03/06/2019
As investigações da PF e a inteligência da Receita Federal conseguiram definir a responsabilidade de cada um no esquema que originou a Operação Alcatraz e levou onze para a prisão na semana passada
Abro a coluna desta segunda-feira com um assunto no qual não costumo me meter, a política estadual – apesar de ter sido crítico contumaz do jornalismo manco que se faz sobre este tema nos veículos – e mesmo os blogs balados - da Capital. Mas, o que escrevo hoje tem tudo a ver com a política e o MDB Gaspar e Ilhota, bem como o futuro de ambas – a política e o partido.
Na vizinha Blumenau, o MDB referência estadual é uma caricatura depois de perder gente como Evelásio Vieira – o Lazinho e já falecido – e uma penca de gente. Não se renovou, não foi atrás de disputada, preferiu as tetas, e assim ficou refém do tempo nas mãos do gasparense Renato Vianna. A teia que ele criou não captura mais alimentos para sustentar a gula de velhos e novos.
O que a Operação Alcatraz revelou chega a ser um desdobramento natural de um desvio. Ela resulta da prática e dos métodos empregados, até aqui, pelos políticos e gestores públicos e que foram amplamente rejeitados nas urnas em outubro do ano passado, não apenas contra MDB, o gigolô permanente do poder.
Entretanto, muitos dos políticos e agentes públicos, enfronhados nos velhos esquemas e discursos, teimam em não entender que há uma mudança em curso. Ela não se dá apenas aqui ou no Brasil. E que tudo isso exige novas práticas e comportamentos, principalmente da classe política.
Retomo.
A Operação Alcatraz da Polícia Federal e Receita Federal - que tem um gasparense envolvido, Renato Deggau, liberado na sexta-feira, depois de depoimento e que trato disso mais adiante com detalhes - era uma questão de tempo. Basicamente a investigação identificou R$ 100 milhões em créditos tributários em nome dos diversos contribuintes que participavam do esquema com falsificação de documentos, entre elas, notas fiscais frias, contratos.... As notas foram emitidas para encobrir pagamentos de propinas.
Há também de indícios de fraudes em licitações entre os anos de 2009 e 2018, onde se encaixa Deggau. Essa prática tem sido muito comum no ambiente público, mas cada vez mais, diante dos mecanismos digitais, mais fáceis de serem rastreáveis.
O mundo político e o social da Ilha da Fantasia já sabiam há anos o que se começou a se revelar – e desmoronar - na quarta-feira passada. Os envolvidos nos governos de Luiz Henrique da Silveira, MDB, Leonel Arcanjo Pavan, PSDB, Raimundo Colombo, PSD e Eduardo Pinho Moreira, MDB, colocaram as barbas de molho.
Pior de tudo, é constatar que até aqui, a imprensa catarinense atuou como parte interessada ou no mínimo, acessória (é com c mesmo). Ela durante anos não foi capaz de tocar nesse assunto. Se não houve a conivência ativa, houve, no mínimo a conivência pela omissão. Teve medo das ações de retaliações dos poderosos ou então, de perder as verbas públicas – feita de pesados impostos do povo - que poderiam dispor.
Esse esquema é o que a Operação Alcatraz tentará elucidar. Ela é embrionária com o governo de sete anos do ex-ministro de Ciência e Tecnologia, ex-senador, ex-deputado Federal e estadual, ex-prefeito de Joinville, ex-presidente nacional do MDB, o advogado blumenauense Luiz Henrique da Silveira e falecido no dia dez de maio de 2015, aos 75 anos (nasceu em 25.02.1940).
Com a Alcatraz em pleno desenvolvimento em Santa Catarina, o deputado Rogério Peinha Mendonça, MDB e o governador Carlos Moisés da Silva, PSL, esperam com outros políticos e assessores no aeroporto de Brasília, a hora de embarcar de volta para casa
O PODER AMARRADO POR DÚVIDAS, COLOCA O MDB NA TEIA DE DEFICULDADES QUE ELE PRÓPRIO CRIOU COM OS PARCEIROS PARA SER PODER
Como se vê, currículo e qualidade política não faltaram LHS para ser a aparência de uma escolha certa para liderar o estado e o seu MDB. Era um político conciliador. Fazia de tudo para ser o centro e estar no poder em nome de uma prosperidade. E essa “conciliação”, naturalmente, tinha um “preço para unir” gulosos de todos os tipos e de diversos interesses próprios ou partidários, seja no poder de plantão ou usufruindo dele.
