Por Herculano Domício - Jornal Cruzeiro do Vale

Por Herculano Domício

16/11/2017

O DEMAGOGO
A administração de Kleber Edson Wan Dall, PMDB e Luiz Carlos Spengler Filho, PP, ainda não se achou. E por que? Não se preparou para ser governo, caiu na armadilha deixada pelo PT a quem não enfrentou devidamente, não estabeleceu as prioridades, a maioria dos gestores é fraca e prefere vinganças. Agora, o servidor aposentado, petista novo, o vereador Rui Carlos Deschamps, propõe que o prefeito, vice e secretários tenham diminuídos 25% de seus salários? Ideia interessante. Defendo-a. Mas, o exemplo deve vir antes do PT e do vereador. São incapazes disso aqui e no Brasil. É histórico. Não possuem moral. O PT em oito anos de governo em Gaspar não tomou a iniciativa de reduzir os salários dos seus. Ao contrário, aumentou. E se não tivesse cheiro de vingança e desgastes contra Kleber que busca cortar os privilégios dos servidores, o vereador Rui deveria propor no mesmo projeto que protocolou na Câmara para causar e aparecer, a diminuição do seu, dos salários dos vereadores e dos assessores parlamentares, bem como dos gastos da própria Câmara, que neste ano, cresceu foi como nunca se viu antes. Tudo com autorização de Rui na mesa diretora. Esta é a Gaspar de sempre e pequena.

ILHOTA EM CHAMAS I. O FEDOR DO LIXO


O lixo de Ilhota está se acumulando no Centro e bairros. O prefeito Érico de Oliveira, PMDB, culpa a Transólidos (a mesma de Gaspar). Os caminhões dela estariam quebrados. Como assim? Em maio, Érico assinou um contrato de R$273.600,00 para ela recolher em dois caminhões o lixo de Ilhota por um ano. E se um deles “quebrasse”, ela teria que repô-lo imediatamente. Qual a dificuldade dele exigir o que foi contratado? Érico prefere gastar caminhão e gente da prefeitura para improvisar na coleta, mais uma vez. E o custo dobrado para o povo pagar. Ai tem!

ILHOTA EM CHAMAS II. TRANSPARÊNCIA ZERO
Quando presidente da Câmara em março do ano passado, o desafeto partidário do ex-prefeito Daniel Christian Bosi, PSD, Almir Aníbal de Souza, PMDB, mandou ao Tribunal de Contas uma denúncia sobre suposta indisponibilidade pela prefeitura de Ilhota de dados obrigatórios, pela lei, no seu site oficial e na área de Transparência. Só agora, o TCE reconheceu a denúncia e mandou ouvir Daniel. Um tiro pela culatra. A maioria dos dados faltando ou não atualizados na época de Daniel, continuam sendo sonegados no site oficial pelo atual prefeito Érico de Oliveira, PMDB, da turma de Aníbal. É o roto e o mal lavado. E se o TCE realmente colocar a mão nesta cumbuca, terá que punir ambos. Quem ganha? O povo, como trata Érico nos seus escritos.

PASSANDO A RÉGUA
No início do ano foram os frigobares, poltronas confortáveis e cadeiras novas, cercadinho de vidro, outras coisitas como diminuir o trabalho dos servidores para 30 horas semanais, mas com os salários dos que trabalhavam 40 horas. Agora, no fim do ano, quando todos entram de férias, a Câmara de Gaspar hoje à tarde, compra 17 novos celulares de última geração para os vereadores por R$36 mil (a quebrada Oi tentou impugnar). Mais. Na quarta-feira ela vai comprar 15 nobebooks para as suas senhorias. São R$66 mil do bolso dos pagadores de pesados impostos. No pacote ainda estão sete microcomputadores (R$ 28 mil) para “melhorar” o desempenho das assessorias; televisores, impressoras, monitores, scanner de alta velocidade, projetores... Tudo para que os nobres vereadores gasparenses possam trabalhar melhor para e pelo o povo, conforme justificou a mesa diretora e o presidente da Casa, Ciro André Quintino, PMDB, com o apoio unânime de todos. Somada, a rodada de quarta vai custar R$128 mil. Crise? Economia? Bobagem! Acorda, Gaspar!

TRAPICHE

O prefeito Kleber Edson Wan Dall, PMDB, depois de ir a Brasília, foi “ver” os resultados da administração de Jaraguá do Sul e pedir “conselhos” ao prefeito de lá, o corupaense e empresário, Antídio Aleixo Lunelli, PMDB. Isso foi o que se divulgou.

O encontro na verdade, é também um desdobramento da viagem a Brasília, feita para arranjos políticos para a campanha do ano que vem, longe daqui, entre a entrega de um papelinho ali e outro acolá, para verbas e projetos.

Com a doença do deputado Aldo Schneider, há uma nova arrumação no apoio de parte do PMDB de Gaspar na corrida estadual para colocar o deputado de Jaraguá, Carlos Chiodini, PMDB, oficialmente no circuito de votos daqui.

Pegou mal. Imagina-se não tivesse à disposição uma assessoria parlamentar. O vereador Cicero Giovane Amaro, PSD, no automático, na rede social, mandou um cartão eletrônico de “feliz aniversário” para Marilene Buschermohle. Ela já é falecida.

Ilhota em chamas III. No dia 27, uma pequena nota aqui alertou para uma aula de “educação sexual” e prevenção à AIDS, na escola do bairro Minas. Ela “usou” filme pornográfico gay para ilustração. Um bafafá. Tentou-se abafar. Virou notícia. Foi parar no Conselho Tutelar e Ministério Público.

Ilhota em chamas IV. O professor, que já cuidava ensino infantil e agora está com uma turma de adolescentes, foi afastado até o esquecimento dos fatos. E os que jogam panos quentes no assunto para se verem livres logo do problema por associação e responsabilidade, incluindo os da prefeitura e PMDB, alegam que o professor “errou ao manusear” o aparelho de audiovisual deixando vazar partes “proibidas” do filme para aquela faixa etária. Quanta criatividade tem essa gente!

Ilhota em chamas V. Coisas bem planejadas. A prefeitura de Ilhota fez circular uma edição extra no sábado do Diário Oficial dos Municípios só para publicar o edital referente à contratação de empresa para a organização e realização de concursos para cadastro reserva dos cargos no município. Será no dia 28 de novembro. Ai, ai, ai.

O IFSC do Bela Vista é Federal. Mantido pelo governo Federal. O deputado Décio Neri de Lima, PT, destinou uma verba de R$250 mil, daquelas emendas obrigatórias a que tem direito, para a criação de laboratórios. Ou seja, desobrigou o Ministério da Educação naquilo que é sua obrigação.

O baile dos números para o poço sem fundo do Hospital de Gaspar. Quase R$300 mil foram remanejados no Orçamento para “ampliar, manter e equipar as ações de média e alta complexidade”.

O custo do acolhimento temporário de pessoas com deficiência de Gaspar: R$ 426.720,00, com a Cagere Casa Assistencial.

Mais dinheiro e prazo. Vai até 25 de abril de 2018 com acréscimo de RS 19.010,25 o contrato para pavimentação e drenagem da Rua Rodolfo Vieira Pamplona.

Depois de muita polêmica, a Soberana continuará e vai terminar do posto de Saúde do Gasparinho. Entrega? Outubro do ano que vem, se tudo der certo.

 

Edição 1827

Comentários

Herculano
19/11/2017 20:13
ESTA SEGUNDA-FEIRA É DIA DE COLUNA OLHANDO A MARÉ INÉDITA
Herculano
19/11/2017 10:10
O LUGAR DO CAOS, por Janio de Freitas, no jornal Folha de S. Paulo

A cada fato novo, segue-se uma situação tumultuosa, confrontos, confusão de conceitos, trombadas e agressões às regras vigentes. Quem ainda se importa com esse estado de coisas, transita entre a perplexidade e o desalento, indagando aqui e ali, indagando-se, sempre em vão. Quem nunca se importou, ou cansou de se importar, com a apatia dá a mais eficaz contribuição para a continuidade, senão o aumento, do país desgarrado. E não está menos inquieto do que aqueles outros, porque seus olhos e seus ouvidos não estão imunes ao que se passa, no transtorno inquietante e indiscriminado.

Uma decisão do Supremo desprovida de coragem e de reflexão, por exemplo, dá um novo poder ao Senado, com a preservação imprópria da presença de um senador que, assim rearmado, cria uma crise no seu grande partido, racha-o, e abala a composição do governo. Acaba aí? Não. Nem é certo que venha a ter fim em tempo previsível. A decisão insatisfatória do Supremo permite, ou requer, a extensão judicial do que deu a Aécio Neves: políticos do Rio presos e acusados de corrupção são libertados pela Assembleia fluminense, em imitação ao decidido no Senado. Desponta novo braço da crise, entre Assembleia, Judiciário fluminense, partidos e o Supremo. Um círculo perfeito.

O governo faz das "reformas" um meio de picaretear apoio de "quem tem dinheiro", como diz a crueza do neoliberal Gustavo Franco, para o Michel Temer de 3% de aceitação pública, recordista planetário negativo. A legislação do trabalho, nos seus 77 anos, tem o que ser melhorado, para patrões e empregados. Mas o governo amontoa alterações a granel, com a parcialidade esperável, e manda ao Congresso, que apenas remexe a salada.

Ninguém sabe como aplicar aquilo: a inquietação está nos beneficiados e nos prejudicados. O governo emite medida provisória com as correções mais prementes. Piorou: houve troca de erros por erros. Os assalariados continuam sem saber como e quanto perdem, os empregadores sem saber usar seus novos meios de ganhos. E como a população ativa compõe-se dos dois segmentos, a "reforma" é uma imensa perturbação. A idiotia do governo não relaxa.

Há mais de três anos discute-se a delação premiada. Seu uso descriterioso, em numerosos casos, deu ao pagador da extorsão ou do suborno sentença muito mais pesada que a do recebedor, o qual, ainda por cima, deliberou provocar o desvio de centenas de milhões, ou bilhões mesmo, da Petrobras e de outros cofres da riqueza pública. Os prêmios fixados por procuradores da Lava Jato foram avalizados pelos dois relatores do Supremo, sem dificuldades, até que a imunidade judicial dada aos bilionários Joesley e Wesley Batista causou escândalo. A Procuradoria-Geral da República, ao tempo de Rodrigo Janot, e os ministros Teori Zavascki, Edson Fachin e Cármen Lúcia, pelo Supremo, deram à lei da delação frequente flexibilidade.

O ministro Ricardo Lewandowski negou-a, relatando agora o acordo de delação do marqueteiro Renato Pereira, do grupo de Sérgio Cabral. Devolveu-o à Procuradoria-Geral, por nele encontrar desacordos com a legislação. É o papel que a lei da delação lhe atribui. O acordo, a despeito das trapaças financeiras que o motivam, concede ao "sentenciado" até o direito de viajar quando quiser. A restrição é só dormirem casa durante um ano ?"se não estiver em viagem.

A devolução do acordo não impede a delação nem prejudica o inquérito, apenas exigindo a correção. Apesar disso, Rodrigo Janot, que encaminhou o acordo, lança suspeita sobre a atitude de Lewandowski: "Será que as investigações foram para rumos indesejáveis?". Maldade por maldade, há outra pergunta possível: será que Rodrigo Janot, com sua generosidade de premiador, queria combater ou mostrar que a corrupção vale a pena? Por hora, com o desastre para o país e os prêmios a quem o prejudicou, a melhor resposta é a pior das duas.
Herculano
19/11/2017 09:56
A "INTERIORIZAÇÃO DA VIOLÊNCIA"

Conteúdo de O Antagonista.Em 2016, o total de mortes violentas bateu recorde no Brasil, com 61.158 vítimas, segundo o Fórum Brasileiro de Segurança Pública ?" o levantamento inclui homicídio doloso, lesão corporal seguida de morte, latrocínio e mortes decorrentes de intervenção policial, lembra a Folha.

"Nas capitais, porém, houve queda acumulada de 3,5% em relação ao ano anterior, enquanto no interior os assassinatos cresceram 6% de um ano para o outro. No ano passado, 14.491 assassinatos do país ocorreram nas capitais, contra 42.933 nas demais cidades dos Estados - estes números excluem mortes em intervenções da polícia.

Para o sociólogo Renato Sérgio de Lima, do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, o cenário reflete um investimento maior das capitais em segurança, devido à violência alta dos anos 1990 e 2000, o que não foi acompanhado pelo interior. Nas regiões em que há crime organizado, diz, quadrilhas viram espaço para crescer em cidades menores."

O fenômeno vem sendo chamado de "interiorização da violência".

Tem de ser pauta no ano eleitoral de 2018.

E em todos os outros anos.
Herculano
19/11/2017 08:36
A INFLAÇÃO, O POBRE E OS AJUSTES, editorial do jornal O Estado de S. Paulo

A inflação deu uma trégua. Com isso, as famílias de baixa renda têm os gastos de consumo menos pressionados e desafogo no orçamento

A inflação deu uma trégua aos mais pobres, desde o fim do ano passado, e com isso as famílias de baixa renda tiveram dois benefícios. O mais visível é mostrado de forma direta nas pesquisas publicadas mensalmente ou, em alguns casos, até a cada semana: seus gastos de consumo foram menos pressionados que os das famílias mais abonadas. Nos 12 meses terminados em outubro, os bens e serviços consumidos pelo grupo mais pobre, com renda mensal abaixo de R$ 900, encareceram em média 2%. Para as famílias do patamar superior, com renda acima de R$ 9 mil por mês, a alta de preços chegou a 3,5%. O outro benefício, menos ostensivo nas tabelas de inflação, é simples e sempre muito bem-vindo. É o desafogo do orçamento. Quando o custo de vida sobe mais devagar, a renda é corroída mais lentamente ou, em outras palavras, o salário dura mais, assim como qualquer outro tipo de ganho. Se o alívio ocorre nos itens mais importantes, como os gastos com a alimentação, o ganho é maior, porque sobra mais dinheiro para outras despesas e o consumidor fica mais livre para ajeitar suas condições de vida.

A inflação já foi descrita como o mais injusto dos impostos, porque faz o pobre pagar um preço desproporcional pelos desajustes criados pelo governo. Preços desarranjados, é sempre bom lembrar, geralmente resultam de erros cometidos pelas autoridades, como excesso de gastos públicos, intervenções desastradas no sistema de preços ou, simplesmente, corte voluntarista de juros e expansão imprudente do crédito. Houve uma desastrosa concentração de todos esses erros entre 2011 e 2015.

Todas as pesquisas de preços mostraram uma forte desinflação a partir do ano passado. O impacto diferenciado de acordo com o nível de renda foi evidenciado pela distância entre o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) e o Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC). O primeiro é baseado nos orçamentos de famílias com renda mensal entre 1 e 40 salários mínimos. O segundo, nas despesas de famílias com renda de 1 a 5 mínimos. Os dois indicadores são produzidos pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

A novidade é a segmentação maior desse conjunto, apresentada em relatório do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), também vinculado ao governo federal. Técnicos do instituto recompuseram os dados a partir de uma segmentação em seis grupos de renda. As descobertas são exemplificadas com números mensais de outubro de 2016 e de três meses de 2017 ?" agosto, setembro e outubro.

Em todos os casos, a variação de preços para o grupo mais pobre foi a mais baixa. De modo geral, mas com alguma oscilação, condições melhores foram verificadas também para os primeiros quatro grupos, da renda muito baixa até a média. Parte considerável dessa evolução é atribuível à retração dos preços dos alimentos, com peso maior para as famílias com ganhos mensais entre muito baixos e médios.

Uma tendência menos favorável foi notada nos últimos dois meses. Para 2018 já se espera uma inflação superior a 4%, mas abaixo da meta oficial de 4,5%. Esperam-se preços mais altos no mercado internacional de grãos e novas pressões sobre o custo da alimentação, mas nenhuma alteração desastrosa no cenário. De toda forma, a inflação deverá continuar mais suave do que foi até 2015 e famílias de todas as faixas de renda ainda poderão desfrutar de algum desafogo. A melhora do emprego, com efeitos sobre a demanda, também poderá contribuir para alguma alta de preços. Mas pressões derivadas da política, em ano de eleições, são apontadas como as principais ameaças.

Com ou sem eleições, o principal fator de estabilidade de preços continuará a depender da capacidade do governo de arrumar suas contas. Esse trabalho será facilitado se os congressistas estiverem dispostos a agir de acordo com os interesses públicos de longo prazo. Inflação baixa, com benefícios para os pobres, é um desses interesses. No Brasil, o mais comum é falar a favor dos pobres e prejudicá-los, no fim da história, com inflação gerada por ações populistas.
Herculano
19/11/2017 07:54
O DRAGÃO DA VIOLÊNCIA, por Mentor Neto, escritor, na revista IstoÉ

No último domingo, aconteceu em São Paulo o tradicional GP de Fórmula 1.

A cidade recebeu de braços abertos mecânicos, engenheiros, pilotos e milhares de turistas.
Todos em busca dos prazeres da grande metrópole latina e quem sabe, viver uma de nossas mais tradicionais experiências turísticas: o assalto.

Mais uma vez, não decepcionamos.

Assaltamos não apenas uma, mas duas equipes de Fórmula 1: a McLaren e a Sauber.

Sucesso!

Nenhum lugar do mundo tem ladrões tão eficientes.
A McLaren, inclusive, suspendeu testes que faria em Interlagos nessa semana.

Orgulho!

Para o ano que vem a bandidagem já prometeu um arrastão no grid de largada para roubar carteiras
e celulares dos pilotos.

Vai ser top.

Nos anos 80, o pior problema do Brasil era a inflação.
O Dragão da Inflação.

Hoje vivemos sob o domínio do Dragão da Violência.
Muito mais terrível, porque o da inflação não deixava
você adquirir o que queria, já o da violência leva embora o que você tem.

Crueldade sem tamanho ser obrigado a continuar pagando parcelado um bem que foi furtado.

Na época da inflação o overmarket, uma aplicação da noite para o dia, tentava proteger o dinheiro ao menos de parte da desvalorização.

Nos dias de hoje, pobres de nós, são poucas as alternativas para nos proteger da insegurança.

Não andar a pé depois de determinado horário, por exemplo.

Uma espécie de toque de recolher autoimposto.

Nada mais adequado num País que tem um número de assassinatos maior do que o de países em guerra.

Ano passado foram 59 mil assassinatos.
Passar pelo sinal vermelho durante a madrugada é um saudável hábito adquirido.

Para não ser vítima de quem burla a lei dos homens, burlamos as leis do trânsito.

Há os que tentam legalizar a posse e o porte de armas.
Convencidos de que o Estado é incapaz de prover a segurança necessária, querem eles mesmos se defender.
Visualize a cena:

Transito parado na hora do rush.

Começa o arrastão das 18h00.

Seis cidadãos desses com complexo de John Wayne resolvem usar seus revolvinhos.

Seis balas cada, são 36 tiros. Mais uns 30 dos bandidos.

Então temos 66 balas perdidas por entre os carros.
Aí sim estaremos seguros.

