Os políticos e as politicalhas unidas são capazes não apenas de destruir reputações e constranger gente decente, mas também de comprometer o futuro das crianças e adolescentes que sonham ser o mundo - Jornal Cruzeiro do Vale

Os políticos e as politicalhas unidas são capazes não apenas de destruir reputações e constranger gente decente, mas também de comprometer o futuro das crianças e adolescentes que sonham ser o mundo

24/06/2019

Quando alunos e pais protestaram contra a forma que arranjaram para a saída da diretora Viviana do Frei Godofredo, defendiam um modelo vencedor num ambiente de dificuldades da escola pública que sobrevive com a ajuda e participação dos pais e que o Enem aferiu agora

Nesta segunda vou abrir os trabalhos com este tema das entranhas Educação. Ele não será manchete em outro lugar, além daqui, ao menos deste ponto de vista paroquial. Faltam liberdade e coragem.

Qual era mesmo à manchete desta coluna no dia seis de maio, no portal Cruzeiro do Vale, o mais antigo, acessado e atualizado de Gaspar e Ilhota? “Autoconfiança, enfrentamento à burocracia e politicalha rasteira, retiram do cargo diretora de colégio estadual eleita pela comunidade”. Referia-me ao afastamento do cargo, com cores de vingança, da diretora do Colégio Frei Godofredo, Viviana Maria Schmitt dos Santos, filiada ao PSL e recém-saída do DEM, irmã do ex-prefeito Adilson Luiz Schmitt, sem partido, mas que nasceu no MDB e de lá teve que correr, passou pelo PSB e PP.

Fui o único a tratar o assunto de forma aberta e provocativa, como sempre fiz com todos os outros temas e que em muitos casos, provocam a ira temporária de grupos afetados, da militância digital dependente de interesses e empregos políticos, todos pagos com os pesados impostos de todos nós. Estou acostumado. Um dia para essa gente sou “herói”, “conservador” e “parceiro” na babação, e no outro, para o mesmo grupo, sou “canalha”, “comunista” e “traidor” na tentativa de me desqualifica. Sou um sobrevivente de casco duro. Afinal, estou acostumado a ver tal maré no seu sobe e desce, sem ser igual em movimentos repetidos.

Essas abordagens de hoje, são as mesmas que não pouparam os poderosos do passado. Ou seja, não é nenhuma novidade, não é coisa inventada agora, ou uma prática pontual contra alguém ou grupo.

Essas análises deixam cada vez mais claro, ser o jornal e o portal Cruzeiro do Vale, praticamente os únicos, por enquanto, capazes na provocação e de tocarem diretamente nas feridas da nossa comunidade, bem como enfrentar uma falsa hegemonia, que além da nenhuma ou pouca transparência dos poderosos de plantão, visam apenas os seus planos particulares de perpetuação no poder, sem o devido comprometimento e avanço comunitário.

Volto para não se perder no foco.

Qual deveria ser a manchete de hoje na cidade? DIRETORA QUE COLOCOU O COLÉGIO FREI GODOFREDO EM TERCEIRO NO VALE NO ENEM DO ANO PASSADO É PREMIADA COM AFASTAMENTO DAS FUNÇÕES COMO VINGANÇA POLÍTICA NA INFESTADA GESTÃO EDUCACIONAL DO ANTIGO E DO NOVO GOVERNO ESTADUAL

Exagero? No âmbito administrativo Viviana foi punida com a perda do cargo de diretora. Ela conseguiu essa função na eleição da comunidade escolar onde estava envolvida. No âmbito jurídico, tenta ver reconhecida que o seu erro – e nunca neguei isso nos meus escritos e parece-me que nem ela - seguiu à uma punição administrativa exagerada, com motivações políticas, que não encontra isonomia em casos similares até aqui.

Viviana foi técnica, não fez composição, não fez arranjos e conchavos para resolver o seu problema particular. E por isso, perdeu. Autoconfiança, é um pecado mortal.

Mais, Viviana tenta provar, como escrevi naquele artigo, disponível aqui no portal, que ela foi induzida ao erro pelo próprio sistema impróprio que sustenta o sistema educacional brasileiro e o estadual onde ela está inserida. Os resultados do Enem – longe dos ideais, mas bem posicionado num contexto de pobreza do setor - só confirmam às suas alegações. Avalizam os meus comentários.

E por que? A própria secretaria de Educação estadual, devido à distância, burocracia e à falta de autonomia, bem como às indisponibilidades de recursos – não só financeiros - diante das emergências criadas nos educandários, obriga as APPs – Associação de Pais e Professores - no socorro daquilo que é obrigação do governo.

Foi isso que fez Viviana por seu colégio, professores e principalmente para os alunos da Frei Godofredo terem melhor acesso à conhecimento e melhor grau de competitividade no ambiente educacional. E aí ela quebrou regras e deu margens para ser questionada administrativamente, mas com notório exagero. Não houve delito nenhum. Arrumaram um pelo no ovo. E isso bastou até agora.

E quem veio agora em sua defesa? Nada mais, nada menos do que o resultado do Enem de 2018. Ele mostrou que Viviana sempre agiu – e assim ela é conhecida em Gaspar – em favor da escola, dos professores e principalmente dos alunos, os que verdadeiramente ganharam e agora, podem, também, verdadeiramente perder. Tanto que o “interventor” trazido de fora pelo PSL e o governo de Carlos Moisés da Silva, PSL, bateu em retirada logo em seguida, diante do quadro dantesco criado pela secretaria de Educação, a partir da Gered, de Blumenau.

Na verdade, a educação perde como um todo. Não é único. É muito comum em todos os ambientes públicos. Este episódio, mostra como a política partidária, ideológica e sectária impregna à educação e leva o Brasil perder em todas as comparações. Há duas semanas foi divulgado o ranking mundial das melhores universidades. Um desastre para todos nós. As brasileiras pioraram ao que já não era bom.

Volto, mais uma vez, ao tema do título para me perder na meada.

Na rede pública aqui no Médio Vale, o Frei Godofredo ficou em terceiro lugar. Na frente dele só o Júlio Scheidmantel, de Timbó e o Pedro Cristiano Feddersen, da Vila Itoupava, em Blumenau. O Frei Godofredo ficou à frente da Elza Pacheco, Blumenau, vejam bem, e do afamado Cedup Hermann Hering, também de Blumenau e que no ranking da região ficou em quinto entre as escolas públicas.

No Enem do ano passado, o melhor ranqueado no Médio Vale foi o Barão do Rio Branco, de Blumenau, particular e pertencente à Igreja Luterana. Ele ficou com a 11ª posição estadual e 936ª no Brasil. Isto também mostra à distância a ser percorrida por todos para melhorarem o nível de eficiência. Entretanto, é uma régua importante para se medir e buscar melhorias contínuas aos egressos num ambiente essencial para a competitividade no mundo real.

O melhor educandário neste ambiente de Gaspar foi o IFSC, federal, com 118ª posição no estado e 3.626ª no Brasil, seguida da Madre Francisca Lampel, particular, de gestão da Igreja Católica, na 135ª posição estadual, mas em 3.008ª no Brasil.

O terceiro é o Frei Godofredo, público, na 226ª estadual e a 6.100ª no Brasil. O quarto é o Honório Miranda, também público e com 85 anos de história comemorados há poucos dias, que obteve a 515ª posição estadual e 9.647ª no Brasil, seguido do Frei Policarpo, público, na 579ª estadual e 12.956ª nacionalmente.

Quem quiser saber das complexas análises do próprio MEC e tabulações brutas feitas pelo jornal Folha de S. Paulo sobre o assunto, pode entrar neste endereço eletrônico para os detalhes: https://www1.folha.uol.com.br/educacao/2019/06/veja-o-desempenho-da-sua-escola-no-enem-2018.shtml

Como o governo de Kleber manobra a maioria apertada na Câmara, despreza o Legislativo e teve que correr de votação na Câmara na semana passada

Quis mudar a legislação tributária para criat multas sem discussão técnica, sem parecer da comissão de economia e sob advertência dos contabilistas daqui de que havia necessidade de aperfeiçoamentos redacionais

Faltou o voto do vereador Francisco Hostins Júnior (à esquerda), para o prefeito Kleber (ao centro) ter o voto minerva de Ciro (à direita), todos do MDB, em PL retirado na última hora na Câmara para não ser derrotado

Na coluna de sexta-feira, feita especialmente para a edição impressa do jornal Cruzeiro do Vale, o mais antigo, o de maior circulação e credibilidade de Gaspar e Ilhota, mostrei como o Prefeito Kleber Edson Wan Dall e o presidente da Câmara, Ciro André Quintino, ambos do MDB, em tabelinha, fingiram não existir um projeto de lei aprovado na Câmara para proteger vulneráveis nas escolas do município. Por pouco ele é esquecido na obrigação de ser promulgado no “esquecimento” do prefeito de sancioná-lo. O problema é que o PL – que pode proteger vidas - foi proposto por um oposicionista, Cicero Giovane Amaro, PSD, e não teve como ser bombardeado

Isso é passado, mas das lições passadas, pouco se aprendeu até agora neste governo.

Essa é da sessão da terça-feira passada. E como sempre, a imprensa pouco se importou com a grave jogada que se armava na falta de transparência e diálogo. Esclarecer a população nestes assuntos técnicos e aparentemente áridos, pode gerar retaliação do governo sobre que ousar comentar nos veículos. Uma marca de Kleber.

E por que não deu certo? Porque faltou voto para a bancada governista colocar goela abaixo mais esta alteração – aparentemente necessária diante da tecnologia - de lei já existente. O líder do MDB, Francisco Hostins Júnior e ligado ao Sindilojas estava ausente da sessão. Estava em viagem particular a São Paulo. E sem de Hostins, o governo seria derrotado. Dos 13, Kleber – em tese - possui seis votos da bancada que o apoia, mais o de minerva do presidente Ciro André Quintino, MDB. E neste caso, só tinha cinco votos e então Ciro nem desempataria nada.

Kleber até tentou uma manobra via o novo aliado, Roberto Procópio de Souza, PDT, para votar em separado o artigo terceiro do PL 27, que modificava parte do Código Tributário de Gaspar e criava multas para os contribuintes que descumprissem obrigações acessórias exigidas no município, especialmente com relação às multas pecuniárias relativas a Declaração de Serviços Eletrônica para Instituições Financeiras - DES-IF. Mas, não colou.

Como sublinhei antes, este é um tema árido – inclusive para a maioria dos leitores e leitoras da coluna. Ele, é essencialmente técnico. Justamente por isso, que ele precisa ser conhecido, debatido e clarificado por gente que entende dele. Tanto que o Projeto de Lei tem este título: “acrescenta e altera dispositivos da lei 1.330, de 13 de dezembro de 1991, e dá outras providências”.

E já escrevi várias vezes aqui: quando um Projeto de Lei possui esse tipo de denominação no seu título e enviado pelo Executivo à Câmara, é bucha certa. Ele normalmente esconde pegadinhas, jabutis, tem o objetivo de não chamar a atenção e pelo susto da suposta complexidade embutida nele, o de impedir o debate de leigos: os que vão votar na Câmara e os cidadãos que verdadeiramente vão pagar o pato.

Com esse Projeto de Lei não foi diferente. Nem mesmo à advertência de Mário Celso Demmer, um especialista neste assunto, bem reconhecido além de Gaspar, falando em nome dos contabilistas daqui, foi capaz de sensibilizar à secretaria da Fazenda e Gestão Administrativa, tocada pelo prefeito de fato, Carlos Roberto Pereira, muito menos os vereadores da base. Eles queriam à aprovação do PL a qualquer custo – mesmo sem entende-lo direito - na emenda como veio do Executivo.

O PL chegou na Câmara no dia 23 de abril em “regime de urgência”, como quase todas as matérias que são remetidas para lá pelo prefeito. Teve parecer favorável da relatora geral, Franciele Daiane Back, PSDB, no dia 13 de maio, antes mesmo do pronunciamento da Comissão de Legislação, Justiça, Cidadania e Redação (Roberto Procópio de Souza, PDT, Franciele, Rui Carlos Deschamps, PT e Hostins ) e a de Gestão Pública (Mariluci Deschamps Rosa, PT, Francisco Solano Anhaia, MDB, o suplente, José Ademir de Moura, PSC e Wilson Luiz Lenferes, PSD) que só aprovaram esta matéria no dia 13 de junho, uma semana depois do prazo regimental de sete de junho ter esgotado nas Comissões.

