13/04/2017
SEXTA-FEIRA I
Hoje a sexta é Santa para os cristãos de fé. Hoje é dia de Via Crucis, não apenas a alegórica. A católica Gaspar (de padres, bispos e arcebispo conservadores, na sua maioria), já fez procissão heterodoxa com pregação político-ideológica progressista nas estações. Eu assisti. As eclesiais de base da Teologia da Libertação, instrumento para o PT de então (e até de hoje, apesar do disfarce da vergonha) nos grotões, encenavam o sofrimento de Cristo ante o Calvário e as últimas gotas de vida dele, na terra. Um martírio, segundo a encenação, igual ao provocado pelos políticos corruptos, ricos, empresários e empresas desonestas que exploram pobres, desinformados e operários no labor honesto. O que mudou entre o histórico, a encenação e à realidade?
SEXTA FEIRA II
Mostrava-se a via dolorosa de Jesus como sendo a de hoje do povo pobre humilhado, na busca da esperança. A “sonhada libertação” pregada veio com ascensão ao poder do PT, com seus sócios oportunistas e a esquerda do atraso. Mas, bem diferente à prometida na pregação e encenação. A “libertação” veio com a maior recessão da história do país, inflação, desemprego de 13,5 milhões de trabalhadores, achatamento salarial (menos para os servidores públicos), gente morrendo na fila do SUS, aumento da violência e uma corrupção de bilhões de Reais roubados dos pesados impostos de todos nós, exatamente pelos salvadores adulados pelas pastorais. A Igreja Católica, que por suas escolhas perde fiéis e influência política (ainda bem) num estado laico, não foi capaz à reflexão do seu engajamento. Está de novo pregando política e ideologia, ao invés de evangelizar e ouvir os carentes de fé.
LAVA JATO I
A enchente do Rio Itajaí Açú surpreendeu todos pelo volume e fúria em 1983. Ela tem a mesma dimensão das revelações da Lava Jato para o Médio Vale. Como o fenômeno, as cheias eram esperadas, não como catástrofe. Na delação da Odebrecht, 80% dos enrolados são do Médio Vale e concentrados em Blumenau. Meu Deus! Quem não foi atingido, era a pergunta em 83. Com a Lava Jato, o mesmo espanto. Todos no mesmo saco para se separar o joio do eventual trigo. O mais complicado, sem dúvida, é o ex-deputado Federal, João Alberto Pizzolatti Júnior, PP (Pomerode, que já quis ser prefeito de Blumenau). Sobram provas para o volume de mais de R$124 milhões. Absurdo abuso. Mas, se os outros não estão tão complicados, o simples fato de serem mencionados por vantagens no jogo, sempre serão marcados, mesmo que os inquéritos evitem a denúncia e o processo. Estão na fase de explicações iguais: senador Dalírio Beber, PSDB; deputado Federal Décio Neri Lima, a estadual Ana Paula Lima, a “musa”, ambos PT, o estadual Jean Jackson Kuhlmann, PSD, e o prefeito Napoleão Bernardes, PSDB, o “conquistador”, todos de Blumenau e com influência em Gaspar e Ilhota.
LAVA JATO II
O que ficou claro nesta história toda desta semana? Kulhmann era o pangaré até para a Odebrecht! Quem a trouxe para Blumenau? O ex-prefeito, hoje deputado Federal, João Paulo Kleinubing, PSD. Seu candidato a sucedê-lo na prefeitura teria ganho da Odebrechet apenas R$50 mil. A opositora ferrenha, Ana Paula, que inclusive fez de tudo para melar a parceria de Kleinubing com a Odebrechet, teria ganho, segundo o diretor delator, R$ 500 mil, tratados pelo seu marido Décio, ex-prefeito de Blumenau e que manda no PT de Gaspar. Enquanto que o candidato-azarão em todas as pesquisas, Napoleão, teria recebido a mesma quantia de Ana Paula, arranjados por Dalírio, que também já foi ex-candidato a prefeito de Blumenau.
