02/01/2017
OLÁ 2017! (I)
Esta é a primeira coluna Olhando a Maré deste ano. Férias zero. São nove anos assim. Agradeço ao Gilberto Schmitt, proprietário e editor, bem como a equipe do Jornal Cruzeiro do Vale, liderada pela Indianara Schmitt, pelo espaço que me abriga em quase todos esses anos. Políticos já tentaram tirá-la do ar ou puni-la por todos os meios e com as costumeiras chantagens de toda a ordem, incluindo a financeira, onde os recursos estão mais escassos nesses anos de crise econômica braba, tudo provocado por políticos marotos e que infestaram o nosso país. Considero essa permanente chantagem para me calar um troféu. Mostra que a coluna que opina sob o seu próprio ponto de vista, num certo sentido, tem razão de ser para as comunidades de Gaspar e Ilhota. Ela não prega a verdade. A coluna apenas instiga o debate ou revela o perigoso jogo dos bastidores do poder onde poucos usufruem, em detrimento da maioria, a quem o poder diz sempre estar a serviço. A coluna incomoda porque desnuda, preferencialmente, instituições como o Legislativo, o Executivo e os partidos políticos.
OLÁ 2017! (II)
A coluna Olhando a Maré foi atualizada todos os dias, para o desespero dos políticos que gostariam do mundo, mas sem a imprensa com o viés investigativo. Eles preferem os preguiçosos, os de apreços de interesses mútuos e que saboreiam as migalhas – quando permitem – dos seus grandes negócios. Ao contrário do que muita gente pensa e até propaga, os políticos também não pararam de trabalhar contra o povo, de mal gerir ou até desviar os pesados impostos dos contribuintes, seus eleitores, que dão o sustento para à sua falsa opulência, incapacidade administrativa, poder e até desvios. Essa caça do gato contra o rato não vai parar nunca. É da natureza. Pode até diminuir se houver mais consciência dos eleitores e vergonha na cara dos políticos. É como a bandidagem comum. Se deixá-los soltos nos guetos e gangues, sem polícia, Justiça formal, condenação e punições, eles nos dominam. Sempre será o gato contra o rato. Em 2017 também tenho planos. Ao invés de duas colunas semanais, por que não diária? E por que? Os políticos e seus agentes disfarçados agem 24 horas por dia e não descansam nos finais de semanas e feriados. Aliás, até as escolhas que fazem nesses horários noturnos e dias, são para alinhavar mais negócios. A coluna as terças e quintas nasceu do rito da circulação do jornal impresso. Mas, a internet tem outro ritmo, o dos acontecimentos. A internet não tem dia e hora, assim como os negócios dos políticos. Então é preciso repensar em nome dos leitores e leitoras. Estou repensando. Acorda, Gaspar!
AEROPORTO METROPOLITANO DE ILHOTA?
Um exemplo de incoerência e falta de transparência. Foi isso que o ex-prefeito de Ilhota, Daniel Christian Bosi, PSD, deixou no ar, ao sair do governo. Foi publicado no Diário Oficial da União no dia 23 de dezembro, um termo de delegação permitindo a “construção” de um aeroporto “Metropolitano” na Barra de Luiz Alves e terras de Ilhota. A localização está no próprio documento abaixo. Afinal o que este documento permite? Daniel não explicou. Pouco se sabe. O Ministério dos Transportes diz que não terá despesas com o novo aeroporto. Então, quem terá? Ilhota, que está quebrada e é uma ilhota diante das exigências físico financeiras de um empreendimento desse porte? Ou é um grupo de empresários? Quem? De quem são as terras? Serão compradas, indenizadas? O que está por detrás disso tudo, inclusive e principalmente no ambiente dos políticos? Quem seus testas de ferro? Dois aeroportos num mesmo ambiente geográfico: Navegantes e Ilhota? São perguntas que não se respondem. Uma coisa é certa. Navegantes está decadente e encalacrado no acesso exatamente porque a prefeitura e os prefeitos de lá não olharam o futuro e não deram a importância estratégica para ele. Poderia se tornar o maior de Santa Catarina, pois atende a princípio o Vale do Itajaí, parte do Itapocu e Norte do Estado seja nas demandas empresarias, lazer e turismo. Para se chegar nele, é uma novela. Transmite insegurança pela vizinhança que criou perigosamente na sua rota. Afinal, o que o novo prefeito, Érico de Oliveira, PMDB, sabe desse assunto?
