas a troca nada suaviza: Joice é linha dura.

HINO NO LEGISLATIVO
Antes de iniciar a semana de trabalho, a deputada distrital Julia Lucy (Novo), de Brasília, sempre reúne sua equipe para cantar o Hino Nacional. É claro que ela apoia iniciativas cívicas nas escolas.

PRIVATIZAÇõES NO DF
O Ministério da Economia foi informado que as privatizações no âmbito do governo do Distrito Federal serão coordenadas pelo secretário de Desenvolvimento Econômico do Distrito Federal, Ruy Coutinho.

PENSANDO BEM...
...não reformar pode acabar estragando a obra.
Herculano
28/02/2019 04:53
da série: na verdade não mudou nada, com a renovação do Congresso. Os verdadeiros bandidos, com os nossos votos e se dizendo nossos representantes, continuam chantageando o governo em busca de boquinhas e mais dinheiro dos nossos pesados impostos, para supostamente tirar o país e os brasileiros do atoleiro naquilo que seria óbvio fazer e para a qual foram eleitos, pois prometeram fazer minimamente isso.

BOLSONARO FAZ MUTIRÃO DE CARGOS, MAS CENTRÃO AMEAÇA EMPAREDAR GOVERNO, por Bruno Boghossian, no jornal Folha de S. Paulo

Partidos querem criar dificuldades no Congresso para aumentar preço de apoio ao Planalto

Sob pressão de parlamentares, o Planalto topou abrir um mutirão do emprego. O governo suavizou o discurso de campanha e preparou uma lista de cargos que serão abertos para indicações políticas em troca de apoio no Congresso. As vagas só serão negociadas depois do Carnaval, mas deputados e senadores já ameaçam aumentar a fatura.

Jair Bolsonaro se enrolou na própria retórica. Durante a eleição, o presidente demonizou os partidos e a distribuição de espaços na máquina pública. Ele só percebeu que precisaria desse artifício ao subir a rampa do palácio. Agora, potenciais aliados encaram o governo com desconfiança e querem cobrar mais caro para aprovar seus projetos.

Líderes partidários que estiveram com Bolsonaro na terça-feira (26) se dividiram. Alguns se contentaram com os sinais de que o presidente aceitou participar do jogo da política tradicional, mas outros deixaram o encontro dispostos a criar dificuldades e constrangimentos para o Planalto nas próximas semanas.

Parte das siglas do centrão planeja emparedar o governo. A ideia é convocar ministros e presidentes de bancos públicos para explicar nomeações e medidas tomadas nos primeiros meses de mandato. Os parlamentares consideram que a retórica antipolítica de Bolsonaro os colocou sob suspeição e querem devolver na mesma moeda.

A hesitação do Planalto diante das engrenagens da política desgastou o novo governo, abrindo caminho para aproveitadores e chantagistas.

A rigor, é normal que siglas com assento no Congresso participem do governo, já que representam uma parte da população. Não é normal que políticos aproveitem essa lógica para assaltar o Estado. Bolsonaro reagiu com fúria ao segundo grupo, mas pode ter ficado de mãos atadas.

Sem saída, o presidente fará uma concessão aos partidos e entregará os cargos, ainda que a contradição com sua plataforma de campanha consuma parte de seu capital político. Mais do que nunca, ele precisará dos partidos para governar.
Roberto Leal
27/02/2019 20:50
Ao que parece o governo Kleber não cumprirá o prometido referente a entrega do Binário Parolli. A placa da obra instalada junto ao canteiro do relógio do sol (Skinao) informa como entrega fev/2019.

Amanhã termina o mês de fevereiro, aqueles que transitam pelo local observam que faltam vários detalhes como: grama nos canteiros, calçadas na Rua José Rafael Schmitt e na Av. Frei Godofredo (lado oposto ao Dietrich Materiais de Construção), reparos em corredores de pedestres que tem acumulado agua e lama (travessia próximo a Corema e ao Skinao), recolher os entulhos ao longo das vias e entre outros pontos.

O desleixo é grande, e o governo como de costume deixando simples obras inacabadas por longos periodos.
Miguel José Teixeira
27/02/2019 17:18
Senhores,

Da série "só para PenTelhar":

Na mídia: "José de Abreu se autoproclama presidente do Brasil em crítica a Guaidó"

O canastrão tupiniquim espanou de vez. . .
Anilson Guerreiro Neto
27/02/2019 16:52
Boa tarde Sr. Herculano,

Como sempre o senhor mostrando as mazelas do Poder, doa a quem doer, enquanto outros meios de comunicação, se deixam levar pela troca de favores, um toma lá dá cá.