LAVA JATO III
Napoleão ficou nú. Seus planos ao governo do estado e do novo na política? Comprometidos. Dalírio? No fio da navalha afiadíssima, porque inclui a Casan, onde foi presidente. Raimundo Colombo, PSD? Enganou a Odebrechet como aquela cara de santo, tonto e vítima, os catarinenses há seis anos. E para finalizar: se o Napoleão não quiser sangrar, ficar na vala comum, definhando como político de carreira, se ele se sente seguro da sua inocência como apregoa, deveria pedir, urgentemente, para o inquérito sair do Supremo e vir para a Justiça Federal de 1 ª instância. A chance de correr tudo mais rápido, é maior. É a chance dele sair menos machucado desse desastre. A escolha é de Napoleão e dos que sobrevivem ao seu redor. Os políticos lambuzados, preferem o STF. E as enchentes o que tem a ver com isso? O Vale aprendeu com os estragos. Mitigou. Sabe quando e como vêm. Elas não mais surpreendem, mas são ameaças constantes.
Eles estavam nomeados desde o dia três de abril. Circulavam nos ambientes de trabalho provocando iras e desconfianças. O site interno do RH da prefeitura já tinha lhes dado as boas-vindas para aplacar os questionamentos. Tem gente que ficou de fora da lista e está choramingando. Por isso, virão mais nomeações.
Oficialmente, todavia, os novos comissionados de abril da administração de Kleber Edson Wan Dall, PMDB, só foram oficializados na edição de quarta-feira, dia 12, no Diário Oficial dos Municípios – aquele que se esconde na internet.
São eles: Delgio Roncaglio, ex- candidato a vereador, para diretor administrativo, da secretaria de Desenvolvimento Econômico e Renda; Evandro Schneider Imhof, para coordenador geral de logística, da secretaria de Saúde; Marcos Roberto da Cruz, para diretor compras e licitações, da secretaria de Administração e Gestão; Maria Helena Schultz, para coordenadora geral SINE; Mauricio José de Souza, para coordenador geral oficina, da secretaria de Obras e Serviços Urbanos; Norberto dos Santos, para Diretor Obras do Distrito do Belchior; e Osnildo Moreira, para “diretor” de Cemitérios (não riam), da Secretaria de Obras e Serviços Urbanos (até então ele e desde três de janeiro, era o coordenador geral da Oficina).
Foram nomeados ainda Adalberto da Costa, para coordenador de serviços da secretaria de obras e Serviços Urbanos e efetivo Jefferson Debus, para supervisor de compras da secretaria de Administração e Gestão.
Olha só. O ex-prefeito de Araquari, Francisco Garcia, foi nomeado para a assessoria do deputado Jean Jackson Kuhlmann, padrinho do ex-vereador e ex-candidato a prefeito de Gaspar, Marcelo de Souza Brick, PSD. Garcia ficará baseado em Araquari. Marcelo continua atrás de uma teta pública para continuar político.
Quando não é Lages, é Florianópolis. A secretaria de Segurança montou um esquema especial para conter as mortes decorrentes da guerra do tráfico na Grande Florianópolis. Foi por ordem de Raimundo Colombo, PSD, após pressão. E Joinville, Blumenau incluindo Gaspar? Assaltadas duas vezes: quando pagam os pesados impostos e quando ficam expostos aos bandidos.
O ex-delegado de Gaspar, Egídio Maciel Ferrari, que prendeu bandido aos montes por aqui por sua competência - e praticamente sem equipe -, transferido recentemente, é manchete recorrente em Blumenau. Agora, ele está perturbando os bandidos de lá.
Uma marca. O fracasso nas urnas no Vale do Itajaí não fez nenhuma diferença para a família. O deputado Décio Neri de Lima está orgulhoso: fez a maioria dos presidentes municipais do PT em Santa Catarina.
Tanto que, depois de admitir que poderia ir para o PDT, está indicado presidente estadual da sigla. E ele cercou o curral. Em Gaspar, elegeu o seu ex-assessor Aldo Avosani, com campanha do seu atual assessor e ex-prefeito Pedro Celso Zuchi. Em Blumenau, a mulher Ana Paula, foi a eleita. Resta saber se o PT vai sobreviver ao mar de lama em que se meteu. Décio ganhou o diretório no pior momento da história do PT.
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