Essa manha permitiu que o referido PL fosse à pauta na sessão do dia 18, a terça-feira passada. Enrolou-se nas comissões e depois a toque de caixa se tentou levar adiante a mudança em Lei 1.330/91 e que segundo o governo precisa ser mudada.

Entretanto e estranhamente, a Comissão Economia, Finanças e Fiscalização (Silvio Cleffi, PSC, Cícero Giovane Amaro, PSD, Dionísio Luiz Bertoldi, PT e Evandro Carlos Andrietti, MDB) onde este tema técnico deveria ser tratado, avalizado, emendado ou rejeitado, não emitiu parecer algum. Faltou-lhes explicações e entendimento melhor da municipalidade sobre o que de fato queria a prefeitura e as implicações de tudo isso.

Ou seja, mais uma vez a assessoria da prefeitura falhou. E mesmo assim, o presidente da Câmara Ciro pautou a matéria para a sessão, mas sem antes advertir que faltava o necessário da Comissão de Economia. Fez o que queria a prefeitura, mas ao mesmo tempo, lavou as mãos.

Diante da reação dos membros da comissão de Economia, vendo que não haveria votos suficientes para aprová-la, nem mesmo com a manobra que tentou no requerimento oral de Roberto Procópio, e se rejeitada, a matéria – que se dizia essencial para ser apreciada - não poderia voltar neste ano à Câmara, a sessão foi interrompida por cinco minutos a pedido da própria oposição. Incrível. Anhaia até então, esticava a corda, mesmo em tese, sabendo que ela iria tinha tudo para arrebentar contra ele e o governo que representa no Legislativo. Os dois lados finalmente conversaram.

A base correu atrás do Executivo. Não havia alternativa. E o Executivo concordou em retirar a matéria da pauta, num fax que enviou, rapidamente, à mesa diretora da Câmara. Regimentalmente e no último segundo permitido, o PL saiu da votação, que se levado adiante na forma como estava exposto, seria derrotado. Resumindo: a oposição, neste caso, foi mais sensata e salvou o governo de Kleber e Roberto Pereira, o mais interessado na alteração e atualização da Lei.

Agora, talvez, o PL volte, modificado e com o necessário diálogo com os contribuintes gasparenses através dos seus representantes, como os vereadores, associações empresariais e os contabilistas.

E precisava chegar a este ponto de tentar enfiar novamente Projetos de Leis do Executivo goela abaixo na apertada maioria que conseguiu de novo com a debandada de Roberto Procópio do time da oposição? Acorda, Gaspar!

Ilumina, Gaspar.

Kleber e sua bancada na Câmara, sob protestos da população, aumentaram 40% da taxa de iluminação pública em 2017 com a promessa de solucionar a precária manutenção. O tempo passou e o problema continua o mesmo.

A polêmica voltou à tona em acirrada discussão entre os vereadores na Câmara quando da discussão do Projeto de Lei 22/2019, o que mudava a realocação de verbas no Orçamento num montante de mais de R$8 milhões. É que R$2,5 foram deslocados para a melhoria de iluminação pública de Gaspar.

Inconformado, o vereador Cícero Giovane Amaro, PSD, lembrou que o governo de Kleber Edson Wan Dall, MDB e a bancada governista da época colocou de goela abaixo aos gasparenses um aumento de 40% na Taxa de Iluminação. A promessa é que com esse dinheiro estaria resolvida à escuridão em que estava mergulhada alguns ruas e locais públicos de Gaspar. É só olhar as dezenas de indicações semanais dos vereadores, inclusive, os do próprio governo de Kleber e que estão cansados das queixas dos seus eleitores nos bairros, para perceber que o problema grave da iluminação pública continua.

Má iluminação pública, inclusive, é problema de segurança.

Além disso, os recentes empréstimos aprovados pelos próprios vereadores para obras viárias preveem verbas para a iluminação em trechos revitalizados. Segundo o vereador Cícero, o governo Kleber mentiu quando pediu e aprovou o exagerado aumento da TIP, e dois anos depois (2017 a 2019) não transformou essa nova alta arrecadação em benefício efetivo para a população. Acorda, Gaspar!

Chabu na comunicação das operadoras contra a corrupção em Santa Catarina

A Polícia Federal, especialmente a que atuam em Santa Catarina e que neste aspecto parece se comportar diferente das demais unidades da Federação em operações assemelhadas, bem como o Ministério Público Federal e à Receita Federal, precisam avaliar urgentemente à forma de se comunicarem com a sociedade, sob pena de transformarem seus supostos indiciados, testemunhas e réus em vítimas, como aconteceu e não aprenderam, com a prisão, indiciamento, soltura e suicídio do ex-jornalista, ex-jurista e ex-reitor da UFSC, Luiz Carlos Cancellier, na operação Ouvidos Moucos.

As operações Alcatraz e Chabu estão repetindo a mesma marca.

Independentemente do necessário sigilo, é preciso ir além do que simplesmente ignorar à imprensa da Capital, a que não é afeita e não se preparou para o exercício das investigações em casos como os que estão surgindo a rodo.

É prudente e necessário ao grupo de inteligência dessas operações prestar contas mínimas à sociedade e impedir que gente atrapalhada, pega por eles, aproveitando-se do silêncio ou do vazio que se cria no ambiente de informações, fonte e comunicação – e até arrogância de quem investiga, planeja e executa essas operações -, tornem-se vítimas e encontrem à absolvição pública e antecipada.

Isto é o fortalecimento do delito e seus beneficiários diretos e indiretos.

Antes de prosseguir, um parêntesis: os próprios políticos que forçaram e comemoraram, bem como o Superior Tribunal Federal num arroubo hermenêutico claramente feito para proteger os poderosos e mais endinheirados, acabou com a tal “Condução Coercitiva”. Os aparelhos de investigação, protegidos na mesma lei, valem-se agora da “Prisão Temporária”, para o mesmo exercício e objetivo. Então: entre prestar depoimento coercitivamente e ter a prisão decretada, o segundo ficou pior para a imagem do conduzido. Ou seja, de fato, na ânsia de criar mais proteções aos enrolados se estabeleceu, na verdade, uma clara desvantagem ao investigado. Como dizia Tancredo Neves, quando a esperteza é demais, come o dono.

Volto.

À falta de informações públicas e até para as defesas dos indiciados, fez de Cancellier um mártir nacional. Só depois do desastre consumado é que, para justificar, apareceram aos pingos, informações para contradizer à percepção generalizada de erro da PF neste caso bem disseminadas no meio acadêmico, na esquerda onde ele transitava bem desde a juventude o ex-reitor, no jornalismo onde era um conceituado egresso e na população em geral.

Já era tarde quando a PF mostrou as provas que sustentaram as investigações e acusações. A percepção e a narrativa prevaleciam sobre eventuais fatos apurados. Não era tarde, entretanto, para as lições num ambiente livre e democrático. Parece que essas lições no desfecho com Cancellier na operação Ouvidos Moucos não ensinaram nada à PF.

Repetiu-se muito recentemente na Operação Alcatraz. Nela, deu-se chances para todo o tipo de fake news no ambiente de contra-informação supostos envolvidos e seus adversários. Muitos políticos precisaram vir a público dizer que não estavam presos. Repetiu-se a mesma agonia agora na operação Chabu. Se não fosse a atitude de Gean Loureiro, nada teria sido esclarecido no dia seguinte com a peça que autorizou as prisões.

O prefeito de Florianópolis, Gean, sem partido, e egresso do MDB, saiu do seu depoimento dado como “preso temporário” e foi direto para uma entrevista coletiva no início da noite do dia em que foi “preso”. E criou-se lá pelo gesto de transparência de Gean e que faltou à PF, uma nova vítima dos aparelhos de investigações no Brasil.

Isso não é bom para a PF, MPF e a própria Justiça Federal. Tanto que, tardiamente, e dias depois, foi conhecido o despacho do desembargador Leandro Paulsen da 4ª região da Justiça Federal, em Porto Alegre, o qual embasou as prisões. Como no caso da Alcatraz, explosivo.

E era preciso reagir à entrevista de Gean e ao galho quebrado que se agarravam os envolvidos tentando mostrar que santos, eram vítimas de tramas e mentiras?

Os aparelhos de investigações e denúncias à Justiça se estabeleceram no próprio Chabu na comunicação nas três operações que criaram para deter a farra orquestrada poderosos de Santa Catarina e que vem de longa data.

Convém lembrar e repetir que foi com a ajuda da imprensa – mesmo sendo a maior parte das redações preponderantemente de esquerda e governista ao governo petista - e o clareamento das dúvidas provocadas por grupos criminosos, que a Lava Jato teve o sucesso, apesar dos questionamentos constantes até hoje.

Encerro: lições e aprendizados existem e a PF parece renega-los em nome de um suposto sigilo para proteger o resultado. É possível. Mas, resultados se protegem com inteligência e comunicação. Os bandidos, por sua vez, apostam na falta de transparência de tudo que fizeram para confundir os apoiadores desinformados a seu favor. Afinal, o que está em jogo? Poder e milhões em negócios e corrupção dos pesados impostos de todos. Wake up, Brazil!

TRAPICHE

Impressionante como o prefeito Kleber Edson Wan Dall, MDB, é mal orientado nessa área de comunicação e que está na quarta titularidade da área. Ele fez um vídeo para quatro gatos pingados para mostrar que a Indefesa Civil de Gaspar possui voluntários.

Tudo feito na tentativa de desmentir à debandada que aconteceu na troca de titular da pasta. Ouvidos e olhos não lhe faltam. Então...

Assessoria. Os vereadores oposicionistas Cícero Giovane Amaro, PSD, e Dionísio Luiz Bertoldi, PT, dizem nos seus discursos que a oposição está contribuindo com suas denúncias para o prefeito eleito Kleber Edson Wan Dall, MDB, corrija o erro, governe melhor e até salve o mandato por erros que podem parar na Justiça.

O vereador Evandro Carlos Andrietti, MDB, tem repetido às suas saídas antecipadas da sessão.

Engana que eu gosto. O prefeito Kleber Edson Wan Dall, MDB, no início do governo tomou uma decisão acertada em favor dos pagadores de impostos: eliminou os pontos facultativos que criavam os tais feriadões.

Entretanto, ele precisa avisar que isso vale para os seus comissionados a tal ponto, que secretários vão a rede social para avisar que estão trabalhando. Já os efetivos, aproveitam para fazer compensações no tal banco de horas. Na prática, informalmente, o ponto facultativo continua a existir em Gaspar.

Um passo atrás. O Conselho Comunitário de Segurança – Conseg – dos bairros Bela Vista e Figueira – e um dos pioneiros de Gaspar - não existe mais. Criado oficialmente em 2004, foi dissolvido também oficialmente no dia quatro de abril, segundo um comunicado publicado na imprensa pela presidente, Ignês Sevegnani.

No mapa oficial de stands da Multifeira na ExpoGaspar 2018, o número 17 desapareceu. Apareceram duplicados no outro lado, os boxex 26.

Com a compra de um carro novo para o uso dos vereadores, o presidente da Câmara, Ciro André Quintino, MDB, tem que devolver o antigo para o município e que possui a autonomia para fazer dele o que bem quiser.

Mas, Ciro quer carimbá-lo para a Agapa. – Associação Gasparense de Proteção aos Animais. E o prefeito Kleber Edson Wan Dall, MDB, orientado, resiste a esta pretensão.

Samae inundado. Dança. Dimas Freitas de Carvalho que perdeu a titularidade da superintendência de Comunicação da prefeitura de Gaspar, foi consolado com a assessoria de imprensa do Samae. Sobrou Suylan Orçati

A manutenção da cidade em obras está tão ruim para o mínimo e o essencial, que o vereador Silvio Cleffi, PSC, pediu ao líder do governo Francisco Solano Anhaia, MDB, que a prefeitura “desmatasse as calçadas”, do bairro Bela Vista, onde mora. É que o matou tomou conta das calçadas, deslocando, perigosamente, os pedestres para as ruas.

O vereador Silvio Cleffi, PSC, que é médico cardiologista, continua na sua cruzada para colocar uma UTI no Hospital de Gaspar, comemorou a vinda de um robô cirurgião para o Hospital Santa Isabel, de Blumenau, para reforçar a campanha.

O problema é que o Hospital Santa Isabel possui dono conhecido, tem gestão, suas contas estão sob controle. Já o Hospital de Gaspar possui dívida milionária, falta-lhe transparência e alguém sabe dizer quem é o dono dele? Quem é que vai investir num ambiente sem dono?