E que pagava isso tudo? Não eram os simples acordos como se anunciavam, mas à estrutura formal, sustentada pelos catarinenses com os seus pesados impostos – como é o caso por exemplo, das agora extintas secretarias regionais e outros tipos de tetas sem fim no governo do estado – ou então, no ambiente informal para assim suportar o custo dessas alianças.
É esse custo – o informal, mas que extraía recursos que deveriam estar nos cofres oficiais por vários mecanismos de sacanagens do ambiente formal- que começa a ser desvendado na Operação Alcatraz; ou por outras que se desdobrarão dela, bem como, à “engenharia” para à caixinha e com ela sustenta os nacos de poder formal em vários setores de interesses negociais, administrativos e políticos, incluindo a Assembleia Legislativa.
O foco inicial de apuração da Alcatraz e de outras que virão, está em quatro áreas de interesses: o de sempre e manjado setor de obras; o de saúde pública – um sangradouro sem fim no fornecimento de serviços, equipamentos e compras emergenciais –; o de incentivos e os respectivos créditos, principalmente para as importações – onde os nossos são os portos mais movimentados para receber mercadorias; além do mais novo ambiente de dúvidas, o de tecnologia da informação, isso sem falar nas indefectíveis notas de publicidade, ou contratos de diversos motivos com laranjas para encobrir à formação do caixa dois, ou as tão comuns licitações dirigidas, esquemas conhecidos e bem revelados na Lava Jato e outras operações do gênero em vários estados – e até municípios, cujas dúvidas já passaram várias vezes por esta coluna.
É por isso, que os políticos de todos os matizes e nos mais variados escalões da máquina pública federal, estadual e de muitos municípios – envolvidos em negociatas - mandaram um recado duro há poucos dias - na Câmara para o presidente Jair Messias Bolsonaro, PSL, ao tirar o Coaf do Ministro da Justiça e Segurança Pública, Sérgio Moro, e transferindo-o para o da Economia, Paulo Guedes, na Reforma Administrativa.
Não querem que se siga o dinheiro (following the money), a única maneira de se descobrir esse tipo de crime que não é apenas dos políticos, mas principalmente das mais variadas organizações criminosas ou empresas laranjas e de fachadas, feita para se esquentar patrimônio e se obter dinheiro vivo.
Aliás, essa percepção, já foi tema de comentário aqui na segunda-feira passada em “quem são os deputados catarinenses que não querem combater a criminalidade dentro e fora do ambiente político? A votação aberta na Câmara para retirar o Coaf de Sérgio Moro foi reveladora para três fatos importantes”.
Retomo à Operação Alcatraz.
No caso de Santa Catarina, são investigações complexas que incluem rastreamento de bens – inclusive em nome de terceiros-, escutas telefônicas e de e.mails, bem como análise de editais e documentação.
Em outros, fáceis de serem percebidas, ainda mais no mundo digital, onde de alguma forma, são rastreáveis. As provas estão praticamente limitadas ao tempo dos governos de Raimundo Colombo e Eduardo Pinho Moreira, mas as investigações estão atrás do início do fio da meada que remete ao poder de LHS.
Os envolvidos de hoje, inocentemente, insistem que apenas executavam o que era praticado por governo anterior. Ou seja, tiveram a chance de corrigir o erro, mas não fizeram. E ao que tudo indica, conscientemente. E este elo com o passado na Alcatraz remete aos presos Nelson Castello Branco Nappi Júnior e Luiz Ademir Hessmann.
