Por Herculano Domício - Jornal Cruzeiro do Vale

Por Herculano Domício

19/09/2016

A CONTINUIDADE I
Depois do PT nacional orientar e quase obrigar os petistas candidatos à não “esquecerem” da defesa pública do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, ameaçado por denúncias na Lava Jato, Lovídio Carlos Bertoldi, candidato à sucessão do prefeito Pedro Celso Zuchi aqui em Gaspar, mudou radicalmente de tom. E faz isso, após fazer desaparecer também a cor vermelha bem como a estrela da propaganda eleitoral partidária, de esconder o vice e catapultar o amuleto de pesquisa chamado “prefeito Celso”. No debate de sábado passado promovido pelo Cruzeiro do Vale, Rádio Sentinela do Vale e TV Gaspar – um sistema via internet -, Lovídio disse com todas as letras que ele é a continuidade da atual administração petista. Foi convicto, firme, claro sobre esse assunto logo na abertura do debate e no decorrer dele. Assumiu riscos. E por que? É que Lovídio e o PT não possuem mais, nesta altura do jogo, muitas alternativas. Jogam com tudo é para diminuir o tamanho do revés. E se Lovídio é a continuidade, há coisas que não vão bem para o lado do PT, do “prefeito Celso” e por consequência do candidato Lovídio, preparado durante mais de sete anos para este embate que se tornou quase inglório.

A CONTINUIDADE II
E quem lembrou isso durante o debate? A professora, vereadora e candidata Andreia Symone Zimmermann Nagel, PSDB. Talvez para ser coerente ao tema da sua campanha: mudanças e que até um concorrente ensaiou plagiar na propaganda no final de semana. Ela foi direta, naquilo que os outros sabiam, mas, mais uma vez preferiram o silêncio. Perguntou: “se o senhor representa a continuidade do que se fez até, é de se esperar que continuem as faltas de vagas nas creches, os problemas do Hospital, as filas nos postos de saúde, a espera na policlínica...? Lovídio desconversou. Preferiu falar em obras. Aliás, Gaspar precisava deste debate. Ele mostrou de forma insofismável, a razão pela qual a maioria dos candidatos não queria que este tipo de embate democrático por aqui. Chega de sabatina morna, até porque parte da imprensa ou não está preparada, ou não possui dados da incoerência, ou está com medo da ressaca, ou não conhece os reais problemas do município. O debate serviu para tirar algumas máscaras.

A CONTINUIDADE III
Num ambiente de fracas perguntas dos jornalistas, radialistas, apresentadores e representantes das entidades empresariais (e ficou, mais uma vez, faltando as do povo), Gilberto Schmitt, editor e proprietário do jornal Cruzeiro do Vale, salvou-se nesse marasmo pelo menos uma vez, antes que tudo esquentasse quando os candidatos puderam perguntar entre si, num exercício sem resultados para salvar as próprias peles e ao mesmo rempo, tentar arranhar as dos adversários, feitas de miçangas que douram à fantasia dos seus planos de Governo (está tudo gravado). Na pergunta sobre saneamento, Gilberto tascou o que todos querem saber: se Lovídio é a continuidade, na sexta-feira, o jornal Cruzeiro do Vale mostrou que entre pouco mais de cinco mil municípios, Gaspar está exatamente no 3.656º na eficiência administrativa de seus recursos e resultados. Vergonhoso sob todos os aspectos. Lovídio gaguejou (e por dentro, certamente, praguejou o Gilberto e o Cruzeiro, apesar de “agradecer” a pergunta). Tentou desqualificar o levantamento do Datafolha como se isso melhorasse o desempenho da administração que ele quer continuar. Ela está reprovada; simplesmente isso. Precisa ser revista e melhorada. E a maioria dos candidatos não tem a mínima noção de como fazer isso. Jogaram soluções aos ventos. Nem sabe como essas soluções são possíveis de serem realizadas, quanto custarão e de onde virão os recursos para a mágica que anunciam ao destinto público

A CONTINUIDADE IV
Mas, o que aconteceu no caso do PT de Gaspar se perder tanto, a ponto de que seja uma temeridade eleitoral defender a continuidade do “prefeito Celso”? O PT nasceu e cresceu com um discurso humano, voltado aos pobres, aos vulneráveis, aos excluídos prometendo-se resistência e oferecendo-se o utópico com a participação da força popular. Esse mesmo PT nacional – feito de gente intelectualmente esclarecida e marqueteiros que nunca foram esquerdistas ou socialistas, mas afeitos unicamente à propaganda como arma de sedução e de cara recompensa pelos serviços profissionais prestados, veja o já preso na Lava Jato, João Santana- tocou as mentes e corações dos analfabetos, ignorantes, desinformados, assistidos de todas as formas, gente que acreditava na causa. E essas soluções mágicas e utópicas, estão indo embora feitos nos votos fáceis, na lábia, no constrangimento sobre gente séria que deram poder ao PT e sofrimento, desemprego, inflação aos seus eleitores.

A DESCONTINUIDADE I
O PT que se desmancha, fala apenas em obras físicas e não as sociais, o cerne de seu discurso original. Enganação. O PT daqui faz a mesma coisa. Até na “participação” popular arrogantemente se negou. No caso do Orçamento Participativo, como mostrou Andreia, ele enfraqueceu as Associações de Moradores, quando não as aparelhou para seu jugo. No caso dos empreendedores, como mostrou Kleber Edson Wan Dall, PMDB, criou uma distância proposital com os investidores. Para Lovídio, de forma equivocada, a continuidade do atual governo são obras físicas que pontua, muitas malfeitas, outras inacabadas, algumas com dúvidas, e um bom número paradas. E as pessoas? Nas portas dos postos de saúde, farmácia, policlínica, do hospital, engarrafadas no trânsito, sem creches, quase sem ônibus urbano, sem contra turno, sem de saneamento, sem transparência, sem diálogo. A obra do acolhimento que o PT usou como discurso para seduzir gente fraca, ficou de lado. As pessoas saíram do centro da atenção do PT. E é por causa dessas obras físicas – a que distribui poder, associação com poderosos e corrupção - que o PT está enrolado com mensalão, petrolão, fundos de pensão, eletrolão, BNDES etc. Feriu à sua própria credibilidade. Custou caro à Dilma Vana Rousseff e leva à defesa, Luiz Inácio Lula da Silva. E o PT de Gaspar, também poderá fechar um ciclo de resistência naquilo que restou do PT de Blumenau e que manda aqui, Brusque e Itajaí, e que virou nanico em Joinville, Chapecó, Florianópolis, Criciuma....

A DESCONTINUIDADE II
Resumindo. Nada é diferente no PT de Gaspar no que tange ao cansaço das mesmices. Outra e fundamental. Com o PT fora do poder central (Brasília), como continuar algo (obras) que precisa de dinheiro, muito dinheiro, em época de crise econômica, exatamente provocada pelo PT? Pior, e como o PT não sendo mais o dono dos cofres que saqueou pela incompetência, erro e até corrupção, vai ele prover essa continuidade que se propala aqui, exatamente daquilo que está descontinuado? Se quando o PT tinha a chave do cofre não conseguiu trazer as verbas para fazer a catapulta do seu discurso eleitoral com Lovídio e o “prefeito Celso”, como fazê-lo agora? Como convencer os desinformados, a patrulha, o aparelho e mamadores de sempre, de que se fará tudo isso fora do poder Central e  ainda, desqualificando o novo dono do poder legalmente constituído? Pior: os candidatos do PMDB e PSD estão na mesma linha do PT que se enfraquece. Dizem eles que vão fazer obras físicas, mas não apontam como, não provam como vão obter recursos para executarem o que prometem, não conhecem seus próprios planos de governo que registraram na Justiça Eleitoral, falam de planejamento reiteradamente, mas demonstram não conhecerem o significado apropriado dessa palavra técnica. Tem gente que finge ser oposição, mas parece ser também a continuidade de algo que está podre, comprometido e está levando ao enfraquecimento do PT daqui. Acorda, Gaspar!

BARRADOS I
O ex-prefeito Adilson Luiz Schmitt, PMDB, declarou voto em Kleber Edson Wan Dall, exatamente na semana em que Kleber foi na presidente do Sindicato Rural, a Ivanildes Rampelotti, anunciar que traria de volta à Agricultura ao status de secretaria, criada pelo Adilson, e riscada do mapa pelo PT com os votos do PSD, PSB e do José Hilário Melato, PP, parceiro de Kleber. Eu escrevi aqui que Adilson voltaria pelas portas da frente da prefeitura se o Kleber fosse eleito. Um bafafá danado com a repercussão do voto aberto de Adilson e o meu comentário. Kleber quer o apoio e votos de Adilson, mas não quer que ele os declare em público. Kleber nem agradeceu esse apoio de Adilson. Ingratidão. Pressionado pelo PMDB e pela própria família, pois é genro do ex-prefeito e do presidente de honra do PMDB de Gaspar, Osvaldo Schneider, o Paca, Adilson, mais tarde, escreveu aqui que vai dar voto em Kleber. Entretanto, não fará parte do governo dele. O PT, o que diz jogar limpo na campanha e pede que todos façam assim com ele, explora esse apoio, achando que vai levar vantagem nisso.

BARRADOS II
Mas, a ingratidão do PMDB e de Kleber foi mais além. Virou humilhação. Na semana passada o vereador Ciro André Quintino, PMDB, fez um comício da sua campanha para os seus. Kleber foi lá apoiar e pedir votos. Adilson também, afinal ele é o cabo de Ciro desde a eleição passada. O que aconteceu à entrada do comício? Adilson foi barrado. E por que? Para não ser visto e ser fotografado ao lado de Kleber, ao lado de Ciro. Quer mais? Tem, sim senhor! Delgio Roncaglio, PMDB, candidato a vereador, fez também o seu comício. E o que aconteceu? Adilson não pode entrar nele enquanto Kleber estava lá. Pode isso? Se um candidato tem essa atitude para com uma liderança, cabo eleitoral que declara votos ao candidato e partido, que está refazendo toda uma trajetória para voltar ao PMDB, o que fará quando e se eleito? "Ninguém vai colar pegadinhas no meu jeito sincero de ser. Não vou cair nas armadilhas de vocês", advertiu Kleber ao PT de Lovídio durante o debate de sábado. Mas, esta armadilha não foi colocada pelo PT, e sim pelo própria dualidade do PMDB.

BARRADOS III
E coube a Lovídio durante o debate lembrar a ingratidão de Kleber para com Adilson: foi Adilson quando prefeito que deu mais um daqueles empregos públicos comissionados que fazem a trajetória de Kleber até aqui. Só para lembrar aos que estão distantes desta história. Adilson foi eleito prefeito pelo PMDB batendo Zuchi. Ele é um peemedebista histórico. Pressionado durante a sua gestão pelo partido, Adilson se desentendeu, saiu do PMDB, esteve no PSB e PPS. Hoje está sem partido, mas alinhavado para voltar ao PMDB a pedido do próprio presidente estadual, Mauro Mariani. Outro que Kleber Edson Wan Dall escondeu do seu comício na Sociedade Canarinhos: o deputado Federal Rogério Peninha Mendonça, o único parlamentar catarinense ausente na votação da cassação do mandato recomendada pelo Conselho de Ética da Câmara, de Eduardo Cunha, PMDB RJ. Transparência parece não ser a melhor qualidade do candidato. E nos dias de hoje é um pecado mortal para quem diz na imitação que quer mudanças ao que está ai. Perguntei neste final de semana ao Adilson se ele manteria o voto declarado. Ele me escreveu que só tem uma palavra. E ela já foi dada.

DE COSTAS PARA GASPAR?
Raimundo Colombo, PSD, é governador há seis anos. Quantas vezes ele veio aqui? Pode-se contar nos dedos de uma mão. Uma vez ele pousou aqui no quartel da Polícia Militar, numa emergência meteorológica. Nas outras vezes, veio na marra. Tudo palanque político para PT: uma para prometer a duplicação da BR 470, duas para lançar e inaugurar um trechinho do asfalto no Morro Serafim, que veio da verba estadual destinada a deputada petista e madrinha do PT de Gaspar, Ana Paula Lima. Colombo que mais parece prefeito de Lages, veio aqui no sábado ajudar o candidato do seu partido, o Marcelo de Souza Brick. Fez bem. Mas, um desânimo. Primeiro não veio ao Centro da cidade; não veio como um estadista reafirmar publicamente para o seu candidato que resolveria os problemas graves da cidade que precisam a participação do estado, muitos feitos com a distância do governador da cidade. Não falou com o povo. Uma caminhada patética. Sem emoção, sem a participação dos moradores por onde caminharam na Margem Esquerda, local escolhido para não atrapalhar a volta do governador a Florianópolis. Colombo, mais uma vez tratou Gaspar como grotão. E Marcelo aceitou. Por que não levou o governador ao Hospital para mostrar a realidade de lá? Por que lá está o PT. Por que não levou o governador na rua Pedrinho Schmitt onde tudo se enrola? Por que lá está a marca do PMDB. Por que não discutiu o Anel de Contorno ou as alças de acesso à Ponte do Vale? Por que esses são temas temas do PSDB. Tudo errado. Eles são temas da comunidade e que o Marcelo está prometendo resolver, ao menos no discurso. Teve oportunidade de reafirmar isso com gestos. Desperdiçou. E ai reclama da sorte. Acorda, Gaspar!

 

TRAPICHE

 

Esses políticos não se emendam. São intolerantes com as críticas e os críticos.

Marcelo de Souza Brick, PSD, mostrou que está lendo esta coluna e aprendendo. No debate de sábado fez questão de repassar a lição publicamente sobre diferença de “ao encontro de...” e “ de encontro de...”, que reportei em coluna anterior.

Aline Franzoi gastou todas as perguntas nas sabatinas anteriores. Foi generosa. Os candidatos ficaram felizes.

Jornalista deve esfolar nas perguntas. Quem responde é que deve estar preparado para convencer à plateia (ou os eleitores no caso de um debate) de que a pergunta estava inadequada, clarificando todos os pontos. Alguns preferem desqualificar os que perguntam. Por que? Porque exatamente não possuem as respostas.

As perguntas sem sal. Agora sei a razão pela qual as rádios de Gaspar não fazem perguntas decisivas aos políticos daqui e com poder decisão ou com discursos fantasiosos: perderam a embocadura, ou desaprenderam a fazê-las.

O atraso dos políticos dos dias de hoje. Todos os candidatos a prefeito em Gaspar tratam os empreendedores (capital, risco e inovação), como empresários. Se os candidatos ainda não avançaram nos conceitos, como vão governar se estão atrasados no olhar sobre o desenvolvimento empresarial organizado?

Outra. Todos os candidatos possuem planos mirabolantes para atrair empresas e empregos para Gaspar. Alguns não sabem do que estão falando. Para atrair é preciso antes a cidade dar condições como mobilidade, transporte público regular, creches, ensino público, saúde pública e não roubar os terrenos dos investidores.

Ora um investidor só é atraído se satisfeitas as condições de lucro, segurança jurídica e principalmente de estabilidade social para seus empregados, os que estão na base dessa pirâmide e faz o empreendimento ser viável. Não satisfeitas estas pré-condições, nada adiantará incentivos, benefecíos fiscais, impostos competitivos e diminuição da burocracia para apressar o tempo de abertura de uma empresa.

Pulga em cachorro magro. Tem candidatos a prefeito de Gaspar defendendo a implantação de um campus universitário na cidade. O futuro prefeito poderá até fazer gestão para isso. Pior que tem radialista que acha ser isto uma prioridade para Gaspar. Não é possível se aceitar que se use os pesados impostos de todos para isso, recursos que estão faltando para outras prioridades e necessidades.

Numa cidade ondem faltam mais de 700 vagas em creches, que falta contra turno escolar para permitir a inclusão mínima, ou período integral para ampliar gestos de conhecimento, ou seja, a formação de base, a que o município está obrigado por lei, é inconcebível que um prefeito possa perder tempo e gastar o dinheiro dos gasparenses com ensino superior. Itajaí, Brusque, Blumenau e Indaial já se estabeleceram muito antes de Gaspar com investidores privados e ganham dinheiro com os impostos que esses estabelecimentos geram.

Antes de campus universitário por aqui é preciso gastar tempo e dinheiro dos gasparenses fazendo funcionar de verdade a policlínica e os postos de saúde, diminuir os contenciosos sociais, implantar o saneamento básico, olhar a cultura, o turismo, buscar soluções de mobilidade, solucionar os problemas de transporte coletivo, sanear e ter sob controle as contas públicas, promover a integração regional...

Outra. Esse assunto do Hospital de Gaspar é algo surreal. O PT mente descarada e reiteradamente na propaganda eleitoral de que foram os "outros" que fecharam e ele quem abriu o Hospital. Lovídio Carlos Bertoldi repete isso à exaustão. Sou testemunha de que não foi assim. Já escrevi várias vezes. Como o PT vive de narrativas...O único que pode fechar e abrir o Hospital é neste momento, o PT. E por que? Porque interviu lá. Antes, essa prerrogativa era o Conselho do Conselho que o PT sempre tentou aparelhar e comandar. Foi ele quem fechou o Hospítal para reformá-lo fisicamente com o dinheiro dos empresários. Nem mais, nem menos.

Mais. Tem candidato que vende o Hospital como sendo a sétima maravilha do século. Pior há gente que acredita nessa ilusão. O Hospital tem várias limitações. Ele é classificado de baixa complexidade. Para começar falta-lhe até uma UTI.

O Hospital só terá valor para si e os gasparenses quando estiver num contexto regional ou conhecer à sua vocação para uma especialidade. E isso só irá adiante com o fim das briguinhas políticas e com um administrador de reconhecida qualidade técnica, com pulso firme. Ele é quem buscará e amadurecerá (porque vai levar tempo e muito dinheiro) esse contexto regional ou a especialidade.

Questionado por Marcelo de Souza Brick, PSD, Kleber Edson Wan Dall, PMDB, não negou. É possível que Kleber vá continuar a intervenção municipal no Hospital a exemplo do que faz hoje o PT. Só para lembrar: antes do PT meter a mão no Hospital e acusar todo mundo de roubar lá (mas não provou nada até hoje), era exatamente o grupo do PMDB que apoia Kleber que administrava o Hospital.

Discurso de efeito ou demagogia barata? No debate promovido do sábado passado, o candidato a prefeito de Gaspar, Marcelo de Souza Brick, PSD, disse que estava vestido com as cores da bandeira de Gaspar: amarelo e branco. Quem estava lá, ou o assistia pela internet, ou olha as fotos, não viu nenhuma dessas cores nele. Daltônico ou ilusionista?

Perguntado durante o debate pelo editor e proprietário do jornal Cruzeiro do Vale, Gilberto Schmitt,o que fará diante do caos que virá a acontecer com o fim do contrato do transporte coletivo em Gaspar no dia quatro de outubro, o candidato do PSD, Marcelo de Souza Brick, surpreendido com uma pergunta de uma realidade, preferiu “viajar”.

