POLÍTICOS DISPUTAM A MORIBUNDA SAÚDE DE GASPAR. JOGOS, - Jornal Cruzeiro do Vale

POLÍTICOS DISPUTAM A MORIBUNDA SAÚDE DE GASPAR. JOGOS,

27/02/2018

Na coluna feita especialmente para edição impressa de sexta-feira do jornal Cruzeiro do Vale, o mais antigo, o de maior circulação em Gaspar e Ilhota, mostrei como há duas sessões na Câmara, o médico e o político de primeira viagem – mas que parece ser muito antigo nas práticas dos velhos hábitos, inclusive no gesto que fez para ser presidente da Casa– Silvio Cleffi, PSC, preparava uma emboscada para o seu então amigo, o que o introduziu na política, o evangélico da mesma igreja, o prefeito eleito, Kleber Edson Wan Dall, MDB.

Não deu outra. Na sessão seguinte, a de terça-feira passada, Silvio completou a jogada: tomou a palavra por primeiro. Surpreendeu e propôs na Câmara um “pacto” de sete itens básicos (na ilustração dele próprio na sua rede social) para “salvar” a Saúde Pública de Gaspar.

Estranhamente, foram muitas das “ideias” e interferências do próprio Silvio na área, como médico e na troca para dar a maioria apertada a Kleber na Câmara, que testadas ou praticadas, ajudaram a colocar a Saúde Pública de Gaspar no caos onde está metida hoje.

Mais estranho e se estabelecendo na incoerência, mais uma vez, o “pacto” com sete pontos principais, proposto pelo doutor Silvio é denominado ironicamente “unindo forças”. Só “une” os novos amigos, vereadores da oposição a Kleber? Ai, ai, ai.

Eu poderia terminar esta análise por aqui diante da esperteza evidente, do jogo para a plateia, da enganação para as redes sociais candidatando-se a herói ou secretário paralelo de Saúde, ou do favorecimento e defesa da guilda corporativa.

Mas é preciso ir adiante.

Está clara, a má intenção, a vingança, a chantagem do doutor Silvio ao poder de plantão, ex então seu aliado, e naquilo que o doutor Silvio como médico mais conhece: a dor, o sofrimento, a desassistência para quem está doente, está à procura de esperança, principalmente feita de gente pobre, desinformada e dependente do serviço público onde está o próprio médico (ou político?) Silvio como clínico geral e cardiologista (veja a nota, abaixo, no Trapiche), que é.

Pelo gesto inusitado que tomou unilateralmente, o médico Silvio cedeu ao político Silvio; deixou-se quedar à fraqueza humana de todos nós ao poder e à pequenez, que as vezes, sem querer, nos metemos ao desfraldar bandeiras da salvação.


PACTO MANCO

Vou repetir a frase do político mineiro Tancredo de Almeida Neves, PSD, escrita no artigo de sexta-feira para o doutor Silvio, cuja chamada nas redes sociais era, “Vereador vai para a oposição e renega o discurso quando era governo”: “Quando a esperteza é muita, vira bicho e ela come o dono”.

Mas de que lado você está Herculano? Do governo Kleber que não funcionou até agora ou do doutor Silvio que tem uma proposta salvadora?

Respondo para que não haja dúvidas deste ponto em diante: dos doentes, dos fracos, dos desassistidos, dos que são usados nessa “guerra” que se perde em vaidades de políticos, partidos, grupos de interesses e erros de gente que não usa o Sistema Público de Saúde em Gaspar e em qualquer outro lugar. Ou quando usa, se estabelece em privilégios, furando a fila, como mostrei recentemente aqui.

Vamos por partes.

O que é pacto? É um ajuste, um contrato, uma convenção entre duas ou mais partes ou pessoas. Então o presidente da Câmara, de um poder, que é fiscalizador, propõe um “pacto” com a Saúde pública tocada e de responsabilidade de outro poder, a prefeitura, mas convida só os seus, que concordam com esse teatro? Excluiu a outra parte, a que pertence ao atual governo e seus ex-aliados dentro da própria Câmara?

Como assim? O “pacto” é entre os sete de oposição ou é da Câmara como um todo, a qual o doutor Silvio representa como presidente? É o nós contra eles? E na propaganda que o doutor Silvio monta na sua rede social para se dar bem, ele diz estar “unindo forças”? Hum!

Ora, pacto verdadeiro, por um líder natural, precederia à uma negociação interna no próprio Legislativo; depois, afinados, se estabeleceria à negociação entre a Câmara e a prefeitura.

Ajustados, finalmente, as duas partes - Executivo e Legislativo -, que foram eleitas num processo legítimo - uma para fazer e outra para fiscalizar – anunciariam à cidade, aos cidadãos e cidadãs, que diante da gravidade e da crise, uniram forças e ideias, para livrar a Saúde Pública de Gaspar da UTI onde está metida pelos próprios políticos nos seus erros. E se comprometeriam as prioridades, os objetivos, bem como metas de resultados e transparência. Simples assim. Então qual a razão da polêmica com o sofrimento alheio e dos mais fracos?

Escrevi: “quando a esperteza é muita, vira bicho e ela come o dono”. E não deu outra!

Franciele Daiane Back, PSDB do MDB, foi a primeira a reclamar na tribuna e perguntar que “pacto” é esse que não a incluiu e a surpreendeu. E aí sucederam os demais, menos o suplente José Ademir Moura, do mesmo PSC de Silvio e que está no lugar do mais longevo dos vereadores, José Hilário Melato, PP, no fundo, o causador de toda essa confusão quando deixou de assinar a ata de outro “pacto”: o da sucessão da presidência da Câmara.

Até chegar a melhor de todas as intervenções da terça-feira passada. Nela o doutor bem letrado, autor do “pacto” foi posto no bolso pelo vereador de poucas letras, mas inspirado e autêntico na sua simplicidade, Evandro Carlos Andrietti, MDB. Andrietti, vejam só, foi o que há três sessões já havia feito o desafio de “união” dos vereadores pela causa da Saúde.

Ou seja, o doutor Silvio não foi o primeiro na Câmara, não foi original, não foi autêntico e nem sincero na proposta que fez como sendo sua, pois nem unir a Câmara em torno do tema foi capaz. Mas, tem chance de se redimir e pode começar na sessão de hoje.

O “pacto” que o doutor Silvio inventou se baseia em sete pontos: medicamentos, consultas, especialidades, exames, prestação de contas trimestral da secretaria e do hospital, programas de suportes a Atenção Básica e acompanhamento dos Postos de Saúde.

Ou seja, no fundo, tornou a Câmara uma secretaria de Saúde. Se não funcionar do jeito que quer – o mais provável -, joga a culpa no novo secretário da Saúde, no prefeito, na prefeitura. Se funcionar, leva os louros políticos e se esbalda até para suceder o seu criador político, o próprio prefeito de plantão. Ensaio já fez e ganhou na Câmara quando venceu as eleições da mesa diretora.

Uma coisa deve-se reconhecer. No jogo construído pelo doutor Silvio, ele deu um banho de comunicação na comunicação torta e precária da prefeitura, a fazedora de “press release”.

Entretanto, o presidente da Câmara, Silvio Cleffi, PSC, está cuidando do cercado dos outros, e descuidando do seu próprio terreiro. Ele foi eleito no dia 20 de dezembro do ano passado. Até terça-feira passada, dois meses depois, portanto, não foi capaz de fazer uma só reunião com a mesa diretora, onde é ele e mais três. Hum!


UM JOGO DE FORÇAS, APENAS

Primeiro: o doutor Cleffi foi às redes sociais se mostrar vítima do problema no qual é parte desde o início do governo Kleber, como mostrei várias vezes aqui neste espaço e fui malhado por isso. Impulsionado nos acessos, foram, nas palavras dele, mais de nove mil visualizações e centenas de interações, o “que o levou a tomar a iniciativa para propor soluções”, como se isso tivesse realmente ao seu alcance ou fosse da sua alçada.

Isso só mostra apenas como o tema Saúde pública na UTI pegou, e que o doutor Silvio foi esperto, apoderou-se do tema. Por outro lado, mostra como o governo Kleber e os seus estão fragilizados, a reboque daquilo que deixaram se avolumar os problemas que os embrulham.

Segundo: Silvio não está mirando numa solução de verdade para a Saúde Pública de Gaspar ou com olhar holístico. Está construindo uma polêmica, estabelecendo-se no embate político e se posicionando em alguns pontos na defesa corporativa médica. Nada mais!

De verdade? O doutor Silvio e a dita oposição majoritária estão calculando a possibilidade de um eventual sucesso do novo secretário de Saúde, o prefeito de fato, Carlos Roberto Pereira, bem como a possível contrariedade de alguns interesses seus que poderão estar em jogo com o novo secretário, pois Silvio se bandeou para a oposição para ser presidente da Câmara, quebrando “pactos” com a sua ex-base.

Então, o doutor Silvio fez às pressas uma proposta política e de propaganda pessoal que denominou de “pacto”; obteve a adesão dos seis vereadores da oposição (PT, PDT e PSD) que o elegeram presidente; excluiu ou “esqueceu” do tal “pacto” os ex-vereadores aliados e que em minoria defendem o governo de Kleber e Pereira. Com isso, deixou bem claro a força que estava criando para interferir no Executivo, além do que é permitido regimentalmente pela Câmara. Nem mais, nem menos.

O doutor Silvio está posicionado neste “jogo de xadrez” do poder político. Ninguém duvida disso e boa parte nem é contra isso. Entretanto, usar o sofrimento alheio é algo temerário: ”Quando a esperteza é muita, vira bicho e ela come o dono”.

E se o Kleber e o novo secretário na Saúde não se cuidarem, vão ser engolidos no discurso, atitudes e resultados pelo doutor Silvio e seus novos aliados. Quem criou essa situação onde o presidente da Câmara quer dar as cartas no governo de Kleber se não o próprio governo Kleber pela inércia com o assunto e ao ter dado ouvidos ao próprio doutor Silvio naquilo que não funcionou? Então vai ter que embalá-la. Como escrevi, o vereador Silvio era é um “fiel” perigoso. Continua. E agora, manhoso.

Surpreendidos, perdidos e ainda tentando achar o caminhão da mudança que os levava, os vereadores da base de Kleber e Pereira protocolaram um ofício pedindo a inclusão deles no tal “pacto”, e colocaram pontos que acham importante fiscalizar ou mudar na rotina da Saúde Pública. Está na Ordem do Dia da sessão de hoje.

Pediram para incluir a fiscalização dos médicos no cumprimento dos contratos e horários, bem como a produtividade desses profissionais. É comum se alegar nos postinhos, policlínica e até no pronto atendimento do Hospital, falta de médicos, médicos que não chegam e que chegam atrasados, ou que atendem pouco. E aí teve gente que já se arrepiou. Os vereadores de Kleber pediram para fiscalizar a quantidade de consultas no ambulatório do Hospital, bem como as cirurgias eletivas que foram contratadas e realizadas pelos prestadores contratados.

Como se vê, além dos sete pontos do “pacto” propostos pelo doutor Silvio, os vereadores do governo querem verificar o que consideram vulnerável: a pontualidade, a quantidade e a qualidade da prestação de serviços pelos médicos e clínicas à população. Terá tensão. Essa tentativa de controle com os médicos é coisa que eles não aceitam. E não é de hoje. No tempo do PT até inventou-se horas extras, sem serem feitas, para dar mais rendimentos a eles.

Voltando. E precisava disso, uma emenda ao “pacto” original do doutor Silvio?

Um presidente e líder de um poder, “autor” de uma ideia (já provada não ser o pioneiro, ao menos na tese de união dos vereadores), ao ver os seus opositores surpreendidos, enfraquecidos e até, abatidos com a sua manobra, deveria abrir-se para o gesto de acolhimento e rendição deles, incluindo verdadeiramente de pronto, todas as forças da Câmara. Eliminaria às dúvidas do seu propósito que transpareceu com a apresentação do tal “pacto” marqueteiro.

Ao contrário, o doutor Silvio, ajudado pelos vereadores que o cercam e exigem fidelidade dele, continuou a esticar a corda.


EU TENHO A FORÇA

A certa altura, o presidente da Câmara afirmou que não foi procurado pelos que se queixavam de estarem fora do “pacto”. Reclamou da solidão do seu gabinete. Ora, mas quem está propondo um “pacto” se não o próprio presidente da Câmara? Assim, como ele procurou os seus novos “companheiros” para a adesão da sua ideia, por que não fez o mesmo com os demais? Faltou a grandeza próprio dos líderes ou deliberadamente, como pareceu, fez um ensaio político de poder. Sobrou falta de sensibilidade, transpareceu esperteza, malícia e cartas marcadas. Como dizia Tancredo: Quando a esperteza é muita, vira bicho e ela come o dono”.

Ser presidente da Câmara não significa exigir a submissão de quem não votou no presidente ou ser submisso a quem lhe deu o poder – o PT, PDT e o PSD. Foi essa percepção, aliás, que derrotou Franciele, a marcada por Kleber para ser a presidente da Casa. Quando assumiu, sem campanha de compromissos, Silvio mesmo assim prometeu diálogo, transparência... Mudou?

Duas cenas na sessão da Câmara de terça-feira passada são simbólicas da falta de preparo do presidente e à negação do discurso que fez após a vitória.

A primeira foi a de não conceder aparte a um vereador no seu pronunciamento de apresentação do “pacto”. Aceitável e permitido pelo Regimento Interno.

Entretanto, como presidente, Silvio aparteou informalmente, ou seja, interrompeu, com insistência, sem a autorização de quem fazia o pronunciamento questionando a parcialidade da sua iniciativa; interferiu indevidamente no discurso do vereador Francisco Solano Anhaia, MDB, na tribuna. Inaceitável e não permitido pelo Regimento Interno. É uma formalidade; e um rito para serem seguidos, obrigatoriamente. É uma questão de exemplo. Simples assim.

A outra, foi a de permitir a manifestação com ares de intimidação de militante, a partir da plateia em discurso de vereador. Um perigoso, precedente. Afinal, Silvio é presidente de um poder, e não de um grupo de “novos” amigos que votou nele.

E para encerrar.

A Saúde Pública de Gaspar está um caos. É pública a todos e constrangedora essa situação para o governo de Kleber. Sempre escrevi isso. Fui ridicularizado. O resultado está aí. Quem vai precisar de votos é quem está ou quer o poder. Mas quem precisa de Saúde e atendimento são as pessoas, os eleitores, os pobres, os mais fracos, os doentes. Eles estão sendo usados, mais uma vez, nessa guerra particular de vaidades e revanchismo partidário e até eleitoral.

Ao invés dessas jogadas rasteiras entre políticos, o melhor seria mesmo um pacto, mas de verdade. Entretanto, até o momento, os nossos políticos parecem não possuírem essa grandeza. Remoem o passado. Arrumam culpados. E são incapazes de olharem o presente e o futuro de seus eleitores e da população.

Ou seja: o problema é de todos e a solução também deveria ser. Em Gaspar, todavia, estamos debatendo sobre uma divisão entre poderes, políticos e partidos. E os doentes? Desassistidos! Vergonha. Aqui, o que já ia mal, piorou, porque o MDB fez as suas escolhas erradas.

Resumindo: ao invés dos políticos se unirem pela população mais empobrecida, divididos, mais uma vez, estão arrumando culpados nos outros, quando todos têm a sua parcela culpa.

Agora, o novo secretário de Saúde está numa sinuca de bico: não entende do assunto e não tem direito de errar. E a corporação médica já deu recados via o presidente da Câmara, o médico, Silvio Cleffi. Que “pacto” é esse?

Concluindo. Gaspar tem na prática três prefeitos: o eleito Kleber Edson Wan Dall, MDB, o de fato Carlos Roberto Pereira, presidente do MDB e o que quer (e pode diante das circunstâncias) mandar nos dois, Silvio Cleffi, PSC. Já os doentes continuam na fila para serem atendidos e a espera de medicamentos básicos Acorda, Gaspar!



TRAPICHE

A crise da Saúde é nacional e não é de hoje. Piorou nos governos do PT, da esquerda do atraso como o PCdoB, PDT, PSB e seus sócios gigolôs do poder, incluindo o próprio MDB, PSD, PP, PR, PRB...

O governo de Luiz Inácio Lula da Silva e Dilma Vana Rousseff preferiu estádios superfaturados, até em locais onde não há futebol, mas há miséria de toda sorte. E por que e para que o PT fez essa escolha quando no poder? Para forrar a si e aos seus sócios. É o que mostra a Lava Jato.

Resumindo, os governos do PT no âmbito Federal fizeram uma opção e não foi pelos pobres, doentes, ignorantes, analfabetos e desinformados – seus eleitores prediletos - como bem explica Luiz Carlos Prates, no vídeo acima, retirado de um comentário seu para o SBT SC. O tema é auto-explicativo.

E aqui em Gaspar não foi diferente. Veja o discurso da esclarecida, ex-vice-prefeita Mariluci Deschamps, PT, na terça-feira passada, fazendo coro ao “pacto” que excluía parte da Câmara, num jogo de política barata.

A “nova” aliada de Silvio, repetiu o discurso torto e enganoso de sempre. Para ela, o governo do MDB de Adilson Luiz Schmitt, fechou o Hospital e “nós, o de Pedro Celso Zuchi, PT, reabrimos”. A advertência de “quando a esperteza é muita, vira bicho e ela come o dono”, serve para ela também.

É mentira! Já esclareci várias vezes e farei isso eternamente. Coisa própria do PT. Cria narrativas para se estabelecer num contexto próprio e falso. Lida com a falta de memória e a mansidão fraca dos cidadãos. Neste caso, sou testemunha da própria história. E a versão de Mariluci pegou porque não foi enfrentada pelo próprio MDB que agora paga o preço dessa omissão contra a história e a vingança que fez contra Adilson. Só isso!

Quem fechou o Hospital de Gaspar? Foi o Conselho do Hospital. Ninguém mais! Não havia outra alçada para isso, pois o Hospital era autônomo. Ele não era da prefeitura e nem estava sob intervenção como hoje.

O Hospital como entidade e prédio estavam podres. Não havia dinheiro para quase nada. Os médicos temiam trabalhar nele.

A Acig tocada na época por Samir Buhatem - e eu fazia parte da comissão de reconstrução do Hospital-, a Bunge por meio do seu então presidente, Sérgio Roberto Waldrich, sem dinheiro público, sem partidos, com a comunidade e empresários, sem o aval dos médicos que torciam pelo desastre total, reconstruíram fisicamente o Hospital, enquanto o Conselho gerenciava a grave situação financeira.

Desafio alguém contar uma história diferente.

Na hora de reabri-lo, todos caíram na cilada e lábia do PT, e aí, me separei do grupo da reconstrução pois sabia o que se estava fazendo contra o futuro do Hospital e da comunidade. Nem apareci na inauguração da reforma do prédio. O resultado está aí na cara de todos.

O governo do PT de Pedro Celso Zuchi prometeu a sustentabilidade do Hospital e obteve a liberação dele para a reabertura antecipada – sem a devida sustentabilidade econômica - do grupo da reconstrução e liderado por Waldrich.

Ao invés da sustentabilidade financeira mínima, vieram as propositais desconfianças de roubo dos outros no Hospital. E por que? Porque o PT não tinha comando no Conselho, na gestão, mas tinha a obrigação de repassar recursos da prefeitura para pagar os serviços prestados pelo Hospital ao município.

Veio o golpe. Decretou-se o estado de calamidade na Saúde. Fez-se à intervenção. O PT tomou o Hospital como um negócio e emprego dos seus. Deletou a gestora especializada, a mesma que o MDB de Kleber fez a pedido dos seus entendidos, como do grupo político de apoio que não aparece e diz entender dessa área, bem como dos corporativos, como Silvio Cleffi.

Resumindo: o Hospital, na receita do PT e adotada pelo MDB de Kleber, Pereira e o vice-prefeito Luiz Carlos Spengler Filho, PP, sobrinho do médico João Spengler, virou um sumidouro de dinheiro público e escasso dos gasparenses. Esse dinheiro está faltando nos postinhos, policlínica e farmácia e deixa a gestão Kleber na lona neste assunto.

E os “ladrões”? Nunca pegaram e apontaram. Não havia, certamente e se havia, encobriram. Havia, na verdade, discurso e a estatização de algo que não se sabe de quem é. Ou alguém pode responder de quem é o Hospital de Gaspar?

O Hospital de Gaspar é um desmoralizador contumaz de administradores hospitalares afamados na região, exatamente por tirar outros famosos e hoje referência, da UTI devido à má gestão, sem foco, sem vocação ou com problemas estruturais.

Aqui, nada dá certo. O último, Wilson Alberti Santin é afilhado indicado pelo vereador Silvio Cleffi, PSC. A prova da interferência política do vereador na Saúde de Gaspar no governo Kleber, cujo caos ele quer colocar totalmente no colo de outros.

Nos discursos dos vereadores na terça-feira passada ficou claro que há uma penca, e não é pequena, de “doações” de recursos para o Hospital ou a saúde de Gaspar. Tudo patrocinada por deputados estaduais e federais dos quais os vereadores são cabos eleitorais e estarão nas ruas em outubro por eles, exatamente para os não atendidos nos postinhos, policlínica e farmácia básica.

Apesar dessas “doações” rubricadas dos políticos usadas para campanha política e que na verdade são os nossos impostos, a Saúde de Gaspar continua na UTI. O que adianta dezenas de desfibriladores, outros equipamentos, ala nova no Hospital ou até UTI, ambulâncias, construção de postinhos se falta o essencial para a recuperação da saúde de uma pessoa: gente especializada e remédios para atender os doentes?

