Para vencer em 2020, o MDB de Gaspar procura de um vice. Quer, com isso, eliminar a concorrência e está disposto até a governar por apenas dois anos - Jornal Cruzeiro do Vale

Para vencer em 2020, o MDB de Gaspar procura de um vice. Quer, com isso, eliminar a concorrência e está disposto até a governar por apenas dois anos

30/05/2019

Procura-se um vice I

A mini-reforma que enfraqueceu tecnicamente ainda mais o governo de Kleber Edson Wan Dall, MDB, e Luiz Carlos Spengler Filho, PP, como o próprio prefeito explicou ao editor e proprietário do jornal Cruzeiro do Vale, Gilberto Schmitt, foi política. E o objetivo dela é o de reorganizar à aliança para apenas se manter no poder. Este movimento, todavia, está comprometido por dois fatores importantes: o novo humor dos eleitores e bem expresso nas urnas em outubro do ano passado, bem como pela errática estratégia que não conseguiu colar um selo de realizador e inovador no atual governo como a amadora comunicação tentou e até agora não conseguiu.

Procura-se um vice II

A saída do advogado Carlos Roberto Pereira, da Saúde e retornando à secretaria de Fazenda e Gestão Administrativa que ele criou para si na Reforma Administrativa, é também outra ação política. O secretário, que é o presidente do MDB de Gaspar, informalmente se tornará coordenador de campanha de 2020 como ele foi na eleição de 2016.  Como as pesquisas internas conhecidas até aqui não favorecem os que estão no poder de plantão, a tática é a de ampliar o arco de partidos na coligação e impedir que os desgarrados possam complicar a outro projeto e enfraquecer o de Kleber. Ao MDB, PP e PSC, já aderiram o PDT e o PSDB. Outros virão e se distribuirão nas tetas da barrosa. Não é à toa que Kleber e seu grupo torce para o adiamento das eleições municipais do ano que vem.

Procura-se um vice III

Há pelo menos seis conspirações neste plano de trazer mais cobras para a mesma balaia. A primeira é a de torcer para que tudo o que se desenha na teoria acontecer na prática. A segunda, a de que nenhum líder, incomodado pelos conflitos de interesses pessoais e partidários trairá Kleber, pois a lista de possíveis fujões ou de gente que quer voos solos é grande. A terceira é a de Kleber entregar as promessas da campanha passada para não ser cobrado no palanque pelos adversários. A quarta é a de colocar sob controle o humor e a autonomia do eleitor de última hora e cada vez mais surpreendente nas eleições. A quinta, é que este humor poderá estar ligado aos resultados do PSL nos governos catarinense, e principalmente Brasília com à capacidade de Kleber, por conveniência, grudar ou desgrudar desses resultados via a ala evangélica. Até agora não se sabe como o PSL de Gaspar estará neste novo contexto. E a sexta, está na escolha do novo vice. Ele terá duas funções: trazer votos que estão faltando à coligação e a de neutralizar o surgimento de outras coligações.

Procura-se um vice IV

E o vice desejado por Kleber e o presidente do MDB de Gaspar neste momento, é Marcelo Brick, PSD. Nem que seja, para fritá-lo. Mas, qual a vantagem que Marcelo teria se fosse vice de Kleber? Em 2022 Kleber entregaria o posto a Brick. Kleber concorreria a deputado estadual. Se o MDB cumprir, é uma jogada interessante, mas arriscada, pois falta combinar com os russos: 2022 está muito distante. Mostra também como Kleber está fragilizado para só querer mais dois anos de gestão. É bom lembrar que esta manobra estará inserida num mundo antigo, onde nada mudará como não quis o eleitor catarinense quando arriscou e colocou Carlos Moisés da Silva e Jair Messias Bolsonaro no poder. Essa possibilidade mostra como o MDB de Gaspar mesmo sendo poder está dependente de outros para o enfrentamento de outubro do ano que vem. Se esta jogada vingar, Kleber quebra as pernas da oposição na Câmara no último ano de governo. Restará apenas nos órgãos de fiscalização às denúncias relacionadas à improbidade administrativa. E o PP? Sem forças, ficará no novo blocão para usufruir dele.

Procura-se um vice V

Por outro lado, Brick é um dependente de cargos públicos. Está pendurado numa assessoria da presidência da Assembleia do PSD de Júlio Garcia. Ele já se prometeu para o DEM, o PP e até mesmo ao Podemos, de Laércio Schuster que está de malas prontas para sair do PSB. Brick não se decide. Joga e há muito. Anda com as pesquisas debaixo do braço, mas no caso de Gaspar, os supostos números de Brick que podem lhe favorecer, são exatamente para bater o MDB e não para se associar a ele e Kleber. Como aliado vai perder parte dessas intenções. Quanto? Não se sabe ainda. Brick é outro que não sabe ler pesquisas, não entendeu os resultados das urnas em outubro, muito menos o quê leva as pessoas às ruas para dar recados aos donos do poder e da velha política, mesmo aos travestidos de jovens e de renovação.

 

TRAPICHE

Truco. Como Roni Muller ganhou a Chefia de Gabinete de Kleber Edson Wan Dall, MDB? Diante da ameaça do vereador Francisco Solano Anhaia, MDB e líder do governo na Câmara, de deixar o partido.

É que Roni se ensaiava a vereador a partir da tal gerência da Gestão Compartilhada. E a Margem Esquerda é o reduto de ambos.

Anhaia é egresso do PT e de lá saiu, exatamente por sofrer ataque especulativo de candidatos que o PT estimulou na sua base. Roni não será candidato a vereador, mas avisou que quer poderes plenos na Chefia de Gabinete. Hum!

Ricardo Stodieck deixa o parque Vila Germânica, em Blumenau, para quem deu nova saúde financeira, vida ao turismo de lá e até para a região. Fez a Oktoberfest dar lucro, solidificou a Sommerfest e o Magia do Natal, mas principalmente identificou Blumenau como polo cervejeiro. Perdeu Blumenau e ganhou a politicalha com a saída dele.

Para estar em Gaspar o IFSC deve a Ricardo. Quando ele era presidente da ACIB e Samir Buhatem, da ACIG, ambos trabalharam com a então senadora Ideli Salvatti, PT, para que o projeto exclusivo de Blumenau ficasse na divisa e em Gaspar. Uma história que os petistas daqui sempre sonegam.

Na mesma linha, Ricardo com Buhatem, desde o início, defendeu a ponte do Vale. Entendia que ela beneficiava a região e não só Gaspar. 

Impressionante descontrole. Gaspar está sem acesso a verbas de convênios do governo do estado e federal porque não consegue apresentar a certidão de regularidade do INSS.

Samae inundado I. No sábado passado faltou água nos quatro cantos de Gaspar. Não era verão, havia chovido e o novo reservatório, a solução de tudo, estava à disposição e praticamente cheio. E por que aconteceu o desabastecimento? As bombas sucateadas não conseguiam carregar as redes.

Samae inundado II. Isso proporciona problemas em cascatas: as bombas vão se desligando automaticamente. Faltou manutenção, inversores automáticos desligados e só acionados manualmente. Um caos para um final de semana.

Samae inundado III. Pergunta básica: o que adianta os reservatórios cheios se está faltando água na casa do consumidor? E quem toca o Samae? O PP do mais longevo vereador de Gaspar, José Hilário Melato e que emprega o ex-prefeito de Ilhota, Roberto da Silva, o Betinho, como Coordenador Geral de Ligações de Água. Acorda, Gaspar!

Seria mais uma simples eleição de associação de moradores, mas não é. A da Margem Esquerda, em Gaspar, marcada para este domingo, esconde uma briga intestinal dentro do MDB. E tem tudo para parar na Justiça

A advogada Ana Carolini Deschamps nascida no bairro é candidata. E a prefeitura, o MDB e o vereador Francisco Solano Anhaia não a querem lá porque estragam os planos deles de poder e empregos públicos aos seus.

E estão fazendo de tudo para derrotá-la. O MDB não quer gente com voz e conhecimento para cobrar o prefeito Kleber em favor da comunidade. Preferem um pau mandado pelo esquema da prefeitura.

 

Edição: 1903

Comentários

Miro
03/06/2019 10:25
Sempre leio a coluna mais nunca comento
só quero levantar um questionamento: que não é morador da rua pedro simon e adjacentes podia votar? Debora Schneider e Luis Picolly são moradores da Lagoa e votaram. Lido taxista mora no centro e também votou. Até o Ademar, ex funcionário do Chico Anhaia, que mora em Barra Velha há muitos anos apareceu la para votar.
Ah, e a Meri e a sua filha Dara moram onde era a boate e foram la votar também. Essa eleição foi uma piada.
Josi
03/06/2019 10:13
sobre as eleições da associação de moradores ontem, o que eu vi foi um povo vendido que foi votar na chapa 01 em troca de cerveja e carne e carona. Uma vergonha.
Chico Anhaia nem apareceu para votar, estava indo nas casas pedir votos e ligando para o pessoal ir buscar o povo para ir votar.
João
03/06/2019 10:09
Em resposta ao Neni da Margem Esquerda:

Sr. Neni, votei na chapa 02. Recebi a candidata em minha, até então não a conhecia.
Ela me relatou a atual situação da associação de moradores, que esta com pendências e débitos na receita federal desde 2015 quando o candidato da chapa 01 era o presidente da época.
Fui votar e o que vi foi uma cena triste e lamentável: os filhos do daco, o baiaco vice presidente da chapa 01, ronei rebello, e outros fazendo boca de urna e indo buscar as pessoas votarem.
Depois teve até festa bancada pelo Vereador Anhaia na garagem do seu cunhado Hostins para quem fosse votar no Daco.
Morador enganado.
02/06/2019 22:57
A Nenê da margem Esquerda!

Eleição hoje na margem esquerda, não foi nada diferente das outras , sempre foi assim, Chico Anaia usando da inocência de algumas pessoas para obter vantagem pessoal, a eleição de hoje foi toda irregular como sempre foi, um edital de eleição publicado no face Book 3 dias antes das eleições, cadê o tempo para Ásia moradores se organizarem, dentre tantas irregularidades, as chapas foram inscritas somente com a diretoria, elas não tem a inscrição do concelho fiscal, eu sentiria vergonha de comemorar uma eleição Ganha na surdina para vantagem própria, em tempos de cego quem tem um olho é Rei!
Roberto Basei
02/06/2019 15:42
QUEM ME EXPLICA O ACORDO.

O Presidente do Brasil, chefe do Executivo (parece mais uma casa de loucos), que vai de Terra planistas a quem vê Jesus na Goiabeira, reuniu se para um acordo com o Presidente do STF que até agora pouco todos pedia impeachament e o Presidente do Legislativo, aquele conhecido como nhonho.
Agora são todos amigos e SANTOS.
Não existe mais bandido bom, bandido morto ou preso.

Estavam enganados é?
Neni da Margem Esquerda
02/06/2019 13:24
Eleição da Associação de Moradores do Bairro Margem Esquerda- Pedro Simon e adjacências.

Margem Esquerda comemora com o tom de alívio por terem pessoas comprometidas com o avanço do bairro. DA eleição da associação de moradores do bairro Margem Esquerda , rua Pedro Simon e adjacências, provou que Gaspar está no caminho certo. Chapa 1 com Daco Muller vence com 285 votos, com uma ampla diferença para a segunda colocada, que representava Ciro André Quintino, Silvio Cleffi, com 98 votos. O significado desta eleição é a resposta dada aos que se dizem defender os interesses coletivos mas que só pensam neles, Daco mostra sua força e o lado em que ele está, o da comunidade.

Chapa 2 perde, quem perde são aqueles que mereciam a derrota, pelo simples fato de quererem brincar com os moradores.
Miguel José Teixeira
02/06/2019 13:01
Senhores,

Que renovada ocorreu no MDB-SC, hein?

Agora vai: MDB - Movimento Decadente pelo Bolor. . .
Herculano
02/06/2019 09:54
O PIBINHO E O CONFLITO DISTRIBUTIVO, por Samuel Pessoa, economista, pesquisador do Instituto Brasileiro de Economia (FGV), no jornal Folha de S. Paulo

Não há pirotecnia; só o ajuste fiscal estrutural abre o caminho para renda e emprego

A economia brasileira recuou 0,2% no primeiro trimestre, em comparação ao quarto trimestre do ano passado.

O péssimo desempenho da economia faz com que vozes se levantem em defesa de medidas de estímulo à demanda agregada.

Considero que não há espaço para política fiscal e parafiscal (crédito de bancos públicos, basicamente) ativas. A inexistência de consenso com relação à solução do conflito distributivo, conosco há muito tempo, impede que o investimento se recupere. Somente com consumo não há espaço para a retomada da economia. Vamos à narrativa.

Vivemos um conflito distributivo desde novembro de 2005, quando a então ministra da Casa Civil disse que "gasto público é vida" e o presidente Lula desistiu do ajuste fiscal estrutural.

Em 2014, o conflito distributivo explicitou-se: o gasto público passou a ser estruturalmente superior à receita.

Em 2015 e 2016, a presidente Dilma não teve apoio do Congresso Nacional para arrumar as contas públicas.

Michel Temer, após o fatídico evento de 17 de maio de 2017 - a divulgação da conversa do presidente com o empresário Joesley Batista em condições muito pouco republicanas -, também perdeu a capacidade de aprovar no Congresso as medidas necessárias para ajustar as contas públicas.

Em 2004, o Congresso não aceitou elevar a tributação sobre os fornecedores de serviços por meio de empresas que operam no regime de lucro presumido. Rejeitou a medida provisória 232, que Palocci enviara. Em 2009, o Congresso não renovou a CPMF. O Congresso dá claros sinais de que não pretende elevar a carga tributária.

O Congresso também dá claros sinais de que não pretende reduzir o gasto público.

Após cinco anos e meio com déficits fiscais seguidos e com a dívida pública em trajetória explosiva, o Congresso Nacional se recusa a arrumar a política fiscal. A reforma da Previdência não anda. Novos impostos não são criados. Enquanto essa questão básica não for atendida, o investimento não voltará.

É possível afirmar que, nos anos 1980, a economia crescia mesmo com inflação. Além de ser um crescimento de péssima qualidade, e muito regressivo do ponto de vista da distribuição de renda, havia um "contrato social": vigorava a lei do mais forte em se proteger da inflação.

É possível que retornemos a esse contrato social perverso. É possível crescer algum tempo com inflação. Não me parece que hoje teria fôlego longo. A Argentina dos Kirchners cresceu algum tempo com inflação crescente. Em uma década, o fôlego acabou.

De qualquer forma, esse ainda não é o nosso contrato. Hoje não sabemos qual será a solução do conflito distributivo: será resolvido com mais impostos, com menos gastos ou com inflação? Enquanto essa dúvida essencial não for resolvida, o investimento não retornará.

Aumento do gasto público ou algum aumento do gasto parafiscal somente agravam o problema: geram um pequeno alívio na demanda com deterioração permanente na dívida pública e, portanto, com aumento dos prêmios de riscos.

É possível que haja espaço para baixar os juros. Estamos no meio de um choque cambial e de um choque de preços de alimentos. Se houver devolução desses choques, haverá espaço para queda adicional da taxa Selic no segundo semestre. A normal operação do regime de metas de inflação produzirá essa queda.

Assim, não há como nos desviarmos do tema básico. Não há pirotecnia. Somente o ajuste fiscal estrutural abre o caminho para a volta de algum crescimento e geração de renda e emprego.
Herculano
02/06/2019 09:44
O STF NÃO PODE CRIAR LEIS, editorial do jornal O Estado de S. Paulo

Não é papel do Supremo legislar e, menos ainda, legislar em matéria penal.

Cabe ao Supremo Tribunal Federal (STF) avaliar a chamada inconstitucionalidade por omissão. Em determinadas situações, a inexistência, por exemplo, de um ato legislativo pode representar a violação de uma norma constitucional. Nesses casos, o Supremo, como guardião da Carta Magna, tem o dever de notificar o Poder competente para que corrija a omissão.

"Declarada a inconstitucionalidade por omissão de medida para tornar efetiva norma constitucional, será dada ciência ao Poder competente para a adoção das providências necessárias e, em se tratando de órgão administrativo, para fazê-lo em trinta dias", diz o art. 103, § 2.º da Carta Magna.

Atualmente, o plenário do STF julga dois processos nos quais se discute se existe ou não omissão do Congresso Nacional por não ter editado até agora lei que criminalize atos de homofobia e de transfobia. Na quinta-feira, 23/5, formou-se maioria favorável ao reconhecimento da omissão legislativa. O julgamento deverá ser retomado no dia 5 de junho.

Os seis ministros que votaram até agora foram, no entanto, muito além da atribuição constitucional do STF, que é dar ciência ao Poder competente para a adoção das providências necessárias. Seguindo o relator, ministro Celso de Mello, todos os votos foram no sentido de enquadrar os atos de homofobia e de transfobia nos tipos penais previstos para os crimes de racismo, até que o Congresso Nacional aprove lei específica sobre a matéria. Isso significa que o Poder Judiciário está assumindo o papel de legislador em matéria penal, o que extrapola suas competências constitucionais.

É incontestável que os atos de homofobia e de transfobia são agressões diretas à dignidade da pessoa humana. O Estado, e muito especialmente o Poder Legislativo, não deveria fechar os olhos a tais ações de ódio e violência. No entanto, não é papel do Supremo legislar e, menos ainda, legislar em matéria penal.

A Constituição estabelece, em seu art. 5.º, que "não há crime sem lei anterior que o defina". No entanto, de acordo com os seis ministros, deverá haver no País um crime que foi definido não por uma lei, mas por decisão judicial. Tal extravagância fere as garantias e liberdades constitucionais, bem como o princípio da separação dos Poderes, pilar do Estado Democrático de Direito.

O ímpeto legislativo de alguns ministros do STF ficou ainda mais evidente por uma questão levantada na sessão do dia 23 de maio. O Senado comunicou ao Supremo que a Comissão de Constituição e Justiça havia aprovado no dia anterior, em caráter terminativo, um projeto de lei que inclui os crimes de discriminação e de preconceito contra orientação sexual ou identidade de gênero na Lei 7.716/1989, que trata dos crimes de racismo.

O ministro Marco Aurélio, cujo entendimento foi acompanhado pelo ministro Dias Toffoli, sugeriu suspender o julgamento dos dois processos relativos à homofobia, para aguardar o pronunciamento final do Legislativo. Se o Senado aprovou em caráter terminativo um projeto de lei sobre o tema, não se pode dizer que o Congresso seja omisso. Menos ainda caberia ao STF, num contexto tão evidente de atividade legislativa no sentido de criminalizar os atos de homofobia, editar uma lei sobre a mesma matéria, como se quisesse não apenas preencher omissão - o que já estaria fora de suas competências -, mas se adiantar ao Congresso. A maioria dos ministros votou, no entanto, pela continuidade do julgamento das ações.