PULANDO DA BARCA. O MDB VÊ O MAR REVOLTO E PROCURA UM PORTO PARA ANCORAR
A Operação Alcatraz aconteceu exatamente em dois momentos mais delicados para o MDB no qual ele se ensaiava ser a mitológica Fenix – a que renasce das cinzas. A Alcatraz foi realizada às vésperas da Convenção Estadual. Alguns dirigentes não acreditam em coincidências. Entre eles e ouvida na convenção de sábado em Florianópolis, entenderam como sendo uma provocação. E na suposição que tivesse sido, deveriam ter entendido também melhor o recado.
E para piorar a vida dos emedebistas e de líderes de outros partidos que já estiveram na aliança governamental com o MDB, tanto a Polícia Federal e como a Receita Federal, invocando o despacho da juíza substituta da Primeira Vara da Justiça Federal de Florianópolis, Janaína Cassol Machado, ao dar a notícia oficialmente não revelaram o nome dos onze presos da operação.
E aí, a fake news da nova mídia, dominou as redes sociais e aplicativos de mensagens. Exibia-se listas que incluíam figurões carimbados do MDB e de outros como tivessem sido presos, principalmente, depois quando se soube que a PF esteve vasculhando os imóveis do poderoso presidente da Alesc, Júlio Garcia, PSD e que até bem pouco tempo era conselheiro do Tribunal de Contas.
Os políticos foram à loucura, até porque a imprensa – abro um capítulo mais adiante – mostrou-se incapaz de investigar e esclarecer à sociedade sobre quem tinha realmente sido preso e o porquê.
A Operação Alcatraz aconteceu exatamente quando alguns políticos e dirigentes referências no MDB e até no PSD, estão deixando os partidos. Ela aconteceu no exato momento em que o MDB dá apoio informal ao governo de Carlos Moisés da Silva, PSL, e o partido – hábil de gravitar no poder e dele extrair vantagens - foi um dos artífices para a recém aprovação da Reforma Administrativa do novo governo na Alesc.
Na convenção do sábado passado todos murchos, desconfiados até entre si, arrumando culpados e “saídas” naquilo que a Operação Alcatraz poderá trazer contra a agremiação e seus sócios remidos. Nos discursos, valentia. É o jogo para a plateia, imprensa e militância. Ao final, depois de renunciar às propostas de acordos para chapa única, o deputado federal oestino Celso Maldaner bateu por estreita margem (39 a 31), o senador Dário Elias Berger, ex-prefeito de Florianópolis. Nas fotos e discursos, promessas de união. Nos bastidores, cobras e lagartos e Berger até disposto a sair do partido. Então, a composição da Executiva só sai amanhã, terça-feira, depois de tentar juntar os cacos.
Um Projeto do deputado Rogério Peninha Mendonça, MDB, para não haver eleições no ano que vem, é a tábua de salvação defendida pelos emedebistas daqui, com fez o líder do partido na Câmara, Francisco Hostins Júnior.
UM PRENÚNICO DAQUILO QUE RONDA OS NOVOS TEMPOS DE COBRANÇAS
Na terça-feira à noite, quando a Operação Alcatraz ainda não estava efetivamente na rua – mas deflagrada na Polícia Federal e Receita Federal com o despacho de prisões e buscas e apreensões pelo judiciário - em Florianópolis e outras cidades, inclusive em Ituporanga, aqui na Câmara de Gaspar, três discursos deram o tom desse novo momento de angústia.
O primeiro foi do líder do MDB, Francisco Hostins Júnior, defendendo enfaticamente a emenda parlamentar de deputado Federal Rogério Peninha Mendonça, MDB, para não se ter eleições neste ano, mas tudo junto e misturado daqui há dois anos.
A alegação é de que há um “custo” extraordinário com as eleições, ou seja, com a democracia, com a renovação e reavaliação do governo que quer se reeleger. Uma pena que os políticos se lembre dos “custos” das eleições brasileiras apenas para defender os seus interesses estão comprometidos, mas ao mesmo tempo, sonegam as reformas da Previdência, tributária, ou a desburocratização e a desestatização, estas sim, caminhos contra a recessão e o desperdício do dinheiro de todos. Esta defesa tem causa: o medo de faltar de votos para reeleger os esquemas que estão no poder.