O Hospital é uma prova viva disso. Foi remodelado, reconstruído, mas só come dinheiro e não atende os doentes. O que está deficiente é a gestão e as prioridades. Nenhum médico está sem receber plantões, sobreaviso, honorários etc. Mas, as queixas de falta de médicos é recorrente. As filas e as esperam não deixam dúvidas quanto a isso. É só percorrer os postinhos, a policlínica, a farmácia básica e a rede social onde o doutor Silvio posa de herói.

Aliás, o PSD que está aliado com o PT, PDT e o presidente Silvio Cleffi, PSC, neste “pacto” do nós contra eles, teve um governador que está saindo para se candidatar a senador, Raimundo Colombo, como o pior exemplo na área da Saúde. Então todos têm culpa e obrigações na solução.

Colombo fez uma contabilidade criativa contra os municípios. Enganou os hospitais filantrópicos, como deveria ser o de Gaspar. Na propaganda aceitou dar mais de 12% para a Saúde. Na hora da verdade, recorreu à Justiça para voltar atrás. Triste!

Realmente, como se demonstra até aqui, é necessário um pacto, e unindo todos pelos mais fracos e doentes. Não do jeito como foi ou está proposto.

Outra. Quantos casos de supostos erros médicos ou reparações aconteceram contra o Hospital depois que ele está sob a intervenção municipal? Quem vai pagar isso? Os gasparenses? E o hospital se chama de Nossa Senhora do Perpétuo Socorro. O que é perpétuo, pelo visto, são os problemas.

E a última. O médico Silvio Cleffi, pediu exoneração da obrigação de clinicar especialidade de cardiologista na Policlínica municipal. Sabia que não tinha mais como ir adiante nesse faz de conta. A política está tomando o lugar do médico.

O caso estava fugindo ao controle e poderia parar no Ministério Público. Ficou apenas com o emprego para atender como clínico geral no postinho do Bela Vista. Ali ainda poderá fazer política com o seu reduto eleitoral. Acorda, Gaspar!

 

Edição 1840 - Terça-feira

Comentários

Herculano
01/03/2018 15:19
AMANHÃ É DIA DE COLUNA OLHANDO A MARÉ INÉDITA, ESPECIAL PARA A EDIÇÃO IMPRESSA DO MAIS ANTIGO E MAIOR JORNAL DE CIRCULAÇÃO EM GASPAR E ILHOTA
Mariazinha Beata
01/03/2018 14:51
Seu Herculano;

"Um relatório do Banco Mundial acaba de ampliar a sórdida herança legada pela dupla Lula e Dilma. Segundo o documento, divulgado nesta terça-feira, o país vai demorar 260 anos para alcançar o nível dos países desenvolvidos em Leitura e 75 anos em Matemática.

Faz sentido. O viveiro de 12 milhões de analfabetos elegeu em 2002 e reelegeu em 2006 uma cabeça baldia. O ex-presidente condenado a 12 anos e 1 mês de cadeia acha leitura "pior que exercício em esteira". Em 2010, a maioria do eleitorado instalou na Presidência um neurônio solitário e reincidiu na maluquice em 2014. Num vídeo famoso, a ex-presidente despejada pelo impeachment revela que "treze menos quatro dá sete".
Comentário de Robes Mendes no Blog UAI.

Deu no que deu. "O Brasil ficou parecido com Lula em Leitura e é a cara de Dilma em Matemática."(Augusto Nunes, veja in line, 01/03/18) E a mentirosa da Mariluci fica no meio.
Bye, bye!
Anônimo disse:
01/03/2018 13:57
Herculano, Lula pensa que é rei, com poderes absolutos. Pensa que é o nosso Luiz XIV. Vai mandar quem o condenou para a guilhotina. Mas Lula é apenas um Napoleão de hospício.
Erva Doce
01/03/2018 13:42
Oi, Herculano

O texto de Mario Sabino é de alma lavada.
Sabes bem a sensação.
Herculano
01/03/2018 13:12
da série: PT, especialmente, mas os políticos de em geral, mentem, mudam a história para se tornarem os únicos capazes.... Aqui em Gaspar é o caso da Ponte do Vale, fechamento e reabertura do Hospital, o Instituto Federal...

LULA LAVOU DINHEIRO, MAS NÃO VAI LAVAR A VERDADE, por Mário Sabino, ex-editor da Veja, e hoje em O Antagonista.

Lula disse à Folha que nunca houve outro presidente que tenha tratado a imprensa com tanta "republicanidade" e deferência quanto ele.

Mentira acintosa.

Lula tentou criar um "Conselho Federal de Jornalismo", para os petistas controlarem a imprensa, ponto fundamental para o seu projeto de poder.

Lula quis expulsar o jornalista americano Larry Rohter, correspondente do New York Times no Brasil, porque ele fez uma reportagem sobre as bebedeiras do presidente petista.

Lula criou uma rede de blogs sujos, pagos com dinheiro público, para atacar veículos e jornalistas independentes.

Lula cortou publicidade estatal na Veja e na editora Abril, porque a revista revelou os podres do mensalão petista e as negociatas envolvendo o seu filho.

Eu, Mario, fui indiciado pelos meganhas de Lula no episódio do dossiê dos "aloprados", porque defendi jornalistas da Veja que estavam sendo intimidados na sede da PF em São Paulo, depois de terem chegado muito perto das digitais do chefão numa reportagem publicada pela revista. Passei anos como o único indiciado nesse episódio vergonhoso. Hoje se sabe que o dossiê fajuto foi pago pela Odebrecht.

No início deste site, Lula, o chefe da Orcrim, e o seu advogado engomadinho tentaram me levar para uma delegacia, sob a acusação de que O Antagonista era uma "associação criminosa".

O corrupto Lula é também um lavador de dinheiro, mas não vai lavar a verdade.

Que vá tomar muito Whey na cadeia.
Bolsa estudo-esquerda
01/03/2018 12:31
ESQUERDA RACISTA

Universidade Federal de Santa Catarina adota tribunal racial neoapartheidiano.

Seguindo a nova tendência do "racismo do bem" adotado pela esquerda universitária, UFSC retoma tribunal racial para seleção de cotistas. De acordo com o próprio site da universidade, a seleção é feita de acordo com a aparência do candidato, ou seja, a metodologia não diverge em nada quando comparada ao que os mercadores de escravo faziam, porém sem o véu politicamente correto.

Além de ser um julgamento de viés extremamente racista, a comissão de julgamento racial é composta por elementos externos à universidade, o que é condenável, pois trata-se de um movimento independente interferindo no uso de impostos federais. É assombroso uma instituição acadêmica que se diz a favor da tolerância usar a mesma metodologia de nazistas para selecionar seus futuros alunos, isso apenas escancara a hipocrisia dos supostos justiceiros sociais, que criam distorções ainda piores que as presentes em nossa sociedade. Claramente, ao adotar apenas o fenótipo como critério, nega-se o passado do candidato, isso é, uma enorme contradição para quem adota o falho argumento da dívida histórica.

Vale lembrar que racismo é crime inafiançável e imprescritível, portanto devemos cobrar do ministério público a imediata prisão dos integrantes desses tribunais racistas.


http://noticias.ufsc.br/2018/02/alunos-classificados-pelas-cotas-sociais-e-raciais-realizam-validacao-da-autodeclaracao-na-ufsc/
Sidnei Luis Reinert
01/03/2018 12:20

quinta-feira, 1 de março de 2018
Denúncias sobre como Temer beneficiou JBS podem gerar "Intervenção Militar" no Executivo e Legislativo?


Edição do Alerta Total ?" www.alertatotal.net
Por Jorge Serrão - serrao@alertatotal.net

Comandante em chefe das Forças Armadas, Michel Temer pode ser tirado do poder, por um pedido da presidente do Supremo Tribunal Federal, Cármen Lúcia, através de uma Intervenção Militar, com base no artigo 142 da Constituição? Quem aventou tal hipótese, em um vídeo gravado, foi o Senador Randolfe Rodrigues, da Rede. Ele gravou um áudio de 1min 15 segundos, revelando o teor da conversa que tivera com 7 senadores, no Cafezinho do Senado. Randolfe fez uma grave denúncia contra Temer ao Tribunal de Contas da União:

"Não vejo que vai acontecer golpe de Estado. O que pode acontecer é a Cármen Lúcia chamar as Forças Armadas, fechar o Congresso e convocar eleições gerais. A situação é realmente grave. O Temer vazou até a taxa selic para a JBS, antes da reunião do Copom, do Banco Central. E a JBS ganhou muito dinheiro com swap cambial. Eles tiveram acesso à informação privilegiada e ganharam bilhões, bilhões de reais".

A gravação do Senador Randolfe adverte: "A República realmente caiu hoje. Temer não fica, Rodrigo Maia vai para a cadeia. Provavelmente o Eunício de Oliveira, presidente do Senado, está implicado, vai virar réu. Crise institucional à frente... Eu acredito que o caminho é eleições... Deixa o povo decidir esta merda... Fazer esta cagada... Vamos ter que ter novas eleições... Não tem jeito".

Michel Temer tomou ontem uma violenta pancada verbal do General de Exército Hamilton Mourão ?" durante e depois da cerimônia oficial de saída do militar do serviço ativo para a reserva. Temer adoraria e tem plena condição institucional para pedir uma punição contra Mourão. Só falta coragem ao Presidente e disposição do seu ministro do Gabinete de Segurança Institucional, Sérgio Etchegoyen, de aprovar a "vingança".

Mourão foi direto na crítica: "As pessoas hoje entram na política não para servir, mas para ser servido, esse é o recado ?" disse, em referência ao seu discurso. Se nós não mudarmos a moral do nosso regime, nosso país não vai ter futuro". Mourão pregou que a solução para o regime político passa pelo voto da população e pelo Judiciário que, na visão dele "tem que fazer o papel dele e expurgar da vida pública aquelas pessoas que não tem condições dela participar". Mourão incluiu Temer na bronca.

Ficou claro que Mourão sai da ativa do EB para mergulhar na campanha presidencial de Jair Bolsonaro ?" que já aparece na dianteira de muitas pesquisas eleitorais. O problema é se realmente apenas adianta apoiar Bolsonaro, e apostar em eleições inseguras e fraudáveis, antes de limpar a casa e adequar as instituições, sem realizar a necessária, urgente e imprescindível "Intervenção Institucional.

O recado de Mourão foi dado hoje cedo logo após a sua cerimônia de despedida do Exército, realizada ontem de manhã no Salão de Honras do Comando Militar do Exército. A tendência é que Temer nada faça por temer (desculpe o trocadilho infame) uma reação mais dura das Legiões.

Também está claro que, com a Intervenção Federal no Rio de Janeiro, os militares estão fazendo aproximações sucessivas. Na avaliações de oficiais da ativa, na reserva ou reformados, a "conjuntura nacional está caminhando a nosso favor. Veja detalhes da saideira do General Mourão no link do site A Verdade Sufocada - mantido pela Joseíta, viúva do Coronel Carlos Alberto Brilhante Ustra, um padrinho do Mourão. Clique aqui...

O mais patético é que Temer já ensaia discursos de candidato à reeleição. "Eu peguei o País em uma recessão profunda. E, em nove meses de governo, conseguimos acabar com a recessão, reduzimos juros e a inflação ?" o que tudo mundo já sabe". Temer prega sua marca serão as reformas: "Eu reformei o País e apliquei um programa que foi alcançado muito antes de eu atingir o governo".

Temer avisa que está bem de saúde (melhor do que antes) e que vai partir para cima... Só falta combinar com o Judiciário e, eventualmente, com os militares - a maioria deles insatisfeita com o Presidente, embora não possam falar abertamente...
Herculano
01/03/2018 10:22
DEPOIS DE DOIS ANOS EM RECESSÃO CRIADA PELO PT, ESQUERDA DO ATRASO E SEUS SóCIOS NO ROUBO, INCOMPETÊNCIA E CORRUPÇÃO, INCLUINDO O MDB, PP, PSD ENTRE OUTROS, BRASIL VOLTOU A CRESCER NO ANO PASSADO DIZ IBGE

FOI O MELHOR ANO DA AGROPECUÁRIA DESDE 1996

Conteúdo do jornal Folha de S. Paulo. Texto de Mariana Carneiro e Nicola Pamplona, da sucursal do Rio de Janeiro. O setor agropecuário fechou 2017 com a melhor contribuição para o PIB desde 1996, início da atual série de contas nacionais do IBGE.

Em 2017, a economia brasileira registrou crescimento de 1%, abaixo do esperado por analistas.

No ano, o crescimento registrado pelo setor agropecuário foi de 13%. No quarto trimestre, porém, quando as principais lavouras já foram vendidas, o setor ficou estável. O setor contribuiu com 70% do crescimento do PIB no ano passado.

O desempenho positivo se deve principalmente à agricultura - a lavoura de milho cresceu 55,2% no ano e a de soja, 19,4%.

As vendas externas dos produtos do setor agropecuário ajudaram no desempenho positivo do comércio exterior, registrado no PIB. As exportações cresceram 5,2%. As importações cresceram menos: 5%.

Já no último trimestre do ano, a balança pendeu para as compras externas, refletindo maior dinamismo do mercado doméstico. Em relação ao terceiro trimestre, as exportações caíram 0,9% e as importações cresceram 1,6%.
Miguel José Teixeira
01/03/2018 08:58
Senhores,

Idelinútil fazendo crochê???
Huuummm. . .será que nossa gloriosa Linhas Círculo, visionária, estava por trás do título de "Cidadã Honorária Gasparense" conferido à ela?
Ainda há tempo de rever tal descalabro. . .
Batman
01/03/2018 08:56
e a segurança em gaspar que vem maltratando a margem esquerda e os bairros do arraial e lagoa, quando o senhor vai falar?
Herculano
01/03/2018 07:56
A CONSTITUIÇÃO COMO FATOR DE INSTABILIDADE FISCAL, por Everaldo Maciel, ex- titular da Receita Federal, no jornal O Estado de S. Paulo

Estamos diante do desafio inédito de desafiar o Estado patrimonialista

A reverência à Constituição, pedra basilar do Estado Democrático de Direito, não pode servir de pretexto para desconhecer os problemas associados à Constituição de 1988. A Assembleia Constituinte, instituída por força de emenda constitucional, pretendeu assumir competências próprias de uma constituinte exclusiva e originária. Assim, por exemplo, proclamou cláusulas pétreas, insusceptíveis de alteração por emenda constitucional, como se fosse uma assembleia pentecostal guiada pelo Espírito Santo.

Sua concepção exibe um curioso contraste: de um lado, há uma prodigalidade de princípios carentes de regras, muitas vezes em razão de uma recorrente mora legislativa; de outro, especificamente na matéria tributária, um furor analítico que torna o texto constitucional assemelhado a uma instrução normativa.

Desta contrastante combinação decorrem ativismo judicial e propensão ao litígio, que subsidiam uma perturbadora insegurança jurídica, minando a capacidade de administrar o Estado e o ânimo privado para investir. Destaquei alguns exemplos, no campo fiscal, de impropriedades na Constituição de 1988.

O pensador italiano Michelangelo Bovero, em entrevista ao jornal Valor (12.9.2014), assinalou, apropriadamente, que direitos sociais com repercussão orçamentária são apenas benefícios, cuja concretude demanda a existência de recursos.

Como o prosaico princípio da escassez não é matéria constitucional, o que se vê, notadamente na área da saúde, é uma profusão de litígios judiciais, cuja resolução exige recursos que não existem e fixa prioridades sem o necessário respaldo técnico.

Na matéria orçamentária abundam desacertos. Não consigo imaginar as razões que levaram os constituintes a sancionarem o bizarro conceito de orçamento da seguridade social.

Conseguimos a proeza de dificultar a compreensão dos déficits previdenciários e, simultaneamente, estressar os gastos com a saúde pública, em um dramático contexto de exacerbação da demanda por esses serviços.

A bem-intencionada proposta de instituição de orçamentos autônomos para os Poderes da República converteu-se, infelizmente, apenas em instrumento para concessão de privilégios remuneratórios e construção de suntuosos edifícios.

A também bem-intencionada tese de emendas à proposta orçamentária (artigo 166, § 3.º, III, a, da Constituição), a pretexto de corrigir "erros ou omissões", até hoje, serviu tão somente para fundamentar uma pouco criteriosa expansão de receitas destinadas, quase sempre, ao financiamento de "emendas parlamentares", que expandem o gasto público, deformam o precário federalismo fiscal e, não raro, constituem fonte de corrupção.

Essas disfunções orçamentárias se acentuam ainda mais porque não se logrou aprovar a lei complementar para disciplinar as finanças públicas, conforme prevê o artigo 165, § 9.º, da Constituição.

Passados quase 30 anos da promulgação do texto constitucional, a matéria orçamentária segue governada por obsoletas regras instituídas em 1964.

O federalismo fiscal é insubsistente. Incapaz de estabelecer critérios com mínima racionalidade na partilha de receitas públicas, a Constituição foi também claudicante na discriminação dos encargos públicos.

O parágrafo único do artigo 23 da Constituição remete à lei complementar o disciplinamento da cooperação entre os entes federativos no que concerne às políticas públicas, sem que se conheça sua correspondente discriminação.

Os problemas suscitados neste artigo, entretanto, não autorizam concluir que seu autor defende a convocação de uma assembleia constituinte.

Consideradas as circunstâncias políticas atuais, creio provável que se consiga produzir algo muito pior do que o atual texto constitucional.

Opcionalmente, no âmbito de uma iniciativa revisional, poderiam ser implementadas mudanças estratégicas, inclusive uma "lipoaspiração" como bem assinalou o ministro Nelson Jobim no Fórum Estadão (27.2.2018). Não convém, todavia, subestimar as forças reacionárias de índole corporativa.
Herculano
01/03/2018 07:28
EMBARGO FLAGRA NORUEGA POLUINDO A AMAZôNIA, por Cláudio Humberto, na coluna que publicou hoje nos jornais brasileiros

O embargo do Ibama às operações na Amazônia da Norsk Hydro, na exploração de bauxita, expôs a hipocrisia norueguesa quando o assunto é meio-ambiente. Dono de 43,8% da empresa, o governo da Noruega adora fazer pose de compromissos ambientalistas, mas no Pará ignorou até as recomendações do Ministério Público Federal e do governo para reduzir a produção de resíduos na mina, provocando vazamento de poluentes e desmatamento. Agora está embargada.

OLHA A HIPOCRISIA
Além de desmatar e poluir mundo afora, a Noruega mata baleias sem piedade. O governo fixou "cota" de matança de mil baleias por ano.

FARSA REVELADA
A farsa norueguesa virou matéria da agência alemã Deutsche-Welle sobre a poluição dos mares do Ártico, na exploração de gás e petróleo.

PALAVRAS AO VENTO
A ampliação das atividades no Ártico aumentaria em 50% as emissões de gás carbônico na Noruega, violando inclusive o Acordo de Paris.

ENGANADORES
Até no bacalhau eles enganam: mandam para o Brasil a variedade mais ordinária, processada na China para explorar a mão de obra local.

É MAIS CARO VIAJAR PARA ARAGUAÍNA (TO) QUE MIAMI
A exploração sem limites dos clientes de companhias aéreas registra absurdos inexplicáveis. Não há lógica no assalto. Nesta terça (27), uma passagem de ida e volta da Latam entre Brasília e Araguaína (TO), por exemplo, custava R$3.834, enquanto a mesma empresa cobrava R$3.301 pelo voo para Miami. Cerca de 950km separam as duas cidade, enquanto a distância para Miami é seis vezes maior: 5.800km.

CHAMEM O LADRÃO
Para voar Rio-Ilhéus a Gol cobrava na terça R$2.592, quase o mesmo (R$2.630) do trecho Rio-Paris, pela TAP, 9 vezes mais distante.

O PODER DO LOBBY
A Gol arrancou nota vexatória do Ministério da Justiça dizendo não ser "ilegal" explorar clientes cobrando para marcar assentos.

LIBERDADE PARA EXPLORAR
A alegação cínica da Anac que no Brasil há "liberdade tarifária" não deveria se aplicar a empresas com monopólio sobre rotas.

MANDOU BEM
O ministro Celso de Mello assumiu uma posição corajosa, no Supremo Tribunal Federal, ignorando o lobby de ONGs (quase todas estrangeiras) e desempatando em favor dos pequenos agricultores.

PERDEU, BRASIL
Dados da prefeitura de Boston, citados pela organização da Jornada Empresarial para investidores, em Orlando, mostram que 1,4 milhão de residentes brasileiros contribuem com US$58 bilhões para o PIB dos EUA, geram 628 mil empregos e pagam US$7,5 bilhões em impostos.

AUMENTO CRIMINOSO
O aumento criminoso de até 51% no preço do frete tornou o Sedex, dos Correios, o serviço mais caro e mais ineficiente do mundo. Vai encarecer ou até inviabilizar a compra e a venda pela internet.

CARTA NA MANGA
Vice-presidente da Câmara, o deputado Fábio Ramalho (PMDB-MG) avisou a Michel Temer que a reforma da Previdência não tinha chance de ser aprovada, e ainda perguntou: "presidente, o sr. tem outra coisa para botar no lugar?" Tinha: a intervenção no Rio de Janeiro.

PALPITE AVALIZADO?
A decisão da procuradora geral Raquel Dodge de não avalizar o pedido de quebra de sigilo de Michel Temer dá sentido ao palpite do ex-diretor da PF Fernando Segovia, apostando no arquivamento do inquérito.

CÂMARA DE FÉRIAS
A Câmara está realmente de férias. Marcou para esta quinta (1º) a votação de acordos internacionais e só uma reunião da Comissão de Esporte, que nem sequer tem presidente. Não deve haver quórum.

DEVIDA PROPORÇÃO
O superávit primário recorde, R$31 bilhões apenas no mês de janeiro, é revelador da recuperação da economia. É quatro vezes o registrado em todo o primeiro trimestre de 2010, quando o PIB cresceu 7,5%.