É dever do Poder Legislativo estar atento à realidade social, numa constante avaliação da legislação vigente, também para que a Constituição não fique desprotegida. Nessa tarefa, o STF tem o importante papel de alertar o Congresso sobre eventuais omissões. Mas mesmo nos casos em que se constate uma inércia abusiva do Legislativo, isso não é motivo para o Supremo criar novos crimes por analogia. A omissão de um não dá direito ao abuso de outro.
Herculano
02/06/2019 09:38
O FANTASMA DA FACADA, por Merval Pereira, no jornal O Globo

Bolsonaro e o filho Carlos podem estar sofrendo de Transtorno de Estresse Pós-Traumático

Muitos estão convencidos de que a facada de Adélio Bispo foi a verdadeira razão da vitória de Jair Bolsonaro na eleição presidencial de 2018. Além do impacto emocional no eleitorado, permitiu que ele não se expusesse nos debates.

É uma maneira de menosprezar a liderança intuitiva de um politico populista que estava no lugar certo, na hora certa, para galvanizar o sentimento majoritário dos brasileiros. Mas a facada pode, sim, ter tido um papel fundamental, do ponto de vista psicológico, nas futuras atuações do presidente eleito.

Na entrevista à revista Veja desta semana, Bolsonaro chorou ao relembrar a facada, e está convencido de que por trás de Adelio havia uma grande conspiração.

O presidente contou também que chora durante a noite, angustiado pela situação do país. Naquela mesma semana, havia comparecido ao programa de Danilo Gentili e abriu a camisa para mostrar a enorme cicatriz decorrente do atentado que sofreu.

O fantasma do drama vivido naqueles dias não abandona o presidente nem seus filhos. Carlos, o filho 02, o mais ligado ao pai depois de terem ficado anos sem se falar, é também o mais emotivo. Seu depoimento a Leda Nagle sobre o atentado e os dias subsequentes são reveladores do sentimento que domina a família até hoje.

Lutando para não chorar, ele descreveu o pavor que viveu ao lado do pai. Primeiro, no momento da facada, levando-o para o hospital tentando que não desfalecesse. Depois, conta que viu o coração do pai parar e ser ressuscitado duas vezes. Viu suas vísceras serem retiradas do corpo. E desabafa: "Ainda tem f da p que diz que a facada foi fake".

Bolsonaro e o filho Carlos podem estar sofrendo de Transtorno de Estresse Pós-Traumático (TEPT), que ocorre em pessoas que sofrem situações com risco de morrer, ou presenciam situações em que outros sofrem este risco ou mesmo morrem. A primeira em vez que o tema foi aventado foi no blog do Saboya, nos primeiros meses do governo, quando começaram as crises internas.

Há médicos que descrevem como decorrência do TEPT transtornos de ansiedade, de humor, anorexia nervosa, paranóia, narcisismo. Antonio Egidio Nardi, professor titular do Instituto de Psiquiatrias da UFRJ, diz que o TEPT é "um sofrimento psíquico muito comum em nossa sociedade violenta, e às vezes menosprezado ou desconhecido, o que retarda o tratamento e prejudica muito a qualidade de vida das pessoas que sofrem".

A meu pedido, o professor Nardi falou do transtorno de uma forma técnica, e não do caso especifico de Bolsonaro "que nem conheço e, portanto, nunca examinei". Diz ele que nos Estados Unidos, a taxa ao longo da vida para TEPT é de 8,7%.

Ocorre mais em veteranos de guerra e outras profissões que aumentem o risco de exposição (policiais, bombeiros, socorristas). Nardi diz que muito dos estudos de TEPT são realizados em veteranos de guerra, "mas hoje, com a violência urbana, os quadros clínicos são rotina nos consultórios de psiquiatras e psicólogos".

O TEPT pode ocorrer em qualquer idade após a exposição a episódio concreto ou ameaça de morte, lesão grave ou violência sexual. "A pessoa começa a vivenciar diretamente o evento traumático em situações diversas através de lembranças intrusivas angustiantes, recorrentes e involuntárias do evento traumático, que pode surgir em qualquer hora do dia e trazer grande sofrimento e desespero".

Ele exemplifica que ocorrem pesadelos nos quais o conteúdo e/ou o sentimento estão relacionados ao evento traumático. "O indivíduo começa a evitar situações que lembrem o evento, pessoas, lugares, conversas, atividades, objetos, situações que despertem recordações, pensamentos ou sentimentos angustiantes acerca de ou associados ao evento traumático. A ênfase é nas lembranças recorrentes do evento, as quais normalmente incluem componentes emocionais e físicos".

O professor Antonio Nardi diz que os sintomas mais comuns de revivência são pesadelos que repetem o evento em si. "O tratamento envolve psicoterapia e uso de medicamento. O prognóstico é muito bom"

É bom ressaltar que o transtorno se reflete no campo psíquico, podendo ter efeitos físicos, mas não tem interferência no pensamento cognitivo e ideológico do paciente.
Herculano
02/06/2019 09:37
MUITA FALA, POUCO RUMO, por Eliane Cantanhêde, no jornal O Estado de S. Paulo

Bolsonaro é candidato a ser o presidente mais falante da história

Por óbvio, o Parlamento parla e o Executivo executa. O presidente Jair Bolsonaro subverte essa lógica, ao executar pouco e estar se candidatando a ser o presidente mais falante da história da República, mas a principal questão nem é essa, é se Bolsonaro realmente tem um plano de governo para executar no País.

Até agora, lá se vão cinco meses de governo, o presidente aproveitou a oportunidade de ter os microfones e a caneta de presidente - muito mais poderosa do que a de Rodrigo Maia, como bem lembrou - para transformar em políticas de Estado as velhas crenças e convicções com as quais cresceu, educou seus filhos, bate papo com os amigos e vê o mundo.

Pode ser que haja pesquisas no Planalto, pode ser que não, mas o fato é que Bolsonaro exercita o prazer de sair por aí pensando alto, falando o que bem entende e repetindo a sua tão bem sucedida campanha presidencial, em que era o centro das atrações e dos aplausos e nunca apresentou um plano de governo real. Um homem comum que veio por desígnios de Deus para mudar o País.

É assim que Bolsonaro estimula manifestações a favor de seu governo e contra o Legislativo e o Judiciário, propõe dois dias depois um pacto aos presidentes dos dois outros Poderes e termina a semana acusando o Supremo de "legislar" na questão da homofobia. Ainda aproveita o ensejo - uma convenção religiosa em Goiânia - para defender (ou anunciar?) um ministro evangélico para a Corte.

Se há praticantes católicos, espíritas, muçulmanos, judeus ou umbandistas no Supremo, não se sabe ou não é importante saber, até porque o Estado é laico e o critério religião não cabe na nomeação de ministros, que devem ter alto saber jurídico, independência e respeitabilidade. Se as pessoas acham que um ou outro não tem, é outra história.

O presidente do STF, Dias Toffoli, muito hábil, é desses que está bem com todo mundo e tem boa química com Bolsonaro, a ponto de ser convidado para um café do presidente com a bancada feminina aliada. Um peixe fora d'água. Mas Alexandre de Moraes, Marco Aurélio Mello e Celso de Mello reagiram à altura à fala sobre homofobia e "ministro evangélico".

O PIB recua, o desemprego resiste e a estudantada volta às ruas, mas Bolsonaro atravessou a rua a pé até o plenário da Câmara, mantém os lives de internet sobre temas gerais e já traçou um rango em restaurante de estrada com caminhoneiros, uma das ameaças sobre o governo ?" e sobre a economia. E lá veio mais falação: "Estou comendo o pão que o diabo amassou", lamentou-se o presidente, que estimulou os convivas não apenas a ter armas, como a usá-las.

Ao longo da semana, ele sinalizou que tende a vetar a proibição de cobrança para despachar malas em aviões, reconhecendo que, se vetar, os passageiros não vão gostar; se não vetar, as empresas é que vão reclamar. Ah, se os diabos perseguissem os presidentes por decisões tão simples...

Na mesma fala, um ato falho. Apesar de tentar corrigir, ele admitiu que pesa na sua decisão o fato de a volta da bagagem gratuita ter sido proposta pelo PT. E saiu-se com essa: "Os caras (do PT) são socialistas, comunistas, estatizantes e gostam de pobre. Quanto mais pobre tiver, melhor".

Pena que a área de Humanas esteja em baixa, porque a declaração merece análise sociológica, filosófica, política, psicológica. Primeiro, porque a declaração é pró-PT. Segundo, porque "gostar de pobre" é um dever de governantes e políticos. Terceiro: pobre anda mesmo de avião?

Assim, as manchetes são ocupadas, de um lado, pela economia patinando e o desemprego assolando e, de outro, pelas falas de Bolsonaro sobre suas crenças, seus desabafos e seus "foras". Aparentemente, o presidente gosta de todo o foco nele, não no governo e nas soluções para o País.
Herculano
02/06/2019 09:35
QUEM SABE? por Marcos Lisboa, economista, presidente do Insper, ex-secretário de Política Econômica do Ministério da Fazenda (2003-2005)

Está caindo a ficha sobre a dimensão dos problemas do país

Depois de meses de desalento, as últimas semanas sinalizaram que talvez seja possível organizar uma agenda para tirar o país da crise.

Para começo de conversa, vai caindo a ficha sobre a extensão dos nossos desafios. Uma reforma ousada da Previdência é urgente. Com as regras atuais, não há crescimento econômico factível, ou da carga tributária, que evite o aumento descontrolado da dívida pública e a degradação da infraestrutura por falta de manutenção, com queda de viaduto e queima de museu, em decorrência dos gastos crescentes com aposentadorias.

A reforma da Previdência, porém, apenas estabiliza o paciente. Os gastos com aposentadorias continuarão a crescer, só que a uma menor taxa. Outras medidas fiscais serão necessárias para resgatar a capacidade do governo para cumprir as suas obrigações comezinhas.

A frustração dos que esperavam uma poção mágica para superar os nossos problemas revela a superficialidade de alguns analistas que vendiam ilusão. O poço era mais profundo e o resultado tem sido um ano com muita volatilidade e estagnação da economia.

Superado o desequilíbrio fiscal, há muito mais a ser feito, como melhorar a qualidade dos serviços públicos, especialmente em educação. Para agravar, o ambiente de negócios condena o Brasil a um crescimento potencial medíocre, talvez de 1% ao ano. Podemos ter surtos curtos de recuperação da produção, mas apenas isso.

As restrições ao comércio exterior contribuem para a nossa baixa produtividade. As regras de conteúdo nacional e as barreiras à importação dificultam o acesso do setor produtivo ao que melhor se faz em outros países, como as inovações tecnológicas que aumentam a eficiência dos bens de capital.

A estrutura tributária disfuncional prejudica a produção e a geração de empregos, com suas regras mal definidas, jurisprudência oscilante, frequentes alterações nas normas e uma aparente ansiedade por aumentar a arrecadação.

A insegurança sobre regras do jogo nos setores de infraestrutura desestimula novos investimentos essenciais para viabilizar a retomada do crescimento.

As manifestações recentes revelaram o cansaço do país com a longa crise e induziram ao diálogo entre os Poderes. Cabe, agora, ao Executivo definir uma agenda econômica consistente, sem os ruídos desnecessários causados por declarações precipitadas.

O Congresso demonstra disposição para colaborar com o enfrentamento dos difíceis problemas neste momento em que o dinheiro acabou. O STF parece pacificado, ainda que, por vezes, pareça tomar decisões premido por análises incompletas sobre as suas consequências.

Pode não ser muito, mas é bem melhor do que os conflitos insensatos dos últimos meses.
Herculano
02/06/2019 09:32
AÉREAS E ANAC USAM LOROTA CONTRA MALA GRATUITA

As empresas aéreas fizeram da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) porta-voz de uma nova lorota que não faz o menor sentindo. Sustentam que se a cobrança de bagagem for proibida, empresas aéreas "low cost" (de preços baixos) perderão o interesse no mercado brasileiro. Ao contrário do que se imagina na Anac, "o negócio dessas empresas é transportar pessoas e não bagagens", diz Carlos Vieira, um dos principais agentes de viagem de Brasília, ex-presidente da Abav.

CHEGOU A PRIMEIRA

A Air Europa foi a primeira empresa "low cost" estrangeira autorizada a transportar passageiros em voos domésticos, no Brasil.

TUDO DOMINADO

A dúvida é se a Anac, de notórias ligações com a Gol, Latam e etc, vai dar às estrangeiras acesso para operar nos principais aeroportos.

FICOU MAIS CARO

A Anac prometeu que a cobrança da bagagem reduziria o valor das passagens. Era mentira. Subiu 6%, em média, nas dez principais rotas.

GANÂNCIA MATA

O Tribunal de Contas da União abriu auditoria para verificar por que a cobrança de bagagem não derrubou tarifas. Resposta fácil: ganância.


PETROS: ROMBO LEVA A COBRANÇA ABUSIVA DE CLIENTES

Beneficiário do fundo de pensão dos funcionários da Petrobras (Petros) sofrem descontos de até 40% dos proventos de aposentadoria para cobrir o rombo de R$27,7 bilhões produzido por seguidas gestões irresponsáveis de dirigentes indicados por políticos nos últimos anos. A cobrança abusiva foi alvo de ações na Justiça. O Ministério Público adverte para o risco de comprometer a subsistência das pessoas.

DEDO PETISTA

O déficit bilionário foi acumulado entre 2013 e 2015, no final do governo petista de Dilma Rousseff, gerando desespero em 145 mil beneficiários.

PROVIDÊNCIAS

O Petros diz ter feito investigações internas sobre os ex-dirigentes e que as enviou ao MPF, Previc e Comissão de Valores Mobiliários.

MORRER PAGANDO

Aprovado em 2017, o equacionamento tem pagamento obrigatório para ativos, aposentados e pensionistas em 215 parcelas, cerca de 18 anos.

LENIÊNCIA É UMA MÃE

Ficou em R$2,8 bilhões o valor do acordo de leniência entre CGU/AGU a Braskem, braço químico da Odebrecht. Uma ninharia para o tamanho da ladroagem e sobretudo dos prejuízos ao País. Saiu barato.

PDT NA FRIGIDEIRA

Pressionado por pedetistas sedentos por cargos, o ex-governador de Alagoas, Ronaldo Lessa, atual secretário de Agricultura, está sendo fritado pelo chefe Renan Filho. Avalia pular do barco até o fim de junho.

CARTõES 2019

Os 2.415 portadores de cartões de pagamento do governo federal, os famosos cartões corporativos, gastaram até agora R$ 8,2 milhões. Em 2019. Em 2015, até este momento no ano, a conta era R$25 milhões.

TRAGÉDIA IGNORADA

O prefeito de Maceió, Rui Palmeira, reclama que o governo estadual se mantém alheio ao drama de milhares de moradores de três bairros que afundam, após mineração predatória do seu subsolo pela Braskem.

CABEÇAS DO FUTURO

A eleição de Bruno Araújo como presidente do PSDB marca a entrada no comando do partido dos chamados "cabeças pretas". Tucanos de velha plumagem, os cabeças brancas, nem apareceram na convenção.

FINALMENTE

A CPI de Brumadinho tentará interrogar técnicos e gerentes da Vale para entender o rompimento da barragem que matou cerca de trezentas pessoas. A menos que o STF os autorizem a fechar o bico.

REFORMA EM JULHO

O relator da reforma da Previdência, Samuel Moreira (PSDB-SP) disse que o presidente da Câmara, Rodrigo Maia, pretende colocar a PEC da Previdência em votação já em julho, no plenário.

BRASÍLIA NA OMS

A deputada Mariana Carvalho (PSDB-RO) assumiu relatoria na União Interparlamentar, que reúne 179 países. É a primeira mulher brasileira a assumir uma relatoria na Organização Mundial da Saúde (OMS).

PENSANDO BEM...

... com o passar do tempo, toda cabeça preta se transforma numa cabeça branca.
Herculano
02/06/2019 08:29
O FANTASMA DA FACADA, por Merval Pereira, no jornal O Globo

Bolsonaro e o filho Carlos podem estar sofrendo de Transtorno de Estresse Pós-Traumático

Muitos estão convencidos de que a facada de Adélio Bispo foi a verdadeira razão da vitória de Jair Bolsonaro na eleição presidencial de 2018. Além do impacto emocional no eleitorado, permitiu que ele não se expusesse nos debates.

É uma maneira de menosprezar a liderança intuitiva de um politico populista que estava no lugar certo, na hora certa, para galvanizar o sentimento majoritário dos brasileiros. Mas a facada pode, sim, ter tido um papel fundamental, do ponto de vista psicológico, nas futuras atuações do presidente eleito.

Na entrevista à revista Veja desta semana, Bolsonaro chorou ao relembrar a facada, e está convencido de que por trás de Adelio havia uma grande conspiração.

O presidente contou também que chora durante a noite, angustiado pela situação do país. Naquela mesma semana, havia comparecido ao programa de Danilo Gentili e abriu a camisa para mostrar a enorme cicatriz decorrente do atentado que sofreu.

O fantasma do drama vivido naqueles dias não abandona o presidente nem seus filhos. Carlos, o filho 02, o mais ligado ao pai depois de terem ficado anos sem se falar, é também o mais emotivo. Seu depoimento a Leda Nagle sobre o atentado e os dias subsequentes são reveladores do sentimento que domina a família até hoje.

Lutando para não chorar, ele descreveu o pavor que viveu ao lado do pai. Primeiro, no momento da facada, levando-o para o hospital tentando que não desfalecesse. Depois, conta que viu o coração do pai parar e ser ressuscitado duas vezes. Viu suas vísceras serem retiradas do corpo. E desabafa: "Ainda tem f da p que diz que a facada foi fake".

Bolsonaro e o filho Carlos podem estar sofrendo de Transtorno de Estresse Pós-Traumático (TEPT), que ocorre em pessoas que sofrem situações com risco de morrer, ou presenciam situações em que outros sofrem este risco ou mesmo morrem. A primeira em vez que o tema foi aventado foi no blog do Saboya, nos primeiros meses do governo, quando começaram as crises internas.

Há médicos que descrevem como decorrência do TEPT transtornos de ansiedade, de humor, anorexia nervosa, paranóia, narcisismo. Antonio Egidio Nardi, professor titular do Instituto de Psiquiatrias da UFRJ, diz que o TEPT é "um sofrimento psíquico muito comum em nossa sociedade violenta, e às vezes menosprezado ou desconhecido, o que retarda o tratamento e prejudica muito a qualidade de vida das pessoas que sofrem".

A meu pedido, o professor Nardi falou do transtorno de uma forma técnica, e não do caso especifico de Bolsonaro "que nem conheço e, portanto, nunca examinei". Diz ele que nos Estados Unidos, a taxa ao longo da vida para TEPT é de 8,7%.