SAÚDE DOENTE I
No dia 25 de dezembro – e não haveria data mais simbólica para tal “presente” num país em crise, sofrimento e de ladrões – os leitores e leitoras do jornal O Estado de S. Paulo foram brindados com uma reportagem cujo título era “70% dos desvios nas cidades afetam a saúde e a educação”. Sintomático. É onde se concentram recursos constitucionais obrigatórios de trânsito por várias origens. É também onde atuam diversas máfias de interesse, laborais e fornecimentos. Elas viram nessa obrigatoriedade social, humana e de conhecimento – bem como à falta quase intencional de fiscalização -, um filão de vantagens populistas e financeiras. Em Gaspar, por exemplo, quando o PT fez a intervenção no Hospital, um decreto diante da emergência, liberou até R$10 milhões de compras sem licitação. É apenas um começo de como tudo isso funciona com o sofrimento alheio. Para quem se interessar pela reportagem, republico-a abaixo na área de comentários.
SAÚDE DOENTE II
Kleber Edson Wan Dall, PMDB, já é o novo prefeito. E o que ele e o vice, Luiz Carlos Spengler Filho, PP, prometeram no Plano de Governo durante a campanha? “Construir o futuro, recuperar a credibilidade e o desenvolvimento de Gaspar”. Quando fizeram esse Plano e foram à campanha, sabiam de todas as dificuldades do país, do estado e de Gaspar. Ou seja, não poderão dizer que foram surpreendidos pelo quadro macroeconômico ou pela herança do PT e de Pedro Celso Zuchi. Spengler, vereador, acompanhou a situação de Gaspar bem de perto. E, na maioria dos casos, ficou quieto. Era do jogo. Se há armadilhas, ele, o PP de José Hilário Melato, que viveu intensamente com o PT e Zuchi, e principalmente o silêncio do PMDB, contribuíram para o quadro que terão que suportar e administrar, ou reconstruir na escassez de recursos dos contribuintes que está penalizado.
SAÚDE DOENTE III
Kleber, PMDB, PP e os eleitores, de um modo em geral, podem até ter esquecido dessas promessas; eu não! E no que toca à Saúde Pública para os gasparenses? Vai ser uma lástima. Não exatamente porque o quadro nessa área é caótico em qualquer lugar do Brasil, mas pela escolha já feita. Kleber decidiu gastar energia, dinheiro e tempo no Hospital de Gaspar. Com isso, sinaliza que vai deixar o atendimento básico – postos, policlínica e farmácias básicas – comprometido; pior do que é hoje. Primeiro nomeou para secretaria da Saúde uma especialista em gestão de hospitais, Dilene Jahn Mello Santos. Ela já foi “corrida de lá” e de forma injusta pelo PT, com o rótulo de incompetente – pois até pode ser, menos na gestão hospitalar - e outras dúvidas que o PMDB não teve coragem de ajudá-la nos esclarecimentos. Segundo, porque Kleber aceitou a prorrogação da intervenção do Hospital. Com isso, “comeu” a isca do PT. Ou seja, sacramentou a acusação até hoje não provada pelo PT e outros interessados, de que ali era um antro de roubalheiras. Tudo isso feito pelo PT para atingir o núcleo do PMDB que fez a campanha e agora é poder com Kleber. O PT nunca provou nada do que acusou – até porque essa é a sua principal marca. Como castigo pela irresponsabilidade que criou, o PT e Zuchi pagaram caro, viram dinheiro da prefeitura para a Saúde Pública sair pelo ralo com a intervenção, ficar vulnerável na imagem em plena campanha eleitoral, exatamente com o péssimo funcionamento dos postos, policlínica e farmácias básicas para o atendimento do “povo”, o verdadeiramente necessitado.