E para completar o quadro dantesco, o líder do PT na Câmara, Dionísio Luiz Bertoldi, e que encabeça à cobrança sobre diversas dúvidas no governo de Kleber Edson Wan Dall, MDB, disse que o mal do PT foi o de ter Michel Temer, MDB, como vice. Foi aí que o líder de Kleber na Câmara, Francisco Solano Anhaia, MDB, mas que já foi PT, não perdeu a viagem e o mote.
Rebateu o “Lula Livre” para o condenado, colocando-o essa incoerência na conta de Bertoldi. Anhaia, por sua vez, assegurou que no MDB, a camisa que se desfilaria seria “Temer Preso”. Resta saber se Anhaia disse isso como petista, ou se como emedebista. Se foi como emedebista talvez tenha ele que ampliar a coleção de camisetas com nomes que estarão bem perto, como tenta apontar a Operação Alcatraz.
O que revela tudo isso: a podridão não apenas de partidos, mas como as pessoas usam a política e os partidos para suas viagens sem limites de poder contra a sociedade que sustenta -com pesados impostos e sacrifícios, incluindo o brutal desemprego - os políticos, as tetas para seus protegidos que para além da falta competência, ainda praticam delitos – em quadrilha - contra a coisa pública.
No fundo, os políticos fazem tudo isso porque os cidadãos consentem e os veículos de comunicação preferem as migalhas para não exercerem o seu verdadeiro papel de agentes sociais, sonegando simples notícias que desagradam os poderosos de plantão.
A TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO COM O NOVO ELO DE DÚVIDAS, MAS ELA SEGUE O RITUAL DO MANJADO DIRECIONAMENTO LICITATÓRIO NOS AMBIENTES PÚBLICOS E FRONTALMENTE CONTRA A LEI DE LICITAÇÕES
Entre os onze presos está Renato Deggau (foto ao lado). Era temporária e saiu na sexta-feira após prestar depoimento. A prisão temporária está sendo usada depois que o STF impediu a condução coercitiva. A prisão temporária é difernete da preventiva, onde o preso fica por 30 dias. Segundo a argumentação do despacho da juíza Janaina, da Justiça Federal, ele como gerente de Tecnologia da Informação e Governança Eletrônica da Diretoria Administrativa e Financeira da Secretaria de Estado da Administração do Estado de Santa Catarina (GETIN/DIAF/SEA) e, ainda, Gerente de Projetos da Diretoria de Governança Eletrônica da Secretaria de Estado da Administração do Estado de Santa Catarina (GP/DGOV/SEA), prestou auxílio em diversas fraudes em processos licitatórios ligado à Secretaria de Estado da Administração do Estado de Santa Catarina (SEA/SC), principalmente por ser ligado a área técnica, por ter importante papel para execução dos esquemas criminosos ligado ao setor público.
Perceberam? Acumulava pontos chaves e tinha conhecimento amplo da tecnologia para fazer o que supostamente fez, como está denunciado pelas investigações realizadas pela Polícia Federal. A inteligência que deveria estar a favor do cidadão que sustenta a máquina pública, estava a serviço do político que o indicou e o inseriu num esquema de vantagens, contra o dinheiro do povo.
Segundo a juíza sobre Renato Deggau, "a prisão se deveu pelos elementos indiciários; por ter mantido atuação criminosa no bojo do Pregão Presencial n°. 00145/2017 SEA. (“PREGÃO PRESENCIAL n°. 0145/2017 da Secretaria de Administração do Estado de Santa Catarina (SEA)”) no bojo do Pregão Eletrônico n°. 0052/2017 SED. (“PREGÃO ELETRÔNICO n°. 0052/2017 da Secretaria de Estado da Educação do Estado de Santa Catarina (SED)” no bojo do Pregão Presencial n°. 0118/2016 SEA. (“PREGÃO PRESENCIAL n°. 0118/2016 (Contrato n°. 135/2016) da Secretaria de Administração do Estado de Santa Catarina (SEA)”.
Anexando vários documentos, a juíza mostrou como funcionava a participação de Renato Deggau no esquema: “a autorização inicial foi de pregão na modalidade eletrônico (pp. 6972 do ANEXO 49 do evento 357 dos autos 5002028920174047200), mas RENATO DEGGAU deu seguimento na modalidade presencial (pp. 745 do mesmo ANEXO49), supostamente para controlar melhor o valor das propostas”.