Marcelo não disse nada sobre como vai resolver esse assunto gravíssimo e que atinge os trabalhadores, idosos e estudantes. Tirou do colete o discurso de sempre, do tal projeto de 30 anos, apesar dele ser candidato para quatro. Falou sobre o tal VLT - Veículo Leve sobre Trilhos -, interligação com o aeroporto, etc. Meu Deus! Depois sou eu o crítico. Eu sou é medianamente esclarecido e vacinado nessas enrolações. Só isso.

Sobre a melhoria do transporte coletivo de Gaspar, objeto da pergunta, enrolou. Ou seja, quando algo da sai fantasia daquele "planejamento" que sempre fala às plateias que nem sabe o que a palavra significa e vem para a realidade, as soluções concretas não aparecem. Alguém precisa avisar o candidato Marcelo enquanto é tempo, que isso vai levá-lo ao descrédito, apesar do pouco tempo restante de campanha.

Kleber Edson Wan Dall, PMDB, foi provocado várias vezes por Lovídio Carlos Bertoldi, PT. A intenção do petista foi provar que por detrás do papel de bom moço, há coisas que não se explicam. Uma delas é o de que ele está pendurado num emprego comissionado do governo do Estado, em Blumenau, de R$11 mil por mês. “o que você trouxe para Gaspar?” Kleber respondeu que estava cuidando das aposentadorias dos servidores estaduais da região. Sobre o que fez por Gaspar a partir de lá, nada disse.

Andreia, professora, foi direta e quase levou a nocaute Marcelo de Souza Brick, PSD, na sua principal proposta política e que foge exatamente daquele "planejamento" de 30 anos.: a de dar creche sete dias por semana durante 12 meses aos gasparenses. Ela perguntou o básico: se ele conhecia o orçamento, se ele sabia quantos estavam matriculados, quanto custava o que é atendido hoje, qual era o déficit, se ele já tinha feito as contas da sua proposta e de onde viriam os recursos para implementá-la?

Refeito do susto. Marcelo fez um discurso político e desconexo. Resumindo não trabalhou nenhum número, não respondeu o quanto estimou e não disse de onde virão os recursos. Na tréplica, Andreia afirmou que a proposta dele é irresponsável e demagógica para gente humilde e desinformada. Marcelo, fez que não era com ele. Discursou mais um pouco.

Mais outra das palavras ao léo para analfabetos, ignorantes e desinformados. Andréia quis saber de Kleber Edson Wan Dall, PMDB, se ele calculou e de onde virão os recursos para as inúmeras obras que prometeu no seu plano de governo que registrou na Justiça.

Quanto ao montante de dinheiro para tudo que promete, parece que Kleber ainda não calculou, pois não respondeu a Andreia. Irritado, Kleber explicou que os recursos virão das portas que abrirá no governo do estado com o vice-governador Eduardo Pinho Moreira, com os deputados estaduais Aldo Schneider e Dirce Heidscheiter, bem como na União, com os deputados federais Mauro Mariani e Rogério Peninha Mendonça. Ai, ai, ai.

Incrível esta é a mesma letra da música cantada pelo PT durante oito anos, que não deu certo e que o PMDB acertadamente combate. O PT sempre jurou que precisava ser eleito para trazer as verbas de Brasília pois detinha as "chaves" dos cofres com os ex-presidentes Luiz Inácio Lula da Silva, Dilma Vana Rousseff, o deputado Décio Neri de Lima e a gasparense honorária Ideli Salvatti. A realidade dessa história manjada, todos conhecem por aqui.

Andreia retrucou neste assunto de que o seu plano de governo foi baseado nos recursos disponíveis e segundo ela, não fantasiou nada. É preciso conferir. Nenhum candidato a contraditou nesse quesito. Então...

Três passagens reveladoras do debate. A primeira quando Lovídio Carlos Bertoldi, PT, reclamou de Marcelo de Souza Brick, PSD, de que o governo do estado esteve e está ausente das suas obrigações para com Gaspar. Ao que Marcelo tributou isso à falta de capacidade de diálogo e iniciativa do PT e principalmente do prefeito Pedro Celso Zucki. Os dois - Lovídio e Marcelo - estão com a razão.

A segunda, quando Lovídio Carlos Bertoldi, PT, aponta para Marcelo de Souza Brick, PSD, o que ele considera empreguismo pelo governo de Raimundo Colombo, de Kleber Edson Wan Dall, PMDB, na Agência de Desenvolvimento Regional, enquanto falta o repasse para o Hospital e dinheiro para o transporte dos estudantes. Bobagem. É o roto falando esfrangalhado. Os três - Lovídio, Kleber e Marcelo - precisam mudar.

A terceira é quando questionado sobre ese mesmo assunto e não entrando no mérito de uma saia justa, Marcelo de Souza Brick, PSD, diz que se eleito vai bater na mesa do governador para trazer recursos para Gaspar. Cuidado! O último prefeito que fez isso, o Adilson Luiz Schmitt, então no PMDB, com o falecido Luiz Henrique da Silveira, PMDB, de quem se dizia próximo e amigo, deu tudo errado. E quem sofreu? Gaspar e os gasparenses.

Agora é definitivo: o líder comunitário do Sertão Verde, José Carlos Junkes, o Zecão, desistiu de ser candidato a vereador. Ele tinha sido barrado pelo instituto da Ficha Limpa, devido a falta de prestação de contas completa de uma verba social que recebeu do governo do Estado para uma entidade comunitária que dirigia. O pedido de impugnação tinha sido feito pelo promotor eleitoral Marcelo Sebastião Netto de Campos.

Luiz Carlos Spengler Filho, PP, foi o único vice que faltou ao debate. Tinha uma agenda paralela, justificou o titular, Kleber Edson Wan Dall, PMDB, numa das respostas durante o debate.

Os quatro candidatos estavam bem alinhados e trajados para o debate. Os candidatos homens, todos de gravata.

Em relação as ditas sabatinas anteriores e para quem as acompanhou, nesse único debate com os candidatos, houve uma imensa melhoria no desempenho de comunicação de Lovídio Carlos Bertoldi, PT, e de Marcelo de Souza Brick, PSD. O que faz um “media trainning”!

Andreia Symone Zimmermann Nagel, PSDB, tem uma boa noção devido o emprego metodológico da didática que usa como professora. Kleber Edson Wan Dall, PMDB, amadureceu muito tanto pela orientação profissional específíca, mas porque já foi vereador, experimentou uma campanha a prefeito e se desenvolveu num programa de rádio que fez para se sustentar como pré-candidato.

Por que esconder o parceiro? Os demais candidatos quando poderam, enfatizaram quem são seus parceiros de coligação. Marcelo de Souza Brick, PSD, é o úncio que escondeu que o Partido Comunista do Brasil – que esteve sete anos com Pedro Celso Zuchi, PT - é seu parceiro de jornada nesta disputa.

Louva-se a organização do Cruzeiro do Vale, da Rádio Sentinela do Vale, e da TV Gaspar, bem como a competente, responsável e isenta condução do debate pelo professor e jornalista Sandro Galarça.

A escolha do local, o auditório da CDL, sem torcedores, foi outra inovação que contribuiu muito para a qualidade do debate. Os torcedores simpatizantes e partidários ficaram do lado de fora e deram outro espetáculo de civilidade.

Os velhos caciques, com as velhas práticas estão sendo derrotados pela transparência e as mídias sociais, as quais eles não controlam, não conseguem censura-las, como ainda insistem em controlar e censurar os meios de comunicações tradicionais. Este é um passado que não volta mais.

O PMDB acusa o PT de “jogar sujo”. O PT diz que é o PMDB faz isso. E cita à ida da coligação a Florianópolis para mexer os pauzinhos e lá desenterrar um processo do século passado, contra o médico Odilon Áscoli, PR, vice de Lovídio Carlos Bertoldi.

Meio sem jeito, Kleber Edson Wan Dall, PMDB, negou a acusação, contudo isso não ficou muito claro. Pois do nada, sem ter sido citado, disse que o seu vice, o Luiz Carlos Spengler Filho, era incapaz de fazer isso. Hã?.

Lovídio Carlos Bertoldi, PT, não explicou qual o plano secreto que ele e o seu vice, o médico Odilon Áscoli, possui para o Hospital de Gaspar. E ninguém ficou curioso em descobri-lo. Incrível.

Precisa explicar melhor o que quis dizer. Ao responder a candidata Andreia Symone Zimmermann Nagel, PSDB, de como arrumaria tantos recursos para as suas muitas promessas de obras caso fosse eleito, Kleber Edson Wan Dall, PMDB, ficou visivelmente incomodado e disse que “se for prefeito para apenas cumprir aquilo que a lei permite, não adianta”. Gaspar vai ser mais outro prefeito fora da lei?

Mal informado. Durante o debate, lá pelas tantas, cobrado pela falta de investimentos do governo do estado em Gaspar, Marcelo de Souza Brick, PSD, fez uma defesa enfática de Raimundo Colombo, PSD. “É um governo que está com as contas em dia. Não atrasa o pagamento dos funcionários enquanto os outros estados estão com problemas financeiros e estão atrasando os salários”.

Errado. Raimundo Colombo foi o governador catarinense que mais endividou o estado. Inchou a máquina, concedeu reajustes sem olhar as consequências. Tanto endividou e sem condições de hornar os contratos, ele foi ao Supremo Tribunal Federal com uma tese manca e hilária: a de pagar juros simples naquilo que devia com juros compostos, enquanto cobrava dos devedores do estado tudo com juros compostos. Contabilidade criativa ou estelionato?

A realidade. O que faz o governo do estado estar minimamente “equilibrado”? É a moratória que o governo Federal pactuou temporariamente com os estados. Entretanto, o governo de Michel Temer, PMDB, está – e acertadamente - tentando enquadrar todos para um dia quitar tal gastança sem fim, bem como se estabelecer na responsabilidade fiscal. Ontem mesmo, discutindo esse assunto, o ministro chefe da Casa Civil, Eliseu Padilha, PMDB, afirmou que os governadores precisam desinchar a máquina empreguista e demitir os apadrinhados políticos.

Tudo isso vai ser cobrado. Não será pago no governo de Colombo, mas em outros. Assim é fácil fazer discursos. E quem vai dar o dinheiro para cobrir os rombos do governo estadual? Serão todos os catarinenses com os seus pesados impostos. Nem mais, nem menos. Esses políticos não se emendam quando falam aos analfabetos, ignorantes, desinformados, calados e fanáticos.

Ilhota em chamas. Em tempo de restrições de gastos de campanha eleitoral, o PMDB de Ilhota está promovendo carretas volumosas para seus candidatos. Em Gaspar, isto está restrito a vereadores onde as limitações de despesas pela Jusitça Eleitoral são bem maiores. Isso pode dar errado.

Ilhota em chamas. Uma pesquisa do Instituto Tendência, registrada publicada neste final no jornal “Diarinho”, de Itajaí, mostrou o que se sabia nos bastidores. O PSD de Daniel Christian Bosi – que desistiu da reeleição – não alavanca o seu candidato Keka, do PP. Dida, PMDB, na estimulada, bate de 57% a 25%.

Ilhota em chamas. Isto explica, a razão pela qual o candidato do PSD de Gaspar , Marcelo de Souza Brick, esconde o fato de ser parceiro de Ilhota, e de um dos seus coordenadores de campanha, Fernando Neves,  ter sido coordenador e secretário lá. Em Florianópolis, o PSD com César Souza Júnior é o mesmo desastre. Agora os exemplos vêm de Rio do Sul, e que ninguém nunca ouviu falar aqui.

Nada como uma campanha eleitoral. Questionado, o canditado do PT, Lovídio Carlos Bertoldi, disse que vai dar atenção e até construir uma casa de passagem para o andarilhos e mendigos que há quase oito anos pousam na entrada principal da prefeitura de Gaspar. E apertado, Lovídio disse que isso é de foro pessoal e por ter sido ele e seu vice, seminaristas.

Duas. No colegiado Lovídio não conseguiu sensibilizar o partido e padrinho da sua campanha, o "prefeito Celso" a ter compaixão neste assunto durante anos. Mais, a secretária que cuida deste assunto em Gaspar, é Maristela Cizeski. Ela sempre foi da pastoral da criança. Ou seja, a religião católica nunca teve influência na solução desse assunto humanitário.

Intrusos. Numa sabatina dos empresários, o PT colocou em local privilegiado como um representante das entidades, o advogado do partido, Rodrigo Fontes Schramm. No debate de sábado quem orientou o candidato Lovídio Carlos Bertoldi, foi o coordenador das campanhas de Pedro Celso Zuchi, Doraci Vanz. Mas, ele não é candidato a vereador?

Finalmente uma conclusão necessária. Gaspar precisa de campanha a prefeito todos os anos. Outra. Gaspar precisa mais debates públicos entre os candidatos. Menos censura e mais transparência. Acorda, Gaspar!

 

Edição 1768

Comentários

Pedro
22/09/2016 19:15
O bicho tá pegando.
Será por que que o Adilson Schmitt foi visto fazendo campanha para o Marcelo Brick??? Não é ele o último grande reforço do PMDB....??
Pedro
22/09/2016 18:21
Conta rápida

Você Herculano,disse nesta coluna muitas vezes que Kleber está empregado num cabide na secretaria regional. Lemos também que com um salário em torno de R$11.000,00( onze mil reais por mês. Este valor vezes treze meses e vezes quatro anos, temos um valor de R$ 572.000,00.
O hospital diz que o governador não repassa os R$11.000,00 mensais. Posso dizer então que o dinheiro do hospital o governador está passando para o Kleber. E a pergunta é: se o Kleber ganhar, vai devolver odinheiro do hospital? Já que ele passou quatro anos se preparando para governar Gaspar...????
o
Herculano
22/09/2016 18:05
COLUNA INÉDITA JÁ ESTÁ PRONTA

A coluna inédita Olhando a Maré e especialmente feita para a edição impressa do jornal Cruzeiro do Vale, já está pronta e editada. Daqui a pouco ela estará sendo impressa para chegar à leitura dos assinantes do jornal.

O gasparense vota em pesquisa ou em candidatos, partidos, propostas, caráter, capacidade? Pelo jeito, os políticos antigos e matreiros ainda acham que os eleitores continuam antigos e seduzidos por pesquisas: votariam em que está na frente e não no mais capaz. Este é um dos assuntos que trato na coluna;
Herculano
22/09/2016 12:47
MORO REVOGA PRISÃO DE CUIDO MANTEGA NA LAVA JATO,

Conteúdo do Uol (Folha de S. Paulo)Horas depois da prisão do ex-ministro da Fazenda Guido Mantega (PT) na manhã desta quinta-feira (22) pela PF (Polícia Federal) durante a 34ª fase da Operação Lava Jato, o juiz Sergio Moro revogou o pedido de prisão.

Em seu despacho, Moro diz considerar que Mantega não oferece riscos para a "colheita das provas" procuradas pela Operação e também considerou o fato de que Mantega acompanhava sua mulher que sofre de câncer e estava no hospital Albert Einstein, em São Paulo, onde ela seria submetida a uma cirurgia. Mantega foi preso pela PF na saída do hospital. "Considerando os fatos de que as buscas nos endereços dos investigados já se iniciaram e que o ex-Ministro acompanhava o cônjuge no hospital e, se liberado, deve assim continuar, reputo, no momento, esvaziados os riscos de interferência da colheita das provas nesse momento", disse Moro em seu despacho.

Mantega estava em um hospital no momento da detenção e foi alvo de um mandado de prisão temporária assinado por Moro.

Segundo as investigações, em 2012, o então ministro Mantega atuou diretamente junto ao empresário Eike Batista, à época dono da empresa OSX que havia sido contratada pela Petrobras, para negociar o repasse de recursos para pagamentos de dívidas de campanha de partidos políticos aliados do governo relativas às eleições de 2010. Em depoimento, Eike declarou que recebeu pedido do ex-ministro para que fizesse um pagamento de R$ 5 milhões para o PT.

Mantega comandou o ministério entre 2006 e 2014, nos governos dos ex-presidentes Luiz Inácio Lula da Silva e Dilma Rousseff. Ele também foi presidente do Conselho de Administração da Petrobras. A prisão temporária é decretada em casos específicos e prorrogável por igual período caso comprovada sua necessidade
Herculano
22/09/2016 12:45
LAVA JATO VÊ DESVIOS DO PETROLÃO COMO CORRUPÇÃO, NÃO COMO CAIXA 2 ELEITORAL, por Josias de Souza

Ainda que fosse bem sucedida, a tentativa da oligarquia partidária da Câmara de anistiar o caixa dois teria pouco ou nenhum efeito no caso do petrolão. Para a força-tarefa da Lava Jato, o escândalo atual é comparável, nesse particular, ao do mensalão. Também naquele caso, parte dos acusados alegou que o dinheiro sujo era mero caixa dois. Mas o Supremo Tribunal Federal condenou-os por crimes como corrupção ativa e passiva, lavagem de dinheiro e até peculato.

A Lava Jato detectou uma sofisticação dos criminosos: um pedaço da verba roubada da Petrobras e de outros guichês do Estado foi convertido em doações de aparência legal. Mas o Ministério Público Federal e o juiz Sérgio Moro logo farejaram a esperteza. Em ofícios remetidos ao Tribunal Superior Eleitoral, Moro alertou para a anomalia. Num deles, de fevereiro, o juiz enviou provas requisitadas pela Justiça Eleitoral. E anotou que ficou ''comprovado o direcionamento de propinas acertadas no esquema criminoso da Petrobras para doações eleitorais registradas.'' Em português claro: os criminosos transformaram a Justiça Eleitoral em lavanderia de verbas malcheirosas.

No mês passado, ao mandar soltar o marqueteiro João Santana e sua mulher Mônica Moura, Sérgio Moro usou termos duros para criticar a naturalidade com que o casal do marketing das campanhas petistas alegou que o dinheiro entesourado numa conta secreta na Suíça viera do caixa dois do comitê Dilma-2010. "É trapaça que não pode ser subestimada'', anotou o juiz, antes de ''censurar em ambos ?"marido e mulher?" a naturalidade e a desfaçatez com as quais receberam, como eles mesmo admitem, recursos não contabilizados. [?] O álibi 'todos assim fazem' não é provavelmente verdadeiro e ainda que o fosse não elimina a responsabilidade individual.'' Moro acrescentou: ''Se um ladrão de bancos afirma ao juiz como álibi que outros também roubam bancos, isso não faz qualquer diferença em relação a sua culpa.''

As palavras do juiz da Lava Jato são comparáveis a expressões usadas pela ministra Cármen Lúcia, hoje presidente do Supremo Tribunal Federal, no julgamento que condenou o ex-tesoureiro petista Delúblio Soares no mensalão: "Acho estranho e muito grave que alguém diga, com toda tranquilidade, que 'ora, houve caixa dois' na tribuna do tribunal supremo do país como se fosse algo banal, tranquilo, que se afirma com singeleza. Caixa dois é crime; caixa dois é uma agressão à sociedade brasileira; caixa dois compromete, mesmo que tivesse sido isso, ou só isso; e isso não é só; e isso não é pouco!"