SAÚDE DOENTE IV
Dilene é uma excelente profissional. Mas, vai ser “comida” pelo grande esquema. Foi assim quando esteve no Hospital, apesar do amplo conhecimento técnico e gerencial. Ela domina o ambiente hospitalar e terá sempre a tendência a esse foco. Nem mais. Nem menos. Tanto que já pediu aos que administram o setor de farmácias básicas para ficarem. E assim se sucederá com os outros setores da Saúde feitos de manhas, interesses e também de gente com doação integral ao resultado, mesmo sob condições adversas. Dilene é indicada pelo apoiador moral e financeiro da campanha de Kleber, o ex-executivo Sérgio Roberto Waldrich. Ele recebeu já a pernada do PT, mesmo advertido de que isso aconteceria. Entretanto, teimoso, resolveu apostar. Não aprendeu. Entregou na época o Hospital todo reformado e funcionando, com milhões que liderou na arrecadação. Tudo para o PT tomá-lo, se divertir e zombar. E por que será incompatível Hospital com postos, policlínica e farmácias? Porque o quadro grave de crise da Saúde Pública e a financeira do país, não permitem tocar tudo ao mesmo tempo como está na proposta de governo de Kleber. A intervenção torna o Hospital do governo, da prefeitura, do partido, do prefeito. É um ente político e com gente técnica que administra sob abundância como o médico João Leopoldino Spengler, PP. Será neste modelo, um sugadouro de recursos disponíveis para a área, e que se agrava com as obrigações judiciais não cobertas pela capacidade de atendimento do Hospital, orçamento e à universalização da saúde.
SAÚDE DOENTE V
Antes, porém, um ajuste. Alguém poderia me advertir que Gaspar já teve até um advogado, sem experiência gerencial, sem conhecimento da área, como secretário da Saúde. Foi o atual vereador do PMDB, Francisco Hostins Júnior e que já serviu ao PT. Júnior teria se saído bem enquanto esteve lá - e providencialmente desqualificado pelo PT quando o PT correu com ele por não ser um deles - então qual a razão para uma conhecedora da área não ter capacidade para a mesma função? Não é este o debate. Hostins era “neutro”, não tomava decisões, servia apenas a um grupo de interesses. Dilene possui um foco de conhecimento profissional: gestão em hospitais e sempre vai preferi-lo a outros por questão de conforto, segurança e produção de resultados. Dilene decide, porque conhece hospitais. E o que se discute? É o município ter um hospital com um rombo de R$15 milhões, quando o PT interviu em 27 de maio de 2014 eram R$7 milhões com a promessa de sanear ou zerar esse deficit. Ele precisará cada vez mais. E da forma como está, não há perspectivas de parar nesta necessidade de recursos. Se ele se torna prioritário porque a secretária da Saúde possui esta preferência, os postos, a policlínica e as farmácias vão ficar ao deus dará. É natural. Apostem. A minha experiência e a literatura gerencial mostram isso repetidamente, não é senhor Waldrich?
SAÚDE DOENTE VI
No Plano de Governo de Kleber de Luiz Carlos não estava explicitamente à continuidade da intervenção no Hospital. Entretanto, quem o lê, vê essa intervenção, com coisas menores, demagógicas ou desconectadas. Pior. Não consegue ver explicitadas as fontes de sustentabilidade econômicas até para essas coisas menores no Hospital. Se omitiu, ninguém também cobrou. Ao contrário. Para vencer, Kleber e Luiz Carlos criaram discursos, novas despesas e fantasias. Então vamos relembrar o que está no seu Plano de Governo para o Hospital: “humanização do atendimento, com a implantação da classificação de risco (uso de pulseiras), capacitando os profissionais e extinguindo a cobrança do estacionamento”. Quando começa? “Buscar a sustentabilidade do hospital, vocacionando-o como Hospital de Retaguarda, e implantando leitos de UTI, junto ao Ministério da Saúde”. O que é mesmo um hospital de retaguarda? De quem o hospital fará retaguarda? Leitos de UTI? Quanto tempo isso demora? Quanto custa isso na montagem de uma equipe? Enquanto o dinheiro escasso vai ao Hospital ser retaguarda, as farmácias, postos e a policlínica serão prejudicados no atendimento ambulatorial?
SAÚDE DOENTE VII
Para o Hospital de Gaspar, no seu Plano de Governo, Kleber escreveu e entregou à Justiça Eleitoral que iria “ampliar o número de especialidades médicas do corpo clínico do Hospital, garantindo mais serviços e produção, evitando assim o deslocamento e transferências de pacientes para outras unidades hospitalares”, quanto já prometeram e até tentaram, como foi o caso da própria Dilene quando esteve por lá com Celso de Oliveira – o que vai agora “desenvolver” a cidade e um dos coordenadores da campanha de Kleber? Por que isso não deu certo até hoje para o Hospital? E por fim, “aprimorar o serviço de imagem do hospital (ultrassom/mamografia/tomografia), bem como os serviços de análises clínicas, através de parceria com laboratórios da cidade e assim diminuir as filas de espera”. Tudo que precisa dinheiro, era fácil de fazer, tão fácil, que não foi feito. Por que? Um Plano sempre começa pelas respostas e não pelas perguntas. Faltam respostas. Sobram perguntas.