Mas então o "Macaco Veio" Deretor do Samae inundado, propagandeou aos 4 cantos, junto kLEBER E SEUS PUXA SACOS, QUE NÃO FALTARIA MAIS ÁGUA EM GASPAR. Pois é, o que houve, um mero acidente, derrubaram um poste e falta água em toda nossa querida e sofrida Gaspa.
O cara é tão bom, que aso invés de investir o superavit no próprio Samae, se mete em fazer valas, coisa qwue nunca fez e nem sabe fazer, nem ele nem os funcionários do Samae, nem fiscalizar a empreiteira, sabem. Ou não querem fiscalizar e o dinheiro vai pelo ralo mesmo.

Esta falta de água, só acontece porque o Macaco veio, ezercutivo, não compra Geradores de grande potência para as Estações de Tratamento, não só esta do centro, mas do Bateias, Bela Vista e Belchior, deveriam ter grandes geradores a diesel. S´po chover um pouco ou cair uma´árvore ou uma moto bater num poste que vai faltar água.....
Acorda Gaspar, chega de incompetentes no poder, pense nisso eleitor.
Miguel José Teixeira
27/02/2019 16:05
Senhores,

Ufffa. . .por um instante pensei que esta obra da foto, cujo dinheiro do contribuinte foi pelo ralo (ooops), fosse a mesma da foto publicada em 24/01/2019.

Já iria chamar o alcaide, metido à Engenheiro, de "leigo pé-frio"!
Herculano
27/02/2019 12:01
A IGNORÂNCIA É O PROBLEMA

De J.R. Guzzo, da Veja, no twitter:

Não há problema algum em tocar o hino nacional nas escolas. Porque haveria, se o hino é tocado até em jogo de futebol? O problema é que o Brasil está no 119o. lugar na tabela da educação mundial e o ministro Velez não tem a mais remota ideia prática do que fazer a respeito disso.
Herculano
27/02/2019 11:35
UM MAPA DE DIFERENÇAS NO MESMO CAMPO IDEOLóGICO

Uma observação que encontrei no twitter:

O que não entendo é: Eduardo Bolsonaro faz uso de imóvel funcional e ainda recebe auxílio-moradia.

Joice usa imóvel funcional e abriu mão do auxílio-moradia.

Frota não usa imóvel funcional e usa auxílio-moradia.

Kim Kataguiri não usa imóvel nem usa auxílio-moradia.
Herculano
27/02/2019 11:32
da série: especialistas em chantagem e colocar o poder na roda, tudo com os nossos votos e se dizendo nossos representantes.

A "PORRADA" DO CENTRÃO EM BOLSONARO

Conteúdo de O Antagonista. Líderes do Centrão planejam novas derrotas e ataques ao governo Jair Bolsonaro na Câmara para depois do Carnaval, caso o presidente não sinalize que atenderá as demandas das bancadas por espaços.
Herculano
27/02/2019 11:19
ROUBAVA ANTES

De Augusto Nunes, de Veja, no twitter:

Sérgio Cabral jura q só sucumbiu ao vício da ladroagem depois de se eleger governador em 2006. Como rouba desde 1994, quando virou presidente da Assembleia do Rio, conclui-se q um colecionador de propinas demora 12 anos para tornar-se viciado em corrupção
Herculano
27/02/2019 09:26
COMECE A GOVERNAR, BOLSONARO.AS PALAVRAS FAZEM SENTIDO, E A VERDADE É QUE PRESIDENTE HESITA DIANTE DA REFORMA, por Reinaldo Azevedo, na Rede TV

A pesquisa CNT/MDA não traz boas notícias para Jair Bolsonaro. Se a condução da questão política continuar desastrosa e se a comunicação com a opinião pública insistir em erros primários, as coisas vão se complicar bem. Fixem na imaginação duas curvas: a qualidade da interlocução é diretamente proporcional à fidelidade da reforma da Previdência ao texto original.

Os alertas vêm de todos os lados. E que se faça aqui um registro até tragicômico: os economistas e a imprensa se mostram muito mais entusiasmados com o texto do que o próprio presidente. Nesta terça, no evento de posse do diretor-geral de Itaipu, Bolsonaro falou sobre o assunto. E, se querem saber, ele está quase implorando para que o Congresso mexa muito na proposta feita por Paulo Guedes. Afirmou: "Nós contamos com o patriotismo e o entendimento do Parlamento para que nós possamos ter uma reforma da Previdência. Porque, caso contrário, economicamente o Brasil é um país fadado ao insucesso". Certo. Mas ponderou: "Não tenho a menor dúvida de que o parlamento fará as correções que têm que ser feitas, porque, afinal de contas, nós não somos perfeitos. E as propostas têm que ser aperfeiçoadas". Pois é, pois é...