Ocorre mais em veteranos de guerra e outras profissões que aumentem o risco de exposição (policiais, bombeiros, socorristas). Nardi diz que muito dos estudos de TEPT são realizados em veteranos de guerra, "mas hoje, com a violência urbana, os quadros clínicos são rotina nos consultórios de psiquiatras e psicólogos".

O TEPT pode ocorrer em qualquer idade após a exposição a episódio concreto ou ameaça de morte, lesão grave ou violência sexual. "A pessoa começa a vivenciar diretamente o evento traumático em situações diversas através de lembranças intrusivas angustiantes, recorrentes e involuntárias do evento traumático, que pode surgir em qualquer hora do dia e trazer grande sofrimento e desespero".

Ele exemplifica que ocorrem pesadelos nos quais o conteúdo e/ou o sentimento estão relacionados ao evento traumático. "O indivíduo começa a evitar situações que lembrem o evento, pessoas, lugares, conversas, atividades, objetos, situações que despertem recordações, pensamentos ou sentimentos angustiantes acerca de ou associados ao evento traumático. A ênfase é nas lembranças recorrentes do evento, as quais normalmente incluem componentes emocionais e físicos".

O professor Antonio Nardi diz que os sintomas mais comuns de revivência são pesadelos que repetem o evento em si. "O tratamento envolve psicoterapia e uso de medicamento. O prognóstico é muito bom"

É bom ressaltar que o transtorno se reflete no campo psíquico, podendo ter efeitos físicos, mas não tem interferência no pensamento cognitivo e ideológico do paciente.
Herculano
02/06/2019 08:27
SURTO DE OBSCURANTISMO QUASE DÁ PREJUÍZO AO GOVERNO, por Bruno Boghossian, no jornal Folha de S. Paulo

Deputados confundem conservadorismo com preconceito até em questões burocráticas

Um surto de obscurantismo quase custou R$ 10 bilhões por ano ao governo. A Câmara gastou quase 30 minutos na última semana batendo boca sobre o uso da palavra "gênero" em cadastros do INSS. Por pouco, a medida provisória de Bolsonaro para rever benefícios previdenciários não foi derrubada.

O texto em discussão no plenário na noite de quarta (29) dizia que registros enviados pelos cartórios deveriam conter nome, CPF, gênero, data e local de nascimento ou morte dos indivíduos. Deputados que confundem conservadorismo com preconceito protestaram. Enxergaram ideologia num trecho burocrático e tentaram tirar o termo da lei.

Os parlamentares queriam trocar "gênero" por "sexo", como se isso fizesse diferença na papelada. A mudança não foi possível, porque a proposta já havia sido aprovada numa comissão. O tumulto se instalou, e os partidos de esquerda atacaram. "Tem gente que quer voltar para a Idade Média, talvez das trevas", disparou Fernanda Melchionna (PSOL).

Deputados alinhados à agenda econômica do governo perceberam que o impasse era perigoso. Kim Kataguiri (DEM) tentou enterrar a questão. "Nós estamos discutindo o sexo dos anjos aqui!", queixou-se.

A bancada evangélica não desistiu. O pitoresco Pastor Sargento Isidório (Avante) -aquele que se ofereceu para uma conversa de doido com doido com Bolsonaro - era o mais impaciente: "Deus criou macho e fêmea, homem e mulher. Gênero é cadeira, é mesa, é sapato...".

O PSOL tentou falar a mesma língua. "Cadeira é do gênero feminino, e não é sexo. Nunca vi cadeira trepando! Isso aqui é uma casa de loucos!", resumiu Edmilson Rodrigues.

No fim, o Planalto pediu que o texto fosse aprovado e disse que apresentaria um projeto para mudá-lo depois. Como se vê, o retrocesso continua na agenda do governo. Na sexta (31), Bolsonaro aproveitou um evento com pastores para criticar o julgamento do STF que deve tornar crime a homofobia. Em partes de Brasília, o atraso ainda está na moda.
Herculano
02/06/2019 08:22
da série: a prova de que o governo de Kleber Edson Wan Dall, MDB, não avança em Gaspar, é ineficiente, nem é capaz de alcançar tecnicamente por projeto, via o Samae, tocado pelo mais longevo dos vereadores, José Hilário Melato, PP, os recursos disponíveis a fundo perdido e a quase dez anos, para a implantação do sistema de coleta e tratamento de esgoto no centro da cidade

SANEAMENTO - CONGRESSO PRECISA ACABAR COM O ATRASO DO SETOR, editorial do jornal O Globo

Um grande obstáculo a melhorias é a ineficiência de empresas estatais, geralmente sob proteção política

A instituição de novas regras para o setor de saneamento produziu no Congresso Nacional um daqueles eventos decisivos na luta política contra o atraso social e econômico.

Numa época em que se debatem os efeitos sociais da inteligência artificial e se planejam viagens interplanetárias, o Brasil ainda mantém 110 milhões de pessoas reféns na miséria, sem direito ao acesso a serviços básicos de coleta de esgoto, e 35 milhões sem dispor de água tratada. Para esses cidadãos, saneamento é, sim, sinônimo de progresso.

A reversão desse drama brasileiro só é viável com a retomada de investimentos no setor. Para tanto, são necessários novos regulamentos, capazes de prover segurança jurídica nos contratos para infraestrutura e prestação de serviços à população.

O governo Michel Temer abriu caminho ao editar, no ano passado, uma Medida Provisória (nº 868). O Congresso a aperfeiçoou, num trabalho diligente e competente do relator, senador Tasso Jereissati (PSDB-CE), que negociou o texto com os partidos. O prazo de validade da MP acaba nesta semana.

Na semana passada, alguns governadores estaduais recuaram em pontos-chave do texto, já acertados, como o que determina a obrigatoriedade de as prefeituras realizarem licitações ao término dos contratos atualmente em vigor.

O que seria uma demanda legítima, passível de discussão, serviu de senha para o recrudescimento das ações do lobby corporativo de entidades de empregados das empresas públicas de saneamento. São contra quaisquer mudanças num setor que, nas condições atuais, representa uma síntese do atraso social, da perversidade da concentração de renda e do reacionarismo político.

Não parece que se importam se, nessa área, o desenvolvimento do Brasil está estagnado em patamar inferior ao de nações muito mais empobrecidas, como a Bolívia, ou afligidas pela catástrofe de uma guerra sem fim, como o Iraque. O interesse predominante está, fundamentalmente, nos privilégios de classe, com resultado expresso num custo operacional das empresas estaduais em média 30% superior ao das empresas privadas de saneamento.

Criado o novo impasse, optou-se por outro adiamento da decisão legislativa sobre as mudanças nas regras setoriais. Assim, a MP do governo Temer perderá validade nesta semana, mas, em tese, servirá de base a um projeto consensual para ser votado na próxima quinzena.

Resta torcer pelo acerto dessa aposta feita pelo presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ).

Não é mais possível conviver com a situação de calamidade social, responsável pela morte de cerca de 15 mil pessoas e 340 mil internações anuais no Sistema Único de Saúde.

A defesa do estatismo, em nome da "soberania popular" ou de um "direito que não pode ser tratado como mercadoria", só atende a conveniências eleitorais e a interesses pecuniários de uma casta de servidores públicos. A tragédia permanece visível na degradação da vida dos mais pobres, sem acesso a água e esgoto tratados. Todos no Congresso sabem que, mantido o modelo atual, a universalização dos serviços de saneamento no Brasil só acontecerá na segunda metade do Século XXI. Por isso, os parlamentares têm a obrigação da urgência nessa luta decisiva contra o atraso.
Herculano
02/06/2019 08:15
BOLSONARO E A DEMOCRACIA, por Marco Antônio Villa, historiados, na revista ISTOÉ

Em vez de demonizar o Congresso e qualquer diálogo político, o presidente deveria batalhar pelos projetos que seu próprio governo defende

A manifestação de 26 de maio não alterou em nada a situação política. Permanece a tensão entre o Palácio do Planalto e o Congresso Nacional. Houve um discreto apoio oficial aos atos, mas sem a participação direta do presidente da República. Se o objetivo era o de emparedar o Congresso, acabou fracassando. As ruas não ficaram tomadas pelo povo, como nas manifestações pelo impeachment de Dilma Rousseff.

A questão central é a governabilidade. Algo que não será resolvido com os apoiadores de Jair Bolsonaro nas ruas. Se nada mudou, então o governo perdeu. Ficou demonstrado que o apoio popular está menor do que estimado. Pode ser que o presidente tenha caído na armadilha das redes sociais. O mundo virtual não é o melhor conselheiro político. E mais: robôs não fazem história.

O Palácio do Planalto padece de um déficit de democracia. As constantes diatribes de Bolsonaro contra o funcionamento do Congresso reforçam o seu desinteresse pela negociação política, essência da democracia. A demonização dos partidos e das principais lideranças políticas do Parlamento compõe o receituário. Nesses cinco meses de presidência, ele não deu nenhum sinal real de que pretende conviver com a independência dos poderes. É provável que até desconheça o funcionamento de cada poder consagrado na Constituição, apesar de ter permanecido 28 anos na Câmara dos Deputados.

O governo não conseguiu apresentar um conjunto de medidas que possam conduzir o País à recuperação econômica. O discurso monocórdio de que tudo passa milagrosamente pela Reforma da Previdência produz uma narrativa de que, a partir da sua aprovação, o Brasil vai entrar numa rota de crescimento econômico em ritmo chinês. Que o capital estrangeiro vai afluir aos bilhões de dólares. É uma falácia. São necessárias diversas ações no campo macroeconômico, devidamente articuladas dentro de um amplo projeto nacional, a fim de criar as condições para que o País saia da crise criada a partir do início do segundo governo Dilma. Isso não vai ocorrer espontaneamente, mas será produto de uma ação governamental responsável.

E ao Presidente da República, o que caberia fazer? Coordenar os esforços para que o Brasil tenha um rumo seguro. Para tanto, necessitaria ter ciência dos principais projetos. Bolsonaro deveria entusiasmar o País. Viajar, inaugurar obras, discursar apresentando as ações governamentais e dialogar com os setores políticos.
Herculano
02/06/2019 08:12
PIBINHO FAZ IMPACIÊNCIA EXPLODIR, por Vinicius Torres Freire, no jornal Folha de S. Paulo

Pequenos e médios empresários escrevem para contar da exaustão e pedir solução já

"Deu!" "Não está funcionando."

O estresse econômico transborda em fadiga de crise ou explosão de desesperança, a gente ouve por aí ou lê na caixa de mensagens. É a estafa de quem ao menos teve a boa sorte de sobreviver, pois muitos ficaram pelo caminho, para nem falar do povo largado na miséria.

A recaída do Pibinho detonou de vez a insatisfação, a impaciência com a política econômica e com seus economistas. Deflagrou a conversa do "é preciso fazer alguma coisa, já, ninguém aguenta mais".

Economistas-padrão, entre encabulados, perdidos ou
estoicos, não têm muito a oferecer de novo, no melhor dos casos.

Nos dias piores desta depressão que já dura seis anos, este jornalista recebia vez e outra mensagens de pequenos e médios empresários contando durezas da vida e oferecendo sugestões do que fazer do país. Jamais foram tão frequentes quanto nas últimas semanas. É gente que conseguiu manter a empresa, mas está pelas tampas, para escrever português claro.

"A agenda de corte de gastos não está funcionando. Acho que talvez o governo devesse mudar de tática. Aumentar o endividamento, gastar com infraestrutura, convencer os bacanas da Bolsa de que não é gasto, e sim investimento, que resultará em melhor arrecadação e recuperação da economia. Porque teto disto e daquilo já mostrou que não vai tirar o Brasil do buraco", escreve um empresário do "ramo de artigos industriais e agrícolas".

"Minha empresa sobreviveu, eu não muito, eu não vejo as minhas filhas direito faz anos. Fico pensando se não é melhor vender logo tudo e viver de renda modesta, mas sem angústia de ficar cheio de dívida com fornecedor, colaborador ou falir, porque eu não sei o que vai ser o mês que vem", desabafa um fabricante de alimentos.

"Não tenho 'fobia' de investir, como você escreveu. Eu não investiria porque acabou o dinheiro, minhas reservas, e o meu faturamento cai todo ano e minha empresa rende menos que o Tesouro Direto. Deu!", escreve empresária do comércio e fabricação de roupas.

"Minha empresa caiu para um terço do que era, demiti dezenas. Entendo que precisa fazer reforma, acabar com desperdício do governo, impostos insanos, mas isso leva tempo e nem fizeram nada até agora. Meu problema é saber se no fim do ano vou ter para pagar o salário do sr. V., que está comigo faz 20 anos", relata mais um, do ramo de logística ou de serviços gerais, não deu para entender bem.

"Hoje, para cada real investido no país, você demora em média três anos para recuperar. É melhor colocar na poupança", conta um fabricante de material de construção.

Economistas críticos da política econômica mais ou menos vigente desde 2015 costumam demonstrar mais empatia com essas angústias de "curto prazo", que é quando a vida e a política acontecem. Entre tantas diferenças, concordam que a economia precisa de transfusão imediata de sangue, investimento, que não tem de onde vir, imediatamente, a não ser de investimento público direto ou coisa similar. De endividamento extra, em suma, e incentivos oficiais.

A receita não é trivial. Mas essa conversa tende a se disseminar.

Não há hipótese de que a equipe econômica deste governo possa cogitar medidas desse tipo. Quem tenha um plano alternativo e imaginativo, no entanto, pode propô-lo, com coerência, considerando o custo das medidas e o risco de consequências impremeditadas e contraproducentes.

Quem tem um plano desses?
Herculano
02/06/2019 08:03
JÁ ERA MAS CONTINUA SENDO, por Calos Brickmann

O problema do noticiário político do Brasil é um só: os analistas, tanto da Universidade como da imprensa, insistem em levar as notícias a sério. Não dá. É como criticar uma piada porque peixe não fala. Na piada, fala, sim.

Neste momento, Bolsonaro e o presidente do Supremo, Dias Tóffoli, estão em lua de mel. Tóffoli participou do pacto de Bolsonaro com Rodrigo Maia "para destravar o Brasil". Maia, que é do ramo, sabe que esse tal pacto não é para levar a sério. Mas Tóffoli está animado. Depois do café da manhã com Bolsonaro e Maia, ficou novamente ao lado do presidente, que recebia deputadas e senadoras. Ouviu impassível quando Bolsonaro, depois de elogiá-lo ("uma pessoa excepcional"), disse: "É muito bom termos a Justiça ao nosso lado". E completou fazendo com as mãos uma imitação de coração.

Tudo muito bom, tudo muito bem, mas acontece que, mais cedo ou mais tarde, alguma medida de Bolsonaro "para destravar o Brasil" irá chegar ao Supremo. Como Tóffoli poderá participar do julgamento, ele que é "a Justiça ao lado" de Bolsonaro? E, caso se declare impedido, tudo o que o presidente fez para atraí-lo não terá tido nenhum resultado. Muito esforço para nada.

É desejável, inclusive nos temos da Constituição, que os presidentes dos três Poderes tenham relacionamento harmonioso. Mas confraternizar ultrapassa os limites do relacionamento desejável. Pode caber ao Supremo o julgamento de Flávio, o filho 01. Amizade, vá lá. Amizade colorida, não dá.

NÃO É, MAS CONTINUA SENDO
Outra novela curiosa é o tal fim do Centrão. Depois que o Centrão foi até alvo de manifestantes que apoiam o Governo, ninguém mais é do bloco. Os principais dirigentes do partido, inclusive o presidente ACM Neto, sustentam que Centrão era o grupo de políticos que girava em torno de Eduardo Cunha. Rodrigo Maia? Imagine! A eleição de Rodrigo Maia eliminou os últimos vestígios do Centrão. Aliás, o PR também não é Centrão. Mudou de nome e hoje é PL. O cacique é o mesmo, Valdemar Costa Neto. Mas são personagens diferentes. O Valdemar do PR talvez fosse Centrão, o do PL não é. Simples.

O MORTO-VIVO
Aliás, o extinto Centrão, embora já não exista mais, continua operando como se existisse. Coisas de nossa estranha vida política, se levada a sério.

BICO LONGO, PENAS COLORIDAS
O governador de São Paulo, João Doria Jr., acaba de assumir o controle do PSDB. Seu candidato, o deputado pernambucano Bruno Araújo, se elegeu presidente do partido. Toda a análise política é sobre o "novo PSDB", que Doria "vai levar para a direita, abandonando a tradicional postura tucana de centro-esquerda". Pois é.

Mas, tirando o afastamento da antiga geração, toda com mais de 70 anos, do comando partidário, não há mudança. Doria surgiu na política há 40 anos, na campanha de Franco Montoro para o Senado. Foi um dos marqueteiros na eleição de Montoro para o Governo. Com Mário Covas como prefeito nomeado, dirigiu a Paulistur. Foi indicado por Sarney para dirigir a Embratur. Quem o lançou candidato a prefeito foi Alckmin. Seu vice era Bruno Covas, aliado até hoje, o neto de Mário Covas. É tucano de ponta a ponta. Não muda nada. PSDB é PSDB, para o bem ou para o mal. O que muda é a formação: Doria é melhor empresário que a média tucana, e tem menos diplomas universitários. Quem diz que ele é recém-chegado ao partido não pode ser levado a sério.

EM NOME DE DEUS
Já a frase de Bolsonaro diante de fiéis da Assembleia de Deus tem de ser levada a sério: ele perguntou ao público se já não estava na hora de haver um ministro evangélico no STF. A Constituição fala em notável saber jurídico e ilibada reputação. Não se refere em nenhum momento à filiação religiosa de Suas Excelências. Nem para favorecer, nem para prejudicar. Se alguém tiver ilibada reputação e notável saber jurídico, suas convicções religiosas não importam.

Mas, se quiser, Bolsonaro pode nomear um jurista evangélico para o STF. Basta desistir da nomeação de Moro em favor de um evangélico de notável saber jurídico e ilibada reputação (e que, aliás, não permitiria que a religião influenciasse seus votos - mesmo no caso que interessa ao presidente, contrário a tornar a homofobia um crime). Ou convença Sérgio Moro a adotar a vertente evangélica do cristianismo, e então nomeá-lo. Fora isso, estará só fazendo demagogia para buscar mais apoio dos evangélicos.

O ORIGINAL ERA MELHOR
E é difícil levar a sério a política quando o ministro da Educação aparece num vídeo simulando uma cena de Cantando na Chuva, o clássico musical lançado em 1952. Qual a mensagem que Sua Excelência queria transmitir?

