15/10/2018
Os políticos não se emendam. Nem alhures, e muito menos aqui onde no poder de plantão se acham donos da cidade e da verdade que criam para si. Surpreendidos e desnudados nas urnas como foram no domingo dia sete de outubro, mesmo reconhecendo em discursos após os resultados eleitorais de que algo está mudando, não foram ou são capazes de abandonar às velhas práticas. Entre elas, a de desacreditar a imprensa verdadeiramente livre, por isso líder e crível.
Agora, resignados, devido à falta de leitura, repaginação aos novos tempos, mas mesmo assim ignorando os sucessivos avisos de que o mundo está mudando, esses políticos caminham, sem opões, no brete para o abate no dia 28.
A imprensa erra. Eu erro. Todos erramos. Ninguém é infalível e perfeito. Simples assim!
E no meu caso, nunca errei intencionalmente neste espaço. E quando errei na informação por falha na pesquisa ou da fonte, ao me certificar do equívoco, antes mesmo de qualquer exigência legal, a não ser à ética, apressei-me em esclarecer e pedir desculpas – não apenas aos atingidos -, mas principalmente aos leitores e leitoras, razão do meu trabalho e da credibilidade do Cruzeiro do Vale – o mais antigo e o jornal de maior circulação em Gaspar e Ilhota, sem falar no portal, o mais acessado e atualizado.
Outra e antes de prosseguir: há diferenças substanciais entre informação e opinião. A opinião sempre será uma observação de um ângulo pessoal. Necessariamente ela não é a mesma do jornal. Ela é parte da pluralidade do Cruzeiro do Vale para com seus leitores e leitoras, bem como à comunidade que também é feita de divergências e contradições, outra essencialidade da sociedade que busca do melhor para si própria.
A TRANSPARÊNCIA E PLURALIDADE QUE OS POLÍTICOS REJEITAM PARA SUAS VERDADES
O jornal e o portal Cruzeiro do Vale não são entes ideológicos, dogmáticos ou corporativos. E expressar uma opinião sobre a vida política – e não dos políticos – de Gaspar, Ilhota, Santa Catarina e país – nos artigos que reproduzo na área de comentários do portal e cujo autores e origem sempre menciono - é a parte essencial de sobrevivência desta coluna, líder de leitura e acessos – números auditáveis, inclusive. Por outro lado, a informação é a matéria-prima essencial, por enquanto, da redação do jornal e do portal.
Entretanto, o caso que trato aqui, não era uma opinião, mas uma informação que transmiti. Ela estava num contexto do cenário político eleitoral, que revelei apenas depois do pleito. E de agora em diante, provocado, tratarei com abordagem opinativa. Essa informação a reproduzi em duas - quase despretensiosas - notinhas do dia seguinte às eleições. Exatamente quando fazia a primeira análise do desastre que foi para Gaspar as eleições parlamentares.
O líder do MDB na Câmara, um dos partidos mais derrotados aqui em Gaspar onde é poder com o prefeito Kleber Edson Wan Dall e uma bancada de quatro vereadores, Francisco Solano Anhaia, sem citar especificamente esta coluna e o Cruzeiro do Vale, resolveu me desmentir em causa própria, na tribuna da Câmara. “Não sei onde certa imprensa pega e inventa certas informações. Está tudo na placa”.
Primeiro, devo ressaltar, que para o poder de plantão, seja ele de que partido ou matiz ideológica ou de interesses forem, “imprensa boa” – e “isenta” na opinião deles - é aquela que fica de joelhos e mendiga para essa gente; é a que não faz perguntas fora do combinado previamente; é a que se “vende” e perde por isso, para sempre, a credibilidade e pasmem, por migalhas; é a que sabe dos jogos, jogadores e vícios, mas esconde tudo isso por pressão, constrangimento, proximidade e até à falta de alternativa econômica de sobrevivência; é a que enfraquecida pelos poderosos de plantão fica sem alternativas.
Segundo, saliento que já trabalhei com Anhaia. Conheço-o bem e naquilo que me alcança é do bem; de empregado, por sua perseverança, desafio e luta familiar, tornou-se um médio empresário bem-sucedido; e na política o acompanho desde o tempo em que era cabo eleitoral de José Hilário Melato, PP, também companheiro do seu trabalho, bem como a sua aventura e isolamento no PT, onde surfou uma onda de oportunidade. Saliento, contudo, também conheço Gaspar –e seus políticos - muito antes de Anhaia chegar aqui do Rio Grande do Sul. Então posso afirmar que ele já se incorporou aos ranços da cidade, infelizmente.
A FONTE É A DE QUEM ESTÁ LIBERANDO OS RECURSOS. SIMPLES ASSIM!