SAÚDE DOENTE VIII
Como fazer tudo isso, sem comprometer o dia a dia e às mudanças que prometeu no seu Plano de Governo para a Saúde Pública e com alguém focado em outro ambiente de conhecimento, o Hospital? É uma resposta que só Kleber, Luiz Carlos, Dilene, seus gurus patrocinadores podem ter. E algumas ações são imediatas. Você leitor e leitora lembra do que Kleber e Luiz Carlos prometeram em campanha para a área da Saúde? Relembro: “garantir o atendimento de Saúde Bucal em todas as unidades de Saúde, revitalizando os programas de prevenção nas escolas”; mas qual é o prazo para isso? Quanto custa? “Garantir o fornecimento de medicamentos preconizados pelo Ministério da Saúde para a população, descentralizando a entrega de todos os medicamentos nas unidades de saúde e a domicílio para os acamados”; quando começa? O que falta para começar? “Fortalecimento da Saúde Mental, com Implantação do CAPS II (Centro de Atenção Psicossocial) focando também no público AD (Álcool e Drogas), além de implantação de um Ambulatório de Psicologia, com atendimento clínico individual e de grupo”; qual o cronograma, já que se trata de algo novo, complexo e caro, mas necessário até mesmo mais que um Hospital?
SAÚDE DOENTE IX
Por que eu relato tudo isso criado como expectativas pelo candidato a prefeito e insisto nesta incompatibilidade entre o foco que repentinamente se deu ao Hospital e a melhoria do atendimento ambulatorial e social? Não há dinheiro, tempo e equipe para os dois serem feitos ao mesmo tempo com todas as exigências mínimas ou compatíveis com as promessas feitas. É preciso fazer escolhas. Políticos se negam a elas. Gestores eficazes, escolhe até mesmo de forma errada. Mas, escolhem. O PT, na sua demagogia fez escolhas pelo Hospital. E o resultado foi e está claro: recebeu pau de todos (população e adversários) na campanha. A administração de Zuchi relegou a segundo plano a policlínica, postos de saúde e farmácias. Deu errado no resultado. Quis armar uma vingança e experimentou do próprio veneno. Kleber, mal orientado, parece que vai no mesmo caminho. Até porque o seu Plano de Promessas será o meu guia, e na área de saúde ainda tem muito mais. Se pensou ser apenas um panfleto político, errou. Sempre vou lembrar os meus leitores e leitoras que sei, são acometidos de amnésia e às vezes uma certa condescendência. Podem mudar e executar outro Plano? Podem e devem, mas têm a obrigação ética de reconhecer que erraram, ou pior, de que fizeram uma peça de propaganda enganosa, que ludibriaram os eleitores, pois como escrevi acima, conheciam toda a conjuntura macroeconômica.
SAÚDE DOENTE X
O que mais Kleber e Luiz Carlos prometeram no seu Plano de Governo para a Saúde Pública de Gaspar? “Implantação da equipe do NASF II (Núcleo de Apoio à Saúde da Família), e revitalização do Programa Melhor em Casa, com atendimento médico, de enfermagem e fisioterapia para pacientes acamados ou com dificuldade de locomoção”. “Investir na capacitação dos profissionais da saúde com foco no atendimento humanizado e conhecimento técnico em todas as áreas de abrangência, proporcionando melhores condições de trabalho”; “Implantação da Rede Cegonha, assegurando às mulheres o direito ao planejamento familiar, atenção humanizada a gravidez, ao parto e pós-parto, e às crianças o direito ao nascimento seguro”. “Contratar equipes multiprofissionais para implantação e acompanhamento de grupos de atividade física, artesanato, controle alimentar nas Unidades Básicas de Saúde”. “Firmar convênios com universidades para residência médica e multiprofissional, com objetivo de ofertar serviços de enfermeiros, nutricionistas, psicólogos, terapeuta ocupacional, entre outros”. “Reativação do serviço de Saúde da Mulher, com atendimento de média complexidade (gravidez de risco, colocação de DIU) e atuação na prevenção do câncer do colo de útero, mama, através de parceria com a Rede Feminina de Combate ao Câncer e outras entidades”. “Fortalecimento do Conselho Municipal e dos Conselhos Locais de Saúde com um trabalho contínuo, juntamente com a Gestão de Saúde”.