Não importa: qualquer que fosse, a cena da dança na chuva protagonizada por um ministro a abafaria. Para este colunista, que acha importante manter a liturgia do cargo, a única conclusão a que se pode chegar é que a dança original, com Gene Kelly, foi muito melhor que a do ministro.
Herculano
02/06/2019 07:46
A FÁBULA DO INVESTIDOR ESTRANGEIRO, por Elio Gaspari, nos jornais O Globo e Folha de S. Paulo

Vladimir Putin já fez na Rússia o serviço que Bolsonaro promete no Brasil

O governo, o "mercado" e os bumbos da orquestra garantem que, uma vez aprovadas as reformas do "Posto Ipiranga", a economia brasileira entrará num ciclo virtuoso. Tomara. Em tese, há bilhões de dólares esperando o sol nascer para jogar dinheiro no Brasil.

Imagine-se um investidor belga que já pôs milhões no Chile, reunido em Bruxelas para decidir um investimento.

O presidente Jair Bolsonaro (PSL) e seu ministro da Economia, Paulo Guedes, durante cerimônia no Palácio do Planalto, em Brasília

- O novo presidente do Brasil quer abrir a economia, está afrouxando as leis do meio ambiente, fez uma faxina no marxismo cultural e combate os movimentos LGBT.
- E como são suas relações com os políticos?
- Ele diz que não negocia no varejo.
- Ele manda no Congresso?
- Ainda não, mas promete apertar os parafusos.
- Manda no Judiciário?
- Não, tudo depende das turmas do Supremo, mas o presidente do tribunal tem a sua simpatia.
- Manda na imprensa?
- Ele tem apoio nas redes sociais e em algumas redes de televisão.
- Tem apoio popular?
- Ele prometeu acabar com o ativismo, mas há manifestações de rua de estudantes contra o governo.
- Sua política econômica nos favorece?
- Ele tem um passado estatista, mas é um liberal converso. Nos primeiros três meses de governo a economia encolheu 0,2%.
- Como anda a economia do Chile?
- No último trimestre ela cresceu 1,6%. O presidente Sebastián Piñera é um conservador que sabe operar pelas regras do jogo.
- E a da Rússia?
- Cresceu 2,3% no ano passado.
- Então vamos continuar no Chile e botar esse investimento na Rússia. Lá o Vladimir Putin já fez o serviço que esse brasileiro promete.

PAES E O óBVIO DELIRANTE

O ex-prefeito Eduardo Paes tem uma queda pelo uso da expressão "é óbvio".

Depois do terceiro desabamento da ciclovia Tim Maia ("certamente a mais bonita do mundo", nas suas palavras) ele disse o seguinte:

"É óbvio que, se eu pudesse, não faria de novo".

O doutor justificou-se lembrando que "o grande problema ali é o fato de a ciclovia estar em uma área que tem, de um lado, o mar, e do outro, a encosta do morro". Ao que se saiba o mar e o morro estão lá há milhões de anos.

Quando a ciclovia desabou pela primeira vez, em 2016, matando duas pessoas, Paes foi didático:
"É óbvio que se essa ciclovia tivesse sido feita de forma perfeita, não teríamos essa tragédia".

Paes governou o Rio de 2009 ao final de 2016 e dizia que todos os governantes "têm inveja de mim".

Felizmente o doutor começa a reconhecer o que não "faria de novo". Antes tarde do que nunca.

Ficando-se só no caso da ciclovia, talvez ele não entregasse a obra a uma empresa que pertencia à família do seu secretário de Turismo. Mesmo que fizesse isso, não entregaria o gerenciamento da construção à mesma firma. Nem deixaria que a obra tivesse oito aditivos, elevando seu custo de R$ 35 milhões para R$ 45 milhões.

Quando o Rio vivia a síndrome do delírio do governador-gestor Sérgio Cabral e do prefeito olímpico Eduardo Paes, chamar a atenção para o óbvio era falta de educação.

A diretora-geral do FMI, Christine Lagarde, andou no teleférico do Alemão e sentiu-se "nos Alpes". O bondinho custou R$ 210 milhões, operou de 2011 a 2016 e desde então está parado.

JABUTI MILIONÁRIO

Com a paciência dos jabutis, o projeto de reabertura do jogo vai em frente.

Sabe-se lá qual mágica Bolsonaro tinha na manga quando prometeu "um projeto" capaz de gerar um "caixa maior do que a reforma previdenciária em dez anos".

Há poucas semanas, o jabuti reapareceu quando surgiu na Câmara a ideia de se apresentar um substitutivo para o projeto de reforma da Previdência.

Nas contas dos defensores da legalização da jogatina, ela poderia render de R$ 10 bilhões a R$ 18 bilhões anuais aos cofres públicos.

Nos últimos anos a tavolagem teve ilustres defensores: os governadores Sérgio Cabral e Pezão, bem como o ministro Geddel Vieira Lima. Estão todos na cadeia.

MARÉ BAIXA

Depois de um período de inédita prosperidade, escritórios de advocacia que foram abastecidos pela clientela da Lava Jato começaram a encolher.

SISTEMA C

O sindicalismo patronal deveria mudar o nome do Sistema S, chamando-o de Sistema C, com a inicial da censura.

Os doutores não querem cumprir a determinação do governo que manda colocar as contas das confederações e federações no banco de dados alimentado para atender à Lei de Acesso à Informação.

Querem arrecadar bilhões mordendo as folhas de pagamento, mas não querem mostrar o que fazem com o dinheiro.

Poderiam expor apenas os custos dos jatinhos usados pelos maganos em suas viagens pelo país.

SAUDADES DO VÉLEZ

O ex-ministro Ricardo Vélez tinha um lado folclórico. Seu sucessor, Abraham Weintraub, trocou o pitoresco pela truculência.

Na quinta-feira (30) ele disse que estava recebendo "cartas e mensagens de muitos pais de alunos citando explicitamente que alguns professores, funcionários públicos, estão coagindo os alunos e que serão punidos de alguma forma caso eles não participem das manifestações".

O doutor precisa definir "coagindo" e mostrar as provas, responsabilizando, na forma da lei, os eventuais coatores.

No embalo, informou que pais, professores e alunos "não são autorizados a divulgar e estimular protestos durante o horário escolar".

Não há registro de que o doutor Weintraub fume, tabaco ou qualquer outra coisa.

EREMILDO, O IDIOTA

Eremildo convida seus admiradores para a posse do ex-deputado André Moura no cargo de secretário extraordinário da representação do Rio de Janeiro em Brasília. O doutor responde a três ações penais no Supremo Tribunal Federal.

Na ocasião o idiota compartilhará com seu colega Wilson Witzel o título de doutor pela Universidade Harvard.

Como é hábito nas escolas americanas, os ex-alunos acrescentam aos seus nomes o ano da formatura. Eremildo será o "Idiota, Fake '19". O governador do Rio é "Witzel Fake '15".

ALQUIMIA

O ministro Dias Toffoli começou um pós-doutorado em alquimia. Inventou um evento para firmar um pacto com o Executivo e o Legislativo e conseguiu rachar o Judiciário.

Ganha uma senha para escalar o Everest quem souber qual será o resultado concreto do tal pacto.

DORIA E FHC

Se João Doria pudesse, queimava vivos os tucanos elegantes.

Mesmo assim, não lhe passa pela cabeça hostilizar o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso.

LEVY E SALLES

Joaquim Levy atravessou incólume as administrações de Sérgio Cabral e de Dilma Rousseff.

Como presidente do BNDES de Bolsonaro engoliu um sapo cururu ao dispensar a chefe do departamento de meio ambiente do banco para atender a um delírio do ministro Ricardo Salles.

Resta saber se achou que sapo tem gosto de mexilhão.
Herculano
01/06/2019 17:11
GASPAR OUTRA VEZ NA CONTRAMÃO DO MDB ESTADUAL

Os delegados do Diretório do MDB de Gaspar estavam orientados a votar no senador Dário Berger para a presidência do Diretório Estadual.

Deu, Celso Maldaner. Venceu, na verdade, Eduardo Pinho Moreira. Perdeu Mauro Mariani.

O atual presidente, que mais desuniu do que uniu o MDB, o ex-deputado Federal Mauro Mariani, chegou lá e não foi com os votos de Gaspar.

Quem eram os delegados de Gaspar habilitados ao voto neste sábado? Os titulares Antônio Soares,, Ivete Mafra Hammes, Ciro André Quintino e Osvaldo Schneider, o Paca. Os suplentes, nesta ordem, eram Délgio Roncaglio, Bruno Spengler Medeiros, Juraci Darolt e Kleber Edson Wan Dall.

A nominata da Executiva Estadual do Diretório do MDB só na terça-feira. É o tempo para juntar os cacos e perceber bem o estrago da Operação Alcatraz.
Herculano
01/06/2019 17:00
CELSO MALDANER É O NOVO PRESIDENTE DO MDB DE SC, por Moacir Pereira, no Diário Catarinense, da NSC Florianópolis

O deputado federal Celso Maldaner é o novo presidente do Diretório Regional do MDB. Foi eleito esta tarde durante reunião dos membros do Diretório Regional eleitos em chapa única durante a Convenção Estadual realizada no auditório Antonieta de Barros da Assembleia Legislativa.

Maldaner recebeu 39 votos contra 31 atribuidos ao senador Dário Berger e em voto em branco.

Sua eleição foi defendida há várias semanas pelo ex-governador Eduardo Pinho Moreira, uma das principais lideranças do partido em Santa Catarina. Há meses que Maldaner viaja pelo Estado defendendo a candidatura.

Hoje pela manhã, o presidente Mauro Mariani reuniu as principais lideranças em café da manhã, com os dois postulantes, buscando um acordo para evitar a disputa. Nenhum dos dois aceitou as propostas diversas apresentadas durante o encontro. Optaram pela disputa no Diretório.

Celso Maldaner exerceu três mandatos de prefeito de Maravilha e está no quarto mandato de deputado federal.

No início da convenção estadual ele falou de seus vínculos com o partido: "Estou casado há 37 anos e há 39 sou filiado ao MDB. São duas alianças indestrutíveis."
Herculano
01/06/2019 08:41
A REAÇÃO DO CONGRESSO, por João Domingos, no jornal O Estado de S. Paulo

De forma involuntária, Bolsonaro pode ter feito um bem para a política.

O presidente Jair Bolsonaro pode ter feito um bem muito grande ao Congresso quando optou por montar um Ministério livre das amarras das negociações partidárias que marcaram o presidencialismo de coalizão nas últimas décadas. Tal decisão, que parece ter nascido de um pagamento de promessa de Bolsonaro, segundo a qual não lotearia seu governo, e de uma ação politicamente egoísta, no estilo "eu ganhei a eleição, o governo é meu e não vou dividi-lo", mexeu com os brios partidários.

Também fez o Congresso reagir a uma situação à qual estava acostumado e já havia se rendido, a de ser uma espécie de apêndice do Poder Executivo, carimbador de medidas provisórias editadas pelo presidente da República, alienado de suas próprias tarefas e, por consequência, preguiçoso. Em muitas situações, mas muitas mesmo, deputados e senadores preferiram negociar com o Palácio do Planalto uma medida provisória, que se transforma em lei assim que é editada, a apresentar um projeto de lei, esperar sua longa e cansativa tramitação, batalhar por ele no plenário e ainda correr o risco de sofrer uma derrota. Com a MP, basta fazer uma emenda contentando um determinado setor que a situação está resolvida. De forma rápida e prática.

Do governo de Fernando Henrique Cardoso (1998/2002) para cá, deputados e senadores transformaram-se numa espécie de despachantes de luxo de governadores, prefeitos, corporações e empresas em ministérios entregues aos partidos, portanto feudos próprios onde mandaram e desmandaram.

Assim, de forma involuntária, Bolsonaro deu um sacolejão no Congresso, nos partidos e na própria política. Os que lutaram para abocanhar um pedaço da Esplanada dos Ministérios ouviram seguidos nãos. Deixaram o gabinete presidencial com raiva e com um certo desejo de vingança. Aos poucos perceberam que, ou tomavam uma atitude, ou teriam a população contra eles, visto que as redes sociais, estimuladas pelo presidente e seu círculo mais íntimo, não paravam de atacá-los, a ponto de transformá-los no alvo das manifestações pró-governo do domingo passado.

O resultado dessa política adotada por Bolsonaro, de distanciamento do Congresso, é que hoje o que se ouve em qualquer roda parlamentar é que a saída para a Câmara e o Senado é se mostrar presente, ter uma agenda própria, assumir pautas que sejam importantes para o País, como a da reforma da Previdência e a reforma tributária. E que é preciso ganhar protagonismo com iniciativas positivas, que mostrem o Congresso trabalhando. Não é possível sobreviver sendo apenas o patinho feio da política, como costumam dizer.

Nesse sentido, o projeto alternativo de reforma da Previdência apresentado pelo PL (novo nome do PR, que substituiu o antigo PL e agora retoma a sigla original, mas sempre sob influência do ex-deputado Valdemar Costa Neto) é o retrato mais fiel da reação que o Congresso decidiu ter. E também uma forma que o Centrão, integrado, entre outros, pelo PL, encontrou para dizer ao governo que continua vivo e atuante, apesar dos desgastes que tem sofrido.

O projeto do governo para a reforma da Previdência prevê economia superior a R$ 1,2 trilhão em dez anos; o do PL, economia de R$ 600 bilhões no mesmo período, 50% a menos do que a equipe econômica previu. Pretende ser muito menos austero do que o do governo. Faz a reforma da Previdência, mas não mexe em aposentadorias especiais de professores nem na idade mínima para o trabalhador rural. Também não reduz as pensões pagas aos carentes, o chamado Benefício de Prestação Continuada (BPC). Permanece, portanto, dentro de uma agenda positiva dupla: busca o equilíbrio das contas do governo e preserva direitos de eleitores, principalmente dos mais pobres.
Herculano
01/06/2019 07:49
CONFLITOS REPUBLICANOS, por Merval Pereira, no jornal O Globo

Se houver um evangélico com competência, que seja indicado, mas não por sua religião.

O presidente Jair Bolsonaro provocou mais uma polêmica ao insinuar que estaria na hora de nomear um ministro evangélico para o Supremo Tribunal Federal (STF). Mais uma vez ele confunde seu pensamento pessoal com as decisões de Estado.

Precisa se acostumar com o fato de que a opinião dele tem que refletir os anseios da sociedade e o interesse do Estado, e não há interesse em ter um evangélico no STF - nem evangélico, nem católico, nem de qualquer outra religião.

Se houver um evangélico com competência, que seja indicado, mas não por sua religião. Já houve um ministro militante católico, Carlos Alberto Direito, nomeado por Lula. Que não foi nomeado por ser católico, mas por ser um brilhante jurista.

Lula também nomeou o primeiro ministro negro, Joaquim Barbosa, que tinha todas as qualidades acadêmicas para estar no Supremo e, com razão rejeitava a permanente insinuação do ex-presidente de que o nomeara por ser negro.

Barbosa transformou-se, depois de se aposentar, numa figura central nos embates políticos, por suas posições e seu comportamento como relator do mensalão. E só não foi candidato à presidência em 2018 porque não quis, convidado que foi por vários partidos.

Bolsonaro se referiu à possibilidade de indicar um evangélico para criticar a decisão do Supremo de transformar a homofobia em crime inafiançavel, como o racismo. O julgamento foi suspenso, mas existe uma maioria fixada, pois seis ministros já votaram a favor da criminalização. Bolsonaro reclamou: "Estão legislando".

O ex-presidente do Supremo Ayres Brito, discorda. Diz que, a rigor, o Supremo não está legislando. Ele lembra que há decisões que, por autorização constitucional, têm efeitos que se aplicam a todos.

Ayres Brito explica, nesse caso: o inciso 41 do artigo 5 da Constituição define: "a lei punirá qualquer discriminação atentatória dos direitos e liberdades fundamentais". O que fez o legislador diante desse comando?, pergunta Ayres Brito. "Nada, ficou silente durante 30 anos, desobedecendo ao comando constitucional".

Para esses casos, lembra o ministro do STF aposentado, a Constituição tem a figura da Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADI) por omissão. Quando houver omissão legislativa, falta da norma regulamentadora, as partes podem entrar no Supremo com uma ADI.

O STF, constatando a omissão, preenche a lacuna, explica Ayres Brito. "Não fazendo uma lei, mas exarando uma decisão que vale enquanto o legislador não cumprir com o seu dever".

Para tal, o STF, ressalta Brito, não criou uma nova legislação, mas utilizou-se de uma lei preexistente, decidindo aplicar o regime penal do racismo à homofobia, porque os direitos e garantias fundamentais têm aplicação imediata.

Também o ministro Luis Roberto Barroso considera que é tarefa do Supremo proteger os direitos fundamentais. Em entrevista à Central da Globonews esta semana ele definiu o que considera ser o papel de uma Corte Constitucional: proteger os direitos fundamentais e a democracia.

"No exercício dessas duas funções, acho que os tribunais devem ser proativos", afirmou Barroso, para acrescentar: "Em tudo o mais ele deve ser auto-contido. Em outros temas, o legislador deve definir".

Ele, portanto, rejeita que o Supremo Tribunal Federal legisle substituindo o Congresso, e justifica a decisão de ampliar a possibilidade de aborto, tomada pelo STF com sua relatoria, alegando que o habeas corpus pedido por uma mulher que fora presa por estar numa clinica de aborto tinha que ser dado para proteger o direito da mulher de não continuar a gravidez quando decidir, " uma profunda convicção pessoal" disse.

Antes de ser ministro, Barroso foi também o advogado da causa que permitiu o aborto de fetos anencéfalos por decisão do mesmo STF. Ele tem a convicção de que cabe aos ministros iluministas "empurrar a história", nesse caso para atingir avanços comportamentais.

O que Barroso considera avanço, no entanto, desagrada aos evangélicos, e por isso Bolsonaro fez a crítica à decisão, insinuando colocar no STF um ministro sintonizado com esse pensamento conservador.

Mas não é preciso ser evangélico para ser contra o aborto. O ministro aposentado do STF Eros Grau, de esquerda, se posiciona contra com clareza: "Não há nenhuma dúvida, pois, a respeito do fato de que há, no aborto destruição da vida".

É a tal ponto contra que já chamou de Herodes um colega seu que defendia o aborto.
Herculano
01/06/2019 04:12
da série: quando a esperteza é demais, ela come o dono. E quando os políticos trabalham para o seu município e não para si nas CPIs, quem ganha é a sociedade que eles representam

SANTANDER BRASIL PAGA R$ 195,5 MI PARA SE LIVRAR DE CPI DE SONEGAÇÃO EM SP

Valor corresponde a multa por supostamente ter sede de fachada em Barueri para evitar impostos em SP

Conteúdo do jornal Folha de S. Paulo. Texto de Rogério Gentile e Guilherme Seto. O banco Santander Brasil aceitou pagar cerca de R$ 195,5 milhões para encerrar as investigações sobre a instituição na CPI da Sonegação Tributária da Câmara Municipal de São Paulo. O banco era acusado de ter uma sede de fachada em Barueri de sua empresa Santander Leasing para evitar o pagamento de ISS (Imposto Sobre Serviços) na capital paulista, onde o valor da alíquota é maior.