E qual o motivo da velada discórdia de Anhaia registrada na tribuna da Câmara e que tinha endereço certo? Estas quatro notinhas que estavam na seção Trapiche da coluna da segunda-feira da semana passada.
“É extremamente preocupante o que se fez nestas eleições em Gaspar. O deputado federal reeleito, Rogério Peninha Mendonça, MDB, usou uma lista de verbas de emendas parlamentares que teria mandado para Gaspar.
É do jogo. Mas, perigoso se a Justiça Eleitoral resolver olhar com lupa esse tipo de propaganda enganosa. Algumas ele só as pediu, mas aqui nem chegou ainda. E se não chegar?
A mesma coisa aconteceu, com o reeleito deputado estadual e que já foi secretário de Infraestrutura, Luiz Fernando Cardoso, o Vampiro, MDB, lá do Sul do estado. A verba que ele disponibilizou para o asfaltamento de parte da Rua Pedro Simon, na Margem Esquerda, não chegou aqui. Se perdeu na burocracia.
Duas coisas aconteceram: a primeira é que se escondeu isso e se fez a obra com recursos próprios do município. E para a enganação ser maior, o governo do MDB de Gaspar a colocou no tal projeto “Avança Gaspar” que nem aprovado na Câmara estava. E quando a verba chegar, se chegar? Haverá contabilidade criativa?”
Volto.
Primeiro a fonte é o próprio governo estadual. Está no Diário Oficial do Estado do dia 24.05.2018, na página 5, o extrato deste convênio para quem quiser consultar. Mas, Herculano, este é o início do processo. Você não atualizou o status desse processo? Afinal faz tanto tempo: estamos em outubro.
Segundo. Eu me preocupei com isto, sim! Na sexta-feira, feriado de Nossa Senhora Aparecida, depois de ouvir a gravação da sessão da Câmara de Gaspar, de terça-feira, fui de novo ao portal do governo do estado para conferir se eu tinha olhado alguma coisa enviesada, consequentemente errado na informação. Assim devia explicações e desculpas aos meus leitores e leitoras, bem como ao vereador.
Mas não! Está lá e os leitores, leitoras, eleitores, eleitoras podem conferir neste endereço eletrônico com os próprios olhos na internet: http://sistemas2.sc.gov.br/sef/sctransf/Pesquisa/porMunicipioBeneficiario?cdMunicipio=269&ano=2018&cdBeneficiario=5460
Está claro que o convênio é de R$666.666,67 – um número cabalístico perigoso. Por ele, o governo do estado destinou para a obra, R$500.000,00. É a tal verba parlamentar que o deputado, Luiz Fernando Cardoso, o Vampiro, tinha direito. E com ela, fez dobradinha com Anhaia, morador da Margem Esquerda, novo ardoroso cabo eleitoral. Resumindo: tal dinheiro era para o asfaltamento sobre os paralelepípedos da Rua Pedro Simon, entre a ponte Hercílio Deecke e a Rua Sebastião Hostins. Os outros R$166.666,67, segundo os termos do convênio, são a contrapartida da prefeitura para a obra.
Atenção: o que está dito lá no site do governo do Estado, o repassador dos recursos e fonte oficial da informação que dei?
Que apenas R$1.337,96 dos R$500.000,00 do governo foram liberados para Gaspar nesse convênio. E por que? Jogada! Também simples assim para entender. É um subterfúgio administrativo e legal, para que com este valor mínimo já liberado pelo governo do Estado, o Convênio possa existir como obrigação. Ou seja, com ele o governo do estado se obriga a desembolsar o que deve até o fim do atual mandato, ou então registra para o próximo exercício em “restos a pagar”. Entenderam?
Terceiro. Quer mais? No dia 13 de junho, e a imprensa registrou no dia seguinte e nada apareceu no site da prefeitura porque era comício, Vampiro esteve apropriadamente à noite no Ferroviário. E lá posou com o tal papelinho nas mãos, deu entrevistas sem perguntas inconvenientes e fez discursos fora de época armado pelos políticos locais com a comunidade da Margem Esquerda.
Tudo foi combinado lá no dia oito de março, antes do deputado Vampiro sair da titularidade da secretaria estadual de Infraestrutura, um ambiente facilitador de trocas na cabala de votos.
Nas informações públicas da prefeitura, está dito que a obra custaria em torno de R$2 milhões e que o estado daria R$500 mil em contrapartida.
Ora se a cobertura de asfalto sobre os paralelepípedos da Pedro Simom começou oficialmente no dia 16 de julho e se tinha dois meses para termina-la. Findou-se com atraso às portas da eleição deste outubro, mesmo sem os R$500 mil prometidos pelo governo do estado. Conclusão? É certo que a prefeitura colocou dinheiro dela naquilo que faltou.