Já afirmei aqui algumas vezes: inexiste reforma da Previdência popular. À medidas que seus detalhes forem ficando claros, as coisas tendem a se complicar. Tanto pior quando o agora presidente, há menos de um ano, descia o porrete na proposta de Michel Temer. E, se notam, até agora, ele não empenhou seu prestígio pessoal na aprovação das medidas. Com a devida vênia: o discurso de Itaipu, sobre o "aperfeiçoamento do texto", é menos o de quem exerce a humildade decoroso do que o de quem não está a fim de ver sua reputação ser calcinada pela mudança. Quanto menos o presidente se empenhar pessoalmente na reforma, menos próximo o texto fica da economia pretendida. E aí há a pesquisa a servir de alerta.

Os números da pesquisa CNT/MDA não são muito animadores. O governo é aprovado por 38,9% dos brasileiros - 11,2% o avaliam como "ótimo", e 27,7%, como "bom" - e reprovado por de 19%: 7,2% dizem ser ruim, e 11,8%, péssimo. Para 29%, é apenas regular, e 13,1% não souberam responder. Para comparar: em igual período, no primeiro mandato, FHC era aprovado por 57%; Lula, por 56,6%, e Dilma, por 49,1%. A avaliação pessoal de Bolsonaro é positiva para 57,5%, contra 28,2% que rejeitam o presidente. O prestígio pessoal tem importância menor, embora o dele, comparativamente, também seja baixo: em agosto de 2011, o governo Dilma era bem-visto por 56,6%, e sua aprovação pessoal era de 75,7%. Ou por outra: Bolsonaro tem um desempenho comparativamente ruim antes mesmo de a reforma começar a dividir as opiniões para valer. Não mensurei, mas estimo que 80% do noticiário da imprensa profissional seja pró-reforma. A oposição, até agora, não existe.

Antes que os embates comecem no Congresso, nas redes e nas ruas, o governo já tem uma dificuldade: a reforma da Previdência divide opiniões, com tendência à rejeição: 45,6% a desaprovam, e 43,4% dizem aprová-la. Parece um número bom, mas não é. Reitero: as vozes pró-reforma, do ponto de vista político, falam sozinhas. Vozes da oposição avaliam que a rejeição ao texto mal começou a fermentar. Quando os embates começarem para valer, cabe perguntar: Bolsonaro vai mesmo sair de peito aberto em favor do texto?

Nesta terça, o deputado Rodrigo Maia (DEM-RJ), presidente da Câmara (foto), cobrou maior empenho de Bolsonaro durante evento promovido por um banco. Afirmou:

"O problema é que o presidente está refém do discurso dele de campanha. A sociedade pós-eleição gerou muita expectativa do governo do presidente Bolsonaro de que nós teríamos aí um novo país. Só que as mudanças não são tão rápidas em um país democrático. Quando eu falo que ele (Bolsonaro) precisa decidir se ele vai governar como manda a Constituição, quer dizer, junto com o Parlamento, eu não estou aqui dizendo que tem que nomear um assessor de ninguém. O que os partidos querem saber é qual tipo de aliança o governo pretende construir para os quatro anos com aqueles que vão dar sustentação para a votação de projetos importantes, mas polêmicos e difíceis e com uma grande rejeição ainda na sociedade".

Pois é... Até agora não se sabe. O entendimento de Bolsonaro com os partidos é lento.

A avaliação apenas mediana que se faz do governo Bolsonaro indica que parte do eleitorado que optou por seu nome já começa a olhar para o governo com alguma desconfiança. E aí há o diabo das expectativas geradas, de que fala Rodrigo Maia. Querem ver? para os próximos seis meses, 51,6% acham que vai aumentar a oferta de emprego. E a tendência é que não aumente; 33,8% apostam num improvável aumento da renda; 41,7%, na melhoria da saúde; 47,2%, na da educação, e nada menos de 53,3% esperam uma segurança pública melhor. E, sendo muito realista, nada disso vai acontecer. A depender da percepção que se tenha da reforma, pode é haver uma inversão de expectativas, o que vai redundar numa queda de prestígio do governo e do próprio presidente.

Quando se olham os números, qualquer pessoa sensata logo conclui: é preciso que o governo Bolsonaro profissionalize o trato com a política e que alguns de seus ministros parem de gerar notícias negativas ou espetáculos momescos que só tendem a criar crispação no Congresso - que é onde se decide o destino da Previdência - e intranquilidade na sociedade. Mas, como se nota, a turma de esquisitos que o presidente levou para seu ministério parece mesmo insaciável. O custo político das besteiras que fazem - e podem incluir aí no grupo a filharada - só não é maior porque importantes setores vivem à espera da reforma da Previdência. Ela viria para nos salvar. Ainda que aprovada fosse como está, e isso não vai acontecer, a salvação está distante. Bolsonaro vai ter de dar a cara ao tapa em defesa da Previdência. E, para quem sabe ler as coisas, fica evidente: ele está hesitante.
Herculano
27/02/2019 09:25
ALGUMA COISA DEU ERRADO

Finalmente, tudo voltou à normalidade no caso do acidente do riquinho de Guaramirim, Evanio Wylyan Pristini, 31 anos. Ele embriagado, segundo a PRF que poderia ter evitado o acidente, matou duas jovens e feriu outras três - uma ainda está no hospital com graves ferimentos - no sábado cedo, ao bater de frente com o Palio delas, no Belchior Baixo, na BR 470, aqui em Gaspar.