Pior, a sua imagem está no chão por causa de seus próprios erros técnicos e que se tentam escondê-los ao invés de enfrentá-los. E para completar não se sabe à sua vocação e por isso não possui foco.

A cabeceira da ponte do Vale, fechada por quase seis meses no início do governo Kleber Edson Wan Dall, MDB, quando mal tinha sido aberta pelo PT de Pedro Celso Zuchi que a construiu, está quase na mesma situação que a fez fechar. Hum!

Notícia policial. Dois empresários, até então amigos e bem alinhados em negócios entre eles, encontraram-se numa agropecuária em Gaspar e ali mesmo fizeram o acerto de contas desfazendo a aliança. Tudo no braço.

O assunto bombou nos aplicativos de mensagens. Um deles registrou o Boletim de Ocorrência na Delegacia e foi fazer o exame de Corpo de Delito para buscar reparação.

O lixo das facções e malharias em Gaspar têm recolha com preço separado. Só pela legislação. De verdade, ele está sendo levado na recolha do lixo orgânico. É o que testemunham muitos e nas fotos abaixo 9detalhe do saco ao lado esquerde) feita no Bom Jesus. Além disso, retalhos não são lixo, mas reciclável e dinheiro. Então...

 

Comentários

Herculano
26/06/2019 07:25
DAQUI A POUCO, COLUNA OLHANDO A MARÉ, INÉDITA
Herculano
26/06/2019 06:28
JULGAMENTO DE LULA NO STF TURBINA MANIFESTAÇõES PRó-MORO DE DOMINGO

Mobilização, com participação de Vem pra Rua e MBL, também defenderá Previdência e outras pautas

Conteúdo do jornal Folha de S. Paulo. Texto de Joelmir Tavares e Fábio Zanini. Marcados logo após o vazamento das primeiras mensagens do ministro Sergio Moro pelo site The Intercept Brasil, os atos de rua no domingo (30) em defesa do ex-ministro e da Operação Lava Jato ganharam impulso diante da análise do caso do ex-presidente Lula no STF (Supremo Tribunal Federal), nesta terça-feira (25).

Para organizadores das manifestações, a proposta do ministro Gilmar Mendes de soltar o petista imediatamente, que acabou derrotada na Segunda Turma da corte, foi mais um indicativo de que o combate à corrupção no país está sob ameaça.

Embora tenha mantido a prisão de Lula nesta terça, o STF voltará a analisar no segundo semestre o questionamento da defesa do ex-presidente ?"que aponta falta de imparcialidade de Moro na Lava Jato.

"Estão querendo matar a gente do coração", diz Adelaide Oliveira, coordenadora nacional do VPR (Vem pra Rua). "O caso do Lula mexe demais com as pessoas, que ficam mais ativas, percebem o que está acontecendo e sentem a necessidade de se manifestar."

Edson Salomão, presidente do Direita SP, também afirma que a sessão no STF terá peso na adesão de manifestantes. "Esse tema esquentou os ânimos, todo mundo ficou em alerta. Acabou agitando o pessoal e mostra que a gente tem de continuar batendo. Não podemos descansar."

Além de Moro e da Lava Jato, outras bandeiras serão agitadas pelas organizações que convocam os atos. Os grupos embutiram motes como a reforma da Previdência e o pacote anticrime na lista de temas a serem defendidos.

Depois do racha nos atos pró-governo de 26 de maio, os movimentos estão alinhados desta vez, embora tenham divergências sobre a prioridade dos temas. Basicamente, o que varia é o espaço que cada um acha que Moro deve ocupar nos discursos e faixas.

Vem pra Rua, MBL (Movimento Brasil Livre) e Nas Ruas ?"que atuaram como indutores das marchas pró-impeachment e têm capacidade de mobilizar gente?" são os principais agitadores agora. Os dois primeiros não participaram do protesto anterior, o que rendeu a eles críticas de parte da direita.

O protagonismo na época acabou ficando com movimentos de rua não tão conhecidos, como Ativistas Independentes, Patriotas Lobos Brasil e Direita SP. Eles estão chamando novamente para as manifestações de domingo, e de novo se vê uma pulverização de pautas.

Embora na última vez o governo tenha sido bem-sucedido na estratégia de dar aos atos o verniz de pró-Previdência, apareceu de tudo um pouco: ataques ao Congresso e ao STF, pressão pela abertura da CPI da Lava Toga, críticas ao centrão e pedidos de intervenção militar foram ouvidos entre os participantes.

O que une todos os movimentos agora é o desagravo a Moro, pressionado desde a divulgação, pelo Intercept, de mensagens trocadas com procuradores da Lava Jato.

Para os líderes dos grupos, o ex-magistrado continua com a aura de herói ilibada. Eles questionam a forma como o material foi obtido e dizem que nada apagará o trabalho de combate à corrupção feito pela força-tarefa.

O VPR, que não aderiu ao ato em maio porque o considerava uma exaltação a Bolsonaro (e diz não defender políticos, mas apenas projetos), desta vez entrou de cabeça. Até esta terça-feira (25), contabilizava 145 cidades com protestos confirmados e 265 mil pessoas convidadas via redes sociais para as concentrações em todo o Brasil.

O legado de Moro, contudo, é só o terceiro item nos materiais de divulgação do VPR. A sequência nas imagens é "Previdência + anticrime + Lava Jato", acrescida da frase "o Brasil não pode parar".

É uma tentativa, segundo Adelaide, de reduzir o risco de a manifestação se resumir só ao apoio ao ministro. "Estamos com ele, mas nossas outras pautas estão muito claras. É um novo Brasil que a gente está defendendo", afirma.

De acordo com a coordenadora, as reações nas páginas do VPR até agora indicam uma adesão proporcional aos três motes. "Os posts estão tendo engajamentos semelhantes", diz Adelaide, destacando o ineditismo de "uma manifestação propositiva, que não é para derrubar nada, mas para construir algo".

O Nas Ruas, que teve sua principal expoente, Carla Zambelli, eleita deputada federal pelo PSL no ano passado, faz coro com o VPR e anuncia a mobilização, oficialmente, como um ato em defesa da Previdência, do pacote anticrime, da Lava Jato e do ministro Moro (nesta ordem).

Aos poucos, contudo, o discurso está sendo adaptado para incorporar apoio explícito ao presidente. Texto sobre a manifestação publicado nesta terça na página do grupo no Facebook diz: "Você trabalhou, lutou e votou no Bolsonaro para mudarmos o Brasil. Mas, infelizmente não conseguirá fazer todas estas mudanças sozinho. Ele precisa de nossa ajuda. Dia 30 vamos às ruas dar o apoio que ele precisa".

O slogan usado pelo Nas Ruas para espalhar os convites conclama: "Vamos às ruas ou eles vão parar o Brasil".

No caso do MBL, grupo mencionado em diálogo de Moro que veio à tona com reportagem da Folha no domingo (23), a mensagem predominante nas convocações é o suporte ao ex-juiz. Embora seja favorável à reforma previdenciária, o movimento se manteve fiel ao espírito original do protesto e dará ênfase à defesa da Lava Jato.

No trecho publicado, o então magistrado se referiu em 2016 a integrantes do MBL como tontos. No domingo, depois que o conteúdo se tornou conhecido, o movimento divulgou um áudio em que Moro se desculpava: "Se de fato usei o termo, peço escusas, mas saibam que têm todo o meu respeito e sempre terão".

Com o episódio, o MBL atua para demonstrar que seu apoio à Lava Jato permanece inabalável e propagandeia o ato do próximo domingo como uma manifestação unicamente em defesa da operação anticorrupção, sem mencionar outras causas.

"A gente considera que o 'hackeamento', que a gente não sabe de quem partiu, não ocorreu à toa. Existe uma orquestração mais ampla para deslegitimar a operação", diz Renan Santos, um dos fundadores do MBL.

Para ele, mesmo que haja outras bandeiras nas ruas, a dominante será o apoio à Lava Jato e a ex-juiz. "É a questão mais urgente. E é o que mais está preocupando as pessoas. Não queremos a volta da impunidade", afirma o porta-voz.

Experiente em protestos, ele diz que mobilizações costumam funcionar melhor se tiverem menos pautas, mas não enxerga problema na pulverização. "As pessoas são livres. Se o cara quiser ir lá e defender o Bolsonaro, ele pode ir. Mas nós vamos com um foco: Lava Jato."

Aqui e ali, os sinais da multiplicação de temas são visíveis. O movimento Patriotas Lobos Brasil, por exemplo, fez postagem convidando as pessoas a irem às ruas contra os presidentes da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), e do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP), que "querem destruir o Brasil".

Em um vídeo, Ana Claudia Graf, integrante dos Ativistas Independentes, adicionou outro ingrediente: quer que as ruas sinalizem a Bolsonaro aval às políticas que facilitam o acesso a armas, para que o cidadão possa "ter o direito à legítima defesa".
Herculano
25/06/2019 15:12
LEWANDOWISKI QUER OUVIR ZANIN

Conteúdo de O Antagonista. Antes de iniciar o julgamento do habeas corpus de Lula, os ministros da Segunda Turma discutem se Cristiano Zanin terá direito a fazer sustentação oral no plenário.

Em regra, advogados não podem se manifestar quando o colegiado analisa um recurso contra uma decisão tomada individualmente por um dos ministros.

Ricardo Lewandowski foi o primeiro a defender o pronunciamento do advogado de Lula.

"Vivemos dias difíceis do ponto de vista da democracia e do estado de direito", justificou.
Herculano
25/06/2019 15:02
A TURMA DO LULA LIVRE VENCEU. SEGUNDA TURMA DEPOIS DE ENSAIAR O ESTRATÉGICO O ADIAMENTO RESOLVE JULGAR HC DE LULA. RESULTADO PODE ALIMENTAR AINDA MAIS O MOVIMENTO DAS RUAS NO DOMINGO QUE VEM

Conteúdo de O Antagonista.Após um apelo de Cristiano Zanin, a Segunda Turma do Supremo resolveu julgar um habeas corpus de Lula que questiona a tramitação no STJ do recurso contra a condenação no triplex.

Gilmar Mendes já propôs soltar o ex-presidente. Além dele, votam Edson Fachin, Cármen Lúcia, Celso de Mello e Ricardo Lewandowski.
Herculano
25/06/2019 09:05
NOS NEGóCIOS COM CUBA, BRASIL FICOU SEM O DINHEIRO E OS CHARUTOS, por José Casado, no jornal O Globo

Critérios bancários foram manipulados

Foi numa quarta-feira de fevereiro, véspera do carnaval de 2010. Em Brasília, seis ministros se reuniram para referendar uma "decisão de Estado" tomada no Palácio do Planalto. Em pouco mais de meia hora, aprovaram um socorro de US$ 4,9 bilhões a Cuba, o equivalente a 10% do Produto Interno Bruto do país na época.

Foi uma das maiores operações de "apoio financeiro" a governo estrangeiro com subsídios do Tesouro brasileiro. Da memória desse crédito, restou apenas a ata (Camex/LXX) assinada por ministros do Itamaraty, Planejamento, Indústria e Comércio, Agricultura, Desenvolvimento Agrário e um representante da Fazenda.

Não existe registro de qualquer fato que motivasse, nem sequer uma justificativa jurídica dessa "decisão de Estado" - concluíram técnicos do Tribunal de Contas da União depois de vasculhar a papelada de seis organismos governamentais envolvidos.

Há outras 140 operações de crédito externo similares, entre 2003 e 2015, em benefício dos governos de Venezuela, Angola, Moçambique, Bolívia e Guiné Equatorial, entre outros. Seguiu-se um padrão: critérios bancários foram manipulados, para "adequar" a capacidade de pagamento dos governos beneficiários; financiamentos concedidos "sem prévios estudos técnicos", ou quaisquer justificativas jurídicas.

Sempre havia uma empreiteira brasileira interessada, quase sempre a Odebrecht, que na semana passada recebeu proteção judicial contra a cobrança de US$ 26 bilhões em dívidas não pagas ?" um dos maiores calotes domésticos.

Foram 12 anos de vale-tudo, como ocorreu com os US$ 800 milhões para o Porto de Mariel, em Cuba, erguido pela Odebrecht. O crédito subsidiado brasileiro teve prazo de 25 anos, o dobro do permitido. O governo de Cuba apresentou uma única garantia: papéis (recebíveis) da indústria local de tabaco depositados num banco estatal cubano.