SAÚDE DOENTE XI
Resumindo, haja dinheiro. E ele é um bem escasso para todos. O Hospital sem as verbas federais do SUS, sem os repasses constitucionais do Estado (outra vergonha de Raimundo Colombo e até dia 31 de dezembro do secretário João Paulo Kleinubing, ambos do PSD), com a diminuição dos conveniados dos planos de saúde que correm para o SUS, com um atendimento até média complexidade e que não gera caixa, o Hospital de Gaspar é um tomador potencial de recursos daquilo que deveria ser destinado prioritariamente à população de baixa renda. E por causa disso que é preciso fazer escolhas, e Waldrich sabe que escolhas são vitais ao sucesso de qualquer desafio. Ele foi treinado a isso, mas parece que perdeu o conhecimento e domínio disso. Espero que ele oriente bem a sua pupila Dilene e não a meta, com o PMDB e seus amigos espertos, em mais uma fria como foi quando foi gestora do Hospital, onde o PT correu com todos de lá, acusando-os de péssimos gestores. Ainda bem que o PT, Zuchi e Cleones Hostins não tiveram a capacidade de provar nada do que acusavam. Acorda, Gaspar!
ILHOTA EM CHAMAS
A grande obra do ex-prefeito Daniel Christian Bosi, PSD, foi um projeto de urbanização no Baú. Ela foi entregue recentemente. Nada que se escreva, chegará perto das imagens. Por isso, eu as prefiro. Veja o que o que aconteceu com calçadas e calçamento de lá. Perceba a denominação das placas de ruas: “Rua Sem Nome”. Parece piada, mas é sério. Tudo feito com os pesados impostos de todos. Este assunto já informei aqui. Fui contestado. E a turma que estava na prefeitura de Ilhota prometia remendos. Nem isso, fez.
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TRAPICHE
O ano de 2016 teve um segundo a mais. O governo petista de Pedro Celso Zuchi e Mariluci Deschamps Rosa teve um dia a mais. Kleber Edson Wan Dall, PMDB e Luiz Carlos Spengler Filho, PP, só tomaram posse – e por que assim eles quiseram – depois do que seria o expediente normal do dia primeiro de janeiro.
Na segunda-feira, 2 de janeiro, eles fizeram uma nota via o facebook da prefeitura. Disseram que estavam trabalhando, apesar da prefeitura, oficialmente, estar fechada e só voltar ao trabalho no dia 16 de janeiro. Confuso. Parecem que ainda estão em campanha. A área de comunicação não está funcionando nem indicação possui.
João Dória Júnior, do PSDB, por exemplo, que ganhou a prefeitura de São Paulo do petista Fernando Haddad, e disse que mudaria, ao menos na marquetagem, mudou. Na madrugada de segunda-feira estava nas ruas, vestido de gari, limpando-as numa sinalização de que pelos menos a cidade mais limpa. Mostrou publicamente a que veio. Saiu da sala, do ar condicionado e dos comunicados improvisados. E quando estava lá, as portas abertas, presenciou reuniões e decisões de economia que anunciou no primeiro dia de efetivo trabalho.
Este recado do pessoal de Gaspar de que “estão trabalhando” devia ter sido postado no site da prefeitura. Ele está desatualizado. Tudo que está lá – ao menos quando encerro esta coluna - é do governo petista de Pedro Celso Zuchi. E a última notícia nele é da inauguração da Ponte do Vale. Quem zapeia o site, sabe que o prefeito e vice de Gaspar são, respectivamente, Zuchi e Mariluci. Ai, ai, ai.
Tarcísio Nelson Hostins, o Tio Bia, 74 anos, personagem de campanhas políticas e comunitárias em Gaspar, morreu nesta segunda.
Não há mais desculpas para os políticos não trabalharem se são sustentados pelos pesados impostos de mais de 12 milhões de desempregados, empresários falidos, mas devedores eternos nas tais certidões negativas do governo que a tudo emperra para o recomeço.
Quem é leitor e leitora da coluna já tinha sido avisado bem antes da inauguração da Ponte do Vale. Na alça de acesso à cabeceira do lado do Ginásio João dos Santos, havia um problema de solo. Agora pouco mais de uma semana da liberação do tráfego, há um degrau.