A quem é contrário, dizem:

- Mas funcionou na Suécia e na Dinamarca!

Sério? Tem arrastão na Dinamarca? Tem 50 mil mortes/ano na Suécia?

Mas de todas as formas de se defender da violência, o mais eficiente é o carro blindado.

Alias, o Brasil em 2014 tomou o lugar do México como país com a maior quantidade de carros blindados no mundo.

Brazil-il-il-il!

O diálogo na hora da compra de um carro blindado beira
o surreal:

- Mas essa blindagem é boa?

- ?"tima! A melhor! Até a antena do rádio é blindada. Nível WarZone que é o que usam em tanques de guerra.

- E protege contra tiros de qualquer arma?

- Claro! Menos fuzil, né? Então o senhor tem que ficar de olho. Se tiver fuzil, melhor entregar o celular.

Fuzil para roubar celulares, é onde chegamos.

Ou seja, nem mesmo carros blindados protegem você completamente do Dragão da Violência.

E já que o Estado não vai resolver nada mesmo, deixo aqui uma sugestão para as montadoras.

Um Caveirão sedan. Hein? Hein?

Vem com três policiais do Bope no banco de trás.

Aí sim
Herculano
19/11/2017 07:47
REFORMA POSSÍVEL, por Samuel Pessoa, economista, para o jornal Folha de S. Paulo

Na sexta-feira da semana retrasada (10), meu colega Nelson Barbosa lembrou em seu artigo neste espaço que haverá necessidade de reformar a Previdência mesmo que o governo consiga aprovar uma versão mais reduzida da atual reforma.

Nelson afirmou: "As principais linhas da reforma devem ser a recuperação da receita do INSS, o aumento do tempo mínimo de contribuição, a fixação da idade mínima para a aposentadoria e, mais importante: o alinhamento entre regras aplicáveis ao trabalhador do setor público e do setor privado".

Noticia-se na imprensa que o governo desenha um modelo reduzido (em comparação ao relatório que havia sido aprovado na comissão da Câmara em abril) de reforma previdenciária, excluindo os temas mais polêmicos da elevação da idade de elegibilidade ao benefício assistencial, BPC/Loas, e das alterações na aposentadoria rural.

Adicionalmente, espera-se que, nessa versão reduzida, mantenha-se um importante passo em direção ao alinhamento dos dois sistemas. Refiro-me ao dispositivo que estabelece que os servidores que ingressaram no serviço público federal antes de 2003, ou seja, aqueles que têm a expectativa de direito à integralidade do salário na aposentadoria e à paridade do benefício com o salário da ativa, tenham que trabalhar até 65 anos ?"homens?" e 62 anos ?"mulheres.

Finalmente, o governo faz grande esforço para reduzir a desoneração da folha de salários, iniciativa do primeiro mandato da presidente Dilma, que custou muito à Previdência e não teve impactos apreciáveis sobre o desempenho da economia. A aprovação do projeto de reoneração da folha de salários recuperará em R$ 11 bilhões por ano a receita da Previdência.

Parece-me, portanto, que há espaço para a construção de um projeto reduzido que seja consensual, inclusive para a atual oposição, que, como nos lembra Nelson, era governo até meados de 2016 e trabalhou por uma reforma muito parecida com a que tramita atualmente no Congresso.

Em sua coluna, ao recuperar o histórico das reformas das últimas duas décadas, um fato escapou a Nelson. A reforma tucana, que, após não conseguir aprovar a idade mínima, teve que se contentar com o fator previdenciário, contou com a oposição vigorosa do petismo. Diferentemente, as reformas no período do petismo contaram com o apoio tucano.

É possível que a oposição se recuse a aprovar essa versão reduzida da proposta, que, como nota Nelson, representa um compromisso que, em princípio, congrega praticamente todas as forças políticas do Congresso Nacional -inclusive a oposição, incluindo o petismo, os deputados da Rede etc.

Afirmar que essa é uma reforma golpista não parece ajudar. Temos um enorme deficit público. Quem vencer em 2018 receberá de Temer um deficit primário de 2% do PIB, e não o superavit de 3% que Malan legou a Palocci. Adiar a reforma para o próximo governo significa aprofundar esse buraco em mais 0,2% do PIB, com consequências negativas sobre expectativas, crescimento, juros e inflação.

Quem tem alguma perspectiva de poder precisa apoiar a versão reduzida da reforma. Aliás, essa é a melhor alternativa para o país qualquer que seja o projeto eleito em 2018. A ausência de reforma resultará em uma imensa crise fiscal.

Insistir no discurso golpista tendo pela frente um ajuste fiscal relevante e necessário, de cinco pontos percentuais do PIB, significa apenas manter a lógica da vendeta na política que tanto tem custado ao país
Herculano
19/11/2017 07:43
PT AVALIA QUE CANDIDATURA DE LULA SERÁ IMPUGNADA, por Josias de Souza

Embora não admita publicamente, a cúpula do PT avalia que dificilmente Lula conseguirá disputar a Presidência da República em 2018. A despeito disso, dirigentes do partido informaram a aliados que a candidatura do ex-presidente será mantida até as últimas consequências.

Dá-se de barato no petismo que o TRF da 4ª Região, sediado em Porto Alegre, confirmará a sentença do juiz Sergio Moro que condenou Lula a 9 anos e meio de cadeia. Nessa hipótese, a Lei da Ficha Limpa o impediria de disputar eleições. O PT se equipa para guerrear na Justiça.

O partido não cogita substituir o candidato senão em último caso, depois que a Justiça Eleitoral impugnar o registro da candidatura. A estratégia afungenta até aliados tradicionais. O PCdoB, por exemplo, já lançou a candidatura presidencial da deputada estadual gaúcha Manuela D'ávila. O PSB, depois de se reunir com a presidente petista Gleisi Hoffmann, também tomou distância.
Herculano
19/11/2017 07:41
COMO CONTAR EMPREGOS APóS A REFORMA, por Vinicius Torres Freire, no jornal Folha de S. Paulo

Qualquer governo trata de alardear a criação de tantos e quantos empregos, melhor ainda se formais. Mas a definição de "emprego formal" não é pacífica. Até o aumento do número de postos de trabalho em si não diz muito sobre a situação do trabalhador, que pode ter apenas aceito um bico a fim de atenuar uma situação desesperada.

Essas medições tendem a se tornar mais controversas depois da reforma trabalhista. Considere-se o caso do trabalhador intermitente, que poderá ser contratado por horas, talvez aleatórias, por mês. Teria registro em carteira, talvez até mais de um ?"com vários empregadores. Mas pode ficar semanas sem ser chamado para o serviço, sem receber.

Estaria empregado? Como contar esse emprego formal nos registros e estatísticas do trabalho? Técnicos do IBGE e do Ministério do Trabalho preparam mudanças no modo de medir as novidades.

Os primeiros dados devem aparecer já em dezembro.

O Caged é fonte importante de informações sobre o mercado dito formal. É um registro de demissões e admissões de trabalhadores com carteira assinada que as empresas declaram ao Ministério do Trabalho. Uma categoria como trabalhador intermitente pode atrapalhar a interpretação desses dados. O coordenador-geral do Caged, Mário Magalhães, conta que o ministério vai mudar os relatórios que as empresas enviam ao governo.

Nem todas as mudanças da reforma implicam a criação de novas categorias de trabalho ou modificações nas formas de contá-las e apresentá-las ao público, explica Magalhães. Mas o Caged vai pedir às empresas que registrem se o contrato é de teletrabalho, trabalho parcial ou trabalho intermitente.

Esta última categoria deve ser apresentada à parte no anúncio das estatísticas mensais, assim como devem ser especificados o número de trabalhadores nessa condição e o número de vínculos de emprego. Magalhães faz um apelo para que as empresas registrem de fato a modalidade dos novos contratos.

Magalhães diz que o objetivo é apresentar os dados novos já em dezembro, se der tudo certo com a modificação do sistema de informática em tempo exíguo.

As discussões sobre as novas medições do trabalho envolvem, além de vários setores do ministério (fiscais inclusive), IBGE, Ipea e OIT. No IBGE, o problema é ainda mais complicado, diz Cimar Azeredo, coordenador de Trabalho e Rendimento do instituto. Os dados do Caged são registros baseados em declarações de empresas; a Pnad é uma pesquisa, baseada em entrevistas com trabalhadores.

O problema do IBGE vai além de decidir quais seriam as novas categorias de trabalho a serem tabuladas. É preciso observar como os trabalhadores vão definir sua condição, como no exemplo do intermitente, contratado, mas sem trabalho e renda. "Esse trabalhador vai se declarar ocupado? Como vai definir seu contrato?", explica Azeredo.

Para pensar tais questões, o IBGE ainda precisa esperar as modificações finais da reforma, como a situação dos trabalhadores autônomos, por exemplo, e estudar como as mudanças jurídicas vão afetar na prática o mercado de trabalho. É um assunto sério alterar, sem mais, séries de dados como a do IBGE, o que pode até prejudicar a interpretação de mudanças econômicas e sociais
Herculano
19/11/2017 07:38
RIO DE JANEIRO QUE EU SEMPRE HEI DE AMAR, por Carlos Brickmann

Um sucesso de 1954, de Fernando Martins e Victor Simon, com os Anjos do Inferno, era explícito e verdadeiro: "Rio de Janeiro, cidade que nos seduz, de dia falta água, de noite falta luz". Meu pai contava que já nos anos 30, quando estudava Medicina no Rio, luz e água faltavam na cidade.

Foram décadas de queixas. Bastou um grande Governo, o de Carlos Lacerda, para que o problema da água fosse resolvido (o que vale até hoje, mais de 50 anos depois). E bastou que a Eletrobras pusesse ordem na casa para que o problema da eletricidade fosse resolvido: hoje, há água e há luz.

O problema agora é a insaciável máquina de corrupção, unida ao tráfico e ao contrabando. Os narcotraficantes herdaram o poder dos bicheiros, multiplicando-o ao torná-lo mais sangrento. Agora? Isso vem de longe ?" o governador Brizola apôs obstáculos ao trabalho policial na década de 1980, há quase 40 anos; parte significativa da classe média, média-alta e rica se rendeu aos secos e molhados; o eleitorado perdeu oportunidades excelentes de eleger políticos corretos, como Fernando Gabeira, para escolher, veja só, Sérgio Cabral (Miro Teixeira, embora politicamente oscilante, manteve-se livre de acusações e ninguém duvidou de suas boas intenções).

Mas a vida segue. O paraense Billy Blanco, com Tom Jobim, compôs a Sinfonia do Rio de Janeiro. O Rio é a cidade, cidade mágica, que o mineiro Ruy Castro escolheu como sua. Quando o Rio vai bem, o Brasil vai bem.

CULTURA ÚTIL

A cornucópia (em latim, o chifre da abundância) representava, no ritual pagão de Roma, a fertilidade, a fortuna, as riquezas da Terra. A palavra é hoje pouco usada ?" até porque, com essa história de corno, pode parecer indecente. E é indecente, mas não pelo corno: por representar as riquezas da Terra, simboliza também certas fortunas que apareceram do nada.

DINHEIRO VEM...

O Ministério Público Federal em Brasília pediu ao juiz Vallisney de Oliveira que bloqueie R$ 21,4 milhões das contas do ex-presidente Lula e de um de seus filhos, Luís Cláudio. No processo a que se refere esse bloqueio, Lula é acusado de tráfico de influência na compra, pelo Brasil, dos caças supersônicos Grippen, da empresa sueca Saab.

Detalhe curioso, que pode ter várias interpretações: na negociação com o Brasil, cada caça saiu por US$ 150 milhões. Alguns anos depois, a Suíça rejeitou a compra, por julgar excessivo o preço de US$ 140 milhões por caça. Diferenças nos modelos podem explicar a diferença de US$ 10 milhões por caça; ou não. Considerando-se o bloqueio de R$ 10 milhões já determinado pelo juiz Sérgio Moro, nos últimos meses Lula teve suspenso o acesso a mais de R$ 30 milhões de seus bens. Considerando-se os salários que recebeu nos seus anos de serviço, seus cachês de conferencista devem ter sido excelentes.

A defesa de Lula diz que ele e o filho não interferiram no negócio, feito integralmente de acordo com os pareceres técnicos da Aeronáutica.
... DINHEIRO VAI

Luiz Marinho, um dos dirigentes petistas mais próximos de Lula, que há pouco deixou a Prefeitura de São Bernardo e é cotado para disputar pelo PT o Governo paulista, também foi denunciado à Justiça: ele é acusado, em companhia de empreiteiros, de fraudes nas concorrências para a construção do Museu do Trabalhador. As acusações envolvem uso de empresa de fachada, cláusulas de restrição à competitividade e propostas "de cobertura", cuja utilidade é dar ao vencedor previamente definido a garantia de que seus preços serão os mais baixos. Duas das empresas que o Ministério Público aponta como participantes das fraudes venceram 19 licitações para a execução das obras públicas mais lucrativas durante a administração do prefeito Luiz Marinho.

CHICO XAVIER...

O desenhista Maurício de Souza, criador da Turma da Mônica, já premiado pela ONU por uma notável historia que demonstra a imbecilidade do racismo, acaba de colocar seus personagens num livro infantil sobre um dos maiores médiuns brasileiros, Francisco Cândido Xavier. No livro, Mauricio e a Turma da Mônica mostram grandes exemplos de Chico Xavier; o novo personagem André, primo de Cascão, apresenta aos leitores 25 ensinamentos do líder espírita. Há histórias inéditas de pessoas que conviveram diretamente com Chico Xavier e dele receberam lições de vida.

...EM QUADRINHOS

Cebolinha se surpreende ao saber que Chico Xavier doou todo o dinheiro que ganhou com milhões de livros vendidos a instituições de caridade ?" "ele podelia ter ficado lico!" André lembra que Chico Xavier escrevia por amor, e uma vez disse: "Ame sempre porque isso faz bem a você, não por esperar algo em troca". São 64 páginas por R$ 11,00
Herculano
19/11/2017 07:34
EM VEZ DE COIBIR INTERNET NA ELEIÇÃO, É PRECISO EMPREGÁ-LA PARA FISCALIZAÇÃO, por Diego Rais, professor de Direito }Eleitoral, na Universidade Mackenzie,São Paulo, para o jornal Folha de S. Paulo.

O que Lula e Bolsonaro têm em comum? Há alguns dias dois vídeos viralizaram tendo sido assistidos e compartilhados por milhões de pessoas. Em um, o pré-candidato Bolsonaro aparece sendo recebido em um aeroporto por diversos fãs e, no outro, o pré-candidato Lula aparece em um vídeo praticando atividades físicas fazendo alusão à sua preparação para 2018.

Esses vídeos estão na pauta do Tribunal Superior Eleitoral e são alvos de questionamentos se configurariam propaganda eleitoral antecipada e quais suas implicações no âmbito da internet.

Para decidir esses casos, o TSE tende a responder, basicamente, três perguntas: os vídeos constituem propaganda eleitoral irregular, já que foram divulgados antes do período permitido (que somente ocorre após 15 de agosto de 2018)?

Há diferença entre divulgação inicial e compartilhamento? Quais as responsabilidades de cada pré-candidato?

Podemos ainda não ter essas respostas, mas uma certeza parece evidente: a eleição de 2018 será a mais conectada de todos os tempos e, provavelmente, perderá apenas para as eleições de 2020, e esta, para a de 2022 e assim por diante...

Hoje podemos conversar com qualquer pessoa em qualquer lugar do mundo, podemos conhecê-la, vê-la e ouvi-la sem sair de casa. Mas se quiser sair de casa, é possível solicitar, pelo seu smartphone, um táxi ou até um carro particular dirigido por alguém que você nunca viu, mas o levará até o local solicitado, sendo guiado por um GPS inteligente, capaz de calcular o trânsito, buscar rotas alternativas e informar um acidente na via, mesmo que a colisão tenha ocorrido há apenas alguns minutos.

Se a internet é capaz de fazer tudo isso e muito mais, por que não estaria no centro do debate político-eleitoral?

A internet mudou a referência da velocidade e as relações entre as pessoas. O mundo virtual cada vez mais se funde ao real e este é o cenário e o produto de nosso tempo.

Mas como lidar com os problemas das notícias falsas, da produção de comentários automatizados, como identificar o discurso completo de um candidato sem cair na "armadilha" de ouvir apenas o que você quer ouvir e perder a chance de conhecer o seu candidato de forma plena?

Por mais esquisito que seja, todos esses problemas não parecem ser novos. Sempre existiram os boatos sem fundamento algum que rodeiam as campanhas eleitorais. Assim como sempre existiram os candidatos insinceros que selecionam seu discurso de acordo com o perfil da pessoa que o esteja ouvindo.

Parece que o que mudou não foram os problemas, mas sim sua escala e velocidade.

Mas a boa notícia é que essa mudança é multilateral e essa mesma tecnologia permite a denúncia, a partir da palma da sua mão, à Justiça Eleitoral.

Permite também registrar um episódio de transgressão das regras eleitorais produzindo provas de sua existência e, por que não, utilizar um programa automatizado para difundir bilhões de vezes as boas práticas eleitorais educando a população e fomentando a integridade das eleições.

Afinal, se temos uma vida digital precisamos também ter uma eleição digital.

Criar um cenário artificial off-line que seria aplicado apenas nas eleições é provocar uma distância, ainda maior, entre as eleições e as nossas vidas.

Silenciar as manifestações na internet é como tentar resolver o trânsito proibindo a circulação de veículos... Não se deve esquecer que o único motivo que gera a necessidade de resolver o trânsito é, justamente, o desejo de nos locomovermos com veículos.

Se vivemos momentos mais desafiadores com a tecnologia, vivemos também momentos mais fáceis. A verdade é que não podemos viver uma revolução como se nada houvesse mudado.

Devemos viver inteiramente e, por isso, somos vítimas ou beneficiários das facilidades e das dificuldades que ela impõe. E, se é assim em todos os campos da vida, por que não seria assim na política e na internet?

Vivemos o nosso tempo e não podemos desligar a internet para termos uma eleição mais segura: primeiro, porque não seria possível; segundo, porque não resolveria; e terceiro, porque silenciar a população ampliaria ainda mais o indesejável abismo entre representantes e representados
Herculano
19/11/2017 07:30
CPI FAZ DEVASSA EM CONTRATOS DO BNDES E ESTADOS, por Cláudio Humberto, na coluna que publicou neste domingo nos jornais brasileiros

A CPI do BNDES retoma os trabalhos na quarta-feira (22) disposta a promover uma devassa na sede do BNDES, no Rio de Janeiro, para desvendar o financiamento suspeito de obras nos estados do Brasil. Auditoria do Tribunal de Contas da União já apontou R$50,5 bilhões do BNDES usados para bancar 140 obras em outros países, quase todas da Odebrecht e muitas delas com a participação do ex-presidente Lula.

CONTRATOS COM ESTADOS
O próprio presidente da CPI, senador Davi Alcolumbre (DEM-AP) defende uma devassa no BNDES, inclusive nos contratos com estados.

NA CONTA DO CONTRIBUINTE
Os governos do PT aportaram R$ 440,8 bilhões do Tesouro Nacional para bancar financiamentos do BNDES no Brasil e mundo afora.