TROCA-TROCA
Os críticos do Ministério da Segurança Pública preferiam que os ministros da Defesa e da Justiça simplesmente trocassem de cargo. Sairia bem mais barato e não esvaziaria o velho Ministério da Justiça.

PENSANDO BEM...
...após a condenação do ex-deputado a 9 anos de cadeia por duplo homicídio, agora é oficial: tirar uma vida no Brasil só rende 4 anos e meio de cadeia. E olhe lá.
Herculano
01/03/2018 07:24
BRASIL AOS PEDAÇOS NA ELEIÇÃO, por Vinicius Torres Freire, no jornal Folha de S. Paulo

FALA-SE muito da multiplicação de presidenciáveis e da decorrente fragmentação do voto. Nessa situação, que nem sabemos se vai perdurar até maio, a eleição em tese se torna mais imprevisível. Torna-se também mais provável a vitória de um programa ou candidato com menos respaldo nas urnas ou de maioria menos enfática, ao menos.

Discute-se menos um problema que, por tentativa e talvez erro, vai se chamar aqui de fragmentação pobre da conversa ou dos chamarizes eleitorais que partidos e candidatos vão oferecer na campanha.

A economia vai melhorar, sim, mas talvez apenas a metade mais rica da população sinta o refresco na pele e no ânimo até o fim do ano (leia-se mais sobre isso mais abaixo). O programa econômico de quase toda elite social e política, um plano liberal, até agora causa repulsa a uns dois terços do eleitorado, ao menos nos termos e nos limites em que foi proposto.

Um sucesso temporário ou publicitário do remendão da violência no Rio e a "agenda da segurança" podem encantar parte dos eleitores. É o programa direitista do governismo e da extrema direita. Talvez um sexto do eleitorado tenha sido hipnotizado de vez pela propaganda do ódio, da violência e do autoritarismo de capitães do mato.

Por volta de um quinto parece órfão e perdido quando Lula sai da urna, quase todos na metade mais pobre do país, para os quais quase todos os demais candidatos não parecem ter planos ou conversas convincentes.

Por enquanto, é uma eleição de conversa muito fragmentada, pobre de ideias políticas. Uma eleição de tentativas de truques, outsiders, e golpes de propaganda, como a "agenda da segurança", que será disputada por Michel Temer e Rodrigo Maia, no governismo, e pela extrema direita e seus colaboracionistas.

Não há partidos com alguma identidade relevante ou consequente, como o foram PT e PSDB, com chance clara de chegar às finais. Não há programas abrangentes ou que toquem em problemas centrais do país e das preocupações essenciais do eleitorado.

ECONOMIA MELHOR?
O desemprego mal se moveu de janeiro de 2017 (12,6%) para o janeiro deste 2018 (12,2%). Deve cair mais rapidamente neste ano do que no passado, talvez para 11% em final do ano, ante 11,8% de dezembro passado. Mas são extensos os danos colaterais no universo do trabalho e, também, as possíveis consequências para a política.

Pesquisa do IBGE mostra que pessoas desempregadas, em trabalho precário ou insuficiente e de algum modo desalentadas, são quase 24% da força de trabalho, cerca de 26 milhões de pessoas.

Dados o histórico do tamanho da precariedade desde 2012 e o nível provável de desemprego no final do ano, desempregados, precários e desanimados devem ainda ser 20 milhões até a eleição. Na pior das hipóteses, esse mundo de gente sofrida pode estar distribuído por domicílios de modo a afetar diretamente outros 50 milhões: uns 70 milhões de prejudicados.

Nesse caso, trata-se de metade da população maior de 18 anos. Pode ser menos ou até mais, pois há parentes, vizinhos e amigos a ver as dificuldades e temer pelo próprio futuro. Para essas pessoas, o que significa "a economia melhora
Herculano
01/03/2018 07:21
CóDIGO FLORESTAL: POR 6 a 5, STF FAZ A COISA CERTA! NUNCA EXISTIU "ANISTIA. EIS UMA "FAKE NEWS" ESPALHADA PELA GRANDE IMPRENSA, por Reinaldo Azevedo, na Rede TV

O Supremo Tribunal Federal decidiu, finalmente, nesta quarta uma questão que há muito atormentava boa parte dos produtores rurais. Mas algo mais se deu neste 28 de fevereiro: um equívoco - ou, sei lá, uma fraude - abraçada pela imprensa foi reiterada. A que me refiro? Os meios de comunicação foram praticamente unânimes: STF aprova anistia para desmatadores. Deus do céu! Volto seis anos no tempo. Estou nos embates de 2012, quando foi aprovado o novo Código Florestal.

Atenção! Nunca existiu uma proposta de anistia. Isso sempre uma foi uma estúpida fantasia, que começa ignorando o sentido das palavras e termina por ignorar os fatos.

Qual é o ponto? Segundo o Código, prestem atenção!, serão perdoadas todas as multas aplicadas até 22 de julho de 2008 desde que seus responsáveis se cadastrem num programa de regularização ambiental. As punições aplicadas depois disso continuarão a valer. Para não ter de pagar a multa, o produtor terá três alternativas:

- recompor a reserva legal (metade da área pode ser com espécies exóticas);

- permitir a regeneração natural;

- ou comprar área de vegetação nativa de mesmo tamanho e bioma do terreno desmatado.

Então agora é preciso voltar ao dicionário. O que é "anistia"? Resposta:

1 - esquecimento, perdão em sentido amplo

2 - ato do poder público que declara impuníveis delitos praticados até determinada data por motivos políticos ou penais, ao mesmo tempo que anula condenações e suspende diligências persecutórias.

Muito bem. Várias ações chegaram ao Supremo acusando a inconstitucionalidade desse dispositivo.

Os ministros Marco Aurélio Mello, Edson Fachin, Luís Roberto Barroso e Ricardo Lewandowski seguiram o relator, o quase sempre equivocado Luiz Fux, segundo quem "a lei confere verdadeira anistia condicional a esses infratores, em total desconformidade com o mandamento constitucional". Sem vênia nenhuma, declaro que os doutores decidiram brigar com o dicionário. O fato de o proprietário rural trocar o pagamento pecuniário por uma daquelas formas de compensação não caracteriza "esquecimento" ou "falta de punição". Logo, anistia não é.

Felizmente, seis ministros resolveram se ater aos fatos e ao étimo e declararam constitucional o mecanismo previsto no código: Alexandre de Moraes, Gilmar Mendes, Rosa Weber, Cármen Lúcia, Dias Tóffoli e Celso de Mello.

Fez-se a coisa certa, mas prosperou, de novo, a versão falsa: a da anistia.

Repito o que escrevi já em 2012, quando essa gritaria começou.

Acho que as pessoas têm todo o direito de odiar o agronegócio, os ditos "ruralistas", a comida barata na mesa dos brasileiros. O ódio é livre. Eu, por exemplo, odeio o Bolero de Ravel. Até reconheço as qualidades técnicas, mas aquilo me põe nervoso. Ponto! Fico à beira de um ataque de fúria. Deve ser o que sentem algumas pessoas quando veem um pobre atrás de um prato de arroz e feijão, por exemplo. Ou quando pensam na balança comercial brasileira, cujo superávit é gerado por esses "ruralistas canalhas", que só pensam na produção, né? Onde já viu? E o Anhangá? E o Curupira? E a Cuca? E a Marina Silva? E o ecossocialismo da índia Sônia Guajajara, possível vice de Guilherme Boulos na disputa pela Presidência?

Editores e repórteres, a exemplo de alguns "juristas" e ongueiros, podem odiar à vontade o prato de comida. Mas não têm o direito de enganar leitores, telespectadores, ouvintes e internautas.

Nunca houve proposta de anistia. E, por óbvio, o que o Supremo declarou constitucional foi uma forma de compensação que, à diferença do que pensam os bobos, vai beneficiar pequenos e médios produtores. O grande agronegócio tinha poucas pendências nessa área. E, se fosse obrigado a pagar, teria recursos para tanto.

E isso é apenas um fato.
Herculano
01/03/2018 07:14
ORDEM É PROGRESSO, por Michel Temer, MDB, presidente da República, para o jornal Folha de S. Paulo

A recessão será encerrada definitivamente nesta quinta, quando o IBGE divulgar o número do crescimento da economia

Estamos colocando o Brasil em ordem. Nos últimos 20 meses, enfrentamos sem medo os graves problemas que afligem nosso país.

A recuperação econômica, fruto de nossas medidas, está enfim se espraiando pelas várias atividades e ramos de negócio em todo o país.

Depois de controlarmos a inflação e os juros, que fecharam 2017 em queda recorde, colecionamos, já neste segundo mês de 2018, indicadores e sinais inequívocos de que a prosperidade se acelera.

O crescimento torna-se visível em todas as áreas, sobretudo na indústria, extrapolando em muito a cadeia do setor automotivo, que ostentou no ano passado um aumento de produção de mais de 25%. Os resultados positivos já atingem, de acordo com dados do IBGE, a maioria dos 93 segmentos industriais.

Segundo estimativa do mercado, com o PIB aumentando em 2,8%, serão criados neste ano 3 milhões de empregos, entre formais e informais. Irão se somar ao 1,8 milhão de novas vagas contabilizadas pelo IBGE no último trimestre de 2017. É um número expressivo e que tende a se acelerar com a nova lei trabalhista, em vigor há três meses.

Esse resultado, contudo, ainda não nos contenta, diante dos 14 milhões de desempregados que chegaram a ser registrados no auge da recessão que herdamos.

Uma recessão que nos custou em 11 trimestres um encolhimento de 8,6% do PIB. E que será definitivamente encerrada nesta quinta (1º), quando o IBGE divulgar o número oficial, positivo, do crescimento da economia no ano passado.

Por isso, o objetivo central do governo tem sido atuar em todas as frentes - inclusive mediante concessões, privatizações e parcerias - para assegurar desenvolvimento econômico, geração de empregos e tranquilidade para as famílias.

As boas notícias da economia não param aí: em janeiro, a arrecadação teve crescimento real de 10%, o melhor para esse mês em três anos.

A Receita Federal atribuiu o desempenho à reação econômica: a indústria cresceu 4,3%, as vendas subiram 6,3% e a massa salarial, 5,73%. Com a alta das receitas, as contas do governo central ficaram positivas em R$ 31 bilhões, o melhor desempenho em janeiro desde 1997.

Entramos em novo ciclo virtuoso. Uma fase em que os agentes econômicos receberam com naturalidade e sem abalos de mercado notícias como a redução da nota de crédito do Brasil de BB para BB-, feita pela agência de risco Fitch na última sexta-feira (23).

Nesse mesmo dia, por exemplo, a Bolsa de Valores atingia novo recorde com mais de 87 mil pontos, refletindo a confiança dos investidores ?"o que também se verifica na indústria, no comércio e nos consumidores. Alcançamos mais que o dobro dos 42 mil pontos verificados na Bovespa no início de 2016.

A alteração na nota de crédito se deveu, principalmente, à alegada desistência do Brasil em votar a Previdência. Não houve desistência, mas uma imposição legal de sustar a tramitação da reforma no Congresso por causa da intervenção federal na segurança do Rio de Janeiro.

Diante da escalada absurda da violência, o Rio clamava por uma medida emergencial com implicação direta no bem-estar de milhões de brasileiros ?" dentro e fora do estado. Por isso, reafirmo que insistimos, desde sempre, com a reforma da Previdência Social ?" e retornaremos a ela na primeira oportunidade.

Além de promover os ajustes na economia, nossa equipe trabalhou para equacionar problemas em todas as áreas. Na Educação, fizemos a reforma do ensino médio, saneamos o Fies e abrimos 500 mil vagas no ensino integral.

Na Saúde, fortalecemos o SUS, hoje informatizado em boa parte do país. No meio ambiente, tivemos a diminuição do desmatamento na Amazônia, a criação de novas unidades de conservação e a inédita conversão de multas.

Também bancamos a continuidade da transposição do rio São Francisco, do Minha Casa, Minha Vida, e do Bolsa Família, cuja fila zeramos. A agricultura bateu recordes de safra.

Chegamos agora à criação do Ministério da Segurança Pública. Sabemos que há um clamor nacional por paz. Não podemos ficar só no Rio de Janeiro. Nesta quinta conversarei com os governadores do país. Precisamos de um esforço conjunto, que envolva Judiciário, Ministério Público e sociedade civil, para atuar contra a criminalidade de forma coordenada, nacionalmente.

Iremos, sim, além do Rio de Janeiro e confiamos que obteremos na segurança os bons resultados que, com muito esforço, já conquistamos na economia, na educação, no meio ambiente, na integração regional, na saúde, no comércio exterior, na agricultura, na energia e em tantas outras ações.

Tenho a certeza de que o combate a essa violência que tanto aflige os brasileiros será igualmente exitoso.
Herculano
01/03/2018 07:11
CANSADO DE VIVER COMO UM MITO, LULA VIRA PIADA, por Josias de Souza

Lula concedeu uma entrevista à Folha. Longa, ela se divide em duas partes. Nos trechos em que desconversa, Lula demonstra ser capaz de tudo. Mas revela-se incapaz de todo nos pedaços em que é convidado a dar explicações sobre seus confortos. Quem não quiser desperdiçar tempo pode se concentrar em duas passagens. Numa, Lula foge das perguntas sobre o sítio de Atibaia. Noutra, insinua que a força-tarefa da Lava Jato segue ordens de controladores americanos, instalados numa salinha obscura de um prédio qualquer de Washington.

Perguntou-se a Lula se a reforma que a Odebrecht fez no sítio de Atibaia não revelaria um relacionamento promíscuo entre um político e uma empreiteira. E ele: "Não. Esse é um outro tipo de processo. Não é o processo do qual estou sendo vítima." A repórter deu uma segunda chance ao entrevistado: É uma pergunta que estou fazendo ao senhor, insistiu. Lula não se deu por achado:

"Essa pergunta eu espero que seja feita em juízo, pelo Moro. Porque primeiro disseram que o sítio era meu. Aí descobriram que ele tem dono. Então mudaram [para dizer que] me fizeram favor. Se fizeram, não me pediram. Eu fiquei sabendo desse sítio no dia 15 de janeiro de 2011."

Ofereceu-se a Lula uma terceira chance de se defender. Por que empreiteiras tinham que reformar o sítio? E nada: "Quando eu for prestar depoimento, eu espero que essas sejam as perguntas que eles me façam." A repórter não se deu por vencida. Estou fazendo a pergunta agora, ela disse. Esforço inútil: "Não, você não é juíza. Eu vou esperar o juiz. Porque se eu responder para você, o Moro vai fazer outras?"

Coube a Lula injetar os Estados Unidos na conversa. De repente, ele declarou: "Estou convencido de que os americanos estão por trás de tudo o que está acontecendo na Petrobras. Porque interessa para eles o fim da lei que regula o petróleo, o fim da lei que regula a partilha. O Brasil descobriu a maior reserva de petróleo do mundo do século 21. E não se sabe se tem outra?"

Perguntou-se a Lula se ele faz uma conexão entre a trama supostamente urdida pelos americanos e o drama criminal que o assedia. "Faço", disse ele, com sólida convicção. "Se estiver errado, vou viver para pedir desculpas", acrescentou, abrindo uma ligeira brecha para a dúvida.

A repórter foi ao ponto: Acha que os procuradores da Lava Jato vão aos EUA e se reúnem com um mentor? "Eu acho", declarou Lula. "Agora mesmo o Moro está lá, para receber um prêmio dessa Câmara de Comércio Brasil-EUA. Ele foi lá para ficar 14 dias. Eu já recebi prêmios. Você vai num dia e volta no mesmo dia."

Como se vê, Lula escolheu viver num Brasil alternativo, onde nada aconteceu. Nesse país paralelo, Lula é uma inocente criatura a quem empreiteiras culpadas prestam favores monetários jamais solicitados. Tudo tramado num porão de Washington, nos arredores da Casa Branca, de onde nossos controladores mexem os cordões que movem os marionetes de Curitiba.

O fracasso subiu à cabeça de Lula. Pelo elevador do Tríplex. Cansado de viver como mito, o líder máximo do PT escolheu ser preso como piada. "Eu não tenho essa perspectiva nem de me matar nem de fugir do Brasil. E vou ficar aqui. Aqui eu nasci, aqui é o meu lugar. Eu não tenho medo de nada. Só de trair o povo desse país. É por isso que eu estou aqui, fazendo a minha guerra", disse Lula a certa altura, como um Napoleão se descoroando, numa Waterloo particular
Herculano
01/03/2018 07:09
VIRTUDES E VÍCIOS DO IR, editorial do jornal Folha de S. Paulo

Beneficiados nas últimas décadas por expressiva simplificação do Imposto de Renda, os contribuintes que começam nesta quinta (1º) a entregar suas declarações anuais arcarão, de novo, com alta pouco transparente da carga do tributo.

Como já fizera em 2016 e 2017, o governo manteve inalteradas neste ano as faixas de incidência do IR das pessoas físicas. Sem a devida correção monetária da tabela, qualquer elevação dos rendimentos, mesmo que inferior à inflação, sujeita-se a alíquotas maiores.

Trata-se de artifício antigo para o aumento da arrecadação: desde 1996, quando se instituiu a atual sistemática de cobrança, a tabela acumula defasagem próxima de 90% diante da variação do IPCA.

Admita-se que a medida seja adotada, em caráter emergencial, num momento de grave crise das finanças públicas. Este, sem dúvida, ainda é o caso brasileiro.

A despeito de ligeira melhora em 2017, a receita tributária da União, de R$ 1,3 trilhão, ainda está 9,6% abaixo da contabilizada em 2013, em valores corrigidos. Dito de outro modo, os cofres públicos ressentem-se da perda de R$ 140 bilhões em tributos federais.

Acrescente-se que a tributação direta da renda, incluindo a das pessoas jurídicas, mantém-se relativamente baixa no país. Aqui, a arrecadação dessa fonte ronda os 6% do Produto Interno Bruto ?"é menos da metade da proporção verificada nos EUA, cuja carga total de impostos (26% do PIB)é inferior à brasileira (32%).

Isso considerado, já tarda uma revisão mais aprofundada da legislação do IR, a exemplo da que se fez nos anos 1990.

De lá para cá, a tarefa dos contribuintes foi facilitada pelo avanço dos meios eletrônicos e pela adoção de normas compatíveis com um cenário de inflação civilizada.

Outros aperfeiçoamentos aumentam a oferta de dados e reduzem chances de sonegação. Neste ano, por exemplo, passam a ser exigidos os CPFs de dependentes com 8 anos de idade ou mais.

Alguma burocracia também tem sido reduzida. Nesse sentido, é positivo o fim da exigência de endereço nos recibos médicos.

Entretanto há lacunas que transcendem os aspectos administrativos. Em particular, a estrutura de faixas de incidência ?"da isenção à alíquota máxima de 27,5%?" não se mostra bem resolvida.

Em países ricos e emergentes são comuns alíquotas maiores, como as de 35%, para rendas mais elevadas. Se a meta é aumentar a receita do imposto, esse é um modo mais virtuoso de fazê-lo do que manter a tabela sem correção para todos.
Erva Doce
28/02/2018 19:53
Oi, Herculano

Às 17:54Hs - De 06 de janeiro para 06 de março? Mas que novela, quando as coisas envolvem esse condenado de uma figa, ninguém trabalha.

CADEIA,CADEIA, CADEIA ...
Joanim
28/02/2018 19:44
Oi, Herculano

Essas petistas(todas, sem exceção)não tem vergonha na cara!
Mardição
28/02/2018 19:41
FORÇA NO CROCHÊ, IDELI. Na cadeia deve ser melhor ainda.
Herculano
28/02/2018 17:54
JOGO DE CARTAS MARCADAS?

O STJ adiou o julgamento do pedido de Habeas Corpus do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva que estava marcado para amanhã. Ele agora será na próxima terça, 6 de março.

Em 30 de janeiro, o vice-presidente do STJ, Humberto Martins, negou liminar à defesa do petista para não ser preso depois da decisão dos Embargos de Declaração que está para ser proferida pelo TRF-4, o que condenou o ex-presidente a mais de 12 anos de prisão no caso do Triplex do Guarujá. Agora, a corte deve julgar o mérito do habeas corpus. E é isso que foi adiado.
Herculano
28/02/2018 17:48
FORÇA NO CROCHÊ, IDELI

Conteúdo de O Anagonista Ideli Salvatti, de nada saudosa memória, reapareceu no Congresso hoje, registra a Época.

A ex-senadora [por Santa Catarina] e ex-ministra de Dilma Rousseff disse estar tentando "tocar um projeto de soberania nacional".

Segundo a revista, a petista descartou novas candidaturas. "Tenho 66 anos. Minha vida agora é crochê, netos e militância."

O Antagonista dá a maior força ao crochê de Ideli Salvatti. Alguma coisa ela deve fazer direito.
Violeiro de Codó
28/02/2018 13:11
Sr. Herculano;

Eu só acho a loira petista 30% inteligente.
Mas 30% de 25%.
Belchior do Meio
28/02/2018 13:09
Sr. Herculano

Fomos avisados que amanhã (5ªfeira) haverá explosão na BR 470, altura das três pistas.
No desvio pelo Maroca também será fechado.
Sidnei Luis Reinert
28/02/2018 13:00
quarta-feira, 28 de fevereiro de 2018
Michel Temer contrataca... E vai adiantar?