Ele continuou preso depois da audiência de custódia, em Blumenau. Fato raro, como a NSC provou ontem numa reportagem que fez no Jornal do Almoço mostrando três casos assemelhados acontecidos na mesma BR 470 nos últimos tempos.

A prisão do moço, deu-se, presume-se, não apenas ao que está claramente expresso na lei, mas à pressão das redes sociais, à promessa de mobilização popular no Fórum e aí, a Justiça resolveu não dar sopa ao azar e preferiu esperar à poeira baixar.

A juíza de plantão, Cláudia Inês Maestri Mayer não usou as argumentações de praxe: trabalho e residências fixas, bem como ficha criminal sem anotações relevantes o causador do acidente com mortes, para que ele fosse solto e respondesse pelos atos e consequências em liberdade.

O caso ganhou reviravolta, ontem. Aliás, bem previsível e esperada. A família trocou de advogados e trouxe o que há de melhor nesta área para resolver este assunto logo. Então, tudo voltou à normalidade, afinal as mortas não vão ressuscitar, ou seja, qual a razão para sacrificar quem está vivo? Mais uma vez a Justiça está à prova e exposta com as diferenças sociais.

Por favor, joguem fora as leis e se possível economizem dinheiro graúdo das horas extras de juízes, promotores, delegados e outros funcionários públicos para essas audiências de custódias.
Herculano
27/02/2019 09:24
da série: um retrato quase perfeito

CARLOS, O MEDÍOCRE, por Carlos Tonet

Carlos Moisés tem feito um começo de governo medíocre.

1) Teve a chance de aprovar uma lei em que comissionados seriam proibidos de acumular salários, mas mijou pra trás e vetou.

2) Cercou-se de militares e bombeiros do Sul, que era o seu mundinho antes de ser catapultado a governador por mero acaso do destino. Não teve a capacidade de buscar nomes mais técnicos.

3) Permitiu a contratação de vários parentes desses militares e alega que são todos competentes. Atitude medíocre, explicação medíocre.

Em tudo até aqui a mediocridade tem sido a marca do Moisés, até mesmo sua comunicação.

Mas não nos esqueçamos de que Moisés não foi eleito por ser um fenômeno das redes sociais, um debatedor inteligente e destacado.

Foi eleito somente porque o número dele era 17, SC é fanática bolsonarista, se tivessem colocado uma codorna com o número 17, hoje teríamos uma codorna no Palácio Barriga Verde e uma dona codorna cuidando de codorninhas no Palácio da Agronômica.

Mas pelo menos temos uma esperança: o começo medíocre pode se transformar em algo melhor, o contrário do que muitas vezes ocorre, em que as expectativas são altas e só no final descobrimos que elegemos um medíocre.
Herculano
27/02/2019 09:23
ESSÊNCIA VERSUS PERFUME, por Alexandre Schwartsman, no jornal Folha de S. Paulo

Corporações tentam manter privilégios enquanto posam como paladinos dos pobres

Nem sempre é fácil pensar num tema para a coluna. Aí chega a segunda e eu, feliz da vida, já sei o que escrever, até abrir a Folha, encontrar a coluna do Celso Rocha de Barros e descobrir que ele já esgotou o meu assunto.

Pô, Celso, a gente nem sempre concorda, mas você precisava aprontar uma dessas comigo?

O projeto de reforma da Previdência, entre várias outras iniciativas, cria (artigo 201-A) "(...) novo regime de previdência social, organizado com base em sistema de capitalização na modalidade de contribuição definida, de caráter obrigatório para quem aderir".

Há, portanto, uma opção por um regime distinto do existente (repartição), mas, a partir do momento da opção, as contribuições, obrigatórias, serão direcionadas a "conta vinculada para cada trabalhador e de constituição de reserva individual para o pagamento do benefício"

O Celso crê que novos ingressantes no mercado de trabalho serão forçados para o novo regime; eu acredito que muitos deles preferirão o novo regime, mas essa distinção é irrelevante.

Quem migrar para a capitalização poderá até ganhar, mas deixará de financiar a atual geração de aposentados (e aqui estou me referindo apenas ao INSS).

Como alertei meses atrás, há cerca de 30 milhões de aposentados e pensionistas que receberam R$ 587 bilhões (8,5% do PIB) em 2018. Há também pouco mais de 52 milhões de contribuintes que pingaram R$ 391 bilhões (5,7% do PIB) para pagar essas despesas, resultando em déficit de R$ 196 bilhões.