TRÁFICO DE INFLUÊNCIA
O Ministério Público Federal investiga o papel do ex-presidente Lula em esquema de tráfico de influência pela Odebrecht, em obras no exterior.

INFORMAÇõES E DOCUMENTOS
A CPI pretende recolher no BNDES novas informações técnicas e documentos que esclareçam suas operações sob suspeita.

PROJETO ATRAPALHA A RELAÇÃO SHOPPING-LOJISTAS
Tramita na Câmara projeto que impede a livre negociação entre shopping centers e seus lojistas, fazendo do Brasil o único País a "engessar" essa relação. O projeto fixa em 12 o número máximo de aluguéis por ano, impedindo, por exemplo, que o lojista negocie o valor anual do contrato em 15 ou mais vezes. O relator do projeto é o deputado Áureo Lídio (SD-RJ), que ficou conhecido pela proposta, na reforma política, de censurar denúncias contra políticos na internet.

FIM DA FACILIDADE
Lojas de produtos sazonais têm o hábito de pagar aluguel maior nos meses de vendas melhores, mas a Câmara quer impedir até isso.

FIM DO FôLEGO
O texto original do projeto do deputado Marcelo Matos (PDT-RJ) proíbe cobrança do aluguel vinculada ao faturamento da loja.

FIM DO BOM SENSO
O projeto atrapalha as relações comerciais. Pretende proibir cobrança progressiva de aluguel, que atende o fluxo de caixa de muitos lojistas.

PERIGO PARA DILMA
Dilma pode ser indiciada por vazar informações privilegiadas ao casal de marqueteiros João Santana e Mônica Moura, além de possível acusação de obstrução à Justiça. Soma das penas: 11 anos de cadeia.

CAMPANHA PELA REFORMA
Custará R$25 milhões a campanha publicitária do governo federal pela necessidade de se reformar a Previdência Social no Brasil. O principal alvo serão os privilégios dos aposentados no setor público.

DEBANDADA TUCANA
Segundo levantamento do Paraná Pesquisas, 70,5% da população acha que o PSDB deve deixar o governo Temer. O índice dispara para 76,1% entre as mulheres e 75,4% entre alunos do ensino médio.

O QUE É O ESTUDO...
Diante da possibilidade de a compra dos aviões-caça pelo governo brasileiro ter sido superfaturada em mais de R$ 1,2 bilhão (valores atuais), a Força Aérea Brasileira ironizou. Para a assessoria da FAB, "pessoas alheias" à compra não compreendem sua "complexidade".

ROMBO VAI AUMENTAR
Em 2018, o déficit da Previdência deve subir de R$159 bilhões anuais para R$180 bilhões. A tendência é aumentar exponencialmente, adverte Lelo Coimbra (PMDB-ES), líder da Maioria na Câmara.

CLASSE PRóPRIA
A procuradora-geral Raquel Dodge quer que a Justiça recue da convocação do ex-chefe de gabinete de Rodrigo Janot. Para Dodge, só o MP pode investigar procuradores criminal ou administrativamente.

IDEIA LEGISLATIVA
O site do Senado permite que qualquer cidadão crie "Ideia Legislativa". A ideia que receber 20 mil apoios em 4 meses, precisa ser analisada na Comissão de Direitos Humanos da Câmara e pode virar Lei.

OTIMISMO NATALINO
O Sistema Nacional de Emprego (Sine) tem 2.586 vagas em diversas áreas para as festas de fim de ano, mas a expectativa do mercado é de contratar 74 mil funcionários temporários, 10% a mais que em 2016.

PENSANDO BEM...
...para quem nunca sabia de nada, demorou pouco para Lula acumular mais de R$ 35 milhões.
Herculano
19/11/2017 07:24
SINAL DOS TEMPOS, O LEONARDO DE US$ 450 MILHõES, por Elio Gaspari, nos jornais O Globo e Folha de S. Paulo

O quadro "Salvator Mundi", de Leonardo da Vinci, foi arrematado por US$ 450 milhões, batendo o recorde de US$ 180 milhões de um Picasso. Foi também um sinal dos tempos.

Entenda-se que se uma pessoa achou que o quadro valia US$ 450 milhões, para ela o preço foi justo. Nenhum museu entrou na disputa e nenhum especialista endossou o que parece ter sido uma maluquice. Em 2005, com sua atribuição discutida, o quadro valeu US$ 10 mil. Em 2012, já atribuído a Leonardo, ele foi vendido por US$ 127 milhões a um bilionário russo. De lá para cá, começou a ser conhecido como "o último Leonardo" que chegava ao mercado, ou ainda a "Mona Lisa masculina".

O "Salvator Mundi" não é uma Mona Lisa porque muito do que Leonardo pintou em 1500 foi-se embora em sucessivas restaurações, numa das quais puseram-lhe um bigode, raspado depois. Nos US$ 450 milhões pagos pelo quadro, houve muito marketing e, acima de tudo, o reflexo do excesso de dinheiro nas mãos de quem tem muito.

No início dos anos 30, o banqueiro americano Andrew Mellon comprou 21 quadros numa liquidação de obras-primas vendidas pelo museu russo Hermitage e pagou US$ 1,1 milhão (equivalente a US$ 1,8 bilhão em dinheiro de hoje). Levou a "Alba Madonna" e o "São Jorge" de Rafael, mais uma "Anunciação" de Jan Van Eyck, quatro Rembrandts e um Botticelli. Em 1967, sua filha Ailsa comprou por US$ 5 milhões (US$ 40 milhões de hoje) o magnífico retrato de Ginevra di Benci, o único Leonardo que está fora da Europa. (Os Mellons doaram tudo ao povo americano.)

O conde Francisco Matarazzo ensinava que "mercadoria não tem preço de mercado, terá preço se tiver quem a compre". Se isso valia para banha e biscoitos, estimar o valor de uma obra de arte é coisa muito mais difícil. Ainda assim, houve algo de extravagância nos US$ 450 milhões do Leonardo.

Para quem quiser, há uma reflexão do grande crítico Robert Hughes sobre a arte e dinheiro, feita em 1984. Chama-se "Art and Money" e está na rede. Nela, Hughes previu o colapso do mercado de arte contemporânea. Não deu outra.

SALVAR TEMER

Derrubado o segundo pedido de abertura de processo contra Michel Temer, o bunker do palácio do Planalto começou a costurar a rede de proteção para o doutor nos dias seguintes ao 1º de janeiro de 2019, quando ele volta à planície, sem mandato e sem foro especial. Trata-se de evitar que ele caia na jurisdição de Sergio Moro.

A melhor ideia, que poderá vingar, é a limitação do foro aos ex-presidentes da República. A pior, indicativa do grau de delírio a que se chega na periferia do palácio, aconselharia Temer a renunciar ao mandato, elegendo-se deputado federal pelo PMDB de São Paulo. (A Presidência iria para Rodrigo Maia.)

Esse seria o momento Zimbábue de Pindorama.

JACOB BARATA

Quando a Lava Jato começou, ninguém achava possível que Sergio Moro prendesse Marcelo Odebrecht. Ele foi para a cadeia em junho de 2015, mas achava-se impossível que viesse a colaborar com a Viúva. Em dezembro de 2016, Odebrecht começou a falar.

Jacob Barata Filho, o rei dos ônibus do Rio, está em cana e, pelo andar da carruagem, receberá penas duradouras. Hierarcas a quem ele mimava (e que o mordiam) já conheceram o dormitório de Benfica.

MADAME NATASHA

A boa senhora gostaria de saber por que tanta gente resolveu dizer que existe uma coisa chamada "fake news". Isso quer dizer "notícias falsas", ou mentiras, mas em inglês tudo fica mais chique.

Quando Donald Trump propagava que Barack Obama nascera no Quênia, e não no Havaí, ele estava apenas mentindo e quem mente é mentiroso. Desde que ele entrou na Casa Branca, o doutor só fez confirmar o apronto.

O ODIADO FILINTO

Está nas livrarias "O Homem mais Perigoso do País", do professor americano R. S. Rose. Numa época de certezas rancorosas, essa biografia de Filinto Muller (1900-1973) é um convite à reflexão. Desde os anos 30, quando foi o chefe de polícia do Estado Novo, até sua morte, como presidente da Arena, o partido da ditadura, ele foi um dos homens mais odiados do país.

Fugiu da Coluna Prestes e foi um dos responsáveis pela extradição para a Alemanha nazista da judia comunista Olga Benário, grávida. Tudo falso. Quando Filinto exilou-se na Argentina, a chamada Coluna Prestes não existia. Olga Benário foi extraditada por ordem de Getulio Vargas e Filinto não tinha voto na reunião do ministério em que isso foi decidido.

Filinto ficou com a conta das torturas do Estado Novo porque era o chefe de polícia e sabia delas, mas os chefes militares e Vargas saíram ilesos. Uma CPI encarregada de investigar o assunto teve muitos depoimentos e nenhum resultado. O levantamento que Rose fez desse trabalho é primoroso.

"O Homem mais Perigoso do País" foi um militar germanófilo e autoritário. Rose mostra-o como um "conservador, nacionalista, imperturbável no seu apoio a duas ditaduras", ambas anticomunistas.

O professor pesquisou perto de 70 mil documentos com a volúpia de um "criminologista qualitativo". Por isso ele informa: os 18 do Forte foram 23 e um deles, o tenente Eduardo Gomes, que viria a ser conhecido como o "Brigadeiro", foi ferido por tiros que lhe atingiram os testículos. (Curiosidade: vem daí o nome do doce que se apropriou do apelido.)

O PSDB ARRISCA FICAR COM O MICO DE TEMER

Quando o senador Renan Calheiros empossou Michel Temer na Presidência da República, disse-lhe baixinho: "Estamos juntos". Durou pouco, pois Renan foi o primeiro cacique do PMDB a pular do barco da impopularidade de Temer. Aproximou-se do PT, protegendo sua base de poder em Alagoas, Estado governado por seu filho.

Quem foi para a rua ou bateu panela contra o PT em 2016 está hoje diante de uma amarga realidade. O PMDB que deu os votos para a deposição de Dilma Rousseff está namorando o PT e vice-versa. Lula e Dilma falam em "perdoar" quem defendeu o impeachment. É uma manobra oportunista, pois a dupla é que deveria pedir perdão por ter jogado o país numa de suas piores crises econômicas.

O PT e PMDB costuram seus acordos nas bases municipais e estaduais. Isso começou em Alagoas e hoje já está no Ceará de Eunício Oliveira e no Pará de Jader Barbalho. No Paraná de Roberto Requião, a aliança é mais velha. Com isso, o grande mico do jogo vai para o tucanato, ainda incapaz de desistir de um governo que o PMDB está abandonando pela beira.

Renan Calheiros mostrou-se um sábio, mas ele simboliza também o produto da esperteza da oligarquia política nacional. Sua base eleitoral irradiou-se a partir do município de Murici, com cerca de 40 mil habitantes. Em 2010, 30% de sua população com mais de 15 anos era analfabeta. Boa parte dela está no Bolsa Família.
Joaquim Nabuco
18/11/2017 18:48
Herculano!

O PT está anunciando coligar-se com o PP do Amin em 2018 em SC. O PT sabe que ano que vem não vai eleger mais do que dois deputados estaduais e num pau da goiaba elege somente um federal (Pedro Uckzai). Por isso o desespero dos petistas catarinenses, pois sabem que vão dançar, principalmente a família Lima que vai ficar de fora. Se o PP cair nessa armadilha do PT, vai ser o abraço dos afogados, pois irão pro brejo junto com o PT.
Herculano
18/11/2017 13:13
"NÃO DESISTA DO BRASIL", ROGA "LÍDER" DA LAVA JATO, por Josias de Souza

"Não desista do Brasil", escreveu o procurador Deltan Dallagnol, coordenador da força-tarefa de Curitiba, em reação à decisão da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro, que tirou da cadeia três caciques da facção parlamentar do PMDB fluminense. Diante do mutismo do asfalto, o procurador acrescentou: "Nós não podemos nos anestesiar, mas sim dar vazão à nossa indignação, de modo pacífico e democrático, por meio da participação popular."

Debruçado na janela do Facebook, Dellagnol afirmou: "Os deputados da Assembleia do Rio deveriam ser os primeiros a endossar a atuação da Justiça e apurar a responsabilidade de seus líderes, mas o comportamento foi o oposto." Mergulhado nos processos da Lava Jato desde 2014, o procurador conhece a podridão por dentro. Num instante em que os parlamentares, com a lama pelo nariz, apelam à cumplicidade e ao compadrio dos colegas para obter blindagem, Dallagnol soa como se enxergasse as urnas como um atalho ao Judiciário.

"Se Você não se envolver, eles ocuparão o seu espaço. Se hoje os políticos mostraram do que são capazes, em 2018 a sociedade brasileira precisa mostrar do que é capaz, nas urnas, agindo de modo organizado para eleger apenas políticos com ficha limpa, que expressem compromisso com a democracia e que apoiem propostas anticorrupção, com palavras, votos e atitudes."

Dallagnol prosseguiu: "Há entidades respeitadas da sociedade civil trabalhando nesse sentido. Não esqueça do que aconteceu hoje e se una a elas em 2018, o ano que representa a grande chance brasileira contra a corrupção."

O procurador trata o descalabro do Rio como prenúncio de desatinos maiores. "O que aconteceu no Rio de Janeiro hoje é uma amostra do que pode acontecer em Brasília e com a Lava Jato se em 2018 não virarmos o jogo contra a corrupção. Quando a punição bater na porta dos grandes líderes corruptos, eles perderão a vergonha de salvar a própria pele. A única solução é por meio da democracia e de uma política mais íntegra, e isso depende de você."

O procurador Carlos Fernando dos Santos Lima, outro conhecido membro da força-tarefa da Lava Jato em Curitiba, também despejou no Facebook sua indignação com o que se passou no legislativo fluminense. Ele direcionou suas baterias, no entanto, para o ministro Marco Aurélio Mello, do Supremo Tribunal Federal. Surpreendeu com a notícia de que o magistrado ficara perplexo com o comportamento dos parlamentares do Rio.

"Marco Aurélio está perplexo!?!?!?", escreveu Carlos Fernando. "Perplexo estamos nós em ouvir isso, pois foi justamente o seu voto no caso de Aécio, incoerente com sua própria decisão de afastamento de Renan Calheiros, que permitiu esse descalabro que estamos vivendo. Marco Aurélio é responsável pela decisão que levou a este estado de coisas."
Herculano
18/11/2017 11:38
BOLSONARO CONTESTA ISTOÉ: "TODO MUNDO PODE EVOLUIR", MAS "QUALQUER COISA A MEU RESPEITO É FINGIMENTO"

Conteúdo de O Antagonista. O Antagonista também questionou Jair Bolsonaro sobre a acusação da IstoÉ de que o deputado finge ser liberal para encantar o mercado.

Ele respondeu o seguinte:

"Não vou entrar em detalhe de acusação de fingimento. Esses caras são hipócritas. Na vida, todo mundo pode mudar, evoluir, por isso você estuda. Eu tenho aulas com o meu filho Eduardo, mais importante que qualquer economista, que me auxilia nessa área.

Agora, eu não sou contra privatizações, eu sou contra a forma, o modelo como vem sendo feita ultimamente. Eu aprendi, por exemplo, a questão da Embraer. A maneira como ela foi privatizada funcionou. Pulverizou as ações.

Agora você pode ver: fala-se tanto da Vale do Rio Doce? Até me acusam de querer matar FHC. Realmente eu falei naquele momento que, se fosse um país sério, em razão do que ele fez com a Vale do Rio Doce, ele deveria ser fuzilado. Isso é uma força de expressão. E ela [a Vale] continua nas mãos de parte do governo. Afinal de contas, na última gravação do Joesley [Batista] conversando com o Aécio [Neves], o político cobrou ali 40 milhões de reais para indicar o presidente [da Vale]. Isso não é privatização. Isso é a 'entregação'.

Eles estão desesperados. Qualquer coisa a meu respeito é fingimento, é farsa, é máscara."

Bolsonaro, então, mandou para O Antagonista duas capas da IstoÉ sobre Lula e Aécio Neves, reproduzidas abaixo, e ironizou:

"Essas duas capas não têm fingimento nenhum. Todo mundo é legal, bacana? E [os editores da revista] não fizeram mea-culpa depois, né? Mas tudo bem.

capa de IstoÉ: "Lula não assusta mais"
capa de IstoÉ: "Estou preparado para iniciar um novo tempo no Brasil" (Aécio)
Herculano
18/11/2017 09:18
PARTIDOS QUE INVESTEM EM HUCK APOSTAM NO GOLPE DO OUTSIDER, por Demétrio Magnóli, geógrafo e sociólogo, para o jornal Folha de S. Paulo

Aécio Neves enxerga no ensaio de candidatura de Luciano Huck a "falência da política". É mais um álibi de uma figura incapaz de admitir suas responsabilidades. O espectro de Huck emerge da falência dos políticos ?"especialmente do PSDB.

A leitura superficial das mais recentes pesquisas de opinião indica a probabilidade de um segundo turno entre Lula (algo em torno de 35%) e Jair Bolsonaro (perto dos 15%). Seria o cenário dos sonhos de Lula: nada mais perfeito que concorrer com um ultranacionalista primitivo, autoritário, cercado por um cortejo sombrio de policiais dos costumes.

A hipótese não deve ser descartada, mas colide com a principal informação das sondagens: cerca de 50% do eleitorado rejeita as duas candidaturas salvacionistas, que são as únicas amplamente conhecidas. É como se metade dos cidadãos estivesse pedindo uma alternativa moderada, limpa e reformista.

Em tempos normais, o PSDB seria o estuário dessas expectativas. Contudo, sob o comando de Aécio, os tucanos afundaram no lodo.

Primeiro, em nome do impeachment, queimaram os princípios mais básicos no altar sacrificial de Eduardo Cunha. Depois, hábito antigo, engalfinharam-se em crônicas disputas internas entre caciques que enxergam na Presidência um espólio de guerra. Finalmente, uma ala incorrigível, mas talvez majoritária, perfilou-se na defesa de Aécio, o líder que pede favores aos bandoleiros da JBS. "Falência da política" ou falência de Aécio?

Não é só Aécio, como atestam os movimentos do centro político na direção de Huck. Celebridade do mundo do entretenimento, Huck não oferece nem o esboço de um discurso político coerente, mas exibe sua possível candidatura como uma dádiva misericordiosa ao Brasil.

Os partidos que investem nessa postulação, notadamente o PPS, apostam no clássico golpe do outsider.

Geralmente, os "salvadores da pátria" situam-se na esquerda ou na direita. Por aqui, inventamos o salvacionismo centrista. O nome disso não é "falência da política", mas falência do centro político, que renuncia a fazer política, entregando-se a uma oportunista estratégia de marketing.

"Não temos um De Gaulle ?"alguém capaz de dar um sentimento de que estamos juntos", constatou FHC, referindo-se ao colapso da Quarta República francesa. Vivemos um colapso similar, o da Nova República proclamada em 1985, mas não precisamos de um De Gaulle ?"e muito menos de um Huck. Um périplo no eixo Paris-Buenos Aires sugere que a política tem os meios para solucionar os impasses de uma democracia.