Edição do Alerta Total ?" www.alertatotal.net
Por Jorge Serrão - serrao@alertatotal.net

A troca no comando da Polícia Federal não é um simples gesto administrativo. A substituição de Fernando Segóvia por Rogério Galloro representa um rompimento de Michel Temer com a facção do MDB comandada por José Sarney, Renan Calheiros & cia. O primeiro ato de impacto de Raul Jungmann ao assumir o Ministério Extraordinário da foi uma ordem expressa do Presidente ?" que a primeira vista teria Segóvia como um incômodo e "aliado-puxa-saco".

Já ficou definido que Galloro não terá ligação direta com o Presidente. Tudo vai passar pelo centralizador comunista Raul Jungmann. O Palácio do Planalto não quer mais saber de quebra de hierarquia. Foi trágica e inadmissível institucionalmente a atitude de Segóvia, interferindo nas investigações sobre eventual prática de corrupção pelo Presidente e sua turma. A manobra do ex-diretor da PF queimou, mais ainda, o filme de Michel Temer. Tanto que Jungmann fez questão de vazar a informação de que sofreu muita pressão (espúria) para manter Segóvia no estratégico cargo. O tiro foi direto no grupo de Sarney e Renan.

O movimento foi tão truculento que Segóvia soube de sua demissão pela assessoria da Imprensa da PF ?" o que é um sinal de desprestígio mortal. Segóvia foi obrigado a telefonar para assessores próximos de Temer para saber "se era verdade". Segóvia ficou perplexo (na verdade muito pt da vida) porque tinha acabado de sair de uma reunião com Raul Jungmann. O ministro da Segurança nada lhe falou sobre o abrupto (porém esperado) afastamento do comando da PF. Segóvia rodou feio...

Agora, toda tática de Michel Temer é apostar tudo no sucesso da atuação de Jungmann na gestão da Segurança. O objetivo é roubar de Jair Bolsonaro a bandeira do combate ao crime. Não será fácil conseguir isto. Antes de sabotar o adversário-inimigo com gigantesca chance de vencer o fla-flu pela conquista do Palácio do Planalto, Temer terá de vencer uma batalha contra a Procuradora-Geral da República. Indicada pelo grupo de Sarney/Renan ?" também com o super-apoio do supremo magistrado Gilmar Mendes -, Raquel Dodge já pediu ao Supremo Tribunal Federal a inclusão de Michel Temer como investigado no inquérito que apura o suposto pagamento de propina pela Odebrecht para, em troca, receber tratamento privilegiado da Secretaria de Aviação Civil.

Terminar o mandato será uma missão desgastante para Temer... Agora é que se constata o quanto foi ingênua e burra a precipitada avaliação de que bastava tirar Dilma, afastar o PT do poder e condenar Lula que tudo ficaria uma maravilha no Brasil... Imperdoável engano... Agora, pagamos a conta da continuidade da incompetência e da safadeza institucionalizada...
Priquito Arrepiado
28/02/2018 12:59
Oi, Herculano

"Está na hora dos integrantes do PT nascerem de novo, mas com ética, vergonha na cara, respeito ao próximo, honestidade e por aí vai."

"Mentirosos, aproveitadores e ingratos. São incapazes até de compartilhar conquistas comunitárias."

Vocês não estão exigindo muito do Partido Quadrilha, cujo chefe é o maior bandido que a História já teve?
Só fuzilando!!!!
Erva Daninha
28/02/2018 12:50
Oi, Herculano

ANÕNIMOS; cansei de dizer, o que petista fala não se escreve. Prova viva é a mentira cabeluda que a Mariluci falou.

Que bom!!! Assim quando eLLa abrir a cloaca novamente para falar inverdades podemos dizer em alto e bom som : CALA A BOCA MENTIROSA!
Herculano
28/02/2018 11:58
da série: quando a Justiça se intromete naquilo que o Legislativo, o representante do povo - debateu de forma reconhecidamente ampla e transparente -, quando se intromete num assunto essencialmente técnico antes de social e econômico que é, quando se lança a uma hermenêutica própria para se sobrepor à própria clareza da lei e da decisão legislativa, e se deixa conduzir pelo ativismo de minorias.

O STF E A EXTINÇÃO DOS PEQUENOS AGRICULTORES, por Evaristo Miranda, agrônomo, doutor em ecologia, pesquisador da Embrapa, originalmente, para o jornal O Estado de São Paulo em 26 de fevereiro de 2018.

Se os artigos 59 e 67 do Código Florestal forem declarados ilegais será um desastre

Se existe uma espécie ameaçada de extinção no Brasil, são os pequenos agricultores. Uma espada paira sobre a cabeça de mais de 4,5 milhões de produtores familiares: a possível declaração de inconstitucionalidade dos artigos 59 e 67 do Código Florestal pelo STF.

A legislação define como pequeno agricultor aquele que possua até quatro módulos fiscais. O tamanho do módulo é definido por município e varia. O menor valor é de cinco hectares. Muitos produtores possuem apenas um módulo fiscal, e até menos. É assim nas áreas irrigadas do Nordeste, nos mais de 9.300 assentamentos de reforma agrária e em diversas regiões de minifúndios.

No último censo havia 4.594.785 pequenos proprietários. Esse número correspondia a 89% dos estabelecimentos agropecuários do Brasil. Eles ocupavam somente 11% do território nacional e contribuíam com 50% do valor da produção agropecuária.

Os pequenos agricultores exploram a quase totalidade de suas terras para poderem manter suas famílias. Por não terem, individualmente, grande volume de produção, não têm poder de barganha: compram caro os insumos agrícolas e vendem barato a sua produção.

Pela legislação recente, grande parte deles ocupa áreas de preservação permanente (APPs). Plantam café e criam gado leiteiro nas encostas da Serra da Mantiqueira e em outras áreas de relevo em todo o País; cultivam bananeiras no Vale do Ribeira (SP), parreiras e macieiras na Região Serrana de Santa Catarina e do Rio Grande do Sul e ocupam, aos milhares, pequenas faixas de terra ao longo do Rio São Francisco, no semiárido nordestino, como os ribeirinhos o fazem, em toda a Bacia Amazônica. Todo o Pantanal é APP, assim como a Ilha do Marajó e todas as ilhas fluviais.

O Código Florestal não isentou os pequenos agricultores de manter APPs. Mas o artigo 67 limitou o tamanho da reserva legal à área existente com vegetação nativa nos imóveis em 22 de julho de 2008. Se ela representava 10% da superfície, esse número seria mantido. Se fosse 5%, também. Idem se fosse apenas uma árvore. Eles estavam isentos de recompor a reserva legal em 20% ou até 80% da área de seus imóveis, conforme o bioma.

Caso o artigo 67 seja declarado inconstitucional, milhões de famílias rurais terão sua atividade produtiva inviabilizada pela redução da área explorada em seus imóveis, já limitadíssima. Os pequenos se tornarão microprodutores, categoria que só é viável na semântica. Eles não pagam suas contas com bitcoins, mas com breadcoins.

Além da perda de área para vegetação nativa, eles ainda teriam de arcar com os custos da recomposição. E pagar multas. Antes do código, medidas provisórias, que viraram lei sem nunca terem sido votadas, obrigavam os produtores a recompor a reserva legal. Mesmo se a área tivesse sido desmatada nos séculos passados. Os pequenos, vítimas desse anacronismo legislativo, foram notificados de múltiplas infrações ambientais que eram simplesmente o resultado de um processo histórico e o retrato de sua situação social.

Apesar dessas dificuldades, muitos se profissionalizaram, adotaram novas tecnologias e sistemas de produção diferenciados, como a agricultura orgânica. E contribuem na agropecuária não apenas com frutas e hortaliças, mas também com soja, café, flores, celulose e até cana-de-açúcar.

O Cadastro Ambiental Rural, fruto do Código Florestal, atesta: 91% dos cerca de 4,5 milhões de cadastrados até janeiro têm menos de quatro módulos fiscais. Muitos não têm sequer energia elétrica, mas cumpriram o acordado: realizaram seu cadastro digital. Apontaram em mapas e imagens de satélite sua situação real para transformar eventuais irregularidades ou sanções (anteriores a 22 de julho de 2008) em serviços ambientais, como prevê o artigo 59. Todos os milhões de cadastrados assim procederam.

Se o artigo 59 for declarado inconstitucional, não haverá Programa de Regularização Ambiental. Pior ainda, o cadastro ambiental rural será usado imediatamente contra os produtores. As multas serão produzidas aos milhões, por computador, automaticamente, e notificadas por e-mail. Um esboço desse esquema de notificação já foi testado em 2017. A máquina de moer carne digital está pronta e azeitada, financiada por fundos estrangeiros, para devolver em sanções o que os produtores depositaram em confiança na lei.

Para o ministro Dias Toffoli, o estabelecimento de um marco temporal não significa que o dano ambiental antes daquela data não será recomposto: "Ao contrário, define que danos causados em afronta à lei ambiental após esse marco são passíveis de multa e criminalização". Revogar esse trecho da legislação causará enorme insegurança jurídica, após ter sido praticado por quase seis anos. "O Estado diz para o cidadão: aja de tal sorte que terá um benefício. O cidadão age como a lei orientou e, depois, o Estado vai lá e diz: não, você é um criminoso", resumiu.

O Código Florestal foi aprovado por ampla maioria no Congresso. "Pela teoria do Direito Constitucional, na dúvida da constitucionalidade temos que privilegiar a legalidade da lei, neste caso, mais ainda, porque não podemos esquecer o amplo debate feito no parlamento", defendeu Toffoli.

Se os artigos 59 e 67 forem declarados inconstitucionais pelo Supremo Tribunal, centenas de milhares de pequenos agricultores abandonarão a atividade produtiva e venderão seus imóveis para grandes produtores. Ou para cidadãos urbanos, que os transformarão em sítios de lazer, reflorestados. Esses compradores, sim, poderão arcar com essas despesas e exigências legais.

Será um desastre para os pequenos agricultores. Produzirá um feito inédito: uma enorme reforma agrária às avessas. E promoverá a tão almejada "desantropização da Amazônia e de outros biomas", defendida por certos movimentos ambientalistas que cospem no prato onde comem.
Herculano
28/02/2018 11:48
da série: o macaco e o seu próprio rabo comprido. Os cidadãos desconfiados da Justiça e dos juízes. Os bandidos aplaudem

GILMAR MENDES MANDA LUIZ ROBERTO BARROSO "SUSPENDER A PRóPRIA LÍNGUA"

Conteúdo de O Antagonista. Gilmar Mendes atacou Luís Roberto Barroso.

Em entrevista a Andréia Sadi, ele disse:

"Ele fala da malinha, da rodinha. Ele teria de suspender a própria língua."

Gilmar Mendes atacou também Raquel Dodge:

"Sou amigo dela, mas por que não faz nada com os procuradores que ficam falando? Por que não suspende os procuradores? Eles palpitam sobre tudo."
Herculano
28/02/2018 11:37
PARTE DA IMPRENSA SE DEIXA CONTAMINAR POR MPF, PF E REDES SOCIAIS E TAMBÉM VIRA PALCO PARA ACUSAÇõES INSANAS E SEM PROVAS, por Reinaldo Azevedo, na Rede TV

As teorias conspiratórias estão na praça, e as delinquências intelectuais de supostos jornalistas, que aceitam ser porta-vozes da banda ilegalista do Ministério Público Federal e da Polícia Federal, também.

Como sabem, Raul Jungmann, novo ministro da Segurança Pública, destituiu Fernando Segovia do posto de delegado-geral da Polícia Federal. Para o lugar, vai Rogério Augusto Viana Galloro, que era o segundo de Leandro Daiello, que comandou a PF entre 4 de janeiro de 2011 a 8 de novembro de 2017. Já escrevi um post criticando a decisão e a maneira como foi tomada, de supetão. O objetivo foi pacificar a pressão de setores da própria PF, do MPF e até ministros do Supremo que pretendem fazer o governo federal refém de suas idiossincrasias e de suas afinidades eletivas e leviandades.

A substituição, por alguns dias, vocês verão, só servirá par alimentar a bobajada espalhada pelos porões da Lava Jato. Vamos a elas:

1: Abafar a Lava Jato - a primeira e mais influente dá conta de que Temer só nomeou Segovia para abafar a operação. Quando você ler ou ouvir uma mentira grotesca como essa, pode fazer uma de duas coisas: a) acreditar e se comportar como um trouxa; b) indagar ao jornalista que escreve ou afirma uma tolice dessa espécie como é que a coisa seria feita. Sim, não se constranja!

Pergunte, segundo os meios hoje dados de interação, como é que um delegado-geral impediria um colega seu de fazer uma investigação. Mais ainda: como é que o chefe da PF poderia operar esse prodígio sem combinar com o Ministério Público Federal. Desde que a operação começou, essa é a mais constante ladainha espalhada pela banda fascistoide da Lava Jato e repetida, bovinamente, por fascistas de esquerda e... de direita também na grande imprensa.

2: O caso dos portos - vai aí outra aberração. Segovia teria sido escolhido para limpar a barra de Temer. É mesmo? Por quê? O inquérito, a pedido da própria PF, que apura se um decreto sobre portos assinado pelo presidente beneficiou ou não o grupo Rodrimar, chegará ao fim sem encontrar prova nenhuma. A menos que se fabrique uma ou que se invente uma acusação nova no meio do caminho. Aliás, foi o que fez Rodrigo Janot quando ofereceu a primeira denúncia contra Temer. Ela tinha 64 páginas. Nada menos de 34 nada tinham a ver com a acusação de corrupção passiva e se limitavam a fazer especulações sobre o tal decreto.

Então ficamos assim: Segovia teria sido nomeado para barrar a Lava Jato, mas a delinquência que se encarrega de fazer tal afirmação não aponta por qual caminho isso poderia ser feito nem como tal coisa poderia ser operada sem a conivência do Ministério Público. Aí surge a hipótese de que era para livrar a cara do presidente no caso dos portos, mas também não se evidencia como Segovia poderia interferir na investigação do delegado Cleyber Lopes, que tem no ex-diretor geral um desafeto. Para registro dos senhores leitores: um delegado-geral não tem poder para impedir os demais de dar sequência a uma investigação.

3: A contradição evidente - de resto, fosse como dizem, então por que Segovia teria sido demitido? Será que os delegados da Polícia Federal iriam promover uma rebelião? Restaria, então, a possibilidade de Temer ter decidido fazer a troca para não ser alvo de retaliação da própria PF, do MPF e até do relator do caso no Supremo, o ministro Roberto Barroso. Bem, nesse caso, então, não se teria nem PF nem MPF ou ministro do Supremo, mas uma máfia de chantagistas.

Sim, Segovia foi tirado do cargo como um gesto - que entendo errado - de "pacificação" da PF, já que o circo e o cerco estavam armados contra ele. Mas essa conversa de que foi nomeado para conter a Lava Jato ou interferir na investigação do caso dos portos chega a ser dolosa. E desafio quem faz tais afirmações a evidenciar os caminhos pelos quais tais coisas poderiam ser feitas.

Mas é claro que não haverá resposta. O MPF contaminou a imprensa. Que hoje também se entrega a acusações sem provas com enorme desassombro.
Herculano
28/02/2018 11:20
EM DEFESA DO CóDIGO FLORESTAL, por Aldo Rabelo, ex-deputado Federal e relator do Código que agora é questionado no Supremo por ONGs e ativistas ambientais, para o jornal O Estado de S. Paulo.

Mapa de equilíbrio estratégico entre a exploração e a conservação da natureza, o Código Florestal Brasileiro, aprovado pelo Congresso Nacional em 2012, no mais amplo debate legislativo desde a Constituição de 1988, ainda sofre nos tribunais a perseguição de correntes que criminalizam a agricultura. A elas não importa que o Brasil utilize apenas 7,6% de seu território continental para a produção de alimentos, ante 18% nos EUA e até 65% na Europa. Nem levam em conta que somos o país que mais preservou sua mata nativa, mantendo de pé 66% da vegetação original de seus 8,5 milhões de quilômetros quadrados. Importa caracterizar-nos como predadores.

Vale destacar que o Código Florestal foi celebrado na Conferência do Clima, em Paris, como fiador dos compromissos brasileiros para as metas de redução das emissões de carbono. Nas audiências públicas realizadas pelo Supremo Tribunal Federal (STF), representantes do Ministério do Meio Ambiente apresentaram a lei como o instrumento capaz de oferecer proteção aos agricultores e à natureza.

O jogo bruto é travado, de um lado, por um movimento ambiental bem-intencionado, mas mal informado, e, de outro, por grupos extranacionais que pregam a redução da área cultivada para favorecerem a exportação de seus produtos agropecuários, com os quais concorre o nosso agronegócio.

Ignorando o pacto tecido arduamente no Congresso, com apoio dos principais partidos do governo e da oposição, esses grupos recorreram ao STF para que vários artigos do código sejam declarados inconstitucionais. Seu breviário é um ambientalismo faccioso, que extrapola a necessária e indispensável proteção que a todos nos cabe garantir ao planeta. Mas desdenham da importância histórica, social e econômica da agropecuária e a estigmatizam como o cavalo de Átila, que não deixava nascer grama onde passava. A rigor, em cinco séculos de trabalho duro o agricultor soube preservar a natureza e destina boa parte da propriedade à proteção do meio ambiente.

Na Amazônia, a exigência da reserva é de 80% da propriedade. Mas em Roraima o total das áreas de conservação e terras indígenas chega a 66% da superfície estadual, sobrando apenas 7% para a agropecuária. Por isso reduzimos as exigências. Esse foi um caso em que, na elaboração do Código Florestal, consideramos, como deve ser próprio das leis, peculiaridades da diversa realidade nacional.

O código de 2012 manteve o espírito conservacionista que distingue o Brasil como país pioneiro na proteção de recursos naturais essenciais, como as florestas e a água. A tradição já vinha das propostas do patriarca José Bonifácio no século 19 e figurou nos códigos de 1934 e de 1965, além da rígida lei de proteção da fauna promulgada em 1967. O zelo ambiental bem calibrado não impediu o excepcional desenvolvimento do agronegócio, que em anos recentes se tornou tecnologicamente avançado e viga mestra da economia. Mas nas décadas de 1980 e 1990 a legislação passou a ser retalhada e adulterada por numerosos enxertos urdidos a trouxe-mouxe, alheios à realidade do campo. Fazia-se necessário, no ambiente de contraditórios do Parlamento, a partir de inúmeras consultas técnicas e mais de 200 audiências públicas e privadas por todo o País, reintroduzir o princípio da razoabilidade num labirinto legiferante.

Daí germinou a patranha da suposta anistia concedida a desmatadores dispensados de recuperar a reserva legal para manter uma porcentagem da propriedade com espécies nativas. Os críticos reclamam ao Supremo que o Código de 2012 retroagiu a 2008 para livrar agricultores dessa obrigação, e que a lei não pode ter efeito retroativo. Ora, a celeuma em torno da suposta anistia não tem outro lastro senão portarias e uma medida provisória que nem foi votada, as quais, elas, sim, retroagiram aos primórdios da colonização.

Todo o ousado e suado processo de conquista e consolidação do território nacional, incluindo as capitanias hereditárias, a epopeia dos bandeirantes, a penetração da agropecuária nos sertões, o ciclo do açúcar, a grande lavoura cafeeira, tudo foi considerado desmatamento ilegal, embora na época não o fosse, a ser punido séculos depois por uma norma de... 2008.

O proprietário de um sítio em Pernambuco cuja mata nativa tivesse sido derrubada pelo donatário Duarte Coelho para plantio de cana-de-açúcar no século 16 foi tachado de delinquente 400 anos depois, quando o ato passou a ser considerado delito ambiental. Multados, impedidos de obter financiamento rural, a maioria esmagadora dos agricultores foi intimada a recuperar a reserva legal mesmo que a propriedade estivesse sendo explorada desde a gênese do País.

A medida infeliz castigou principalmente o pequeno produtor, sobretudo em minifúndios, onde quase toda a propriedade é usada para plantio. Eles detinham nada menos que 90% dos imóveis rurais, com área média de minúsculos 26 hectares.

Ao dispensá-los da exigência, embora obrigando-os a manter ao menos a reserva que tinham em 2008 e a recuperar o que derrubaram depois dessa data, o código desfez uma patacoada. Ademais, já estava em vigor o Decreto n.º 7.029, de 10/12/2009, que instituíra o Programa Mais Ambiente, para permitir aos proprietários rurais autuados obterem a "regularização ambiental". Quem tivesse desmatado "qualquer tipo de vegetação nativa" teria suspensas as multas lavradas até a véspera da publicação do decreto. O código apenas recuou para 2008 o marco de 2009 estabelecido pelo decreto.

Portanto, não concedeu anistia alguma. E se a tivesse concedido, apenas teria dado razão ao chiste do Barão de Itararé, que tanto citamos na época: "Anistia é um ato pelo qual os governos resolvem perdoar generosamente as injustiças e os crimes que eles mesmos cometeram".
Sujiru Fuji
28/02/2018 10:16
Depois do comentário de Roberto Sombrio só posso dizer; CHUPA PETEZADA!!!
Anônimo disse:
28/02/2018 10:10
"SIMPLES ASSIM
Se o STF anular áreas consolidadas e obrigar os pequenos agricultores a restaurar áreas de preservação, eles ficam inviabilizados e acabam."
Coluna de Cláudio Humberto

Herculano, quando faltar comida na mesa, como fica?
Herculano
28/02/2018 07:21
ANôNIMOS

Como se vê por dois comentários de leitores e a minha exposição no texto da coluna, muitos, de forma anônima, não apenas de Gaspar, contribuíram substancialmente para reabertura física do Hospital de Gaspar.