Documentos mostram a esperteza e manipulação contra a Lei das licitações. “Em 18.12.17, RENATO assinou a Informação 5741/2017, direcionando o certame (pp. 1745 do ANEXO49 do evento 357)”
Não era um mero erro, mas uma prática que contava com a participação combinada com outros agentes públicos, como revela determinado trecho do despacho da juíza. “No dia 19.12.17 foram interceptadas ligações entre RENATO e MAURICIO ROSA BARBOSA evidenciando o direcionamento do edital em relação à marca ALCATEL, algo que FELIPE WILDI VARELA não estava aceitando e a solução ficaria a cargo de NELSON NAPPI e ALEXANDRE TONINI (pp. 6647 da representação)”.
MÉTODOS E AÇÕES VICIADAS
São indícios robustos e provas contundentes. Impressiona o método e até a “falta” de cuidado – quando assume riscos para a obtenção dos resultados – numa prática que é bem conhecida nesse ambiente licitatório: ludibria-se, mas ao menos disfarça-se como se estivesse seguindo à risca à legislação específica das licitações, ou se pego, ser entendido como um ato incomum, ingênuo e não repetitivo como método.
“No dia seguinte (20), flagrou-se nova conversa sobre o assunto entre MAURICIO e RENATO, inclusive demonstrando que o termo de referência encaminhado por RENATO DEGGAU para elaboração do edital foi elaborado por MAURICIO (p. 6745 da representação)”.
“Em 29.01.18, RENATO DEGGAU informou que ele mesmo seria a equipe técnica do pregão (emails nas pp. 684 da representação)”.
Um jogo de cartas marcadas. “Ainda, é questionável, pelo fato de se tratar de um particular proponente e de um agente público responsável técnico pelo pregão, o que se percebe nas conversas entre MAURICIO e RENATO, no dia 05.02.18 (data prevista para a abertura das propostas) pela manhã. Isso porque MAURICIO pergunta como RENATO vai proceder na análise da proposta, esse responde e minutos depois retorna para MAURICIO perguntando se ele acha melhor proceder de outra forma (pp. 68991 da representação)”.
Também foi RENATO quem ficou como fiscal dos respectivos contratos (p. 705 a 709), por exemplo, ou seja, a típica a raposa cuidando dos ovos.
A juíza Janaína ainda relata mais dois casos, com provas e indícios robustos de participação contra a legislação de Renato. Das 38 páginas do despacho autorizando a prisão de onze pessoas, dez páginas são ocupadas para descrever e comprovar supostas às práticas ilícitas de Renato no esquema de licitações em que participou como um técnico especialista da área.
E a juíza conclui: “assim, RENATO DEGGAU participa da organização criminosa ora investigada e contribuiu ativamente para o sucesso dessas fraudes, tendo acesso e poder de manipulação sobre provas dos ilícitos cometidos, sendo indicada prisão temporária para evitar interferência nas investigações”.
A IMPRENSA VEM IGNORANDO FATOS E COMENDO POEIRA
Há organismos criados na sociedade para fiscalizar o estado, os políticos e os agentes públicos. Entre eles, o Ministério Público, Controladorias, Tribunais de Contas e até mesmo o Legislativo - quando esse se deixa contaminar por revanchismos ou interesses, constitui denúncias e até Comissões Parlamentares de Inquéritos.
Paralelamente há entidades sociais e privadas como Observatórios com o mesmo intuito. Eles – na sua maioria de forma voluntária - bem executam os acompanhamentos das contas ou desvios do poder público.
Entretanto, nenhum deles deles substitui à imprensa tradicional. É ela quem repercute os fatos perante à sociedade. É a exposição dos fatos que torna o agente cauteloso, ardiloso e até rejeite à ação tipificada como delito perante à lei.