O acordo foi assinado nesta sexta-feira (31) na sede do Legislativo paulistano, com a presença de Alessandro Tomao, vice-presidente jurídico da instituição bancária; Eduardo Tuma (PSDB), presidente da Câmara; e o vereador Ricardo Nunes (MDB), presidente da CPI.

O valor foi pago à vista já nesta sexta aos cofres municipais e inclui correção monetária e multa, e corresponde aos anos de 2014, 2015, 2016 e alguns meses de 2017, quando a sede oficial da Santander Leasing foi transferida para a capital paulista.

Com o acordo, o presidente da instituição bancária, Sérgio Rial, e toda a cúpula do Santander se livram do processo e, mais especificamente, da condução coercitiva autorizada pela Justiça que os obrigaria a depor na Câmara na próxima quinta-feira (6).

"Vitória da Câmara Municipal no cumprimento de seu papel fiscalizador em benefício da população paulistana. Mais de R$ 195 milhões devidos pelo banco Santander recolhidos aos cofres públicos", disse Eduardo Tuma (PSDB), presidente da Câmara Municipal e proponente da CPI.

Instalada no ano passado, a CPI da Sonegação investiga eventuais fraudes e sonegações fiscais de empresas de factoring, leasing e franchising que atuam na capital paulista, embora estejam sediadas oficialmente em municípios que cobram alíquota menor de ISS (Imposto sobre Serviço).

Em 9 de maio, o Itaú fechou acordo com a comissão pelo qual se comprometeu a trazer operações de leasing e de cartões e a empresa Rede para São Paulo. Com isso, a cidade passará a arrecadar cerca de R$ 230 milhões em impostos.

Atualmente, essas operações do banco ficam oficialmente nos municípios de Poá e Barueri, na Grande São Paulo. As transferências para esses municípios foram iniciadas nos anos 1990, em parte porque as alíquotas de ISS (imposto sobre serviços) dessas cidades eram inferiores à cobrada na capital.

O banco Alfa também chegou a acordo com a CPI nesta sexta, pelo mesmo motivo, e comprometeu-se a pagar R$ 30,3 milhões para a Prefeitura de São Paulo.

Em nota de assessoria de imprensa enviada à reportagem na quinta-feira (30), o Santander afirmou que sua situação fiscal é regular.

"O Santander esclarece que está em situação de regularidade fiscal com o município de São Paulo", afirma. "A Santander Leasing, que constitui objeto da referida investigação, teve sua sede transferida para São Paulo ainda em 2017, após um período de operação na cidade de Barueri, em absoluta conformidade com a legislação."

"O banco acrescenta que mantém sua sede na capital paulista, onde concentra seus principais produtos e serviços, bem como um contingente superior a 15 mil funcionários. Em 2018, o Santander e suas coligadas recolheram ao município de São Paulo cerca de R$ 430 milhões em ISS, o equivalente a 60% do que é recolhido em todo o País pelo grupo, e R$ 36 milhões em IPTU", conclui.
Herculano
01/06/2019 03:59
da série: a imprensa catarinense a reboque da Polícia - o que revela a falta de fontes o incapacidade de investigar, ou protegendo suas fontes e contra seus clientes, os leitores, ouvintes e telespectadores

DÚVIDAS QUE RESTAM SOBRE A OPERAÇÃO ALCATRAZ, por Upiara Boschi, no Diário Catarinense, da NSC Florianópolis. "O medo dele é que chegue no ouvido do Júlio". A frase atribuída de Lúcia Garcia, irmã do presidente da Assembleia, Júlio Garcia (PSD), foi destacada na decisão da juíza Janaína Cassol Machado em atendimento aos pedidos de prisões e afastamentos de cargos na deflagração da Operação Alcatraz, da Polícia Federal. O interlocutor era Nelson Castello Branco Nappi Junior, o ex-secretário- adjunto de Administração preso preventivamente e acusado de integrar um suposto esquema de corrupção em contratos de terceirização de serviços.

Lúcia era secretária de Nappi, apontado na decisão da magistrada como um afilhado de Júlio Garcia. Ela não está presa, mas teve determinado o afastamento da função de secretária-adjunta de Administração na prefeitura de Florianópolis, cargo que assumiu este ano. O pessedista teve dois domicílios na Capital alvos de busca e apreensão da PF na quinta-feira e disse em nota ter sido "surpreendido por uma operação policial e "que desconhece inteiramente as razões pelas quais teve seu nome envolvido nas investigações".

Revelados os nomes dos 11 presos - seis preventivos, cinco temporários - e os elementos básicos de acusação sobre os supostos esquemas de propina na contratação funcionários terceirizados na Secretaria Estadual de Administração, ainda permanece a dúvida se o presidente Alesc desempenhou ou não algum tipo de papel na organização.

Em sua decisão, ao fundamentar o afastamento de Lúcia de suas funções, a juíza a cita como "irmã do investigado Júlio Cesar Garcia". Depois, diz que ela e Nelson, em cargo público, poderiam "atender a interesses destes outros investigados que estão no topo da organização".

O dia seguinte às grandes operações da PF costuma ser de juntar as peças, clarear as inúmeras informações que chegam forma cruzada ou enviesada, separar o que é fato e o que é rumor. Ainda há uma trama a ser descortinada.
Herculano
01/06/2019 03:32
ALCOLUMBRE SE MOSTRA TÃO 'MALVADO' QUANTO MAIA, por Cláudio Humberto, na coluna que publicou hoje nos jornais brasileiros

O presidente do Senado, Davi Alcolumbre, tenta mostrar que não é apenas Rodrigo Maia, o presidente da Câmara, quem deve ser temido. Tudo porque "demandas" que enviou ao governo ainda não foram atendidas, segundo fonte do Planalto. Entre várias atitudes hostis ao governo, ele se sentou sobre a indicação de diplomatas para chefiar 18 embaixadas praticamente acéfalas, inclusive Washington. Até agora, apenas três foram sabatinados. Alcolumbre não explica sua atitude.

PARECE BRINCADEIRA

É a primeira vez que um governo recém-eleito, cinco meses após a posse, ainda não consegue nomear embaixadores que escolheu.

BATENDO O PÉ

Alcolumbre quer o diplomata Pedro Bório chefiando a embaixada em Washington. O governo tem outros planos, mas ele não aceita isso.

MORDE-E-ASSOPRA

O estilo Alcolumbre: mostrou que pode ser aliado, ao aprovar a reforma administrativa por 74? - 4, ou adversário, deixando caducar duas MPs.

SURDEZ CONVENIENTE

O presidente do Senado não explica a hostilidade ao Itamaraty e nem a assessoria se arrisca a isso. Mas os recados ao Planalto não cessam.

BIVAR SONHA COM A FILIAÇÃO DE ONYX AO PSL

O presidente nacional do PSL, deputado Luciano Bivar (PE), afirmou a esta coluna que tem um sonho: receber a filiação do atual ministro-chefe da Casa Civil, Onyx Lorenzoni, hoje no Democratas. Bivar reagiu com elegância à fala do ministro sobre o sonho de levar o presidente Jair Bolsonaro ao DEM, que em sua convenção voltou a se declarar "independente" em relação ao governo que lhe deu três ministérios.

BRINCADEIRINHA

O ministro Onyx disse que apenas brincava, quando disse sonhar com a filiação do presidente ao DEM.

CISCANDO PRA FORA

Se estivesse falando sério, o articulador político do governo estaria criando problemas com o próprio partido do presidente.

REFORÇO DE PESO

O ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, também do DEM, é outro que flerta com o partido de Bolsonaro.

COMEÇOU O JOGO

Eleito ontem presidente nacional do PSDB, o ex-ministro Bruno Araújo representa João Dória no comando. Será o principal articulador da campanha do governador paulista ao Palácio do Planalto em 2022.

SAÍDA DE CENA

Um poço de mágoas com o próprio fracasso, o ex-governador Geraldo Alckmin deixou o comando do PSDB cuspindo marimbondos. Sob sua presidência, os tucanos viraram espécie em extinção.

SUÍÇA É AQUI

Alagoas já não deve ter problemas a resolver: governador Renan Filho licenciou-se do cargo. Assessores afirmam em off que ele foi a Madri ver o jogo Liverpool x Totenham, final da Champions League.

RELATóRIO A CAMINHO

Passou de 180 o número de emendas à reforma da Previdência na comissão especial da Câmara. O relator da proposta, Samuel Moreira (PSDB), entregará seu parecer em duas semanas, no máximo.

NOVO ARTICULADOR

O ministro Paulo Guedes (Economia) tem se esforçado para compensar a desarticulação do governo no Congresso, inclusive chamando o Centrão para conversar.

VITóRIA PERSONALIT

Parlamentares do Partido Novo apoiaram a medida provisória que altera os prazos de adequação ao Código Florestal. A oposição derrotada provoca chamando-o de "PSL Personnalité".

FIM DA AGONIA

Foi absolvido o ex-presidente da Funasa Rodrigo Dias, barrado na Anvisa por causa de processo da Lei Maria da Penha. Ele comemorou: "O importante foi o reconhecimento de minha inocência."

CRIME INAFIANÇÁVEL

O deputado Célio Studart (PV-CE) quer tornar inafiançável o crime de maus-tratos aos animais, em projeto que muda a Lei de Crimes Ambientais. Hoje os agressores, quando pegos, saem impunes.

PENSANDO BEM...

...se depender de alguns "especialistas" em patinetes elétricos, todo mundo vai andar a pé.
Herculano
01/06/2019 03:24
NOSSA MONCLOA DE MENTIRA, por Demétrio Magnoli, geógrafo e sociólogo, no jornal Folha de S. Paulo

Partidos podem firmar pactos, pois representam seus eleitores; Poderes, não

O "pacto dos três Poderes" ensaiado por Toffoli, Rodrigo Maia e Bolsonaro foi descrito como uma reedição dos pactos assinados no governo Lula, em 2004 e 2009. A interpretação apega-se à forma para ignorar a substância. Os pactos lulistas circunscreviam-se à criação do Conselho Nacional de Justiça e à reforma do Judiciário. Já o "Pacto pelo Brasil", nome cunhado no forno da novilíngua orwelliana, pretende reinventar a sociedade (reformas previdenciária e tributária) e o Estado (pacto federativo, administração pública e segurança pública). Seria a nossa versão da Moncloa: uma Moncloa ao avesso.

O Pacto da Moncloa - um acordo político e outro econômico, assinados em outubro de 1977?" traçou o rumo da transição espanhola do franquismo à democracia parlamentar. Na foto histórica, estão os líderes dos partidos de direita (Manuel Fraga, da AP), centro-direita (Adolfo Suárez e Calvo-Sotelo, da UCD), centro-esquerda (Felipe González e outros), esquerda (Santiago Carrillo, do PCE) e dos autonomistas bascos e catalães. A reinvenção da Espanha, obra quase milagrosa, foi um pacto entre partidos, não entre Poderes. Sugiro aos três "pactuadores do Brasil" que estudem o evento do Palácio da Moncloa, uma aula magna sobre a arte da construção de consensos democráticos.

Os espanhóis fizeram uma grande transação. A economia herdada do franquismo, um capitalismo de Estado erguido sobre oligopólios, desfazia-se sob os golpes da inflação e do déficit público. As reformas modernizantes nas esferas fiscal e previdenciária envolveram a contenção temporária de aumentos salariais. Os social-democratas e comunistas aceitaram a pílula amarga em troca de reformas políticas que consagraram as liberdades de imprensa, associação e manifestação, além da criminalização da tortura e da despenalização do adultério. Na encruzilhada da reforma previdenciária, o Brasil teria transações significativas a realizar, se escolhesse inspirar-se na experiência da Espanha.

Partidos têm o direito de firmar pactos, pois representam seus eleitores. Poderes não têm esse direito, pois suas prerrogativas estão limitadas ao que prescreve a legislação. Maia nada pode assinar sem a anuência impossível do conjunto dos deputados. O caso de Toffoli é mais grave: sua mera presença numa reunião destinada a costurar acordos políticos indica uma disposição subversiva de submeter o Judiciário às conveniências do Executivo. Os ministros do Supremo fariam bem se proibissem ao presidente do tribunal a travessia da Praça dos Três Poderes.

O "Pacto pelo Brasil" é uma encenação tão pomposa quanto vulgar. Para decifrá-la, substitua o nome da pátria pelos de seus promotores. Bolsonaro, que não comanda nem mesmo seu partido, almeja terceirizar a responsabilidade de formação de uma maioria parlamentar pela reforma da Previdência. Maia tenta, apenas, desviar-se da mira dos canhões montados nas redes sociais olavo-bolsonaristas. Toffoli sonha galgar a posição de Moderador da República, aceitando trocá-la pela independência do STF.

O pacto espanhol de 1977 nasceu da necessidade de enterrar uma ditadura de quatro décadas. O esboço de pacto brasileiro emana de manifestações governistas que clamaram pelo fechamento do Congresso e do STF. A Moncloa deles orientava-se pela bússola da democracia; a nossa reaviva o discurso autoritário da "harmonia entre Poderes" para anular os contrapesos institucionais ao Executivo.

Na Espanha que rompia com o franquismo, as lideranças colocaram o interesse nacional acima dos interesses partidários. A Moncloa de verdade inaugurou a nação moderna, próspera, integrada à União Europeia. No Brasil que se recusa a avançar, a invocação do interesse nacional funciona como camuflagem de mesquinhos interesses pessoais. A Moncloa de mentira é só uma nota de rodapé na crise do bolsonarismo.
Mosca Azul
31/05/2019 21:19
Sr. Herculano

O cidadão José Hilario Melato, falou abertamente que o Sr. É uma pessoa desqualificada, sem caráter e mentirosa.
Apregoa isto abertamente, acrescentou que maldosas palavras, não as atingem, por que ele está om a verdade é com o povo e que durante toda sua trajetória politica fez com que Gaspar seja hoje destaque no sul do Brasil, que está com a consciência tranquila e que lhe deseja felicidades, Jaque senhor deve ser uma pessoa muito infeliz, invejosa e sem amigos, uma pessoa insignificante.
Miguel José Teixeira
31/05/2019 19:18
Senhores,

Uma pergunta que não quer calar com direito às respostas para Curitchiba:

Será que os vinhos com 4 premiações internacionais atrairiam os EVGs para o nicho das supremas lagostas?
Miguel José Teixeira
31/05/2019 17:43
Senhores,

"Só mudo se for cassado, diz Bolsonaro sobre o seu estilo de governar o país"

Huuummm. . .aí não será mais necessário mudar, Senhor Presidente!

Pois cassados, não governam. . .
Herculano
31/05/2019 14:40
da série: eles comem lagosta e vinho premiado, mas que fica com a conta é quem paga os pesados impostos mesmo desempregado. Neste jogo, quem ganha são os sindicatos e corporações que querem que nós sustentamos eles eternamente nas estatais deficitárias, com empregos estáveis e acima da média do mercado. Deboche

STF ADIA PARA PRóXIMA QUARTA-FEIRA DECISÃO SOBRE AVAL DO CONGRESSO PARA PRIVATIZAÇõES

O julgamento deve ter placar apertado, com tendência de ajustes na decisão do ministro Ricardo Lewandowski


Conteúdo de O Estado de S. Paulo. Texto de Rafael Moraes Moura, da sucursal de Brasília. O plenário do Supremo Tribunal Federal (STF) adiou para a próxima quarta-feira, 5, a decisão sobre a necessidade de aval do Congresso para a realização de privatizações de empresas estatais. O julgamento foi iniciado na tarde desta quinta-feira, 30, pelo presidente do STF, ministro Dias Toffoli, que informou na abertura da sessão que os votos de cada um dos ministros só serão lidos na próxima semana, uma vez que as sustentações orais das partes envolvidas tomariam todo o tempo hoje.

Segundo apurou o Estadão/Broadcast Político, o julgamento deve ter placar apertado, com tendência de "ajustes" na decisão do ministro Ricardo Lewandowski, que, em junho do ano passado, determinou que a venda de empresas públicas, sociedades de economia mista e de suas subsidiárias ou controladas exige prévia autorização legislativa, sempre que se trate de perda do controle acionário.

Com a continuidade do julgamento programada para semana que vem, a decisão final do STF em torno da venda de 90% da Transportadora Associada de Gás (TAG) pela Petrobras por US$ 8,6 bilhões também fica para depois. Como a decisão do ministro Edson Fachin, que suspendeu a venda, está amparada na liminar de Lewandowski, o julgamento da primeira ação tende a afetar automaticamente a situação da TAG.

Insegurança
Para o presidente da Petrobras, Roberto Castello Branco, as liminares concedidas por Lewandowski e Fachin causaram insegurança não só para a Petrobras, mas para o Brasil e a economia brasileira. Mesmo assim, Castello Branco afirmou estar confiante na "racionalidade e no senso de justiça" dos ministros do STF ao analisarem o tema de forma colegiada.

Na avaliação de Castello Branco, o petróleo é uma "uma grande fonte de geração de riqueza" e a não concretização dos planos de desinvestimento da Petrobrás "limita significativamente a exploração dessa riqueza natural em prol da sociedade brasileira"
Herculano
31/05/2019 14:29
UMA PERGUNTA, UMA RESPOSTA

O presidente Jair Messias Bolsonaro, PSL, perguntou: "Será que não está na hora de ter um ministro Evangélico no STF"

Rodrigo Constantino, respondeu, no twitter:

"Sim, o STF virou "legislador", ativista.

Não, não é preciso ter um ministro evangélico. Basta um que respeite a Constituição, lembrando que o papel do Supremo é exatamente o de guardião da Carta Magna".
Miguel José Teixeira
31/05/2019 13:40
Senhores,

Com o todo o respeito e admiração que tenho pela Nobre Jornalista Eliane Cantanhêde, mas, "estudantada nas ruas" ontem, só e sómente só nos jornalecos da globo.

Pois todos nós sabemos que, lugar de Estudante é na sala de aula!

E, para lembrar Milton Silva Campos Do Nascimento e Wagner Tiso Veiga:

. . ."Há que se cuidar da vida
Há que se cuidar do mundo. . ."

menos, evidentemente, engrossar a massa de manobra.

Vade reto, retrocesso!
Herculano
31/05/2019 12:48
QUASE 30 HORAS DEPOIS DE CONHECIDA A OPERAÇÃO ALCATRAZ, A NSC CONSEGUIU TER ACESSO AOS NOMES DOS PRESOS E OS "REVELOU" NO JORNAL DO ALMOÇO.