Mas, o PT de Mariluci Deschamps Rosa, Pedro Celso Zuchi e seus atletas de narrativas para analfabetos, ignorantes e desinformados, insistem de que isso só dependeu deles. Mentirosos, aproveitadores e ingratos. São incapazes até de compartilhar conquistas comunitárias. Para se estabelecerem no reconhecimento, mudam até a história e os personagens. Acorda, Gaspar!
Herculano
28/02/2018 06:57
MANDATO DUPLO PARA O BC, COM INFLAÇÃO E DESEMPREGO, É UMA PÉSSIMA IDEIA, por Alexandre Schwartsman, economista e ex-diretor do BC, para o jornal Folha de S. Paulo

Práticas internacionalmente consagradas apontam para inflação como objetivo a ser perseguido

A autonomia do Banco Central retornou à ribalta como parte da "Agenda 15", um conjunto de medidas que o governo pretende tornar prioritárias agora que a reforma previdenciária foi definitivamente legada à próxima administração.

Nesse contexto voltou ao debate um possível mandato duplo para o BC, contemplando não apenas a meta para a inflação mas também outra para desemprego. Trata-se de uma péssima ideia, apesar da aparente nobreza de propósito.

A destacar, em primeiro lugar, a diferença entre independência e autonomia no caso do BC. Embora ambas requeiram a fixação de mandatos para os dirigentes da instituição (tipicamente alternados com mandatos presidenciais), um BC independente pode escolher seus próprios objetivos, enquanto no segundo caso a liberdade da instituição se limita à decisão sobre os meios para atingir objetivos determinados pelo Executivo.

Assim, por exemplo, o BC independente poderia determinar qual sua meta para a inflação, bem como tomar as decisões de política monetária que acredita corretas; no caso da autonomia, o executivo fixa a meta, e o BC, à luz disso, determina a trajetória de taxas de juros coerente com o objetivo. A discussão no Brasil aponta para o segundo arranjo.

Imagine agora um Banco Central autônomo a quem o executivo determina dois objetivos: uma meta para a inflação e outra para a taxa de desemprego, ainda que o BC tenha apenas um instrumento: a política monetária (a taxa Selic).

O problema é que há uma troca de curto prazo entre a inflação e desemprego, embora esta não persista no longo prazo. Caso o Banco Central busque uma taxa de desemprego menor do que a coerente com a inflação na meta, acabará fazendo com que esta se acelere.

A aceleração inesperada pode reduzir salários reais e induzir empresas a contratar mais, reduzindo o desemprego, mas, à medida que a expectativa de inflação mais elevada se incorpora às demandas salariais, esse efeito desaparece e, no fim da história, teremos apenas inflação mais alta, sem ganho persistente de desemprego.

Pelo contrário, quando o BC tiver que trazer a inflação de volta à meta, haverá aumento de desemprego até que a inflação e as expectativas convirjam, como bem ilustrado pela nossa experiência recente.

Por outro lado, se o Banco Central optar apenas pela meta de inflação, sua diretoria terá de lidar permanentemente com a ameaça de sanções por ignorar a outra perna do mandato. Não é difícil concluir que, sob tal cenário, a autonomia do Banco Central ficaria comprometida.

Pode-se, claro, apontar para o arranjo institucional do Fed (Federal Reserve), cujo mandato abarca inflação, desemprego e taxas de juros (um triplo mandato) como contraexemplo.

Trata-se, porém, de um erro, porque o Fed é independente: apesar do mandato triplo, é ele que determina seus objetivos. Em particular, há objetivo numérico apenas para a inflação, não para o desemprego nem para taxas de juros, como expresso aqui.

As práticas internacionalmente consagradas apontam para a inflação como o objetivo do Banco Central. Em que pese a preferência nacional pelas jabuticabas, ao menos nesse caso poderíamos tentar aprender com os erros dos outros, já que com os nossos não parecemos aprender jamais.
Herculano
28/02/2018 06:53
FHC ENXERGA ALCKMIN-2018 COM OLHOS DE COVEIRO, por Josias de Souza

Para um pedaço do tucanato, Fernando Henrique Cardoso tornou-se um ancião excêntrico, que é tolerado pela família porque, afinal, é da família. Mas o grupo de Geraldo Alckmin não sabe muito bem como tratá-lo. FHC atravessa aquela fase da existência em que a pessoa já viveu o bastante para saber que certas opiniões podem lhe custar amigos. Mas às vezes ele prefere ter opiniões a ter amigos.

Nesta terça-feira, em evento promovido pelo Estadão, FHC sapecou: "Vou dizer algo que vai desagradar meus amigos. Mas quem for candidato do mercado vai perder, porque será simbolizado como dos ricos. Aí acabou, porque o país não é composto por mercado só. Tem que ser um candidato que faça as pessoas sentirem que a vida delas estará segura e terá mais oportunidades e decência."

No momento, três pretendentes ao trono têm a cara de candidatos do mercado: Alckmin, o ministro da Fazenda Henrique Meirelles e o presidente da Câmara Rodrigo Maia. Nenhum deles exibe índices exuberantes nas pesquisas. Mas as taxas de Alckmin são, digamos, menos piores. O que leva o mercado a acender velas por ele. FHC dedica-se a soprar as chamas.

Alckmin acaba de confiar a confecção do seu projeto econômico ao economista Pérsio Arida, um dos pais do Plano Real. Após defini-lo como "gênio", FHC declarou que a maioria do eleitoado não quer saber de planos técnicos. Para ele, não basta ao candidato ter "gênios" em seu comitê. É preciso que o pretendente ao Planalto saiba trazudir as propostas, seduzindo o eleitor.

Crivado de perguntas sobre o potencial de vitória de Alckmim, o ancião do ninho disse que o candidato "tem chance". E logo se explicou: "Eu digo chance porque estou fazendo uma análise. Depende de como se desempenhe." A cada movimento dos lábios, FHC deixa mais claro que enxerga a candidatura do correligionário com um entusiasmo de coveiro.

Em privado, FHC afirma objetivamente que Alckmin não empolga. Embora o candidato se considere vivo na disputa, o ex-presidente tucano o trata como um vivo tão pouco convincente que logo começará a receber coroas de flores. É como se o ancião tivesse pesadelos todas as noites. Nos sonhos ruins, FHC está na poltrona do piloto. Ele dialoga com seus botões como se fossem co-pilotos:

- Porta dianteira fechada, diz FHC no pesadelo.

- OK, confere, respondem os seus botões.

- Porta traseira...

- Porta traseira fechada.

- Pressurização acionada.

- Ok.

- Temperatura interna 22 graus.

- 22 graus. Confere.

- Flaps da direita em 'on'.

- Confere.

- Flaps da esquerda...

- Acionados.

- Então. vamos levantar vôo.

- As turbinas não respondem!

- Como?

- Minha nossa! Estamos sem as turbinas!

- Como fomos embarcar nessa?!? Sabia que estava faltando algo!
Herculano
28/02/2018 06:49
DEPUTADOS TERÃO O ANO MAIS CURTO DA HISTóRIA, por Cláudio Humberto, na coluna que publicou hoje nos jornais brasileiros

Líderes da Câmara decidiram nesta terça (27) que somente vão definir o comando das comissões permanentes após a janela de troca-troca partidária. Uma resolução vai redimensionar as vagas segundo a proporcionalidade de partidos e dos blocos. Mas só na segunda metade de abril. Presidências e as vices podem até ser definidas antes de abril, mas sem oficialização. Será o ano mais curto da História.

TOMA LÁ, DÁ CÁ
Muitos deputados são aliciados com oferta de cargos em comissões permanentes, por isso os partidos precisam saber com quem contarão.

ENFORCADAÇO
As sessões da Câmara serão esvaziadas pela campanha, que começa na prática em abril, mas propaganda na TV só a partir de 16 de agosto.

COPA É PRIORIDADE
A Copa da Rússia, que começa em 14 de junho, deve suspender os trabalhos da Câmara ou ao menos reduzir o ritmo significativamente.

ATÉ ESSA PAROU
A Comissão de Constituição e Justiça é a mais ambicionada, e sua presidência é indicada pelo líder da maior bancada ou bloco.

STF DÁ VOZ A DERROTADOS CONTRA O CóDIGO FLORESTAL
O Código Florestal Brasileiro, o mais rigoroso do mundo, foi aprovado por 410x63 votos na Câmara e 59x7 no Senado, após muitos debates e a aplicação paciente do relator, Aldo Rebelo (PCdoB), percorrendo o Brasil e realizando Brasil mais de 200 audiências públicas, ouvindo todo mundo. Mas o Supremo Tribunal Federal deu ouvidos aos radicais derrotados, que questionam 58 dos 84 artigos do Código Florestal.

SIMPLES ASSIM
Se o STF anular áreas consolidadas e obrigar os pequenos agricultores a restaurar áreas de preservação, eles ficam inviabilizados e acabam.

EFEITO TV JUSTIÇA
Ameaçados de extinção, os 4,6 milhões de pequenos agricultores se inquietam com ministros "fazendo média", em sessões na TV.

NA DÚVIDA, INFORME-SE
Para Ricardo Lewandowski, por exemplo, deve prevalecer um princípio que não está na Constituição, chamado por ele de "in dubio pro natura".

QUEM FINANCIA O TRÁFICO
Ao menos na retórica, o ministro Raul Jungmann (Segurança Pública) começou bem, metendo o dedo na ferida: "O Rio de Janeiro que clama por policiamento de dia é o mesmo que financia o tráfico à noite".

CHEGOU CHEGANDO
Jungmann também chegou chegando na Polícia Federal. Experiente, sabia que para impor respeito deveria mostrar autoridade. Demitiu o diretor-geral escolhido por Temer e nomeou delegado Rogério Galloro.

PELÉ, O NOSSO REI
Pelé ainda bate um bolão mundo afora. O chanceler Aloysio Nunes esteve ontem em Tel Aviv, separadamente, com o presidente de Israel, Reuven Rivlin, e o primeiro-ministro, Benjamin Netanyahu. Ouviu de ambos a mesma confissão de grande admiração pelo rei do futebol.

GREGOS ESTRANHOS
Na Grécia, o poderoso ministro da Economia e a mulher, vice-ministra do Trabalho, pediram demissão após denúncia de receberam "auxílio-moradia" de 1.000 euros (R$ 3.962,00) cada um. Esses gregos...

FALTA EXPLICAR
Vereador acusado de assassinar outro, em Batalha (AL), tinha cargo de confiança no governo de Alagoas. Foi exonerado, mas ainda não explicaram o que fazia o suspeito de pistolagem na equipe de governo.

BLOCÃO PRÉ-ELEIÇÃO
O tucano Geraldo Alckmin exibiu as garras fazendo o PSDB aliar-se ao PSD, PR, PRB, PTB, SD, PPS, PV, PROS, PSL e PRP para formar um "blocão" na Câmara composto de 201 deputados. O grupo vai controlar comissões poderosas, como a de Orçamento, e "enquadrar" Temer.

NOTÍCIA AO VIVO
O pai de Neymar teve de telefonar à ESPN para contestar ao vivo fake news sobre a contusão do craque. Prova de prestígio da emissora. Mas em vez de aproveitar a notícia quicando na ponta da linha, a turma reagiu mal, apegando-se à lorota que o pai do Neymar desconstruía.

VALMIR ESTÁ ANIMADO
Pesquisas e o contato com as pessoas nas ruas de Brasília têm animado Valmir Campelo, ministro aposentado do Tribunal de Contas da União (TCU), a disputar o governo do Distrito Federal, em 2018.

PENSANDO BEM...
...a campanha nem começou, mas muita gente já não aguenta mais ouvir falar nisso.
Herculano
28/02/2018 06:33
INSUSTENTÁVEL,por Antônio Delfim Netto, Economista, foi ex-ministro da Fazenda (governos Costa e Silva e Médici), conselheiro dos governos petistas, ex-deputado federal e professor

Em 2050, teremos dois trabalhadores para sustentar um aposentado

É um fato reconhecido que o problema do atendimento às necessidade básicas da população como segurança coletiva, saúde, educação, habitação, saneamento e mobilidade urbana é agravado pela falta de recursos e pela baixa qualidade dos serviços públicos.

Quem tem alguma experiência, por exemplo, com a administração da educação nas escolas públicas de primeiro e segundo grau, sabe que ela depende essencialmente das qualidades e do preparo dos seus diretores. Quando eles têm competência para manter a ordem, fazer-se respeitar, fazer respeitar os professores e atrair a atenção das famílias dos alunos, floresce uma cooperação e uma solidariedade que eleva a qualidade da educação.

É claro que as condições físicas da escola e a satisfação dos professores com a sua nobre profissão são condições necessárias, mas a condição suficiente é a capacidade de cooptação do diretor produzida por seu preparo e personalidade. Ele e os professores precisam de uma boa carreira, salários razoáveis e uma aposentadoria digna, hoje fortemente prejudicados pelos espantosos gastos com salários e aposentadorias da alta burocracia não eleita que controla o Estado.

Um exemplo disso são os gastos médios com aposentadorias pagas durante o exercício de 2016. Se a aposentadoria média paga pelo INSS (Instituto Nacional do Seguro Social) for usada como unidade de medida, o "teto" do sistema é igual quatro vezes a média, ou seja, quem se aposenta com o maior valor do INSS recebe, aproximadamente, o que recebem quatro aposentados médios. O servidor humilde do Poder Executivo recebe, em média, a soma de seis aposentados médios do INSS e os servidores militares, oito.

A partir daí há uma enorme descontinuidade: Ministério Público, com média igual a 15 vezes a média do INSS; Judiciário, com média igual a 21; e Legislativo, com média igual a 23 vezes a média do INSS. Em um mês, chega-se a receber o que um trabalhador ganha em dois anos.

Na média geral, uma aposentadoria do setor público é equivalente à aposentadoria de 13 participantes do setor privado. O gráfico abaixo mostra a generosidade insustentável do nosso sistema previdenciário. Em 2050, teremos dois trabalhadores para sustentar um aposentado. Lá vamos lembrar de Temer, pois a demografia não perdoa.
Herculano
28/02/2018 06:30
RAQUEL PROVA DE NOVO QUE É JACA DA JAQUEIRA DO MPF: PEDE QUE STF VIOLE CONSTITUIÇÃO NO CASO TEMER, ALÉM DE OUTRAS IMPROPRIEDADES, por Reinaldo Azevedo, na Rede TV

Raquel Dodge, procuradora-geral da República, é, por enquanto, uma decepção para quem esperava dela não um alinhamento ideológico com este lado ou com aquele. Com a devida vênia, eu tenho autoridade para falar isso porque sei que irrito parte considerável dos meus leitores quando afirmo que Lula foi condenado sem provas ou que a Polícia Federal promoveu um espetáculo grotesco ?" e, entendo, ilegal - na entrevista coletiva concedida por uma delegada sobre o caso do petista Jaques Wagner. As cobranças que faço à doutora não tem origem ideológica. Ou, vá lá, tem, sim, mas num sentido menos rasteiro do que podem supor alguns: sim, fala nestes textos um jornalista liberal, defensor do Estado de Direito e das regras pactuadas no regime democrático. Para todo mundo! Sei que o PT, por exemplo, não faria - e não fez! - isso por mim. Mas não são os petistas a ditar os meus pressupostos morais.

No que diz respeito a esses valores, a doutora tem sido uma decepção. Não que eu esperasse dela especial talento no manejo dessas questões. Tinha a expectativa, tão-somente, de uma atuação técnica. E, também a procuradora, está voltada, por enquanto, a fazer a vontade da corporação que representa - e aí está um dos males decorrentes de se entregar um cargo dessa importância aos cuidados de uma corporação. Foi o PT quem inventou a "eleição direta", com lista tríplice, de procurador-geral por uma entidade sindical de procuradores. E o fez ao arrepio da Constituição. Constituição que os procuradores deveriam defender em vez de desrespeitar de maneira determinada.

A última diatribe da doutora consistiu em apresentar uma petição, nesta terça, ao ministro Edson Fachin para incluir o presidente Michel Temer entre os investigados de um inquérito aberto no ano passado, que apura repasses da Odebrecht ao MDB em 2014. O repasse, de R$ 10 milhões, teria sido acertado no Palácio do Jaburu, residência oficial do então vice-presidente Michel Temer, no ano de 2014. O vice teria estado presente ao encontro, mas não há testemunhos dando conta de que soubesse da coisa. O acerto teria sido combinado com Moreira Franco e Eliseu Padilha, ambos investigados no caso.

Notem: nem vou entrar no mérito se a coisa aconteceu ou não. O fato é que Temer não era presidente em 2014. O Parágrafo 4º do Artigo 86 da Constituição é explícito e já foi aplicado a todos os seus antecessores:

"O Presidente da República, na vigência de seu mandato, não pode ser responsabilizado por atos estranhos ao exercício de suas funções."

Assim, ainda que a coisa tenha acontecido, não poderá ser investigada agora. O próprio Rodrigo Janot, que comandou duas tentativas de golpe contra Temer - tanto é assim que as delações dos Batistas e sua turma devem ser anuladas -, não pediu a inclusão de Temer no rol dos investigados porque o óbice constitucional é evidente.

A doutora propõe, também ela, uma leitura da Constituição segundo aquilo que nela não está escrito. Para ela, o presidente "não poderá sofrer responsabilização em ação penal enquanto durar seu mandato", mas pode ser investigado. E diz:

"Considero necessário tratar da ampliação do rol de investigados neste inquérito para incluir o senhor presidente da República Michel Temer, por considerar que a apuração dos fatos em relação ao presidente da República não afronta [a Constituição]".

Ora, qual é o sentido do tal dispositivo? Justamente impedir a turbulência política, que, é óbvio, estaria dada já com a simples investigação. Em tempos normais, eu diria: "É claro que Fachin vai rejeitar o pedido".

Mas os tempos não são normais. Como o caso diz respeito ao presidente, caberá que o pleno do Supremo o examine. Em tempos normais, eu diria: "É claro que o tribunal vai rejeitar o pedido. Mas os tempos não são normais".

A Constituição que a orienta não é aquela de 1988, mas uma outra qualquer, que ela tem na cabeça.

Dodge resolveu escandalizar a lógica já quando pediu a Roberto Barroso, relator do caso da MP do Portos, que determinasse o silêncio obsequioso do então delegado-geral da PF, Fernando Segoovia, que havia dito não haver provas contra Temer. Ela afirmou que ele não poderia tê-lo feito porque o agente público tem o dever da impessoalidade. Aqui mesmo, perguntei o óbvio: e os procuradores e delegados que falam pelos cotovelos e condenam as pessoas à fogueira sem a mínima chance de defesa? E a delegada que se comportou como juíza de Jaques Wagner? Bem, nesse caso, Dodge não fala nada.

Não há muito a dizer, até agora, em favor da procuradora. Cadê a devida apuração do caso Marcelo Miller, ex-figurão do MPF então lotado na PGR e que passou a trabalhar para o grupo JBS? Quando Joesley gravou a conversa com o presidente, Miller já se encontrava na dupla militância. Participou tanto dos acordos de delação premiada, vergonhosamente homologados por Fachin, como do acordo de leniência. Doutora Raquel também resolveu endossar os interesses corporativos da categoria ao se expressar com veemência em defesa do auxílio-moradia. Por ano, a mamata custa ao país R$ 1,6 bilhão.

Não direi que Dodge age com o despudor de um Janot porque considero a performance daquele senhor inigualável. Ela, ao menos, tem evitado arroubos públicos de populismo. Mas é uma jaca de sua jaqueira. E, na jaqueira do MPF, o estado de direito não se cria, e os códigos legais são meros pretextos para desrespeitá-los.
Herculano
28/02/2018 06:23
O ANDAR DE CIMA E A SEGURANÇA, por Elio Gaspari, nos jornais O Globo e Folha de S. Paulo

É possível criar uma organização privada para remunerar e estimular os policiais, sem meter o Estado nisso

Um renomado cirurgião plástico de Nova York, republicano radical, acabara de informar que não poderia dar consultas na quarta-feira porque deveria atender policiais que precisavam de seus serviços. Esse médico é inimigo de qualquer coisa que o Estado faça, inclusive cobrar pedágios. Deu-se então o seguinte diálogo:

- Você tem muitas clientes latino-americanas, com maridos ricos que pensam parecido contigo.

- De jeito nenhum. Eu sou conservador. Vocês são fascistas.

O cirurgião opera policiais e seus familiares porque pertence a uma associação particular destinada a ajudá-los. Ele pode ter exagerado, mas acertou num ponto: o andar de cima latino-americano acha que pode cuidar da própria segurança, blindando-se, contratando guardas e tolerando milícias. No Rio há mais carros blindados do que em Nova York e deu no que se vê. Ou há segurança para todo mundo, ou não há para ninguém.

Em centenas de cidades americanas existem associações de amigos da polícia. Não passa pela cabeça de ninguém viver num lugar onde a polícia está sucateada material, financeira e socialmente.

Começando pelo Rio, pode-se sair da dança de perus bêbados na qual não há segurança porque não há polícia e não há polícia porque nem ela tem segurança.

O andar de cima pode abrir, sem fanfarra, uma discussão para criar um fundo de assistência aos policiais civis e militares. Funcionaria assim: empresas e pessoas físicas criariam um fundo destinado a financiar policiais com bônus de desempenho, complementos no acesso à casa própria e à educação. Poderia também complementar aposentadorias e oferecer serviços médicos especializados. Esse fundo ficaria anexo a uma associação à qual os policiais adeririam voluntariamente. Seria uma iniciativa estritamente privada, sem nada a ver com o governo, nada mesmo. Nem presenças simbólicas, eventos, convênios ou coisa parecida.

No dia zero, as portas estariam abertas a todos. A partir dessa hora, caso o policial fosse denunciado pelo Ministério Público por qualquer irregularidade, seria desligado da associação, perdendo os benefícios que porventura estivesse recebendo. Se uma denúncia do Ministério Público é pouco, pode-se pensar em outros mecanismos de correição. Na outra ponta, as empresas e os cidadãos abonados colocariam seu dinheiro no fundo por prazos fixos, renováveis a juízo do interessado. A engenharia financeira e jurídica dessa iniciativa pode ser desenhada em menos de uma semana.