Ilhota em Chamas I. O prefeito que saiu, Daniel Christian Bosi, PSD, não passou as chaves para quem entrou, Érico de Oliveira, PMDB. Um funcionário fez isso. Este é um exemplo clássico de como os políticos não respeitam os eleitores e sua cidade.
Ilhota em Chamas II. A escolha do secretariado, no que foi oficialmente divulgado, é todo orientado pelo ex-prefeito Ademar Feliski, PMDB. Arrumou-se até lugar para o ex-prefeito de Luiz Alves, Uilian Bork, ligado ao deputado Carlos Chiodini, PMDB, de Jaraguá do Sul, e hoje secretário de Desenvolvimento Sustentável.
Ilhota em Chamas III. Antônio Schmitz foi vice de Ademar, Rosi Voltolini foi secretária de Ademar. Andrea Quintino é esposa de André, empresário, patrocinador de pesquisas. Jocilene da Silveira é esposa do Dr. Lucas, candidato de Ademar, derrotado por Daniel em 2012. Ele é diretor do Hospital de Luiz Alves, mas todos trabalham para ele voltar para Ilhota.
Ilhota em Chamas IV. Érico colocou todos os secretários publicamente na vara curta. No discurso de posse disse que eles só fazem, ou dizem, o que ele mandar. Afirmou que fará um governo transparente. Isso será testado. Até aqui, depois de eleito, o que mais o novo prefeito eleito fez foi esconder o que estava fazendo. E praguejou quando se descobriu e divulgou.
Em Gaspar, pelo menos houve um ato de cidadania, respeito e civilidade e que não houve em Ilhota. O ex-prefeito Pedro Celso Zuchi, PT, entregou pessoalmente as chaves do prédio da prefeitura a Kleber Edson Wan Dall, PMDB, simbolizando o rito de passagem de um governante para o outro. As diferenças continuam.
Gaspar tem coisas estranhas. Teve um prefeito que não terminou o mandato, mas não foi cassado como se espalhou erradamente: Bernardo Leonardo Spengler, o Nadinho, PMDB, já falecido.
Gaspar teve uma vereadora que foi em quase todas as sessões do seu mandato (faltou uma), mas não terminou o mandato. Foi afastada dele – e não cassada como se espalhou de propósito –, Andreia Symone Zimmermann Nagel, PSDB, quando a Câmara já estava nas suas vergonhosas férias prolongadas de 45 dias.
Gaspar agora tem um vereador, Laércio Pelé Krauss, DEM, que foi vereador, sem nunca ter participado como titular de uma sessão no seu mandato. Foi ao exercício efetivo quando era suplente. Assumiu menos de 15 dias para ganhar o salário proporcional das férias.
E houve muitas comemorações contra Andréia por tal fato. E de todos os gostos. José Hilário Melato, PP, José Amarildo Rampelotti e Antônio Carlos Dalsochio, ambos do PT, que a processaram e perderam na Justiça num outro embate, onde eles traíram um acordo para deixá-la presidente do Legislativo. Era punição por não fazer conluio com as dúvidas.
Marcelo de Souza Brick, PSD, e Giovânio Borges, PSB, que viram nela o espinho para a eleição de ambos, também comemoraram.
Igualmente comemorou o PT de Pedro Celso Zuchi que viu em Andreia praticamente a única fiscal implacável do seu governo. Julgou que ela mereceu a perda do mandato, apesar do ato tardio não ter trazido consequências políticas alguma para ela e o PT.
Comemorou o PPS, com Vitório Marquetti, ajudado pelo PT, que também foi à Justiça nesse caso e perdeu todas naquilo que pleiteava o direito de ocupar a vaga de Andreia para a Coligação.
Mas, quem comemorou de verdade, foi o ex-prefeito Adilson Luiz Schmitt, sem partido, a vitória depois de 440 dias na Justiça do seu ex-aparentado, Laércio Pelé Krauss. Ele, que já foi próximo, hoje prefere o diabo à Andreia.
Adilson – depois de ser aniquilado nas urnas - queria conduzi-la politicamente como seu espelho. Em Florianópolis e aqui criava planos para Marcelo e o DEM a reboque – e será tema de outra coluna -. Ela a prometia ao PSD num pacote para reabilitação dele.
Eis que de repente, do nada, Andreia trocou o DEM pelo PSDB. Tudo sem Adilson saber. Julgou-se traído. Jurou vingança. E fez a fez de todos os tipos. Andreia desafiou e criou asas. Adilson foi cobrado sobre o domínio das articulações que dizia tê-las, mas provou não possui-las.