A NSC PERDEU PARA TODOS, ATÉ PARA ESTA COLUNA. E AINDA QUER SER REFERÊNCIA NO JORNALISMO CATARINENSE. FALTA ENTENDER A MUDANÇA QUE SE DEU NESSE AMBIENTE
Herculano
31/05/2019 11:48
IMPRESSIONANTE A ROBUSTEZ DO DESPACHO DE 38 PÁGINAS DO JUÍZA SUBSTITUTO DA PRIMEIRA VARA FEDERAL DE FLORIANóPOLIS, JANAÍNA CASSOL MACHADO, NA FUNDAMENTAÇÃO PARA PERMITIR À PRISÃO PREVENTIVA DOS ENVOLVIDOS NA OPERAÇÃO ALCATRAZ

E ele começa assim:

PEDIDO DE PRISÃO PREVENTIVA Nº 5019704­63.2018.4.04.7200/SC
REQUERENTE: POLÍCIA FEDERAL/SC
ACUSADO: EDSON NUNES DEVINCENZI
ACUSADO: DANILO PEREIRA
ACUSADO: LUCIA DE FATIMA GARCIA
ACUSADO: FLAVIA COELHO WERLICH
ACUSADO: RENATO DEGGAU
ACUSADO: MAURICIO ROSA BARBOSA
ACUSADO: NELSON CASTELLO BRANCO NAPPI JUNIOR
ACUSADO: FABIO LUNARDI FARIAS
ACUSADO: FABRICIO JOSE FLORENCIO MARGARIDO
ACUSADO: LUIZ CARLOS PEREIRA MAROSO
ACUSADO: LUIZ ADEMIR HESSMANN
ACUSADO: MICHELLE OLIVEIRA DA SILVA GUERRA

Ela individualizou o suposto crime e participação deles no esquema e completou:

Com fundamento nos artigos 311 e 312 do Código de Processo Penal, para a garantia da ordem pública, conveniência da instrução criminal e garantia da aplicação da lei penal, sem prejuízo de oportuna reconsideração (artigo 316 do CPP), DECRETO a prisão preventiva de:
a) NELSON CASTELLO BRANCO NAPPI JUNIOR,
b) MICHELLE OLIVEIRA DA SILVA GUERRA,
c) DANILO PEREIRA,
d) MAURÍCIO ROSA BARBOSA,
e) FLÁVIA COELHO WERLICH,
f) FABRÍCIO JOSÉ FLORÊNCIO MARGARIDO, e
g) LUIZ ADEMIR HESSMANN,

Foi a juíza que no mesmo despacho

9. Em relação ao sigilo dos autos e acesso dos investigados:
9.1. Adote a Secretaria as diligências necessárias para o cumprimento desta decisão, adotando­se o sigilo total até o cumprimento integral das medidas e, após o cumprimento, baixe­se o sigilo para 1.
9.2. Para fins de alteração do sigilo, caberá à autoridade policial informar nos autos o cumprimento integral dos medidas.
9.3. Considerando que o presente procedimento tramita em sigilo,fica desde logo indeferido o acesso dos Advogados dos acusados ao presente feito,enquanto não restarem cumpridas todas as diligências.
Herculano
31/05/2019 11:31
da série: a ficha caiu, mais uma vez

BOLSONARO: 'NÃO TEM OUTRO CAMINHO A NÃO SER PRIVATIZAR OS CORREIOS'

Em entrevista exclusiva a VEJA, presidente afirma já ter dado o "sinal verde" para a privatização, que vê como irreversível porque "o PT destruiu a empresa"


Conteúdo de Veja. Texto de Mauricio Lima e Policarpo Junior. Em entrevista exclusiva a VEJA, de duas horas, o presidente Jair Bolsonaro falou com o diretor de redação, Mauricio Lima, e o redator-chefe Policarpo Junior sobre as reformas propostas por seu governo, a possibilidade de reeleição, os filhos, o amigo enrolado Fabrício Queiroz, o guru Olavo de Carvalho, as trapalhadas de ministros, Lula, o PT, sabotagens, tuitadas e o atentado que sofreu durante a campanha, tema que, ao ser invocado, mudou completamente o ritmo da conversa, a fisionomia e o humor do presidente.

Em uma das respostas, declarou que já deu o "sinal verde" para a privatização dos Correios. Bolsonaro considera que os governos do PT destruíram a empresa e não há outra saída. Mais: afirma que outras estatais terão o mesmo caminho.

Aprovada a reforma da Previdência, o que o senhor vislumbra na sequência? Vamos partir para a reforma tributária e para as privatizações. Já dei sinal verde para privatizar os Correios. A orientação é que a gente explique por que é necessário privatizar. No caso dos Correios, o PT destruiu a empresa. A bandalheira era tão grande que o fundo de pensão dos funcionários, que hoje está quebrado, fez investimentos em papéis da Venezuela. Com que interesse? Pelo amor de Deus! Então, temos de mostrar à opinião pública que não tem outro caminho a não ser privatizar os Correios. Será assim com outras estatais. Há muitos cabides de emprego dentro do governo.
Herculano
31/05/2019 11:26
BANHO DE ÁGUA FRIA, por Eliane Cantanhêde, no jornal O Estado de S. Paulo

PIB e estudantada nas ruas encolhem o que seria a melhor semana de Bolsonaro


A expectativa de que esta fosse a melhor semana do presidente Jair Bolsonaro, em seus cinco meses de governo, ruiu ontem com o anúncio do PIB negativo e o despertar de um velho ator da política brasileira: a estudantada. Uma nova fase de recessão entrou no radar e o bolsonarismo conseguiu acionar o antibolsonarismo.

Desde as manifestações de domingo a seu favor, Bolsonaro andava saltitante e feliz. Propôs um "pacto" ao Legislativo e ao Judiciário (aliás, alvos dos atos bolsonaristas), aprovou sem dificuldade a MP que reformou a Esplanada dos Ministérios e foi a pé, simpaticamente, ao Congresso.

Dizem que "alegria de pobre dura pouco", mas, desta vez, foi a alegria do presidente que durou apenas três dias. Já na quinta-feira, o desânimo voltou a turvar o ambiente político, econômico e, consequentemente, social. Agora, com uma novidade: o intocável Paulo Guedes começa a ser arranhado. Só a promessa de reforma da Previdência não está mais dando para o gasto.

A queda de 0,2% do PIB no primeiro trimestre não surpreendeu o mercado, mas contém alguns dados de doer. Foi o primeiro recuo desde 2016 e escancarou a dificuldade do País em garantir investimento. Por quê? Porque os erros políticos do governo Bolsonaro afetam a confiança e a economia. Quem investe num ambiente desses, cheio de trapalhadas e incógnitas?

Um dos erros é provocar, sistematicamente, um setor com alto poder de mobilização, a educação. O primeiro ministro, Vélez Rodríguez, foi engolido por um redemoinho ideológico. O segundo, Abraham Weintraub, já assumiu cutucando a onça com vara curta.

Ambos veem esquerdistas por todos os lados, mas Weintraub foi das palavras aos atos, com cortes no orçamento das universidades, desdém pela área de Humanas e redução das pesquisas (sem falar na desconfiança de órgãos de excelência como IBGE e Fiocruz, que têm fortes laços com a academia). De tanto insistir, o governo conseguiu devolver os estudantes às ruas, depois de anos e anos de preguiça, leniência e alegre promiscuidade da UNE com o poder na era PT.

Bolsonaro teve uma inegável vitória com as manifestações de domingo. Agora, está zero a zero. Os atos a favor dele tinham pauta genérica, com público aberto, e os de ontem tinham foco específico, reunindo estudantes, professores e suas famílias, mas também ocorreram em todos os Estados e no DF. Fazendo as contas, o resultado é que os times entraram em campo e não vão sair tão cedo. É bom para o governo ter "povo" nas ruas o tempo todo? Difícil achar que sim.

Foi embalado pelo apoio de domingo que o presidente resgatou a proposta de um "pacto nacional" feita pelo presidente do Supremo, Dias Toffoli. Fala-se em pacto quando o ambiente político e econômico não é bom, recorre-se à "governabilidade" e o grande beneficiário é sempre o mesmo: o presidente da República.

Todos os presidentes pós-redemocratização tentaram articular em algum momento um pacto em torno de si, mas o único grande pacto realmente efetivo no País foi o governo Itamar Franco, na base do "quem pariu Mateus que o embale". Todas as forças políticas relevantes, exceto o PT, cumpriram o compromisso de garantir uma travessia tranquila de dois anos após o impeachment/renúncia de Collor.

Para qualquer pacto é preciso uma disposição de acertar e de somar, não dividir. Se a previsão do PIB cai pela 13.ª semana, a sensação é de que o governo não está acertando. E os atos de ontem funcionam como um banho de água fria. Os bolsonaristas vão ter de fazer muita manifestação para tentar reverter o desânimo, mas nem eles nem Paulo Guedes podem tudo. O presidente precisa dar uma forcinha.
Herculano
31/05/2019 11:24
O TIOZÃO BOLSONARO E O CHURRASCO, por Nelson Motta, no jornal O Globo

É meio bizarra essa fixação dele em temas sexuais, virilidade

Fernando Gabeira, que conviveu como oposição a ele em vários mandatos na Câmara, disse que no dia a dia Bolsonaro era muito boa- praça e brincalhão ou, como definiu Kim Kataguiri no "Conversa com Bial", "um tiozão de churrasco".

Mas fazer piada velha, sem graça e machista sobre as supostas dimensões penianas dos japoneses, às vésperas de uma viagem oficial a Osaka, francamente, é o tiozão se torrando num churrasco.

O turista japonês riu e repetiu o gesto, mas o tiozão não entendeu que ele se referia ao PIB brasileiro. Ou à nossa educação e civilização. Ou à nossa indústria e tecnologia. Ou à saúde, Previdência e segurança pública. Ou, como o Professor Raimundo, aos nossos salários em relação aos deles. Ou a quase tudo no Brasil em comparação com o Japão.

Com um conjunto de ilhas pedregosas que, juntas, são menores do que Goiás, sem petróleo, sem minérios, sem terras agriculturáveis, sem recursos naturais, o Japão se tornou a terceira maior economia do mundo, mas o Brasil, bem dotado por natureza de tudo o que um país pode desejar, perde longe em potência para os japoneses.

O japa poderia ter feito aquele gesto cafajeste com as mãos estendidas, à la Paulo Silvino, dizendo "ah como era graaande", mas foi educado. Tanto em pênis como em países, o tamanho importa menos do que o que se faz com ele.

É meio bizarra essa fixação do tiozão em temas sexuais, virilidade, macheza, homossexualidade; vive falando em "abraço hétero", como se alguém duvidasse não sê-lo, convida os turistas a comerem nossas mulheres, mas não admite que eles transem com homens, sem definir se as lésbicas estão liberadas, se o bissexualismo é permitido, e como seriam feitos esses controles. Teste da farinha no aeroporto!, zurram no churrasco. Enquanto isso, países que já recebem dez vezes mais turistas que o Brasil disputam a tapa o rico mercado do turismo gay.

Seria cômico, se não fosse trágico. Mas um trágico tosco e constrangedor. O problema é que as piadas do tiozão ajudam o seu governo a virar churrasco.
Herculano
31/05/2019 11:22
OS FISCAIS DE PESSEATA, por Guilherme Fiuza, na Forbes Brasil

O liberal e o democrata se encontraram de novo depois da manifestação de domingo 26:

- Que mico, hein?

- Micão. Meia-dúzia de gatos pingados.

- É. Se tirar aquela multidão de fascista querendo radicalizar na rua, não tinha quase ninguém.

- Viu como fascista é fingido? Todo mundo em paz, sem xingamento, sem porrada, defendendo reforma...

- Fazem tudo pra parecer democrata. Me engana que eu gosto.

- Impressionante: no Brasil inteiro os caras conseguiram disfarçar a onda autoritária.

- Não me impressiono, não. Isso é milícia treinada, meu caro.

- Ah, logo vi.

- Se o chefe manda os milicianos parecerem gente comum, você jura que é povo na rua. Se manda parecer família, os caras botam até criança no meio...

- Absurdo! Agora que entendi aquela criançada ali. Tudo fachada.

- Fachada pura.

- Não seria o caso de uma CPI do abuso da infância pela milícia?

- Melhor Ministério Público. Conheço um procurador, vou falar com ele.

- Problema é que demora.

- O que?

- O processo.

- Que processo, maluco? Tem que esperar processo nenhum. Ele bota uma nota no jornal amanhã e pronto.

- Ah, show. Não dá pra esperar mesmo não. A ditadura tá vindo aí.

- Isso ficou claríssimo na manifestação. Viu aquela conversinha mole de Previdência? Tudo armação pra fechar o Congresso.

- Canalhas!

- Calma. O Centrão vai reagir.

- Tomara. Alguém tem que defender a nossa democracia.

- Foi justamente por isso que eles foram pra rua: pra pressionar o Centrão e assim intimidar os democratas.

- Tenho lido vários analistas dizendo isso: o Centrão é a resistência contra a ditadura.

- Verdade. Aliás, a única coisa que melhora no Brasil de hoje é a análise política.

- Pelo menos isso.

- Vou fazer um post sobre o dia 26/5: a invasão da Paulista pela milícia obscurantista.

- Puta análise. Até rimou.

- Já postei.

- Já curti.

- Yes!

- Uhu!

- Boa essa sensação de estarmos lutando por um país mais livre e democrático apesar da onda reacionária.

- Posta isso!

- Postei!

- Curti!

- Ufa, Tô exausto.

- Lutar pela democracia cansa mesmo.

- Mas vale a pena.

- Última coisa... Você que sempre foi crítico do PT: essas passeatas pedindo Lula Livre são pela educação ou isso é choro de perdedor?

- Sinceramente? Se tem gente na rua se manifestando, quem sou eu pra julgar os motivos?

- Perfeito. Viva a democracia!

- Viva a liberdade!

- Postei.

- Curti.
Herculano
31/05/2019 11:15
da série: os jovens que foram as ruas na quinta-feira, não conseguem enxergar a educação com inserção num mundo novo e até desconhecido para eles, mas preferem a pauta obscurantista do estado mastodonte e sem alimento, orientado por gente sabida e atrasada que os quer escravos para o sempre.

O MUNDO ANALóGICO PASSOU, E AINDA BRIGAMOS PELOS PROBLEMAS DO SÉCULO PASSADO, por Pedro Luiz Passos, empresário, conselheiro da Natura, no jornal Folha de S. Paulo

Não há tempo para políticas retrógradas; mas será que Brasília sabe disso?

O noticiário internacional tem mostrado o vulto do nosso atraso, especialmente na junção entre tecnologia e economia, um dos pilares dos negócios globais interconectados, enquanto a agenda dos grandes temas continua estacionada no século passado.

As recentes eleições comunitárias na União Europeia, por exemplo, puseram em pauta o risco de as tecnologias baseadas em inteligência artificial contraírem ainda mais o emprego já insuficiente na região.

O avanço tecnológico em todas as áreas da economia e da sociedade tem sido um elemento perturbador do status quo tecido no pós-guerra no mundo e não há como ignorá-lo, pois, em geral, chega sem avisar, antecipando nossa capacidade de lidar com os seus efeitos.

Exemplos não faltam: internet e redes sociais puseram em causa a mídia tradicional, o smartphone tornou obsoletos um sem-fim de negócios analógicos e aparelhos (máquina fotográfica, gravador, GPS, agências bancárias e de viagens, e o processo continua).

No limite, as inovações disruptivas põem em xeque até a liderança da maior potência global, os Estados Unidos, que se lançaram em uma guerra de contenção da China, um desafiante que desconhece limites e se apresenta na arena mundial como prenda e vilão.

Seu enorme mercado interno é grande fonte de receita das multinacionais com operações locais, enquanto as empresas chinesas disputam espaço e investem pesado nos países de seus rivais.

É mais pela supremacia tecnológica que pelas práticas de comércio mercantilista da China que Donald Trump foi à luta com uma longa lista de queixas - de acusação de roubo de propriedade intelectual a restrições a operações de firmas chinesas.

É o caso da Huawei, a empresa global mais bem-sucedida da China e líder mundial em equipamentos para redes sem fio 5G, a tecnologia-chave da próxima fase da onda digital.

Legal! E nós com isso? Com a robotização, que tira empregos na indústria e em serviços em toda parte? A queda de braço entre EUA e China? O nó entre suas cadeias de produção, que se imbricam com a de outros países, já implica a desaceleração das duas economias e do mundo. Ninguém está imune a esse choque.

Nós temos tudo e nada com tais conflitos. Nada, porque estamos tão atrasados que nosso foco continua sendo a reforma da Previdência, já feita pela maioria dos países, para sustar o viés de insolvência nacional.

E tudo, porque, depois de darmos jeito no setor público, ainda haverá pela frente o longo caminho para alcançar o mundo em transe pelas inovações. O que este governo e Congresso têm a dizer?

O que se sabe é que, quando vier a tardia retomada econômica no Brasil, ela deverá demandar menos empregos e exigir pessoal mais qualificado sem que a educação esteja preparada para prover tais capacitações. E também vai encontrar novas modalidades de negócios, como as plataformas de serviços bancários, os modelos de economia compartilhada etc.

Há uma penca de empresas inovadoras em tais segmentos no Brasil, mas mal resolvidas em meio a leis e regulações do arco da velha.

Hoje, fala-se de carro elétrico. Amanhã, de carro sem motorista, talvez compartilhado, não comprado.
O mundo analógico passou não só na economia mas nos costumes, na política, e nós ainda estamos discutindo problemas de 20 anos atrás.

Não há tempo para políticas retrógradas no mundo novo que já aconteceu. Mas será que Brasília sabe disso?
Herculano
31/05/2019 11:09
POR QUE O PAPA ARGENTINO GOSTA TANTO DE POLÍTICOS COMO LULA? por Vilma Gryzinski, na revista Veja, já disponível para os assinantes internautas

Será que o papa Francisco não sabe o que essas pessoas fizeram num passado recente?

Claro que sim. Jorge Bergoglio, seu nome como bispo, tem 82 anos é da geração que viveu todas as fases da história recente na Argentina e na América Latina.

Os ciclos de populistas dos anos cinquenta e sessenta, a ascensão de movimentos de esquerda que sonhavam imitar Cuba, os golpes militares desfechados como reação, com brutalidade feroz na Argentina e no Chile.

Depois, a transição democrática e governos de centro-direita, superados pelo novo populismo de esquerda. Kirchner, Lula, Evo, Hugo, Corrêa e mais Kirchner.

Em nome do combate às desigualdades sociais, associaram-se aos mais poderosos produtores e banqueiros para tirar dos pobres e dar aos muito ricos. Para compensar, a massa era acalmada, com bolsas-tudo, acesso ao consumo através da armadilha do crédito barato e empregos fugazes.

Em toda parte, o modelo brasileiro de corrupção foi exportado, somando-se às já conhecidas práticas locais. A maior diferença era de escala e de concentração: nunca ninguém conseguiu roubar tanto com tão poucos envolvidos.

Jorge Bergoglio acompanhou isso tudo passo a passo e foi um dos mais conhecidos críticos a Néstor Kirchner.