E quando a imprensa falha nesta simples missão, a de divulgar – e estou excluindo a de investigar e produzindo material diferencial para entregar aos seus clientes leitores, ouvintes e telespectadores – a sociedade é quem paga com sacrifícios e dinheiro escasso de todos, o erro, a corrupção e ao mesmo tempo alimenta a saga, a influência e os esquemas de poderosos.
O maior conglomerado de comunicação de Santa Catarina, a NSC, só conseguiu dar o nome dos presos quase 30 horas depois da Operação Alcatraz ter sido deflagrada. Perdeu escandalosamente para o “Notícias do Dia”, outros portais e a rede Record, por exemplo. Blogs de famosos, que se dizem próximo ao poder e com fontes privilegiadas, também ficaram num silêncio incompreensível.
Já escrevi sobre este assunto específico. Já escrevi como a gaúcha RBS acabou com o jornalismo competitivo em Santa Catarina, onde fez da operação dela, um balcão de negócios, a ponto do seu principal executivo Derly Massuad Anunciação se tornar o homem nesta área institucional e estratégica dos governos de LHS e Colombo (agora voltou ao meio e está da RIC). Já escrevi que com ele, entidades como Acaert e Adjori se tornaram agências de repartição de verbas e notícias oficiais para o interior, unificando a propaganda política disfarçada de jornalismo.
Já escrevi que a RBS sugou a cana e foi embora de Santa Catarina quando o mercado publicitário se tornou um bagaço. Já escrevi, que a NSC ficou com um mico de um negócio em franca decadência no modelo como era e como a RBS moldou para ficar bem posicionada economicamente por aqui. Também já escrevi, que a NSC, dava sinais de se adaptar na estrutura que montava e principalmente num jornalismo mais atuante e crítico. Já escrevi, que isso era apenas um rompante de quem chega e é obrigado a demarcar o território.
Então por tudo isso, não vou repetir e cansá-los. A Operação Alcatraz não deixou dúvidas.
NÃO HÁ MEIO TERMO. TRABALHA-SE COM O RISCOS
Não tenho fontes em Florianópolis. Não é o meu foco. Muito menos na Justiça Federal, mas tive acesso a alguns documentos cruciais, que usei nos comentários de quinta, sexta e sábado e que me subsidiam no artigo de hoje, supostamente bem antes da NSC.
E se a NSC teve esses dados antes de mim (e dos concorrentes, eu não sou concorrente dela) e isso seria a normalidade de tudo, ela então sonegou as informações por quase 30 horas de seus clientes (leitores, ouvintes e telespectadores), razão da existência, sobrevivência e credibilidade do negócio dela. Uma pena! Torço por ela.
O que aconteceu neste caso da Operação Alcatraz deixa claro que se a NSC não foi competente no seu jornalismo para apurar os fatos quando poderia ter se posicionado como líder que quer ser, foi absolutamente conivente com os poderosos do passado e do plantão implicados naquilo que a PF e Receita Federal tentam esclarecer em seus inquéritos para levar como denúncias ao Ministério Público. Não há meio termo.
Não estou mais indo a Florianópolis com a habitualidade de antes. E quando eu vou, sou informado de dúvidas impressionantes vindas do mundo do poder político. É voz corrente nos corredores, gabinetes, restaurantes e ambiente frequentados por agentes públicos. Então, é impossível, que ninguém ligado ao jornalismo não tenha se percebido dessas pautas, as quais obrigam que há algo minimamente para ser apurado e levado para a discussão nas redações.
É impossível que colunistas, tão cheio de proximidades com os antigos e novos poderosos não tenham recebido informações tão valiosas que não tenham motivados até agora à exposição para inseri-las em cenários de seus comentários. A não ser que a preguiça ou a mordaça, ou os interesses mútuos tenha dominado também esse mundo do jornalismo.
Os políticos vivem de trocas para preservá-los, mas não poder ser a tal ponto de que a sociedade seja a única perdedora nesse jogo.
Em Gaspar, o portal e o jornal Cruzeiro do Vale vivem pressionados pelo poder de plantão para o obsequioso silêncio. Mas, é exatamente ele que retirou a credibilidade dos outros. E se os políticos não avançam tanto em Gaspar, é exatamente por temer a voz livre do Cruzeiro do Vale. Acorda, Gaspar!