Ou não faltou vereador? Foi isso, que o senhor quis insinuar quando disse na tribuna que não era verdade o que se publicou aqui? Qual foi a conta errada que fiz? Ou seja, quem precisa esclarecer mais sobre as dúvidas desse assunto é a prefeitura e o próprio vereador. As minhas acabo de expressá-las.
O TEMOR DAS INFORMAÇÕES OFICIAIS DESENCONTRADAS
Na verdade, o que todos políticos temem é também o que se revela numa outra pequena nota que publiquei na seção Trapiche da coluna desta sexta-feira e feita especialmente para a edição impressa do jornal Cruzeiro do Vale.
A promotora da Comarca, Andreza Borinelli, mandou instaurar inquérito civil para apurar “possível” conduta improba do prefeito de Ilhota, Érico de Oliveira, MDB, durante a campanha eleitoral. Perguntar não ofende: mas, só Ilhota?
Finalizo: se o vereador Francisco Solano Anhaia, MDB, diz “não saber” onde “certa imprensa pega e inventa certas informações”, eu já lhe dei o caminho acima. Definitivamente aqui ele e outros não estão trabalhando com uma “certa imprensa”, como parece o vereador estar acostumado, mas é com a “imprensa” que faz o papel dela antes que os eleitores apliquem à surpreendente falta de votos nas urnas como aconteceu há dois domingos. Sinais, grandes sinais... Impercetíveis aos políticos no poder, infelizmente.
Outra. Pode não haver nada de ilegal e até eu bem acredito nisso. Todavia, os políticos estão usando, superlativizando, manipulando as informações e até verbas, no uso eleitoreiro aos seus interesses como se todos fossem analfabetos, ignorantes e desinformados. E a tal “certa imprensa”, negando-se a ser mais uma marionete dos seus jogos.
À imprensa amiga sobra-lhe o papel de informar – e é problema dela; pode até retransmitir o que está placa oficial do governo do estado e da prefeitura como se aquilo lá fosse tudo o que há sobre esse assunto. À imprensa livre, investigativa e inconformada com as placas, o press releases e as informações oficiais, a obrigação de esclarecer.
Ao colunista lhe é permitido o papel de comentar o que se passa e de ficar mais atento quando advertido pelo vereador. É que a advertência não é gratuita. Ela é resultado de algo contrariado ou que queria ver escondido. Aliás, o vereador possui uma das melhores e qualificada assessoria parlamentar para si na Câmara, mas ao que parece, prestar pouca atenção.
Os políticos de Gaspar dizem entender o que aconteceu no domingo dia sete de outubro, como demonstraram na totalidade dos discursos na Câmara de Gaspar na sessão de terça-feira quando se abordou o tema. Reconhecidamente, é um grande avanço em se tratando de políticos.
Entretanto, na prática, esses mesmos políticos parecem que resistem.
Transferem as suas culpas para a imprensa, os adversários e querem ao mesmo tempo, os observadores do cenário onde dizem ter domínio, todos quietinhos, subjugados... Se calam a imprensa como um ato de poder ou constrangimento, as redes sociais e principalmente os aplicativos de mensagens, estraçalham esses manipuladores políticos. E o escrutínio dos votos completam o serviço em minutos.
Então está na hora de uma penitência verdadeira e completa desses políticos. Há alguma dúvida? Acorda, Gaspar!
O comício noturno de julho com a comunidade no Ferroviário, todos os políticos posavam com o papelinho para a foto dos recursos estaduais para a Pedro Simon e que ainda não chegaram a Gaspar
O estilo de ser do prefeito de Gaspar, Kleber Edson Wan Dall e do secretário de Saúde – o prefeito de fato -, o advogado Carlos Roberto Pereira, ambos do MDB, foi registrado na última sessão da Câmara pelo médico e presidente da Casa, Silvio Cleffi, PSC. Ele cria política e era amigo de ambos. Agora na oposição é momentaneamente desafeto político dos dois.
Cleffi defendeu a criação de um tal “Espaço da Saúde da Mulher, na Policlínica”, por lá reunir a possibilidade de integrar várias especialidades. E, por vias tortas, a prefeitura lançou na semana passada algo com o mesmo objetivo e denominado de “Programa Amanhecer”.
O ato aconteceu no auditório da Ditran, num ambiente não identificado com a Saúde, marcado na última hora e no horário de trabalho do médico-vereador, representante de um poder, o Legislativo. Silvio foi à tribuna se queixar.
Silvio mostrou que o “Programa Amanhecer” se parece com o que pregava. O objetivo do Programa, segundo a prefeitura, “é o de desenvolver medidas de prevenção e promoção à saúde, com foco na atenção para a gestante durante o pré-natal, assim como ao recém-nascido”.