Deve-se a tentativa de empurrar a Lava Jato para o caldeirão do caixa dois a uma deficiência da legislação. Não há nenhuma dúvida de que a caixa paralela constitui um delito eleitoral. É um tipo de abuso do poder econômico que sujeita o autor a penas como a perda do mandato e à inelegilidade. Mas há, sim, uma controvérsia quanto à possibilidade de enquadrar o caixa dois como um delito criminal.

Um ministro do TSE explicou ao blog que há nos arquivos do tribunal decisões que se guiaram por duas correntes divergentes. Numa, o caixa dois é considerado um delito atípico do ponto de vista criminal. Quer dizer: não haveria uma lei tipificando o crime. O que impediria a imposição de sanções criminais aos adeptos da prática.

Noutra corrente, os julgadores criminalizam o caixa dois escorando-se no artigo 350 do Código Eleitoral. Esse artigo anota que é crime "omitir, em documento público ou particular, declaração que dele devia constar, ou nele inserir ou fazer inserir declaração falsa ou diversa da que devia ser escrita, para fins eleitorais". Assim, a omissão de valores na prestação de contas dos candidatos à Justiça Eleitoral seria passível de punição também na esfera criminal, não apenas na eleitoral. Hoje, a pena máxima prevista é de 5 anos de cadeia, mais multa.

Foi em função dessa controvérsia que os procuradores da Lava Jato incluíram no item 8 do pacote de dez medidas anticorrupção a ideia de aprovar uma lei que deixe mais clara, acima de qualquer dúvida, a criminalização do caixa dois. Os barões da Câmara aproveitam para esgrimir a tese segundo a qual a aprovação da lei requerida pela Procuradoria passaria uma borracha sobre todo o caixa dois praticado antes da aprovação do projeto, já que nenhuma lei pode ser aplicada retroativamente.

Escondem-se atrás da articulação da anistia para o caixa dois líderes de pelo menos seis partidos: PSDB, DEM, PMDB, PT, PP e PR. A exemplo de João Santana, todos afirmam que a prática é generalizada. Ao justificar o próprio caixa dois invocando a existência de outras caixas, visam não a moralização, mas a perpetuação da imoralidade.

Os partidos de oposição juntaram-se à caravana porque vem aí a delação premiada dos ex-executivos da Odebrecht. Estima-se que, se forem homologados, os depoimentos pendurarão de ponta-cabeça nas manchetes os nomes de mais de uma centena de políticos beneficiários de repasses da empreiteira que ajudou a assaltar a Petrobras. Entre eles luminares tucanos.

O tucanato avalia que a anistia do caixa dois lhe convém porque seus líderes irão sustentar que, nos seus casos, os repasses não podem ser classificados como propina ou corrupção. Por quê? Como fazia oposição aos governos de Lula e Dilma, o PSDB não dispunha de poder para proporcionar negócios aos doadores. Assim, o crime seria ''apenas'' o caixa dois, não corrupção e lavagem de dinheiro. Resta saber se vai colar.
Herculano
22/09/2016 12:42
QUANTO VALE A CONSTITUIÇÃO?, por Carlos Alberto Sardenberg, para o jornal O Globo

Não faz sentido o Estado ficar sem dinheiro para vacinas e pagar cirurgia no Hospital Johns Hopkins, por ordem judicial

O Supremo Tribunal Federal está para decidir se o Estado tem a obrigação de fornecer medicamentos não oferecidos pelo SUS, não importa o preço nem se é importado. Na verdade, a discussão é mais ampla: trata-se de saber se o Estado tem condições de cumprir a Constituição na prestação de saúde.

É de crucial importância. Por isso, volto ao tema já tratado aqui. Começa assim: pela Constituição, todo brasileiro tem direito de ser atendido de graça nos hospitais, ambulatórios e emergências do Sistema Único de Saúde, quaisquer que sejam sua doença, crônica ou aguda, simples ou grave; sua idade; sua renda; sua situação social e econômica (empregado, desempregado, patrão, rico ou pobre); e seu status civil (em liberdade, preso, em dia ou não com as Receitas).

A realidade e o simples bom senso dizem que não existe a menor possibilidade de se entregar essa proteção. Nunca haverá dinheiro para isso. Nem o Estado será capaz de montar um sistema eficiente desse tamanho e alcance.

A solução, praticada em diversos países com bom sistema de saúde pública, exige seleção e lista.

A seleção em quatro níveis: pessoas que serão sempre atendidas no SUS; as que serão atendidas prioritariamente; aquelas que serão recebidas no SUS apenas se tiver vaga sobrando; e, finalmente, as pessoas que não têm esse direito, a menos que paguem a preços de mercado. A regra, claro, vai do mais pobre ao mais rico.

A lista será de medicamentos e procedimentos. Uma primeira grande divisão: o que será de graça e o que será pago. Não faz sentido o Estado ficar sem dinheiro para vacinas enquanto paga uma cirurgia cardíaca no Hospital Johns Hopkins, isso por ordem judicial.

Ou comprar remédios não disponíveis na rede pública ou mesmo no país. A advogada-geral da União, Grace Mendonça, diz que a União gasta R$ 1 bilhão/ano com o fornecimento dos 20 medicamentos mais caros obtidos pelos cidadãos por via judicial.

Essas sentenças se baseiam na regra tão exaltada: a saúde é direito de todos e dever do Estado. Muitos entendem que o governo só tem a obrigação de prestar esse atendimento no SUS. Mas há juízes que pensam e decidem diferente: se o tratamento (ou o remédio) não está disponível no Sistema Único, deve ser prestado onde for possível, tudo por conta do Erário.

É o que o STF está por decidir.

Pela lógica econômica e social, as regras deveriam ser claras. Por exemplo, para os medicamentos: os básicos seriam de graça; os intermediários, com preço subsidiado; os demais, preço de mercado.

É preciso ainda especificar quais procedimentos o SUS faz e quais não vai fazer. E assim chegamos ao ponto mais dramático desta história. Em diversos países com bom sistema de proteção social, existem regras assim: pacientes idosos, com, por exemplo, um AVC grave, de baixo prognóstico, não vão para UTI. Leitores me desculpem, mas o argumento é clássico: a relação custo/benefício é desfavorável.

Sim, posso ouvir a indignação. Dirão que esse comentário prova a brutalidade do sistema de seleção e listas. E a vantagem moral do atendimento universal.

Falso. A seleção é praticada diariamente aqui no Brasil. A emergência tem quatro casos graves e só tem uma vaga na UTI. Quem decide? O plantonista, em geral um residente.

Além de errado, é ainda desumano colocar essa responsabilidade médica e ética nas mãos de rapazes e moças na casa dos 25 anos.

Seleção e listas elaboradas com critérios médicos, sociais e econômicos seriam infinitamente mais justas e eficientes.

Outra seleção, especialmente pelo interior do país, é feita por compadrio e política. Por que muitos políticos gostam de nomear diretores de hospitais, um cargo tão difícil? Porque gastam dinheiro e podem escolher os que serão atendidos na frente.

E há uma última e definitiva seleção, ou restrição de atendimento, essa ocorrida na crise do Rio, por exemplo. Hospitais simplesmente fecharam as portas, não entra ninguém. As farmácias declaram que não têm mais remédios ?" e pronto.

Cadê a Constituição?

Resumo geral: a Constituição promete o que o Estado não pode entregar. É preciso mudar a Carta para que os governos possam atender bem aqueles que precisam e não podem pagar. E abrir espaço, amplo espaço e facilidades, para a chamada Saúde Complementar ?" a privada, aquela dos planos e seguros de saúde e dos hospitais particulares ?" que se tornou mais que essencial.

Os governos Lula e Dilma impuseram regras e limitações a essa Saúde Complementar, muito além do que seria uma regulação correta. Também é mais que um desvio antiprivatizante. É uma reação tipo consciência culpada. Os 45 milhões de brasileiros que pagam planos e seguros privados estão gritando que o SUS é um falso universal. Estão mostrando a incapacidade dos governos de colocá-lo de pé.

Em vez de tentar reorganizar o SUS, com uma reforma na Constituição, admitindo as limitações, essa gente resolve pressionar o sistema privado. Nem conserta um e ainda estraga o outro.
Herculano
22/09/2016 12:39
JOVENS ASSASSINOS: MAÇãS PODRES OU "VÍTIMAS DE UMA INFÂNCIA INFELIZ? por Contardo Caliligares

Na avenida Nossa Senhora de Copacabana, no Rio, o fim de tarde de quarta-feira, dia 14, não foi nada insólito.

Desde o começo da Olimpíada, na hora em que as pessoas saem da praia e se dirigem às paradas de ônibus, bandos de adolescentes praticam arrastões. Talvez os moleques não queiram tanto roubar (celular à parte, ninguém leva nada para a praia) quanto apavorar, suscitar gritos e correria.

No dia 14, então, 92 jovens foram detidos ?"82 eram menores, 78 adolescentes e quatro crianças.

Segundo a reportagem do UOL (http://migre.me/v11ot), os adultos foram presos, as crianças foram para um abrigo da prefeitura, e os adolescentes receberam "apoio dos profissionais da Secretaria de Desenvolvimento Social". Paira no ar uma certa vontade de distribuir safanões ?"e não "assistência".

Graças ao artigo de Patrick R. Keefe na revista "The New Yorker" de 12 de setembro, li o livro-reportagem de Dan Slater: "Wolf Boys: Two American Teenagers and Mexico's Most Dangerous Drug Cartel" (meninos-lobos: dois adolescentes americanos e o cartel mais perigoso do México). Slater reconstrói a história de dois adolescentes do Texas (fronteira com o México) que se tornaram sicários no narcotráfico mexicano, assassinando dezenas de pessoas com requintes de crueldade. Julgados como adultos (possível nos EUA a partir dos 13 anos), ele foram condenados à prisão perpétua sem redução de pena.

Slater se pergunta se os dois jovens deveriam ser considerados como criminosos ou como "vítimas" (do cartel mexicano).

Nessa direção, Keefe, no artigo da "New Yorker", nota que, em geral, as crianças-soldados das guerras no continente africano nos parecem não ter culpa: eles foram arrancados das suas famílias pelos senhores da guerra. Em compensação, somos menos clementes com nossos adolescentes criminosos.

Keefe propõe uma explicação: quanto mais as vítimas dos adolescentes se parecem conosco, tanto mais tendemos a considerar que os jovens criminosos são maçãs podres e, de uma maneira ou de outra, responsáveis por sua podridão.

Ishmael Beah, ex-criança-soldado leonesa, autor de "Muito Longe de Casa" (Companhia de Bolso), esteve na Flip de 2007. Ao conhecê-lo, era impossível não apostar que, por horrorosa e sanguinária que seja a infância de alguém, sempre existe uma chance de redenção.

Mas volto ao livro de Slater: lendo as conversas do autor com Cardona (o jovem texano que mais se deixou entrevistar), a sensação é outra. O adolescente não fugiu da fome nem foi arrancado de seu lar à força: enveredou-se pelo crime por causa da grana, das minas, dos carros e das roupas.

Para salvar Cardona, vamos fazer o quê? Acusar o "imediatismo" materialista de nossa cultura? Problema: há milhões de adolescentes que gostam de minas, carros, grana e roupas e não se tornam assassinos.

Alguém dirá que os outros adolescentes apostam no esforço e no trabalho, enquanto Cardona escolhe a facilidade. Mas fazer carreira no crime, como sicário, é mesmo uma "facilidade"?

O advogado de Cardona pediu uma pena menos drástica com estas palavras: "Não sou Freud. Estou convencido de que Freud se divertiria à beça aqui. Não sei qual foi a motivação dele [de Cardona]. Não sabemos o que o leva a agir. Ninguém parece mesmo se importar com isso".

Os dois adolescentes do Texas desejavam coisas que muitos ou todos desejam. Só que fizeram isso sem freio moral, sem empatia, sem compaixão pelas suas vítimas e, ainda, se vangloriando de sua própria crueldade. Freud e um eventual colega sociólogo (marxista ou não) talvez encontrassem explicações ("desculpas"?) na suposta injustiça social ou na neurose familiar. Mas dificilmente eles conseguiriam eliminar a ideia de que os jovens texanos eram, simplesmente, ruins.

Essa ideia lhe inspira horror? Será então que você acredita que todos seríamos naturalmente bons, à condição de não sermos estragados por alguns percalços violentos de nossa infância?

Sabemos descrever bem o que é uma personalidade antissocial (desinteresse pelos outros, mentira persistente, impulsividade, agressividade, falta de remorso etc. ?"tudo isso, às vezes, junto com hiperatividade, drogas, depressão). Suspeitamos de componentes genéticas e causas ambientais e psíquicas (desamparo, desafeto familiar, violências sofridas).

Mas duvido que a gente chegue um dia a explicar a história de um Cardona sem recorrer à hipótese da maçã podre.
Mariazinha Beata
22/09/2016 12:37
Seu Herculano:

Às 07:28hs - Cláudio Humberto

Segundo Vigilância Sanitária, é obrigação vaca usar brinco.
Bye, bye!
Sidnei Luis Reinert
22/09/2016 12:26
...dinheiro roubado da PETR4.

Dilma se elegeu em 2010 com propina de Eike

Brasil 22.09.16 11:04
Eike Batista contou que foi achacado por Guido Mantega numa de suas viagens a Brasília:

"Aconteceu precisamente no dia 1º de novembro de 2012, no Gabinete do Ministro Mantega, houve um pedido para que eu contribuísse para campanha, para é (?), despesas, porque a campanha já tinha passado, despesas para campanha".

E também:

"Guido Mantega, exato. E aí foi me feito o pedido de contribuir para contas da campanha, porque a campanha já tinha terminado, para acertar as contas no valor total de R$ 5 milhões. Eu não sei se foi em um dia ou na semana seguinte, a Mônica procurou a empresa, não diretamente a mim, porque eu não conheço ela, nunca sentei com ela, nem com o senhor João Santana?".
Agenor
22/09/2016 10:38
Bom dia Herculano.Será divulgado aqui no jornal alguma pesquisa para prefeito semana que vem?
Como sempre acredito que fizeram, pesquisa séria e real.

Abraço
Daniel
22/09/2016 10:33
não olhe para as pesquisas..olhe para o seu candidato..se Gaspar continuar com essa velha miopia de aguardar pesquisa pra saber em quem vota, vai rodar mais uma vez...depois não adianta chorar..
Herculano
22/09/2016 08:10
GUERRA DAS PESQUISAS

Depois do registro na Justiça Eleitoral para fazer pesquisa por aqui da Axiona, um escritório de Ituporanga especializado em arrumar relatórios das situações cadastrais de empresas, para outros escritórios, estão circulando no Whattsapp, sem origem, outras pesquisas, tudo para confundir o eleitor e alavancar candidato em queda.
Herculano
22/09/2016 08:07
ADILSON DE FÉRIAS E FAZENDO CAMPANHA

O ex-prefeito de Gaspar, Adilson Luiz Schmitt, sem partido, está de férias do emprego público em Florianópolis. Ele está em Gaspar fazendo campanha.
Herculano
22/09/2016 08:05
ODEIO VOCÊ, por Demetrio Magnoli,sociólogo, para o jornal O Globo

No século XXI, a esquerda brasileira ainda cultua a figura do caudilho latino-americano


No Citibank Hall, em São Paulo, Caetano e Gil conduziram a plateia numa versão de "Odeio você" que se completava com "Temer". Há motivos para a indignação contra um governo recheado das velhas figuras do PMDB, assentado no chamado "Centrão" e salpicado pela gosma de preconceito dos pregadores-negociantes. Contudo, os dois músicos e seu público não apenas rejeitavam o presidente adventício como também se solidarizavam com a dissolvida ordem lulo-dilmista. O evento, um entre tantos que envolvem intelectuais e artistas, evidencia a eficácia da narrativa do "golpe parlamentar". É mais uma volta no parafuso que prende a esquerda brasileira a lideranças e ideias regressivas. O fracasso não ensinou nada ?" e apagou as páginas de lições prévias.

Lula e Dilma, depois de tudo ?" é sério isso? Os heróis da esquerda são os compadres de Marcelo Odebrecht, os chefes dos gerentes-operadores da Petrobras, o óleo na engrenagem de um capitalismo de subsídios e sombrias negociatas. Na ordem lulo-dilmista, circulavam como aliados e associados os mesmos canalhas que rodeiam o atual governo. O que eles "odeiam" não é a presença perene dessa gente, mas a ausência de seus heróis sem nenhum caráter. O Temer que eles odeiam é a implicação necessária dos governos que eles amaram.

No campo político da esquerda, nada se aprendeu sobre uma política econômica amparada nas rendas extraordinárias do ciclo internacional da "globalização chinesa", que nunca gerou ganhos de produtividade e se concluiu numa depressão tão profunda quanto à do colapso cafeeiro. E nada se aprendeu sobre políticas sociais referenciadas em estímulos conjunturais ao consumo e transferências diretas de renda, que se esgotaram sem reformas de fundo. Enquanto ainda cantam as glórias petistas, eles escondem de si mesmos a permanência de uma educação pública em ruínas e as carências humilhantes dos serviços públicos de saúde. Eles gostam de cotas, não de direitos universais.

O que sobra de uma esquerda cega à desolação das nossas metrópoles cindidas em guetos sociais e, portanto, estruturalmente violentas? Por que eles amam tanto o retrógrado Minha Casa Minha Vida, um programa que ergue habitações populares distantes dos centros das cidades, reiterando um padrão secular de segregação espacial? Copa, Jogos Olímpicos, Porto Maravilha: a roda da fortuna da especulação imobiliária.

Numa mesa-redonda, Guilherme Boulos, o líder do MTST, inverteu a sequência temporal dos eventos para justificar a falência econômica da Venezuela chavista pelo colapso das cotações do petróleo. A caravana do "Odeio você" avança, de olhos vendados, rumo ao passado. Eles não reconhecem que, sob Hugo Chávez, somente se aprofundou a histórica dependência venezuelana das rendas petrolíferas, nem que a "revolução bolivariana" implodiu sob o peso de seus próprios erros, degenerando num regime autoritário, repressivo e impopular. No século XXI, a esquerda brasileira ainda cultua a figura do caudilho latino-americano.

Podemos ter nosso próprio Che? Wagner Moura, cuja inteligência política é inversamente proporcional a seu talento dramático, clama por recursos públicos para um filme sobre Marighella. Ele quer cercar seu personagem com a auréola do romance, ajudando a convertê-lo em marco de memória. A luta armada, o "foco revolucionário", ofereceu os pretextos ideais para a evolução da máquina repressiva, contribuindo involuntariamente com a sedimentação da ditadura militar. À luz da história, compreende-se o erro trágico dos militantes que se engajaram naquela aventura. Já a romantização da tragédia, tanto tempo depois, e na vigência das liberdades democráticas, deve ser classificada como o ato típico de um idiota.