O Brasil deu US$ 4,9 bilhões a Cuba. Financiou até um porto no Caribe e aceitou em caução o caixa da venda de charutos. Acabou sem o dinheiro e sem os "Cohiba Espléndido", "Montecristo Nº 2", "Partagás 8-9-8"...
Herculano
25/06/2019 09:03
O CAPITÃO BATE NA MESA, por Eliane Cantanhede, no jornal O Estado de S. Pàulo

Bolsonaro mostra aos generais quem manda e imobiliza adversários de 2022

Enquanto novas pesquisas de popularidade não vêm, o presidente Jair Bolsonaro bateu na mesa, mostrou aos generais quem manda, manteve seus filhos nomeando pessoas-chave e, engrenando uma segunda, na contramão do que dissera na campanha, deixou claro que vai disputar a reeleição.

Os ambientes e a oportunidade do lançamento à reeleição foram escolhidos a dedo: na cidade onde cresceu, a pequena Eldorado (SP), e na Marcha para Jesus, na capital paulista. Dos 57 milhões de votos que Bolsonaro teve, em torno de 22 milhões são atribuídos aos evangélicos. As imagens só poderiam ser o que foram: festa, aplausos, apoio emocionado.

Quanto à oportunidade: quando o governador João Doria começa a botar as manguinhas de fora, o ministro Sérgio Moro está na palma da mão do presidente e o vice Hamilton Mourão anda quieto como nunca. Detalhe: Bolsonaro falou em reeleição dele, não da chapa dele. Assim, demarcou território, botou os potenciais adversários nos devidos lugares e jogou a isca para seus eleitores e seu rebanho.

Demite um general daqui, outro dali, o capitão presidente está preocupado mesmo é com sua base eleitoral, incluídas as tropas, não os chefes militares. Quando o general Santos Cruz (defenestrado da Secretaria de Governo) acusou o governo de ser "um show de besteiras", muitos concordaram plenamente, mas Bolsonaro deu de ombros.

Personagem central já na campanha, o também general Augusto Heleno tinha a missão de dar conselhos, segurar os excessos e corrigir erros do presidente como a tal base militar dos EUA. Era assim. Agora, Bolsonaro manda, Heleno escuta. Para completar, Bolsonaro empurrou o general Floriano Peixoto para os Correios e pôs no seu lugar na Secretaria-Geral da Presidência o major PM Jorge Oliveira, amigão da família e ex-assessor do gabinete do "03", deputado Eduardo Bolsonaro. Trocar um general do Exército por um major da PM na mesma função é esquisito, mas o presidente deu o seu recado: o governo é dele, ele faz o quer.

Outra mudança curiosa foi na articulação política: sai o deputado e chefe da Casa Civil, Onyx Lorenzoni, entra o general de quatro estrelas da ativa Luiz Eduardo Ramos, outro amigão do presidente. Ninguém aposta um tostão furado na permanência de Onyx por muito tempo no Planalto.

O ministro, porém, não tem do que reclamar. Diferentemente do general Juarez Cunha e do economista Joaquim Levy, ele não foi demitido pela imprensa. E, diferentemente dos generais Santos Cruz e Franklimberg de Freitas, ex-Funai, nem mesmo foi demitido. Vai ficando, comemorando a troca da articulação política pelo PPI, o programa de parceria de investimentos, bem estruturado, com cronograma definido e bilhões de reais à mão. A troca foi boa? Há controvérsias.

De toda forma, Onyx se livrou de um abacaxi, porque, seja um deputado, seja um general da reserva, seja um da ativa, não adianta. O problema da articulação política não é do titular, mas no presidente, que passou 28 anos na Câmara, mas se recusa a fazer política, a boa política.

No Congresso, a pergunta que não quer calar é: por que o presidente descarta o "banco de talentos" indicado por parlamentares, mas um só deputado, o "03", já nomeou o chanceler, o primeiro e o segundo ministro da Educação, o presidente do BNDES e, agora, o secretário-geral da Presidência?

Câmara e Senado trabalham a pleno vapor, como, justiça seja feita, algumas áreas técnicas do governo. Enquanto isso, o presidente está no palanque, com criancinhas no colo, fazendo flexões, envolto por multidões e metido em camisas do Flamengo. Se a economia se recuperar, pode até dar certo. Se não, parece pouco para garantir a reeleição.
Herculano
25/06/2019 08:57
da série: gente sem noção. Quantos senadores foram cassados por fatos bem piores, a começar por Renan Calheiros, MDB?

Conteúdo de O Antagonista. ALCOLUMBRE: "SE FOSSE DEPUTADO OU SENADOR, MORO JÁ ESTAVA CASSADO OU PRESO"

Davi Alcolumbre disse que Sergio Moro, "se fosse deputado ou senador, estava no Conselho de Ética, cassado ou preso".

Durante o jantar do Poder360, ele disse também:

"Se aquilo for tudo verdade... esse que é o problema. Aquilo é verdade? Vai comprovar? Aquela conversa não era pra ter sido naquele nível entre o acusador e o procurador. Se isso for verdade, eu acho que vai ter um impacto grande."

Sergio Moro já sabe que tem um inimigo no comando do Senado.
Herculano
25/06/2019 07:37
A VERTIGEM DO LULISMO, por Joel Pinheiro da Fonseca, economista, mestre em filosofia pela USP

Corrupção, fraude contábil e recessão foram a receita perfeita para a derrota

Não chorei assistindo a "Democracia em Vertigem". Senti pena por todos os que compram a fantasia ali vendida. A voz lamuriosa da narradora dá a medida de sua impotência perante a ascensão da direita. A história trágica do Lula-herói que foi obrigado a ceder a práticas corruptas da velha política para levar adiante um projeto inclusivo de país, sendo impedido por uma mutreta da malvada elite, simplesmente não cola. E enquanto a esquerda insistir nela seguirá incapaz de se reinventar.

O PT não era um partido puro que, uma vez no poder, se deixou corromper para ter alguma governabilidade. Já nos anos 1990 o partido comandava o esquema de propina de empresas de transporte no ABC Paulista, numa relação entre políticos e empresários em tudo igual ao que tantos outros partidos fazem Brasil afora. Em seus anos no poder, o PT elevou esses esquemas de propina à escala internacional. Trouxe uma nova ordem de grandeza e profissionalismo ao que já era prática corrente. Nisso, o discurso ideológico radical foi uma ferramenta perfeita, capaz de cegar militantes e apoiadores (como Petra Costa, que dirige o filme).

Há duas possibilidades de "leitura" dos abusos da Operação Lava Jato, que pôs fim ao esquema: uma é a de que se direcionaram contra a classe política como um todo, passando por cima de regras e garantias legais para prender poderosos e alimentar a vaidade (e, quem sabe, a ambição política) de juízes e procuradores que se veem como heróis numa missão divina. A outra é que a Lava Jato é um projeto político da direita para extirpar a esquerda do poder. Essa segunda visão, obrigatória nos meios petistas, não é ajudada pelo fato de que cada um daqueles que antes era apontado como o grande beneficiário da operação (Aécio, Cunha, Temer, o PSDB) foi, por sua vez, também alvo de investigações e até prisão.

Para defender essa segunda versão, é necessário acreditar que o governo Dilma de fato trabalhava pelos pobres, enquanto a oposição defendia o interesse dos ricos. Assim, é imperdoável discutir os anos PT e a queda do governo Dilma sem olhar de frente sua política econômica.


Crédito subsidiado, proteção estatal e isenção fiscal a grandes empresas. Políticas sociais midiáticas mas de pouco efeito prático, como o Ciência Sem Fronteiras e a expansão descontrolada do Fies, que também serviu para engordar o caixa de empresários. Gastos públicos fora de controle, gerando déficits crescentes (em resposta aos quais vieram as pedaladas). Aposta no consumo e na redução dos juros na marra, ao mesmo tempo em que negligenciou o investimento de longo prazo em educação, infraestrutura, produtividade e a necessidade de melhorar o ambiente econômico. O resultado foi a maior crise econômica da nossa história, chegando a 13 milhões de desempregados.

O PT não foi o inventor da corrupção nem é o único mal do país. Teve erros e também acertos (o Bolsa Família, o Mais Médicos). No entanto, não entender como seus desvios éticos e econômicos ajudaram a produzir a crise econômica e política, e a reação popular a ela, é escolher o conforto impotente da fantasia.

Bancos e Fiesp deitaram e rolaram nos anos Dilma. O amor só acabou quando a fonte secou. Corrupção, fraude contábil e recessão foram a receita perfeita para a derrota não apenas nos tribunais, mas também nas urnas. Dilma não conseguiu nem sequer se eleger senadora. Enquanto a esquerda fingir que foi golpeada pela elite, será incapaz de conquistar o povo.
Herculano
25/06/2019 07:33
NÃO ESTÁ NO MUNDO, por Merval Pereira, no jornal O Globo

Bolsonaro só tem a ganhar com o apoio à Lava-Jato. Montou-se novamente o clima de combate à corrupção

O argumento para o adiamento do julgamento na Segunda Turma do STF do habeas corpus a favor do ex-presidente Lula, baseado na suspeição do então juiz Sérgio Moro, não parece plausível. A alegação de que não haveria tempo para o julgamento, pois o processo de Lula estava em último numa fila de mais 10 processos, não corresponde ao cotidiano das Turmas do Supremo, que analisam às vezes até 30 processos num dia.

O fato é que ministros estão incomodados com a ilegalidade das novas provas, diálogos publicados pelo site Intercept Brasil entre Moro e o chefe dos procuradores de Curitiba Deltan Dallagnol. A questão é tão difícil que nem mesmo a defesa de Lula apensou os diálogos ao pedido anterior, havendo uma interpretação de que provas ilegais podem ser usadas para beneficiar o réu.

É possível que, quando retomarem o julgamento, no segundo semestre, algum ministro proponha à Segunda Turma levar o caso para o plenário do STF. O ministro Facchin, como relator, pode decidir monocraticamente, mesmo já tendo votado.

Várias vezes o STF, e também o Superior Tribunal de Justiça (STJ), negaram pedido semelhante, embora por motivos diferentes. Desta vez, a alegação da defesa de Lula é que, ao aceitar ser ministro de Bolsonaro, Moro havia demonstrado sua parcialidade. Os diálogos não estão nos autos. E o que não está nos autos, não está no mundo, como diz um provérbio jurídico com origem no Direito romano.

Antes das revelações do Intercept Brasil, o ministro Edson Fachin considerou que a defesa deveria ter apresentado o pedido ao Superior Tribunal de Justiça (STJ), ressaltando que o Supremo já havia negado o habeas corpus em outras ocasiões.

A ministra Cármen Lúcia, que hoje preside a Segunda Turma, afirmou que o fato de Moro ter aceitado o convite para o novo governo não pode ser considerado, por si só, prova suficiente de sua parcialidade.

O julgamento está cercado de fatores políticos, à revelia dos ministros do STF, que o tornam mais delicado do que normalmente já é, por tratar-se de um ex-presidente da República.

Embora o ministro Sérgio Moro tenha sido atingido pelas suspeitas lançadas pelos supostos diálogos, mesmo que não tenham comprovação de veracidade, a Operação Lava-Jato não perdeu o apoio popular, e Moro é o ministro mais popular do governo.

O presidente Bolsonaro desde o início bancou o apoio a seu ministro, visto como um Super-Homem pelas ruas. Esse é um trunfo político que Moro tem, no momento em que a definição do caso parece ser mais política do que jurídica.

Bolsonaro, por sua vez, só tem a ganhar com o apoio à Lava-Jato. Montou-se novamente na sociedade o clima de combate à corrupção contra o petismo. Nesse contexto, a libertação do ex-presidente pode ser interpretada pela maioria da população como leniência com a corrupção.

O general Villas Bôas, ex-comandante do Exército, que indicou dois generais para assessorar o presidente do STF, Dias Toffoli, voltou ao Twitter fazer defesa enfática de Sergio Moro assim que os primeiros diálogos foram publicados. Como tinha feito anteriormente, antes do julgamento pelo pleno do STF de um habeas corpus para Lula.

"Momento preocupante o que estamos vivendo, porque dá margem a que a insensatez e o oportunismo tentem esvaziar a Operação Lava Jato, que é a esperança para que a dinâmica das relações institucionais em nosso país venha a transcorrer no ambiente marcado pela ética e pelo respeito ao interesse público. Expresso o respeito e a confiança no Ministro Sergio Moro."

