06/05/2016
FEDOR DO LIXO I
Volto ao tema, com os mesmos títulos. A impugnação que a Say Muller fez e conseguiu na Justiça contra o Pregão 001/2016 do Samae de Gaspar marcado para o dia 15 de março para recolher, transportar e depositar o lixo da cidade, é um atestado de origem às dúvidas elementares previstas – sempre contestadas e amaldiçoadas pela administração petista - por esta coluna. E quando ele era um mero Projeto de Lei no final do ano passado. O PL foi trazido de urgência e colocado goela abaixo na Câmara como tantos outros. Todos feitos para não se ter discussões públicas. Este PL foi precedido por envolvimento facilitador e de interesses, estranhamente, multipartidário nos bastidores. Algo que só o fedor do lixo são capazes de unir os aparentes estranhos e antagônicos.
FEDOR DO LIXO II
A lei - em que o prefeito Pedro Celso Zuchi e a bancada petista não permitiram qualquer alteração das poucas que se intentaram alguns teimosos vereadores e que na minha avaliação não a mudava na sua essência para a transparência e competitividade do PL – foi exatamente o que possibilitou este questionamento na Jurisdição pela Say Muller. A empresa que nasceu do nada, sem nada saber do que sabe hoje, o lixo, exatamente pela emergência para o PT correr daqui com a Recicle, de Brusque. E com o tempo do provisório, a Say Mulle aprendeu, tornou-se “habilitada” e como galo preparado numa rinha viciada foi à licitação. Garantiu para si e seus inventores, este negócio por quase sete anos. Agora, na hora de disputar, prestes a perder, num ato legítimo, mas de desespero, mostrou na Justiça as cartas do jogo viciado. Novamente numa “disputa” sem concorrentes, mais uma vez foi acaricida na “briga” que montou. Terá outros seis meses de trabalho e paga dos gasparenses.
FEDOR DO LIXO III
O que a Say Muller questiona e com propriedade sobre o Edital 01/2016, são argumentos técnicos e jurídicos ignorados ou contraditados pelo Samae. Todavia, eles foram aceitos pela Justiça. O que resume o título do edital? “Contratação de empresa especializada para executar os serviços de coleta, transbordo, transporte, tratamento e destinação final de resíduos sólidos domiciliares, de estabelecimentos comerciais e industriais (com características domiciliares), das repartições públicas e da limpeza de áreas públicas de Gaspar”. Qual o tipo de licitação? Menor preço. Qual a forma de Julgamento? Global. Qual a forma de fornecimento e o regime de execução? Parcelada.
FEDOR DO LIXO IV
Primeiro: pregão por menor preço só é permitido para coisas simples e iguais. E o objeto desta licitação é complexo, são coisas diferentes, exigem-se especialidade em engenharia. É impossível que o Samae com a experiência que possui a tal ponto de montar uma empresa de lixo do nada, com o corpo técnico que tem e com o jurídico José Carlos Schramm que já foi procurador do município e com a ex-assessora jurídica de lá, Mara Lucy Fabrin Áscoli na procuradoria municipal, puderam errar tanto neste assunto. Parece até proposital. Ao invés de uma concorrência com parâmetros técnicos severos, principalmente devido ao tempo de 20 anos para o ganhador (que poderá se repetir nos outros 20 anos), para balizar esta relação por vários governos e em defesa da sociedade, do consumidor, vem aí um pregão pelo menor preço. E para que? Para se arrumar brechas jurídicas e oportunidades formais, conchavos interesses particulares e políticos para reajustes sem base técnica dos preços e dos parâmetros pactuados. Incrível.
FEDOR DO LIXO V
A coluna alertou. A administração e os vereadores petistas caíram de pau. Dissimulação. Esta lei é dirigida para uma única empresa da região. E o que a Say Muller que não possui local de depósito para suportar a demanda da coleta, transbordo e transporte do lixo daqui quer e está pedindo na Justiça? O fracionamento deste serviço para se sentir viva neste negócio que pode estar fugindo das suas mãos, como relatei na coluna da sexta-feira passada e indo, por dirigismo para outra empresa concorrente, exatamente, a mesma que o PT correu daqui quando o partido ganhou a prefeitura em 2008 e inventando a Say Muller. Ironia do destino. Coisas dos amigos do poder. E quando brigam ou se desconfiam... é como se fosse um litígio num divórcio matrimonial com divisão de bens. Quer no mínimo, a Say Muller a permissão de formação de consórcio. Mas, a lei já não está feita? Está. E por que ela não foi debatida, apesar destas incoerências terem sido registradas aqui? Porque Pedro Celso Zuchi, o PT de José Amarildo Rampelotti e Antônio Carlos Dalsochio não quiseram. Quem perde? Gaspar, os gasparenses.
O fedor do lixo. Outro ponto contestado pela Say Muller na Justiça é o número de caminhões. Três, segundo ela, que entende e faz o serviço agora, é pouco. Está aí mais uma dica para logo aumentar o custo do contrato.
O fedor do lixo. A outra questão levada pela Say Muller à Justiça para a impugnação do pregão: falta a planilha de custo para o transbordo. Hum! Isto não é elementar?
Fedor do lixo. A atrapalhação neste negócio é tamanha que na sexta-feira mostrei que publicaram que foi a Oi, sim a dos telefones, que impugnou o pregão. Foi corrigido. A culpada foi a moça do compras. Esse pessoal não é fácil.
O fedor do lixo. Mas, há outras duas datas que mostram que as coisas estão fora do controle ou mal armadas neste negócio. E tudo à mostra no tal Diário Oficial dos Municípios - aquele que se esconde na internet e não tem hora para ser publicado.
O fedor do lixo. A primeira do dia 15 de abril. Ela publica um extrato de dispensa de licitação 18/2016 e que só valeria a partir do dia 19. A segunda, é a publicação do extrato do contrato 20/2016 que esclareceu tudo. Mas ficaram os dois registros e as dúvidas.
No que o PT de Gaspar difere do nacional? Nada. Até porque é uma franquia, uma seita. Na terça-feira da semana passada, os produtores rurais e feirantes daqui ganharam, finalmente, a alforria, para venderem seus produtos nas feiras livres em locais públicos do município.
O PT fez uma lei ferindo outra maior. E tudo foi parar na Justiça depois que o Ministério Público, o que cuida da Moralidade Pública, resolveu restaurar o certo. O PT e a prefeitura resistiram o quanto puderam. Mas, se dobraram à realidade.
Sobre este assunto, o presidente do PT de Gaspar, o vereador José Amarildo Rampelotti e líder do prefeito Pedro Celso Zuchi disse que “nós temos que ser justos e que as leis não são justas. O projeto de lei anterior era inconstitucional, mas era justo, nós vereadores temos que fazer a justiça e não olhar só pelo lado da legalidade”.
Ai, ai, ai. Perceberam! Para o PT, lei só é justa quando ela lhe favorece e enquadra os adversários. No mundo do PT, lei, que como princípio iguala todos os cidadãos, é coisa morta. E o recado do Rampelotti era para um adversário que é pré-candidato a vice, Luiz Carlos Spengler Filho, PP, a quem quis colar a culpa do assunto, para que os feirantes e agricultores comprassem mais esta bobagem.
O vereador pepista, emendou com a mesma moeda para o presidente do PT: “então devemos rasgar a Constituição. Os repasses para entidades do esporte é também muito justo. Mas, o PT de Gaspar alega ser contra a lei e não a faz”. O PT não é capaz de forjar um discurso minimamente coerente e sustentável em qualquer situação. Acorda, Gaspar!
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