Na França, um rumo de reformas emergiu da articulação conduzida por Emmanuel Macron, um líder inteligente e ousado, mas não um sucedâneo carismático de De Gaulle. Macron operou uma cirurgia no sistema partidário, envolvendo a sociedade civil na criação de um novo partido de centro. Derrotou os nacionalistas de Le Pen, resgatando a França (e a União Europeia) da beira de um precipício. Nas campanhas das presidenciais e das legislativas, escolheu dizer a verdade, oferecendo um receituário de amargas mudanças na legislação trabalhista e no sistema previdenciário. Nada garante seu sucesso, mas o exemplo da Argentina indica que o fracasso não é inevitável.

Mauricio Macri, eleito em 2015 por escassa margem, acaba de impor uma dura derrota à máquina populista do kirchnerismo, vencendo as legislativas. Isso, na hora de uma retomada inicial do crescimento, após um ajuste que envolveu retração econômica, repique inflacionário, redução da renda e do emprego. O sucesso no teste eleitoral prova que Macri pode não apenas se tornar o primeiro presidente não-peronista a concluir seu mandato desde a redemocratização mas também conquistar um segundo mandato.

"Falência da política"? Não: falência do nosso centro político, que prefere a prestidigitação à política. Fora do caldeirão do Huck, há tempo para corrigir.
Herculano
18/11/2017 09:15
PARA ONDE CAMINHA A SUCESSÃO, por Carlos José Marques, editorialista da revista Isto É

O quadro sucessório brasileiro, a um ano da eleição, apresenta sinais de esquizofrenia latente por obra e força das circunstâncias.

Do ambiente de degradação econômica, ainda predominante, ao vendaval de mazelas políticas, passando pela falta de melhores opções disponíveis, tudo é motivo para o flerte com alternativas radicais. Seja à esquerda, através do populista encalacrado Lula, ou à direita, com as aberrações ideológicas de Bolsonaro.

Naturalmente, a pré-campanha ilegal, acionada por ambos, e o recall de seus nomes os ajudaram a despontar nas pesquisas. Mas é difícil, e temerário aos desígnios do País, imaginar uma polarização entre eles ao final da contenda. Nenhum dos dois superaria uma avaliação mais criteriosa e racional de eleitores. Afinal, quem em sã consciência e zeloso da índole e caráter como qualidades essenciais a um candidato irá colaborar para colocar no Planalto alguém acusado de chefiar quadrilhas, desviar milhões em recursos e mentir sem limites como faz Lula? E o que dizer de Bolsonaro?

A democracia vive dias de reviravolta, é verdade, e os eleitores anseiam por renovação. Bolsonaro, no entanto, representa o que há de mais retrógado e preconceituoso em termos de pensamento. É contra as liberdades individuais, defensor da ditadura e de métodos violentos de repressão àqueles que se opõem ao sistema. Prega o fechamento de fronteiras - inclusive a imigrantes - advoga a misoginia, o racismo, a pena de morte e o intervencionismo. Afronta vários direitos fundamentais do cidadão e abomina homossexuais.

São célebres seus rompantes de ataques e grosserias que descarrega sobre os opositores. No que deixa transparecer, em atitudes e declarações, lhe falta equilíbrio emocional como postulante ao comando da Nação. Para dizer o mínimo! A revista inglesa "The Economist", no breve perfil que fez desse aspirante presidencial de coturno, disse que Bolsonaro tem discurso "mais indecoroso que Trump".

Com tais credenciais, dá para se ter uma ideia da encrenca que ele representa. O presidente Temer, em cerimônia na quarta 15, em plena data de comemoração da Proclamação da República, chegou a afirmar que o brasileiro tem tendência ao autoritarismo. Lembrou de Getúlio Vargas - que impôs por aqui uma ditadura - ao golpe militar de 64, que inicialmente recebeu a simpatia de setores da sociedade. O presidente colocou um dedo na ferida ao citar eventos tristes da história nacional, mas seria por demais injusto acreditar numa propensão inata do povo ao radicalismo.

Vale registrar que entre os emergentes - da Rússia à China e Índia, que compõem o bloco dos BRICs - o Brasil foi de longe o que construiu e agora exibe, mesmo aos trancos e barrancos, a democracia mais plena e madura.

Dentro do tabuleiro sucessório, o fenômeno que coloca Bolsonaro na dianteira e que, ao mesmo tempo, faz surgir uma simpatia avassaladora por eventuais candidatos como o apresentador Luciano Huck e o jurista Joaquim Barbosa, além de animar as pretensões de outsiders como o ministro Henrique Meirelles, é facilmente explicável. O público eleitor definitivamente quer algo novo. Está decidido nesse sentido e deve correr atrás de tal objetivo. Parece sedento por propostas e protagonistas de fora do eixo tradicional. Não apenas as pesquisas mostram. Os últimos movimentos nas urnas, nas eleições municipais de 2016, foram ricos de demonstrações nesse sentido. O novo prevaleceu em São Paulo, com a vitória avassaladora de João Doria.

Prevaleceu no Rio, com a disputa final entre dois outsiders e a conquista da prefeitura pelo evangélico Marcelo Crivella. Arrebatou Porto Alegre com o triunfo do estreante Nelson Marchezan Júnior. E tem sido uma tendência mundo afora. O Francês Emmanuel Macron virou expoente dessa nova era. O argentino Mauricio Macri, aqui do lado, idem. Trump, nos EUA. Thereza May, na Inglaterra. A política global está fugindo do convencional. É fato. Os partidos, que teimam em idealizar o confronto nas urnas como um torneio de cartas marcadas, estão experimentando fragorosas derrotas, talvez por não enxergarem o óbvio.

Na disputa local, além do PT, o PSDB, que divide com ele a hegemonia na corrida presidencial, vem cometendo erros em profusão. Agremiações costumam ensimesmar-se, afundadas nos próprios dilemas, e buscam soluções que agradam mais ao jogo de forças interno que ao interesse final do eleitor, numa composição poucas vezes eficaz.

Talvez esteja aí a explicação para que os tucanos, que seguem às turras, tenham levado sovas seguidas nas majoritárias, desde que FHC ascendeu ao poder com o Plano Real. De lá para cá, nos últimos quatro escrutínios presidenciais, não apresentaram nada de novo e perderam inapelavelmente. Como numa constelação de imperadores que ditam as próprias regras, meia dúzia de caciques tucanos faz valer o que querem, a despeito dos demais.

O ungido do colegiado sai autoproclamado como que por um direito divino: "É a minha vez", estabelece, numa mal velada hierarquia acertada na patota. Bobagem que custa caro. Foi assim com José Serra, que impôs sua candidatura presidencial duas vezes. Quase voltou a acontecer com Matarazzo, que saiu emburrado porque não foi o escolhido para disputar a prefeitura ?" num raro lampejo de lucidez dos tucanos ?" e, para não contrariar a escrita, deve se repetir agora, facilitando o caminho daquelas siglas menores que saibam entender o que deseja sua majestade, o eleitor.
Herculano
18/11/2017 09:06
AS INSTITUIÇõES BRASILEIRAS VIVEM NO MUNDO DA LUA, por Ronaldo Caiado, médico, pecuarista e senador do DEM-GO, para o jornal Folha de S. Paulo

É cada vez mais profundo o abismo entre o país real e o institucional. Enquanto a violência, nos meios urbano e rural, cresce de maneira assustadora, sem que o Estado se mova para contê-la, a agenda parlamentar inclui entre suas prioridades temas como abertura de cassinos, sucessão presidencial e reforma ministerial.

Mundos desconectados, sem diálogo, o que explica o contínuo desgaste das instituições perante a sociedade.

Não há exagero em afirmar que as instituições brasileiras vivem (e não é de hoje) no mundo da lua, alheias às demandas mais elementares da população.

A violência rural fica em segundo plano. O agronegócio é, há décadas, o sustentáculo da economia brasileira. Responde por mais de 30% dos empregos formais e é o responsável pelos sucessivos superavit na balança comercial. Neste momento de crise, carrega o país nas costas.

O Brasil é, hoje, com todos os contratempos ao produtor, o segundo exportador mundial de alimentos, só atrás dos EUA ?"e com um diferencial: temos potencial de crescimento.

Se hoje já alimentamos mais de 1 bilhão e meio de pessoas no planeta, temos condições de ampliar bem mais esse mercado. Isso, em circunstâncias normais, tornaria o setor prioritário, independentemente de qual corrente ideológica estivesse no poder.

Não é, porém, o que ocorre. No discurso dito progressista, o produtor rural é descrito como retrógrado, perverso, herdeiro das mais aviltantes tradições coloniais, cultor de práticas escravagistas e predador ambiental, entre outras aberrações.

É evidente que tal perfil contrasta enormemente com o fato de ser ele reconhecido mundialmente como um dos mais sofisticados, em ciência e tecnologia de ponta. Não há como conciliar os dois perfis.

O discurso ideológico quer criar condições políticas e morais para justificar as invasões criminosas que têm aumentado.

Stálin, quando quis estatizar a produção rural soviética, não hesitou em matar de fome, entre 1932 e 1933, 7 milhões de camponeses ucranianos, confiscando alimentos e fechando as fronteiras, em meio a um inverno de -30ºC.

Aqui, o processo, obviamente, é outro, mas o objetivo é o mesmo. Promovem-se, via milicianos do MST, invasões e depredações, de propriedades produtivas; reivindicam-se para os índios terras que estão há gerações nas mãos dos atuais proprietários, devidamente documentadas; impõem-se multas bem acima da capacidade de pagamento do produtor, além de aumentos escorchantes de impostos. Entre outras barbaridades.

Não há dúvida de que se postula a estatização do agronegócio, como etapa do projeto bolivariano, engendrado por Lula e seu exército vermelho, comandado por Stédile, que põe em risco a economia do país e a subsistência da população.

Há dias, assistimos a alguns episódios dessa natureza no Rio Grande do Sul e na Bahia. E o que fez o Estado? Aprofundou o processo de emissão de multas, aumentando a insegurança jurídica dos produtores. Nenhum miliciano invasor foi preso. Não se registrou nenhuma manifestação das autoridades do governo federal, empenhado em reformar o ministério para se manter no poder.

A bancada petista no Congresso, como é de praxe, inverteu o julgamento moral, considerando vítimas os agressores e vilões os agredidos. Na mídia urbana, o tema preponderante é a sucessão presidencial.

Enquanto o país real está à deriva, o institucional, voltado para o próprio umbigo, considera razoável cortar R$ 10 do salário mínimo para que o Orçamento do próximo ano tenha seu deficit reduzido
Herculano
18/11/2017 09:03
POLÍTICOS FUNDARAM O MFP, MOVIMENTO FORA POVO, por Josias de Souza

Os políticos brasileiros fundaram o MFP, Movimento Fora Povo. Todas as pesquisas de opinião informam que a corrupção está na lista dos problemas que mais inquietam o brasileiro. A Lava Jato animava a plateia com a perspectiva de igualar todos os transgressores perante a lei. De repente, o vendaval que ameaçava os corruptos foi substituído pela mesma velha brisa de sempre ?"a brisa da impunidade.

Insatisfeitos com o foro privilegiado, os políticos agora perseguem a blindagem absoluta. O mais trágico é que eles fazem isso com a ajuda do Supremo Tribunal Federal, que, sob a presidência gelatinosa da ministra Cármen Lúcia, não só lavou as mãos no caso de Aécio Neves, como autorizou o Senado a sumir com o sabonete.

Ao permitir que Aécio recuperasse o mandato e se livrasse do recolhimento domiciliar noturno não pelo peso dos seus argumentos mas pela força do compadrio e do corporativismo, o Supremo acionou um abracadabra que fez aflorar o lado Ali-Babá das Assembleias Legislativas.

A conversão de imunidade em impunidade já livrou a cara de deputados estaduais em Mato Grosso e no Rio Grande do Norte. Vem agora o escárnio do Rio de Janeiro. A melhor arma contra o Movimento Fora Povo é o voto. O instinto de autoproteção dos corruptos transforma as urnas de 2018 numa espécie de raticida
Herculano
18/11/2017 09:00
da série: pimenta nos olhos dos outros é refresco. Sem o Imposto Sindical que não restam contas à sociedade, tomado na marra dos trabalhadores de verdade, líderes sindicais mandam demitir o seus. NO Brasil quebrado, o Sindicato e a legislação não permite demitir os servidores e seus multiprivilégios para se adequar à nova realidade criada pela má gestão do PT e da esquerda do atraso

CUT LANÇA PROGRAMA DE DEMISSÃO, E FUNCIONÁRIOS AMEAÇAM GREVE

Conteúdo da Coluna Mercado, no jornal Folha de S. Paulo. Texto de Cátia Seabra

Funcionários da CUT (Central Única dos Trabalhadores) ameaçaram entrar em greve nesta semana, depois que a entidade iniciou na terça-feira (14) um Programa de Demissão Incentivada (PDI) para enxugar em quase 60% sua folha de pagamento.

A entidade, com 178 empregados, se diz asfixiada pelo governo Michel Temer, que, com a reforma trabalhista, acabou com a obrigatoriedade do imposto sindical. O tributo, que equivale a um dia de trabalho, é um dos principais recursos das centrais.

Embora a cúpula da entidade afirme ter consultada seus trabalhadores sobre os critérios de exoneração, os funcionários chegaram a anunciar a deflagração de uma greve.

O presidente da central, Vagner Freitas, diz desconhecer o movimento. Queixando-se de perseguição política, Freitas informa ainda que o ex-tesoureiro do PT Delúbio Soares aderiu voluntariamente ao programa, abrindo mão de um salário de R$ 15 mil.

"Delúbio é um trabalhador da CUT. Agrega muito. É com muita dor que informo que ele tomou a iniciativa de aderir", disse Freitas, lembrando que a contratação do ex-tesoureiro (condenado por corrupção ativa no julgamento do mensalão) foi autorizada por Joaquim Barbosa, então ministro do Supremo.

A direção da CUT argumenta que o plano de demissão de funcionários foi uma resposta ao fim do imposto sindical obrigatório. De acordo com Freitas, a redução permitirá a manutenção das atividades da central.

Ele não informou qual o impacto da medida adotada pelo governo Temer nos cofres da entidade nem o orçamento global da entidade. Em 2016, ela recebeu R$ 59,8 milhões da contribuição.

O presidente da CUT afirma ainda que o enxugamento da folha foi submetido à assembleia de trabalhadores após prévia apresentação de uma proposta da direção.

"Diferentemente das empresas, os trabalhadores foram consultados. Não é um momento de felicidade", diz.

O PDI será encerrado em 4 de dezembro e, caso não tenha adesão dos trabalhadores, será iniciado um processo de demissão até que se chegue ao percentual desejado.

Freitas alega que as medidas garantirão ações de enfrentamento com o governo Temer. Um carro de som fornecido pela entidade acompanhou o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva na caravana que protagonizou pelo interior de Minas Gerais.

MAIS CORTES

Além do comando nacional da CUT, sindicatos, direções estaduais e federações estão realizando redução da folha de pagamentos.

A Confederação Nacional dos Metalúrgicos, por exemplo, deverá entregar a sede própria para ocupar um andar no prédio da CUT, que deve ser esvaziado após o PDI.

METALÚRGICOS

Reunidos nesta sexta-feira (17), dirigentes de 44 sindicatos de metalúrgicos deixaram frustrados reunião com representantes patronais.

Com dissídio em novembro, os trabalhadores tiveram que concordar com reposição de 1,8% da inflação reajustado apenas daqui a nove meses, em novembro.

Os trabalhadores receberão três abonos de 5% a partir de janeiro. Para as finanças dos sindicatos, 2.5%.
Herculano
18/11/2017 08:52
AFASTADO POR ASSÉDIO PODE GANHAR R$76,6 MIL, por Cláudio Humberto, na coluna que publicou neste sábado nos jornais brasileiros

Afastado sob acusação de assédio sexual, o embaixador João Carlos Souza-Gomes, chefe da representação do Brasil na FAO, continua recebendo o salário de US$12.745,98 (sujeito ao abate-teto para não superar a remuneração de ministro do Supremo Tribunal Federal), além de "verbas indenizatórias" de US$13.617,50 mensais, sem abate-teto. No fim, o assediador pode embolsar, em reais, até R$76.619,52.

CARA REGALIA
Com o abate teto, o salário do embaixador cai para US$9.964,49 brutos. Convertidos em reais, vai a R$32.750,29.

TUDO POR CONTA
As "verbas indenizatórias" de US$13,6 mil de um chefe de posto como o embaixador João Carlos Souza-Gomes somam R$44.756,64.

CONTA DE SOMAR
Embaixador recebe representação, encarregatura, auxílio-moradia, auxílio?"familiar e até fator de correção cambial e inflacionária

É UMA PRAXE
Souza-Gomes foi afastado por 60 dias, "sem prejuízo da remuneração" por decisão do corregedor do Itamaraty, Márcio Araújo Lage.

FUNDO PARTIDÁRIO JÁ PAGOU R$636 MILHõES EM 2017
Com pagamentos a partidos políticos de quase R$60 milhões apenas no mês de outubro, o Fundo Partidário atingiu os R$636,3 milhões nessa farra até 31 de outubro. A expectativa é que o total distribuído aos partidos supere os R$ 750 milhões até o final de 2017 mesmo com a decisão do governo federal de contingenciar as verbas do fundo para este ano. O fundo partidário serve para bancar as atividades dos partidos e dos políticos, como viagens (incluindo jatinhos), estadia etc.

PRIMEIRO
Mesmo em desgraça, o PT foi o partido que mais recebeu verbas do fundo em 2017: R$ 68,3 milhões. Até o fim do ano serão R$80 milhões.

Só EM MULTAS
Até agosto, a Justiça Eleitoral distribuiu entre os partidos políticos R$ 55,8 milhões arrecadados apenas com multas e penalidades eleitorais.

MULTAS RECICLADAS
As multas eleitorais, por campanha antecipada por exemplo, são pagas à Justiça Eleitoral e depois redistribuídas entre os partidos políticos.

VEXAME NO RIO
Tão constrangedor quanto revogar a prisão de deputados acusados de corrupção foi a ausência de protesto na rua, à exceção de alguns gatos pingados e curiosos na porta a Assembleia Legislativa do Rio. Eram 10 policiais por jornalista e cinco jornalistas por "manifestante".

SINUCA DE BICO
Deputado estadual, Rafael Picciani (PMDB-RJ) ao menos se absteve na votação da Assembleia do Rio que revogou a prisão ao seu pai. Além dos 39 que votaram a favor, outros dez não deram as caras.

O CÉU É O LIMITE
A água invadiu gabinetes na Câmara. Assessores que ligavam para andares de cima reclamado de vazamentos ouviam a mesma resposta: "Está vazando do andar de cima". O Anexo IV tem 10 andares.