Dias depois, o general Augusto Heleno, Chefe do Gabinete de Segurança Institucional (GSI) deu uma declaração pública contra Lula em um café da manhã que Bolsonaro oferece a jornalistas no Palácio do Planalto. Com direito a soco na mesa e à afirmação de que Lula merecia pegar prisão perpétua, pena que não existe no Brasil.

Toffoli nomeou seu assessor o general Fernando Azevedo e Silva, que depois foi chamado por Bolsonaro para ser ministro da Defesa. Na posse, agradeceu ao presidente do Supremo e à Procuradora-Geral da República Raquel Dodge "a disposição de atuar como catalisadores da estabilidade institucional de que o país tanto precisa".

O substituto no STF é o general Ajax Porto Pinheiro, um dos ex-comandantes das tropas da missão de paz da Organização das Nações Unidas no Haiti, como tantos outros militares que atuam no governo Bolsonaro.

É essa "estabilidade institucional" que está em jogo no julgamento do Supremo.
Herculano
25/06/2019 07:31
OPERAÇÃO CHABU: TRF4 DETERMINA VOLTA DE GEAN LOUREIRO AO CARGO DE PREFEITO DE FLORIANóPOLIS

Conteúdo do portal G1. Desembargador revogou medidas cautelares contra o gestor. Operação da PF investigou vazamento de operações policiais.

O desembargador federal Leandro Paulsen, do Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF-4), revogou nesta segunda-feira (24) as medidas cautelares contra o prefeito de Florianópolis, Gean Loureiro (sem partido). A decisão permite a volta dele ao cargo de chefe do Executivo municipal.

Em coletiva na noite desta segunda na prefeitura, Loureiro afirmou que se sente absolvido: "Foi eliminada qualquer restrição contra a minha pessoa. A própria decisão do desembargador já relata ponto a ponto e demonstra que eu não tenho nenhum tipo de participação. Isso praticamente já traz uma avaliação de absolvição de todos os fatos que não precisavam ter acontecido, nem com mandado de busca e apreensão, nem com meu encaminhamento à Polícia Federal".
Herculano
25/06/2019 07:15
RECUO TÁTICO NA OFENSIVA CONTRA MORO MOSTRA FORÇA DA LAVA JATO, por Igor Gilow, no jornal Folha de S. Paulo

Garantistas do STF buscavam suspeição de ex-juiz; militares não querem Lula solto

O recuo tático da ala garantista do STF (Supremo Tribunal Federal) em seu embate com Sergio Moro demonstra que, apesar dos arranhões na imagem do atual ministro da Justiça enquanto juiz símbolo da Lava Jato, o peso da operação ainda é muito presente.

Recapitulando: o surgimento das conversas atribuídas a Moro e a integrantes da Lava Jato que indicam comportamento parcial do então magistrado animou os adversários dos métodos heterodoxos da operação a agir.

O problema para os garantistas, ministros assim chamados por colocar a leitura fria da lei acima de interpretações que consideram ao gosto da pressão popular, é que o palco para o confronto envolvia ninguém menos que Luiz Inácio Lula da Silva.

A defesa do ex-presidente reforçou o pedido de suspeição de Moro que já estava com julgamento em suspenso, devido às conversas com procuradores, no caso em que o petista foi condenado e preso por corrupção e lavagem de dinheiro - o rumoroso processo do tríplex de Guarujá.

Na Segunda Turma da corte, dois ministros já haviam se manifestado contra o habeas corpus a Lula pela suposta suspeição, e os garantistas presentes (Gilmar Mendes e Ricardo Lewandowski) vislumbraram uma potencial mudança de voto do decano Celso de Mello, que segundo interlocutores ficou muito mal impressionado com a troca de mensagens da Lava Jato.

Assim, poderia ser formado um 3 a 2 a favor de Lula e contra Moro, mesmo tendo o ex-presidente tido sua condenação confirmada em duas outras instâncias.

O adiamento da votação a pedido de Gilmar, oficialmente por uma tecnicalidade, mostra que as duas semanas de exposição de Moro não foram suficientes para emaciar a musculatura simbólica da Lava Jato como ícone do combate à corrupção no país.

Pesquisas internas de partidos e um levantamento na semana passada da consultoria Atlas Político mostravam a mesma coisa: o ministro perdeu pontos, mas ainda é o político mais popular do país, e a Lava Jato segue com apoio.

Há outros fatores concorrendo para o adiamento. Os militares com assento no núcleo do governo e o principal porta-voz da ativa, o ex-comandante do Exército Eduardo Villas Bôas, foram os primeiros a empenhar solidariedade a Moro no episódio das mensagens.

Mais: consultados, generais do serviço ativo deixavam clara a preocupação que têm com uma eventual libertação de Lula.

Há dois pontos que incomodam os fardados. Primeiro, o que consideram uma desmoralização da onda anticorrupção que tomou o país desde a ascensão da Lava Jato, em 2014. Segundo, que houvesse de fato embates entre lulistas e bolsonaristas que pudessem sair de controle caso o ex-presidente fosse solto.

É uma pressão calculada, que margeia a responsabilidade institucional. Ela ficou explícita quando Villas Bôas, então chefiando o Exército, postou no Twitter que a Força estava "atenta a suas responsabilidades" e que "repudiava a impunidade" na véspera do julgamento do habeas corpus de Lula pelo STF, em abril de 2018.

O general foi amplamente criticado e, em entrevista à Folha em novembro passado, admitiu que ter agido "no limite" para manter o controle narrativo sobre elementos mais radicais na reserva e entre civis identificados com a Força. Em outras palavras, que segurou alas que pediriam fechamento do Supremo e outras arbitrariedades caso Lula fosse solto.

Aquele episódio ficou marcado nas relações entre Supremo e militares, e a atual insatisfação com a ofensiva contra Moro o trouxe de volta a conversas.

Para o ministro, o saldo é politicamente positivo, pois retira uma pressão a mais no momento em que o arquivo obtido pelo The Intercept Brasil continua a ser analisado e, eventualmente, pode lhe causar dores de cabeças ainda mais sérias.

Já seu chefe, o presidente Jair Bolsonaro (PSL), mantém-se no melhor dos mundos de seu ponto de vista: surge como fiador de um ministro popular e, por extensão imagética, da Lava Jato, enquanto vê o potencial adversário em 2022 encarnado em Moro diminuir de tamanho.
Herculano
25/06/2019 07:08
OPERAÇÃO CHABU AINDA ESCONDE MISTÉRIOS, por Roberto Azevedo, no Makingof

Mesmo que tenha mantido o tom espetacular das operações, na Chabu, deflagrada na última terça (18), a Polícia Federal deu indícios, desde o primeiro momento, de que cortar a própria carne, pois investigava dois policiais federais e um policial rodoviário federal, mudaria a rotina de divulgação.

Nenhum dos sete presos provisoriamente, no máximo cinco dias de detenção, teve o pedido dos mandados transformado em preventivo, ou seja, os delegados que comandam a operação não viram a necessidade em mantê-los sob custódia para esclarecer os fatos ou entenderam que poderiam comprometer o trabalho policial. O último deles, José Augusto Alves, o Zé Mentira, foi solto na noite deste domingo (23).

Também não houve entrevistas para falar do caso, tampouco a tradicional eloquência, ao contrário vieram desabafos pelos profissionais que ouviam os detidos de que estavam em meio a um dos piores momentos da história da instituição.

A maior repercussão veio com a prisão do prefeito Gean Loureiro (sem partido), de Florianópolis, que não se configurou e, como consequência, causou uma rumorosa decisão de afastamento do cargo por 30 dias, que aguarda pela manifestação do desembargador federal Leandro Paulsen, do TRF-4, esta semana.[ nota de Olhando a Maré: Gean foi liberado ontem no final da tarde para todas as atividades administrativas como aperfeiçoamento, o que o torna limpo e herói diante do espetáculo, como analisei em comentário acima no corpo principal da coluna]

Gean acabou punido politicamente e tenta reverter os danos à imagem, embora não tenha sido identificado pelos delegados federais como parte na investigação e liberado por isso, após prestar quatro horas de depoimento, na Superintendência da PF, tem como maior pecado, até agora, o ônus de ser amigo e ter Zé Mentira, seu cabo eleitoral por muitos anos.

DO GÊNESIS AO LIMBO

A Operação Chabu surgiu de uma denúncia feita por ex-assessores do então deputado Gelson Merisio (então no PSD), que concorreu ao governo do Estado, um ano antes do pleito, em 2017, o que dá um caráter político e não simplesmente policial à sua origem, justamente de um vazamento que reuniria, em conluio, empresários e policiais federais.

Um dos mistérios é o que o indica, de acordo com a PF, que o vazamento das operações retardou em um ano, pelo menos, a Operação Alcatraz, que investiga fraudes em contratos e licitações na Secretaria Estadual de Administração e na Epagri, cujos ex-secretário adjunto da pasta, Nelson Castello Branco Nappi Júnior, e ex-presidente da estatal, Luiz Ademir Hessmann, prosseguem detidos preventivamente (sem prazo).

O CUIDADO

Operações contra a corrupção, deflagradas pela Polícia Federal, costumam arranhar de vez o nome dos detidos, o que não é diferente para Gean, Fernando Amaro de Moraes Caieron, delegado da Polícia Federal; Hélio Sant'Anna e Silva Júnior, delegado aposentado da Polícia Federal; Marcelo Rubens Paiva Winter, policial rodoviário federal, que chegou a atuar no Gaeco, José Augusto Alves, empresário; Luciano da Cunha Teixeira, consultor; e Luciano Veloso Lima, ex-secretário estadual da Casa Civil.

Na memória dos catarinenses vem a estrondosa maneira com que foi tratada a Operação Ouvidos Moucos, também pela PF, deflagrada em setembro de 2017, que, de prático, resultou em uma tragédia humana, com a morte do reitor da UFSC, Luiz Carlos Cancellier de Olivo, o Cao Cancellier, e não deu luz ao que seria um suposto rombo milionário em cursos a distância.

A SOBREVIDA

A Operação Chabu só não foi parar no ralo porque a própria PF quer transformar o fato em motivador da invasão aos dados dos telefones do ex-juiz federal Sérgio Moro, ministro da Justiça e Segurança Pública, e dos procuradores que atuam na Operação Lava Jato, em Curitiba, conforme divulgaram a revista IstoÉ e o jornal Folha de S.Paulo.

A quebra de sigilo e os vazamentos de operações seriam realizados pelos mesmos equipamentos que foram o objeto da investigação em Santa Catarina, há muito um polo de segurança estratégica que deu origem, inclusive, ao programa Guardião, utilizado pela própria PF para grampear ligações telefônicas, um poderoso instrumento que levou empresários, doleiros, operadores e políticos para atrás das grades.
Herculano
25/06/2019 06:53
da série: quem se descola no vazio, tem preferência para recebe a bola e armar a jogada ou facilidade para fazer o gol. Bolsonaro prefere os espaços ocupado de marcadores, já os donos do parlamento...


O PARLAMENTARISMO SAI DO ARMÁRIO, por Rainer Bragon, no jornal Folha de S. Paulo

Congresso monta agenda de governo diante do que vê, e do que não vê, sair do Planalto

Após uma experiência de mentirinha durante o Império, a fugaz existência nos anos 60 e a sua rejeição, pela população, no plebiscito de 1993, o parlamentarismo tenta pela quarta vez o sucesso no Brasil.

Em entrevista à revista Veja e no podcast que inaugurou nesta segunda (24), o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), escancarou a gestação de uma agenda própria de governo. Em parceria com o seu colega de partido e presidente do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP), busca-se agora não apenas barrar sandices vindas da BIC presidencial.

A ideia é montar uma espécie de gabinete ministerial paralelo, comandado por Maia, Davi e os partidos que lhes dão sustentação no Congresso, e tirar daí projetos para a retomada do crescimento econômico, geração de emprego, saúde, educação, entre outras áreas.

O plano Maia de governo inclui como prioridade, inclusive, o combate à pobreza e à desigualdade
- ação que, se algum dia foi pensada de forma séria por Bolsonaro, ele se esqueceu de torná-la pública.

O parlamentarismo branco que se avizinha tem raízes com Michel Temer (2016-2018). O emedebista se manteve no cargo graças à parceria com a parte do Congresso que lá o colocou, mas ali o comando ainda era, majoritariamente, do Executivo.