Na Europa, as correntes principais da esquerda aprenderam com a experiência totalitária soviética o valor fundamental da democracia. Na América Latina, o percurso de aprendizado foi interrompido pela Revolução Cubana, com seu infindável cortejo de mitos. Cuba é o nome da caverna escura que aprisiona a esquerda brasileira. Um quarto de século atrás, o PT chegou a qualificar o regime castrista como uma ditadura indefensável. Hoje, celebra tanto o defunto "modelo socialista" cubano (isto é, o estatismo stalinista) quanto as reformas econômicas deflagradas por Raúl Castro (isto é, um sistema de mercado sem a contrapartida de direitos políticos e sindicais). Nesse pátio de folguedos do anacronismo ideológico, encontra-se com sua dissidência agrupada no PSOL.

"Odeio você, Cunha!". A performance da esquerda apoia-se num álibi primário. Eles dizem, com razão, que Eduardo Cunha está no DNA do governo Temer. Porém, obliteram o fato de que, sem a engrenagem da corrupção partidária institucionalizada sob o lulo-dilmismo, Cunha seria apenas mais um corrupto de terceira classe. O ódio caetaneado, um produto político seletivo, opera simultaneamente nos registros da memória e do esquecimento. Cunha é Temer ?" mas é também Lula e Dilma.

Nos idos de junho de 1968, interpretando "É proibido proibir", Caetano desafiou uma plateia que urrava contra as guitarras elétricas dos Mutantes, pateticamente identificadas ao "imperalismo americano". Hipnotizados pelo romance da esquerda latino-americana, os jovens odiavam tudo que não fosse Vandré. O Caetano de hoje representa a negação do Caetano original: no Citibank Hall, ele arrependeu-se de si mesmo, curvou-se às vaias do passado, escreveu o epílogo de uma biografia autorizada.

Pablo Milanés desempenhou, ao longo de décadas, o triste papel de trovador oficioso de Fidel Castro. Caetano faz uma melancólica imitação tardia, candidatando-se a trovador de Lula e Dilma. Ninguém deveria odiá-lo por esse motivo. No fim, sua performance reflete os fracassos e as frustrações de uma esquerda enclausurada na gruta de seus mitos. O "velhote inimigo que morreu ontem" está entre nós, bem vivo.
Herculano
22/09/2016 07:59
da série: esses políticos são mesmo velhacos: armam, roubos os nossos pesados impostos, e no escondidinhos armam o perdão para si mesmos, justificando que são melhores dos que os outros cidadãos.

CRIME SEM CASTIGO, por Bernardo Mello Franco, para o jornal Folha de S. Paulo

O ministro da Secretaria de Governo, Geddel Vieira Lima, que defendeu projeto de anistia ao caixa dois

Sobravam convicções, mas faltavam provas do aval do Planalto ao plano de anistiar a prática de caixa dois. Agora não faltam mais. O ministro Geddel Vieira Lima, articulador político do governo Temer, saiu em defesa do perdão a quem ocultou dinheiro de campanha.

O peemedebista disse ao jornal "O Globo" que a existência de projetos para tipificar o crime de caixa dois significa que a prática ainda não é ilegal. Por isso, argumentou ele, quem ocultou dinheiro da Justiça Eleitoral não deve ser punido.

"Anistia serve a quem cometeu um crime. No caso do caixa dois, se não tem crime, não tem anistia", afirmou o ministro. "Agora, quem foi beneficiado no passado, quando não era crime, não pode ser penalizado".

Especialistas em direito eleitoral apontam ao menos duas leis que já enquadram o financiamento ilegal de campanhas. O Código Eleitoral prevê pena de até cinco anos de prisão para quem "omitir" ou "inserir declaração falsa ou diversa da que devia ser escrita para fins eleitorais".

A lei de crimes contra o sistema financeiro proíbe "manter ou movimentar recurso ou valor paralelamente à contabilidade exigida". Neste caso, a pena é de um a cinco anos.

A procuradora Silvana Batini, professora da FGV no Rio, explica que o caixa dois sempre foi crime. "O problema é que temos um baixíssimo histórico de punição no Brasil", afirma. Ela diz que políticos e financiadores fazem um cálculo de custo e benefício antes de tapear a Justiça Eleitoral. "Como a chance de punição era baixa, o caixa dois sempre foi um bom negócio", conclui.

Se restar alguma dúvida no Planalto, recomenda-se ouvir a ministra Cármen Lúcia. Em 2012, ela enquadrou réus do mensalão que diziam que o escândalo era "só caixa dois". "Caixa dois é crime. Caixa dois é uma agressão à sociedade brasileira", afirmou. "E isso não é só, isso não é pouco". Para azar de quem discorda, a ministra acaba de assumir a presidência do Supremo
Herculano
22/09/2016 07:41
O EX-MINISTRO DA FAZENDA DE LULA E DILMA, GUIDO MANTEGA É PRESO EM SÃO PAULO NA OPERAÇÃO LAVA JATO

Agentes da Polícia Federal estão nas ruas, cumprindo mandados, desde a madrugada

Policias federais deflagraram a 34ª fase da Operação Lava Jato. O que se sabe é que um dos alvos é Guido Mantega, que foi ministro da Fazenda dos governos Lula e Dilma. Para lembrar: nas conversas com os procuradores com vistas à delação premiada, Marcelo Odebrecht, informou a Folha, teria afirmando que o ex-ministro e Luciano Coutinho, ex-presidente do BNDES, eram os responsáveis por cobrar doações para a campanha de Dilma em 2014. Também Mônica Moura, mulher do publicitário João Santana, acusou Mantega de fazer intermediação para o caixa dois de campanha.

Os agentes estiveram na casa do Ministro, mas não o encontraram. Ele estava no Hospital Albert Einstein, onde sua mulher passou por uma cirurgia. Os agentes foram lá e o levaram preso

Vem chumbo por aí
Herculano
22/09/2016 07:28
BRINCOS DE LUXO PODEM COMPLICAR DILMA, por Cláudio Humberto na coluna que publicou hoje.

A força-tarefa da Lava Jato trabalha com uma informação que pode complicar Dilma. Há registro de que, quando presidente, ela teria ganhado de presente, de um ex-ministro, um par de brincos Tiffany's, de Nova York, uma das grifes mais caras do mundo. Adquirido por US$ 75 mil, equivalem a mais de R$ 240 mil. O problema é que a legislação proíbe o servidor público de receber presente de qualquer tipo ou valor.

PROVA RECOLHIDA
A informação sobre os brincos de Dilma foi obtida durante investigação contra o ex-ministro presenteador, cujo nome é mantido sob sigilo.

ALVO DA LAVA JATO
O ex-ministro presenteador, segundo fonte com acesso à força-tarefa, é um senador da República investigado na Lava Jato.

BRINCOS PÚBLICOS
A lei determina que presidentes transfiram ao patrimônio público todos os presentes que recebam no exercício do cargo.

NOME AOS BOIS
Foram ministros de Dilma Gleisi Hoffmann (PT-PR), Eduardo Braga (PMDB-AM), Edison Lobão (PMDB-MA), Fernando Bezerra (PSB-PE)...

CORRUPÇÃO REDUZ CHANCE DE PARTIDOS DE ESQUERDA
A crise ética que arrasa o PT desenvolveu rejeição do eleitorado a "partidos de esquerda", que também se envolveram em escândalos ou se solidarizaram a governos petistas rejeitados. Confirmadas as previsões das pesquisas, nenhum prefeito "de esquerda" será eleito nas regiões Sul e Sudeste. No Centro-Oeste, o candidato do Psol lidera em Cuiabá. O PT, somente em Rio Branco e Porto Velho. Ponto final.

EM EXTINÇÃO
Pesquisas em capitais do Nordeste, reduto de Lula, indicam chances boas de três candidatos a prefeito do PDT e um do PCdoB. Zero do PT.

MAIOR DERROTA
A maior derrota do PT deve ser em São Paulo, maior colégio eleitoral do País: pelas pesquisas, Fernando Haddad não chega ao 2º turno.

HEGEMONIA
As urnas devem confirmar a hegemonia do PSDB e do PMDB como os maiores partidos políticos do país. Os dois lideram em sete capitais.

MARCA DO PÊNALTI
Se Geddel Vieira Lima (Governo) não for demitido ou não pedir para sair, fica parecendo que o presidente Michel Temer aprova a defesa que o ministro fez do indefensável; a anistia para políticos no caixa 2.

BIOGRAFIA EM CURSO
Ao criticar o fatiamento do impeachment por Ricardo Lewandowski, o ministro Gilmar Mendes disse que "cada um faz com sua biografia o que quiser". Agora, o ex-presidente do STF continuará escrevendo sua biografia na 2ª Turma do STF, que julga os casos da Lava Jato.

GRANDE COISA
Sobre a atitude de meia dúzia de bolivarianos, que deixaram o plenário da ONU quando o presidente Michel Temer discursava, uma pergunta atormenta Brasília: o que será do Brasil sem essas grandes potências?!

FALTA A BANDEIRA
Dilma acabou uma curiosa tradição, que era até atração turística: o hasteamento da bandeira verde do presidente (com brasão da República ao centro), indicando sua presença. Ela não queria que se soubesse onde estava. Michel Temer deveria restabelecer a liturgia.

VAI DIZER QUE SIM
O jornalista Eduardo Oinegue dirá ao presidente Michel Temer, nesta quinta-feira (22), que, mediante algumas ponderações, decidiu aceitar o convite para ser o novo porta-voz do governo.

CÁRMEN ESCALA O TIME
A ministra Carmen Lúcia definiu seu time de comunicação. Mariângela Hamu vai tocar a área no Supremo Tribunal Federal e Luiz Cláudio Cunha, um dos mais admirados jornalistas do País, foi designado para a Secretaria de Comunicação do Conselho Nacional de Justiça.

QUEIXA CORPORATIVISTA
O deputado e policial civil Laerte Bessa (PR-DF) criticou norma da Polícia Federal que alterou as regras do embarque armado em aviões de carreira. Agora, só os federais têm essas prerrogativas.

BARRACO CEARENSE
Cadeirante e chefe de campanha do PSOL de Sobral (CE), Edmilson Moreira diz ter sido agredido por Lia Gomes, irmã de Ciro Gomes e de Ivo Gomes, o prefeito candidato, na Universidade do Vale do Acaraú.

EU SO QUERIA ENTENDER
Quando Lula diz ser o mais honesto dos brasileiros, ele está nos chamando de Nação de desonestos?
Miramir Quintino
21/09/2016 21:09
Sr Herculano

É com certeza esta empresa é do amigo Cunha ou patrocinada por eles.

Advinhem o resultado, Kleber que é amigo do amigo do Cunha. Mas vão levar no traseiro, por que Andreia será prefeita.

Gaspar, não merece mais governo do PMDB que nunca deu certo, nem com Poli, nem com Paca(só pra ele deu certo), nem com Nadinho, muito menos com Adilson, não seria o presbítero e inexperiente Kleber.o homem da pipoca. Povo não se engane.
Menina de Amarelina
21/09/2016 20:48
Olha só tem gente que acha que ja ganhou, certo cidadão de um certo partido foi a prefeitura e perguntado o que o mesmo queria, apenas disse estou vendo a sala que vou trabalhar ano que vem. E pasmem era a sala do secretário da fazenda.
Herculano
21/09/2016 19:42
EMPRESA DE ITUPORANGA E QUE PRESTA SERVIÇOS PARA ESCRIT?"RIOS REGISTROU UMA PESQUISA ELEITORAL EM GASPAR PARA DIVULGÁ-LA AS VÉSPERAS DAS ELEIÇÕES

Depois do debate que a maioria dos políticos não queriam, porque estavam vulneráveis e as campanhas eram marqueteiras, os políticos de Gaspar preparam mais outra para analfabetos, ignorantes, desinformados e fanáticos.

Foi registrada hoje no juízo eleitoral, uma pesquisa de intenções de votos dos eleitores de Gaspar pela "Axioma Servicos de Apoio Administrativo Ltda - ME (nome fantasia: Axioma SC Gerenciamento)"

E se não bastasse o total desconhecimento dela neste mercado, a empresa criada em 2012, tem sua sede em Ituporanga, no Alto Vale. Coincidência, Ituporanga é a cidade do deputado Federal, Rogério Peninha Mendonça, PMDB, o único deputado catarinense a faltar na sessão que cassou o deputado Eduardo Cunha. Peninha, é apoiador de Kleber Edson Wan Dall.

No site da empresa, ela diz vender lista de empresas separadas por cidade, estado ou ramo de atividade, entre em contato através do email listaempresasbrasil@gmail.com

Possuímos listas completas incluíndo telefone, email, endereço completo, atividade econômica, capital social e demais informações para você encontrar clientes com potencial para comprar seus produtos ou serviços.

Favor nos enviar por email os códigos CNAE das empresas que pretende incluir na lista e os estados ou cidades de seu interesse. Assim podemos elaborar um orçamento preciso para suas necessidades.

E sobre pesquisas eleitorais. NADA. Acorda, Gaspar!
Paty Farias
21/09/2016 18:48
Oi, Herculano;

"As centrais sindicais nacionais querem parar o País nesta quinta-feira. Em Porto Alegre, a primeira e mais veloz adesão foi do Cpers. O sindicato dos professores públicos estaduais avisou que não haverá aulas nas escolas onde seus filiados trabalham.

A greve tem por objetivo protestar contra as reformas que o governo Temer quer implementar para equilibrar as contas públicas e acabar com a recessão, devolvendo empregos para os 12 milhões de desempregados.

Um ato público está agendado para às 10h na zona central de Porto Alegre.

Articulam o movimento a CUT, CTB, União Geral dos Trabalhadores (UGT), Força Sindical, Nova Central, Intersindical e Central Sindical e Popular (CSP-Conlutas)."
Do Blog do Políbio

O Temer que deixe de ser sanga-monga e envie ao Congresso uma medida provisória acabando com a anuidade sindical obrigatória descontada em folha, que a arapuca está desarmada.
Acabam-se os valentões sindicalistas 100% PeTralhas. Como dizia o Chacrinha, as centrais sindicais não vieram para clarear, vieram para confundir.
Gloria Kalil
21/09/2016 16:52


Qual dos dois pançudos? De azul ou de bordô?

Sidnei Luis Reinert
21/09/2016 16:29
Mariazinha Beata, 13:24

Faltou o Klaino-bing-bang da máfia do asfalto para fechar a compilação!
Mariazinha Beata
21/09/2016 13:24
Seu Herculano;

Da série perguntar não ofende:

Aquele pançudo de camisa azul é Raimundo Colombo?
Faltou PhotoShop!
Bye,bye!
Sidnei Luis Reinert
21/09/2016 12:18
O quid pro quo do Réu-belde $talinácio


Edição do Alerta Total ?" www.alertatotal.net
Por Jorge Serrão - serrao@alertatotal.net

Definitivamente, sentar na vara do Sérgio Moro era tudo que Luiz Inácio Lula da Silva não desejava, porém temia, em incofessa covardia de quem posa de valente para o eleitorado otário. Os caríssimos advogados do companheiro $talinácio tem 10 dias para apresentar a defesa prévia contra as acusações de corrupção e lavagem de dinheiro. O habitual cinismo defensivo, cheio de arrogância retórica, será submetido ao teste máximo de tensão.

Na avaliação de membros da cúpula do Judiciário, Lula precisa tomar mais cuidado que nunca em suas encenações políticas. Caso exagere no papel de "réu-belde", colocando em xeque o Judiciário e o Ministério Público Federal, pode aumentar o "quid pro quo" contra ele. É o alto risco que corre quem costuma "tomar uma coisa por outra" - nos vários sentidos que a expressão admite. O quiprocó está armado...
Lula é alvo de outros processos e inquéritos de extrema gravidade. O mais perigoso é o que trata da tentativa de obstrução da Justiça - que pode pegar, também, a ex-Presidenta Dilma Rousseff. É por isso que a petelândia parte para a agitação e propaganda, discretamente já descartando Lula como candidato presidencial em 2018. O PT, a Frente Brasil Popular e o movimento Povo Sem Medo programam vários atos de solidariedade ao ex-Presidente. O slogan usado será: "Lula é meu amigo; mexeu com ele mexeu comigo".

Já antevendo como a petelândia agiria na defesa emocional de Lula, o Super Sérgio Moro escreveu o "óbvio lulante" no despacho em que aceitou a denúncia da Força Tarefa da Lava Jato contra Lula e mais sete réus: "É durante o trâmite da ação penal que o ex-presidente poderá exercer livremente a sua defesa, assim como será durante ele que caberá à acusação produzir a prova acima de qualquer dúvida razoável de suas alegações caso pretenda a condenação. O processo é, portanto, uma oportunidade para ambas as partes".

O "réu-belde" admite intimamente a convicção de que será condenado pelo juiz da 13a Vara Federal. A aposta geral e a torcida de muitos é que, daqui a uns seis meses, Lula e alguns dos demais réus podem terminar sentenciados em primeira instância. A punição a um "criminoso primário", dificilmente, renderá a prisão tão sonhada por muitos que odeiam (com toda Justiça) o companheiro $talinácio e sua petelândia. Uma dúvida é se a desmoralização crescente de Lula, um mito em franca decadência, conseguirá impedi-lo de concorrer à Presidência da República em 2018. Advogados dele - até os que podem acabar indiciados por algum problema - farão de tudo para protelar a decisão final, o famoso trânsito em julgado, que poderia enquadrar Lula na Lei da Ficha Limpa, tirando-o do próximo páreo presidencial.

Embora Sérgio Moro não possa cometer o sincerícídio de proclamar por escrito, a condenação de Lula na Vara 13 é dada como pule de 13. A Força Tarefa da Lava Jato reuniu provas de que OAS deu R$ 3,7 milhões de vantagens a Lula: R$ 2,4 milhões teriam sido utilizados no tríplex 164-A no Edifício Solaris. O valor corresponde a R$ 1,2 milhão do valor imóvel, acrescido de R$ 926 mil de reformas feitas pela construtora; mais R$ 342 mil de móveis personalizados (pagos à empresa Kitchens), além de R$ 8,9 mil pagos por eletrodomésticos, como fogão, micro-ondas e uma geladeira "side by side". Outros R$ 1,3 milhão foram pagos pela construtora à Granero para armazenar o acervo presidencial de Lula.
Herculano
21/09/2016 11:52
A HORA DA ONÇA BEBER ÁGUA, por Carlos Brickmann

O Ministério Público abusou na entrevista coletiva sobre o indiciamento de Lula, como dizem os advogados de defesa, ou apenas demonstraram por que fizeram a denúncia? Tanto faz: o fato é que chegou a hora de a onça beber água, e Lula e o juiz Sérgio Moro devem encontrar-se frente a frente.