A demografia já joga contra: a relação entre aposentados e trabalhadores na ativa crescerá, pela maior longevidade da população, bem como a redução das taxas de natalidade. Para que mesmo precisamos acelerar o processo, tirando da base de contribuição os que optarem pelo regime de capitalização?

Faz sentido criar um sistema de capitalização complementar ao de repartição, como defendido, por exemplo, na proposta elaborada por Paulo Tafner. No caso, pessoas de renda mais elevada contribuiriam para o novo regime sobre o montante que ultrapassasse o teto do regime de repartição.

Note-se que o novo regime, nesse caso, não aumentaria o déficit (como ocorreria pelo projeto enviado na semana passada) nem o reduziria.

Independentemente, portanto, da criação de um novo regime, é necessário alterar o modo de funcionamento do atual, tanto no que se refere ao INSS como no que tange ao funcionalismo.

A esse respeito o projeto do governo apresenta várias alternativas que, segundo suas estimativas, poderiam resultar em redução do déficit previdenciário em pouco mais de R$ 1,1 trilhão nos próximos dez anos.

Note-se que essa redução não se dá na comparação com o déficit atual, mas com aquele que ocorreria na ausência de reformas.

Como destacado oportunamente pelo Marcos Lisboa, a proposta supracitada de Tafner ainda permitiria que gastos previdenciários crescessem em torno de 2% ao ano; como a do governo é mais modesta, o gasto provavelmente cresceria um tanto mais rápido.

Apenas essa observação deveria deixar clara a enormidade da tarefa à frente. Maior que essa, porém, parece ser a disposição das corporações para manter seus privilégios.

Enquanto posam como paladinos dos pobres, se posicionam para manter o status quo que permite que o gasto por funcionário federal seja mais de seis vezes superior ao observado no INSS. Isso é o essencial; o resto é perfumaria.
Herculano
27/02/2019 09:23
BOLSONARO ESTÁ BEM NAS RUAS, NÃO NO CONGRESSO, por Cláudio Humberto, na coluna que publicou hoje nos jornais brasileiros

Posta à prova com a reforma da Previdência, a popularidade do presidente Jair Bolsonaro continua em alta nas ruas, de acordo com levantamento realizado pelo instituto Paraná Pesquisa, mas no Congresso ainda não se cristalizou. Até na Bahia, onde o petista Fernando Haddad o derrotou em novembro (ele teve 27,31% dos votos no 2º turno), Bolsonaro virou o jogo e já é aprovado por 57,7%. Já no Congresso, ainda são modestas as estimativas de apoio à reforma.

TRÊS QUINTOS
Para ser aprovada, a emenda que vai mudar o sistema previdenciário necessita de 308 votos na Câmara ou três quintos dos deputados.

MOTIVO PRINCIPAL
Eleito prometendo o fim do "toma lá, dá cá", Bolsonaro tem negado cargos ambicionados por parlamentares. Cresce a birra do Congresso.

PRESSÃO DAS REDES
O governo conta com a pressão popular (especialmente através das redes sociais) para "motivar" parlamentares a reformar a Previdência.

PONTO IMPORTANTE
O apoio à reforma da Previdência cresce vagarosamente. Deputados parecem ignorar que as redes sociais elegem, mas também cobram.

EVACUAÇÃO INCLUI APENAS TURISTAS E CAMINHONEIROS
O plano de evacuação de brasileiros do território venezuelano inclui apenas uma pequena parte dos quase 13 mil residentes no país, que manifestem essa vontade. A maioria constituiu família no país. Por enquanto, os cuidados com a repatriação de brasileiros estão concentrados em Santa Helena de Uairen, cidade próxima à fronteira, para onde se dirigem aqueles que desejam retornar ao Brasil.

GRUPO RESTRITO
Os brasileiros concentrados em Santa Helena de Uairen são turistas, caminhoneiros em trânsito e alguns poucos residentes.

ATÉ AGORA, 130
Nesta terça (26), uma centena de brasileiros voltaram ao país, bem mais que os cerca de trinta que deixaram o território venezuelano.

PLANO AMBICIOSO
O Ministério da Defesa tem pronto um plano de evacuação mais ambicioso de brasileiros, no caso de conflito armado, por exemplo.

PAUTA PRINCIPAL
"A pauta principal da Câmara é a Reforma da Previdência", afirmou o presidente da Casa, Rodrigo Maia (DEM-RJ). O deputado espera que as discussões sobre a reforma dominem a pauta neste semestre.

CASCATEIRO MILITANTE
O ex-deputado Jean Wilis deve ter vazado para mentir mais à vontade. Em Lisboa, disse que Bolsonaro foi eleito pela 'homofobia'. Indignação com a roubalheira dos governos que ele apoiou foi só um mero detalhe.

