03/11/2016
VAI COMPLICAR I
Para os políticos de Gaspar a lei só se for para os adversários. Normal. E quando se trata do PT, sai da frente. O presidente da Câmara, Giovânio Borges, PSB, aliado do PT e do prefeito Pedro Celso Zuchi, precisou ser questionado pela promotora que cuida da Moralidade Pública, Chimelly Louise de Resenes Marcon na reiterada omissão dele. Ela quer saber qual a razão o Giovânio não ter feito o óbvio, que lhe compete como chefe de um poder de fiscalização dos atos do Executivo. Giovânio mandou bananas para uma “notícia de fatos” protocolado na Câmara pelo agente público Pedro da Silva. Pedro pediu o início do processo de cassação do prefeito. É que Zuchi não tomou providências contra fatos graves praticados – todos identificados - por servidores públicos e já arrolados numa Ação Civil Pública.
VAI COMPLICAR II
O assunto se enrola de forma proposital na Câmara desde fevereiro deste ano, em trocas de ofícios, comissões e assessoria jurídica. Para recordar: o caso trata do uso de veículos da Ditran para deslocamentos particulares de funcionários entre 2012 e 2014 como o atual diretor José Lourival Lana, o Garoa, promovido pelo PT e Zuchi exatamente depois da denúncia. Estão envolvidos ainda o ex-diretor que permitiu tudo isso, Jackson José dos Santos, além dos servidores Pedro Paulo Domingos e Sheila Sabrina Lana Cardoso. Na sessão de terça-feira, Giovânio ignorou na leitura a correspondência do Ministério Público. Ai, ai, ai.
O ROTO E O MAL LAVADO I
Terça-feira, na falta de assunto mais importante na sessão da Câmara, houve trocas de farpas entre os vereadores Ciro André Quintino, PMDB – reeleito – e Antônio Carlos Dalsochio, PT, cunhado do prefeito Pedro Celso Zuchi. Ciro acha que Dalsochio não trabalhou o suficiente para ser reeleito. Nenhuma novidade. Dalsochio contrapôs. Ele tem certeza que Ciro só se reelegeu por conta da compra de votos como levar pacientes para cirurgias, pagar a quem colou adesivo, comprar lâmpadas para quadras de esportes... Opa! Está aí a prova e a testemunha que faltavam?
O ROTO E O MAL LAVADO II
Dalsochio está falando de uma prática bem conhecida de todos em Gaspar: caixa dois e compra de votos. O PT por ser poder abusou disso como se fossem atos administrativos. Então é o roto falando do mal lavado. Em Gaspar, apesar das fortes restrições da legislação há claros indícios do abuso das máquinas partidárias e dos candidatos. Até as pedras soltas das ruas sabem que a grana do caixa dois correu solta sob várias formas. O promotor eleitoral Marcelo Sebastião Netto de Campos argumenta de que não há provas ou gente disposta ao testemunho. Pois, agora ele tem pelo menos um: o vereador Antônio Carlos Dalsochio. É só requisitar a fita da sua fala na Câmara, chamar o vereador e confrontar. A não ser que Dalsochio se arrependa e então para não mexer num vespeiro onde pode ser ferroado, prefira ser chamado de mentiroso, bravateiro e irresponsável.
O PT da família Lima (Décio Neri, Ana Paula e Jefferson Forest todos rejeitados por lá) que manda no PT de Gaspar, pediu aos petistas de lá para votarem no segundo turno em Jean Kuhlmann, PSD. Perdeu mais uma vez.
Pois o PT daqui durante a campanha, na falta de votos e perspectivas, estava atrás de uma conta do facebook que faz humor leve e irônico das figuras e acontecimentos da cidade, como aquela briga num condomínio. Queria censurar a página. O juiz Rafael Germer Condé até ensaiou. Na falta de votos, dialética e pluralidade, queria identificar os donos da conta para persegui-los, intimidá-los, constrange-los. Não conseguiu.
Uma pergunta que não quer calar. Por que um político em final de mandato tem o seu carrão importado em nome de outra pessoa e quem nem parente é? Tudo falso neste político e faz muito tempo: discursos, atitudes, relacionamentos e bens. Do que Gaspar se livrou!