A adesão e a permanência de um policial nessa organização viriam a ser um distintivo de boa conduta. Seria uma fórmula capaz de levar a Lei de Serpico para dentro das polícias civis e militares dos Estados brasileiros. Ela diz que "é o policial corrupto quem deve ter medo do honesto, e não o contrário."

Serpico (Al Pacino no filme) era um jovem agente da polícia de Nova York e denunciou esquemas de corrupção no seu serviço, mas deu em nada. Suas queixas apareceram na imprensa, e o prefeito da cidade criou uma comissão para estudar o assunto. Meses depois Serpico foi atraído para uma armadilha, tomou um tiro na cara e seus colegas deixaram-no agonizando. Um cidadão que viu a cena salvou-o. Isso aconteceu em Nova York em 1971.
Herculano
28/02/2018 06:18
A GENTE TOMA LÁ, DÁ CÁ, por Carlos Brickmann

Bolso cheio, eleitor feliz. Michel Temer reduziu a inflação e baixou a taxa de juros ao menor nível da História recente. Por que o eleitor o rejeita, mantendo sua candidatura no chão, apesar das boas notícias da Economia?

Porque as notícias da Economia só são boas quando lidas. Aplicadas, a coisa muda. É verdade que a taxa básica de juros é de 6,75% ao ano, mas nos juros do cheque especial a taxa é de 324,7% ao ano (números oficiais, do Banco Central). O cidadão não compra nada com a taxa básica; usa a do cheque especial e é esfolado todos os dias. E, se a taxa básica foi reduzida em 0,24% em 7 de fevereiro, a do cheque especial subiu 1,7% em janeiro.

O eleitor usa também o cartão de crédito. Os juros são de 241% ao ano. E, se o caro leitor estiver escandalizado com o aumento de juros do cheque especial em janeiro, há coisa pior: a taxa do cartão de crédito subiu 7,1% no mesmo período. Para ver se baixava esses números imorais, o Banco Central determinou que os juros do cartão de crédito fossem cobrados só no primeiro mês. O valor da dívida será então pago em crédito parcelado. Mas quanto custa essa nova modalidade? Outro escândalo: 171,5% ao ano.

Na década de 1970, o general Emílio Médici, que presidiu o período de maior crescimento econômico do país, disse uma frase que continua válida: "A economia vai bem, mas o povo vai mal". A que situação chegamos, em que é preciso lembrar uma frase do mais feroz ditador do regime militar?

A COPA DOS VIZINHOS
O presidente uruguaio, Tabaré Vásquez, tenta formar um bloco com Argentina e Paraguai para realizar a Copa do Mundo de 2030 e festejar o centenário da primeira Copa do Mundo, ocorrida em 1930 no Uruguai (que foi o primeiro campeão mundial). Como na Copa do Japão e Coreia em 2002, a primeira a se realizar em mais de um país, o evento seria compartilhado entre as nações do Rio da Prata.

Palavras do presidente uruguaio que talvez nos soem familiares: "Seria a realização de um sonho coletivo do país que queremos ser em 2030, assim como um legado para futuras gerações, com infraestruturas que contribuam para melhorar a qualidade de vida de todos os uruguaios". Pois é. Se é assim, então tá.

A LUZ NO TÚNEL
O Brasil poderia cooperar amplamente com a Copa platina. Há empresas brasileiras que já fizeram trabalhos semelhantes na Copa de 2014, também a título de legado para futuras gerações. Futuras gerações, claro, dos donos das empresas, cuja capacidade de montar legados ficou aqui comprovada. Levando em conta que o volume de trabalho que executavam se reduziu, a cooperação com os vizinhos seria muito bem-vinda para essas empresas.

CAMINHO DE IDA
O ministro da Segurança, Raul Jungmann, disse na hora da posse que sua carreira política está encerrada. Jungmann aproveitou a oportunidade e resolveu dois problemas ao mesmo tempo: trocou o Ministério da Defesa, onde muita gente das Forças Armadas não apreciava sua gestão, por uma nova pasta, com mais poder de decisão e, espera, verbas mais alentadas; e livra-se de uma dura campanha eleitoral, ele que nunca foi um campeão de votos e que, nas últimas eleições, ficou na suplência. Mais, apresenta-se como patriota:

"Ao aceitar este cargo, abro mão da minha carreira política. Encerro minha carreira política para me integrar integralmente a esta luta". Jogada de mestre. E quais seus planos para enfrentar a insegurança pública? Ora, caro leitor! Ele não pode pensar em tudo ao mesmo tempo.

A BOA SAÍDA
O ex-prefeito carioca César Maia, pai do presidente da Câmara, Rodrigo Maia, e bom analista político, acha que apesar de tudo a intervenção no Rio fortalece o presidente Temer. "O policiamento ostensivo deve inibir a bandidagem. Quem se opôs à intervenção não apresentou nenhuma ideia, nada, para substituí-la. E a população já não aguentava mais tanto crime".

IMPLICÂNCIA
Quando autoridades e seus parentes vão a bons hospitais particulares, os adversários reclamam que não foram se tratar no SUS. Quando, como agora, a mãe do prefeito carioca Marcelo Crivella vai a hospital público, os adversários reclamam que está ocupando a vaga de quem precisa mais. As críticas surgem por um motivo ou outro.

Eris Bezerra Crivella, no dia 17, fez uma cirurgia no punho, no Hospital Salgado Filho; no dia 26, foi levada à emergência do Hospital Miguel Couto, com fortes dores na mão. Nesta internação, diz O Globo, "segundo testemunhas, ela recebeu tratamento diferenciado e foi prontamente encaminhada para radiografia". E que diz a testemunha? "Uma funcionária, que pediu para não ser identificada, apesar de não ter visto a mãe do prefeito chegar à unidade, soube por outros profissionais que ela foi atendida antes de outros pacientes que já estavam no local".

Ela não se identifica, nem viu, mas acusa e a imprensa a ouve.
Herculano
28/02/2018 06:03
SEGOVIA SE TRANSFORMOU EM RISCO QUE PRECISAVA SER ELIMINADO, por Bruno Boghossian, no jornal Folha de S. Paulo

Escalado por Michel Temer no comando da Polícia Federal para controlar a Lava Jato, o delegado Fernando Segovia se transformou, nos últimos 110 dias, em um risco que precisava ser eliminado.

O presidente, que esperava estancar a sangria no momento em que a operação se aproximava dele de maneira crítica, percebeu que as declarações desavergonhadas do diretor da PF em sua defesa começavam a provocar o efeito contrário.

As inúmeras tentativas de Segovia de desmerecer o trabalho de investigadores que confrontavam Temer produziram um ambiente de hostilidade e provocaram reações enérgicas na Polícia Federal, na Procuradoria-Geral da República e no STF.

O governo passou a enxergar, por exemplo, uma ameaça de insurgência dos agentes da PF que cuidam do principal inquérito que envolve Temer, suspeito de favorecer empresas que atuam no porto de Santos.

Dias depois de Segovia indicar publicamente que esse caso deveria ser arquivado e que os investigadores poderiam ser punidos, o delegado responsável pediu a prorrogação de um inquérito que o próprio Temer esperava ver enterrado rapidamente.

As trapalhadas de Segovia foram tão absurdas que o ministro Luís Roberto Barroso, do Supremo, interpelou o diretor da PF, e a procuradora-geral da República, Raquel Dodge, chegou a pedir que ele fosse proibido de falar sobre o assunto.

Para o Planalto, o empenho exagerado de Segovia na missão de proteger o chefe pode ter ampliado o rigor com que essas três instituições vão investigar, processar e julgar Temer ?"em uma batalha que jamais poderia ser vencida pelo presidente.

A demissão de Segovia é uma tentativa de "zerar o jogo", nas palavras de um auxiliar do governo. Seu substituto é considerado pelo Planalto mais comedido. A demissão do delegado foi uma maneira de se livrar de um vilão atabalhoado que revela aos espectadores seu plano infalível antes de derrotar os adversários.
Roberto Sombrio
27/02/2018 21:26
Oi, Herculano.

Não somos políticos e por isso muito do que fazemos não aparece, mas chegou o momento de desmascarar os políticos que a cada dia nos roubam ou tentam enganar.

Lembro claramente da reunião feita no Hotel Raul's onde Samir Buhatem, convou a população para arrecadar recursos a fim de reformar o hospital de Gaspar. Na época a ideia era de que cada pessoa ou grupo assumisse um apartamento. Eu era morador recente na cidade e poucos me conheciam. Apoiei o que foi exposto e me apresentei de imediato assumindo buscar verba para a reforma de um dos apartamentos.
Acredito que poucos sabem que boa parte dos valores para a reconstrução do hospital veio do meu amigo e empresário Wandér Weege e outra parte, também considerável, da prefeitura que na época era administrada pelo ex-prefeito Adilson Luís Schmitt, o qual nunca foi responsável pelo fechamento do mesmo. No entanto os fracassados politicamente insistem em esconder suas derrotas culpando o adversário.
Foi um trabalho gratificante para quem pôde participar desta empreitada, no entanto depois de pronto, o hospital foi roubado do povo de Gaspar pelo PT.

E como disse você Herculano e eu completo: Também desafio alguém contar uma história diferente.

Está na hora dos integrantes do PT nascerem de novo, mas com ética, vergonha na cara, respeito ao próximo, honestidade e por aí vai.
Herculano
27/02/2018 18:10
BARROSO PRORROGA INQUÉRITO SOBRE TEMER E DETERMINA A APURAÇÃO DE VAZAMENTO, por Josias de Souza

O ministro Luís Roberto Barroso, do Supremo Tribunal Federal, prorrogou por 60 dias o inquérito sobre o caso dos portos, no qual Michel Temer figura como investigado. Apura-se a suspeita de recebimento de propina em troca da edição de um decreto do presidente que favoreceu empresas do setor portuário.

No mesmo despacho, datado desta terça-feira, o ministro determina a abertura de um novo inquérito, para apurar o vazamento da informação sigilosa. Refere-se a notícia veiculada pelo Globo e mencionada aqui. Nela, revelou-se que, contrariando pedido feito pela Polícia Federal, a procuradora-geral da República Raquel Dodge se negou a requisitar ao Supremo a quebra dos sigilos bancário e fiscal de Michel Temer. Alegou que não há, por ora, elementos que justifiquem a providência.

Relator do processo contra Temer no Supremo, Barroso tomou as decisões menos de 24 horas depois de receber manifestação de Raquel Dodge a favor da prorrogação do inquérito, que havia sido solicitada pelo delegado Cleyber Malta Lopes na semana passada. O despacho do ministro tem uma folha e meia.
Herculano
27/02/2018 18:07
JUNGMANN DIZ O óBVIO, E ALGUNS, ORA VEJAM! FICAM CHOCADINHOS: QUEM FUMA AJUDA A FINANCIAR A VIOLÊNCIA. QUAL O ERRO? por Reinaldo Azevedo, na Rede TV

O novo ministro da Segurança Pública resolveu dizer algo extremamente ofensivo para certos nichos do pensamento politicamente correto e também para a esmagadora maioria da imprensa, majoritariamente favorável à descriminação das drogas.

Sim, Raul Jungmann vai apanhar bastante, até porque ele está chamando à responsabilidade muitos dos que vão atacá-lo. Pergunta: quem alimenta o tráfico de drogas? Resposta óbvia: quem consome drogas. Não se trata de uma acusação, mas de uma constatação econômica.

Mais a demanda faz a oferta do que a oferta, demanda. Se existe alguém procurando uma determinada mercadoria, aparecerão fatalmente produtor e vendedor da dita-cuja. Será que tudo aquilo que determinados nichos demandam deve ter a oferta correspondente, legalizada e regulada pelo Estado? Resposta óbvia: não! Há demandadores de pedofilia, por exemplo. Não estou comparando a questão ao consumo de drogas. Apenas destaco que há quereres que não podem ser atendidos.

Sim, alguém que fizesse do pragmatismo economicista seu último, ou único, Deus poderia indagar: desde que as criancinhas estejam protegidas, por que não se podem comercializar artigos de consumo para pedófilos? Uma resposta possível seria esta: porque certamente a cultura da pedofilia acabaria levando a um aumento das práticas pedófilas.

Mas eu prefiro uma outra: porque as sociedades, em qualquer lugar e tempo, são dotadas de moralidades médias que estabelecem uma faixa dos comportamentos aceitáveis, relegando outros às zonas de sombra. Ou é assim, ou se tem a desordem.

É o caso do consumo de droga. A expressiva maioria dos brasileiros (66%, segundo pesquisa Datafolha de 29 de dezembro do ano passado) segue sendo contrária à descriminação. E, entre os mais pobres, a repulsa é maior. A razão é simples: são eles as vítimas do narcotráfico. Não só os consumidores têm, sim, sua cota de responsabilidade como cumpre destacar que os consumidores de sustâncias ilícitas formam uma extrema minoria. Segundo essa mesma pesquisa, 80% nunca consumiram a droga; 14% dizem tê-la usado uma vez e pararam. Só 5% são consumidores contumazes. Esse percentual certamente cai brutalmente para as drogas mais pesadas.

Entenderam o ponto? Quando um ministro como Roberto Barroso, do Supremo, desanda a fazer proselitismo em favor da legalização de todas as drogas, ele está sendo porta-voz de uma extrema minoria. Bem, é claro que a maioria poderia estar errada. Ocorre que não está. De resto, considerem-se duas coisas:

a: descriminação apenas da maconha seria irrelevante para o crime organizado, que continuaria organizado e violento, monopolizando as outras drogas. Segundo leis de mercado, estas baixariam de qualidade e de preço - com o acréscimo de substâncias barateadoras e ainda mais nocivas à saúde - para, por via do aumento do consumo, compensar a perda de caixa;

b: é uma suposição estúpida, e Barroso está nessa, a ideia de que a legalização de todas as drogas faria o traficante buscar um emprego honesto. Ele migraria para outros crimes.

Em qualquer caso, ter-se-ia um aumento da criminalidade - como aumentou em países que passaram a ser mais permissivos na área, a exemplo de Uruguai e Portugal, ambos com baixos índices de criminalidade ainda hoje - com as consequências certamente devastadores que haveria no campo da saúde. Drogas lícitas, por definição e por óbvio, são mais consumidas.

Resta, claro!, a questão: "Mas consumir ou não se insere no terreno das escolhas individuais, Reinaldo!" É verdade. Só que a droga não cai do céu. Ela pertence ao universo das relações sociais. E as sociedades regulam o aceitável e o inaceitável segundo mecanismos de decisão, que podem ser autoritários ou democráticos. A larga maioria, no Brasil, escolheu manter determinadas drogas na ilegalidade.

É claro que Jungmann vai tomar muitas pancadas. Em especial dos consumidores de grife. Gregório Duvivier, por exemplo, está convicto de que os corruptos de direita - ele se ocupa pouco dos corruptos de esquerda - estão na raiz dos males do Brasil. Ele, um propagandista do consumo de maconha, deve achar que sua responsabilidade pessoal começa quando acende o cigarro de maconha e termina quando apaga a "ponta". Afinal, se o troço não é legal, a culpa não é sua, certo? Por ele, seria. Como não é, ele age como se fosse. Ocorre que, ao tomar essa última decisão, ele passa a ser um elo na corrente que mata crianças, que provoca chuva de balas perdidas, que faz do país a terra de ninguém.

"Ah, Reinaldo está dizendo que o consumidor de maconha é o responsável pelo desastre na administração pública do Rio"? Não! Reinaldo não está dizendo isso. Reinaldo está dizendo que você até pode dar a sua cota de contribuição para um Rio melhor espancando todo dia o boneco de Sérgio Cabral. Isso evidencia a sua adesão, digamos, espiritual a um mundo melhor. Ocorre que, ao acender um cigarro de maconha, você adere, na prática, ao mundo pior. A responsabilidade pelos desastres no Rio é de um monte de gente e de circunstâncias. Ao acender a bagana, o indivíduo dá sua cota pessoal à barbárie.

De resto, sinto certa vergonha de argumentadores que citam o caso de Portugal como exemplo, ainda que virtuoso fosse. Por quê? A parte continental do país, com o mar a oeste e ao sul, tem uma costa de 1.230 km apenas; ao norte e ao leste, um único vizinho: a Espanha. Banânia tem 7.367 km se desconsideradas as saliências e reentrâncias e 9.230 km se elas forem levadas em conta. Faz fronteira com nove países. Quatro deles são produtores de coca: Colômbia, Venezuela, Peru e Bolívia. O Paraguai é um grande exportador de maconha. E estamos a falar de mais de 8 milhões de quilômetros quadrados de território.

Imaginem um país com essas características decidir pela legalização de todas as drogas, à revelia dos vizinhos, como quer Barroso.

Bem, dizer o quê? Duas coisas:

- trata-se de uma fala irresponsável delirante, de quem refletiu pouco sobre o assunto;

- não cabe a um ministro do Supremo o papel de militante em favor da legalização das drogas. Que renuncie à toga e vá para a luta política.
Herculano
27/02/2018 17:55
JUNGMANN DECIDE TROCAR COMANDO DA PF: SEGOVIA SAI, GALLORO ASSUME



Conteúdo da coluna Painel (Daniela Lima) do jornal Folha de S. Paulo.O novo ministro da Segurança, Raul Jungmann, decidiu trocar o comando da Polícia Federal. Ele levou ao presidente Michel Temer, nesta terça-feira (27), o nome do delegado Rogério Galloro para a direção-geral da PF. Temer concordou, informa Daniela Lima.

A mudança ocorre após o atual titular do órgão, Fernando Segovia, passar por uma série de desgastes.

Galloro sempre esteve entre as opções do governo. Quando Leandro Daeillo decidiu se aposentar, em novembro do ano passado, ele se tornou o nome do ministro da Justiça, Torquato Jardim, para o cargo. Mas Segovia, que tinha mais trânsito entre nomes históricos do MDB, acabou levando a melhor.

O nome de Galloro tem apoio na Associação dos Delegados da Polícia Federal e estava em listra tríplice enviada a Temer ainda em 2017.

Após a ascensão de Segovia, Galloro migrou para a Secretaria Nacional de Justiça do MJ. Ele integra o Comitê Executivo da Interpol.
Mário Pera
27/02/2018 15:54
Sobre alegação de que adm do PT reabriu o hospital de Gaspar, quero registrar que através de solicitação da Rede Feminina de Combate ao Câncer , fizemos pela empresa que administro em Bombinhas, a doação dos frigobares pra equipar as suítes. E como a nossa empresa muitas outras também o fizeram - como cidadãos - de forma anônima, já q só trouxemos à tona agora, de modo q mesmo a distância junto com dr Vilmar Schurmann atuamos pra contribuir com Gaspar.
Mariazinha Beata
27/02/2018 14:56
Seu Herculano;

Se o Jacques Wagner continua com a barba cafona de sindicalista, isso mostra que ele saiu da favela mas a favela não saiu dele.
Como dizia a minha vozinha; "que jeca!"
Bye! bye!
Erva Doce
27/02/2018 14:28
Alô! Alô! Bairro Bela Vista.
Acreditaram no médico beiçola de peixe?
Façam um bom caldo!
Sujiru Fuji
27/02/2018 14:23
Pôxa!!! e eu que tinha tanta consideração pelo Dr. João ...
Erva Daninha
27/02/2018 14:22
Oi, Herculano

Quais os "ladrões" do Hospital de Gaspar?
A Mariluci (prima da Greizi Hofman a "Amante"), espreme que ela sabe.
E o Pedro Zuchi quietinho, só na moita.
Tua hora vai chegar, fanfarrão!
Maria Aparecida Albino
27/02/2018 14:12
Sr. Herculano

Querem colocar a fatura do SAMAE inundado ou afogado em débito na conta corrente de banco?
Não se iludam, minha mãe tem e na última fatura veio com multa e juros na tarifa de água, multa e juros na taxa de lixo. É que o vencimento caiu num feriado, o banco não trabalhou, quem paga é o consumidor.
O macaco além de velho é burro.
Em Blumenau, quando o pagamento da fatura coincide com um feriado ou fim de semana o SAMAE do PSDB adianta em um dia para receber sem prejudicar o consumidor. Simples assim!
Mariazinha Beata
27/02/2018 14:01
Seu Herculano;

Adoro, Luiz Carlos Prates!
Ele me representa.
Lembro do detalhe dos "idiotas úteis" petistas comprando carrinhos novos, no dia seguinte a falida RBS o demitiu.
Estou esperando a Globo falir.
Bye, bye!
Mardição
27/02/2018 13:50
POLÍTICOS DISPUTAM A MORIBUNDA SAÚDE DE GASPAR. JOGOS, "PACTOS" E VERGONHA.

Enquanto tudo isso acontece o Ministério Público dome de touca ZZZZZ....
Fernando
27/02/2018 12:45
Na terra de cegos quem tem um olho e (Rei)me sinto com vergonha de uma cidade como Gaspar, aonde sempre foi o povo elege uma pessoa ,(kleber wandal)e outros mandam (Roberto Pereira).Celso Zuchi,(Lovidio Bertoldi e Doraci Vans) vergonha aonde tudo fazem e o povo corre atrás ,aonde o povo elege vereadores para ficar . Nas mãos de um governo que governa para si mesmo tô com vergonha de ter votado em vc (Evangélico ) Kleber wandal, aonde não tem uma voz ativa que se deixa dominar por poucos vc não honra os votos do povo gasparense ,prova de tudo e o neto do Walter Morek, filho da Rubiana até ele conseguiu uma vaga de estagiário, o Ministério Público deveria agir e dar a vagas a quem precise.
Herculano
27/02/2018 09:49
HOJE É DIA DE DETONAÇÃO DE ROCHAS NA BR-470.