SHOW DA MORDOMIA
O carro oficial do presidente do Senado, um Hyundai de placa verde e amarela, deu show nas imediações da rodoviária de Brasília, pelas 10h30 da manhã de ontem, para indignação dos transeuntes. Com direito a cantadas de pneu, acelerações e saída em disparada.

PATROCÍNIO SUSPENSO
Estão suspensos na Caixa Econômica Federal os patrocínios e outras ações de marketing envolvendo clubes de futebol. Com a exceção do glorioso Botafogo, mas só até março.

CARGO MENOR
O ex-governador e ex-senador Roberto Requião (MDB-PR) não conseguiu voltar ao Congresso no ano passado, mas já se prepara para tentar se eleger vereador na Câmara de Curitiba (PR).

PECULIAR NO NINHO
Ninguém explica a indicação de Renê Garcia Júnior para a Secretaria de Fazenda de Ratinho Jr. (PSD), no Paraná. Garcia foi secretário de Orçamento do Rio de Janeiro no governo Benedita da Silva (PT) e foi indicado por Antonio Palocci à Superintendência de Seguros Privados.

GOLPE DA MALA
Interditados pelo Procon-DF em outubro, vendedores de assinaturas voltaram a aplicar o "golpe da mala" no aeroporto de Brasília. Usam uniformes de aeroviários para coagir passageiros humildes e idosos a informar dados de cartão de crédito em troca de uma mala vagabunda.

CARNAVAL NA CAPITAL
São esperadas mais de 75 mil crianças no bloco Baratinha, no Parque da Cidade, em Brasília. É um dos blocos mais tradicionais do DF e sai às ruas no domingo e na terça-feira de Carnaval, às 14h.

PENSANDO BEM...
...o ditador Maduro diz que está "más duro [mais firme] do que nunca". Se estivesse, não precisava falar nada.
Herculano
27/02/2019 09:20
MISTÉRIOS E CONFLITOS DA REFORMA, por Vinicius Torres Freire, no jornal Folha de S. Paulo

Projeto da Previdência permite alterar valor e reajuste futuros de benefícios

O que sair por uma porta tem de entrar pela outra, diz o governo sobre as possíveis mudanças em seu projeto de reforma da Previdência. Isto é, se o Congresso fizer emendas que diminuam a contenção de despesas em um item, teria de haver alguma compensação.

Em tese, parece óbvio, esperado e compreensível. Na prática, haverá problemas grandes.

Primeiro, ainda não temos como estimar a contenção de despesas que resultaria da reforma Bolsonaro-Guedes.

Segundo, pelo andar da carruagem, a compensação teria de vir das aposentadorias, das pensões e dos demais benefícios do INSS, por assim dizer (do Regime Geral de Previdência Social, que cobre trabalhadores do setor privado).

O governo apresentou estimativas genéricas de contenção de despesas com o RGPS, com os servidores, com os benefícios para idosos muito pobres (BPC) e com o abono salarial. Mais não disse ou especificou.

Por exemplo, interessa saber quanto seria poupado com o talho nas pensões por morte, item que costuma periclitar nas reformas. Mas o problema maior nem está aí.

O projeto Bolsonaro-Guedes tira da Constituição normas relativas ao cálculo de valores dos benefícios previdenciários e assistenciais, entre outras. A emenda constitucional da reforma da Previdência determina que uma lei complementar vai tratar dos valores mínimo e máximo dos benefícios, do modo de calculá-los inicialmente e suas fórmulas de reajuste, como já se escreveu por aqui, nestas colunas.

A manutenção do valor real dos benefícios está prevista em dois artigos da Constituição (para os servidores e para o RGPS). Ou seja, deixar de corrigir o valor dos benefícios pelo menos pela taxa de inflação atualmente é inconstitucional. Com a reforma, não mais.

Permaneceria na Constituição apenas o valor do piso dos benefícios, de um salário mínimo. Por falar nisso, não sabemos qual será a nova regra de reajuste do mínimo, que tem de ser definida até abril. Mais um impedimento relevante para fazer uma conta precisa das despesas previdenciárias.

É fácil perceber que, se não temos como projetar o valor futuro dos benefícios, que depende de leis a serem aprovadas, não temos como estimar o potencial de contenção de despesas.

O segundo problema é mais político do que aritmético ou contábil. Caso não sejam aprovados itens da reforma, quem pagará a conta?

Por exemplo, os servidores querem derrubar as novas alíquotas de contribuição, o que não tem impacto fiscal lá relevante. Parlamentares querem barrar mudanças em aposentadorias de professores e policiais, por exemplo. A conta já fica maior.

