28/02/2019
Já escrevi aqui que se grandes obras elegessem “automaticamente” alguém, Pedro Celso Zuchi, PT, teria feito Lovídio Carlos Bertoldi, PT, seu sucessor. Ele foi colocado de propósito no Samae e depois como secretário de Obras. Um trator! Já escrevi que o governo de Kleber Edson Wan Dall, MDB, precisa se reinventar. Em privado, a turma dele até admite isso. Mas, de efetivo? Nada. Esta reinvenção traz riscos; ninguém quer perder a boquinha que possui. Já se passaram quatro meses da surra que Kleber, o MDB e o PP tomaram nas urnas. E o prefeito continua “compondo” com o baixo clero, alimentando interesses contraditórios, sustentando cabos eleitorais comprovadamente sem votos; está refém de gente que efetivamente manda no governo dele e não aparece e se enganando nas redes sociais. Kleber espera que Deus crie soluções à sua inércia em coisas que são próprias dos pecadores resolverem.
Já escrevi que pelo menos três vereadores procuram outros partidos e só não pularam à cerca, com medo de perderem os mandatos. Esperam a janela legal dessa oportunidade. Já escrevi que o governo Kleber dorme com os inimigos exatamente por não liderar os processos políticos e ser muito ruim na articulação, tanto que “perdeu” por duas vezes a presidência da Câmara; pior: ficou um ano em minoria explícita na Casa, obrigando o presidente do MDB, Carlos Roberto Pereira – o prefeito de fato - a se licenciar do partido, bem como sair da poderosa secretaria da Fazenda e Gestão Administrativa que ele fez na cara Reforma Administrativa para si próprio. Pereira se refugiou na secretaria da Saúde, leva ao caos exatamente por ingerências amadoras e políticas contra gente que entendia do assunto nesse ambiente técnico e “perigoso”.
Há duas semanas quando o prefeito esteve na Câmara para a “visita protocolar” e saudar à nova Legislatura, o vereador Rui Carlos Deschamps, PT, ao cumprimentar Pereira – que estava lá -pela volta dele à presidência do MDB na noite anterior, Rui, da tribuna, disse que sabia que Kleber e MDB procuravam um novo vice. Parabenizou-o por essa “busca”. O atual vice Luiz Carlos Spengler Filho, PP, que já foi vereador e tinha sido escalado no primeiro ano de governo para ser o interlocutor com o Legislativo, não estava mais no recinto da Câmara. Saia justa? Nada! Também já escrevi isso aqui. É a realidade. É a tentativa de se construir um chapão para todos se salvarem e evitar os ventos das mudanças que sopraram em outubro do ano passado e que estão obrigando o governo Kleber a se reinventar, apesar dele resistir a isso. Como não se reinventa, Kleber e os seus vão juntar mais sapos e cobras num mesmo balaio e cumprir apenas o objetivo de ficar no poder.
Entretanto, o arremate à esta observação pública – e está gravada - feita pelo vereador Rui ao doutor Pereira que estava com Kleber, veio do presidente da Câmara, Ciro André Quintino. Ele não se conteve e quebrou o protocolo para observar da mesa: “2020 a Deus pertence!”. Fogo amigo? De certa forma! Ciro está no MDB, mas ao mesmo tempo não está. Ciro está no governo, mas ao mesmo tempo não está. Ciro é Ciro, nada mais! Ele está nas ruas. E sentiu o cheiro estranho de que as coisas não vão tão bem assim. Ciro não era candidato do MDB, de Kleber, de Spengler, de Pereira e dos vereadores da base, mas foi eleito presidente da Câmara. Articulou, arriscou e deu lições aos entendidos nessa matéria, incluindo Kleber e o doutor Pereira. É de Ciro a outra frase quando lamentaram na Câmara à saída de Napoleão Bernardes do PSDB. Ele indicou que Napo poderia pousar no PSD e não no DEM, como se especula. “Para ter uma torcida, antes é preciso montar um time, contratar as estrelas”, advertiu. Ciro está montando o time dele. Já Kleber, Pereira, Melato e os seus estão amontoando interesses antagônicos, perseguindo e constituindo muitos problemas. E, é com um time que Ciro vai fazer o preço e dar as cartas nesse torneio de mata-mata. Por enquanto, Ciro não tem nada a perder. Já Kleber, Pereira, Melato... Acorda, Gaspar!