Nos últimos seis meses, o modelo criou coragem para sair do armário após as barbaridades baixadas via decreto, como o das armas, a balbúrdia dos olavistas e os reiterados sinais de que a cabeça de Bolsonaro está ocupada, mesmo, é com temas como a tomada de três pinos, a importação de bananas do Equador e a ida ou não da corrida de Fórmula 1 para o Rio - o que tomou boa parte de sua agenda nesta segunda.

O presidente mudou sua articulação política e disse, no fim de semana, que querem transformá-lo em uma rainha da Inglaterra. Reage ao governo Maia-Davi. Fiel à máxima de que não existe espaço vazio na política, eles se propõem a colocar as mãos no leme que, hoje, enxergam completamente abandonado.
Herculano
25/06/2019 06:45
VAZAMENTOS POUCO AFETAM O CARTAZ DA LAVA JATO, por Cláudio Humberto, na coluna que publicou hoje nos jornais brasileiros

Levantamento realizado em todo o País do instituto Paraná Pesquisas para o site Diário do Poder e esta coluna mostra que 87,6% dos brasileiros tomaram conhecimento da transcrição de supostas trocas de mensagens entre Sérgio Moro e procuradores da Lava Jato. Mas, para 56,1% dos entrevistados, as acusações de um site de oposição ao governo Bolsonaro não colocam em dúvida os resultados da operação. Foram ouvidas 2.264 pessoas em todo o País entre os dias 17 e 21.

ACREDITAM EM DUENDES

Para 38,1%, as supostas mensagens põem em dúvida a Lava Jato. Bem menos que os 44,8% dos votos do PT para presidente, em 2018.

FORMADORES DE OPINIÃO

O maior apoio vem do grupo com ensino superior completo: 72,2% disseram que as conversas não provocam impactos na Lava Jato.

PROPAGAÇÃO SURTE EFEITO

Jovens de 16 a 24 anos, influenciáveis no ambiente universitário, acham (52,1%) que as conversas alteraram a operação Lava Jato.

TODAS AS REGIõES

A maioria mantém a credibilidade na Lava Jato: Nordeste (51,8%), Sudeste (56,2%), Sul (58,7%) e Norte + Centro-Oeste (61,5%).

DF: 'MESINHA' DE SERVIDORES FAZ POSE DE DEPUTADO

O presidente da Câmara Legislativa do DF (CLDF), Rafael Prudente (MDB), avisa que não há chance de aprovar outro aumento salarial de servidores da Casa. Estranho é que o projeto existe, prevê despesa adicional de R$6 milhões, mas não tem autoria de deputado. É obra de uma certa "mesinha", que é como é tratado, na própria presidência da CLDF, o grupo de cinco chefes da assessoria de cada um dos cinco integrantes da Mesa Diretora. Eles mandam muito. Ou tentam mandar.

GARIMPANDO REGALIAS

Os "garimpeiros" que integram a influente "mesinha" da Câmara do DF ganham até o dobro de deputado, mas ao menos sofrem abate-teto.

O 'CAMPEÃO'

Deputado ganha R$25,3 mil, quase metade dos R$49 mil do salário de Sidraque Anacleto, secretário executivo da 2ª Secretaria da Câmara.

MAS QUE BELEZA

Cleonice Leite, Marlon Cambraia, Tatiana Ribeiro e Jose Adenauer Lima, membros da "mesinha", ganham entre R$16,6 mil e R$22,6 mil.

DUPLA SE FORTALECE

Em comunicação, Bolsonaro tem dado ouvidos, cada vez mais, a Fabio Wajngarten, secretário da área, e a sua advogada Karina Kufa. Ele despacha diariamente com Wajngarten e com Karina dia sim, dia não.

BOLA NO GOL

Para um banco público que registrou lucro líquido de R$3,92 bilhões entre janeiro e março, a Caixa tem feito coisas mais relevantes do que sugerem as fofocas sobre a vida amorosa dos seus dirigentes.

REAÇÃO CONTINUA

A economia voltou a dar sinais de reação. A alta na arrecadação de maio (1,92%), maior que a alta no acumulado do ano (1,28%), indica tendência de melhora nos próximos meses, com produção em alta.

TÁ FEIA A COISA

Pesquisa AirHelp, especialista em direitos de passageiros, mostra que piorou a pontualidade de oito dos dez principais aeroportos do Brasil. Piorou muito no Rio (Santos Dumont) e em Campinas (Viracopos).

REVANCHE PARLAMENTAR

O Congresso, que sempre reclamou de prerrogativas usurpadas pelas medidas provisórias do presidente, enquanto vigorava o "toma lá, dá cá", hoje pratica "vingança" esvaziando poderes do presidente.

QUE TAL EXPANDIR

Só vai participar das eleições para conselheiro tutelar no DF quem tirar no mínimo nota 6 em prova de conhecimentos específicos. Tem gente defendendo expandir a ideia para a Câmara Legislativa e o Congresso.

FIM DOS LIXõES

O Marco Regulatório do Saneamento Básico foi aprovado no Senado. Para o presidente da Associação de Empresas de Tratamento de Resíduos, Luiz Gonzaga, foi "momento decisivo para o fim dos lixões".

DIA DO MIGRANTE

Em 25 de junho comemora-se o Dia do Migrante. É a data que lembra os que tiveram de fugir de guerras, catástrofes, perseguição política. Também marca o Dia Mundial do Refugiado no Brasil (dia 20 de junho).

PERGUNTA NO INSS

Ao atingir a meta de R$ 1 trilhão, o governo vai dobrar a meta?
Herculano
25/06/2019 06:37
POR CONTA PRóPRIA, editorial do jornal Folha de S. Paulo

Cresce no país ingresso de mais escolarizados no trabalho autônomo

As estatísticas do emprego no Brasil mostram expressiva quantidade de trabalhadores por conta própria, o que no mais das vezes descreve situações de precariedade laboral e baixa qualificação. Entretanto há sinais de mudança no perfil desse contingente.

São quase 24 milhões de autônomos - à falta de palavra melhor para definir uma miríade de casos tão diferentes quanto os de profissionais liberais de renda elevada, motoristas de aplicativos de transporte e vendedores ambulantes que operam na informalidade.

Trata-se de mais que o dobro do número de empregados no setor público, por exemplo. Na iniciativa privada, os assalariados com e sem carteira assinada somam pouco mais de 44 milhões, naturalmente o maior segmento do mercado.

Com a recessão de 2014-16 e o período posterior de quase estagnação da economia, caiu a participação de celetistas e elevou-se substancialmente o desemprego. Um outro fenômeno, a demandar estudo mais detalhado, é o aumento da escolaridade dos trabalhadores por conta própria.

Conforme noticiou esta Folha, um levantamento feito por Sergio Firpo e Alysson Portella, do Insper, revelou que, nesse grupo, a parcela dos profissionais com nível superior saltou de 9,6%, no início de 2012, para 17,7% neste 2019.

Cresceu também a fatia dos que cursaram o ensino médio, de 26,3% para 35,6% no mesmo período.

Parece intuitiva a hipótese de que boa parte da elitização desse estrato se deva a uma espécie de empreendedorismo forçado: dada a piora da oferta de trabalho assalariado, mais pessoas escolarizadas trataram de criar seu próprio negócio ?"ou tiveram de migrar para algum ofício com menor exigência de qualificação.

Infelizmente ainda não há como quantificar esses casos e os de profissionais que em qualquer cenário optariam por não ter um patrão e assumirem sozinhos os riscos e os ganhos de sua atividade.

Certo é que o Brasil precisa proporcionar a todos um ambiente mais favorável à livre iniciativa. A despeito de relevantes progressos recentes, o país ainda ocupa a 109ª colocação, entre 190, no ranking do Banco Mundial que avalia a facilidade para empreender.

Há uma medida provisória em tramitação no Congresso que busca, entre outros objetivos corretos, reduzir a burocracia para a abertura de empresas. A agenda se mostra crucial, mas o uso de MP, que expira se não for votada em quatro meses, põe em risco a análise aprofundada que a proposta merece.
Herculano
24/06/2019 15:33
OS PLANOS DO MDB E DO PODER DE PLANTÃO EM GASPAR DE ESTICAR O MANDATO DE KLEBER POR MAIS DOIS ANOS SEM ENFRENTAR AS ELEIÇõES DO ANO QUE VEM, ESTÃO MAIS DISTANTES

Perde fôlego PEC de Peninha que prorroga mandato de prefeitos para unificar eleições, escreve Upiara Boschi, no Diário Catarinense, da NSC Florianópolis

Vai ficando mais difícil de sair do papel a proposta de emenda constitucional do deputado federal Rogério Peninha (MDB) que prevê a unificação das eleições para para todos os cargos em 2022 - prorrogando até lá os mandatos dos atuais prefeitos e vereadores.
Na semana passada, a Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania da Câmara dos Deputados não aprovou a inclusão do tema na pauta. Eram necessários 34 votos e a votação ficou em 26 a 14 a favor da proposta.

A PEC precisaria ser votada até o final de setembro para ter feito sobre a eleição do ano que vem e ainda tem um longo caminho. Passando pela CCJC, teria ainda que ser analisada por uma comissão especial, ser aprovada na Câmara e no Senado. A favor da proposta, estão os atuais prefeitos e os partidos que temem perder espaço ano que vem. Contra, legendas que ganharam força em 2018, como o PSL, e o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM). Além, é claro, de todos os deputados federais que querem concorrer a prefeito ano que vem.
Herculano
24/06/2019 13:10
ERRAR E SEGUIR ERRANDO, por Ascânio Seleme,no jornal O Globo

Bolsonaro admitiu que que estava errada a divisão de tarefas que fez no Palácio

Todo mundo sabe que o presidente da República tem enorme dificuldade para se expressar com clareza. Por vezes ele diz uma coisa pensando estar afirmando outra. Jair Bolsonaro tem mais problemas quando tenta exprimir uma sentença longa. Eventualmente ele emprega palavras fora do seu contexto e comete erros vernaculares. Além disso, tem dicção ruim e vícios de linguagem que tornam os finais das suas falas repetitivos. Seu desconforto oral é ainda mais evidente quando ele não domina o assunto. Mas sexta-feira passada ele passou por cima de todas essas questões para dizer que errou na condução da articulação política do governo.

Ao explicar por que retirou do ministro Onyx Lorenzoni a condução da pauta política, Bolsonaro disse: "Depois que a gente faz as coisas, a gente plota que podia ter feito melhor ou não ter cometido aquele erro". O presidente admitiu que estava errada a divisão de tarefas que fez no Palácio, e que voltar ao modelo do governo de Michel Temer era a melhor alternativa. Faz sentido, em parte. O modelo do governo anterior, ao qual Bolsonaro disse estar retornando, era de negociação permanente com o Congresso das pautas de interesse do governo.

Bolsonaro tem ainda mais obrigação com sua pauta do que Temer. O ex-presidente não tinha programa próprio, foi eleito vice sob uma agenda petista. Seu projeto, quando assumiu a Presidência, foi baseado no documento Ponte para o Futuro, com o qual tentara antes salvar o mandato da sua antecessora Dilma Rousseff. Bolsonaro, ao contrário, tem um programa de governo. Com ele foi eleito e por ele foi incumbido de governar o país. Não batalhar pelo seu êxito pode parecer traição aos olhos de quem o colocou no Palácio.

A prática até aqui adotada, de entregar tudo ao Congresso e deixar que deputados e senadores se entendam e resolvam como achar melhor, pode parecer democrática porque valoriza o Poder Legislativo. Mas não é. Ela é resultado de uma mistura de preguiça com medo. Preguiça, porque negociar exige muito trabalho e noites mal dormidas. Medo, porque uma derrota do governo pode soar ?" e, de verdade, soa ?" como derrota do presidente. A desculpa de não negociar para não trocar cargos por votos é esfarrapada. Por quê? Porque ninguém governa sozinho. E porque existem muitos quadros excelentes no Legislativo que podem governar muito bem. Caso do ex-deputado Rogério Marinho, por exemplo.

Nesse aspecto, Bolsonaro fez muito bem ao reconhecer que errou e que vai adotar o modelo do governo anterior. Mas, como toda ação política tem pelo menos dois lados, cabe ressaltar que a escolha do novo interlocutor com o Congresso parece inteiramente equivocada. Um governo com tantos propósitos polêmicos como o de Bolsonaro deveria ancorar-se em um nome forte e de prestígio junto aos parlamentares para tentar tocar sua pauta. Se Onyx, ex-parlamentar de quatro legislaturas, não era adequado para a função, o que dizer do general da ativa Luiz Eduardo Ramos, novo ministro da Secretaria de Governo?