Ganhou fama de direitista na Argentina, agravada pelo episódio dos jesuítas colaboradores de grupos armados de esquerda que foram sequestrados e torturados durante o regime militar.

A pecha de delator foi recuperada por ex-montoneros antes que Cristina Kirchner mandasse o pessoal parar com a loucura de falar mal de um argentino eleito papa. Nessa ordem de importância, claro.

"Conservamos sobre Néstor e eu disse: sabe o que acho que aconteceu com vocês, Jorge? (Porque eu o chamo de Jorge quando conversamos e não Sua Santidade e ele, obviamente, me chama de Cristina). No fundo acho que a Argentina era um país pequeno demais para vocês juntos", escreveu a ex-presidente do livro Sinceramente, usando dos recursos de narcisismo terminal, falsa intimidade, manipulação grotesca ou pura invenção de fatos.

Por que o papa recebeu uma política com esse tipo de caráter e boicotou o quanto pode seu substituto, Mauricio Macri?

De forma geral, podemos dizer que está no sangue. Bergoglio não consegue se desvincular da ideia do "rouba mas faz". Influenciado pela opção preferencial pelos pobres, cujas dificuldades acompanhou intensamente como arcebispo, acaba colocando no pacote a preferência opcional pelos corruptos ou seus representantes.

Francisco podia ter se esquivado de um encontro como o registrado no ano passado pela foto acima. Escolheu deliberadamente receber os três personagens e falar com eles durante uma hora.

O ex-ministro Celso Amorim foi um dos participantes. Saiu de lá com um bilhete escrito a mão pelo papa em agradecimento ao livro enviado por Lula. As cortesias se multiplicaram na recente carta.

Se Francisco achasse justas as sentenças por corrupção ao apenado de Curitiba, certamente não usaria os termos escolhidos. E um católico criminoso que implorasse uma palavra de conforto ao papa, primeiro teria que pedir perdão pelos pecados cometidos.

Os outros participantes do encontro do ano passado foram o ex-senador chileno Carlos Omamani e Alberto Fernández, ex-ministro da Casa Civil de Néstor Kirchner.

Como num clássico tango argentino, a fila rodou rápido. Ironicamente, Fernández é agora o candidato a presidente ungido por Cristina Kirchner.

Numa manobra maquiavélica ou mefistofélica, ainda falta algum tempo para saber, Cristina resolveu convocar o homem de confiança do falecido marido, reservando para si um modesto papel de candidata a vice-presidente.

Todo mundo sabe o que Néstor Kirchner fez. E quem tiver alguma dúvida pode consultar os Cadernos das Propinas escritos pelo motorista que transportava os infindáveis sacos e malas cheios de milhões de dólares enviados por empresários bonzinhos que só queriam ajudar o presidente a pensar no bem do povo e na felicidade da nação.

Vários desses empresários estão recolhidos atualmente ao sistema prisional argentino. Políticos também.

Será que o papa acredita que um presidente Aníbal Fernández é um ínclito que fará um governo responsável?

Carlos Omamani, o ex-senador chileno, só se enrolou em doações irregulares feitas por uma grande mineradora. Mas o delito já prescreveu e ele disse que "vai se arrepender para o resto da vida".

O ex-senador foi militante na juventude do Movimento de Esquerda Revolucionária, o MIR. O grupo armado queria fazer uma revolução à cubana no Chile e ajudou a criar o caos que impulsionou o golpe de estado do general Pinochet.

Em 1989, remanescentes ideológicos do MIR sequestraram o brasileiro Abílio Diniz, libertado na véspera do segundo turno entre Lula e Fernando Collor.

O ex-senador chileno adotou Marco Enríquez-Ominami Gumucio depois que se casou, no exílio, com a mãe dele. O pai biológico é Miguel Enríquez, criador do MIR, morto em 1974, logo depois do golpe. Marco criou um novo partido de esquerda depois de ter 20% dos votos na eleição presidencial de 2009.

Da mesma forma que escolhe quem vai receber e para quem vai escrever ou mandar rosários, o papa escolhe quem não vai receber.

Atualmente, esse é um assunto importante na Itália: se e quando o papa vai se encontrar com Matteo Salvini, o ministro do Interior que está engolindo adversários e aliados.

Os dois, obviamente, se detestam. Salvini saiu do campo restrito da Liga Norte, um partido secessionista, para se tornar o político mais importante do país unicamente com base no fechamento dos portos aos migrantes que continuam a chegar, embora em menor número, de países africanos.

Uma das maiores causas abraçadas pelo papa Francisco é a abertura irrestrita de fronteiras de todos os países para todos os que queiram entrar, independentemente de restrições econômicas ou de segurança.

O papa também acha que os recém-chegados têm direito a bolsa-imigrante, alojamento, celular, importação de familiares e outros benefícios.

No último comício antes das eleições para o Parlamento Europeu, das quais saiu fortalecido, Matteo Salvini beijou o crucifixo do terço que sempre leva no bolso (embora se reconheça como "o último da fila dos cristãos") e invocou a proteção de Nossa Senhora da Imaculada Conceição para si mesmo e para toda a Itália.

E trolou o papa, fazendo uma referência em que a simples menção do nome de Francisco provocou vaias.

Vários representantes do Vaticano surtaram. Paolo Parolini, que é a segunda personalidade mais importante, como secretário de Estado, denunciou o "risco de abuso de símbolos religiosos".

O jesuíta Bartolomeo Sorge tuitou que a Itália que vota na Liga "não é mais cristã".

"Olhem o que escreve este teólogo. Só falta que alguém peça minha excomunhão. Avante, com fé, respeito e humildade", respondeu Salvini, sem nenhum risco de ter, pelo menos, as duas últimas virtudes.

Esta é a situação existente no momento, resultado do envolvimento direto do papa em questões políticas e de dúvidas religiosas que desperta: a direita detesta o papa e a esquerda o exalta; a ala mais conservadora o considera ambíguo ou até herético e a turma da teologia da libertação o recebe como um profeta.

Fiéis perdidos ou confusos ficam no meio, sem entender por que Francisco um dia faz o discurso mais forte já vindo de um papa contra o aborto, comparando-o a contratar um pistoleiro de aluguel, e no outro exorta os católicos a abrir as portas a todos os que queiram morar em seus países.

Numa longa entrevista a uma vaticanista mexicana, o papa argentino se descreveu como "conservador", embora concordando com a tese da jornalista de que vem caminhando para o outro lado desde que foi eleito para a Santa Sé.

Terminou falando, com profundo e comovente sentimento, da crueldade do mundo onde tantas mulheres são humilhadas, exploradas, abusadas ou assassinadas.

O lado A de Francisco tem uma força enorme, de fé e comprometimento. O lado B ainda acredita, tristemente, no "rouba mas faz".
Herculano
31/05/2019 08:33
O JORNALISMO DA NSC - QUE SUCEDEU A RBS - COME POEIRA E PERDE PARA O "NOTÍCIAS DO DIA", DE FLORIANóPOLIS. ELE DIVULGA A LISTA DE PRESOS DA OPERAÇÃO ALCATRAZ SONEGADA INCLUSIVE PELA POLÍCIA E RECEITA FEDERAIS

QUEM É O GOLIAS E O DAVI NESTA HISTóRIA EM QUE SE TRANSFORMOU O JORNALISMO CATARINENSE DEPOIS QUE A RBS O TRANSFORMOU NUM NEGóCIO MONOPOLIZADO?

Os sete presos preventivamente são o ex-secretário adjunto de administração do governo do Estado, Nelson Castelo Branco Nappi Júnior; a advogada Michelle Oliveira da Silva Guerra; o servidor da secretaria de Administração, Danilo Pereira; o fundador da empresa Intuitiva Digital Solutions, Maurício Rosa Barbosa; a mulher de Maurício e sócio administradora da Intuitiva Digital Solutions, Flávia Coelho Werlich; o representante da empresa DigitalNet, Fabrício José Florêncio Margarido; e o ex-presidente da Epagri, ex-prefeito de Ituporanga, Luiz Ademir Hessemann.

Entre os presos temporários, estão o servidor público da Secretaria de Administração, Luiz Carlos Pereira Moroso; o analista de tecnologia de informação e comunicação da Epagri, Renato Deggau; o gerente de projetos da secretaria de Administração, Edson Nunes Devicenzi; o ex-gerente de tecnologia da informação e governança eletrônica da Secretaria da Agricultura e Pesca, Fábio Lunardi Farias.
Herculano
31/05/2019 07:40
NEM A GALINHA DECOLOU, editorial do jornal O Estado de S. Paulo

Até um crescimento sem fôlego seria bem-vindo num país assolado pelo desemprego, mas nem isso os desempregados, subempregados e desalentados tiveram no primeiro trimestre do novo governo.

Até um voo de galinha, um crescimento sem fôlego, seria bem-vindo num país assolado pelo desemprego, mas nem isso os desempregados, subempregados e desalentados tiveram no primeiro trimestre do novo governo, quando a economia encolheu 0,2%, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). A atividade continuou fraca em abril e em maio, desanimando empresários e consumidores e derrubando as previsões para este ano. Até o governo cortou sua previsão. Com a confirmação oficial do péssimo começo, o ministro da Economia, Paulo Guedes, falou sobre a liberação de dinheiro do PIS-Pasep e do FGTS. Um sinal, enfim, de um empurrãozinho nos negócios e no emprego? Nada disso, por enquanto. Só depois de aprovada a reforma da Previdência, disse o ministro. Se essas torneiras forem abertas "sem as mudanças fundamentais", explicou, o resultado será um voo de galinha. E os vinte e tantos milhões de desocupados e marginalizados do mercado de empregos?

Terão de esperar, porque o ministro e seus colegas de governo parecem pouco preocupados com essa gente. Ou, no mínimo, pouco atentos a detalhes do dia a dia, como as condições para comprar comida, remédios, sabonetes e também passagens para ir em busca de ocupação ou até a uma entrevista de emprego.

Tudo se passa, em Brasília, como se só o longo prazo importasse. De fato, crescimento duradouro só se alcança com previsibilidade, confiança, investimentos produtivos, educação e treinamento. A reforma da Previdência é importante para criar um horizonte mais claro. Mas as pessoas precisam comer no curto prazo. Além disso, até um voo de águia depende de um impulso inicial.

Por que deixar esse impulso para depois de aprovada a reforma? Para manter a sensação de urgência, como se os mais de 13 milhões de desempregados e milhares de empresários em risco de quebra fossem usados como reféns?

Nem mesmo um pequeno impulso moveu a economia nos primeiros três meses. Nesse período, o Produto Interno Bruto (PIB) foi 0,2% menor que nos meses de outubro a dezembro de 2018, quando a produção, já se arrastando, avançou apenas 0,1%. Os sinais de otimismo em relação ao novo governo logo se dissiparam.

O presidente se manteve ocupado com estranhas prioridades, como armas e mudança da embaixada em Israel. Ministros se atropelaram ou se meteram em confusões, faltou coordenação no Executivo, a base parlamentar falhou e a equipe econômica se concentrou em assuntos de longo prazo, como se o País, sem milhões em condições dramáticas, pudesse esperar as grandes mudanças institucionais.

Sem recursos e sem confiança, as famílias consumiram apenas 0,3% mais que no trimestre final de 2019. Consumidores em condições melhores poderiam ter dado um impulso a mais à produção. Nesse quadro de estagnação interna e exportações travadas, a indústria de transformação produziu 0,5% menos que no trimestre imediatamente anterior. Poderia ter tido um desempenho muito melhor, sem dificuldade, porque o setor trabalha com cerca de 30% de capacidade ociosa. Poderia também ter oferecido mais empregos - e empregos formais.

Com ampla capacidade ociosa, o setor empresarial teria pouco estímulo para investir em máquinas, equipamentos e obras, especialmente diante de um horizonte opaco. O governo, sem dinheiro e enrolado em confusões, pouco poderia contribuir para a formação de capital fixo. Somados esses fatores, o investimento foi 1,7% menor que no trimestre final de 2019. Investir em infraestrutura será crucial para um crescimento duradouro, mas para isso será preciso avançar em licitações e em mobilização de capital privado.

A aprovação da reforma da Previdência, embora essencial, será insuficiente para prover o impulso necessário à movimentação da economia. Ao anunciar a liberação de recursos para as famílias, o ministro Paulo Guedes parece endossar esse ponto de vista. Seria melhor ?" e mais humano ?" antecipar esse impulso. Além disso, o presidente ajudará se der atenção às questões mais prementes, parar de agir por impulso, deixar as picuinhas, tuitar menos e começar a governar para todos os brasileiros.
Herculano
31/05/2019 07:38
ÁGUA NA FERVURA, por Merval Pereira, no jornal O Globo

Bolsonaro foi cândido num encontro recente com políticos ao prometer mudar de comportamento

As manifestações de ontem, convocadas por lideranças estudantis e de partidos de esquerda para protestar mais uma vez contra os cortes de verba na educação, foram menores que as anteriores, assim como seriam menores as de apoio ao presidente Bolsonaro, se convocadas em tão curto espaço de tempo.

Não tem sentido essa disputa permanente pelo espaço público entre oposição e bolsonaristas, enquanto o país sofre com o aumento do desemprego, a queda da economia e a absoluta falta de confiança dos investidores na segurança jurídica das decisões que forem eventualmente tomadas.

Nenhum dos dois lados em disputa é hegemônico no momento, e será preciso um grande acordo nacional para sairmos do buraco em que governos petistas nos colocaram. O presidente Bolsonaro parece ter entendido a situação calamitosa, diante da realidade do dinheiro público encurtando a cada momento.

Mesmo tendo sido vitorioso o suficiente no domingo, ele chamou os presidentes dos dois outros poderes para um encontro em que combinou um pacto de líderes em torno de objetivos comuns, como a reforma da Previdência, a melhoria da educação, a atuação mais eficiente da Justiça.

Fora o fato de que o Judiciário não tem o que fazer na parte do pacto em que o apoio às reformas é o objetivo, a união de todos é bem-vinda, e seria bom que se comportassem como adultos nessa disputa de poder em que se envolveram Legislativo e Executivo.

A eleição de figuras políticas heterodoxas como Bolsonaro aqui e Trump nos Estados Unidos, com todas as diferenças entre os dois líderes e os dois países, leva a uma polarização política que deságua na vontade de lutar pelo impeachment do incumbente. Como os democratas estão fazendo abertamente nos Estados Unidos, e como já começa a tatear a oposição por aqui.

Cabe ao presidente jogar água na fervura, e o estilo belicoso de fazer política tanto de Bolsonaro quanto de Trump não ajuda nada. Bolsonaro parece ter entendido, e está empenhado no momento em uma aproximação política.

Disse que é muito bom ter o Judiciário junto aos esforços para o apaziguamento político do país, e o presidente da Câmara, deputado Rodrigo Maia, pediu que não se visse maldade onde não houve, referindo-se à graça desastrada feita por Bolsonaro ao dizer que sua caneta Bic tem mais tinta que a de Maia.

De engraçado na frase, apenas a despretensiosa caneta Bic, que ganhou uma propaganda de graça, e dá um toque popular ao presidente. Um homem comum, que sai do Palácio, e atravessa a rua para abraçar um comediante.

Tudo indica que, para além das ruas, os Poderes estão se compondo. Bolsonaro foi cândido num encontro recente com políticos ao prometer mudar de comportamento. Descobriu, confessou, que não pode falar tudo o que quer, nem fazer o que lhe passa na cabeça em termos políticos.

Parece ter entendido que, assim como venceu as eleições calado, sem ir aos debates, devido ao atentado que sofreu, pode governar calado. Calado no caso não significa amordaçado, pois mesmo fora do combate direto nos palanques e nos debates, Bolsonaro fez discursos e pronunciamentos à distância que ajudaram a consolidar sua vitória. E governar calado não significa voto de silêncio obsequioso, mas evitar polêmicas inúteis e, portanto, desnecessárias.

Seus ministros mais ideologicamente mobilizados se inspiram no espírito bélico que Bolsonaro insuflava até agora. Foi o que aconteceu ontem com o ministro da Educação, Abraham Weintraub, que, a pretexto de terçar armas com os estudantes, ameaçou professores e alunos que foram às passeatas.

E gravou um vídeo ridículo, tentando imitar Fred Astaire no filme "Cantando na chuva" para contestar o que classificou de "chuva de fake news". Se as redes sociais pararem de ser alimentadas pelas intrigas do filho vereador, e do filósofo at large, entraremos em um ambiente político favorável ao entendimento, que no momento significa a aprovação da reforma da Previdência.
Herculano
31/05/2019 07:14
MENOS PIB, editorial do jornal Folha de S. Paulo

Atividade econômica encolhe no 1º trimestre e prenuncia resultado fraco no ano

Equipes fazem busca por corpos de vítimas do desastre provocado pelo rompimento da barragem da mina Córrego do Feijão, em Minas Gerais; tragédia teve influência no resultado do PIB

Longe de se recuperar da retração de 2014-16, a atividade econômica voltou a encolher no primeiro trimestre deste 2019, conforme se divulgou nesta quinta-feira (30).

A queda de 0,2% deve reduzir mais as projeções para o Produto Interno Bruto do ano. A crise argentina e a catástrofe de Brumadinho avariaram a indústria; o mau tempo prejudicou a agricultura.

Entretanto o drama em comum no ciclo recessivo e na exasperante estagnação posterior é a míngua dos investimentos ?"as despesas privadas e públicas em infraestrutura, moradias, novas instalações produtivas, máquinas e equipamentos, que caíram pelo segundo trimestre consecutivo.

Estão hoje ainda em patamar 27% abaixo do observado cinco anos antes, um recuo trágico e ainda pouco compreendido. Economistas debatem as causas dessa crise de gravidade peculiar, por alguns chamada de depressão.

Qualquer que seja a conclusão da controvérsia, fato é que o investimento público declina sem a compensação do dispêndio privado. Há empresas que não desembolsam porque o nível de ociosidade se mostra historicamente alto; outras, por falta de confiança em relação ao cenário futuro.

Alternativa de estímulo à economia, a concessão de obras e atividades em infraestrutura, como rodovias, portos e aeroportos, ainda aguarda iniciativa mais concreta do governo Jair Bolsonaro (PSL).

O consumo das famílias cresce, embora lentamente, acompanhando a também tímida recuperação da massa dos rendimentos do trabalho. Fala-se agora em liberar mais dinheiro das contas do FGTS, o que seria um paliativo.

Do depauperado setor público não se deve esperar contribuição. Ao contrário, temem-se novos cortes de gastos até o final do ano. Tampouco se conta com algum aumento de exportações.

Resta o investimento empresarial ?"encalacrado, no entanto, pelo tumulto político e por problemas recorrentes nas áreas regulatória e tributária, por exemplo.

De mais construtivo, o governo pode deixar de lado conflitos inúteis, articular a aprovação de reformas legislativas e destravar o programa de privatizações.