O retrato da gestão de Kleber Edson Wan Dall, MDB, e Luiz Carlos Spengler Filho, PP, pode ser medida pela interferência política, involução da atuação e capacidade de reagir da Superintendência da Defesa Civil. Ela regrediu dentro do próprio governo. Incrível!
Para tirá-la do marasmo, ser apenas mais um cabide de empregos e que a tornava uma Indefesa Civil nos governos do petista Pedro Celso Zuchi, Kleber teve que enfrentar à Câmara e dar regularidade à indicação do cabo bombeiro militar da ativa, Rafael Araújo de Freitas, apadrinhado pelo ex-bombeiro, coordenador de campanha, presidente do MDB e secretário de Fazenda e Gestão Administrativa, o advogado Carlos Roberto Pereira. Foi um embate duro, desgastante e por meses.
Rafael assumiu, rapidamente reestruturou e deu vida à Defesa Civil, até chegar a campanha política do ano passado. Nela, Rafael se negou segurar bandeiras pelas esquinas da cidade para os candidatos do MDB. As coisas que já não estavam num mar de rosas. É que Rafael se negava a descumprir à legislação ambiental para favorecer os políticos do poder de plantão nos pedidos para atender os parceiros desses políticos. Rafael não queria manchar a sua ficha pois estava na ativa nos Bombeiros. Resumindo: tudo somou e desandou; foi chamado de volta ao quartel, onde fazia falta.
O substituto dele, o sub-tenente bombeiro militar da reserva, Evandro de Mello do Amaral, experiente na área, nem em Gaspar morava. Para piorar, Evandro não conseguiu dar prosseguimento ao trabalho de estruturação da superintendência e se perdeu na motivação dos voluntários, além de terceirizar parte das atividades para a recém contratada assistente social, Ana Janaina Medeiros de Souza, neófita na área.
Neste verão, à distância – do litoral ou de Brusque onde morava – gerenciou as tormentas tão comuns por aqui. Ficou exposto. Reclamou, principalmente das observações desta coluna, até porque havia procedência e se repetia.
Na quinta-feira da semana passada, enquanto os serviços de meteorologia nacionais e o da Epagri alertavam, com antecedência, baseados em modelos levantados por satélites, para muita chuva e até uma possível enchente no Vale – que não ocorreu em Blumenau e Gaspar – e deslizamentos – devido à grande concentração de precipitações na região provocados por um cavado, quase todos da Defesa Civil de Gaspar estavam em Florianópolis.
Eles participavam do “Seminário de Proteção e Defesa Civil: incêndios florestais, barragens e inteligência como estratégia em RRD”.
E quem estava aqui em Gaspar na Defesa Civil dando conta do recado: dois estagiários – um para o período da manhã e o outro para a tarde.
O seminário é importante? É! E principalmente se ele tiver condição de se transformar em aplicação prática em Gaspar e na conscientização das responsabilidades da área para com a população.
Contudo, o que é prioritário para as pessoas que estão em áreas de riscos – e que não são poucas por aqui - num ambiente de Nível de Atenção ou de Alerta como se tinha na quinta-feira passada? A presença e a estruturação de ações preventivas coordenadas pela Defesa Civil, integradas com outras forças na comunidade, incluindo os voluntários.
E quem deve liderar isso no âmbito da Defesa Civil essa mobilização? O titular da pasta, gente com conhecimento técnico e não, logicamente, estagiários. Pois se for assim, está na hora de economizar o dinheiro dos pesados impostos dos gasparenses no aparelhamento de um órgão tão vital para a cidade e os cidadãos, diante das vulnerabilidades já conhecidas do município e da região para as catástrofes naturais severas.
Blumenau, por exemplo, e que possui uma estrutura especializada e referência no Brasil via o Alerta Blu, todos estavam de plantão desde quarta-feira, interagindo com a cidade e os cidadãos E foi por eles, que muitos gasparenses estavam se orientando e apreensivos. Acorda, Gaspar!