BOROCOXô
Combinou com a tarde chuvosa de sexta, em Brasília, o início borocoxô do 14º Congresso do PCdoB. Não tinha faixas, militantes e nem povo. Só se percebia o dinheiro público do fundo partidário saindo pelo ralo.

BOLA DE FERRO NO PÉ
Levantamento do Paraná Pesquisa mostra que o ex-presidente FHC pode ser prejudicial a candidatos em 2018. Para 40%, o apoio de FHC diminuiria chances de voto. Para 49,4% o apoio não faz diferença.

QUADRILHA ASSUSTADA
Está no Tribunal Regional Federal da 4ª Região a ação sobre propinas pagas pelo Grupo Keppel em contratos da Sete Brasil para fornecer sondas à Petrobras, em contas secretas no exterior e para o PT.

PROVOCAÇÃO
O setor que dedetiza a Câmara dos Deputados contra pragas não atua sem ser provocado, daí a proliferação de escorpiões. Se funcionários registrarem queixa, eles agem; se não, que se virem.

GOLPE NO CANTOR
O delegado Eli José de Oliveira, de Goiânia, que investiga golpe milionário contra 30 correntistas do Santander, informou que o prejuízo já alcançou R$4 milhões. Entre as vítimas está o cantor Leonardo.

PERGUNTA AO MPT
Se ministra Luislinda acha que vive como escrava com "só" R$ 33 mil/mês, o serviço público brasileiro não deveria entrar para a "lista negra" do trabalho escravo?
Herculano
18/11/2017 08:48
da série: em causa própria e pelo lixo que ajudou a criar no Brasil e expresso na aliança no Rio. Espertamente, usa um caso mal apurado aqui, longe da política, para dar o benefício da liberdade aos bandidos qualificados pela política e donos do poder de plantão. Esse é o PT e a esquerda do atraso.

ELIMINAR A REPRESENTAÇÃO NÃO É A SOLUÇÃO PARA A DEMOCRACIA, por André Singer, ex-assessor do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, PT, para o jornal Folha de S. Paulo

A prisão e a liberação, em 24 horas, do presidente da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro, Jorge Picciani, e de outros dois deputados estaduais do PMDB atualizam o dilema que a opinião pública brasileira tem vivido nos últimos anos.

Diante do episódio, a reação imediata é, com justa razão, condenar o Legislativo estadual por ter revogado a decisão da Justiça. De acordo com o jornalista Janio de Freitas, "o Estado e a cidade do Rio não estavam sob o domínio do PMDB, como dizem. O domínio era de Picciani e Cabral, [e] passou a ser só do primeiro".

Está em causa, portanto, nada menos que o controle da política em um dos Estados mais importantes. As detenções, parte da Operação Cadeia Velha, elegeram um alvo de porte na tentativa de reviver a Lava Jato, ameaçada pelo projeto "estancar a sangria" do senador Romero Jucá (PMDB-RR). O governo Temer, com o metodismo que lhe é próprio, vem cumprindo à risca o combinado.

O impulso, compreensível, da sociedade é, então, o de se mobilizar em favor da Lava Jato e abominar os institutos de representação. Só que tal conduta acaba por levar a outro problema. Já está patente que o sucesso da Lava Jato resultou em excessos incríveis, como os que levaram ao suicídio, no mês passado, o ex-reitor da Universidade Federal de Santa Catarina, Luiz Carlos Cancellier.

De acordo com extenso relato da revista "Veja" (15/11), insuspeita de esquerdismo, o então reitor permaneceu, em setembro, 30 horas numa cela da penitenciária de Florianópolis, após ter sido algemado, ter os pés acorrentados e, nu, ser submetido a revista íntima.

As razões da prisão, ligadas a um obscuro processo que corria na UFSC antes da eleição de Cancellier, eram tão incompreensíveis que, no dia seguinte, uma juíza a revogou e escreveu: "No presente caso, a delegada da Polícia Federal não apresentou fatos específicos dos quais possa defluir a existência de ameaça à investigação e futuras inquirições".

A delegada em questão havia sido coordenadora da força-tarefa da Lava Jato em Curitiba. Tudo indica que, inebriados com o poder obtido graças à aprovação geral, alguns delegados, procuradores e juízes passaram ao exercício do puro arbítrio. Dezoito dias depois do episódio, Cancellier se matou.

Como escapar das garras da corrupção sem cair na tirania dos funcionários? A operação iniciada no Paraná teve, entre outros, o mérito de expor graves problemas dos Legislativos no país. Mas é uma ilusão achar que, fora deles, isto é, eliminando-se a representação, avançaremos.

Na "Odisseia", Homero descreve a dificílima passagem pelo estreito onde se encontram, um de cada lado, os dois monstros marinhos. Para reencontrar o caminho da democracia precisaremos tanto de Scylla quanto de Caríbdis
Herculano
17/11/2017 20:19
A CAPA DA REVISTA ISTO QUE VAI ÀS BANCAS A PARTIR DESTE SÁBADO E JÁ ESTÁ DISPONÍVEL AOS ASSINANTES NO MUNDO DIGITAL, É BOLSONARO TIRANDO UMA MÁSCARA DE ALGUÉM SORRIDENTE DE UM SEMBLANTE DE RAIVA. O TÍTULO? PERIGO. ELE PODE SER PRESIDENTE

A AMEAÇA TOTALITÁRIA
Texto de Octávio Costa e Tábata Viapiana
O candidato que reverencia torturadores, chama os direitos humanos de "esterco da vagabundagem", diz que só quem "fraqueja" gera filha mulher e que preferiria um filho morto a ser homossexual ostenta quase 20% nas pesquisas. Agora, finge ser liberal para encantar o mercado. Ele pode ser presidente. E o perigo é exatamente esse

O deputado Jair Bolsonaro empreende um enorme esforço para suavizar seu perfil. Tenta vestir pele de cordeiro, mas não adianta. É um predador. Tornou-se conhecido exatamente pela truculência, pelos raivosos ataques às minorias, pelas ofensas às mulheres, aos homossexuais e pela defesa radical da tortura e dos regimes autoritários. Salta aos olhos sua verve flagrantemente totalitária - o parlamentar reage a críticas a coices de cavalo. Demonstra não admiti-las. A virulência com que contra-ataca qualquer reparo dispensado a ele é típica de quem não suporta ser fiscalizado. Imagine no poder? Como diria o filósofo espanhol Ortega & Gasset, parece faltar a Bolsonaro aquele fundo insubornável do ser. Ou seja, o mais íntimo pensamento na hora em que o indivíduo encara o seu reflexo no espelho e tenta reconhecer a própria face. Não raro, acusa os outros do que ele mesmo faz.

Até hoje, Bolsonaro conseguiu se eleger graças aos votos de pessoas aparentemente tão preconceituosas quanto ele. As que não o são, transmitem a impressão de estarem inebriadas pelo fenômeno eleitoral ?" os olhos vidrados e a postura quase catatônica de seu séquito, a entoar "mito, mito, mito" a cada aparição de Bolsonaro pelas capitais do País, falam por si. Nos últimos meses, o parlamentar aproveitou a crise de segurança e a escalada da corrupção para ampliar sua faixa de simpatizantes. Mais moderado, apresenta-se como o candidato ideal à Presidência para quem perdeu a confiança na política tradicional. Com isso, já aparece em segundo lugar nas pesquisas de opinião, atrás somente do ex-presidente Lula. Porém, que ninguém se engane. Bolsonaro significa um retrocesso para o Brasil. O pré-candidato leva Messias no nome, mas definitivamente não conduz o País para um bom caminho. Depois de um impeachment e de a Lava Jato arruinar a velha política e seus métodos condenáveis, as próximas eleições podem representar um momento de inflexão para o Brasil. Pelo menos é o que se espera. Sua candidatura, no entanto, é a antítese disso.

Comete erro grosseiro quem não dá importância à ascensão do ex-capitão do Exército. O País pode estar diante do ovo da serpente. Embora sua candidatura seja legítima, e algumas de suas ideias passíveis de estarem em debate numa campanha, uma eventual eleição de Bolsonaro representa uma grave ameaça aos preceitos republicanos e democráticos. Do ponto de vista político, será como manter o País sob um Fla-Flu constante. E, pior, debaixo de um tacape manejado por um troglodita desprovido de freios. Ele sabe que grassa no eleitorado um sentimento de desolação e, para chegar lá, joga exatamente para essa platéia. Por isso, tornou-se um fenômeno nas redes sociais, com mais de cinco milhões de seguidores, além de admiradores fieis. Trata-se, no entanto, de um mito com pés de barros.

As declarações de Bolsonaro costumam ser contraditórias e inconsistentes, um espelho de seu repertório raso. Mostram seu total despreparo para exercer altas funções no Executivo. Seu conhecimento sobre a economia brasileira é de uma superficialidade chocante para um homem com tantos anos de vida pública. Ele próprio admite que não entende nada do riscado. E diz que, se chegar à Presidência, bastará nomear um ministro da Fazenda que seja do ramo para ficar tudo certo. Quem conhece seu estilo centralizador, sabe que não é bem assim. Os próprios aliados reconhecem que delegar não é seu forte.

Em encontro com representantes do mercado financeiro, Bolsonaro deu demonstrações de sua ignorância a respeito de temas econômicos. Ao ser questionado sobre o que pretende fazer para reduzir a dívida pública, disse que chamaria todos os credores para conversar. Perpetrou um absurdo. Como se sabe, qualquer pessoa ou empresa pode comprar títulos da dívida pública. E o número de detentores de tais títulos é imenso. O deputado confundiu dívida pública com dívida externa, essa sim com número de credores palpável. Dias antes, em entrevista a Mariana Godoy, da RedeTV!, disse que os militares guindaram a economia brasileira à 8ª maior do mundo. "Dos cinco presidentes militares, nenhum era formado em economia, e ainda assim, elevaram o Brasil da 49ª para a 8ª economia mundial". Convenientemente ou não, esqueceu-se que, na ditadura, a dívida externa explodiu e houve hiperinflação.

Diante das derrapadas em profusão na seara econômica, Bolsonaro recorreu à consultoria dos irmãos Abraham Weintraub e Arthur Weintraub. O primeiro foi diretor da corretora do Banco Votorantim e o segundo é advogado e doutor em direito previdenciário. Com o auxílio, Bolsonaro divulgou uma espécie de nova versão da lulista Carta aos Brasileiros. Nela, defendeu a independência do Banco Central, que sairia da Fazenda. "Com sua independência, tendo mandatos atrelados a metas/métricas claras e bem definidas pelo Legislativo, profissionais terão autonomia para garantir à sociedade que nunca mais presidentes populistas ou demagogos colocarão a estabilidade do país em risco para perseguir um resultado político de curto prazo", justificou. Sua ideia, no entanto, não encontra respaldo entre economistas de mais estofo. Nem os de esquerda, nem os liberais.

As patetices de Bolsonaro chamaram a atenção de importantes veículos de comunicação internacionais. Na semana passada, edições dos conceituados "Financial Times" e "The Economist", da Inglaterra, trouxeram pesadas críticas ao deputado. O FT comparou o deputado aos presidentes dos EUA, Donald Trump, e das Filipinas, Rodrigo Duterte: "Um demagogo de direita com pontos de vista radicais". Para "The Economist", Bolsonaro não é um "Messias", como seu sobrenome do meio, mas sim um "menino muito travesso". A revista descreve o deputado como ele é: um nacionalista religioso, anti-homossexual, favorável às armas e que faz apologia a ditadores que torturaram e mataram brasileiros entre 1964 e 1985. "Bolsonaro quer ser o Trump brasileiro", constata "The Economist".

Ainda não se sabe exatamente qual foi a reação de Jair Bolsonaro às críticas que recebeu do exterior. Mas uma coisa é certa: deve ter perdido totalmente a compostura. Foi assim que revidou o artigo da colunista Miriam Leitão, que questionou seu total despreparo para lidar com a economia. "Miriam Leitão, a marxista de ontem, continua a mesma. Seu lugar é no chiqueiro da história", atacou o ex-capitão, com a cólera que lhe é peculiar. Em nenhum momento, porém, Bolsonaro entrou no mérito da questão. Não respondeu ao que interessa: sua flagrante limitação acerca de temas importantes para o País.

Que o pavio do deputado é curto não constitui novidade. Mas é visível seu esforço para se tornar mais palatável para o mercado financeiro e a elite empresarial. Em viagem aos Estados Unidos, Bolsonaro fez juras de amor ao credo liberal e afirmou que vê com bons olhos a redução do peso do Estado na economia. Possivelmente, ludibriou quem não conhece sua atividade parlamentar. Os fatos, porém, desmentem sua profissão de fé privatista. Entre o segundo mandato de Fernando Henrique Cardoso e os oito anos de Lula no poder, Bolsonaro votou sistematicamente em sintonia com as propostas do PT, incluindo projetos intervencionistas e outros que concederam incentivos fiscais ao setor privado, de acordo com as prioridades estatais. Ele só passou a se opor à cartilha petista quando Dilma Rousseff se tornou presidente. Na realidade, nem um anti-Lula legítimo Bolsonaro é. Em entrevista concedida em 2003, ele admitiu ter votado no petista no segundo turno de 2002 ?" em discurso, o chamou até de "companheiro" e referiu-se a ele como "nosso querido Lula".

As próprias propostas de autoria de Bolsonaro mostram que ele passa longe de uma postura antiestatizante. Os poucos projetos do deputado indicam pensamento que passa longe dos cânones liberais como a isenção tributária para taxistas e mudanças nos contratos habitacionais. Ou seja, fica claro o abismo entre seus votos e o que prega.

No Parlamento, Bolsonaro integra as bancadas da bala e evangélica, mas no tapete verde da Câmara não compõe exatamente um time: aparenta ser aquele jogador desagregador, sem espírito de grupo. Não por acaso, neste longo período como parlamentar, ele não conseguiu construir relações sólidas com nenhum partido. Já passou por PDC, PP, PPR, PPB, PTB, PFL e o atual PSC. Há chance, porém, de disputar a Presidência por outra legenda, o PEN, que tende a mudar seu nome para Patriotas. Mais um ponto negativo de sua candidatura: sem uma base sólida no Congresso, será muito difícil governar o País.

Ultraconservador, Bolsonaro ataca até mesmo a defesa dos direitos humanos, uma garantia constitucional que remonta à Revolução Francesa. "Precisamos dar um cavalo de pau na política de direitos humanos", afirmou no início do ano. Recentemente, o filho e vereador Carlos Bolsonaro (PSC-RJ) publicou nas redes sociais uma foto do pai segurando uma camisa com os seguintes dizeres: "Direitos Humanos, esterco da vagabundagem". Em 2011, Bolsonaro admitiu, sem corar a face: "Sou preconceituoso com muito orgulho". E é mesmo. As declarações do deputado incluem ataques a minorias, especialmente homossexuais. Ele coleciona frases polêmicas contra a comunidade LGBT. Eis algumas delas: "Se eu vir dois homens se beijando na rua, vou bater"; "O filho começa a ficar assim meio gayzinho, leva um coro, e já muda o comportamento"; "Seria incapaz de amar um filho homossexual. Prefiro que um filho meu morra num acidente do que apareça com um bigodudo por aí".

O incorrigível deputado também é autor de declarações eivadas de racismo e de claro desrespeito à mulher. Atacou a deputada Maria do Rosário (PT-RS), em 2014, ao afirmar que ela "não merecia ser estuprada porque ela é muito ruim, porque é muito feia". E completou: "Não faz meu gênero. Jamais a estupraria". Foi condenado pelo Superior Tribunal de Justiça. Em palestra no Rio, Bolsonaro fez um comentário machista sobre a própria filha: "Tenho 5 filhos. Foram 4 homens, a quinta eu dei uma fraquejada e veio uma mulher".

Para completar, Bolsonaro não esconde sua admiração pela ditadura que assolou o País por mais de duas décadas. Afirma que "o erro da ditadura foi torturar e não matar". Em maio de 1999, escancarou sua veia autoritária: num programa de TV, ao defender o fechamento do Congresso, ele afirmou: "deviam ter fuzilado corruptos, a começar pelo presidente Fernando Henrique".

Quem ninguém perca de vista: as consequências da eleição de um político radical e agressivo podem ser funestas à nação. O Brasil começa a se erguer de um longo período de recessão. E tenta reencontrar o caminho do crescimento e, por que não, da pacificação. A saída, portanto, não é o extremismo. Ao contrário. O País precisa de união. Bolsonaro sem máscaras, aquele que (quase) todos conhecem, passa longe disso.

ZERO EM ECONOMIA
As inconsistências no discurso econômico de Bolsonaro

Economia na ditadura militar: Em entrevista à jornalista Mariana Godoy, da RedeTV!, Bolsonaro disse que os militares elevaram a economia brasileira à oitava maior do mundo. "Dos cinco presidentes militares, nenhum era formado em economia, e ainda assim, eles elevaram o Brasil da 49ª para a 8ª economia mundial". Foi imediatamente corrigido por Mariana, que lhe lembrou que, durante a ditadura, a dívida externa explodiu e também houve hiperinflação.

Dívida externa x dívida pública: Questionado sobre o que pensa da dívida pública em encontro com representantes do mercado financeiro, ele disse que chamaria todos os credores para conversar. Isso é impossível, já que qualquer pessoa ou empresa pode comprar títulos da dívida pública. O número de credores é imenso. Bolsonaro confundiu a dívida pública com a dívida externa, essa, sim, passível de negociação com os credores.

Independência do Banco Central: Assessorado por economistas pouco conhecidos, Bolsonaro defende a independência do Banco Central. "Com sua independência, tendo mandatos atrelados a metas/métricas bem definidas pelo Legislativo, profissionais terão autonomia para garantir à sociedade que nunca mais presidentes populistas ou demagogos colocarão a estabilidade do país em risco", explicou. A ideia, porém, é rechaçada por economistas de peso. Maria da Conceição Tavares, por exemplo, afirma que "Banco Central independente é uma patetada".

Discurso liberal contrário x atuação como parlamentar: Nos últimos meses, Bolsonaro tem adotado discurso liberal e antiestatizante. Em palestra nos EUA, defendeu a participação mínima do Estado na economia. A postura atual bate de frente com sua atuação na Câmara. No segundo mandato de FHC e nos oito anos de Lula no poder, Bolsonaro votou sistematicamente com o PT, o que inclui projetos de intervenção estatal.

O VERDADEIRO BOLSONARO

HOMOFOBIA

Mulheres promovem "beijaço" contra posturas homofóbicas de Bolsonaro

Após o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso defender a união civil entre pessoas do mesmo sexo, em 2002, Bolsonaro protestou na Câmara: "Se eu vir dois homens se beijando na rua, vou bater"

Em 2010, durante um debate na TV Câmara sobre as mudanças na lei que proibia os pais de darem palmadas nos filhos, o deputado disse: "O filho começa a ficar assim meio gayzinho, leva um coro, e já muda de comportamento"

MISOGINIA E DESRESPEITO À MULHER

Bolsonaro atacou a deputada Maria do Rosário (PT), em dezembro de 2014, ao afirmar que "ela não merece ser estuprada porque ela é muito ruim, porque ela é muito feia. Não faz meu gênero. Jamais a estupraria"

Em uma palestra no Rio de Janeiro, Bolsonaro fez um comentário machista sobre a própria filha: "Eu tenho 5 filhos. Foram 4 homens, a quinta eu dei uma fraquejada e veio uma mulher"

Em plenário, Bolsonaro ofende colegas, como a deputada Maria do Rosário

RACISMO

No início do ano, Bolsonaro teceu um comentário racista durante uma palestra: "Fui num quilombo. O afrodescendente mais leve lá pesava sete arrobas. Nem pra procriador ele serve mais". A declaração rendeu uma condenação de R$ 50 mil por danos morais.