A denúncia contra Lula, sua esposa Marisa Letícia, o presidente do Instituto Lula, Paulo Okamotto, e o ex-presidente da OAS, Leo Pinheiro, já foi encaminhada a Sérgio Moro. Espera-se que ele decida até amanhã se aceita a denúncia e transforma os indiciados em réus ou se a rejeita e manda arquivá-la. Moro tem-se notabilizado não apenas pela dureza de suas providências (como o amplo uso - legal, segundo os tribunais superiores - da prisão cautelar, em que o investigado fica preso por longos períodos, à disposição do juiz) quanto pela celeridade de seu trabalho: por exemplo, sentenciou o pecuarista José Carlos Bumlai a nove anos e dez meses de prisão em dois minutos. As últimas alegações de um dos acusados no processo foram-lhe entregues às 7h52, e a sentença saiu às 7h54.

Há coisas no processo difíceis de entender. Atribui-se a Lula o recebimento de propina de R$ 3 milhões - isso quando de um gerente da Petrobras, Pedro Barusco, a Operação Lava Jato recuperou R$ 182 milhões.

Enfim, chegou a hora de a onça beber água. O grande problema é que há onças que não gostam de beber água.

DE UM BICHO A OUTRO

Quando ficou claro que a Operação Lava Jato fixava a mira nele e foi determinada sua condução coercitiva para depor, Lula lançou um desafio: estava pronto para a briga. "Se tentaram matar a jararaca, não bateram na cabeça, bateram no rabo. A jararaca tá viva, como sempre esteve".

Com a possibilidade de ser julgado por Sérgio Moro, Lula chorou na entrevista coletiva. O presidente nacional do PT, Rui Falcão, garantiu que o ex-presidente tem o couro duro. A julgar pelo couro duro e pelas lágrimas, a jararaca mal pisada se transformou em crocodilo.
O processo que falta

Roberto Jefferson, presidente nacional do PTB, deu uma entrevista famosa quando Waldomiro Diniz, subchefe da Casa Civil, homem de confiança do ministro José Dirceu, foi filmado ao tomar R$ 3 mil de bicheiros. O caso iniciou as investigações do Mensalão. Jefferson foi duro com Diniz, que se corrompia por tão pouco: chamou-o de "petequeiro".

Mas transformar Lula em "petequeiro", de forma depreciativa, é inaceitável. Seria o caso, então, de levá-lo ao Juizado de Pequenas Causas. Ou de simplesmente processá-lo por dumping.
Herculano
21/09/2016 11:52
DESLIZE 1, por Carlos Brickmann,

De Lula, falando de seu prestigio popular: "No Brasil, só Jesus Cristo ganha de mim".

Não ganha: Cristo foi condenado entre apenas dois ladrões.

DESLIZE 2

De Lula, criticando os promotores da força-tarefa da Operação Lava Jato, que o denunciaram à Justiça: "Eu, de vez em quando, falo que as pessoas achincalham muito a política. Mas a profissão mais honesta é a do político. Sabe por que? Porque todo ano, por mais ladrão que ele seja, ele tem de ir para a rua encarar o povo e pedir voto. O concursado não. Se forma na universidade, faz um concurso e está com emprego garantido o resto da vida. O político não. Ele é chamado de ladrão, é chamado de filho da mãe, é chamado de filho do pai, é chamado de tudo, mas ele tá lá, encarando, pedindo outra vez o seu emprego".

Lula é o autor da imortal denúncia segundo a qual há 300 picaretas no Congresso. Mudou o Congresso ou mudou Luiz Inácio Lula da Silva?

E A VIDA CONTINUA

Só Lula? Não: a Polícia Federal indiciou, na última sexta, o governador de Minas Gerais, Fernando Pimentel; e, mais uma vez, o empreiteiro Marcelo Odebrecht, do Grupo Odebrecht. Motivo: corrupção no BNDES. Segundo a Polícia Federal, Pimentel, como ministro do Desenvolvimento do Governo Dilma, recebeu vantagens indevidas para facilitar a liberação de financiamentos.

Importante: Pimentel participou da luta armada ao lado de Dilma e é provavelmente o seu amigo mais próximo e há mais tempo.

PÁTRIA ENRIQUECEDORA

Extraído do levantamento do número de funcionários no Palácio da Alvorada, a serviço exclusivo da presidente afastada, enquanto se aguardava o impeachment: 34 motoristas contratados pela Presidência, com 28 carros alugados. Entre eles, um furgão para transportar a bicicleta de Sua Excelência.

E por que 28 carros com 34 motoristas para atender a Dilma, sua mãe e uma tia? Porque sim. Não havia controle de despesas. O contrato de locação termina em 1º de novembro e, dizem, será reduzido.
Herculano
21/09/2016 10:17
FILHO FEIO, por Hélio Schwartsman, para o jornal Folha de S. Paulo

Como assevera o ditado, filho feio não tem pai. Nenhum parlamentar assume que tenha algo a ver com a tentativa de aprovar, de supetão, um projeto de lei que criminalizaria o caixa dois eleitoral, como defende o Ministério Público nas célebres Dez Propostas, mas anistiaria os políticos que, no passado, incorreram em delitos relacionados a essa prática. Foi graças à atuação de meia dúzia de combativos deputados que soaram o alarme que a manobra foi frustrada, e o PL 1210/07, tirado da pauta.

A história está propositalmente confusa, já que ninguém quer aparecer como genitor da criança. Mas, num breve resumo, os deputados pegaram um PL antigo que já estava pronto para ser votado e nele introduziriam uma sorrateira emenda que estabeleceria tanto o crime de caixa dois como a anistia.

Atualmente, o caixa dois de campanhas é só infração eleitoral e não um crime, embora juízes às vezes o enquadrem em outros tipos penais como corrupção e falsidade ideológica. Parece-me correta a ideia do MP de criminalizar a prática e, principalmente, de tornar os partidos políticos corresponsáveis pelos ilícitos. Sem incentivos que levem as próprias legendas a controlar seus membros, é pouco provável que a Justiça Eleitoral consiga fiscalizar tudo.

O ponto central aqui, porém, é outro. A esmagadora maioria dos políticos adoraria parar a Lava Jato. Essa é uma pauta ecumênica, perseguida tanto por membros do governo Temer como por gente do PT. Não passam de dezenas os parlamentares de fato dispostos a deixar que as investigações continuem até o fim. E, se a maioria encontrar um jeito de limitar a operação sem ser responsabilizada perante a opinião pública por isso, não hesitará em empregá-lo. Quando os interesses da sociedade e dos parlamentares são diametralmente opostos, como parece ser o caso aqui, é preciso acionar a eterna vigilância. Eles devem tentar de novo.
Herculano
21/09/2016 10:16
UM TIRO NOS PÉS...DE LULA, por José Nêumanne, para o jornal O Globo

Quem no Brasil ainda teme que Lula, duas vezes réu e agora sem máscara, ainda reine?

Do alto de sua empáfia, o decano dos suspeitos submetidos a investigações no Supremo Tribunal Federal (STF) e auxiliar de fatiador da Constituição Renan Calheiros, presidente do Senado, disse: "O exibicionismo da Lava Jato tira prestígio do Ministério Público". Agora cessa o que a antiga musa canta, pois um poder mais justo se alevanta: o juiz federal Sergio Moro calou os críticos da força-tarefa da "república de Curitiba" ao aceitar a denúncia dela contra Lula.

Ainda é difícil saber se, mesmo não estando mais incólume, o teflon que protegia Lula perdeu a capacidade de lhe manter o carisma. Antes de Renan, outros críticos desdenharam do pedido de sua prisão pelo promotor paulista Cássio Conserino. Tal impressão foi desfeita pela juíza Maria Priscila Ernandes Veiga Oliveira, da 4.ª Vara Criminal de São Paulo, que não achou a acusação tão imprestável assim: afinal, não a arquivou e, sim, a encaminhou para o citado Sergio Moro, titular da 13.ª Vara Federal do Paraná e responsável pela Operação Lava Jato, decidir. E as mesmas vozes ecoam esgares e esperneio da defesa de Lula contra o show de lógica clara dos "meninos de Curitiba".

Acontece que em nada o dito espetáculo de uma semana atrás diferiu das coletivas anteriores, realizadas para a força-tarefa da Lava Jato comunicar à população, o que é necessário nesses casos pela gravidade dos crimes investigados e pela importância dos acusados sobre os quais recaem as acusações. À exposição sobre o cartel de empresas compareceram os mesmos procuradores, foi apresentado um libelo acusatório mais copioso (de quase 400 páginas à época e de 149 agora) e também se utilizaram recursos visuais (powerpoints) para ilustrar informações e explicações. Ainda como em todas as vezes anteriores, nesta a defesa do Lula respondeu apelando para recursos idênticos, e agora com uma agravante: a insistência numa frase para desmoralizar os procuradores, mas que não foi dita por nenhum deles: "Não temos provas, temos convicções".

Em parte por nostalgia de suas ilusões, como milhões de brasileiros encantados com o coaxar rouco do líder que Brizola chamou de "sapo barbudo pra burguesia engolir", em parte por medo da vingança do ex-ídolo, se lhe forem devolvidas as chaves dos cofres da viúva, os neocríticos crédulos perdem o sono. O pavor do chororô da jararaca que vira crocodilo é antigo. Em 2012, a delação proposta por Marcos Valério Fernandes, que cumpre pena pelo mensalão, sobre a compra do silêncio de um chantagista que ameaçava comprometer Lula, José Dirceu e Gilberto Carvalho na morte de Celso Daniel, sucumbiu à omissão do então procurador-geral, Roberto Gurgel, e do ex-presidente do STF Joaquim Barbosa.

O episódio acima foi narrado ao juiz Sergio Moro por Marcos Valério Fernandes, cuja versão não foi levada em conta porque seria um "bandido apenado", ao contrário dos cúmplices com mandato, indultados no Natal pela mui compassiva companheira Dilma Rousseff. Deles só José Dirceu e Pedro Corrêa ainda moram na cadeia, acusados de terem delinquido direto das dependências do presídio da Papuda.

A versão de Valério, no depoimento repetido quatro anos depois, coincide com outra, que não deveria ser desqualificada, de vez que foi narrada pela voz autorizadíssima do ex-líder dos governos petistas no Senado Delcídio do Amaral (sem partido-MS). Nos autos do processo criminal, Sua Ex-excelência contou que, no início do primeiro mandato, o governo Lula era "hermético" e dele só participavam aliados tradicionais. Disso Dirceu discordava, pois já tinha combinado com o presidente do PMDB, Michel Temer, a continuação da "governabilidade" gozada pelo antecessor tucano, Fernando Henrique. Ante a perspectiva do impeachment, contudo, o chefão constatou: "Ou abraço o PMDB ou eu vou morrer". Eis aí a lápide que faltava no quebra-cabeças.

Esta explica por que a bem pensante intelligentsiabrasileira cantou em coro com os advogados dos empreiteiros nababos condenados por corrupção e a tigrada petralha o refrão "Valério bandido jamais será ouvido", que manteve Lula fora do mensalão. E esclarece futricas da República de Florença em Brasília que põem o PMDB de Temer e Calheiros a salvo da luminosidade dos holofotes da História. Assim, enquanto acompanha Gil e Caetano entoando em uníssono "eu te odeio, Temer", a esquerda vadia e erudita se acumplicia ao direito ao esquecimento que têm desfrutado o atual presidente e seus devotos do maquiavelismo no Cerrado seco.

Sabe por que esses celebrados "formadores de opinião" rejeitam a "nova ordem mundial" (apud Caetano Veloso, promovido sem méritos à companhia de Cecília, Drummond e Rosa, citados pela presidente do STF, Cármen Lúcia, em sua posse)? É que agora a corrupção não fica impune como dantes. E a maior evidência de que o velho truque de esconder castelos de areia sob tapetes palacianos escorre nos esgotos das prisões é o fato de os empreiteiros Marcelo Odebrecht e Léo Pinheiro optarem entre colaborar com a Justiça ou mofar na cadeia, por mais caros e bem relacionados que sejam seus causídicos. Só ficaram soltos os felizes mandatários que gozam de prerrogativa de foro. A patota desfruta o privilégio de não responder pelos próprios crimes e modificar as leis para moldá-las à sua feição.

É por isso que, enquanto faz juras públicas de amor à Lava Jato, o alto comando do Planalto planta suas "preocupações" com a excessiva vaidade ostensiva, capaz de, cuidado, comprometer o "digno" trabalho da força-tarefa. Pois saibam todos que estas linhas leem que a fraude Lula não engana mais a grande maioria, como já enganou um dia. E que, ao contrário de antes, ele vai desmoronar, mercê do combate mundial à formação de quadrilhas que usam a Justiça Eleitoral para lavar dinheiro sujo. De fato, Dallagnol e Pozzobon atiraram nos pés. Nos de Lula...
Herculano
21/09/2016 10:14
NA MESMA LINHA, por Merval Pereira, para o jornal O Globo

O teor do despacho do juiz Sérgio Moro aceitando a denúncia contra o ex-presidente Lula, sua mulher, dona Marisa, e outras seis pessoas ligadas ao Instituto Lula e à empreiteira OAS demonstra que, ao contrário do que muitos criticaram, inclusive eu, o tom quase épico dos procuradores de Curitiba ao anunciar a denúncia não fragilizou diante dele os fatos apresentados.

Mesmo tendo deixado claro, como é natural neste momento do processo, que só a instrução da ação penal poderá confirmar que as vantagens ilícitas recebidas por Lula tiveram origem em contratos da OAS com a Petrobras, Moro avalizou os indícios de que essa relação existiu, e justifica o fato de os procuradores terem acusado o ex-presidente de "chefe da quadrilha" pela necessidade mesma de relacionar as obras da OAS, especialmente da Petrobras, e os benefícios que teriam sido recebidos por Lula.

Moro ressalta que "é razoável" considerar essa relação, uma vez que a maior parte do faturamento do grupo OAS decorria de contratos com a Petrobras. Um ponto interessante do despacho do juiz Moro é quando ele rejeita as acusações de que o valor de R$ 3,7 milhões recebido por Lula no tríplex do Guarujá, além do armazenamento de bens pessoais pago pela OAS, seja pequeno em relação aos milhões em propinas recebidos por outros políticos e dirigentes da estatal.

"Embora aparentem ser, no presente caso, desproporcionais os valores das vantagens indevidas recebidas pelo ex-presidente com a magnitude do esquema criminoso que vitimou a Petrobras, esse é um argumento que, por si só, não justificaria a rejeição da denúncia, já que isso não descaracterizaria o ilícito, não importando se a propina imputada alcance o montante de milhares, milhões ou de dezenas de milhões de reais". E deixa no ar uma advertência aos críticos mais afoitos: "Oportuno ainda não olvidar que há outras investigações em curso sobre supostas vantagens recebidas pelo ex-presidente".

De fato, estamos acostumados a nos espantar quando algum político é demitido ou preso em outros países por quantias irrisórias se comparadas aos desvios registrados no Brasil, e esse mesmo espanto serve também para minimizar os desvios atribuídos a Lula.

Moro destaca no despacho que Lula recebeu o tríplex da OAS quando ainda na Presidência, e diz que todas as provas e depoimentos colhidos confirmam que o imóvel era dele, embora tenha permanecido em nome da empreiteira. Chama a atenção para o fato de que o casal Lula deixou de efetuar pagamentos justamente quando a OAS assumiu o empreendimento.

Os pontos citados pelos procuradores como indícios de que houve manobra para esconder a propriedade do imóvel são destacados por Moro, como rasura dos termos de adesão, que indica que a propriedade do apartamento normal foi transferida para a cobertura após a OAS assumir a obra; as visitas de Lula, Marisa e filhos à cobertura; e os gastos da OAS com reforma e mobiliário, inclusive da cozinha Kitchens, mesmo modelo do sítio de Atibaia, para concluir que o caso do tríplex guarda semelhança com o do sítio: "colocação de propriedades em nome de pessoas interpostas para ocultação de patrimônio".

Em seu despacho, o juiz Sérgio Moro considera uma autoincriminação o fato de Paulo Okamotto ter pedido um habeas corpus preventivo no TRF-4, que foi negado. Okamotto reconhece que "solicitou à OAS que contribuísse com as elevadas despesas de preservação do colossal acervo", o que, para Moro, significa que "houve um aparente reconhecimento das premissas fáticas estabelecidas pelo MPF", que relacionou o custeio da armazenagem às propinas acertadas no esquema criminoso da Petrobras.

Como indício de que houve uma negociação ilegal, Moro cita que o orçamento da transportadora Granero foi pedido por Okamotto "para armazenagem dos bens pertencentes a Luiz Inácio Lula da Silva, o que foi aceito em 27/12/2010". Mas o contrato de armazenagem, com valor mensal de R$ 21.536,84, foi celebrado, em 01/01/2011, entre a Construtora OAS e a Granero".

Para Moro, "o real propósito do contrato foi ocultado, pois nele constou que o objeto seria a 'armazenagem de materiais de escritório e mobiliário corporativa de propriedade da Construtora OAS Ltda.'".
João Alberto da Silva
21/09/2016 10:13
Herculano

Quanto ao debate realizado com os prefeituraveis, foi muito ruim, nao so pela fraca audiencia, como pelas perguntas realizadas e voce mesmo ja disse, muito fracas.

Nao creio que o tal de debate, pessimo, va influenciar alguma coisa na decisão do eleitor.

Mas numa coisa eu devo concordar com voce, os candidatos soa tao ruins, que dentre eles a candidata é a que mais se sobressai.

Porem, posso estar enganado e gostaria muito de estar, mas o velho PMDB, carguista e caguista, pois o que fez em gaspar nas duas ultimas gestões foi so isso, kgda, deverá ganhar as eleições.

Bato na madeira para enganar me.

Encerro reafirmando minha tese, estamos muito mal de candidatos, mas fazer o que, se aqueles que teriam competência nao querem se queimar com a politica.

Herculano
21/09/2016 10:12
USO DO CACHIMBO, por Dora Kramer, para o jornal O Estado de S. Paulo

Pode-se até discutir a eficácia da medida no tocante ao combate à corrupção, mas o caráter pedagógico do veto às doações de empresas para financiar campanhas eleitorais é inequívoco: levar os partidos a buscar novas formas de financiamento mediante a motivação da sociedade a contribuir para o bom andamento dos trabalhos da democracia.

Tempo para se dedicar à tarefa tiveram. O problema é que não quiseram e, assim, chegamos às vésperas das primeiras eleições sob a égide da nova regra com suas excelências propondo a revogação da lei que, segundo o veredito corrente no mundo político, não deu certo.

Conclusão apenas apressada caso fosse fruto de boa fé. Aquela decorrente do exame detido da situação, do cotejo de possibilidades, da busca real de alternativas, do pressuposto de que para motivar a comprador (o eleitor) é imprescindível melhorar a qualidade do produto (a prática político-partidária).

O problema é que isso demanda esforço, coragem para enfrentar o risco, mudança de paradigma, disposição para a prática do convencimento, boas ideias, genuíno espírito público, criatividade, transparência, franqueza, talento e demais atributos sem os quais não se vence a inércia, não se dá um passo adiante.