O Congresso dificilmente vai aprovar cortes nos benefícios para idosos muito pobres, cortes que redundariam em contenção de despesas de centena de bilhão de reais, uns 10% da reforma Bolsonaro-Guedes. Além do mais, deve haver emendas nas propostas que dificultam a aposentadoria de trabalhadores rurais.

Mudanças em pensões por morte, benefícios assistenciais ou rurais e aposentadorias de servidores públicos foram os itens que mais apanharam na reforma de Michel Temer, convém lembrar.

Caso o governo reafirme a intenção de manter o total estimado de contenção de despesas, a compensação teria de vir pelo arrocho dos benefícios previdenciários do RGPS dito "urbano", que conta com a maior clientela, o maior número de beneficiários.

Qual seria a saída? Aumentar a idade mínima? Criar mecanismos que diminuam o valor dos benefícios?
Herculano
27/02/2019 09:18
DORMINDO COM O INIMIGO, por Carlos Brickmann

Já se sabe por que o presidente Bolsonaro não convidou os mais radicais partidos de oposição para discutir a reforma da Previdência. É que, em seu Governo, ele é situação e também oposição. Não precisa do PT e de seus penduricalhos: o próprio Governo faz o trabalho da oposição, incluindo a parte difícil, de atrapalhar seus próprios projetos e se desgastar sozinho.

A última do ministro da Educação, por exemplo, nem o mais esperto dos oposicionistas faria melhor: em nome do respeito aos símbolos da Pátria, ordenou que professores, funcionários das escolas e alunos, devidamente perfilados em frente à bandeira, cantem o Hino Nacional e leiam um texto, supostamente patriótico, que inclui o lema de campanha de Bolsonaro, o que é ilegal. E tudo seria filmado para exibição pública, sem que os pais fossem ouvidos. Uma advogada pertencente ao próprio partido do presidente, a campeã de votos Janaína Paschoal, sugeriu que o ministro da Educação arranje com urgência um assessor jurídico.

Não foi necessário: rapidamente, o ministro mudou as ordens. Não é mais preciso ler o lema da campanha do presidente, nem as crianças irão aparecer em vídeos sem autorização dos pais. Ah, agir sem pensar!

E para que? Por que banalizar um símbolo como o Hino Nacional? Já se ouve o hino em jogos de futebol. A torcida nem silêncio faz. Após ouvir a música-símbolo da união nacional, brigam, se machucam, se matam.

AQUELE DO JAPONÊS

Este colunista nunca cantou hinos: era proibido, por estragar o conjunto. Mas conhecia as letras: "Japonês tem quatro filhos", "e quando a Pátria amada precisar da macacada", e o delicioso "eia, sus", que vinha um pouco antes do Virundum. E pensar que a ideia era estimular o patriotismo!

LOUVAR O SENHOR

Perfeito, até o ministro da Educação percebeu que tinha feito besteira. Mas a ideia original, de exigir que o lema da campanha presidencial fosse obrigatoriamente citado, forçava ateus ou seguidores de religiões não monoteístas a prestar homenagem ao Deus dos cultos abrâmicos, com origem em Abrahão: judeus, cristãos e muçulmanos. E talvez violasse até um dos Dez Mandamentos, "não usarás o nome de Deus em vão".

JOGO DIFÍCIL

E, não fossem os inimigos internos, até que a situação não estaria difícil: a oposição é comandada por Gleisi, algo com que sonha qualquer Governo do mundo. O ministro da Justiça é ídolo popular, o ministro da Economia tem amplo trânsito no mercado, o agronegócio disputa a liderança mundial com os Estados Unidos, o presidente Bolsonaro continua em lua de mel com o público. Diz a pesquisa da Confederação Nacional da Indústria que ele é bem avaliado por 57,5% da população (43,4% são favoráveis à reforma da Previdência). O Governo é ótimo ou bom para 38,9%; e ruim ou péssimo para 19%. Excelentes índices.

Mas o eleitor está atento: 56,8% acham que os filhos estão interferindo nas decisões de Bolsonaro.

AMADORISMO, NÃO

Embora o Governo tenha agências de publicidade escolhidas legalmente em concorrência, quis criar a campanha da reforma da Previdência com uma equipe interna da Secom, Secretaria de Comunicações. Não passou: o ministro da Economia, Paulo Guedes, a considerou "tosca", e vetou-a. Foi tudo refeito por uma agência de verdade, a Artplan. Agora está em ordem.

BRUMADINHO NO MAR

A Assembleia paulista acaba de convocar os responsáveis pela operação da cava subaquática de Cubatão - um buraco abaixo do nível da água que armazena 2,4 bilhões de litros de materiais tóxicos. A cava, entre Cubatão e Santos, é operada pela VLI, cuja maior acionista é - adivinhe! - a Vale.