DEFESA DA DITADURA E DO RADICALISMO

"Não houve ditadura no Brasil. As pessoas tinham liberdade para ir e vir, ir para a Disneylândia, voltar sem problemas. A ditadura era para os bandidos, os vagabundos, então a lei era difícil para eles", disse Bolsonaro em entrevista ao Financial Times.

PRECONCEITO

Em 2011, o deputado não escondeu as ideias radicais que defende até hoje: "Sou preconceituoso, com muito orgulho".

TOTALITARISMO

No programa Pânico, da rádio Jovem Pan, em julho de 2016, Bolsonaro foi além da defesa às torturas da ditadura militar:
"O erro da ditadura foi torturar e não matar"

Em maio de 1999, num programa de TV, ao defender o fechamento do Congresso, ele disse: "No período da ditadura, deviam ter fuzilado uns 30 mil corruptos, a começar pelo presidente Fernando Henrique"

REPÚDIO AOS DIREITOS HUMANOS

O vereador Carlos Bolsonaro (PSC-RJ), filho do deputado federal Jair Bolsonaro (PSC-RJ), publicou nas redes sociais uma foto do pai segurando uma camisa com a frase: "Direitos humanos esterco da vagabundagem"
Herculano
17/11/2017 20:09
FHC DIZ TER MEDO DE BOLSONARO PORQUE DEPUTADO "TEM POSSIBILIDADE DE PODER"

Conteúdo do jornal O Estado de S. Paulo. Texto de Cláudia Trevisan, correspondente em Washington, Estados Unidos. O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB) disse nessa quinta-feira, 16, que não pode descartar a possibilidade de o Brasil repetir a experiência italiana depois da Operação Mãos Limpas e eleger um presidente de direita similar a Silvio Berlusconi na esteira da Lava Jato. Embora não tenha citado nomes, ele deixou claro que considera o deputado e presidenciável Jair Bolsonaro (PSC-RJ) a principal ameaça nas eleições do próximo ano.

"Eu não quero entrar em detalhes, mas há pessoas da direita que são pessoas perigosas", disse FHC em evento na Universidade Brown, nos EUA. "Um dos candidatos propôs me matar quando eu estava na Presidência. Na época, eu não prestei atenção. Mas hoje eu tenho medo, porque agora ele tem poder, ainda não, ele tem a possibilidade do poder."

Em entrevista à TV Bandeirantes em 1999, Bolsonaro afirmou que seria impossível realizar mudanças no Brasil por meio do voto. "Você só vai mudar, infelizmente, quando nós partirmos para uma guerra civil aqui dentro. E fazendo um trabalho que o regime militar não fez. Matando 30 mil, e começando por FHC", declarou.

Segundo o ex-presidente, há um "debate sério" no Brasil sobre o assunto, inclusive entre os juízes responsáveis pela Lava Jato. "Eles estão comparando, eles sabem o que aconteceu na Itália, todo mundo sabe das consequências em termos de Berlusconi. Se você olha a situação atual do Brasil, eu não posso dizer que isso não é possível."

Para o tucano, o sucesso na disputa de 2018 dependerá da capacidade do candidato de expressar uma mensagem que coincida com as aspirações da população. Mas ele ressaltou que a política não é pautada só pela razão, mas também pela emoção. "É arriscado. Essa pessoa está comprometida com a Constituição, com o respeito das leis, com os direitos humanos?"

FHC disse que relutou em apoiar o impeachment de Dilma Rousseff, mas mudou de ideia quando houve a paralisia do governo. De acordo com ele, a única saída possível para esse tipo de situação em um regime presidencialista é o impeachment. O ex-presidente afirmou ainda que o afastamento é uma decisão política, ainda que amparado em base legal - no caso, o desrespeito à Lei de Responsabilidade Fiscal.

"Isso é um crime tremendo? Não, muitas pessoas fizeram (o mesmo). E por que não (foram afastadas)? Porque essas pessoas não estavam em uma frágil posição de poder e a consequência não foi a interrupção do processo de tomada de decisões. É uma questão política."
Herculano
17/11/2017 19:54
UMA OPINIÃO FORTE

'Os caras estão causando mesmo: os três bandidos presos por decisão de 5 a 0 do tribunal deixaram Benfica, onde mora há um ano o chefão Cabral, num carro oficial, com gasolina e motorista pagos pelos cidadãos roubados por eles. Podridão, asco, raiva", por José Nêumanne Pinto, jornalista, no Twitter
Herculano
17/11/2017 18:22
OS POLÍTICOS, NA AVALIAÇÃO DO PROMOTOR PUBLICO FEDERAL, DELTAN DELLANHOL, DA LAVA JATO

Hoje políticos mostraram do que são capazes. Não me refiro às provas de corrupção por líderes políticos do Rio de Janeiro. Eu me refiro à conduta dos demais. Deputados da Alerj deveriam ser os primeiros a endossar a Justiça e apurar a responsabilidade de seus líderes, mas o comportamento foi oposto.
Herculano
17/11/2017 18:16
da série: o retrato acabado dos políticos pelos próprios políticos

LAZARONI: " NÃO TEM SANTO NESTE PAÍS, NÃO TEM"

Conteúdo de O Antagonista. André Lazaroni, do PMDB, berra da tribuna da Alerj:

"Não consegui ver nenhum crime aqui (em relação aos seus colegas) que não seja inafiançável ou motivo para flagrante."

O deputado estadual, da turma de Jorge Picciani, continuou:

"Não tem santo neste país, não tem."

SATISFEITOS, MINISTROS?

Os ministros que votaram a favor da autorização do Senado para a adoção de medidas cautelares contra Aécio Neves estão satisfeitos com a "repercussão geral" no Rio de Janeiro?
Herculano
17/11/2017 18:12
CASAS LEGISLATIVAS VIRARAM TRIBUNAIS DE EXCEÇÃO, por Josias de Souza

Ao livrar da cadeia três parlamanteres soterrados por evidências de corrupção, a Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro consolida um fenômeno ruinoso. Está entendido que o Congresso Nacional e os legislativos estaduais tornaram-se tribunais de exceção.

Elaborada nas pegadas da queda da ditadura militar, a Constituição de 88 cercou os parlamentares de imunidades que prestegiam o exercício do mandato. Os autores do texto constitucional não poderiam supor que o antídoto da imunidade viraria no futuro o veneno da impunidade. O Supremo Tribunal Federal poderia colocar ordem na gafieira. Mas preferiu atravessar o samba ao omitir-se no caso de Aécio Neves. Uma maioria de cúmplices e de compadres devolveu ao senador tucano o mandato e a liberdade noturna que a 1ª Turma da Suprema Corte havia cerceado.

Estabeleceu-se a partir de Brasília uma atmosfera de vale-tudo que anula o movimento benfazejo inaugurado pela Lava Jato. Tinha-se a impressão de que o Brasil ingressara numa nova fase ?"uma etapa em que todos estariam submetidos às leis. Devagarinho, o país foi retomando a rotina de desfaçatez. Brasileiros com mandato continuam se comportando como se não devessem nada a ninguém, muito menos explicações.

Congelaram-se as investigações contra Michel Temer. Enfiaram-se no freezer também as denúncias contra os ministros palacianos Moreira Franco e Eliseu Padilha. Enquanto Curitiba e Rio de Janeiro produzem condenações em escala industrial, a Suprema Corte não sentenciou um mísero réu da Lava Jato. Em vez disso, preferiu servir refresco a Aécio Neves, instalando nas Assembleias Legislativas um clima de liberou-geral que resulta em absurdos como o que se verifica no Rio.

Transformados em tribunais de exceção, os legislativos conspurcam a democracia. Neles, políticos desonestos livram-se de imputações criminais não pelo peso dos seus argumentos, mas pela força do corporativismo. Simultaneamente, a sociedade é condenada ao convívio perpétuo com a desonestidade impune. Fica-se com a impressão de que a turma do estancamento da sangria está muito perto de prevalecer.
Herculano
17/11/2017 12:21
A NOVA CENSURA, por Alexandre Garcia, no "Só Notícias"

Estou em Lisboa, onde acaba de se realizar o Web Summit. Recolhi dele uma constatação: "Esta será a melhor ou a pior coisa que alguma vez acontecerá à humanidade." No programa de semana passada na GNews, um de meus convidados, promotor de Justiça, lembrou que não há censura legal, pois é proibida pela Constituição, mas a censura da própria sociedade, através das redes sociais. A definição de censura, no Aurélio, não se fixa apenas em proibição; é também repressão, crítica, condenação. O dicionário não inclui no verbete xingamentos, ofensas, violência verbal ou física. Essas reações são incivilizadas, mas não são piores que o aproveitamento político-ideológico disfarçado de censura crítica normal, construtiva. Estão fazendo uso das redes para impor idéias totalitárias e para tentar tolher liberdades individuais, como a de opinião e a de expressão. A idéia é intimidar os mais fracos.

Com as câmeras dos celulares, ninguém mais está só; a vida privada é uma raridade; podem filmar qualquer situação e expor nas redes. Ou guardar para a ocasião oportuna. Se houver má intenção, você pode ser filmado tomando cerveja, e depois filmado na direção de um carro, ainda que não seja no mesmo dia. A edição nas redes sociais pode mostrar que você dirige depois de beber. Se for celebridade, pode ser condenado ao apedrejamento digital. Com isso, pessoas que deveriam ser livres, são permanentemente vigiadas, como no 1984, de George Orwell, em que o Big Brother(irmão mais velho) é o olho que tudo vê.

Também é uma espécie de justiceiro, esse olho do celular que vai para as redes. Várias histórias de famosos estão vindo à tona agora. Kevin Spacey perdeu contrato com a série House of Cards por ter sido acusado de assediar meninos. Ed Westwick, galã da turma jovem, foi alvo de duas atrizes que postaram que foram estupradas por ele. John Travolta também foi acusado de estupro. Harvey Weinstein (produtor de filme) também acusado de assédio por atrizes, assim como Ben Affleck. Serve para intimidar quem pensa que é dono. Em Goiás, há pouco, um jovem matou uma estudante com onze tiros, na sala de aula, porque ela ousara não aceitar seu assédio.

A novidade pode defender padrões éticos, de civilidade, de respeito às leis. E pode também promover calúnias, perseguições e injustiças. Pode ser usada por partidos políticos, ideologias e seus militantes, contra os que odeiam. Pode vir cheia de preconceitos. Pode trazer absurdos, como considerar homofóbico o Noé bíblico, porque só recolheu casais na arca - nenhuma dupla. Mas onde estaria o equilíbrio, a justiça, a verdade? Nos fatos. Fatos sem alterações, sem edições, sem falsificações. E é preciso não esquecer que entre os direitos e garantias individuais da Constituição, está o inciso X do artigo 5: "são invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das pessoas, assegurado o direito a indenização pelo dano material ou moral decorrente de sua violação". E "É livre a manifestação do pensamento, sendo vedado o anonimato." Há covardes se escondendo no anonimato da rede, onde só se encorajam escondidos no anonimato da máscara digital e assim confessam fraqueza e medo do seu alvo.
Herculano
17/11/2017 12:18
"O PAÍS ONDE OS BANDIDOS FAZEM A LEI"

Conteúdo de O Antagonista. Fernando Gabeira disse que o Brasil é "o país onde os bandidos fazem a lei".

Leia um trecho de sua coluna:

"Engolindo alguns sapinhos no cotidiano, nosso estômago é preparado para os grandes sapos de fim de mandato.

Um deles, que está sendo preparado nos bastidores, é a derrubada da prisão em segunda instância. As articulações correm no Congresso e no próprio Supremo Tribunal Federal (STF). Tanto ministros do Supremo como parlamentares veem nisso uma saída para neutralizar não só a Lava Jato, como todas as operações que envolvam políticos corruptos.

Enunciado apenas como uma tese jurídica, o fim da prisão em segunda instância é palatável. Todos são inocentes até que a sentença seja confirmada pelo STF. Na prática, resultará em impunidade geral. Todos terão direito a uma trajetória semelhante à de Paulo Maluf, que de recurso em recurso vai tocando sua vida, exercendo seus mandatos e até defendendo outros acusados de corrupção, como Michel Temer.

No momento em que as aberrações se acumulam, a tendência é criar um País monstruoso. Algo que já tentei definir num discurso, no alto de um caminhão, em protesto de rua: um País onde os bandidos fazem a lei."
Herculano
17/11/2017 12:16
O CONSERVADORISMO DOS ELEITORES

Conteúdo de O Antagonista. O Agora!, de Luciano Huck, encomendou uma pesquisa com 3 mil pessoas ao Idea Big Data.

A pesquisa mostrou, segundo o Valor, que os brasileiros "são menos conservadores do que se imagina".

Os eleitores apoiam as cotas raciais (57%), o aborto (60%), o Estado Forte (86%) e o casamento de homossexuais (66%).

A reportagem diz que "o único tema em que teses normalmente associadas ao conservadorismo ganham mais destaque é o da segurança pública. A frase 'bandido bom é bandido morto' tem o apoio de 44,9% e é rejeitada por 31,4%. A defesa da pena de morte (47%) empata com a rejeição à adoção dessa medida".
Herculano
17/11/2017 12:08
UMA VERDADE DOÍDA? PREOCUPANTE E LAMENTÁVEL

Ricardo Noblat, de O Globo, questiona:

"Chega de intermediários. Se a Justiça não pode punir políticos e os políticos revogarem a punição, a Justiça se torna dispensável. No mínimo sairá mais barato"


Miguel José Teixeira
17/11/2017 08:54
Senhores,

Impressionante a troca de esmaltes para unhas entre a Esperidiona, filhota da ditadura e a Deciolina, a fujona???

Pensando nem, nada de mais. . .ambos são "lulomalufistas" ou seria "malulistas"???
Herculano
17/11/2017 07:38
PEDIDOS DE BLOQUEIO REALÇAM A FORTUNA DE LULA, por Josias de Souza

O maior problema político de Lula não é o fato de ele ter ficado parecido com os políticos que atacava. Seu principal drama é a evidência de que Lula ficou muito diferente do que diz ser. Num instante em que Lula percorre o país como defensor dos pobres, a Procuradoria pede, em Brasília, o sequestro de seus bens e de seu filho Luís Cláudio no montante de R$ 24 milhões. A defesa de Lula contestou o pedido. Sustentou não haver provas contra ele na Operação Zelotes. Mas não disse nenhuma palavra sobre o valor requerido pelo Ministério Público Federal.

Lula atravessou ileso o escândalo do mensalão. Sobreviveu à ruína produzida por sua criatura Dilma Rousseff. Alvo de diversos inquéritos e ações penais, mantém a pose de perseguido. Condenado a 9 anos e meio de cadeia, conserva-se no topo das pesquisas. Mas deve tornar-se inelegível. E já perdeu aquela aura de político imbatível. Seu prestígio diminuiu na proporção direta do aumento do seu patrimônio.

Este não foi o primeiro pedido de bloqueio de bens. Sérgio Moro mandara sequestrar R$ 10 milhões em julho. Quando o Banco Central achou R$ 600 mil numa conta corrente de Lula, o PT disse em nota que seu líder supremo morreria de fome. No dia seguinte, descobriram-se mais de R$ 9 milhões em planos de previdência privada. Lula dizia ser um palestreante de sucesso. Mas delatores da Odebrecht informaram que as palestras eram mero truque para bancar com dinheiro sujo os confortos de um benfeitor. A fortuna de Lula não combina com os valores morais que ele acha que representa.
Herculano
17/11/2017 07:36
RESISTÊNCIA À MUDANÇA, editorial do jornal O Estado de S. Paulo

Tem-se visto desarrazoada oposição à nova legislação trabalhista, como se ainda estivesse em discussão se deve ou não valer. Ora, a Lei 13.467/2017 está vigente e deve ser respeitada

Após o Congresso aprovar uma lei, é de esperar que ela seja cumprida. O respeito à norma é consequência natural e imediata do regime democrático: aquilo que os representantes eleitos pelo povo decidem deve valer de fato.

Até o Congresso votar um projeto de lei, a democracia manifesta-se de forma muito especial no debate e no estudo das questões envolvidas. No momento em que o Congresso dá o seu veredicto a respeito de determinado projeto de lei, o respeito à democracia se traduz no acatamento do que foi decidido pelos parlamentares e o tema, durante razoável período de tempo, deixa de ser questão aberta. De outra forma, não haveria possibilidade de avanço ou de mudança, pois a rigor as leis nunca entrariam em vigor, numa perpétua discussão dos assuntos.

Fazer valer a decisão do Congresso é, agora, o desafio relativo à reforma trabalhista. A Lei 13.467/2017 foi aprovada e entrou em vigor no dia 11 de novembro. Trata-se de uma vigorosa atualização da legislação trabalhista, com várias e promissoras novidades. Se elas forem respeitadas, podem proporcionar um novo horizonte para as relações trabalhistas, com efeitos positivos sobre a economia e o desenvolvimento social do País. Tem-se visto, no entanto, uma desarrazoada oposição à nova lei, como se ainda estivesse em discussão se deve ou não valer. Ora, a Lei 13.467/2017 está vigente e deve ser respeitada.

Como já era de esperar, parte dessa oposição à nova lei se origina em alguns sindicatos. Seus interesses foram contrariados ?" a Lei 13.467/2017 extinguiu o imposto sindical ?" e eles tentam pôr obstáculos às novas regras. É mais uma manifestação da desconexão das entidades sindicais com os interesses reais dos trabalhadores. A expectativa é de que o fim do imposto sindical possa contribuir para melhorar essa representatividade. Sindicato bom para pelego é ruim para trabalhador.

Tem havido, no entanto, outra espécie de oposição à Lei 13.467/2017, que, de certa forma, é muito mais perigosa do que a reação de alguns sindicatos. Fala-se aqui de quem, a propósito de aplicar a reforma trabalhista aprovada pelo Congresso, interpreta as novas regras à luz da antiga legislação. Por suposto, a nova lei trouxe mudanças. Se os parâmetros interpretativos continuarem a ser exatamente os mesmos do passado, não há dúvida de que a Lei 13.467/2017 será mal interpretada e mal aplicada.

É o caso do trabalho intermitente. Com a reforma trabalhista, tornou-se possível contratar uma pessoa para que trabalhe apenas esporadicamente, na medida da demanda, com um salário proporcional ao período trabalhado de fato. Trata-se de uma medida simples, mas extremamente relevante para quem procura emprego e para quem emprega. Antes da Lei 13.467/2017, ou o empregador tinha demanda para contratar uma pessoa por tempo integral ou não contratava. A lei ignorava tantas outras possibilidades, com enorme prejuízo para o emprego, o empreendedorismo e a própria produtividade do País.