Evidências I. A primeira é de que “a vingança é um prato que se come frio”. A vingança tem sido uma marca do poder político de plantão e algumas delas trouxe consequências nas eleições deste outubro. Mas está em curso, algo volumoso.
Evidências II. A segunda é que Silvio não se preparou para ser presidente da Câmara, que ganhou num jogo com a oposição, onde se juntou e fez maioria contra Kleber, o doutor Pereira... A presidência da Câmara exige disponibilidade para a gestão e representação de um poder, além do exercício da vereança. Então...
Evidências III. Outra queixa e revelação de Silvio Cleffi: ele é médico cardiologista voluntário no Hospital de Gaspar. Ulalá!
Evidências IV. É que o poder de plantão explicitou que ele como vereador não pode ser ao mesmo tempo “empregado” no Hospital que está sob intervenção municipal, pois assim a legislação supostamente impede esta dupla “função”.
Evidências V. A advertência, coincidentemente, só veio depois que os dois lados abriram o conflito por poder, ideias e interferências mútuas na área de Saúde. Quando eram do mesmo time nada impedia Silvio ser empregado do ou prestador de serviços no Hospital.
De longe, a fala simples do vereador Evandro Carlos Andrietti, MDB, de Gaspar, foi o melhor discurso penitencial na sessão da Câmara dos derrotados nas eleições de sete e outubro. A melhor “mea culpa”, foi sem dúvida, a de Dionísio Luiz Bertoldi, PT.
Incoerência I. O suplente de vereador Hamilton Graff, PT, e que já provou o amargor da falta de votos nas urnas para a reeleição em Gaspar, disse que na eleição deste ano faltou dinheiro. Bah!
Incoerência II. O suplente está desmemoriado e renegando a história e a própria origem do PT, que sem dinheiro, foi o tsunami que varreu mentes, corações e urnas há 14 anos. Com o tempo se tornou uma máquina de compra de votos, e aí ficou igual aos outros, enfraqueceu e se tornou alvo como os demais.
Incoerência III. Graff deve estar cego. Pois o PSL, igual o PT foi no passado; Bolsonaro, igual foi Lula no passado, sem dinheiro estão lavando a égua. Estão anulando os grandes esquemões que usaram não só o dinheiro roubado dos pesados impostos, mas o que no Orçamento foram para o Fundo Partidário criado pelos políticos em causa própria para a farra e que estão faltando à saúde, educação, segurança e obras, como a duplicação da BR 470.
Incoerência IV. Até o fechamento da coluna eram contabilizados R$3,5 bilhões desviados – tudo dentro da lei aprovada pela Câmara e Senado - dos nossos impostos para as campanhas políticas neste ano.
Incoerência V. Outro vereador do PT de Gaspar, Dionísio Luiz Bertoldi, e que conhece bem esse assunto de campanha eleitoral, pois seu irmão foi candidato derrotado a prefeito, disse que os “perfurades”, aquelas propagandas nos vidros traseiros dos carros, eram “tabeladas” em R$400 aos que aceitavam exibi-las por aqui.
Incoerência VI. Primeiro o preço quem inflou foi o mercado puxado pelo PT, em muitos casos no passado como se prova agora na Lava Jato, com dinheiro roubado. Segundo é do jogo. Terceiro, se há alguma irregularidade, Bertoldi já devia ter sido denunciada no Ministério Público Eleitoral da Comarca. Quarto se não fez, é conivente. Quinto se não há nada ilegal, é choro de mau perdedor. Acorda, Gaspar!
O vereador Rui Carlos Deschamps, PT, passou por um cateterismo. Veio na terça-feira e convocado para dar parecer num Projeto de Lei, iniciou a leitura de um outro, por erro da sua assessoria. Não perdeu o humor enquanto esperava o documento certo para leitura: “a pane no coração, afetou a mente”.
Passou. Foram aprovadas as contas de 2016 do ex-prefeito Pedro Celso Zuchi, PT. É do último ano do governo do seu terceiro mandato. O referendo foi unânime e sem nenhuma observação, questionamento e discurso.
Os comissionados e os em cargos de confiança da prefeitura de Gaspar não desgrudam os olhos desta coluna e principalmente das edições do Diário Oficial dos Municípios. É angustiante falar com essa gente. O clima de terror está implantado. O resultado virá em outubro de 2020. Mais uma vez, os que estão no poder de plantão não enxergaram o que estão plantando.
Copyright Jornal Cruzeiro do Vale. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita do Jornal Cruzeiro do Vale (contato@cruzeirodovale.com.br).