O advogado do PT de Gaspar, o militante do PDT de Blumenau, Roberto da Luz, ficou nervoso ao dar o “outro” lado para este Cruzeiro, da causa perdida para Mário Wilson da Cruz Mesquita, ex-procurador de Gaspar e ex-militante petista.
O defensor do PT garantiu a Pedro Celso Zuchi e José Amarildon Rampelotti, numa reunião mensal do PT daqui, que o caso era fácil e ganho. Um erro primário. Dai a sua insatisfação. O PT de Gaspar vai ter que devolver quase R$10 mil para o Mesquita. Ruim: corre o risco de ter que devolver para muitos outros daqui. Pior: faz decisão que vai levar milhares pedirem de volta o que deram para o partido no Brasil, justamente quando as tetas das sacanagens secaram com a perda do poder e o fechamento das torneiras descobertas pela Lava Jato.
Quem sentenciou na Comarca contra essa prática de todos os partidos em todo o lugar, em fevereiro do ano passado, foi o juiz substituto da 2ª Vara da Comarca, Antônio Marcos Decker. E quem confirmou em acórdão no início de agosto deste ano foi o juiz Emanoel Schenkel do Amaral e Silva, na 2ª Câmara de Recursos em Blumenau. A decisão foi unânime (Clayton César Wandscheer e João Batista Vieira Sell). Ou seja, é jurisprudência e é acima de tudo, pedagógica, como avalia o próprio Mesquita.
Acha o defensor petista – como qualquer esquerdista em desvantagem - que a imprensa livre – que não está sob soldo ou relho das causas ideológicas dele e seus clientes – é sempre um problema que deve ser combatido. Ela por ofício, apenas desnuda as artimanhas. Culpar a imprensa livre é um cacoete antigo. E aqui todos estão calejados com pressões e ameaças. Veja o caso Nadinho. Levou-se 17 anos para concordar naquilo que se denunciou.
Fui o primeiro a revelar na coluna passada algo público que se escondia. A poderosa RBS deu ontem como se novidade fosse.O acordo proposto pelo espólio do ex-prefeito Bernardo Leonardo Spengler, o Nadinho, do PMDB, para encerrar a Ação Civil Pública iniciada em 1999 pelo Ministério Público com Assis Marciel Kretzer. Na época, o Cruzeiro foi o único que acompanhou os fatos. Foi foi chamado de mentiroso e intrometido. Foi perseguido pelo PMDB e outros.
Ele está atolado no mensalão. Dizia estar doente e recolhido num leito de recuperação. Na semana passada João Alberto Pizzolatti Júnior, ex-deputado e presidente do PP catarinense e ainda secretário de Relações Institucionais do governo de Rondonia, para manter o foro privilegiado, apareceu em Pomerode. Casou-se com a dentista Thaionara Niheus, em cerimônia reservada.
Já escrevi aqui: o futuro governo do PMDB e PP terá maioria na Câmara Gaspar. E quem a dará será a tucana mais peemedebista de todos, Francielle Back. Isso deixará o PSD a ver navios. Ele, PSB, PCdoB, PT e outros nanicos, ensaiavam uma coalizão para dar maioria na Câmara e tentavam convencer o PSDB a integrá-la.
Primeiro é uma decisão pessoal da Francielle apoiar incondicionalmente o governo de Kleber Edson Wan Dall, PMDB, mesmo que o PSDB não o quisesse. Segundo. Ela já tem a promessa e negocia cargos para si no futuro governo do PMDB. Terceiro. Kleber e uma comitiva de peso, para que nada fique em suspense, já fizeram uma visita providencial ao padrinho de Francielle, Amadeu Mitterstein. Tudo acertado.
Pois é. Só agora, descobriram na imprensa local que o governo de Raimundio Colombo, PSD, além de caloteiro, vai deixar Santa Catarina num buraco só. Quem é leitor e leitora desta coluna – que não recebe subsídios de ninguém - sabia disso há muito tempo.
Escrevi aqui que Colombo – o inventor dos juros simples para ele pagar o que deve e juros compostos para cobrar os devedores – também por artimanhas, escondeu e retirou dinheiro dos municípios. Os coleguinhas catarinenses, abastecidos pela propaganda oficial, esconderam essa pernada do distinto público e se “surpreenderam” com a notícia do impeachment.
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