Essa medida simples acarreta mudanças antes impensáveis. Alguém contratado sob o regime do trabalho intermitente poderá ganhar, num mês, menos que o salário mínimo. Não é uma situação desejável, mas é muito melhor do que simplesmente não trabalhar e nada receber. Naturalmente, esse trabalhador, se não recolher a diferença, não fará jus aos benefícios do INSS. Pois bem, alguns apontam tal possibilidade como a suposta prova de que a reforma trabalhista eliminou direitos.

Esse tipo de argumentação explicita a ilusão de quem deseja pôr na lei um mundo perfeito, absolutamente irreal e indiferente a qualquer plausibilidade. Foi, pois, justamente esse modo de pensar ?" alheio a quem precisa de trabalho e a quem empreende ?" que saiu vencido na votação da reforma trabalhista. O Brasil deu-se conta de que sua legislação trabalhista, tão díspar da experiência de outros países onde o trabalhador vive em condições muito melhores do que as daqui, era fator de prejuízo, e não de desenvolvimento. É certo que a Lei 13.467/2017 precisa respeitar, como de fato respeita, a Constituição. Mas, logicamente, ela pode inovar e suas inovações devem ser respeitadas.
Herculano
17/11/2017 07:28
REFORMA SERÁ AO ESTILO TEMER: EM SUAVES PRESTAÇõES, por Cláudio Humberto, na coluna que publicou hoje nos jornais brasileiros

Quase todos os 17 ministros candidatos em 2018 fizeram chegar ao presidente Michel Temer o desejo de continuarem até abril, prazo para desincompatibilização. A tendência de Temer é acatar esse desejo: ele reconhece que os ministros foram leais nas crises, inclusive pagando o preço do desgaste político. E a reforma terá seu estilo: será em "suaves prestações", até a entrega das chaves dos ministérios, em abril.

DUAS MUDANÇAS
Por enquanto, haverá mudança em Cidades, de onde o tucano Bruno Araújo se demitiu, e na Secretaria de Governo, um clamor dos aliados.

INEGOCIÁVEL
A saída do tucano Antônio Imbassahy da Secretaria de Governo é a única "faca no peito" de Temer, exigência dos partidos aliados.

MARCA DO PÊNALTI
O emprego do ministro Marcos Pereira (Desenvolvimento), também está a prêmio. Ele deve sair em razão do envolvimento em denúncias.

CANDIDATO A FICAR
Aloysio Nunes defende a reforma já, mas ele é a razão para que Temer adie a mudança. O presidente quer conservá-lo chanceler até abril.

SAFADEZA GRANDE NA COMPRA DE AVIõES DE COMBATE
O bloqueio de R$24 milhões em contas do ex-presidente Lula e do filho Luiz Cláudio revela a convicção do Ministério Público Federal quanto ao envolvimento de ambos no tráfico de influência para a compra bilionária de aviões de combate suecos Gripen. O Brasil está pagando US$5,4 bilhões por 36 caças (US$ 150 milhões cada), mas a Suíça rejeitou a oferta do mesmo caça a US$140 milhões por cada um deles.

GRANA PRETÍSSIMA
O suposto superfaturamento de US$10 milhões em cada avião levanta a suspeita de propina próxima dos US$360 milhões (R$1,2 bilhão).

VOX POPULI, VOX DEI
A maioria dos suíços (53,4%) rejeitou, em referendo, a compra dos caças Gripen dois anos e meio após o Brasil do PT fechar a compra.

PRIMEIRA PARCELA GARANTIDA
A compra dos caças Gripen custou ao Brasil R$ 1,5 bilhão apenas este ano, no pagamento das parcelas previstas no contrato.

DILMA SE ENROLA
Após ter sido mantida a condenação do marqueteiro João Santana e sua mulher Mônica Moura pelo TRF-4, aumentou o temor da defesa de Dilma no caso do propinoduto dos contratos de sondas da Petrobras.

PRECONCEITO CONTRA HUCK
O deputado Roberto Freire (SP), presidente do PPS, gostou do que ouviu na conversa com Luciano Huck, a quem define como um socialdemocrata, mas vê certos setores com uma visão preconceituosa sobre o apresentador. "É preciso superar isso", recomenda.

TEM BICHO MUITO PIOR
Após esta coluna informar que "passam bem" os mais de 100 escorpiões encontrados na Câmara dos Deputados nos últimos dias, a hashtag #ForçaEscorpiões ganhou força nas redes sociais.

TRISTE PAPEL
Após liderar um dos governos mais tristes da História, Dilma Rousseff acha pouco e continua falando mal do próprio País no exterior. Em Berlim, discutiu em evento a "parcialidade" da Justiça do Brasil.

ABUSO CONTINUADO
No DF, a estatal de energia CEB, onde marajás ganham acima do teto, terá de pagar (ordem da Justiça do Trabalho) metade dos dias parados na greve selvagem que provocou mais de 3 mil apagões em cinco dias.

FATURA DOS CARTõES
O ex-presidente Lula gastou R$102,3 milhões em 8 anos com cartões corporativos, contra R$ 95,9 milhões de Dilma em 5 anos e meio. Mas 98% dos gastos são "secretos", em razão de decreto assinado por Lula.

É ARITMÉTICA, RAPAZES
As transmissões esportivas continuam ignorando a diferença entre matemática e aritmética, insistindo na história de que o Corínthians é "matematicamente" campeão. É aritmeticamente campeão.

BENEFÍCIO PARA POUCOS
Roberto Jefferson, presidente do PTB, esclarece que contribuiu como deputado com a previdência por 24 anos, e 20 anos como profissional, e isso explica sua aposentadoria no valor de R$24 mil mensais.

PERGUNTA DIANTE DA URNA
O que será pior, em 2018, um candidato a presidente inexperiente ou um experiente político querendo governar o País?
Herculano
17/11/2017 07:24
O RIO CAPTURADO PELO CRIME, por Bernardo Mello Franco, no jornal Folha de S. Paulo

No filme "Tropa de Elite 2", o personagem Coronel Nascimento sobe à tribuna do Palácio Tiradentes e diz que a maioria dos deputados estaduais do Rio deveria estar na cadeia. A vida imitou a arte nesta quinta-feira, quando a Justiça Federal mandou prender toda a cúpula da Assembleia Legislativa.

O presidente da Casa, Jorge Picciani, foi o primeiro a se entregar à polícia. Também foram em cana o seu antecessor, Paulo Melo, e o atual líder do governo, Edson Albertassi. Todos pertencem ao PMDB de Sérgio Cabral e Luiz Fernando Pezão, responsáveis pela falência do Estado.

Agora estão no xadrez os três homens que comandaram a Assembleia nos últimos 22 anos. Isso ajuda a explicar o grau de apodrecimento da política fluminense, carcomida por máfias e milícias. A sensação é de que as instituições do Estado foram todas capturadas pelo crime. Não à toa, as investigações que pegaram Cabral e seus comparsas correm apenas na esfera federal.

A prisão de Picciani, acusado de receber R$ 83 milhões do cartel dos ônibus, joga luz sobre a corrupção nos transportes. O esquema já operava na década de 80, quando o governador Leonel Brizola encampou as empresas do setor. A medida seria revertida por Moreira Franco, que terminou seu mandato condecorando os chefes do jogo do bicho.

Nesta sexta, a Assembleia decidirá se mantém ou revoga as prisões dos deputados. A votação ocorrerá no dia em que Cabral completa um ano na cadeia. O resultado dirá se o sistema que ele comandou ainda tem capacidade de reação ?"e se as contas do herói do filme estavam certas.

*
A nova propaganda do governo diz que "tem muita gente no Brasil que trabalha pouco, ganha muito e se aposenta cedo". O presidente Michel Temer se aposentou aos 55 anos e recebe pensão de R$ 45.055,99 do contribuinte paulista. Parte do valor é descontada por furar o teto do Estado.
Herculano
17/11/2017 07:21
BRETAS: STF PODE CRIAR "PESSOAS IMUNES" ÀS LEIS, por
Josias de Souza

Marcelo Bretas, juiz da Lava Jato no Rio de Janeiro, fez uma avaliação ácida da decisão do Supremo Tribunal Federal que transferiu para o Poder Legislativo a palavra final sobre punições cautelares impostas a parlamentares. A despeito de toda a cautela que seu ofício impõe, o magistrado declarou: "Não posso comentar decisões do STF. Mas faço uma análise política do dia a dia das investigações criminais. A impressão que tenho é que essa situação, aliada ao foro privilegiado, poderia criar categorias de pessoas imunes ao Direito Penal."

As declarações de Bretas foram feitas em entrevista publicada na edição desta sexta-feira (17) de O Globo. A conversa ocorreu antes da deflagração da operação Cadeia Velha, que resultou na prisão de três cardeais do PMDB fluminense: os deputados Jorge Picciani, presidente da Assembleia Legislativa do Rio, Edson Albertassi e Paulo Melo. Sem saber, o juiz soou premonitório, pois o Legislativo estadual ameaça anular a ordem de prisão e a suspensão do mandato dos três parlamentares. Solicitadas pela Procuradoria, as providências foram deferidas pelo Tribunal Regional Federal da 2ª Região nesta quinta-feira (16).

Para atenuar os contrangimentos, Picciani, Albertassi e Melo entregaram-se à Polícia Federal pouco depois do veredicto do TRF-2. Passaram a noite no xadrez em que está preso o ex-governador Sérgio Cabral, da mesma facção partidária. Mas não devem permanecer por muito tempo atrás das grades. Conforme já noticiado aqui, os colegas de legislativo começaram a tramar a anulação das sanções impostas aos três antes mesmo do término da sessão do TRF-2. Embalada pelo exemplo do Senado, que anulou sanções impostas a Aécio Neves (PSDB-MG), a Assembleia do Rio equipou-se rapidamente para tentar deliberar sobre a matéria ainda nesta sexta.

Ficou surpreso com o tamanho do esquema de corrupção no Rio?, perguntou-se a Bretas. E ele: "Posso falar sobre o processo da Operação Calicute, que já foi julgado. O que me assustou, naquele caso, foi a extensão e a capilaridade. Parece que tem mais gente envolvida. É uma metástase. A cada hora surgia um personagem novo."

Bretas considerou "um absurdo" a hipótese de aprovar no Congresso uma nova lei restringindo as delações. Projeto de lei em tramitação na Câmara proíbe, por exemplo, réus presos de negociarem acordos de colaboração judicial. "Restringir a delação é um absurdo", disse o juiz. "Para quem está colaborando, é um direito de defesa. Não se pode restringir esse direito a pretexto de proteger investigados."

Para o juiz, há uma reação política à Lava Jato. "Tem e sempre terá", declarou, antes de fazer uma distinção entre dois tipos de encrencados: "O empresário que se corrompe, que tem uma unidade produtiva, sabe que pode se reerguer. Mas o político corrupto não tem vida própria, é um parasita. Se tirar o poder dele, vai morrer de fome. Grande parte dos colaboradores, normalmente, são empresários. Quem está lutando contra, normalmente, é agente público envolvido com corrupção."

Instado a comentar os diversos habeas corpus concedidos pelo ministro Gilmar Mendes, do Supremo, para rever decisões suas, Bretas soou como se quisesse realçar sua consciência tranquila: "Sou proibido de fazer comentários sobre decisões de tribunais superiores. Mais importante do que receber decisão contrária de instância superior, é ter a tranquilidade de que se trata de uma decisão puramente técnica e imparcial."

Bretas comentou também a tese do ministro Luís Roberto Barroso, desafeto de Gilmar no Supremo, segundo a qual está em curso uma 'operação abafa' da Lava Jato. "Confio na percepção dele e concordo plenamente. Exemplos disso são as leis aprovadas na madrugada. Desconfio que, na véspera dos feriados de fim de ano, haja tentativa de aprovar mais leis que dificultem as investigações.''

Sobre a possibilidade de o Supremo rever a regra que abriu a porta da cadeia para corruptos condenados em segunda instância, Bretas afirmou: ''Respeito qualquer decisão, porque o Supremo é digno de todo o meu respeito e obediência. A prisão após condenação em segunda instância foi um golpe muito grande na corrupção. Quando o tribunal confirma a sentença condenatória, os recursos disponíveis à defesa já não têm efeito suspensivo, então a decisão tem que ser aplicada?"
Herculano
17/11/2017 07:00
NOS MESES EM QUE TEMER FICOU NAS CORDAS, A AGENDA AVANÇOU. E O QUE QUEREM OS OUTROS? por Reinaldo Azevedo, no jornal Folha de S. Paulo

O presidente Michel Temer tem uma vantagem. Segundo os critérios adotados pelos institutos de pesquisa ?"e não os estou contestando necessariamente?", não há mais espaço para a queda de prestígio. Não acredito num novo surto de linchamento tendo como guias patriotas do quilate de Joesley Batista e Lúcio Funaro.

Vencida a etapa da segunda denúncia, Temer gravou um pronunciamento aparentemente simplório. Deu relevo ao óbvio: para a sua gestão, a reforma da Previdência é irrelevante. O que tiver de vir em 2018, na economia, virá porque já veio!

Daqui a pouco o país estará crescendo a 3% na média de 12 meses. Depois vai superar essa marca. O último vagão a se mover, o do emprego, arrancou, e se percebeu que a composição se movia a uma velocidade superior ao esperado.

O presidente foi suave em sua fala. Se a sociedade não quiser a reforma, então não se faça, embora ele, pessoalmente, vá nela insistir.

Analistas viram um tiro no pé. Besteira. Os mercados se moveram rapidamente ?"para baixo!?" e anteciparam o desaire do período pós-Temer.

Se não se fizer nem a tal reforma mitigada, e tem de ser nesta gestão, as consequências começarão a ser sentidas já em meados de 2019. Em 2020, estaremos atados à mediocridade pastosa de um Estado condenado a gastar mais do que arrecada. E o presidente conseguiu pôr de novo a reforma na agenda, ainda que Rodrigo Maia ?"um Édipo com um pai chamado César!!!,?" não ajude muito.

Nesses meses em que o MPF apelou a um espantoso estoque de ilegalidades para derrubar Temer ?"e a ação, obviamente, empurrou o governo para as cordas?", era de se esperar, então, que os protagonistas da vida pública brasileira ocupassem o ringue com propostas senão novas, viáveis ao menos.

Aqueles que são candidatos a substituir o atual mandatário tiveram a chance de mobilizar os brasileiros com suas ideias virtuosas... Bem, um governo com uma aprovação abaixo de dois dígitos certamente haveria de engendrar contraditórios luminosos.

E o que se viu? Maia deu piti porque julgava que lhe estavam roubando parlamentares egressos do PSB. Era a sua pauta. O PSDB, em processo de desconstituição, começou a arrumar as malas para deixar o governo. Em São Paulo, seus convencionais gritaram "Fora, Aécio!", de sorte que seu presidenciável, Geraldo Alckmin, dá partida à postulação com seus entusiastas a chutar tanto o PMDB como o braço mineiro do próprio partido.
Ciro Gomes falou mal dos juros, insultou adversários e criticou esta Folha.

De novo! Marina fez outro trocadilho de apelo telúrico-nativista-metafísico e propôs algo que não me sai da cabeça: disse ser necessário um intervalo político entre a "profunda crise atual" e a "instauração de um país republicano de fato". Pensei em 204 milhões de brasileiros reféns de um mesmo lapso temporal, que ela chamou de "transição legitimada".

Não entendi nada, mas quero saber o nome do remédio. Bolsonaro prometeu caçar pervertidos, facilitar porte de armas a todos os brasileiros, arrumar um economista que saiba o que é tripé macroeconômico e promover a independência do Banco Central. Eis aí: um país sem tarados e com BC independente! E Lula disse que nos perdoa.

Que coisa! Estou enganado, ou Temer é a única liderança com uma agenda? Desse jeito, eu ainda vou lançá-lo candidato à Presidência da República em 2018!!!

*

Nota para Ricardo Lewandowski: se, como querem alguns, um ministro do STF leva insegurança à Lava Jato quando se recusa a homologar uma delação, então que se elimine a exigência e se confira ao MPF o papel também de juiz.

O ministro tomou uma decisão corajosa ao recusar os termos do acordo com o publicitário Renato Pereira. Tratava-se mesmo de uma aberração! "Ah, mas outros acordos se fizeram nos mesmos moldes e seguindo os mesmos passos". Eu sei. Aberrações! Com a chancela de Edson Fachin e Cármen Lúcia. Eu as denunciei aqui.
Serveró Ilhota
16/11/2017 23:49
Prefeito de Ilhota como sempre, mentindo para o povo!
Falou tanto mal do ex prefeito que está tendo que recolher o lixo com o caminhão caçamba e com a máquina kkkkkkkkkkkk falou tanto mal do ex prefeito que não havia transparência e agora está pior kkkkkkkkkkk
Queria ver esse elemento metido a prefeito com uma Câmara de vereadores como a do ex prefeito, não duraria 1 mês sequer kkkkkkkkkkkk fraco, fraco

Está tendo que provar do próprio veneno, ai como isso é bom!!!!
Herculano
16/11/2017 18:43
"POLÍTICO É VENENO NOS TRIBUNAIS DE CONTAS"

Conteúdo de O Antagonista. Júlio Marcelo de Oliveira, procurador de contas junto ao TCU, foi essencial para o impeachment de Dilma Rousseff, ao destrinchar as pedaladas fiscais.

Ele agora batalha por uma causa igualmente abraçada por este site: o fim das indicações políticas para os tribunais de contas ?" todos eles, da União aos municípios.

Em entrevista à Jovem Pan, Júlio Marcelo disse o seguinte:

"Política é veneno nos tribunais de conta. No espaço de uma semana, a gente teve essa indicação ridícula do Edson Albertassi, no Rio de Janeiro, que não tem curso superior pra exercer uma função técnica (e foi pego pela Lava Jato). No Mato Grosso do Sul, dois conselheiros foram nomeados, apesar de réus. Em Santa Catarina, houve a posse de um conselheiro indicado politicamente e também delatado na Lava Jato, pela Odebrecht. Não há o mínimo cuidado do corpo político em fazer indicações de alta qualidade. Pelo contrário, parece que, quanto mais a ficha corrida do sujeito for pesada, mais indicado ele está para cargo."

Os conselheiros dos Tribunais de Contas deveriam ser gente com formação técnica e reputação ilibada. E ponto final
Herculano
16/11/2017 18:40
CIRO MERECE A PRESIDÊNCIA DO CLUBE DOS VELHOS VELHACOS, por Augusto Nunes, de Veja

A caminho do terceiro fiasco numa disputa pela Presidência da República, Ciro Gomes mantém intocados o vocabulário de bordel e a argumentação tão rasa que, na imagem definitiva de Nelson Rodrigues, qualquer formiga pode atravessá-la com água pelas canelas.

A cada campanha de Ciro, o que muda é o partido que lhe serve de coiteiro. No momento é o PDT, de Carlos Lupi, o bizarro ex-ministro do Trabalho de Dilma. Também mudam, claro, os alvos da discurseira de esgoto berrada com sotaque de coronel nordestino.