A ideia seria fazer da eleição municipal um teste até para que os partidos começassem a se adaptar. Mas a campanha ainda nem terminou e lideranças dos principais partidos, incluído o presidente da Câmara, já decretam que a solução é a revogação.

Isso sem contar as ilegalidades já detectadas pela Justiça eleitoral e tribunais de contas: uso de laranjas, documentação de pessoas mortas, desvios indevidos do dinheiro (público) do Fundo Partidário, doações feitas em nome de pessoas físicas com recursos das jurídicas e por aí tem ido a prática da burla.

Líderes argumentam que não é possível acabar com o financiamento empresarial sem colocar "nada" no lugar. Por "nada" parecem entender uma fonte segura e permanente de recursos, quando o que se pretendia é que os partidos se mobilizassem para começar a depender mais do reconhecimento do eleitorado e menos do interesse do empresariado.

É o caso do uso do cachimbo. Em excesso deixa a boca torta. Quando da decisão do Supremo Tribunal Federal de proibir as doações de pessoas jurídicas, partidos e candidatos já sabiam que já não haveria dinheiro como antes. ?"bvio. Era essa mesmo a ideia: tornar mais iguais as condições das campanhas e todos os candidatos. Muito vivos, fizeram-se de mortos a fim criar uma versão supostamente correspondente aos fatos.

Tira teima. O juiz Sérgio Moro aceitou a denúncia contra o ex-presidente Luiz Inácio da Silva e mais sete pessoas apresentada na semana passada pelos procuradores da força-tarefa da Lava Jato, dirimindo, assim, qualquer dúvida sobre a existência de substância na peça produzida pela acusação.

A decisão era esperada. Inclusive pelo próprio Lula, cuja reação indicava exatamente o contrário do que disse em seu discurso em que acusou o Ministério Público de ter produzido um show de pirotecnia, mas não rebateu o mérito das acusações.

Algo parecido ocorreu em 2007 quando o então procurador-geral da República, Antonio Fernando Souza, apresentou a denúncia do mensalão. O relato dele também foi recebido com algum descrédito e alegações de que não havia provas contra os acusados. O Supremo Tribunal Federal aceitou a denúncia, instruiu o processo e, nele, produziu as provas que levaram às condenações.

Lula é réu, não é condenado. Se vier a ser, poderá recorrer. Só não poderá mais dizer que os procuradores envolveram-se numa "enrascada" ao denunciá-lo.
Jorge
21/09/2016 08:35
Quanto ao comentário acima:

"No debate de sábado quem orientou o candidato Lovídio Carlos Bertoldi, foi o coordenador das campanhas de Pedro Celso Zuchi, Doraci Vanz. Mas, ele não é candidato a vereador?"

Muito simples, DORACI VANZ tirou uma folga remunerada alegando ser candidato a vereador para fazer campanha para o Lovídio, chances de ser eleito como vereador são mínimas, um homem de poucos amigos e muita arrogância não tem chance.

Assim como os funcionários públicos municipais, LUIZ OTAVIO REBOUÇAS BASTIANI , ALEXANDRE BOHN e ANDRE PASQUAL WALTRICK que também não tem chances de serem eleitos mas que se lançaram candidatos para ficarem 3 meses sem trabalhar, recebendo o suado dinheiro público pago com pesados impostos.
Tá na hora de acabar com essa farra, funcionário público que deseja ser candidato pode tirar sim licença de 3 meses para fazer campanha mas sem receber remuneração, sem receber o nosso suado dinheiro público.
Herculano
21/09/2016 08:15
CARREATA DO BARULHO

A carreata que o PMDB de Gaspar fez ontem no Belchior, como relatam moradores da região,além de atrapalhar o trânsito, houve cenas de constrangimento, como o de impedir a ultrapassagem de quem não queria participar da carreata e tinha horários e outros objetivos e de desqualificar adversários com propaganda de seus candidatos.

É o velho, mas muito velho e intolerante, vestido de novo.
Herculano
21/09/2016 08:12
O que segue abaixo é um press release do Tribunal Regional Eleitoral. A notícia por aqui, o PMDB tentou ocultar. A mesma multa pelo mesmo motivo foi aplicada ao candidato do PMDB de Ilhota, Erico de Oliveira, o Dia, o candidato a vereador de Gaspar Francisco Hostins Junior e estuda-se a mesma pena para Ciro André Quintino, ambos do PMDB, que teve o mesmo enquadramento. A todos cabem recursos.

CANDIDATO A PREFEITO DE GASPAR É MULTADO POR PROPAGANDA IRREGULAR, por Stefany Alves
Assessoria de Comunicação Social do TRE-SC

O juiz da 64ª Zona Eleitoral (Gaspar), Rafael Germer Condé, condenou o candidato à prefeitura de Gaspar, Kleber Édson Wandall (PMDB), ao pagamento de multa no valor de R$ 5 mil, por ter feito uso de propaganda eleitoral em tamanho irregular, contrariando o disposto no artigo 39 da Lei 9.504/1997 (Lei das Eleições). Da decisão, publicada no Mural Eletrônico do domingo (18), cabe recurso ao Tribunal Regional Eleitoral de Santa Catarina.

A representação foi interposta pelo Ministério Público Eleitoral, após o recebimento de denúncia por meio do Aplicativo Pardal, do Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Segundo o representante, o candidato teria feito uso da referida propaganda em evento de promoção à candidatura e a justaposição dos banners teria gerado, ainda, o efeito outdoor.

O candidato a prefeito e a Coligação "Gaspar te quero forte" (PP, PMDB, PTB, PSC e PSDC) alegaram em defesa que o material de propaganda eleitoral em questão teria sido utilizado somente em reuniões fechadas e comícios eleitorais, sem acesso ao público, e que, por isso, não teria sido superexposto.

O juiz eleitoral julgou a representação procedente, explicando que não foram produzidas provas que comprovassem que o material teria sido utilizado somente em reuniões fechadas e em comícios. Além disso, o magistrado explicou que a alegação não se sustenta, pois, a denúncia chegou no Ministério Público via Pardal, o que demonstra que teria sido realizada por algum cidadão que não era apoiador da campanha eleitoral em questão.

"Analisando os elementos de prova contidos nos autos, conclui-se que o candidato representado, em evento de campanha eleitoral, com claro propósito de propaganda, utilizou material gráfico, conhecido como 'banner', em desacordo com a legislação eleitoral em vigor, porquanto, visivelmente em dimensões bem superiores às permitidas, e, além disso, colocados lado a lado, em nítida justaposição, gerando efeito 'outdoor', o que é expressamente proibido pelo disposto no art. 39, § 8°, da Lei n.° 9.504/1997", destacou o magistrado eleitoral.

Além disso, o juiz da 64ª ZE atentou-se para o fato de que a propaganda eleitoral teria sido produzida em lona, conforme constava na nota fiscal juntada pelo representado, o que também caracteriza outra irregularidade. Conforme o artigo 37 da Lei das Eleições, "em bens particulares, independe de obtenção de licença municipal e de autorização da Justiça Eleitoral a veiculação de propaganda eleitoral, desde que seja feita em adesivo ou papel".

A multa foi afixada no valor no patamar mínimo legal pela infração, no valor de R$ 5 mil, respeitando os princípios da proporcionalidade e da razoabilidade. Além disso, o juiz eleitoral determinou a entrega da propaganda eleitoral referida na nota fiscal, sob pena de multa diária no valor de R$ 500,00.
Herculano
21/09/2016 07:53
RENAN VOLTA A BRANDIR AMEAÇA CONTRA LAVA JATO, por Josias de Souza

Frustrado o plano da oligarquia parlamentar da Câmara de aprovar uma anistia ampla, geral e irrestrita para o crime de caixa dois, o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), reativou a articulação para tentar aprovar projeto que atualiza a lei 4.898, de 1965, que pune o chamado "abuso de autoridade".

Engavetada desde 2009, a proposta original é do deputado Raul Jungmann (PPS-PE), hoje ministro da Defesa. Disponível aqui, o texto não parece conter nenhuma ameaça à Lava Jato. Mas parlamentares próximos a Renan farejam o interesse dele em ajustar o projeto, de modo a interferir nas investigações, tolhendo os movimentos de procuradores e juízes.

Partidário da tese do amigo Romero Jucá (PMDB-RR) segundo a qual é preciso "estancar a sangria" da Lava Jato, Renan investiu contra a força-tarefa de Curitiba nesta terça-feira. Disse que os responsáveis pela operação precisam "separar o joio do trigo". Protagonista de nove inquéritos da Lava Jato, Renan é joio. Mas ele fala como se fosse trigo.

"A Lava Jato é muito importante e nada vai detê-la, mas precisa acabar com esse exibicionismo e esse processo de exposição das pessoas sem culpa formada", disse Renan. "A nossa Constituição não convive bem com isso. É preciso fazer denúncias e investigar, mas com começo meio e fim. Que sejam denúncias consistentes e não mobilização política, porque o país perde com isso e as instituições também."

Renan criticou o "exibicionismo" da Procuradoria da República na apresentação da denúncia contra Lula, na semana passada. Horas depois da entrevista do presidente do Senado, Sérgio Moro, juiz da Lava Jato, acatou a denúncia subscrita por 13 procuradores exibicionistas, enviando Lula para o banco dos réus.

Foi contra esse pano de fundo impregnado de críticas à investigação do maior escândalo de corrupção já descoberto no país que Renan retomou a prosa em defesa da aprovação de "projeto que garanta mecanismo para investigar a corrupção e proteja as garantias individuais e coletivas."

"O que não pode é, a pretexto de se investigar, alguém promova exibicionismo. A sociedade apoia a Lava Jato. Não há hipótese de nenhuma influência e quem disser o contrário está mentindo. Mas a Lava Jato tem sim a responsabilidade de separar o joio do trigo. Não pode nivelar todos sob uma acusação genérica."

O apoio da sociedade à Lava Jato não é compartilhado por Renan. Isso ficou claro no autogrampo em que Sérgio Machado, preposto do senador na presidência da Transpetro por 12 anos, captou seus diálogos com os pajés do PMDB, entre eles o seu padrinho Renan.

De resto, o doutor Sérgio Moro vem revelando uma notável capacidade de separar joio e trigo. Graças a essa habilidade, o magistrado serve-se do trabalho da Polícia Federal e da Procuradoria para promover condenações em escala industrial, num volume compatível com as dimensões do escárnio.. Moro já emitiu 106 sentenças condenatórias. Juntas, somam 1.148 anos, 11 meses e 11 dias de prisão.

Renan tem a sorte de militar na brigada de suspeitos com mandato. Dispõe de prerrogativa de foro. Só pode ser processado e julgado no Supremo Tribunal Federal. Ali, mercê da morosidade da Procuradoria-Geral da República e da inapetência do Supremo para atuar na persecução criminal, não há vestígio de condenação.

Menos espalhafatoso e mais profissional do que o correligionário Eduardo Cunha, Renan vai preservando o mandato que lhe permite legislar em causa própria. Implica por exemplo, com a ferramenta da delação premiada. Sustenta que a Lava Jato prende no atacado para colher confissões no varejo. Uma inverdade.

As estatísticas da Lava Jato revelam que a grossa maioria dos delinquentes que suaram o dedo estava livre. O ex-presidente da Transpetro Sérgio Machado, por exemplo, não precisou ser recolhido ao xilindró para delatar o patrono Renan e outros figurões do PMDB. Tudo na vida está sujeito a aperfeiçoamentos. Porém, em matéria de Lava Jato Renan é a pessoa menos indicada para apontar imperfeições.
Herculano
21/09/2016 07:51
O MEDO

O PMDB, PT e PSD de Gaspar temiam o debate e depois dele ter sido realizado, sabe-se bem a razão desse temor. Agora, estranhamente, eles temem uma pesquisa.
Herculano
21/09/2016 07:49
O DISCRETO CHARME DE TEMER NA ONU, por Marcos Troyjo, no jornal O Estado de S. Paulo

Em fins dos anos 1990, quando servi como diplomata na Missão do Brasil junto à ONU, em Nova York, coube a mim preparar um discurso a ser apresentado num comitê para a reforma da Carta das Nações Unidas.

Naquela ocasião, recém-instalado em nossa representação perante o principal organismo do sistema multilateral, dediquei-me com diligência à redação da minuta. Busquei, em minha inocência, ser minimamente criativo e fugir do estilo modorrento e inofensivo dos pronunciamentos que se fazem na ONU.

Não tive sorte. Meu chefe à época não gostou do texto. Argumentou que fugia à nossa tradição. Pediu-me que fizesse um "copiar-colar" do discurso que o Brasil apresentara no mesmo comitê no ano anterior.

Sem ousar, ninguém se machuca. E isso permite o equilíbrio inercial que em grande medida delimita a dificuldade da ONU, uma instituição que já conta sete décadas, em adaptar-se ou, mais ambiciosamente, moldar o contexto global.

No discurso com que abriu os debates da Assembleia Geral da ONU, Michel Temer não foi ousado. Abordou esses temas que inercialmente figuram nos pronunciamentos brasileiros. No entanto, foi sóbrio, discreto. Conseguiu, com elegância, descalçar a bota da retórica grandiloquente e de liderança autoatribuída da política externa de Lula-Dilma.

Reaproximar o discurso brasileiro da dimensão ?"infelizmente diminuída?" que o país hoje representa no cenário Internacional é de um realismo saudável. E transmite a correta percepção de que o imenso potencial brasileiro nada garante ?"tudo está, também na esfera da política externa, por construir.

O melhor exemplo disso no discurso foi associar o êxito da responsabilidade social não à "vontade política", mas à responsabilidade fiscal. Temer não terceirizou a culpa da esquálida performance econômica do Brasil a um cenário internacional adverso.

O presidente referiu-se ao país, de maneira justa, como a superpotência ambiental que é ?"e portanto peça indispensável em qualquer tabuleiro onde se discuta o desenvolvimento sustentável.

Sublinhou a experiência de sucesso na criação de um programa de contabilidade de controle de materiais nucleares ?"realizado de mãos dadas com a Argentina nas últimas décadas?" que permitiu ao Atlântico Sul tornar-se das poucas regiões desnuclearizadas do planeta, e de fato oferece um bom referencial para a comunidade internacional.

Falou, com satisfação, do início de uma dinâmica de resgate de Cuba do isolamento; da pacificação interna na Colômbia; dos entendimentos que enquadraram o programa nuclear iraniano. Mas o fez sabendo que o Brasil, em todos esses acontecimentos, tem sido apenas espectador.

À rudeza dos delegados bolivarianos na plenária, que tiveram a descortesia de sair da sala durante o discurso do chefe de Estado brasileiro, respondeu classificando como "natural e salutar" a coexistência de diferentes inclinações políticas dos governos latino-americanos. Ao sublinhar o compromisso inegociável do Brasil com a democracia, indicou com precisão o caráter legal e legítimo do impedimento de sua antecessora.

Temer relacionou, com acerto, o desafio do desenvolvimento à expansão do comércio. Também mostrou, como é correto observar, o parentesco demagogia-protecionismo. Argumentou, literalmente, que "em cenários de crise econômica, o reflexo protecionista faz-se sentir (...) O protecionismo é uma perversa barreira ao desenvolvimento. Subtrai postos de trabalho e faz de homens, mulheres e famílias de todo o mundo ?"Brasil inclusive?" vítimas do desemprego e da desesperança".

Aqui, o presidente contou apenas parte da história, e o discreto charme de sua passagem pela ONU não impediu que ele soasse propositadamente superficial. Apenas para ficar no segundo pós-guerra, é óbvio que o mundo oscilou entre mais ou menos protecionismo. Isso por acaso inviabilizou a ascensão de países como China, Chile ou Coreia do Sul?

A propósito, quando clamou por um comércio internacional mais livre em seu discurso, Temer fez apenas referência ao setor agrícola. Deixou de lado todo o resto da atividade econômica em que o Brasil é um dos países menos abertos do mundo.

Uma excelente radiografia do ensimesmamento comercial brasileiro nos é oferecida por Edmar Bacha no "Valor" na semana passada. O economista aponta que, com base em dados de 160 nações de que dispõe o Banco Mundial, os míseros 14% que as importações representam no PIB brasileiro fazem com que apenas Nigéria e Sudão possam ser considerados mais fechados do que o Brasil.

Nos dias que antecederam sua ida à ONU, cresceram as críticas de que a diplomacia de Temer tão somente se preocupa com temas comerciais.

É impossível, contudo, não eleger o aumento da participação brasileira no comércio internacional como topo da prioridade de nossa estratégia de inserção global. E disso, na ONU, o presidente falou pouco
Herculano
21/09/2016 07:45
FALA DE TEMER CONVERGE COM A DE OBAMA, MAS NÃO RECONHECE CRISE, por Eduardo Viola, professor de relações internacionais da Unb

Os discursos de Temer e Obama na ONU foram bastante convergentes e isso mostra que o novo governo brasileiro está mais sintonizado com os valores da democracia representativa, da proteção dos direitos humanos e do desenvolvimento da economia, comparado com os governos Lula e Dilma.

Claro que o discurso de Temer é pobre comparado com o excelente diagnóstico de Obama sobre a difícil situação mundial.

Por outro lado, é interessante observar que seis países se retiraram em repúdio a Temer, sendo cinco deles regimes autoritários ou semiautoritários.

No fundamental, o discurso de Temer foi na direção correta: a favor da globalização e do livre comércio, mas alertando sobre seus impactos negativos em termos de assimetrias internacionais e intranacionais; a favor dos direitos humanos, das migrações internacionais e da proteção aos refugiados; e contra o nacionalismo xenófobo, o racismo, o terrorismo e a proliferação nuclear.

Houve duas deficiências principais no discurso de Temer. Ele fugiu de fazer referência à dramática crise venezuelana, com colapso econômico e social, violações de direitos humanos e criminalidade crescente.

O Brasil será profundamente afetado pela crise no vizinho e é ator de primeira grandeza no cenário venezuelano, inclusive porque tem responsabilidades na criação do problema, pelo apoio dado ao regime durante os governos Lula e Dilma.

Uma política hemisférica conjunta e incisiva coordenada por Brasil, Colômbia, México e EUA seria o único caminho para evitar que a Venezuela se transforme em algo parecido com a Síria.

Temer defendeu corretamente que o impeachment ocorreu dentro das normas da Constituição e do Estado de Direito, mas delirou quando falou que era um exemplo democrático para o mundo.

Dos quatro presidentes eleitos desde a Constituição de 1988, dois sofreram impeachment, numa demonstração da baixíssima qualidade da democracia brasileira.

Michel Temer deveria ter reconhecido diante do mundo a gravidade da crise econômica, política e moral que o Brasil atravessa e destacado que a principal força construtiva da sociedade brasileira é, hoje, a investigação anticorrupção com forte apoio da população.
Herculano
21/09/2016 07:38
O HUMOR DE JOSÉ SIMÃO, para o jornal Folha de S. Paulo

Pensamento do dia! Chargista Zop: "Aos amigos, favores, aos inimigos, o PowerPoint".