DEPOIS DE TANTAS QUEIXAS E ENSINAMENTOS, SERÁ PRECISO DESENHAR O PAPEL DA SUPERINTENDÊNCIA DO BELCHIOR, DA PREFEITURA E DA DITRAN PARA PRESERVAR O TRÂNSITO E ABAFAR A POEIRA NA RUA VIDAL FLÁVIO DIAS, NO BELCHIOR BAIXO? ACORDA, GASPAR
Herculano
27/02/2018 09:46
A UTOPIA DAS REDES SOCIAIS, por Joel Pinheiro da Fonseca, filósofo, no jornal Folha de S. Paulo

É uma surpresa que o resultado dos megafones nas mãos dos indivíduos seja barulho e tribalismo?


Havia um sonho no início da internet: o sonho de uma humanidade mais unida. Com mais facilidade de comunicação, pessoas de lugares distantes interagiriam mais e derrubariam muros. Com um mar de informações disponível a um clique, quaisquer discordâncias seriam facilmente resolvidas. A tecnologia abria as portas para um mundo da união universal pautada pela ciência.

Infelizmente, não foi o que aconteceu. O contato entre pessoas distantes permitiu que aqueles que pensam igual troquem mais figurinhas e articulem ações conjuntas. Ao mesmo tempo, a abundância de informações permitiu que cada narrativa se servisse de dados e exemplos para reforçá-la e aumentar seu poder de persuasão junto a ouvintes indefesos.

Hoje, aquele sonho de internet (um espaço amplo, aberto e descentralizado) se foi; vivemos no enorme condomínio fechado do Facebook, que acelera a polarização. No início dos anos 2000, alguns poucos aficionados por política e cultura discutiam entre desconhecidos em fóruns online sob identidades anônimas. Hoje, as coisas se misturaram: seu manifesto político na rede te dá reputação (ou ódio) entre pessoas que te conhecem.

O Facebook se apresenta como uma plataforma neutra, na qual o sucesso de cada post depende apenas do interesse que ele gera nos usuários. Quanto ao conteúdo ideológico (e excetuando uma política rígida de excluir nudez e possíveis ofensas a algum grupo), ele realmente não faz nenhum tipo de filtro ou controle do que é publicado.

Se mentiras sensacionalistas capturam melhor a atenção dos leitores do que reportagens ponderadas, o que se há de fazer? É a natureza humana. É uma surpresa que o resultado dos megafones nas mãos dos indivíduos não seja imparcialidade e profundidade, e sim barulho e tribalismo?

Para quem se dispõe a ser protagonista da própria busca por conhecimento, a internet foi uma das maiores dádivas da história. Entre jornais e revistas do mundo todo, sites especializados, Wikipedia, blogs com análise de alta qualidade (que jamais teriam espaço na mídia tradicional), interlocutores inteligentes e proximidade com formadores de opinião, a vida melhorou muito. Agora, para quem adota uma postura passiva (infelizmente, a maioria), ficou mais fácil ser enganado e, pior, aumentou a propensão a se fechar dentro de uma bolha ideológica.

Por mais que seja neutra em sua proposta, a plataforma do Facebook, como qualquer outra, pode ser manipulada. Foi o que a Rússia fez (via a "Internet Research Agency", IRA, que serve aos interesses do governo russo), com milhares de usuários falsos e a criação de páginas e posts ?"compartilhados milhões de vezes?" para desestabilizar o debate público americano em 2016.

As páginas criadas pela IRA ocupavam ambos os extremos do espectro ideológico: de ativismo negro a campanha anti-imigração de latinos. A finalidade era sempre a mesma: aumentar o caos para enfraquecer o país internamente.

Não está claro o tamanho da influência russa. Eu acredito que o processo natural de interação nas redes já leve a esse resultado, com a interferência de agentes externos sendo apenas um acessório.

No Brasil, nada indica que o governo russo interfira no debate público. Contudo, é curioso notar que, em sua luta sincera pelo que acreditam ser o bem do Brasil, cidadãos convictos e grupos de ativismo político se comportem exatamente da maneira que um inimigo gostaria de incentivar para destruir a nação.
Herculano
27/02/2018 09:44
A JOGADA DE MESTRE E O COLAPSO NARRATIVO, por Carlos Andreazza, no jornal O Globo

O enunciado 'segurança pública' é o mais sensível ao brasileiro real. Qualquer movimento que lhe seja relativo e que insinue avanço mobiliza esperanças

No exato instante em que Michel Temer assinou o decreto da intervenção federal no Rio de Janeiro: o ano começou - o ano eleitoral de 2018 começou. Não há ator relevante no tablado que não tenha percebido. Geraldo Alckmin ?" o que joga sempre parado, para quem, até há pouco, o grande tema da campanha seria a dupla emprego e renda ?" teve de se mexer e mudar: agora é a segurança pública. A questão tomou a frente. Temer tomou a frente. Naquele momento, ao formalizar o decreto, fato novo por excelência, marco deflagrador-acelerador da corrida presidencial, o presidente se impôs como protagonista, o sujeito-matriz que pauta o debate público e exige respostas dos adversários, de súbito, pegos de surpresa, obrigados, como se diz, a correr atrás.

Entramos no delicado terreno da percepção. O enunciado "segurança pública" é o mais sensível ao brasileiro real. Qualquer movimento que lhe seja relativo e que insinue avanço ?" ruptura no comodismo ?" mobiliza esperanças e provoca sensações. Jamais acreditei, por exemplo, na viabilidade das Unidades de Polícia Pacificadora. Sempre considerei o projeto uma farsa. Mas nunca desprezei a potência político-eleitoral daquela irresponsabilidade: força por meio da qual, já nos ecos, até Pezão conseguiria se eleger, em 2014, governador do Rio de Janeiro; cortina de fumaça legitimadora por trás da qual a quadrilha de Sérgio Cabral pilhou o estado.

Estamos em ano eleitoral. Quase março. A eleição é em outubro. Daqui até lá: tiro curto. Condições perfeitas a que se explore o impulso perceptivo do cidadão ?" corrida a cuja vitória um voo de galinha pode bastar. Não importa que a intervenção federal seja, hoje, na prática, mero protocolo de intenções sobre base excepcional; sem, portanto, qualquer conquista palpável. Não importa. Seu simples anúncio, valorizado pela natureza atípica do dispositivo constitucional e pela centralidade concedida ao Exército, deu à questão da segurança pública caráter prioritário - ou criou o ambiente para que assim fosse percebido. Sobre um assunto cuja materialidade pode ser medida em 60 mil homicídios anuais, não será pouco.

É a percepção de que os efeitos político-eleitorais da ação podem ser decisivos - e alterar a impressão das pessoas sobre o presidente - o que orienta, à direita e à esquerda, a reação dos adversários.

Há uma nuance aqui. Não creio que a popularidade de Michel Temer possa reagir de modo a torná-lo competitivo eleitoralmente. Não é esse o ponto. A perturbação está em se o governo Temer, ademais no controle da máquina e desfrutando da capilaridade nacional do MDB, pode - beneficiado por avanços nos indicadores econômicos e por alguma imediata sensação de melhora na área de segurança - chegar a meados do ano como um, talvez o, grande eleitor.

A manifestação - tardia - de Lula a respeito da intervenção passou recibo de apreensão e é altamente significativa de quem acusa o golpe sem ter meios de contra-atacar com ideias. Até então aquele que dava ?" sozinho ?" as cartas e ditava o ritmo da pré-campanha, senhor absoluto do jogo, o ex-presidente de repente se viu na defensiva, à margem do debate, desprovido de ferramentas para se contrapor senão reproduzindo o discurso de histéricos como Lindbergh Farias: Temer teria, num golpe de marketing, roubado o programa de Jair Bolsonaro e encontrado para si um veio eleitoral influente. O senador petista Humberto Costa chegou mesmo a dizer que o governo federal, em busca de um mote para 2018, lançara-se a um processo de bolsonarização.

Bolsonaristas não discordarão. Ao contrário: não faltam manifestações - perplexas - de apoiadores do deputado que se sentem afanados no discurso. O próprio Jair Bolsonaro verbalizou o sentimento de homem roubado. É a mais precisa definição - à esquerda e à direita - de colapso narrativo.

A propósito, aliás, de Bolsonaro, e sob o impacto da intervenção federal de Temer em ano eleitoral, convém fazer uma distinção politicamente importante, que independe da qualidade das propostas do deputado federal e do presidente para a segurança pública.

Bolsonaro, o pioneiro, é o que há mais tempo - e longamente sozinho - segura a bandeira do tema. Ele soube identificar, com rara antecedência, aquela que é a maior demanda do cidadão brasileiro - e tem lucrado eleitoralmente com isso. É um mérito. Temer, por sua vez, é aquele que, em decorrência do decreto, anabolizado pela força do cargo que ocupa, tirou os adversários da zona de conforto e, ao trazer para si o enfrentamento prioritário do flagelo também conhecido como segurança pública no Rio de Janeiro, inscreveu-se como o pauteiro da agenda política atual.

Não são poucas as chances de que tenha encontrado, naquele que é estandarte histórico de Bolsonaro, uma identidade para seu governo; uma identidade com vigor para transformá-lo. Goste-se ou não: é política. Goste-se ou não: fica evidente que a diferença está no peso da caneta. Um é candidato a presidente e deputado federal. O outro é o presidente da República.

Não se pode subestimar a máquina, a musculatura do establishment. Essa é uma boa lição ?" ainda a se aprender ?" antes que a campanha comece à vera.
Herculano
27/02/2018 09:41
STF DECIDE NESTA QUARTA SE EXTINGUE AGRICULTURA FAMILIAR, por Cláudio Humberto, na coluna que publicou nos jornais brasileiros

O ministro Celso de Mello, do Supremo Tribunal Federal, vai dar o "voto de minerva", nesta quarta (28), que pode resultar na proteção ou na extinção da agricultura familiar no País. Quatro ações tentam ganhar no tapetão, atropelando a ordem jurídica, o Código Florestal aprovado de goleada no Congresso. A votação está empatada em 5x5 no STF, com ministros "jogando para a plateia" ambientalista. Se desempatar contra o Código, 4,6 milhões de pequenos agricultores deixarão de existir.

E A TEMPORALIDADE DAS LEIS?
As ações querem atropelar a temporalidade das leis e punir pequenos agricultores por usarem áreas de acordo com as leis de suas épocas.

OLHA Só O ABSURDO
É como o STF decidir se prédios de 10 andares devem ser demolidos porque a lei mudou e já permite, como antes, nada acima de 5 andares.

SABE O ALFACE DO DIA A DIA?
Se considerar "inconstitucionais" os artigos 49 e 67 do Código, ficará inviável a produção de alimentos que abastece a mesa do brasileiro.

AMBIENTALISTAS MENTEM
O agricultor não é inimigo do meio ambiente: a vegetação protegida por eles em suas terras representa mais de 20% do território nacional.

WAGNER É OUTRO SINDICALISTA QUE FICOU RICO NA POLÍTICA
Melhorou muito de vida do ex-sindicalista Jaques Wagner, carioca que chegou na Bahia puxando a cachorrinha até virar diretor de sindicato em Camaçari. Ao cumprir mandado de busca contra o ex-ministro, a polícia o encontrou no 13º andar do luxuosíssimo edifício "Mansão Victory Tower". Ali, cada apartamento naque prédio não sai por menos de R$10 milhões. Do sindicalista, só resta a barba estilo Lula.

PRECISA TER 'MUITO'
O edifício onde mora o ex-governador e ex-ministro Jaques Wagner fica no mais exclusivo endereço de Salvador: o Corredor da Vitória.

COISA DE MILIONÁRIO
No prédio-mansão de Jaques Wagner cada andar é um apartamento. E o morador chega ao mar utilizando um teleférico.

GEDDEL E MEIO
A PF indiciou Wagner por embolsar R$82 milhões roubados das obras do estádio Fonte Nova. Algo como "mais de um Geddel e meio".

CARA-DE-PAU TEM LIMITE
Os críticos de militares nas favelas do Rio atacam a revista de mochilas de menores, mas não o uso que o tráfico faz desses garotos como "aviões"... para abastecer de drogas muitos deles, os críticos.

AUTISMO AGRAVANTE
A depressão do ministro Leonardo Picciani (Esporte), que preocupa o Planalto, é ocasionado pela prisão do pai do irmão Felipe, segundo amigos, e agravada pelo grau leve de autismo nele diagnosticado.

LARGANDO NA FRENTE
O prefeito paulistano João Doria já aprendeu que não existe espaço vazio em política, enquanto o veterano Geraldo Alckmin, ainda não. A reunião de Dória com o ministro Gilberto Kassab, ontem, mostrou isso.

FICANDO PARA TRÁS
Enquanto João Doria age como candidato a governador, costurando alianças, Alckmin reluta em operar como pretendente à presidência, ausente nos demais estados e sem articular o próprio projeto político.

ELEIÇÃO POR NOSSA CONTA
O total exato dos recursos disponíveis através do fundão eleitoral (no mínimo R$ 1,7 bilhão) para a campanha 2018 será divulgado no dia 18 de junho. Além disso, ainda haverá R$780 milhões do fundo partidário.

PT TEM REFORMA PRóPRIA
O projeto de reforma da Previdência do PT está há 10 anos nas gavetas do Senado. E, claro, não mexe nos privilégios de 3 milhões de servidores, que custam o mesmo que 30 milhões do setor privado.

ALô, POLÍCIA
O American Express, que cobra taxas siderais, tirou o site do ar "para revitalização" e só vai voltar, "se não houver imprevistos", após o dia 5. O cliente otário que espere. Nos EUA, isso jamais aconteceria.

RESPIRE FUNDO
A propaganda eleitoral começa oficialmente em 16 de agosto, como comícios, carreatas, distribuição de material gráfico e propaganda (gratuita) na Internet. O guia na rádio e na TV, só no dia 31 de agosto.

PENSANDO BEM...
...a intervenção federal não é um Plano Real
Herculano
27/02/2018 09:37
VENTOS POLICIAIS, por Merval Pereira, no jornal O Globo

Os palanques eleitorais para a eleição presidencial deste ano estão sendo montados aos trancos e barrancos, mais ao sabor dos ventos policiais do que dos políticos. E numa eleição casada, onde estarão em jogo nada menos que sete cargos eletivos ?" Presidente da República, governadores, dois senadores, deputados estadual, distrital e federal -, quem tiver as melhores alianças partidárias terá o maior tempo de propaganda na televisão, mas com o advento das redes sociais no mercado eleitoral, e o encurtamento da campanha oficial, não é possível garantir que o tempo de televisão seja mais importante.

Até que se prove o contrário, as alianças políticas regionais serão fundamentais para a captação de votos, mais até que o curto espaço que sobrará para a campanha de propaganda oficial de rádio e televisão, que terá a duração de apenas 35 dias, a partir de 31 de agosto.

A Bahia entrou ontem na lista dos estados que serão afetados pelas investigações da Operação Lava Jato, que ao mesmo tempo em que dificultou a campanha regional do PT, atingiu em cheio a opção mais palatável eleitoralmente para substituir Lula como candidato presidencial.

O ex-governador e ex-ministro Jaques Wagner buscava na eleição quase certa para o Senado o foro especial que o protegeria justamente dessa investigação, que já fora arquivada no âmbito da Justiça eleitoral local, normalmente mais exposta à influência do poder político incumbente. Mas era a melhor bala de prata petista para substituir Lula na campanha presidencial, apesar de não querer assumir essa missão.

Mesmo que o enfraquecimento da situação petista tenha beneficiado seu maior adversário político, o prefeito de Salvador ACM Neto do DEM, o governador paulista Geraldo Alckmin, virtual candidato tucano à presidência, não compensa com essa revigorada em fundamental estado nordestino a perda que pode vir a ter com as descobertas sobre o dinheiro guardado no exterior pelo ex-presidente da Dersa paulista Paulo Preto.

O desvendamento da rota dos pagamentos clandestinos para obras viárias dos diversos governos tucanos em São Paulo necessariamente revelará o esquema que vem alimentando as vitórias do PSDB no Estado pelos últimos 20 anos. Mesmo que recursos judiciais consigam retardar o processo ao ponto de os eventuais crimes descobertos prescreverem, politicamente o estrago está feito, e Alckmin fará uma campanha presidencial mais difícil do que normalmente se desenhava.

A busca por palanques regionais fez também com que o governador paulista oferecesse a legenda do PSDB ao ex-prefeito do Rio Eduardo Paes, que por sua vez luta para livrar-se o estigma do PMDB do Rio. Embora até agora nada tenha surgido contra ele nas investigações locais da Lava Jato, a relação política estreita com o ex-governador Sérgio Cabral cobrará seu preço na campanha para o governo do Estado, onde Paes, mesmo assim, aparece como uma força política de peso.

Outro tucano importante na estrutura partidária que se encontra em situação limite é o ex-governador mineiro Aécio Neves, derrubado politicamente por vídeos e áudios que registram negociação em dinheiro vivo com o empresário Joesley Batista.

Mesmo que, como pretende, consiga anular o processo contra ele depois que ficou constatado que o ex-procurador do Ministério Público Marcelo Miller participou do esquema montado para flagrar o presidente Temer e Aécio Neves, os áudios e os vídeos não se apagarão da mente de quem os viu e ouviu.

O PSDB busca reconquistar o poder político em Minas, e a pressão para que Aécio Neves seja candidato a governador está grande, o que demonstra o desespero diante da falta de opção. O senador Antonio Anastasia recusa-se a aceitar a missão de tentar novamente o governo de Minas, e as opções tucanas são raras e arriscadas politicamente, mesmo que o governador petista Fernando Pimentel também esteja às voltas com diversas investigações.

Esses problemas que assolam PT e PSDB, os dois partidos que se acostumaram a dividir o poder político-partidário no país nos últimos 25 anos, mostram bem que eleição teremos dentro de pouco mais de sete meses, sem que se saiba hoje ao certo quais serão os candidatos que sobreviverão
Herculano
27/02/2018 09:36
PRIVATIZAÇÃO REABILITADA, editorial do jornal Folha de S. Paulo

Pré-candidatos à Presidência, Geraldo Alckmin e Jair Bolsonaro aderem à pauta

Pré-candidato do PSDB à Presidência da República, o governador Geraldo Alckmin causou certa surpresa ao aventar, dias atrás, a possibilidade de privatização da Petrobras no futuro.

Afinal, foi o circunspecto tucano paulista quem se fez fotografar, na corrida presidencial de 2006, vestindo jaqueta com logomarcas de empresas federais, incluindo a petroleira. Com a manobra patética, o então postulante tentava enfrentar a campanha petista que lhe atribuía intenções desestatizantes.

Fartas doses de propaganda obscurantista praticamente baniram o tema do debate nacional depois dos anos 1990 ?"no máximo, aceitava-se a concessão de serviços públicos à exploração privada. Há algo de novo, entretanto, neste 2018.

Além de Alckmin, outro presidenciável, o deputado Jair Bolsonaro(PSC-RJ), agora adere, e de modo radical, à pauta.

Em entrevista a esta Folha, o economista Paulo Guedes, responsável pelo programa de Bolsonaro para a área, defende "privatizar tudo" ?"ao menos, "metade, então", ou "um pouco que fosse". Todo o possível,presume-se.

Nota-se aí guinada muito mais brusca que a do governador paulista. Tucanos promoveram a venda de importantes empresas federais e estaduais, embora em geral relutem em expor seus méritos e falhas; já o deputado fluminense, originário do meio militar, só recentemente abraçou teses liberais.

No meio partidário, é ampla a aversão ao assunto. Diferentes sondagens demonstram a preferência do eleitorado por um poder público atuante na economia. Além disso, cargos e verbas das estatais são peças-chave nas tratativas para a formação de coalizões de governo.

O que move os pré-candidatos rumo a tal agenda, claro, é o dramático quadro orçamentário a aguardar o próximo presidente. A avidez por receitas emergenciais, porém, não se mostra boa diretriz para a condução do processo.

Inexiste realismo técnico ou político na privatização maciça e redentora imaginada por Paulo Guedes. Em setores altamente concentrados como o petrolífero e o bancário, para ficar nos exemplos principais, a venda de empresas demanda complexa regulação ?"e inevitavelmente suscitará debate legislativo longo e acirrado.

Recursos oriundos dessas operações serão sempre bem-vindos, mas os parâmetros centrais a orientá-las devem ser a eficiência econômica e o interesse dos consumidores. Para a solvência do Estado, nada substitui a busca do equilíbrio entre a arrecadação tributária e os gastos do cotidiano.
Herculano
27/02/2018 09:35
RAQUEL DODGE BARRA QUEBRA DE SIGILOS DE TEMER, por Josias de Souza

Contrariando pedido feito pela Polícia Federal, a procuradora-geral da República Raquel Dodge se negou a requisitar ao Supremo Tribunal Federal a quebra dos sigilos bancário e fiscal de Michel Temer. Alegou que não há, por ora, elementos que justifiquem a providência. Temer é investigado no caso dos portos. Apura-se a suspeita de recebimento de propina em troca da edição de um decreto que favoreceu empresas do setor portuário.

Deve-se a descoberta ao repórter Aguirre Talento. Em notícia veiculada pelo Globo em sua edição desta terça-feira, ele conta que Dodge requisitou ao Supremo, em 12 de dezembro de 2017, apenas a quebra dos sigilos de outros investigados. Entre eles Rodrigo Rocha Loures, ex-assessor da Presidência; e o coronel aposentado da PM paulista João Baptista Lima, amigo de Temer há tês décadas. Ambos são suspeitos de receber propinas em nome do presidente.