A cava tem 25 metros de profundidade e 400 de largura, ao lado de um manguezal. Ali estão os resíduos tóxicos de meio século de exploração do Polo Industrial de Cubatão. Até há pouco tempo os resíduos estavam no fundo do canal de Piaçaguera. Com a escavação da cratera, o canal foi dragado (para aumentar sua profundidade e permitir a passagem de navios maiores) e os resíduos amontoados num só lugar. Os planos são cobrir a cava com 1,5 metro de altura de material limpo, que taparia o material tóxico, até o final deste semestre. E o risco de contaminação seria afastado.

O GRANDE RISCO

O problema é que não dá para combinar com o mar, nem exigir que as águas tenham bom comportamento. Que acontece com o material tóxico em caso de movimentos anormais da água, causados por exemplo por tempestade? É isso que a Assembleia estadual quer apurar agora. Porque um vazamento naquela região, dentro do mar, como será contido?

POIS É

Eduardo Bolsonaro defende o muro entre EUA e México. E daí?
Herculano
27/02/2019 09:18
A LIÇÃO DO BARÃO ANTON VON MAGNUS, por Elio Gaspari nos jornais O Globo e Folha de S. Paulo

Uma diplomacia que se preza age sempre pensando no dia seguinte; Maduro está frito, e depois?

O barão Anton von Magnus era o embaixador da Prússia no México em 1867. As tropas do presidente Benito Juárez haviam aprisionado e condenado à morte o príncipe austríaco Maximiliano de Habsburgo, que se intitulara Imperador do México. Todo mundo pedia pela vida do monarca deposto, do papa aos reis da Europa. O barão era o depositário de todas as esperanças de uma negociação com Juárez, reuniu-se com ele e transmitiu os apelos. Para horror da mulher de um general, quando Von Magnus voltou à cidade onde Maximiliano estava preso, trouxe consigo um embalsamador.

O barão era um diplomata. Devia pensar na vida do príncipe, mas também cuidava do dia seguinte, o do embarque de seus restos mortais para Viena. (Se ele fez algo errado foi contratar um mau embalsamador, pois o corpo de Maximiliano chegou em péssimo estado.)

Nicolás Maduro come todo dia e engordou na Presidência, mas está frito. A questão venezuelana depende do dia seguinte. O oposicionista Juan Guaidó pediu aos chanceleres do Grupo de Lima que considerassem "todos os cenários internacionais possíveis". Depois, esclareceu que no seu "todos" não incluía a hipótese de uma intervenção militar estrangeira. Já o vice-presidente americano, Mike Pence, lembrou as palavras de Trump, para quem "todas as opções estão sobre a mesa". A intervenção militar seria uma aventura que faria o gosto do governo americano. Felizmente, o governo de Jair Bolsonaro dissociou-se dessa possibilidade, juntando-se ao Chile, Peru, México e à União Europeia.

Hoje, as coisas parecem claras: Maduro é um ditador e Guaidó encarna a democracia. Há 51 anos, quando o general Marcos Pérez Jiménez foi posto para fora e fugiu do país, os militares que o derrubaram permitiram a reconstrução democrática do país. Ele havia sido um déspota corrupto fantasiado de inimigo da política tradicional. Passou o tempo e o coronel paraquedista Hugo Chávez chegou ao poder depois de um golpe fracassado e de uma eleição vitoriosa. Ele foi outro inimigo do sistema partidário e reabilitou o déspota, dizendo que Pérez Jiménez foi o melhor presidente da Venezuela: "Odiavam-no porque era militar". O general viveu no desterro durante 35 anos e morreu em 2001 na sua luxuosa casa de Madri.

Por mais que os Estados Unidos deixem no ar o caminho da intervenção militar, é improvável que Trump esteja disposto a entrar nessa aventura sozinho. Para ele, o ideal seria repetir a experiência de 1965 na República Dominicana. Tropas dos Estados Unidos invadiram a capital e um mês depois a OEA (Organização dos Estados Americanos) chancelou a intervenção enviando uma força multinacional. No ano passado o general Hamilton Mourão acreditava que isso poderia acontecer, mas mudou de ideia. Hoje essa carta parece ter saído do baralho e para isso contribuiu o próprio Mourão.

Na crise venezuelana muita gente está se comportando como o barão Von Magnus. Por mais que Guaidó flerte com uma intervenção militar, representantes de seu governo já se encontraram com diplomatas chineses em Washington para tranquilizá-los em relação aos seus investimentos no país. Diplomatas russos reconheceram que têm conversado extraoficialmente com agentes de Guaidó. Só o tempo dirá que carga Maduro embarcou num jato russo que pousou em Caracas há três semanas.

Numa trapaça da história, no 60º aniversário da entrada de Fidel Castro em Havana, um pedaço da esquerda latino-americana associou-se a uma ditadura que fechou a fronteira para impedir que uma parte de sua população deixe o país e que entrem caminhões com alimentos e remédios para quem não os têm.

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