Quando foi ministro de Lula, por exemplo, Ciro enxergava no chefe o maior presidente da história. Hoje vê na mesma figura "um merda", como revelou num palavrório recente.

Diretores de redação que antes bajulava para mendigar entrevistas e reportagens - eu fui um deles - agora se tornaram "jornalistas alugados que precisam garantir o emprego na idade provecta". Eu seria um deles.

Para essa caricatura degenerada do Menino Maluquinho, envelhecer é crime. Ele nem desconfia que, nascido num clã de oligarcas, já era velho ainda nos trabalhos de parto. É compreensível que o cérebro grisalho tenha ordenado ao caudilho com pouco mais de 20 anos que começasse a carreira política no PDS.

Permaneceu até 1983 no partido que surgira das cinzas da Arena, concebido para dar sustentação parlamentar ao regime militar. Um ano antes da redemocratização, filiou-se ao PMDB para ampliar as chances de virar deputado estadual.

Foi o começo da romaria partidária que o levaria a alugar-se, arrendar-se ou vender-se ao PSDB, ao PPS, ao PSB e ao PROS antes de homiziar-se no PDT. É hora de algum amigo misericordioso dizer-lhe que o papel de moleque boquirroto, que passou a vida interpretando, já não combina com um sexagenário.

Desde 6 de novembro, Ciro Gomes desfruta dos privilégios concedidos aos idosos: filas preferenciais, meio ingresso em cinemas e circos, viagens rodoviárias gratuitas, estacionamento cativo - tudo isso está ao alcance do jurássico oportunista que se imagina jovem.

Queira ou não, ele foi incorporado à grande tribo dos provectos. Se criar juízo, deixará de chamar eleitores de "burros", afirmar que o papel da mulher de um político é dormir com o candidato ou qualificar Fortaleza de "um puteiro a céu aberto".

Caso mantenha o estilo, o sessentão idiotizado pela certeza de que o Brasil é uma imensa Sobral ficará alguns anos-luz mais longe do Planalto. Em contrapartida, estará cada vez mais perto da presidência perpétua do clube dos veteranos velhacos.
Herculano
16/11/2017 18:33
AS 'DEZ PASADENA' DE GABRIELLI

Conteúdo de O Antagonista. O TCU descobriu que José Sérgio Gabrielli e demais diretores da Petrobras no governo Lula aprovaram a construção do Comperj, mesmo sabendo que o retorno financeiro da refinaria não cobriria nem um terço do custo da obra.

Na análise do investimento prévio, verificou-se que o custo (corrigido em valores atuais) seria de US$ 18 bilhões, enquanto o retorno ficaria em apenas US$ 5,5 bilhões.

O prejuízo de US$ 12,5 bilhões equivale a dez vezes o dano referente à compra da Refinaria de Pasadena.

O Código Penal poderia incluir prisão perpétua para gente que faz isso.
Herculano
16/11/2017 16:14
O POSSÍVEL PLACAR DE LULA NO STF

Conteúdo de O Antagonista. No STF, quais ministros votariam a favor ou contra a candidatura do condenado Lula ao Planalto?

O último cenário apresentado a bancos brasileiros é o seguinte:

A favor da candidatura do condenado Lula: Ricardo Lewandowski, Dias Toffoli, Marco Aurélio Mello, Celso de Mello e Rosa Weber.

Contra a candidatura do condenado Lula: Gilmar Mendes, Luiz Fux, Luís Roberto Barroso, Luiz Edson Fachin, Alexandre de Moraes e Cármen Lúcia
Herculano
16/11/2017 16:04
PROIBIDO PROIBIR (MENTIR, PODE), por Guilherme Fiuza, na revista Época

Dizem que o Brasil vive uma nova onda de censura e moralismo conservador. Já temos inclusive vigilantes guardiões da liberdade de expressão e dos bons costumes atuando vigorosamente. Eles denunciaram, por exemplo, a queima de uma boneca representando a feminista Judith Butler em frente ao Sesc Pompeia, em São Paulo, onde a filósofa americana palestrava. Os arautos da liberdade disseram que os reacionários usaram métodos medievais para reprimir a defesa dos direitos da mulher.

É isso aí. Cada um tem o direito de falar o que quiser, onde quiser, dentro das regras da democracia. Não é isso? Bem, mas então surge a pergunta: onde estavam esses mesmos ativistas libertários que não toleram a censura quando a blogueira cubana Yoani Sánchez foi impedida de falar, no grito, nessa mesma cidade de São Paulo?

Diferentemente de Judith Butler, Yoani não conseguiu nem fazer a palestra para a qual fora convidada - onde, sintomaticamente, denunciaria o autoritarismo e a falta de liberdade na ditadura socialista da ilha. E ela estava dentro de uma livraria. Não teve conversa: aos berros, os manifestantes progressistas, libertários e adversários da sociedade moralista e conservadora calaram a palestrante. Impediram na marra que ela expressasse suas ideias. Reacionários são os outros.

Não houve nenhuma grita contra a censura por causa disso. Ao contrário, de lá para cá surgiu um movimento - organizado pelas mesmas figuras desse 342 contra as trevas - chamado Procure Saber, nascido basicamente para lutar pela censura prévia a biografias não autorizadas. Um primor de liberdade, estrelado por esses mesmos heróis da MPB que estão aí gemendo contra a onda conservadora. Reacionários, obscurantistas, autoritários e medievais são os outros. É proibido proibir - a não ser que estejam atrapalhando meus negócios, minha lenda, meu presépio de bondade tarja preta.

Não deixa de ser comovente todo esse esforço para a construção de um inimigo imaginário. Agora os arautos de laboratório estão gritando contra o tabu da nudez. Tabu de quê? No ano de 2017? Depois de tudo que a TV e a internet escancararam para todas as idades e em todos os lares, eles resolveram querer chocar a burguesia de novo ficando pelados... Nostalgia é fogo. Melhor nem contrariar. Como você vai conversar a sério com alguém que quer ser vanguarda de museu? Outro dia no Rio de Janeiro havia um grupo de mulheres fazendo topless contra a onda conservadora. Uma graça, parecia foto de época. Daqui a pouco elas descobrem a pílula anticoncepcional.

Enfim, inventaram a luta pela liberdade de cativeiro. O sujeito quer de qualquer maneira ser herói da contracultura e se propõe obstinadamente a uma masturbação cenográfico-temporal para fingir que o mundo vive dilemas de meio século atrás. É a mais completa definição do reacionário, coitado, mas ele ainda encontra plateias aplaudindo sua modernidade mórbida. Normal. Atrás dos muros altos também há vários Napoleões ganhando guerras entre um banho de sol e outro.

Os ativistas intrépidos das liberdades não se importaram com a ideologização vagabunda das provas do Enem. Não há problema transformar educação em panfleto. E ainda surgiu o requinte da ameaça de nota zero para o estudante que afrontasse os direitos humanos - e se você quiser imaginar quem, nesse caso, decidiria o que são direitos humanos, basta lembrar do bando que calou Yoani Sánchez no berro. É isso aí. Professores simpatizantes do PSOL, dos black blocs, do MST, do Maduro e grande elenco da fofura revolucionária avisando: quem desrespeitar os direitos humanos leva porrada.

Não tinha o general que ameaçava prender e arrebentar quem fosse contra a abertura política? Então por que os Napoleões de hospício da contracultura não podem barbarizar os subversivos que ousarem atrapalhar a lenda deles?

Os novos heróis da liberdade de cativeiro não gritam contra a campanha medieval para matar os aplicativos de transporte, não gritam contra a tentativa de censura da exposição sobre as vítimas de Stálin, não gritam contra a repressão sexual às mulheres e a escravização do povo nos regimes que seus amiguinhos do PT, PSOL e companhia apoiam. Censura é o que eles apoiam todas as noites nos seus travesseiros.
Herculano
16/11/2017 15:55
EFEITO AÉCIO: ASSEMBLEIA DO RJ TRAMA A DERRUBADA DA PRISÃO DE PEEMEDEBISTAS, por Josias de Souza

Arma-se na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro um acordo para livrar da cadeia o presidente da Casa, Jorge Picciani, e outros dois deputados estaduais: Paulo Melo e Edson Albertassi. A trinca é do PMDB. Mas o acerto é suprapartidário. Começou a ser costurado antes mesmo do veredicto da Primeira Seção do TRF-2 que, por 5 votos a 0, deferiu na tarde desta quinta-feira o pedido de prisão preventiva dos parlamentares e a suspensão dos respectivos mandatos, formulado pelo braço fluminense da força-tarefa da Lava Jato.

A coluna conversou há pouco com um dos líderes da articulação para convocar uma sessão extraordinária com o propósito específico de livrar os colegas do xadrez e restituir-lhes os mandatos. Falando pelo telefone, sob o compromisso do anonimato, o aliado dos potenciais presos indagou: "Se o Senado pode suspender sanções judiciais impostas a Aécio Neves, por que a Assembléia do Rio não poderia? Estamos respaldados por decisão do Supremo Tribunal Federal."

No caso envolvendo Aécio, o Supremo decidiu, por 6 votos a 5, que caberia ao plenário do Senado dar a palavra final sobre sanções cautelares impostas ao senador. A 1ª Turma da própria Suprema Corte decidira suspender o mandato do grão-tucano e impor a ele o recolhimento domiciliar noturno. Mas os senadores anularam as punições.

Antes da encrenca envolvendo Aécio, brilhava na jurisprudência do Supremo um voto antológico de Cármen Lúcia. Coisa de 22 de agosto de 2006. Na peça, a ministra, hoje presidente da Corte, indeferiu o pedido de liberdade de um deputado estadual de Rondônia acusado de corrupção. Para manter o personagem atrás das grades, ela desconsiderou sua imunidade parlamentar. Sustentou a seguinte tese:

"Imunidade é prerrogativa que advém da natureza do cargo exercido. Quando o cargo não é exercido segundo os fins constitucionalmente definidos, aplicar-se cegamente a regra que a consagra não é observância da prerrogativa, é criação de privilégio. E esse, sabe-se, é mais uma agressão aos princípios constitucionais, ênfase dada ao da igualdade de todos na lei."

A posição da ministra prevaleceu na 1ª Turma do Supremo por 3 votos a 2. E o então deputado José Carlos de Oliveira, acusado de comandar uma quadrilha que desviara R$ 50 milhões dos cofres estaduais de Rondônia, ficou preso. Por analogia, essa decisão inibiria a manobra urdida na Assembleia do Rio. Entretanto, suprema ironia, a própria Cármen Lúcia se encarregou de transformar o precedente em pó.

A ministra rasgou, por assim dizer, seu voto de 2006 ao desempatar em 6 a 5 o julgamento em que o Supremo transferiu para o Legislativo a prerrogativa de anular sanções judiciais que impeçam deputados ou senadores investigados criminalmente de exercer o mandato. Ao beneficiar Aécio Neves, Cármen Lúcia criou uma oportunidade que os deputados do Rio devem aproveitar. Não serão os primeiros a fazê-lo. E não devem ser os últimos.
Herculano
16/11/2017 15:40
MP PEDE BLOQUEIO DE R$ 24 MILHõES DO EX-PRESIDENTE LULA E DO FILHO LUIZ CLÁDIO

Conteúdo do Congresso em Foco. Texto de Joelma Pereira. A defesa do ex-presidente afirmou que irá apresentar defesa recomendando a rejeição do pedido de bloqueio

O Ministério Público Federal requereu à Justiça Federal o bloqueio de R$ 23,9 milhões do ex-presidente Lula e de um de seus filhos, Luis Cláudio Lula, no âmbito da Operação Zelotes. Os procuradores pediram o confisco de bens e dinheiro no valor de R$ 21,4 milhões de Lula e outros R$ 2,5 milhões de Luis Cláudio.

Diante do pedido, o juiz Vallisney Oliveira, da 10ª Vara Federal do DF, mandou intimar o petista e o filho para se manifestarem sobre o pedido. A ação diz respeito a um processo contra o ex-presidente por suposto tráfico na compra dos caças Gripen.

Além de Lula e do filho, o casal de lobistas Mauro Marcondes e Cristina Mautoni foram denunciados pelo Ministério Público Federal em dezembro do ano passado no contrato de compra dos 36 caças suecos Gripen e em uma medida provisória para prorrogação de incentivos fiscais para montadoras de veículos. Segundo o MPF, Luís Cláudio recebeu R$ 2,5 milhões da empresa dos consultores.

De acordo com a Procuradoria da República, os crimes teriam sido praticados pelo ex-presidente entre 2013 e 2015 co promessa de que poderia "interferir junto ao governo para beneficiar as empresas MMC, grupo Caoa e SAAB, clientes da empresa Marcondes e Mautoni Empreendimentos e Diplomacia LTDA (M&M)". O casal Mauro e Cristina, donos da M&M, repassaram R$ 2,5 milhões a Luis Cláudio em troca da ajuda.

Sobre o pedido, a defesa do ex-presidente publicou nota afirmando que o bloqueio "não tem base jurídica", bem como afirma que "a ação penal integra o rol de ações propostas contra Lula e seus familiares sem qualquer materialidade, com objetivo de perseguição política" e recomenda que o pedido seja indeferido pela Justiça.
Herculano
16/11/2017 15:36
O PODER DE "INVESTIGAR" A SI PRóPRIA E SE ABSOLVER

A que ponto chegamos. A Rede Globo, envolvidas no escândalo de propinas na área esportiva, escreveu uma nota oficial que entre outras coisas diz o seguinte:

"...afirma veementemente que não pratica nem tolera qualquer pagamento de propina. Esclarece que após mais de dois anos de investigação não é parte nos processos que correm na justiça americana. Em suas amplas investigações internas, apurou que jamais realizou pagamentos que não os previstos nos contratos...".

1. Não era parte dos processos, agora será diante dos testemunhos.

2. Investigações internas? O que quer dizer isso? Que as investigações das instituições constituídas para investigar, julgar e punir os demais, não podem alcançar a Globo?

3. A Globo está desafiando não o Ministério Público e a Justiça brasileira, mas as dos Estados Unidos. Não vai dar certo. Lá ela não tem poder de influenciar e calar.

4. Se tudo foi pago por contratos, a investigação provará que os delatores mentem; ou que o departamento de criatividade da Globo, fez algo inimaginável: criou a propina por contratos, no emaranhado de laranjas para que tudo fosse pago oficialmente.
Herculano
16/11/2017 15:13
MÍRIAM LEITÃO CULPA "POPULISMO DE DIREITA OU ESQUERDA" POR CRISE NA VENEZUELA, CAUSADA PELO SOCIALISMO, por Rodrigo Constantino, do Instituto Liberal.

Foi a esquerda socialista que destruiu a América Latina, não o "populismo de direita ou esquerda"

Outro dia a jornalista Míriam Leitão acusava Jair Bolsonaro de não entender o básico de economia. Estranha a ausência da mesma crítica a Marina Silva, Ciro Gomes ou Luciano Huck, outros potenciais candidatos. Mas o ponto aqui é outro: por acaso a própria Míriam entende de economia? E de política?

A julgar por sua coluna desta quinta-feira, a resposta é não. Analisando a crise venezuelana, eis que Míriam Leitão culpa o "populismo", que pode ser tanto de direita como de esquerda, em vez de dar nome aos bois e responsabilizar o único culpado pelo inferno no país vizinho: o socialismo. Diz ela:

A Venezuela desce a ladeira há tantos anos que ninguém se surpreendeu pelo fato de três agências de risco terem declarado que o país está em default, e o Brasil ter reclamado junto ao Clube de Paris por não estar recebendo do país vizinho. O populismo, seja de esquerda ou de direita, sempre termina em desastre, que aprisiona o país por anos, como ocorre na Venezuela.

O encontro com a verdade, que o populismo adia com discursos de ódio contra os supostos inimigos, algum dia chega. E na Venezuela tem estado presente há muitos anos, mas agora está num ponto de não retorno. Nesta quinta-feira, os credores reunidos na Isda, uma associação internacional de detentores de títulos, ainda conversarão com o governo, mas a tendência é a de se juntarem às agências Standard&Poors, Moody's e Fitch e também declararem que a Venezuela não paga dívidas.

[?]

Essa mesma farinha eu vi sendo negociada em comércio paralelo no canto de um corredor do Palácio Miraflores, em 2003, quando fui entrevistar Hugo Chávez. O desabastecimento é crônico. O caso da Venezuela tem inúmeras lições sobre o que se deve evitar em qualquer país. Políticas públicas, sejam quais forem, se não tiverem uma base de sustentação fiscal acabam desmontando a economia. O país vive há anos um quadro de recessão, inflação e crise cambial. Foi levado a isso pelo populismo chavista. O longo retrocesso da Venezuela mostra o que não fazer com a economia e a democracia.

Você pode tentar, como eu fiz, realizar uma busca no texto pela palavra "socialismo". Será em vão. Não encontrará uma só menção. É como se o desastre da Venezuela não tivesse ligação alguma com o socialismo, ou o "socialismo do século XXI", como Chávez se referia a ele.

Enquanto a esquerda nacional vibrava com as promessas "sociais" de Chávez, a direita liberal já dizia, lá atrás, que tudo acabaria em miséria e escravidão, conforme todos os experimentos socialistas. Mas é um espanto Míriam voltar sua atenção para o "populismo" em abstrato, que pode ser tanto de direita como de esquerda, para não ter que entregar o verdadeiro autor do crime: o socialismo esquerdista.

As bandeiras defendidas pelos socialistas da Venezuela são as mesmas que o PSOL, o PT e a Rede pregam para o Brasil. Querem concentrar mais poder e recursos no estado, desconfiam do livre mercado, demonizam conceitos como a responsabilidade fiscal, rejeitam as privatizações, querem um banco central subserviente ao governo etc. Ou seja, é a plataforma de esquerda que foi adotada na Venezuela, e foi ela que afundou o país.

Ao mencionar populismo de direita, Míriam certamente quer atacar Bolsonaro uma vez mais. Mas Bolsonaro tem defendido a responsabilidade fiscal, a independência do banco central, as privatizações. Ou seja, Bolsonaro tem pregado em seus discursos o oposto do que fez a Venezuela, e do que deseja a esquerda brasileira para nosso país.

Por que, então, Míriam não tem a coragem ou a honestidade de apontar o dedo para o real culpado, o socialismo? Teria alguma ligação com o fato de ela mesma ter uma queda por tal ideologia, por nunca ter feito o luto de seu passado comunista?

O agradecimento que fez a Maria do Rosário pela "solidariedade" das combatentes contra a ditadura às ofensas de Bolsonaro leva a concluir que é por aí mesmo. Míriam se sente bem mais em casa entre petistas do que entre os liberais que estão apoiando Bolsonaro. É por isso que condena o "populismo", de "esquerda ou direita", em vez de culpar logo o socialismo, verdadeiro responsável pela desgraça venezuelana. Já Bolsonaro ataca sem rodeios o socialismo?

Deixe seu comentário


Seu e-mail não será divulgado.

Seu telefone não será divulgado.