Em despacho datado de 15 de dezembro de 2017, o ministro Luís Roberto Barroso, relator do caso na Suprema Corte, deferiu todas as quebras de sigilo avalizadas por Dodge. A relação inclui também um par de empresas: a Rodrimar, que opera no porto de Santos e tentou interferir na redação do decreto de Temer; e a Argeplan, pertencente ao coronel Lima, uma espécie de faz-tudo do presidentee.

Em 19 de dezembro, o delagado Cleyber Malta Lopes, responsável pela investigação que envolve Temer, protocolou no Supremo um ofício. Nele, enfatizou a necessidade de apalpar os dados bancários e fiscais do presidente. No dia seguinte, 20 de dezembro, Barroso requisitou a manifestação da procuradora-geral. O processo permaneceu retido na Procuradoria até a última sexta-feira, quando Dodge devolveu-o ao Supremo, reiterando seu entendimento contrário à quebra dos sigilos de Temer.

Quatro dias antes, na segunda-feira, conforme noticiado aqui, o delegado Cleyber enviara ao ministro Barroso pedido de prorrogação do inquérito por mais 60 dias. Alegou, entre outras coisas, que aguardava desde dezembro pela liberação de diligências que solicitara à Procuradoria-Geral. Classificou as providências como "imprescindíveis para esclarecer os crimes investigados, notadamente possíveis atos de corrupção ativa passiva e lavagem de dinheiro." Sem elas, acrescentou o delegado, "a investigação poderá não atingir sua finalidade".

Curiosos embaraços passaram a tisnar o inquérito que envolve Temer, comentou-se aqui no domingo. O duo entre a PF e a Procuradoria, que deveria tocar no mesmo tom, desafina. Incomodada, Raquel Dodge mandara sua assessoria informar no último sábado que, ao contrário do que alegara a PF, não havia pendências a liberar. Sem citar nomes, esclareceu que já requisitara e obtivera do Supremo, em dezembro, as quebras de sigilo que julgara adequadas.

Nesta segunda-feira, em novo ofício à Corte Suprema, a procuradora-geral manifestou-se a favor da prorrogação do inquérito dos portos. Num trecho do documento, Dodge deu, por assim dizer, o braço a torcer. Ela repetiu que os pedidos de quebra de sigilo que já solicitara basearam-se em elementos colecionados pela PF. Mas admitiu: "No entanto, pelo que observei da análise dos autos que ingressaram nessa procuradoria recentemente, houve novas diligências que serão analisadas e poderão ensejar eventuais pedidos complementares deste órgão ministerial." Onde se lê "recentemente", leia-se há mais de dois meses. É esse o prazo do represamento das providências que o delegado Cleyber tachara de "imprescindíveis" no ofício entregue a Barroso na semana passada.

Raquel Dodge vai consolidando neste inquérito uma incômoda imagem de retardatária. Passa a impressão de chegar sempre atrasada nos lances. No mesmo ofício em que referendou o pedido de prorrogação do inquérito por dois meses, ela pediu ao ministro Barroso a expedição de uma ordem judicial para que o diretor-geral da PF, Fernando Segovia, se abstenha de praticar "qualquer ato de ingerência sobre a persecução penal em curso, inclusive de manifestações públicas a respeito das investigações, sob pena de afastamento do cargo."

Referia-se a uma entrevista que Segovia concedera no Carnaval. Nela, o comandante da PF insinuara que a investigação contra Temer seria arquivada por falta de provas. E deixara no ar a hipótese de punir o delegado Cleyber com uma advertência ou até uma suspensão. Antes da Quarta-feira de Cinzas, Barroso já havia intimado Segovia a prestar esclarecimentos. Recebeu-o em seu gabinete oito dias atrás. Além de dizer que fora mal interpretado, o delegado já assumiu o compromisso de não abrir mais a boca sobre o inquérito. Ou seja: ao pedir providências, Dodge chove no molhado.

Raquel Dodge talvez não tenha notado, mas sua atuação no processo contra Temer é observada com lupa pelos amigos e, sobretudo, pelos inimigos. Os dois grupos realçam traços distintos de sua biografia.

Os amigos reforçam, com razão, suas qualificações técnicas: uma criminalista de mostruário, com mestrado em Direito na prestigiosa escola de Harvard, colecionadora de notáveis serviços prestados ao Estado. Os inimigos recordam que foi guindada ao posto de procuradora-geral por Temer, um investigado que, na véspera de sua nomeação, jantara na casa do ministro Gilmar Mendes, desafeto do seu antecessor Rodrigo Janot, na companhia de Moreira Franco e Eliseu Padilha, dois ministros encrencados na Lava Jato.
Herculano
27/02/2018 09:29
FONTE NOVA, MAS VELHA, por Eliane Cantanhede, no jornal O Estado de S. Paulo

Operação Cartão Vermelho atinge Jaques Wagner e falta time reserva para o PT

Se o Supremo arma o fim branco da Lava Jato, as operações da Polícia Federal contra poderosos e crimes de colarinho-branco vão de vento em popa, com uma peculiaridade: elas embicaram em 2018 para os dois partidos que polarizam a política desde 1994, o PSDB e o PT.

A primeira operação da PF direcionada para corrupção neste ano foi no Paraná, sólido reduto tucano. A segunda foi ontem na Bahia, onde o PT é campeão de votos. Assim, a guerra entre PSDB e PT pode deixar de ser apenas política e passar para a seara da polícia ?" e justamente no ano da sucessão presidencial.

No Paraná, as buscas e apreensões chegaram à Casa Civil, coração de qualquer governo, mas não diretamente ao governador tucano Beto Richa. Já na Bahia o alvo mais reluzente foi o ex-governador e líder petista Jaques Wagner. O efeito é demolidor.

Uma operação no Paraná aumenta o desânimo com a política e a percepção de que "todos são iguais", principalmente por vir junto com a revelação de que o engenheiro Paulo Vieira de Souza, o Paulo Preto, mantém R$ 113 milhões no exterior. Ele é apontado como "operador" dos tucanos paulistas.

Na Bahia, porém, a Operação Cartão Vermelho (um nome que diz tudo) atinge em cheio uma das últimas reservas do PT para a Presidência. Com a candidatura do ex-presidente Lula virtualmente inviabilizada pela Justiça, o partido só tem, ou tinha, duas alternativas: o baiano Wagner ou o paulista Fernando Haddad. E agora?

Um baiano-carioca, com boa ginga e fala fácil, Jaques Wagner é um político hábil e bem-sucedido. Hábil a ponto de ser, ao mesmo tempo, da "turma do Lula" e da "turma da Dilma", com cargos-chave no governo da ex-presidente, apesar do racha explícito entre os dois grupos após a eleição de 2014. E competente o suficiente para virar o jogo e ser a grande surpresa eleitoral da Bahia, desbancando o reinado do grupo de Antonio Carlos Magalhães, o ACM. Numa reviravolta emocionante, foi eleito governador em primeiro turno em 2006 e em 2010 e, como fecho de ouro, fez o sucessor, o técnico petista Rui Costa, em 2014.

Wagner se tornou quadro de ponta de um partido que vem sangrando desde o mensalão de 2006 e do petrolão de 2014. José Dirceu, José Genoino (caso à parte) e Antonio Palocci saíram da cena política e abriram espaço para o time reserva, com Dilma, vinda do PDT, no Planalto, e Haddad, um professor, na Prefeitura de São Paulo.

Se petistas históricos afundaram o partido na lama, a neófita destruiu a própria fama de "gerentona" e a imagem de sucesso da era PT, enquanto Haddad não conseguiu sequer se reeleger. O terceiro time entrou em campo. Daí a senadora Gleisi Hoffmann na presidência da sigla, também por escolha direta e pessoal de Lula, como Dilma e Haddad. O estoque de quadros está se esgotando. O risco é o de aliados também começarem a faltar.

A sucessão presidencial de 2018 vai, assim, se tornando mais e mais confusa, imprevisível e tensa, com nomes entrando e saindo freneticamente da lista de candidatos e todos os políticos morrendo de medo do que vem a seguir. O presidente da Câmara, Rodrigo Maia, decreta o fim da polarização PT-PSDB, mas quem assume essas vagas? Nunca se sabe qual vai ser a próxima operação da PF, nem que alvos vai atingir.

A Operação Cartão Vermelho é sobre a farra com as verbas para o Fonte Nova, em Salvador, longe de ser o único estádio suspeito. O Mané Garrinha, por exemplo, já levou dois ex-governadores do DF para a Papuda, um do DEM, outro do PT.

Além dos 7 a 1 para a Alemanha, a Copa de 2014 deixou um rastro de cartolas presos, governadores contundidos, superfaturamento e elefantes brancos por toda a parte. Cartão vermelho para ela!
Herculano
27/02/2018 09:27
PAPELUCHO DE DODGE A BARROSO PROVA QUE CERTO ESTAVA LA ROCHEFOUCAULD AO DIZER QUE HIPOCRISIA É HOMENAGEM DO VÍCIO À VIRTUDE, por Reinaldo Azevedo, na Rede TV


O pensador e moralista francês La Rochefoucauld (1613-1680) é autor de uma frase, frequentemente atribuída a Oscar Wilde, que é de uma verdade a um só tempo solar e soturna. Solar porque inquestionável. Soturna porque um tanto pessimista, desencantada. Vamos lá: "A hipocrisia é uma homenagem que o vício presta à virtude". Como negar? Os viciosos fazem questão de demonstrar, em público, seu apreço pelas práticas virtuosas, não é? Como, com efeito, não vivem de acordo com os costumes e valores dos quais fazem propaganda, tem-se, então, a hipocrisia - vale dizer: a dissimulação, a representação, a falsa aparência.

Por que eu me lembro disso? Em razão de um papelucho enviado por Raquel Dodge, procuradora-geral da República, ao ministro Roberto Barroso. Mal dá para acreditar no que lá vai quando se leva em conta a prática cotidiana de procuradores da República e delgados da PF Brasil afora.

Vamos ver. Em uma entrevista à agência Reuters há alguns dias, Fernando Segovia, delegado-geral da Polícia Federal, afirmou não haver provas contra Michel Temer num dos casos inventados por Rodrigo Janot - aquele segundo o qual o presidente teria beneficiado uma empresa com uma Medida Provisória sobre os portos. Notem: Segovia afirmou não mais do que um dado da realidade. Afinal, provas não há. Tanto é que a Polícia Federal pediu a prorrogação do inquérito por mais 60 dias.

Doutora Raquel enviou tal pedido a Barroso junto com um outro: para que seja expedida uma ordem para que Segovia se abstenha de "qualquer ato de ingerência sobre a persecução penal em curso". Ela inclui aí eventuais manifestações públicas a respeito, sob pena, advertiu de "afastamento do cargo".

E doutora Raquel lembrou:

"Quaisquer manifestações a respeito de apurações em curso contrariam os princípios que norteiam a Administração Pública, em especial o da impessoalidade e da moralidade".

Muito bem! Eu estou com ela.

E todas as declarações dadas, por exemplo, pelos procuradores Deltan Dallagnol e Carlos Fernando sobre investigações em curso, sobre políticos que nem mesmo são ainda investigados, sobre o Congresso Nacional, sobre as eleições, sobre financiamento de campanha, sobre intervenção no Rio, sobre a atuação de ministros do STF, sobre projetos de lei em votação, sobre emendas constitucionais?...

Enfim, escolham um miserável assunto sobre o qual a dupla e alguns outros da turma não se manifestem.

Uma perguntinha à doutora Raquel. Por acaso, os membros do Ministério Público Federal não estão submetidos aos tais "critérios que norteiam a administração pública, em especial o da impessoalidade e da moralidade?"

Quando, depois de operações da Polícia Federal ou do oferecimento de denúncia, delegados e procuradores concedem entrevistas coletivas, em que condenam sumariamente pessoas que nem ainda foram denunciadas, os tais princípios em nome dos quais fala a doutora não estão sendo jogados no lixo?

A procuradora não consegue fazer com que os que a ela se subordinam obedeçam as regras mínimas do próprio MPF e ameaça o delegado-geral da PF com "o afastamento do cargo"? Que medida efetiva ela tomou até agora contra o abuso praticado pelos de sua turma? Sim, o MPF exerce o controle externo da PF. Por acaso, a titular da PGR assistiu ontem à entrevista coletiva da delegada Luciana Matutino, acompanhada do seu chefe, Daniel Justo Madruga, sobre a operação na casa do ex-ministro e ex-governador Jaques Wagner? A doutora achou aquilo normal?

Venha cá, doutora Raquel! Afirmar que não há provas contra alguém - quando não há - fere a moralidade, mas praticar linchamento moral e execução sumária, como fazem delegados e procuradores, obedece aos rigores da lei?

A corrupção é, sim, um mal a ser combatido. Mas a desordem institucional, acreditem, é um mal ainda mais perigoso porque esta permite que a corrupção, inclusive a de costumes e de valores - além da outra, a tradicional - se torne monopólio de um grupo.
Herculano
27/02/2018 09:19
A AGENDA INADIÁVEL DO PRóXIMO GOVERNO, por Basílio Jafet,vice-presidente de Relações Institucionais do Secovi São Paulo, no jornal O Estado de S. Paulo

O candidato que revelar convicção em relação a estas e outras questões será uma luz no fim de um túne

Para que o Brasil não volte a dormir em berço esplêndido ?" quando despertamos do último, não imaginamos que o sonho desembocaria num longo pesadelo - o futuro presidente terá de contar com integral respaldo da sociedade para enfrentar uma complexa agenda.

Trata-se de uma velha conhecida pauta, mas que se rejuvenesceu por conta da exuberância irracional gerada pela melhoria dos cenários internacionais (os melhores números da década), das safras recordes obtidas pelo agronegócio nacional e da opção dos brasileiros, cansados de tantas crises, de se encantarem com a tímida retomada da economia.

Ao decidir "brincar de Poliana", acreditando que tudo vai se resolver amanhã a população tende a tapar o sol com peneira. Olhar para a frente, sem pensar no que, sem soluções efetivas, ficou para trás. Um tipo de preocupante postura que também se identifica em parte das classes empresarial e política. Retomar essa agenda, e eleger como presidente alguém com ela comprometido, é medida obrigatória para que a recuperação econômica seja sustentável e não mais um voo de galinha.

É preciso reconhecer que os fundamentos econômicos estão fracos. Temos a maior relação dívida/PIB dentre os países emergentes. O Brasil continua gastando mais do que arrecada, seguindo uma trajetória explosiva.

E ainda há quem resista em admitir que a reforma da Previdência é caminho para conter esse processo. Gastamos com os 10% da população aposentada o mesmo que países do Primeiro Mundo gastam com 30% de aposentados. Um remendo não irá resolver.

Também cabe buscar soluções para questões que comprometem nossas condições de competitividade no mundo. Comemoramos a possibilidade de a taxa de juros chegar a 6,5% ao ano. Só que essa taxa é de 3% a 4% nos países em desenvolvimento.

Nosso produto é caro; a burocracia é imensa; o sistema tributário é irracional; e nosso sistema educacional, obsoleto e ideologizado, não forma cidadãos capazes de ampliar a produtividade. Para piorar, não há simbiose entre academia e mercado. Quase não existe pesquisa de ponta. Em virtude disso, estamos comprometendo o futuro, o qual exige inovação e eficiência.

A reforma do Judiciário deve fazer parte desta pauta redentora. De acordo com estudo divulgado (CNJ 2012, European Commission for the Efficiency of Justice), entre outras fontes, o Brasil tem 8,2 juízes para cada 100 mil habitantes, enquanto a Alemanha tem 24,7.

Apesar disso, a despesa do Poder Judiciário nacional consome 0,30% do PIB (a Alemanha, 0,32%). A relação despesa/PIB do Ministério Público é de 0,32% (a Alemanha, 0,02%).

Adicione-se que um Judiciário caro e sujeito às pressões das ruas assumiu um protagonismo exacerbado, desautorizando decisões do Executivo e do Legislativo. O Ministério Público, por sua vez, funciona fora do sistema de pesos e contrapesos, sem ser responsabilizado pelos seus atos. Esses fatos, somados à lentidão no julgamento de processos, resultam em insegurança jurídica que afasta o investimento, reduz a competitividade e a produtividade, aniquila o empreendedorismo.

Existe, ainda, a necessidade de garantir segurança pública. O medo afasta o progresso. Quem se anima a investir no Rio de Janeiro atualmente? Até o turismo, grande fonte de renda de um Estado em situação de insolvência, está sendo prejudicado.

Por fim, embora não por último (a pauta é longa), governo, imprensa e sociedade devem se articular no sentido de mudar a cultura brasileira de que sucesso é pecado; que só os pobres têm direito ao céu, perpetuando políticas assistencialistas ao invés de estimular a meritocracia. Bolsa Família e outras iniciativas similares surgiram para tirar as pessoas da miséria absoluta, oferecendo condições mínimas de evolução pessoal (estudo/trabalho). O que vemos hoje é uma grande quantidade de cidadãos reféns de bolsas, e se conformando com essa situação.

O candidato que revelar convicção em relação a estas e outras questões (como diminuir o tamanho do Estado e ter tolerância zero com corruptos e corruptores) será uma luz no fim de um túnel. Torçamos para que esse estadista se apresente, e logo.
Herculano
27/02/2018 09:16
BIG BROTHER BRASÍLIA, por João Pereira Coutinho, escritor e sociólogo português no jornal Folha de S. Paulo

Qualquer forma de política 'carismática' é um perigo brutal para a sobrevivência das democracias liberais

Luciano Huck para presidente? Ele diz que não. Acredito. Mas, se a decisão fosse outra, o Brasil estaria na vanguarda das democracias ocidentais ?"e Fernando Henrique Cardoso percebeu isso.

Anos atrás, na revista "Foreign Policy", FHC publicou um bom artigo sobre o futuro dos partidos políticos. "Futuro", vírgula: FHC não acreditava que houvesse futuro para os partidos. As tradicionais divisões ideológicas entre esquerda e direita já não tinham o mesmo significado ?"e a mesma militância.

E, além disso, a desilusão do eleitorado com o "establishment" faria emergir movimentos, grupos, "populistas" (termo meu, não de FHC) capazes de rivalizar com as estruturas decrépitas e assaz rígidas dos partidos. Fernando Henrique foi um visionário.

Claro: existe uma diferença entre mim e FHC. Para ele, essa nova realidade extrapartidária não parece ser um mal em si, sobretudo se os partidos não se souberem recriar para responder aos desafios do presente. O entusiasmo de FHC com Huck demonstra isso: o apresentador "areja", "põe em xeque os partidos", afirmou o ex-presidente.

Para mim, qualquer forma de política "carismática" representa sempre um perigo brutal para a sobrevivência das democracias liberais e das suas instituições. Mas admito que o "espírito do tempo" está mais próximo de FHC.

E mais próximo de Luciano Huck, já agora. Um exemplo: a revista "The Spectator" publicou um ensaio revelador sobre os possíveis candidatos democratas para as eleições norte-americanas de 2020. Não perco tempo com nomes menores. Prefiro avançar para os nomes maiores, que aliás surgem na capa da revista: Oprah Winfrey, Tom Hanks, George Clooney. O que têm os três em comum?

Sim, créditos progressistas imaculados. Mas o essencial não está na ideologia. Está na celebridade: os três são produtos da indústria de entretenimento. Exatamente como Donald Trump. A lógica é fulminante: se Donald Trump foi um produto midiático de sucesso, é preciso responder na mesma moeda.

Essa hipótese arrepia a minha costela platônica ?"e escrevo "platônica" no sentido próprio do tempo. Se existe uma ideia consensual na história da política moderna é a velha crença de que os melhores devem governar, como Platão defendia na sua "República".

Bem sei que a realidade nem sempre cumpre o ideal. Mas o ideal não existe para ser cumprido. Existe, quando muito, para que a realidade se aproxime dele.

Dito de outra forma: se a política é, ou deve ser, a mais nobre das artes, então espera-se de um governante algumas virtudes que exigem preparação e conhecimento.

Tudo isso está em causa nas "democracias midiáticas" em que vivemos. Não são os melhores que vencem; os melhores são aqueles que vendem. E vendem o quê? Uma imagem que corresponde às preferências voláteis e sentimentais dos consumidores.

Quando os democratas cogitam a hipótese de um George Clooney para a Casa Branca, ninguém perde um minuto para indagar as ideias do senhor. Ideias? Quais ideias? O que interessa é o sorriso, o olhar, o traje e dezenas de outras imbecilidades avulsas. As democracias midiáticas não querem políticos, mas estrelas pop.

E no futuro?

Não pretendo horrorizar ninguém. Mas imagino facilmente dois cenários.

O primeiro seria transformar os partidos políticos em organizações muito semelhantes às agências de modelos. Haveria o "estilista" ideológico --alguém responsável por um programa eleitoral mais ou menos clássico; e, depois, haveria o candidato-modelo para desfilar na "passerelle" dos comícios e dos debates.

O candidato-modelo seria apenas uma máscara, uma marionete do partido, com a única missão de apaixonar as massas. Uma vez eleito, ele continuaria o seu trabalho de fachada, deixando para os comuns mortais a mecânica burocrática do governo.

Outro caminho seria acabar com os partidos e, por exemplo, criar um show televisivo --um "Big Brother Brasília", digamos. Nesse caso, seriam as massas a escolher diretamente o presidente, depois de assistirem às suas proezas em sunga ou biquíni.

Hoje, olhamos para Donald Trump ou Oprah Winfrey como excentricidades. Dois nomes que representam o triunfo do entretenimento sobre a política.

Amanhã, quando o dilúvio chegar, ainda vamos olhar para trás e recordar Trump ou Oprah como os últimos grandes estadistas.

Deixe seu comentário


Seu e-mail não será divulgado.

Seu telefone não será divulgado.