Gelásio Valmor Muller, conhecido como Daco, é o novo presidente da Associação de Moradores Rua Pedro Simon e Adjacências, na Margem Esquerda, em Gaspar. Ele venceu com Ricardo Vanzuita Reis e derrotou a sobrinha, Ana Carolini Deschamps, por ampla margem de votos. Dos 383 votos colhidos na manhã de domingo, Daco levou 283, Ana teve 98 e dois foram brancos. Ambos na foto ao lado.
Houve envolvimento total do MDB de Gaspar e do vereador Francisco Solano Anhaia, MDB, pela eleição de Daco. Ana Carolini, que é advogada, foi assessora de Anhaia na Câmara e a relação azedou entre ambos, quando ela foi demitida por Anhaia no jogo político.
Na reforma Administrativa promovida pelo prefeito Kleber Edson Wan Dall, Daco deve perder o cargo comissionado, pois ele é conflitante com o seu sobrinho Roni Muller, primo de Ana e sobrinho de Daco. Ele está indicado para a Chefia de Gabinete. Anhaia prometeu a Daco uma assessoria no gabinete do deputado estadual Luiz Fernando Cardoso, o Vampiro, do MDB.
O resultado desse embate chegou a ser comemorado pelo MDB e a prefeitura. Ele também – pelas obviedades - provocou fissuras na família Muller. Agora, cumpre-se o acordo: Daco é empregado por Anhaia, torna-se cabo eleitoral a partir da Associação e Roni fica na Chefia de Gabinete e abandona à pretensão de ser candidato a vereador e deixa livre o espaço para a reeleição de Anhaia. Ainda há chances dessa eleição parar na Justiça. Ai, ai, ai.
A vitória apertada do deputado federal oestino, Celso Maldaner sobre o senador Dário Berger para dirigir o diretório estadual do MDB, deixou mais uma vez o MDB de Gaspar fora da foto. Os delegados daqui apostavam em Dário. Eles vêm errando quase todas nos últimos tempos.
O MDB e outros partidos tradicionais estão preocupados com a movimentação do ex-prefeito Adilson Luiz Schmitt, sem partido.
A secretaria de Agricultura e Aquicultura de Gaspar loteada para o PP e tocada por André Pasqual Waltrick, está plantando improbidades e afogando o prefeito Kleber Edson Wan Dall, MDB.
Um Inquérito Policial mostra que será preciso mais que o corpo fechado, como relatei para outras situações na coluna de segunda-feira passada aqui neste espaço. O prefeito teve que ir a Polícia Ambiental dar explicações. E pode complicar.
Como funciona o arde e assopra no PP, um dos partidos do tal Centrão e mais envolvido na Lava Jato, na relação de suporte do quadrilhão do PT. A deputada Ângela Amim, faltou à votação do destaque para deixar o Coaf com o ministro Sérgio Moro. Dos 16 deputados, Rogério Peninha Mendonça, MDB, também faltou e Pedro Uczai, PT, votou contra.
Retomo. O marido de Ângela, esperto político senador Esperidião Amim Helou Filho, queria por que queria destacar e votar esta pauta no Senado. Tudo para fazer voltar o assunto para a Câmara, desgastar o governo e melar à reforma administrativa da Jair Messias Bolsonaro, PSL, que teria pouca chance de ser analisada e votada naquela Casa. Amim anunciou o votou, mas perdeu.
O prefeito Kleber Edson Wan Dall, MDB, pediu mais prazos para dar respostas à Câmara de Gaspar, para três requerimentos dos vereadores. E de coisas aparentemente simples. Isso tem se tornado uma rotina, depois que mandados de segurança o enquadram nesta matéria. Já às informações das supostas irregularidades das obras de drenagens da Rua Frei Solano, a prefeitura se enrola faz 90 dias.
Falta de transparência. O caro site da Câmara de Gaspar parece funcionar em horário de servidor público. Quem quer consultá-lo nos finais de semana e feriados deve jogar com a sorte. Invariável e frequentemente ele está fora do ar. Será por que?
Quinta-feira é dia de sessão itinerante da Câmara de vereadores de Gaspar. Desta vez, no Colégio Honório Miranda e como parte das comemorações dos seus 85 anos.
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