Por favor, não vale alegar que o general tem experiência porque foi chefe da Assessoria Parlamentar do Exército no Congresso. Quem conhece a atividade dos assessores parlamentares de ministérios, estados e de outras instituições no Congresso sabe que dois anos na função não servem para nada. O fato de Ramos ser amigo de Bolsonaro ajuda mais do que sua experiência congressual. Claro, se Ramos chegou ao posto de general de Exército, última etapa da carreira militar, é um homem preparado, experiente e articulado. Mas isso não lhe confere capacidade para articular e negociar sob pressão permanente. Sabe-se por experiência histórica que fazer política não é o forte de generais.

Quem sentou com Telmário
O senador Telmário Mota (PROS-RR) estava empolgado na sessão da Comissão de Constituição e Justiça do Senado que ouviu o ministro Sergio Moro, na quarta-feira. A certa altura deixou parte do plenário com a pulga atrás da orelha. Ele disse que a Casa tinha que olhar para dentro antes de acusar outros. Foi aí que ele acrescentou a fagulha da curiosidade: "Ontem mesmo, na votação do decreto das armas, eu estava sentado ao lado do senador mais ladrão deste país".

Hein?
Chamou atenção na sessão do Moro na CCJ a cara de brabo do senador Paulo Rocha (PT-PA). Brabo e confuso. O senador trocou e engoliu palavras, leu trechos de um texto sem conseguir interpretar o seu sentido, por vezes iniciou e não concluiu um pensamento. Chegou a reclamar por ter sido absolvido pelo STF de crime a ele imputado. Talvez por isso mantenha aquele semblante sempre carrancudo. Para intimidar e impedir que alguém vire-se para ele e diga "hein?".

Outros Tempos
O ex-senador Antônio Carlos Magalhães, que dominou a Bahia e foi importante figura da política nacional durante mais de duas décadas, chamava seu interlocutor para tomar um banho de mar sempre que queria falar alguma coisa mais sensível. O ex-ministro Pedro Malan, chefe da Fazenda durante os dois mandatos do presidente Fernando Henrique Cardoso, convidava a pessoa para caminhar no calçadão de Ipanema e Leblon. Naquela época não havia Telegram, mas tinha e-mail.

Show de Besteiras
O general Santos Cruz, ex-ministro da Secretaria de Governo, disse à revista Época que o governo é um "show de besteiras". É, parece que Santos Cruz descobriu a pólvora.

Febeapá
O deputado Otto Alencar (BA), líder do PSB, reagiu indignado à declaração do presidente Bolsonaro de armar a população para eventualmente depor governos. Aos jornalistas disse ser absolutamente contra a ideia e bradou peremptoriamente: "Só quem pode dar golpe é o Exército!". Viva Stanislaw Ponte Preta.

Bola dentro
Para não dizer que o presidente Bolsonaro não merece eventuais elogios, aqui vai um. Muito boa a medida provisória que facilita a venda de bens do tráfico. Era mesmo uma piada o formato em vigor antes da MP. Qualquer advogado de porta de cadeia podia suspender a venda de aviões, helicópteros, carros, casas, fazendas e outros bens dos traficantes com a alegação de que a propriedade é um direito fundamental. Depois, era só antecipar a soltura do bandido (que também não é nenhum bicho de sete cabeças no Brasil) para ele voltar a usufruir livremente do resultado do seu crime.

Vamos falar de Minc
Leitor escreveu reclamando que jornalistas não dedicam ao deputado estadual Carlos Minc (PSB) a mesma atenção dada a Flávio Bolsonaro no caso da rachadinha dos salários dos seus funcionários. É verdade, ambos foram apanhados com a mão na botija e tiveram sigilos quebrados, mas Minc não é filho do presidente e seu chefe de gabinete não desapareceu.

Melhores universidades
São brasileiras seis das dez melhores universidades da América Latina, segundo ranking da Times Higher Education (THE). Se consideradas apenas as 20 melhores, 13 são do Brasil. O Rio coloca duas entre as 20 mais bem pontuadas. A PUC ficou em quarto lugar, com 85,5 pontos, e a UFRJ chegou em 13º, com 77,5 pontos. A melhor brasileira é a USP, segunda colocada com 88 pontos.
Boa notícia

Um tanque de ideias está sendo criado pela faculdade ESPM para pensar o Rio. O "Think Rio" será um fórum permanentemente aberto aos cariocas, que são convidados a buscar saídas para a crise da cidade e do estado na inovação, no empreendedorismo, na educação e na economia criativa. Sorte nossa que há cidadãos e instituições privadas buscando soluções para o Rio, já que pela via oficial não se pode esperar muita coisa mesmo.
Aplausos para o inspirador

José Márcio Camargo foi eleito pela publicação Latin Trade como um dos 25 economistas que mudaram a cara da América Latina no último quarto de século. Seu reconhecimento se deu por ter sido ele um dos principais inspiradores de programas de transferência de renda como o Bolsa Família, o Progresa, do México, e o Familias en Acción, da Colômbia. Estudos de José Márcio mostraram que meninos de famílias pobres que trabalham contribuem com até 30% da renda per capita da família. Para levá-lo à escola, era necessário competir com o mercado de trabalho, dando para sua família em forma de bolsa a renda que ele gerava.
Herculano
24/06/2019 13:07
IDENTIDADE VS. INDETERMINAÇÃO NA REDE, por Ronaldo Lemos, advogado, diretor do Instituto de Tecnologia e Sociedade do Rio de Janeiro, no jornal Folha de S. Paulo

Quem acha que a internet já provocou mudanças demais ainda não viu nada

Uma das questões mais difíceis para a internet hoje é o tema da identidade. Dá para dizer que há uma verdadeira corrida para ver quem vai ser capaz de certificar a identidade de usuários digitalmente, com validade na rede e fora dela.

A razão para isso é que a arquitetura da internet não foi feita para identificar pessoas. A rede é capaz de identificar máquinas que se conectam a ela. Mas não tem como autenticar as pessoas que estão usando essas máquinas.

Isso aumenta a atenção sobre o anúncio, na semana passada, do lançamento do projeto Libra por parte do Facebook.

Um dos componentes do projeto é justamente a criação de um mecanismo de identificação dos usuários. O que faz sentido.

Quando se faz uma transferência financeira pela internet, é importante saber que quem de fato está do outro lado para receber os recursos.

Para além do Libra, há diversas iniciativas trabalhando com a construção de modelos de certificação de identidade online.

Um exemplo é a Fundação Sovereign, que criou um modelo baseado em blockchain capaz de certificar identidades de forma aberta, dinâmica e independente de documentos estatais.

O modelo empregado é o que se chama de "identidade autossoberana", em referência ao seu caráter descentralizado.

Nesse modelo, os atributos de uma pessoa (como diplomas, fluência em línguas, nacionalidade, idade e outros) são confirmados de forma aberta por qualquer indivíduo, sem a necessidade de uma autoridade central.

Dá até para dizer que está começando a surgir uma dicotomia global entre serviços da internet em que os usuários são identificados e os que os usuários são indeterminados.

Na primeira categoria estão aqueles que aplicam algum grau de certificação de identidade. Na segunda estão aqueles que se satisfazem com uma autodeclaração do usuário, ou procedimentos mais simples como um endereço de email, ou, quando muito, um número de telefone.

Hoje, cada vez mais serviços caminham para implementar formas de identificação. Na Ásia, os serviços mais novos de livestreaming na China, na Coreia do Sul e no Japão exigem identificação mais elevada do usuário.

Para assistir a conteúdos, a identificação continua sendo simples. No entanto, para transmitir pela plataforma, várias regras se aplicam. É preciso vincular a conta a um número de telefone e até a uma identidade governamental. É preciso usar a plataforma por ao menos uma hora diária por sete dias. É preciso ter ao menos sete seguidores reais.

E, na dúvida, a plataforma pode pedir que uma outra pessoa "real", já certificada, avalize o novo usuário, afirmando que ele é real (e se responsabilizando por essa afirmação).

Essas medidas dificultam, por exemplo, o uso de robôs e contas automatizadas. Mais do que isso, na medida em que a internet vai se transformando cada vez mais em uma rede em que trafegam transações financeiras e outras funções críticas, passa a ser importante reforçar a camada de autenticação dos usuários.

As repercussões dessa mudança não são triviais. Produzem impacto sobre governo, comércio, a própria ordem internacional e o potencial de desencadeamento de novas forças disruptivas.

Quem acha que a internet já provocou mudanças demais ainda não viu nada.

READER

Já era
Dormir desconectado

Já é
Medir a qualidade do sono com aparelhos vestíveis

Já vem
Publicar a qualidade do sono e competir mundialmente por quem dorme melhor
Herculano
24/06/2019 13:03
EMPREGOS, EMPREGOS, EMPREGOS...

Sem criar os milhões de empregos roubados pelo PT,a esquerda do atraso (PCdoB, PDT, PSB...) e seus sócios do Centrão (PP, PSD, PTB, PR...) comprados com a grossa corrupção de bilhões de Reais dos nossos pesados impostos, não haverá governo Bolsonaro que resista,Maia e David que enganem o povo por muito tempo sem produzir as reformas p virar esse quadro de sesesperanças
Herculano
24/06/2019 12:58
LIMPO

De Diogo Mainardi, da revista eletrônica Crusoé, no twitter:

O melhor nome para a PGR é Deltan Dallagnol. Os criminosos roubaram todas as mensagens de seu celular e não conseguiram encontrar nada contra ele
Herculano
24/06/2019 12:55
OS ANCESTRAIS DA LAVA-JATO, por Fernando Gabeira, no jornal O Globo

Vale a pena discutir a tese de Luiz Werneck Vianna, que compara operação ao tenentismo nos anos 20

Por ter sempre defendido a Operação Lava-Jato, sofri algumas críticas por não tê-la condenado agora, com o material divulgado pelo Intercept.

Na verdade, escrevi dois artigos sobre o tema. Provavelmente, não os acham adequados aos tempos de julgamento rápido e linchamento em série que a atmosfera da rede propicia. Há algumas razões para isso. Uma de ordem pessoal: o trabalho ?" às vezes imerso na Mata Atlântica e em outros biomas ?" não me permite olhar o telefone de cinco em cinco minutos.

Há também uma razão de ordem prática: o próprio Glenn Greenwald, o jornalista que apresenta as denúncias, anunciou que tem um grande material sobre o tema e que vai divulgá-lo até o fim. Possivelmente, dada a dimensão, talvez compartilhe a análise com outras empresas de comunicação.

Portanto, Greenwald anuncia um jogo longo. Estamos apenas na primeira parada técnica. No final da partida, voltamos a conversar.

No momento, não me importo que me julguem rapidamente, pois esse é o espírito do tempo. Nem que me culpem por apoiar a Lava-Jato. De um modo geral, as pessoas que o fazem são as mesmas que culpo por omitirem os erros da esquerda, sobretudo a colossal roubalheira que tomou conta do país nos últimos anos. Portanto, jogo jogado.

No entanto, vale a pena discutir, por exemplo, a tese do cientista político Luiz Werneck Vianna, que compara o papel da Lava-Jato ao do tenentismo nos anos 20. Na época em que ele lançou essa ideia, por coincidência, eu estava lendo o livro de Pedro Doria sobre o tenentismo. Concorde-se ou não com as teses de Werneck, ele lança um tema que merece ser discutido e estudado porque nos remete a alcance histórico mais longo que a sucessão diária no Twitter.

Werneck tem uma visão crítica da Lava-Jato. Considera que o objetivo dos procuradores é mais corporativo e que se esforçam para concentrar poder e, possivelmente, benefícios.

Mas se examinamos o momento mais tenso do tenentismo, a Revolta dos 18 do Forte, veremos que também eles costumam ser classificados de corporativistas. Em tese, estariam reagindo às criticas oficiais que maculavam a honra dos militares.

O tenentismo repercute por toda a década de 20 em espasmos distintos, inclusive a Coluna Prestes. Muitos dos integrantes do movimento são nome de rua em várias cidades do país.

O tenentismo lutava contra um poder concentrado na oligarquia de Minas e São Paulo, a chamada aliança café com leite. A Lava-Jato já encontra tantos anos depois um sistema mais bem distribuído nacionalmente e atinge quase todos os partidos.

Quando a candidatura de Nilo Peçanha enfrenta a oligarquia, existe uma tentativa de conquista da opinião da classe média para as teses do que se chamava Reação Republicana.