Seria indevido atribuir à atual administração maior responsabilidade pelo fiasco do PIB do início do ano, porém já se teme mais um resultado ruim ou medíocre no trimestre em curso. Daqui em diante, os prejuízos adicionais estarão debitados na conta de Bolsonaro.
Herculano
31/05/2019 07:01
A LISTA DE PRESOS DA OPERAÇÃO ALCATRAZ

Eu recebi 14 listas diferentes de presos na operação Alcatraz, da Polícia e Receita federais realizada ontem em Santa Catarina.

Vieram pelo whattsapp de políticos, assessores e gente que gravita em torno deles em Florianópolis.

Ambas, PF e RF, não divulgaram nenhuma lista, apenas confirmaram por obviedade, dois nomes.

O que isso mostra? A falta de transparência da PF e Receita para com o cidadão e à sociedade naquilo que faz. Pode ser interpretado como um abafa aos nomes de famosos e esquemas de poderosos. Isso abre oportunidade para desconfianças da operação em si, seus resultados e à legitimidade de tudo isso.

Em operações similares em Curitiba, São Paulo, Rio de Janeiro, Brasília e outras cidades brasileira, esconder o nome das pessoas presas não aconteceu contra a sociedade. Afinal, é uma ação pública e estava à vista de todas. O que quer se esconder?

Resultado de tudo isso, além das dúvidas permanentes sobre o que a Polícia Federal e a Receita Federal estão fazendo contra supostos erros de gestores políticos e agentes públicos - o que trabalha contra a própria PF e Receita - todos os políticos e agentes públicos estão metidos numa mesma balaia e se inserem em listas fakes.

No fundo, a PF e a Receita, sabem que o jornalismo de Santa Catarina, mas especialmente o de Florianópolis, não possui fontes, pior do que isso, não possui autonomia e está na mesma barca dos políticos.

Em São Paulo, Curitiba, Rio de Janeiro e Brasília, mesmo que a PF e a Receita não divulgassem nada, a investigação das redações já teriam apurado, com acerto esses nomes, obrigando à PF e a Receita, a desmentir ou confirmá-los.

Entenderam a falência do jornalismo que a RBS empreendeu em Santa Catarina com o monopolismo dos principais veículos de comunicação? A NSC, sua sucessora, feita de egressos da RBS, ainda não conseguiu se libertar dessas amarras, muito menos a saída da RBS estimulou os seus concorrentes que sobraram no mercado a fazer um jornalismo diferenciado.
Herculano
31/05/2019 06:40
FGTS ALIVIA, MAS PROBLEMA É QUE BRASIL FICOU COM FOBIA DE INVESTIR, por Vinicius Torres Freire, no jornal Folha de S. Paulo

Fundo ajuda um tico no consumo, mas falta investimento, o público em especial

Quando a água bate nas costas, para não dizer outra coisa, até economista ultraliberal inventa um modo de estimular o consumo. Ou, como disse o ministro Paulo Guedes (Economia), de modo pitoresco e característico, dá-se um jeito de fazer uma "chupeta na bateria" arriada do PIB (carregar provisoriamente uma bateria de carro).

No caso, o estímulo viria do dinheiro da liberação de saques nas contas do FGTS e do tutu esquecido no Pis/Pasep. Como disse Guedes e como sabe qualquer motorista que já ficou a pé com uma bateria nas últimas, "chupeta" dura pouco. É gambiarra. Mas estamos pifados em uma rua escura e sinistra. Vale.

Como se soube nesta quinta-feira, o Pibinho voltou a encolher no trimestre e pode não avançar muito mais do que 0,5% neste 2019, metade do crescimento insignificante do ano passado (1,1%).

Quanto vale o show dos saques do FGTS e do Pis/Pasep?

Depois da notícia do Pibículo, ouvia-se gente a dizer que os saques poderiam ser de 30% das contas ativas, o que renderia uns R$ 120 bilhões. É delírio ou rolo. O patrimônio líquido do FGTS era de R$ 104 bilhões em setembro de 2018 (segundo o último balancete trimestral disponível).

Patrimônio líquido é a diferença entre haveres (investimentos, aplicações financeiras, caixa) e obrigações (os depósitos nas contas dos trabalhadores, no grosso). Mas o Fundo não pode torrar essa "sobra" e, muito importante, do seu caixa sai dinheiro para financiar casas, saneamento e transporte (neste ano, R$ 78,6 bilhões).

O FGTS tem muito investimento de médio e longo prazo; não dá para mexer aí. Se torrar aplicações financeiras, pode haver descasamento de entradas e saídas de dinheiro (crise de liquidez); com um saque grande, a receita também vai cair.

Além do mais, um saque maciço vai limitar o dinheiro disponível para financiamentos a custo baratinho de obras de interesse popular. Por falar nisso, o governo já pensava em usar mais dinheiro do FGTS a fim de pagar os subsídios do Minha Casa Minha Vida, programa à míngua porque o governo está no osso. Por fim, a receita líquida do FGTS em 2018 foi 60% menor do que em 2014 (em termos reais).

Quem entende das finanças do FGTS diz que é difícil tirar mais do que R$ 20 bilhões dessa cartola. No Pis/Pasep restariam uns R$ 20 bilhões ?"o povo esqueceu de buscar, não sabe o que é ou já se foi desta vida. Vai esquecer de novo, em parte. No fim das contas, essa "chupeta" deve render menos que aquela do FGTS de Michel Temer.

O dinheiro pode dar uma animadinha no consumo, breve, mas benvinda. Mas há problemas de base: 1) consertar a economia ("reformas"), solução de médio prazo; 2) estimular o investimento em infraestrutura e moradias, porque o resto vai demorar: as empresas estão ociosas e/ou com medo do futuro e de estagnação crônica da economia, para nem falar da baderna política e administrativa que é o governo de Jair Bolsonaro.

O investimento em infraestrutura (estrada, esgoto etc.), moradias, máquinas e instalações produtivas caiu pelo segundo trimestre consecutivo. Ainda está 27% abaixo do que era no começo de 2014. A construção civil caiu 29% nesse tempo. É uma depressão horrenda.

O investimento público em obras cai sem parar, por falta de dinheiro e incompetências do governo. Investimento privado em concessões de infraestrutura virá, com alguma sorte e muita competência do governo, em fins de 2020.

No curto prazo, é preciso ter alguma outra ideia.
Herculano
31/05/2019 06:33
TOFFOLI TEM APELO CONTRA ANIQUILAMENTO DE CPIS, por Cládio Humberto, na coluna que publicou hoje nos jornais brasileiros

Após silêncio do ex-ministro Antônio Palocci na CPI do BNDES, garantido por habeas corpus do Supremo Tribunal Federal (STF), mais um, a deputada Paula Belmonte (Cidadania-DF) apelou ao presidente da Corte, ministro Dias Tofffoli, para reduzir a interferências que aniquilam comissões parlamentares de inquérito. Palocci foi convocado para explicar o esquema corrupto que roubou dinheiro do BNDES.

DIÁLOGO ABERTO

Toffoli se colocou à disposição para discutir a questão com integrantes da CPI do BNDES. Sinalizou com eventual redução das interferências.

AJUDA PROVIDENCIAL

Ainda nesta quinta (30), Belmonte pediu ajuda ao presidente Jair Bolsonaro. O presidente garantiu apoio do BNDES na investigação.

CORRUPTO DEBOCHADO

Deputados ficaram incomodados com a atitude de Palocci, corrupto confesso. Acham que a intenção dele era apenas debochar da CPI.

CPIS PATINAM

As CPIs do BNDES e de Brumadinho não avançam nas investigações porque os acusados, na Lava Jato ou na Vale, têm a proteção do STF.

BOLSONARO FEZ MENOS DECRETOS QUE LULA E FHC

Apesar de fake news divulgado nesta quinta (30) por um "Pacto pela Democracia", acusando Jair Bolsonaro de atropelar o Legislativo com 148 decretos e afirmando que ele supera Lula e FHC, a verdade é bem diferente. Entre 1º de janeiro e 30 de maio, o atual presidente assinou menos decretos do que os ex-presidentes citados. Lula assinou 154 decretos no mesmo período, enquanto o tucano FHC baixou 149.

CONTINUAÇÃO DO CRIME

Apesar da personalidade autoritária, Dilma Rousseff editou 66 decretos nos entre janeiro e maio de 2011, primeiro ano no Planalto.

PIOR QUE NAPOLEÃO

O ex-presidente petista assinou 17 medidas provisórias, entre janeiro e maio de 2003, algumas compradas, e 32 no mesmo período de 2007.

DISCURSO X PRÁTICA

Levando em conta as medidas provisórias, FHC enviou 33 ao Congresso, em cinco meses. Bolsonaro editou 14, até agora.

COMUNICAÇÃO INSUFICIENTE

A comunicação da reforma da Previdência se intensificou, mas falta muito. Prova é levantamento Paraná Pesquisas revelando que 43,7% dos brasileiros acreditam que a reforma beneficiará os mais ricos.

ME ENGANA QUE EU GOSTO

Em Brasília, cancelaram aulas para que mais de 80.000 professores e alunos de escolas públicas e da Universidade de Brasília protestassem contra Bolsonaro. Mataram aulas e trabalho, mas só 1.500 apareceram.

CHAMEM A MARÍLIA

Há quinze dias, a oposição levou 10 mil às ruas de Brasília contra o governo e no domingo 20 mil pessoas o defenderam. Enquanto isso, a cantora Marília Mendonça, nem contra ou a favor, levou 50 mil.

PARA ALÉM DE PATINETES

Além da trapalhada nos patinetes, a secretaria de Transportes de São Paulo se esforça para perder o patrocínio de R$20 milhões anuais do Bradesco para a ciclofaixa. Negócio já oferecido por uma empresa de organização de tráfego, com amigos da secretaria, ao aplicativo Uber.

MALAS DA ANAC

A Anac, que liberou a cobrança de bagagens afirmando que o preço das passagens ia cair, agora quer vetar proibição aprovada pelo Congresso falando em "concorrência" e "transparência". Anrã...

SEM MEDO DE CARA FEIA

Advogado experiente, o governador do DF, Ibaneis Rocha, mostra que não tem medo de procuradores. Ele mandou abrir o local onde se faz o fumacê, essencial no combate ao mosquito. Foi fechado pelo Ministério Público do Trabalho, por não estar "em conformidade" com a lei, enquanto Brasília contava 21 mortos pela dengue somente em 2019.

CIVILIDADE PROIBIDA

A patrulha não perde tempo e ataca os deputados Kim Kataguiri (DEM-SP) e Marcelo Freixo (PSOL-RJ), de matizes diferentes, por terem sido vistos conversando no plenário da Câmara.

QUE VERGONHA

Autoproclamados "artistas" de Brasília protestam contra a decisão do governo do DF de direcionar recursos da Cultura à reforma para reabrir o Teatro Nacional, fechado há 5 anos. Eles exigem dinheiro para eles.

PENSANDO BEM...

...em vez de otimizar o uso dos patinetes, há prefeituras criando dificuldades para vender facilidades às empresas que os exploram.
Herculano
31/05/2019 06:24
BOLSONARO É INTELIGENTE? por Helio Schwartsman, no jornal Folha de S. Paulo

Atos do presidente suscitam dúvidas se ele tem uma estratégia pensada ou não

Bolsonaro, afinal, é inteligente ou não? Ele estabelece objetivos e se vale de uma estratégia pensada para alcançá-los ou apenas vai se posicionando meio caoticamente diante das questões que se lhe apresentam? As opiniões se dividem.

Um bom argumento pró-inteligência é o de que ele venceu a eleição mais disputada do país. Velhas raposas da política, algumas com lustrosos títulos acadêmicos, já tentaram e fracassaram.

Admito que o presidente fez coisas certas durante a campanha, mas desconfio um pouco do uso de resultados discretos como métrica de capacidades individuais. O acaso e outras forças que não controlamos são muito mais decisivos para o desfecho de eventos do que nossas mentes fascinadas por comando estão prontas a admitir.

No caso em tela, não me parece despropositado afirmar que, em 2018, o que vimos foi mais o PT perdendo a eleição do que algum candidato a vencendo. Bolsonaro beneficiou-se de ter a imagem de ser o que de mais afastado do PT existia, além de, devido à facada, ter sido poupado de apresentar suas ideias e submetê-las a escrutínio.

Já os que advogam pela vacuidade presidencial apontam como prova principal a gratuidade das polêmicas em que ele se envolve. Via de regra, são questiúnculas com as quais ele tem pouco a ganhar e muito a perder.

Concordo em parte. A desnecessidade dos ataques bolsonaristas é de fato chocante, mas os defensores da hipótese de vida inteligente têm uma resposta fácil: a aparente superfluidade é parte da estratégia; o presidente é tão inteligente que está sempre alguns lances à frente dos que tentam interpretá-lo. Até que surja um momento no qual se possa carimbar o governo como definitivamente fracassado, não há como refutar essa possibilidade.

Isso vale só no plano teórico. No mundo real, quando vejo os despautérios presidenciais, fica difícil acreditar que sejam mais do que simples despautérios.
Herculano
30/05/2019 20:46
ATRASADO E PRESSIONADO, DEPUTADO JULIO GARCIA, PSD, SE POSICIONA EM TRÊS LINHAS

Surpreendido por uma operação policial na manhã de hoje, o presidente da Assembleia Legislativa, deputado Julio Garcia, informa que desconhece inteiramente as razões pelas quais teve seu nome envolvido nas investigações.

Assim que tiver acesso e conhecimento integral dos autos e analisá-los, prestará todas as informações necessárias.
Herculano
30/05/2019 19:11
OPERAÇÃO ESTREMECE MEIOS POLÍTICOS DE SC, por Cláudio Prisco Paraíso

A prisão de 11 pessoas e o cumprimento de 42 mandados de busca e apreensão ontem [quinta-feira] de manhã, em Santa Catarina e São Paulo, gerou um verdadeiro terremoto nos bastidores da política catarinense.

Como a Polícia Federal não divulga nomes, nem dos detidos preventiva ou temporariamente, ocorreu um verdadeiro tsunami de especulações, fofocas e fake News.

O fato é que ex-secretários de estado, empresários e agentes públicos foram alvo do trabalho dos policiais e também de agentes da Receita Federal. Advogados também estão no epicentro do trabalho policial.

Batizada de Alcatraz (que foi uma famosa prisão em uma ilha no Litoral da Califórnia, EUA, próximo a São Francisco), a operação foi originada em investigações que se iniciaram em 2017 para averiguar fraudes em licitações e desvio de recursos públicos.

Segundo a PF, foram detectados crimes de corrupção ativa e passiva e lavagem de dinheiro.

Pivô

As investigações começaram mirando empresários responsáveis por prestação de serviço de mão de obra terceirizada e do ramo de tecnologia para o Poder Público.

Abalo

Ainda é muito cedo para avaliar abalizadamente os reflexos políticos da operação. Um dos mandados foi cumprido na residência do presidente da Assembleia, Júlio Garcia, um dos políticos mais articulados e experientes de Santa Catarina. Ele não compareceu ao Legislativo ontem. Seus advogados e assessores buscam informações sobre a operação para que ele se manifeste.

Lacuna

É compreensível que a PF não divulgue nomes nem dê muitos detalhes sobre suas operações, mas o outro lado da moeda é perverso. Dá margem a todo tipo de especulação e informações falsas. Ainda mais na era da rede social!
Herculano
30/05/2019 19:00
AO MENOS UMA AÇÃO NECESSÁRIA FOI TOMADA DE FORMA RÁPIDA E SURPREENDENTE. UM DOS PRESOS DESTA QUINTA-FEIRA FOI DEMITIDO DA ASSEMBLEIA, SEM SE ESPERAR PELA FORMALIZAÇÃO DA CULPA TÃO COMUM NO AMBIENTE POLÍTICO. FALTOU, NO ENTANTO, O PRóPRIO PRESIDENTE DA ALESC EXPLICAR A RAZÃO DA BATIDA DA POLÍCIA FEDERAL NAS SUAS RESIDÊNCIAS. TRANSPARÊNCIA SELETIVA

Esta é a nota oficial da Assembleia Legislativa de Santa Catarina.

A Assembleia Legislativa, por meio da Diretoria de Comunicação Social, informa que o evento policial ocorrido hoje não tem como foco o Poder Legislativo de Santa Catarina.

Um mandado de busca e apreensão foi cumprido nesta manhã [quinta-feira] no prédio administrativo da Avenida Mauro Ramos, onde foram vistoriados e apreendidos documentos e equipamentos eletrônicos, de uso do diretor de Tecnologia, Nelson Nappi, investigado no inquérito.

Por determinação do presidente, deputado Julio Garcia, o diretor foi exonerado do cargo no dia de hoje [quinta-feira].

Até o presente momento a Assembleia Legislativa não teve acesso a informações mais precisas a respeito do inquérito ou sobre o teor das acusações. Mas está atenta e à disposição das autoridades para que o caso seja esclarecido no menor espaço de tempo possível.
Miguel José Teixeira
30/05/2019 17:55
Senhores,

Qual o nome desses tipos de manifestantes?
Respostas para Curitchiba, por favor.

Em Brasília, 80.000 deixam de trabalhar para protesto onde estiveram só 1.500.

Protesto em dia de batente é velho recurso para faltar ao trabalho.

Militantes políticos, sindicalistas e até professores e estudantes participaram nesta quinta-feira (30) de "protesto pela educação" em várias cidades e contra o contingenciamento de 3,4% verbas públicas para universidades federais. No governo Dilma Rousseff (PT), o contingenciamento chegou a 9,5%, mas as entidades representativas de alunos e docentes, aparelhadas pelo PT e PCdoB, não promoveram protestos.

Em Brasília, os 31 mil professores da rede pública cancelaram o dia de trabalho, deixando em casa quase meio milhão de alunos, e o mesmo aconteceu na Universidade de Brasília (UnB), onde mais de 50 mil alunos e professores faltaram às aulas a pretexto de participar do protesto.

Do total de 81 mil pessoas que faltaram ao trabalho e às aulas a pretexto do protesto, apenas cerca de 1,5 mil estavam na Esplanada dos Ministérios no auge do protesto, gritando palavras de ordem contra o governo. Isso significa que 98,2% dos alunos e professores que faltaram as aulas não apareceram.

Tem sido inúteis os esclarecimentos do Ministério da Educação (MEC) em relação ao bloqueio, que, ao contrário do que afirmam os manifestantes, correspondem a 3,4% do total das chamadas despesas discricionárias, não obrigatórias. Esses 3,4% correspondem a 30% das despesas discricionárias.

O MEC afirma também que do total previsto para as universidades federais (R$ 49,6 bilhões), 85,34% (ou R$ 42,3 bilhões) são despesas obrigatórias com pessoal (pagamento de salários para professores e demais servidores, bem como benefícios para inativos e pensionistas) e não podem ser contingenciadas.

(fonte: Diário do Poder, hoje)

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