Adilson ficou pendurado na brocha e com gente importante lá em Florianópolis, como o presidente da Assembleia Gelson Merísio. Julgava que o presidente do DEM de Gaspar, Luiz Nagel – que foi vice naquela acachapante derrota a prefeitura -, e a própria Andreia, fossem crias e marionetes dele. E por assim serem, deviam fidelidade. Uma ferida, sangrando. E será para sempre.
O advogado Amilton Souza Filho está interpelando o Tribunal Superior Eleitoral com Embargos Declaratórios, contra a decisão monocrática do relator Hermann Benjamin (o mesmo que anda atrás da cassação da chapa Dilma Vana Rousseff e Michel Temer. Ou seja, não é fraco).
Amilton, penso, está no papel dele e faz bem. Entretanto, o que de prático isso vai trazer para Andreia ou até mesmo para o Pelé? Nada! A Legislatura já terminou, ambos não concorreram à Câmara. Se reformada a decisão de Benjamin, vai apenas interessar a outros pelo Brasil inteiro em caso igual e com mandato. Aqui, comemorações inócuas.
A decisão de sete a zero no Tribunal Regional Eleitoral em Santa Catarina a favor de Andreia, na minha avaliação, teve duas consequências práticas e a favor da vereadora. E só dela.
A primeira é de que ela pode cumprir todas as sessões do mandato de vereadora e a segunda, que este placar unânime, tirou a prioridade do TSE sobre o caso. Assim ele ficou para ser julgado depois das eleições de outubro. Andreia até foi candidata a prefeito por aqui.
A conta é simples. A Ação contra a Andreia foi interposta no dia 15 de outubro de 2015. Até o fim do mandato foram 440 dias com essa Ação correndo na Justiça Eleitoral e desses dias, ela cumpriu 430, ou seja, quase 96%. Ela e o advogado devia se dar por satisfeitos.
Outra e me arrisco. Se a decisão sai durante a campanha, havia todo uma estratégia para usar esse fato. Ela seria a vítima mais uma vez dos coronéis da política de Gaspar. E contra eles, nessas circunstâncias, ela sempre ganhou. Como a decisão não saiu, esta vantagem estratégica não foi testada.
Afinal foi Melato e o PT que a projetaram de uma simples vereadora que se elegeu lá na Lagoa E olha que ela se inscreveu quase que para cumprir a lei das cotas. O PMDB também ajudou. Deu os votos ao PT para impedi-la de ser presidente da Câmara.
Andreia se sobressaiu e pagou o preço da ousadia. Fez todo esse estrago contra os políticos matreiros. Eles só sabem fazer política antiga e acerto entre paredes, decidindo quem vai governar em nome deles. Devia estar satisfeita. Poucos tiveram a trajetória dela e limpa.
Andreia disse – e de forma clara para quem quisesse ouvir - de que não se prestaria ao jogo do velho modo de fazer política. E para Adilson que a chamou de Imaculada, PT, Marcelo Brick, Giovânio, Melato, PP e PMDB política não faz sem “acertos” entre os profissionais do uso da máquina pública, pois para eles tudo é confortável. Quem paga a conta dos acertos e dos erros é sempre o pagador de pesados impostos. Acorda, Gaspar!
A vida continua. Passou o primeiro dia de governo de Kleber Edson Wan Dall, PMDB. Nenhum comissionado do governo passado foi demitido. Nenhum do novo governo foi nomeado oficialmente.
Diário Oficial dos Municípios – aquele que se esconde na internet e não tem hora para sair e hoje saiu no final da tarde – de Gaspar só trouxe a relação das placas dos carros multados por aqui pela Ditran e Polícia Militar.
O ex-prefeito Pedro Celso Zuchi está anunciando que será assessor do deputado Federal Décio Neri de Lima, PT. Normal. Mais do que emprego e salário, é uma tentativa de deixá-lo visível e viável à uma candidatura a deputado estadual e ser cabo do próprio Décio, que pode ter dificuldades em 2018.
Quanto ao primeiro propósito, antes Zuchi terá que se livrar das ações de improbidade administrativa que pesam contra ele. E não será nada fácil naquilo que armou o Ministério Público Estadual. Virão mais.
Quanto ao segundo propósito, Zuchi tem um ativo nada desprezível como cabo eleitoral seja para que partido ele trabalhar ou estiver. Décio vai precisar muito.
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