Aqui de novo uma grande diferença. A inspiração da Lava-Jato foi a Operação Mãos Limpas, na Itália. Nela estava contida também a necessidade de convencer a opinião pública.

Os meios de hoje são mais potentes, e a própria opinião pública, mais articulada e desenvolvida. Os tenentes estavam dispostos à ação armada, ainda que em condições dramaticamente desfavoráveis.

A Lava-Jato optou pelo caminho legal. O que realizava na prática era passível de confirmação ou veto pelas instâncias superiores. Havia nela o mesmo fervor dos tenentes que esperavam com ação consertar o Brasil.

Dentro do quadro jurídico, ela sobreviveu até agora. Os julgamentos de seus atos foram públicos.

No momento, sofre um ataque especial. Dificilmente um movimento histórico dessa dimensão não se desgasta com a divulgação de conversas íntimas que se acham protegidas da divulgação.

Lendo o livro sobre o gênio político de Abraham Lincoln, a sensação é de que, se algumas conversas fossem vazadas como hoje, também seriam incômodas. Para abolir a escravatura, foi preciso um toma lá dá com parlamentares, ainda que em número pequeno.

Isso não justifica nada. Apenas reforça a tese de que um julgamento depende de dados, de um contexto e, sobretudo, de verificação de sua autenticidade.

Por que tanta pressa, se garantem que é devastador o material contra a Lava-Jato?
Herculano
24/06/2019 12:17
STF ADIARÁ JULGAMENTO DE SUSPEIÇÃO DE MORO NO CASO DE LULA, por Mônica Bérgamo, no jornal Folha de S. Paulo

Defesa do petista pede anulação do julgamento alegando que Moro foi parcial

O julgamento da suspeição de Sergio Moro no caso do tríplex de Lula será adiado pelo STF (Supremo Tribunal Federal).

A análise do habeas corpus em que a defesa do petista pede a anulação do julgamento alegando que Moro foi parcial estava marcada para a terça (25).

A presidente da Segunda Turma do STF, Cármen Lúcia, colocou o caso, no entanto, no último lugar da fila. Antes dele, 11 processos teriam que ser apreciados.

O ministro Gilmar Mendes concluiu que não haverá tempo de debater o caso de Moro. Só o voto dele tem mais de 40 páginas.

Mendes decidiu, então, indicar o adiamento da discussão. O caso deverá voltar à pauta no segundo semestre.

O pedido dos advogados de Lula foi apresentado antes do escândalo das mensagens revelado pelo site The Intercept Brasil.

Nelas, Moro aparece dando pistas, indicando testemunhas, antecipando decisões, acusando a defesa do petista de fazer "showzinho" e discutindo protestos sociais com os procuradores da Lava Jato.

O escândalo reforçou a argumentação dos que o acusam de ter sido um juiz parcial e ligado à acusação. A defesa de Lula apresentou novos memoriais ao Supremo relatando oficialmente os fatos.

Moro tem dito que as conversas são comuns e naturais e que não há nelas nenhuma ilegalidade nem demonstração de que ele teria sido parcial ao julgar Lula.

Dois ministros da Segunda Turma já votaram no caso: Cármen Lúcia e Edson Fachin. Eles concluíram que Moro não pode ser considerado suspeito de nada.

Faltam os votos de Gilmar Mendes, Ricardo Lewandowski e Celso de Mello.
Herculano
24/06/2019 12:13
CONFISSÃO DE PROPINA PODE FAZER A INFRAMÉRICA PERDER O AEROPORTO DE BRASÍLIA, por Cláudio Humberto, na coluna que publicou nesta segunda-feira nos jornais brasileiros

Ex-chefe da Engevix e ex-CEO da Inframerica, José Antunes Sobrinho admitiu em delação à Polícia Federal, em 2018, haver pago propina de R$1 milhão ao Coronel Lima, amigo do ex-presidente Michel Temer, para obter a concessão do Aeroporto de Brasília. Isso pode anular o contrato de concessão do aeroporto, segundo a Lei Anticorrupção e o contrato da Inframerica com a União e agência reguladora Anac, que determina sua "caducidade" em caso de envolvimento com corrupção.

ANULAÇÃO PREVISTA

O artigo 13.17.3 (Seção III) do contrato entre Inframerica e União prevê sua "caducidade" (a perda do valor) em casos de fraude ou corrupção.

NOME SUJO NÃO PODE

A Lei Anticorrupção (12.846/13) prevê multas e proíbe empresas enroladas em corrupção de contratar com o Poder Público.

LEI ANTICORRUPÇÃO

O artigo 5°da Lei Anticorrupção prevê a punição no caso de "vantagem indevida a agente público", como confessou o ex-CEO da Inframerica.

EMPRESA NÃO COMENTA

A Inframérica informou desconhecer o teor da delação e diz que não vai comentar. Mas garante observar todas as regras internas e as leis.

PESQUISA: PARA 58%, LULA DEVE PERMANECER PRESO

Levantamento exclusivo do instituto Paraná Pesquisa para o site Diário do Poder e esta coluna mostra que 58% dos brasileiros defendem a permanência do presidiário petista onde está, na prisão da Polícia Federal, em Curitiba, enquanto 36% (menos que o eleitorado do PT no País) acham que o ex-presidente deveria ser beneficiado com a prisão domiciliar. No Nordeste, já são mais da metade (50,5%) os que o querem manter preso. No total, 6% não responderam ou não sabem.

MAIORIA ABSOLUTA

Entre os brasileiros com ensino superior completo, aumenta para 69,4% o percentual dos que acham que Lula deve ficar preso.

POR IDADE

Entre os jovens de 16 a 24 anos é maior a dúvida: 49,4% acham que Lula deve ficar preso. Entre aqueles com mais de 60 anos são 61,4%.

DADOS DA PESQUISA

O Paraná Pesquisa entrevistou 2.264 brasileiros com mais de 16 anos, dos 26 estados e Distrito Federal, entre 17 e 21 de junho.

MAIORIA MUITO SóLIDA

O presidente da comissão especial da reforma da Previdência, deputado Marcelo Ramos (PL-AM), espera que o relatório seja votado até quinta (27). Para ele, o governo tem "maioria muito sólida".

CURIOSO, ISSO FOI

No Senado, Sergio Moro foi meio ciceroneado pelo líder do governo, Fernando Bezerra (MDB-PE), que responde a cinco casos de suspeita de corrupção. Um deles inclusive estava nas mãos do ex-magistrado.

SEGREDO ABSOLUTO

O Procon deu 24h para a Gol informar nomes, destinos e até telefone de quem comprou passagens promocionais a R$3,90. Está certo. Mas deveria ter a mesma curiosidade com ganhadores da Mega-Sena.

NADA COMO DEMOCRACIA

Glenn Greenwald tem sorte. Se o presidente fosse Lula, que tanto o encanta, seria tratado como o jornalista Larry Rohter, que o presidiário mandou expulsar por não gostar de matéria dele no New York Times.

VOLTA AO CRESCIMENTO

A prioridade do governo para o semestre é a reforma da Previdência, mas o Ministério da Economia já discute uma pauta para geração de emprego, com foco na infraestrutura e na Reforma Tributária.

POR ENQUANTO, Só FANTASIA

Já se percebeu que, sem autenticidade das supostas mensagens comprovadas, as matérias do site são apenas factoides. Mas para a Fundação Perseu Abramo, do PT, a imprensa "não busca a verdade".

BOM PARA TODOS

O governo encontrou a solução para jornalistas concursados da Empresa Brasil de Comunicação (EBC): aproveitá-los nas assessorias dos ministérios e estatais. Desnecessária, a empresa só dá prejuízo.

FIM DA MACIOTA

O deputado Paulo Ganime (Novo-RJ) atacou a Petrobras. Diz que "não se justifica a existência de monopólio" do gás. A competição poderia gerar 800 mil empregos até 2022 e arrecadação de R$93 bilhões/ano.

PENSANDO BEM...

...as mensagens que "incriminam Sergio Moro" devem estar no famoso tablet que sumiu.
Herculano
24/06/2019 12:07
REFLEXõES NIILISTAS SOBRE POLÍTICA, por Luiz Felipe Pondé, filósofo e ensaísta, no jornal Folha de S. Paulo.

Não há vida sem a podridão da política; o gole amargo desse cálice cabe a todos

Toda política é podre. Convido o leitor a fazer comigo uma reflexão ontológica sobre a política. Reflexão ontológica é um modo de se dizer quando nos colocamos a pensar sobre o ser de alguma coisa. Aqui, no caso, o ser da política. O motor afetivo dessa reflexão é o niilismo. O niilismo é o nome da desesperança no vocabulário filosófico sofisticado.

Calma. Dizer que algo é podre não é a mesma coisa que dizer que esse algo seja desnecessário. Você e eu sabemos muito bem, por exemplo, que, do ponto de vista fisiológico, muitas coisas nos organismos são podres, mas nem por isso menos necessárias. Algumas delas, que primam pela podridão, podem levar o organismo ao colapso generalizado caso não sejam produzidas adequadamente.

Não é à toa que tantos pensadores políticos clássicos, de Platão a Morus, de Rousseau a Marx, tenham desenhado cenários utópicos onde a podridão da política seria excluída porque tornada desnecessária.

Talvez uma das maiores causas de desespero da humanidade (ou de humilhação ou humildade) seja reconhecer a nossa necessidade da política. Mas, essa mesma necessidade imperiosa não a faz menos podre, pelo contrário, a faz mais podre, em muitos casos.

Não é incomum que a maior humilhação dos seres humanos se revele, justamente, quando estes estão sob a tutela de algo podre, mas necessário, algo que os intoxica, mas que se impõe como violência constitutiva da vida comum.

Como no passado, continuamos a ter de escolher entre duas situações desagradáveis. No passado a escolha era entre morrer sob a espada na nação vitoriosa ou se tornar escravo da nação vitoriosa. Hoje, escolhemos entre a podridão da política ou o caos do seu vácuo -que nunca existe porque a política odeia o vácuo.

Infelizmente, a opção Jon Snow (quem não viu a série "Game of Thrones", eu sinto muito), tão sedutora, não está ao alcance da maioria esmagadora da humanidade. Jon Snow, ao final da série, revela-se um herói da utopia estoica (se você não sabe o que é estoicismo, procure no Google): mandar o jogo dos tronos às favas e viver entre selvagens mais confiáveis é praticamente impossível no mundo real.

Nós somos obrigados a depender de políticos mentirosos, incompetentes, somos obrigados a votar neles, a nos iludir com eles, a ter esperança naquilo que, em algum momento, federá.

Outra coisa a ser esclarecida é que nem todo político é em si podre. Muitos entram na política com boas intenções. Acreditam que o sistema pode ser domado. E não se apresse em achar que me refiro à politica brasileira enquanto tal. Somos atrasados inclusive no modo de realizar a podridão da política.

Um dos ganhos de uma política mais competente é feder menos e gerar uma sociedade que dependa um pouco menos desses agentes que geram fedor.

Alguns países têm, seguramente, mecanismos de reciclagem do lixo político para padecer menos com os abcessos infecciosos que a política causa em nossas vidas. E essa natureza maligna da política não se limita unicamente à política partidária nos governos. Sua natureza degenerada afeta universidades, escolas, tribunais, sindicatos, Ministério Público em geral, empresas, ONGs, igrejas, o esporte, enfim, todo lugar em que a violência deve ser organizada.

É justamente a necessidade da organização da violência que pede a ação política. E é precisamente essa ação política que em algum momento exalará o fedor de tudo o que deve apodrecer para que os sucessos políticos e dos políticos se concretizem.

E essa breve reflexão ontológica acerca do ser da política não privilegia direita ou esquerda. Eis um lugar em que não há diferença de fato entre os polos ideológicos.

Ambos são igualmente podres. A democracia não é menos podre do que os regimes totalitários nesse aspecto. A diferença entre os dois é que, na democracia, os esquemas de controle do poder diluem o poder único de cada agente ou instituição. Na democracia, a podridão é, também, democrática. Nesse sentido, na democracia, a podridão fica, de certo modo, empacotada para presente por conta da sua natureza idealizada. Os próprios cidadãos soberanos na democracia são chamados a participar na podridão sistêmica, como parte da realização desta mesma podridão funcional.

Mas a falha inexorável de toda reflexão niilista (Nietzsche bem o sabe) é que ela é, em si mesma, utópica. Nunca viveremos sem a podridão da política. O gole amargo desse cálice cabe a todos nós.

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