08/12/2016
ACABOU A FARRA DOS ACTs I
Na semana em que era diplomado, o futuro prefeito de Gaspar, Kleber Edson Wan Dall, PMDB, recebeu uma má notícia. Ele viu diminuir os seus espaços de manobras para contratar os temporários da forma como foi feita nos governos anteriores e principalmente nos oito anos de Pedro Celso Zuchi, PT. É que o juiz da segunda Vara, Renato Mastella, atendeu um agravo impetrado pela promotora Chimelly Louise de Resenes Marcon e que cuida da Moralidade Pública na Comarca. Mastella reviu uma sentença de setembro do ano passado da juíza substituta Cibelle Beltrame, de Blumenau. Ela negou à tutela antecipada como pedia o MP nesta Ação Civil Pública.
ACABOU A FARRA DOS ACTs II
Na época, esta e outras três ações da promotoria tiveram as liminares negadas pela juíza Cibelle. Na extensa ação, fruto de longo inquérito e suportados por documentos e provas, Cibelle não viu riscos iminentes para conceder a liminar. Na sentença, ela reportou a fatos relatados e ocorridos em 2009. Entendeu, que no curso normal da Ação poderia se corrigir as anomalias administrativas e eventualmente punir culpados. A decisão de Mastella neste final de novembro, mas só conhecida na semana passada, todavia, enxergou danos no presente e futuro. Então ele acolheu as argumentações e os pedidos liminares de Chimelly em pelo menos quatro pontos essenciais.
ACABOU A FARRA DOS ACTs III
O que determinou à Justiça ao Município de Gaspar, seja qual o prefeito que estiver investido no cargo? “Que se abstenha de contratar, nomear ou designar funcionários, servidores e empregados por tempo determinado sob pena de multa diária no valor de R$500,00, por funcionário ilegalmente contratado; que deflagre e homologue, no prazo de 180 dias, concurso público destinado ao provimento dos cargos vagos, cujas funções estejam atualmente exercidas por funcionários temporários, se não houver outro concurso vigente, sob pena de multa diária de R$1.000,00; que se abstenha de prorrogar, após o vencimento dos respectivos prazos, os contratos de trabalho celebrados sob a égide da temporariedade sob pena de multa diária no valor de R$500,00 para cada ato ilegalmente prorrogado e rescinda, no prazo de 180 dias, todos os contratos de trabalho firmados sob a égide da temporariedade e exonere todos os funcionários, servidores e empregados admitidos em caráter precário sob pena de multa diária no valor de R$500,00 para cada funcionário contratado”.
ACABOU A FARRA DOS ACTs IV
Alguns especialistas consultados olham com desconfianças e oportunidades para a sentença. Primeiro porque os políticos e gestores públicos não estão nem aí para esse tipo de judicialização, apesar da intensa vigilância e persistência do MP, que por aqui tem trazido dores de cabeças aos que lhe desafiam. Este tipo de Ação pode demorar anos até ter um desfecho de força terminativa para obrigar os gestores públicos a cumpri-la. Daí a insistência do MP na tutela antecipada. Enquanto isso, quase tudo, fica como está ainda mais se o futuro prefeito conseguir derrubar a liminar. E não é difícil. A outra brecha apontada está no próprio teor da sentença: “ressalvadas as hipóteses reais e legais de necessidades temporárias de excepcional interesse público”. É que a partir disso, tudo se alegará como hipóteses reais, legais e emergenciais. E aí se embarriga e se aceita para a chicana na jurisdição. E para encerrar: o PT já fez o serviço e aparelhou com os seus, por concurso, a prefeitura Então... Acorda, Gaspar!
Temos um novo papel para a Justiça e o Supremo: decidir com patriotismo. E para que servem as leis feitas por políticos, em nosso nome e desejo, para pautar a Justiça?
Elas serviam para todos. Agora, a nova “súmula” do STF, deixa claro aquilo que se desconfiava. Diz que não vale para os políticos e Renan Calheiros, PMDB-AL. Só para os cidadãos comuns.
Outra: qual o papel do Oficial de Justiça? O de bobo se até um ministro instruiu não recepcioná-lo e à notificação?
Os políticos, poderosos, ladrões dos impostos, corruptos e bandidos estão livres das leis ordinárias? Foi isso, ao menos que referendou o Supremo na quarta-feira, com disfarces de indignação e nenhuma providência prática. Para os cidadãos comuns – os pagadores dos pesados impostos que sustenta a Justiça e parlamento -esse desacato dá cadeia.
Os ministros do Supremo agora são os salvadores da pátria? Ou fizeram uma troca com a Lei do Abuso de Autoridade onde os políticos os enquadravam e chantageavam?
Se a lei de Renan – que estava em regime de urgência - estivesse valendo, o ministro Marco Aurélio Mello não estaria enquadrado nela em crime por ter interpretação diversa (hermenêutica) da maioria dos colegas da Casa?
Ou seja, o Supremo e a Justiça perderam a grande chance de colocar os bandidos travestidos de políticos de volta ao lugar deles. Entretanto, ela preferiu se ajoelhar diante deles.
Quem perdeu mais uma vez? A sociedade, os pobres, pretos e putas. Afinal, dependemos dos salvadores da pátria nas instituições.
Se isto acontece em Brasília, com transmissão ao vivo para todo o país, imagina-se o que ocorre nos grotões, no escurinho das salas, gabinetes, audiência e jantares privados, ou nas entidades secretas...
Pensando bem. Quem faz as leis? Senadores, deputados (federais e estaduais) e vereadores. Se eles estão envolvidos em corrupção, iriam legislar contra eles próprios? Entenderam a gritaria, chantagem e a vitimização?
Quais os deputados catarinenses que votaram contra a Medida Provisória 746/16 que reformula o ensino médio? Décio Neri de Lima e Pedro Uczai, ambos do PT; Ângela Albino, PCdoB, Giovânia de Sá, PSDB e Jorge Boeira, PP.
Ilhota em chamas. O futuro prefeito Érico Oliveira, PMDB, mandou vetar o projeto de lei do vereador Luiz Fischer, PMDB, que dava as sobras anuais do duodécimo da Câmara para Saúde, a exemplo do que fez a Assembleia Legislativa.
Ilhota em chamas. O futuro prefeito quer as sobras da Câmara para comprar um caminhão de coleta de lixo. E a maioria dos vereadores concorda, apesar da saúde pública também estar um lixo e ter a obrigação de colocar nela 15% do orçamento anual.
Chororô. As berçaristas efetivas voltarão no dia 20 de janeiro e não terão os dois meses de férias como até então. É que todos os ACTs vão ganhar baixa hoje, quando encerra os contratos. As berçaristas não fazem parte do quadro de magistério que volta em fevereiro.
Catequização. Os cursos de Química e Informática do Instituto Federal de Santa Catarina, em Gaspar, entraram na discussão da liberação do aborto, depois de desmascarada na pauta das ocupações contra as mudanças do ensino médio.
Segundo os professores na notícia destaque do portal do Cruzeiro do Vale – o mais acessado e atualizado -, é para “ inseri-los em discussões mais complexas sobre a legalização do aborto no Brasil”.
Ah, bom! Estudar para pelo menos saber ler, fazer contas e entender ciências, é algo superado. O Pisa acaba de sair. Ele mostra que estamos na rabeira do mundo. Emburrecidos, os estudantes estão fora da competitividade, mas incluídos em pautas mais complexas. Acorda, Gaspar!
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