Agora eu e muitos dos meus leitores e leitoras estamos entendendo à razão de tanta ladroagem e apego ao poder pelos políticos. O ex-governador do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral, MDB, condenado a quase 200 anos de cadeia por corrupção, formação de quadrilha e lavagem de dinheiro nos esclareceu, no depoimento tardio de Madalena arrependida, ao juiz Marcelo Bretas, da Lava Jato Fluminense.
“Este apego ao poder e ao dinheiro, Excelência, é um vício”. É preciso escrever mais? Como todo viciado, o político quer sempre doses mais fortes, tem consciência do que faz e do estrago que representa roubando o dinheiro do povo sofrido que morre na fila do postinho, do hospital, que não consegue vaga creche, emprego...
Estou de alma lavada outra vez. O Tribunal de Contas acaba de recomendar a aprovação das contas de 2017, o primeiro ano de governo de Kleber Edson Wan Dall, MDB. Entretanto. Diz no relatório que, Kleber está maltratando à transparência, tropeçando em algumas contas e relegando à área social.
Ou seja, o que venho escrevendo há dois anos e sendo constrangido por causa disso.
Na área social: “recomenda que garanta o atendimento na pré-escola para crianças de 4 a 5 anos de idade”; “compatibilizar o Plano Nacional com o Plano Municipal de Educação e cumprir a meta de atendimento nas creches” que está no Plano Municipal. Na área das políticas para idosos, “faltou um simples parecer do Conselho sobre os resultados”.
Na transparência e contabilidade, apontou-se e se pediu a correção para o registro indevido de uma verba de R$ 457.916,49 e para a “ausência de disponibilização em meios eletrônicos de acesso público, no prazo estabelecido, de informações relativas ao Lançamento de Receitas”.
Novidade? Não para quem é leitor e leitora desta coluna. Para quem monta um Orçamento quase que fictício como demonstrei na coluna de três de janeiro deste ano em “Gaspar arrecada bem menos do que o projetado no orçamento para 2018. Um jogo contábil faz defesa ficar dentro dos limites. Sobra de caixa é criatividade”, é preciso correr atrás dos ajustes.
Novidade? Nenhuma para quem consegue pagar notas antes dos serviços serem prestados pelos fornecedores, que faz o Portal com os links públicos da contabilidade sumir do ar, ou que nomeia um bisbilhoteiro e especialista em milagres cibernéticos para lhe deixar vulnerável.
Classificado das profundezas: a prefeitura do interior está atrás de um hacker.
Diferente do poder Executivo, ao menos, por enquanto. Na segunda-feira perguntei ao presidente da Câmara de Gaspar, Ciro André Quintino, MDB, qual a razão para o site oficial omitir várias Resoluções da Mesa Diretora (conteúdos), mesmo diante da repaginação gráfica (embelezamento) do site.
Na resposta que me deu, copiou e orientou Vagner César Campos Maciel, agente de comunicação e responsável pelo assunto, à normalização daquilo que estava incompleto. No dia seguinte, tudo estava no ar para a transparência da Casa com os gasparenses – não exatamente para mim. Simples, rápido e efetivo. Não doeu. Ninguém perdeu!
Uma queda de braço entre os donos do poder de direito e de fato. O caso da demissão do Diretor Geral de Tecnologia da prefeitura de Gaspar, Jackson Glatz, e que revelei em amplo artigo na segunda-feira, desnudou também uma guerra de bastidores.
A secretária adjunta de Fazenda e Gestão Administração, Ana Karina Schramm Matuchak, está no centro de uma disputa. O prefeito a quer fora do cargo e não exatamente por qualquer erro administrativo. O ex-secretário desta área, Carlos Roberto Pereira e que manda de fato, não. A menos que o Diretor Geral de Gestão de Convênios, Jorge Luiz Prucino Pereira também seja demitido. Ai, ai, ai.
Copyright Jornal Cruzeiro do Vale. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita do Jornal Cruzeiro do Vale (contato@cruzeirodovale.com.br).