Rarará!

Aliás, diz que o Cunha está escrevendo o livro todo em PowerPoint. Cada página, umas 20 bolinhas. Pra colorir. PowerPoint pra Colorir!

Rarará!

E outra, Charge do Chicão com o Lula indo a pé pra Curitiba, suando, com uma trouxa nas costas: "DELEGACIA LONGE PRA CACETE".

Rarará!

E atenção! "A meta do Cunha é salvar a mulher da prisão." A Arregalada vai exigir um apart-cela: sem grade porque grade é cafona, banho diário de sol em Trancoso, quentinha delivery do Alex Atala e hidratante da Biotherm.

Porque se estar presa já é uma desgraça, com pele ruim então!

E o Temer? O Frankstemer tá em Nova York! Um Vampiro em Nova York!

Gritaram "Fora, Temer", ele foi pra China. Gritaram "Fora, Temer", ele foi pra Nova York! Toda vez que gritam "Fora, Temer": ele viaja!

Rarará!

E está hospedado no Plaza Athénée. De graça! Porque a Dilma deixou um crédito de US$ 60 mil no hotel. Crédito de US$ 60 mil num hotel?

Eu tenho crédito de R$ 6 na padaria. E uma amiga minha tem crédito de R$ 400 na Lustres Yamamura!

Rarará!

E o Temer foi o primeiro a discursar na ONU. Eu acho que o Ban Ki-moon disse: "Primeiramente, Fora, Temer!"

Rarará!

E o Serra chegando na ONU? "Comitiva da Transilvânia espera lá fora." O Serra é tão feio que, quando ele nasceu, botaram Insulfilm no berçário!

Rarará!

A Galera Medonha. A Turma da Tarja Preta! Direto de Porto Alegre: Perversa Angelita.

Essa mulher não é candidata, é uma novela do SBT! Perversa Angelita, mais um novela de Íris Abravanel!

Rarará!

E direto de Piedade do Rio Grande, Minas: "Ana Paula do Cabaço". Cabaço. Candidata de 1916!

Rarará.

E o slogan: "Volta, Cabaço! É o Povo de Novo! Piedade Para Todos!"
Herculano
21/09/2016 07:34
LULA FEZ O DIABO PARA ESCAPAR DO ENCONTRO QUE MORO ACABA DE MARCAR, por Augusto Nunes, de Veja

tentar esconder a verdade com as maluquices que anda dizendo, o réu da Lava Jato encurtará a distância entre São Bernardo e a República de Curitiba

Maioria dos brasileiros apoia a prisa?o de Lula na Lava-Jato, aponta pesquisa.

"Não há no planeta Terra ninguém mais indignado do que eu", disse Lula ao receber a notícia de que fora transformado em réu da Lava Jato pelo juiz Sérgio Moro. A frase superlativa não surpreendeu o magistrado que comanda a devassa do maior esquema corrupto da história. Ele soube desde sempre com quem estaria lidando, confirma a ressalva incluída no texto que formalizou a aceitação da denúncia do Ministério Público Federal: "? entre os acusados, encontra-se ex-Presidente da República, com o que a propositura da denúncia e o seu recebimento podem dar azo a celeumas de toda a espécie".

"Celeuma" é pouco para definir o que Lula anda dizendo desde que a distância entre São Bernardo do Campo e a República de Curitiba encurtou dramaticamente. Graças sobretudo à discurseira em resposta aos procuradores federais, ficou claro que há notáveis diferenças entre as reações verbais provocados pelo medo de cadeia ?"? cujo sintoma inaugural é a perda da noção do ridículo ?"? e as produzidas pelo medo da morte política, escancarado pela perda do que resta do sentimento da vergonha.

Para sobreviver ao escândalo descoberto em 2004, por exemplo, Lula primeiro afirmou que fora traído por amigos jamais identificados, depois jurou que o Mensalão nunca existiu. Sem acreditar numa só palavra do que dizia, avisou que, tão logo deixasse a Presidência, trataria de desvendar pessoalmente a conspiração da elite golpista que tentou derrubar, com a fabricação de roubalheiras imaginárias, o governo que só pensava no povo. Haja sem-vergonhice.

Essa retórica do cinismo deu lugar ao discurso de quem cruzou a fronteira do ridículo, avisa o palavrório despejado pelo palanque ambulante um dia depois da denúncia dos procuradores da Lava Jato. Mais grave ainda, Lula agora acredita no besteirol que improvisa sob salvas de palmas das plateias amestradas. "Acho que só ganha de mim aqui no Brasil Jesus Cristo", disse o Mestre a seus discípulos no Sermão do Segundo Calvário. Ele ainda enxerga no espelho o campeão de popularidade aposentado pela vaia no Maracanã na abertura do Pan-2007 .

Lula ultrapassou de novo a fronteira do ridículo ao explicar que "a profissão mais honesta é a do político, porque todo ano, por mais ladrão que ele seja, ele tem que ir pra rua e pedir voto". Para o comandante do Petrolão, portanto, a mais honesta das profissões é exercida por ladrões tão insolentes que pedem votos às vítimas do assalto. Garantida a camisa-de-força, a alma viva mais pura do mundo consolidou a candidatura a orador das turma do hospício com a sopa de letras concebida para provar que só diz a verdade.

"A gente pode mentir pra vocês, a gente pode mentir pra mulher da gente, a gente pode mentir pro presidente do partido, a gente pode mentir pra um companheiro, mas a gente não pode mentir nem pra Deus e nem pra gente mesmo". Resumo da ópera do desvario: só Deus e Lula sabem a verdade que o mitômano sem cura esconde do resto do mundo. No dia do depoimento à Lava Jato, fará o possível para ocultá-la de Sérgio Moro.

Caso tente escapar da Lava Jato pela trilha desmatada por frases sem pé nem cabeça como as reproduzidas acima, poderá antecipar o acerto de contas com a Justiça. E cumprir mais cedo a promessa de percorrer a pé o caminho da cadeia.
Herculano
21/09/2016 07:29
GOLPE DA MADRUGADA, por Bernardo Mello Franco, para o jornal Folha de S. Paulo

Nas noites de Brasília, cheias de mordomia, todos os gastos são pardos. A frase de Millôr Fernandes provou sua atualidade nas últimas horas de segunda-feira (19). Por muito pouco, a Câmara não aprovou uma anistia a todos os políticos flagrados na prática de caixa dois.

O coelho saiu da cartola quando o plenário se encaminhava para a última votação do dia. Na pauta oficial, havia uma medida provisória sobre despesas com a Olimpíada. Na paralela, escondia-se uma tábua de salvação para investigados da Lava Jato.

A manobra foi ardilosa. Seus autores desengavetaram um projeto antigo, de 2007, que prometia punir quem faz caixa dois. O diabo morava no detalhe. A pretexto de moralizar as campanhas, o texto perdoaria os políticos que já receberam dinheiro "por fora" em eleições passadas.

A operação fracassou graças a um pequeno e barulhento grupo de deputados. O primeiro a protestar foi Miro Teixeira, da Rede. "Nós não estamos aqui para nos lançarmos num poço de suspeitas", reclamou.

Ivan Valente, do PSOL, foi mais direto: "Isso é uma falcatrua, um escárnio, uma bandalheira para livrar a cara de dezenas de parlamentares". Coube a Esperidião Amin, do PP, a melhor definição para a tramoia. "É o golpe da madrugada", cravou.

Com o plenário em chamas, ninguém quis se responsabilizar pelo incêndio. O presidente da Câmara, Rodrigo Maia, estava convenientemente refugiado no Planalto. Os líderes que apoiam o governo silenciaram. A bancada do PT sumiu misteriosamente de cena. O deputado Beto Mansur, que comandava a sessão, foi obrigado a retirar o texto da pauta.

Aos poucos, ficou claro que havia um acordão entre os grandes partidos, igualmente interessados num perdão ao caixa dois. A anistia ficou mais urgente por causa da delação da Odebrecht, que promete arrastar políticos de várias legendas. Quando menos se esperar, os deputados tentarão de novo. Eduardo Cunha pode ter caído, mas o cunhismo continua.
Herculano
21/09/2016 07:25
SENTENÇA DE LULA S?" DEVE SAIR NO PR?"XIMO ANO, por Cláudio Humberto, na coluna que publicou hoje nos jornais brasileiros

Agora réu, o ex-presidente Lula deverá ser sentenciado pelo juiz Sérgio Moro apenas no ano que vem. A previsão é baseada no tempo médio que ele leva, desde o recebimento da denúncia. Moro consumiu 7 meses e meio para condenar executivos da Odebrecht, por exemplo, e um ano para sentenciar dirigentes da Engevix. Ele absolveu, até agora, apenas cerca de 15% dos denunciados pelo Ministério Público Federal.

JUIZ METE MEDO

Por medo da mão pesada do juiz Sérgio Moro, Lula tentou várias vezes escolher o Supremo Tribunal Federal para ser julgado. Foi inútil.

LOROTA FAZ MAL À DEFESA

Lula ofendeu a Justiça e o MPF incluindo-os entre os "adversários" que os denunciava. Ao acreditar na própria lorota, descuidou da sua defesa.

ZERO ERRO

Lula tem motivos de sobra para temer Sérgio Moro, cuja qualidade das decisões dificultam e até inviabilizam recursos dos advogados.

UM ESPECIALISTA

Especialista no combate aos chamados "crimes do colarinho branco", Sérgio Moro é reconhecido pelo trabalho de juiz cerebral e meticuloso.

EDUARDO CUNHA VOLTA A NEGAR DELAÇÃO PREMIADA

O ex-deputado cassado Eduardo Cunha (PMDB-RJ) negou outra vez, nessa terça-feira (20), que pretenda fazer acordo de delação premiada na Lava Jato. Ele acha que isso não passa de invenção de jornalistas. O Ministério Público Federal estaria investigando pistas sobre práticas do governo Dilma Rousseff, no submundo da política, ainda mais graves que no mensalão, para aprovar medidas provisórias.

INTERESSE

O MPF teria interesse em eventual acordo com Eduardo Cunha para conhecer detalhes de suposta compra de apoio para aprovar MPs.

COISA DE BANDIDO

O ex-presidente da Câmara tem dito que delação premiada é coisa de bandido e que ele não se considera como tal.

EM FAMÍLIA

Cunha não se importa muito com eventual rebordosa na Lava Jato. Ele se preocupa mais em proteger a mulher e a filha, também acusadas.

DESINTELIGÊNCIA

O senador Renan Calheiros, que é investigado na Lava Jato, deveria pensar duas vezes antes de ir na onda de quem o aconselhou a desqualificar o trabalho dos procuradores, classificando-o de "exibicionismo". Lula adotou a mesma estratégia e se deu muito mal.

PORTA-ELOGIOS

Se continuar acertando como na escolha do jornalista Eduardo Oinegue para a função de porta-voz, o governo Michel Temer periga dar certo. É um dos mais admirados profissionais da sua geração.

MENOS MAL

O presidente da Câmara, Rodrigo Maia, teve a maturidade e até a humildade de reconhecer o erro, cuja paternidade ninguém aceita, da tentativa de anistiar o caixa 2, quando o País tenta criminalizá-lo.

IDEIA DE JERICO

Líderes partidários atribuem a Carlos Sampaio (PSDB-SP) e a Rodrigo Maia (DEM-RJ) o conchavo para votar a anistia ao caixa 2. Mas eles teriam subestimado a repercussão negativa.

DISCURSO OFICIAL

Assessores da presidência da Câmara afirmam, como em um jogral, que Rodrigo Maia não sabia da presepada da anistia do caixa 2. Mas ninguém acreditou na versão oficial.

CADEIA NA 2ª INSTÂNCIA

A Ajufe, associação dos juízes federais, defende que o réu vá preso após condenação em segunda instância, antes mesmo da definitiva. O presidente da entidade, Roberto Veloso, alerta que os poderosos se utilizam dos recursos para procrastinar o trânsito em julgado.

CUSTO BRASIL

Apesar dos cortes, ainda sobraram no governo federal 24 mil cargos comissionados, do tipo DAS, que custam mais de R$ 1 bilhão por ano ao País. Abaixo dos chefões, os salários podem chegar R$ 21,3 mil.

TRISTE LEMBRANÇA

Na Câmara, a ordem é apagar lembranças de Eduardo Cunha. Trocaram painel onde deputados concedem entrevista por ser a "cara do Cunha". As conversas com a imprensa são agora no lado oposto.

PERGUNTA NA ESTRADA

Réu no segundo processo na Lava Jato, Lula já começou a arrumar a mala para ir a pé para Curitiba?

O PARAFUSO DE SUPLICY

O então líder do PMDB no Senado, Ney Suassuna (PB), encontrou um parafuso no chão azul do plenário. Bem-humorado, gritou:

- Quem perdeu um parafuso?

Alguém gritou lá do fundo:

= É da cabeça de Suplicy!

Todos caíram na gargalhada, exceto - claro - o pai do roqueiro Supla.
Herculano
21/09/2016 07:21
da série: você acha que não existe caixa dois nas campanhas municipais, inclusive em Gaspar?

VELHACARIA NO CONGRESSO, editorial do jornal O Estado de S. Paulo.

Caixa 2 de campanha política é uma infração eleitoral. Mas, se se tornar crime, livrará de responsabilidade penal quem a tenha praticado antes da promulgação da nova lei, que não poderá ser aplicada retroativamente. Esse é o truque por meio do qual, agindo nas sombras, parlamentares espertos tentaram aprovar na Câmara dos Deputados, na segunda-feira, um dispositivo legal que garantiria a impunidade de quem não tenha contabilizado "doações" eleitorais. Essa manobra vergonhosa só não se concretizou porque foi denunciada, na undécima hora, por parlamentares atentos ?" e indignados ?" na Câmara e no Senado.

Agora, as duas Casas do Congresso, sob pena de aumentarem o desprestígio e a desconfiança com que são vistas, encontram-se diante do imperativo de trazer a público um amplo esclarecimento sobre essa manobra, urdida à sorrelfa. O primeiro-secretário da Câmara, Beto Mansur (PRB-SP), que presidia a sessão, fugiu do assunto quando interpelado pelo deputado Miro Teixeira (Rede-RJ) sobre quem era o responsável pela inclusão da matéria na pauta de votação. Sem maiores explicações, Mansur declarou a sessão encerrada.

A urgência com que se tentou concretizar essa cavilação em benefício da impunidade da prática generalizada do caixa 2 parece se dever ao fato de que é iminente a divulgação das delações premiadas de duas grandes empreiteiras que são alvo da Lava Jato, a Odebrecht e a OAS. Esses depoimentos envolveriam cerca de 100 senadores e deputados, de quase todos os partidos, tanto pelo recebimento de contribuições legais como pelo recebimento de propina e doações não contabilizadas. Estariam envolvidos nesses casos os presidentes do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), e da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ). Este já admitiu ter recebido doação da OAS, explicando que não a contabilizou em sua campanha porque a transferiu para a derrotada campanha ao Senado de seu pai, Cesar Maia.

Até onde tem sido possível reconstituir os tortuosos caminhos da por enquanto frustrada tentativa de garantir a impunidade de parlamentares com o rabo preso em transações financeiras obscuras, a adesão à ideia parece se estender aos comandos das principais bancadas, tanto da situação como da oposição. Segundo apurou o Estado, em reunião realizada na tarde da segunda-feira, Rodrigo Maia ?" então no exercício da Presidência da República devido à viagem de Michel Temer a Nova York ?" deu aval à tramitação da proposta, endossada também por Renan Calheiros.

Originalmente, a intenção seria destacar e acelerar a aprovação de um dos 10 itens do pacote anticorrupção proposto pelo Ministério Público, exatamente o que estabelece a criminalização do caixa 2, mas acrescentando um dispositivo que anistiaria os responsáveis por infrações realizadas antes da aprovação da nova lei. A providência não seria inócua como poderia parecer, dado o princípio da não retroatividade das cominações penais, uma vez que caixa 2 constituiu falsidade ideológica, pelo menos.

São os senadores e deputados que fazem as leis e a história do Parlamento. Deveriam, portanto, ter maiores cerimônias quando legislam em causa própria. Em setembro de 2015, o Senado ratificou a decisão do Supremo Tribunal Federal de abril do ano anterior que proibia doação eleitoral de pessoas jurídicas. O primeiro teste dessa lei está sendo realizado agora, no pleito municipal, e muitos políticos parecem convencidos de que aquela decisão ?" já então longe da unanimidade ?" foi um lamentável equívoco. Não porque constitui importante fator de moralização da vida pública, mas porque, assim sendo, deixa vulnerável "todo mundo" que usa e abusa de dinheiro para se eleger.

Assim, é impossível prever se essa manobra para garantir, no caso do caixa 2, a impunidade de quem "faz o que todo mundo faz" será abandonada em nome do decoro ou se, sob o manto do combate à corrupção que está sendo proposto pelo Ministério Público, a velhacaria cultivada nas sombras fará nova tentativa de desmoralizar o instituto da representação popular.
Herculano
21/09/2016 07:15
Por que os políticos, corruptos ou não, são contra a imprensa livre e investigativa

ALERTA CONTRA MANOBRAS PARA ANISTIAR O CAIXA, editorial do jornal O Globo

Projeto para criminalizar o dinheiro doado sem registro para políticos não passava de truque para isentar todos os que se beneficiaram dele até agora.

No pano de fundo de tudo estão as já célebres gravações feitas pelo ex-apaniguado de Renan Calheiros na Transpetro, subsidiária da Petrobras, Sérgio Machado, com o próprio presidente do Senado e outros caciques do PMDB ?" Romero Jucá e José Sarney, ex-presidente da República.

Com trechos de conspiração explícita contra a Operação Lava-Jato, os diálogos serviram para chamar atenção sobre manobras parlamentares a fim de tornar inócuas as investigações do grande esquema de corrupção montado pelo lulopetismo, de que se beneficiaram também o PMDB e o PP, especialmente mas não só.

No domingo, O GLOBO alertou que na segunda deveria entrar na pauta de votação da Câmara um Cavalo de Troia. Na aparência, algo desejado, a criminalização do caixa dois; tanto que o projeto se valeu de uma das dez propostas do Ministério Público para aperfeiçoar as armas do Estado no combate à corrupção. Na realidade, porém, escondia-se no projeto uma anistia para políticos com ou sem mandatos que se beneficiaram de dinheiro de empresários recebidos "por fora".

Ao criminalizarem agora o caixa dois ?" planejaram os articuladores do plano ?", tudo o que aconteceu no passado, nos subterrâneos financeiros da política, não poderia ser usado pelo Ministério Público para denunciar os beneficiários desse dinheiro sujo. Pois o efeito das leis não pode retroagir.

Manobra sob medida para isentar citados em delações premiadas como receptadores desse tipo de dinheiro ?" como Jucá, por exemplo ?" até a promulgação da lei. Um motivo para a pressa na tramitação do projeto é que se aproxima a definição sobre a provável contribuição premiada de Marcelo Odebrecht e de executivos da empreiteira, na qual seriam listados cem políticos beneficiados com "caixa dois eleitoral" e "caixa dois com propina", algo assim. Mas não seria fácil. Pois esta é uma distinção difícil de fazer, porque tudo é crime. Mesmo que alguns entendam que seria inócuo o projeto da criminalização, o deputado Miro Teixeira (RJ) e o senador Randolfe Rodrigues (AP), da Rede, cada um em sua Casa, ajudaram a impedir que o golpe ?" este sim ?" fosse desfechado.

Esta anistia por decurso de prazo, além de ir contra preceitos constitucionais da exigência de moralidade e probidade do homem público, entraria em conflito com o artigo 350 do Código Eleitoral, onde se estabelece pena de cinco anos de prisão para quem omite informações em "documento público." Há, como sempre, controvérsias jurídicas, mas é inadmissível admitir esta anistia pela porta dos fundos, matreira.

Não se deve, porém, considerar que tudo está resolvido. Os interesses são pesados e transitam nos bastidores longe da vigilância da opinião pública. Deverão ocorrer novas manobras para restabelecer a impunidade de sempre. Quando um destaque para votação em separado fatia artigo da Constituição no Senado, para livrar Dilma da perda de direitos políticos, tudo é possível.
Herculano
21/09/2016 07:13
da série: os políticos são mesmo seres sem qualquer puder e ética. Pagos por nós com altos salários, eles roubam o dinheiro de todos e afrontam à lei, fazem isso de forma deliberada, e ao mesmo tempo criam leis, para inocentá-los

MANOBRA VERGONHOSA, editorial do jornal Folha de S. Paulo

Em surdina, ao cair da noite, deputados federais mancomunaram-se na segunda-feira (19) com o propósito de blindar, em pelo menos um ponto, políticos acossados pela Operação Lava Jato.

Denunciada a tempo, graças à vigilância de alguns poucos congressistas de partidos alheios ao festim - como Rede e PSOL -, a proposta foi retirada da pauta.

Como se sabe, as autoridades da Lava Jato têm entendido que doações ocultas nada mais constituíram, no escândalo do petrolão, do que formas de lavar recursos obtidos por meio de um verdadeiro assalto aos cofres públicos.

Uma sorrateira emenda então se articula na Câmara, com o assentimento dos que se juram eternos inocentes, dos que incendeiam a tribuna apenas contra a corrupção do vizinho e dos muitos que se fazem de desentendidos quando mudam de governo em busca de vantagens inconfessáveis.

Pretendia-se passar a impressão de apoio a um dos itens das chamadas dez medidas contra a corrupção propostas pelo Ministério Público Federal: o caixa dois seria crime passível de punição específica.

Sem que se tenha revelado o teor do projeto, entretanto, o acordo entre os falsos campeões da moralidade abria a possibilidade de que todos os envolvidos nesse tipo de atividade viessem a ser anistiados pelo que tenham feito até aqui.

Defensor da criminalização do caixa dois, o deputado Carlos Sampaio (PSDB-SP) afirma que era zero a chance de haver anistia. A pressa na aprovação do projeto se justificaria para que a lei vigorasse já nas disputas municipais deste ano.

Fosse assim, por que tanto sigilo? Por que incluir subitamente na pauta da Câmara mudança legislativa em assunto tão sensível para a opinião pública e de especial interesse para a propinocracia da maioria dos partidos?

Fossem nobres as intenções, por que ninguém se prontificou a assumir a paternidade da medida?

Apontam-se os dedos para o PSDB e para o PP, repletos de nomes implicados na Lava Jato. Mais tarde menciona-se a participação do presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), e do líder do governo Michel Temer (PMDB) na Câmara, André Moura (PSC-SE).

Não, não havia nobreza nas atitudes de segunda-feira. O contexto é claro: os novos ocupantes do poder, aliados aos que o aproveitavam desde antes, cansaram-se de falar contra a corrupção.

Querem seus proveitos, querem a impunidade. Querem, num momento de distração da sociedade, atirar por terra a máscara da moralidade de que se serviram e trocá-la por outra - talvez a das clássicas caricaturas do criminoso armado - que lhes caiba melhor.
Herculano
20/09/2016 20:11
LULA LEVA PT JUNTO COM ELE PARA BANCO DOS RÉUS, por Josias de Souza

O Plano A era bombardear a gestão do PMDB, transformar a herança nefasta de Dilma Rousseff num fracasso de Michel Temer e conduzir a nova candidatura presidencial de Lula em triunfo até 2018. O Plano B é, é?

O PT não dispõe de um plano alternativo. Líder messiânico e único, Lula arrasta o partido e seus devotos junto com ele para o banco dos réus. Faz isso sem levar em conta que ajuda a afundar a legenda que fundou.

Os estrategistas do petismo não tiveram nem a possibilidade de analisar um plano de contingência. Já intuíam que Sérgio Moro converteria em ação penal a denúncia em que a força-tarefa de Curitiba acusou Lula de receber R$ 3,7 milhões em benefícios ilegais da OAS. Mas faltava-lhes material humano para esboçar uma tática alternativa.

Rendido às conveniências de Lula, o PT vê-se compelido a improvisar um Plano B, que consiste basicamente em levar o Plano A às suas últimas (in)consequências: desqualificar a gestão Temer e acusar as autoridades da Lava Jato de conspiração para arrancar Lula da urna eletrônica de 2018.

Como que antevendo o veneno, Sérgio Moro já inoculou o antídoto no despacho em que fez de Lula um réu. Disse não ignorar que, "entre os acusados, encontra-se ex-presidente da República, com o que a propositura da denúncia e o seu recebimento podem dar azo a celeumas de toda a espécie.''

Moro acrescentou: ''Tais celeumas, porém, ocorrem fora do processo. Dentro, o que se espera é observância estrita do devido processo legal, independentemente do cargo outrora ocupado pelo acusado.''

O que o juiz da Lava Jato escreveu, com outras palavras, foi o seguinte: ''Nos autos da Lava Jato, Lula é um cidadão comum. A pose de vítima não tem serventia jurídica. O réu e seus advogados terão de providenciar explicações convincentes, capazes de refutar as acusações da Procuradoria." Do contrário, o morubixaba do PT será condenado. Se a condenação for confirmada em segunda instância, Lula será candidato ao xadrez, não ao Planalto.
Belchior
20/09/2016 19:35
Chamem a polícia para o belchior- carreata com buzinaço infernizando quem precisa dormir para trabalhar logo mais...
Sidnei Luis Reinert
20/09/2016 15:39
Petrobras: os entreguistas são do PT

O Financista 20.09.16 14:20
Quem defende a privatização da Petrobras ou, pelo menos, a venda de parte de seus negócios é acusado de entreguista pelo PT e pelos petroleiros. Os números abaixo mostram, porém, que o lulopetismo é quem entregou a estatal para "os capitalistas", ao permitir que se endividasse irresponsavelmente.

Os juros anuais cobrados por empréstimos à estatal mais do que dobraram em cinco anos. E o total desembolsado com os juros das dívidas saltou de menos de US$ 1 bilhão, por ano, para US$ 6,3 bilhões. O que os "cumpanherus" têm a dizer sobre quem entrega o dinheiro da Petrobras? Ou isso não é patrimônio também?

http://www.oantagonista.com/posts/petrobras-os-entreguistas-sao-do-pt
Sidnei Luis Reinert
20/09/2016 12:47
A missão possível para o empresariado


Edição do Alerta Total ?" www.alertatotal.net
Por Jorge Serrão - serrao@alertatotal.net

Defensores milionários que trabalham para o crime institucionalizado têm a cara de pau de comemorar a ida de Ricardo Lewandowski para a segunta turma de ministros do Supremo Tribunal Federal. O motivo canalha: a mudança de composição no colegiado, que analisa os casos da Lava Jato para quem tem o absurdo foro privilegiado, pode render mais chances de absolvição e concessão de habeas corpus. O desejo faz parte de um plano explícito nos bastidores da politicagem e do judiciário para impor limites ao combate a corrupção no Brasil.

O desejo de impunidade é o mesmo que motivou parlamentares a acelerarem a discussão canalha para anistiar quem cometeu crime de caixa dois no processo eleitoral. Por enquanto, falhou o plano para eximir de pena quem praticou contabilidade paralalela na campanha até a data da aprovação da nova lei que criminalizaria o uso de recursos não-contabilizados nos pleitos. A jogada teve o aval do presidente da Câmara, Rodrigo Maia, e do presidente do Senado e do Congresso Nacional, Renan Calheiros.

A manobra da desqualificada classe política, que nunca aprova medidas contra seus próprios interesses, apenas confirma o quanto será difícil promover mudanças efetivas na máquina estatal brasileira, pela via meramente legislativa. Também fica claro que não adianta editar novas leis cheias de brechas para não serem efetivamente cumpridas. O problema da impunidade brasileira é agravado pelo regramento excessivo, com ajuda a cultura do "jeitinho", que alterna rigor seletivo contra uns com perdão providencial para outros. O poderio político e a criatividade de caríssimos advogados ditam as regras, no final das contas.

O crime institucionalmente organizado, que domina os poderes republicanos, não deseja mudanças efetivas. No máximo, admite reformas que permitam deixar, na essência, tudo do jeitinho como sempre esteve. Os corruptos farão de tudo para assassinar a reputação daqueles que lutam por honestidade e ousam combater a corrupção - mesmo que isto pareça um enxugamento de gelo. Os bandidos de fino trato estão mais unidos que nunca para resistir às pressões por mudanças.

A sociedade brasileira não pode cessar a pressão por mudanças estruturais efetivas junto com a cobrança por Justiça sem jeitinho. O objetivo final tem de ser uma Intervenção Constitucional - um pacto efetivo para elaboração de uma Constituição enxuta, capaz de ser interpretada automaticamente, sem judicializações da politicagem. Precisamos ir muito além do apoio simbólico ao combate à corrupção e á impunidade. Redesenhar e reinventar o Estado Brasileiro é a missão urgente urgentíssima. Por isso, é fundamental debater, exaustivamente, que Brasil precisamos e queremos.

A luta por mudanças estruturais efetivas deve ser uma prioridade do empresariado produtivo, que sofre diretamente os efeitos da corrupção estatal, sendo submetido a um arrocho de impostos combinado com a extorsão praticada pela fiscalização. A carga tributária altíssima, somada à insegurança jurídica em ambiente de regramento excessivo, inibe a capacidade de produzir, gerar emprego, renda, consumo e novos investimentos básicos em educação, ciência e tecnologia.

Os segmentos esclarecidos da sociedade, sobretudo do empresariado, precisam investir pesadamente na luta por mudanças estruturais. Precisamos ir muito além do combate à corrupção. Coragem, inteligência e capacidade de diálogo para pensar soluções e colocá-las em prática tem de ser uma missão possível. Do contrário, o Brasil vai se desintegrar.
Pagando Brabo
20/09/2016 12:32
Interessante o município de Gaspar, nosso competente prefeito, que coloca como Diretor de transito, uma pessoa extremamente competente, que apenas por um detalhe nao tem carteira de motorista, resolve fazer mais uma das suas ações competentes, o Ditran, que já esta com um quadro reduzido, resolve colocar dois de seus agentes de transito, para ficarem a disposição da secretaria de educação, ocorrendo em um crime de responsabilidade, pois trata se de um grave desvio de função. Ainda bem que esta competência toda esta com os dias contados.
Herculano
20/09/2016 10:14
LUCA E AS ELEI~ÇÕES, por Hélio Schwartsman, no jornal Folha de S. Paulo

Se não houvesse pressões do meio ambiente, não haveria evolução, e a vida teria sido fácil para Luca ("last universal common ancestor"), a sigla inglesa pela qual os biólogos designam o mais recente organismo de qual descendem todos os seres vivos que habitam a Terra. Sem um ambiente muito volúvel e frequentemente inóspito, Luca, um ser unicelular que viveu entre 3,5 e 3,8 bilhões de anos atrás, talvez ainda reinasse soberano, hipótese em que não estaríamos aqui falando sobre biologia e política.

A decisão do STF que baniu as doações de empresas para eleições é o equivalente de um cataclismo ambiental que levará o sistema a evoluir. As ondas de choque estão aparecendo. Nos primeiros cruzamentos de dados, já foram encontradas doações feitas por generosos cadáveres e por entusiasmados beneficiários do Bolsa Família. Espera-se que os mal-adaptados políticos que conceberam esses esquemas sejam rapidamente fulminados pela Justiça Eleitoral, que assim contribuiria para reduzir a burrice escancarada do pool da nossa política.

Esses casos, porém, são só a casquinha. A brutal redução de recursos a alimentar as campanhas, se não for revertida por uma PEC ou compensada por fraudes mais difíceis de detectar, pressiona o sistema a modificar-se. Não é algo que veremos em uma ou duas eleições, mas a tendência é que os próprios políticos, para não morrer de inanição, busquem um desenho institucional em que o dinheiro de doações importe menos para o sucesso de suas candidaturas.

O elemento mais propenso a sofrer mutações é o sistema de voto proporcional, que hoje coloca milhares de candidatos a disputar as mesmas vagas (e os mesmos doadores) em grandes áreas geográficas. Uma solução bem razoável para reduzir custos e facilitar a escolha do cidadão é a adotar o voto distrital, que traria como subproduto um Legislativo mais próximo do eleitor.
Herculano
20/09/2016 10:12
AQUARIUS, por Carlos Andreazza, editor de livros, para o jornal O Globo

'Aquarius' já não tem admiradores, mas militantes. Não amar o filme é de repente se ver posicionado na luta de classes ?" contra o povo oprimido. Não amá-lo é discurso de ódio


É produtivo refletir sobre como o enredo dos golpeados encontrou na carreira de "Aquarius" uma trilha por meio da qual prosperar - e faturar. Preterido na disputa por (tentar) representar o cinema brasileiro no Oscar, Kleber Mendonça Filho, diretor do filme, não bobeou em - fiel ao script totalitário de que é um dos formuladores - associar a escolha de "Pequeno segredo", de David Schurmann, à "realidade política do Brasil".

E qual seria "a realidade política do Brasil", segundo Kleber Mendonça Filho? O leitor decerto se lembra do último Festival de Cannes, em que parte da equipe de "Aquarius" denunciou - cartazes em punho - o que seria um golpe contra a democracia brasileira, sinônimo petista para tudo quanto se oponha e resista ao projeto de perpetuação no poder de Lula e do Partido dos Trabalhadores. Ali, o cineasta fez uma opção. Não para si, mas para seu filme. Ali, para além do que vai na tela, ele apresentou também o roteiro de como "Aquarius" deveria ser projetado por seus divulgadores e percebido pelo público. Ali, definiu o tom, a realidade - a narrativa, esta maldita ?" à qual submeteria sua arte e com a qual operaria a mais oportunista campanha de marketing da história do cinema nacional.

Foi Kleber Mendonça Filho quem politizou - a não poder mais reverter - o destino de seu filme, obra que amarrou, com método, ao desfecho do processo de impeachment. E aqui, pois, estamos.

Onde estamos?

Dilma Rousseff teve o mandato cassado pelo Congresso Nacional. Foram longos meses de trabalho no Parlamento, em que a ex-presidente - apesar da irresponsabilidade petista, que pretendeu rasgar o texto constitucional e deslegitimar Câmara e Senado - teve amplo direito à defesa. Ela mesma, Dilma, compareceu diante dos que a golpeavam, num dia em que Chico Buarque integrou a excêntrica comitiva de convidados-golpeados-oficiais da golpeada-mor.

Kleber Mendonça Filho, por sua vez, teve cassado o mandato ?" divino ?" segundo o qual seu filme seria o aclamado representante do Brasil no pleito por (tentar) disputar o Oscar. Foram longas semanas de pressão, de assessoria de imprensa vestida de jornalismo, de difamação, de fofoquinha, de menosprezo aos concorrentes (eram 15, os fantasmas), de mi-mi-mi (nunca terá havido tantas Gleisis, tantos Lindberghs), de conchavo entre cineastas, de coação, de intimidação intelectual, de tentativa de calar o contraditório, de desrespeito a uma comissão julgadora previamente escolhida, período no curso do qual parecia só haver "Aquarius" ?" até que, não!, o colegiado, soberano, desautorizou a imposição da corriola, peitou os donos do cinema brasileiro e selecionou outro que não o filme do golpe.

Onde estamos?

Ainda não estamos. Porque antes convém destrinçar - à luz desse histórico ?" o que vai dito quando Kleber Mendonça Filho costura a não indicação de "Aquarius" à "realidade política do Brasil". Sim, ele se vitimiza. O golpe também é contra ele. Isso é evidente, lucrativo - e integra a estratégia da guerrilha criativa, que necessita de perseguições forjadas, de conspirações inventadas, de censuras fabricadas. Já o fizera, aliás, contra a classificação indicativa do filme, estabelecida em 16 anos - algo que, claro, só poderia decorrer de retaliação do Ministério da Justiça golpista.

Agora, com "Aquarius" nos cinemas, recorre-se ao expediente de desqualificar aqueles que não veem tanta genialidade assim no filme, deslocando o gosto puro e simples para o terreno da política - como se o desencanto não pudesse existir, não em relação a "Aquarius", sem uma intenção partidária. (A turma é generosa, no entanto; porque você, que não apreciou o filme, pode não ter maldade nisso, pode nem perceber que, na raiz de não lhe ter gostado, há uma deformação de extrema-direita.)

Já não é aceitável considerar "Aquarius" uma obra comum, mediana ou mesmo correta, boa, legalzinha, sem que sobre essa modesta impressão individual recaia o juízo de que fruto de um olhar ideológico. (Só Kleber Mendonça Filho e o pessoal do Edifício Solaris ?" ops!, perdão, Aquarius ?" podem manipular a política e a ideologia.) Assim, o filme já não tem críticos, mas inimigos. Já não tem admiradores, mas militantes. Diga, com base nos números, que não é um sucesso de público ?" e leve um "Fora, Temer!" na cara. Não amar "Aquarius" é de repente se ver posicionado na luta de classes ?" contra o povo oprimido. Não amar "Aquarius" é discurso de ódio. Bolsonaro!

Onde estamos?

Próximos ao momento em que não será mais possível contrariar um petista (os interesses de um petista) sem ser chamado de canalha, de golpista. E isso tem nome: fascismo.
Herculano
20/09/2016 10:08
TEMER LÁ E CÁ, por Eliane Cantanhede, para o jornal O Estado de S. Paulo

Após 'ordem e progresso', Temer entra com o lema 'normalidade e segurança'

O presidente Michel Temer carregou na mala para Nova York duas palavrinhas mágicas para o seu discurso de hoje na abertura da Assembleia-Geral da ONU, na sua agenda bilateral com presidentes e primeiros-ministros e nos seus encontros com, principalmente, setores privados. São elas: normalidade e segurança. Pena que Temer não se encontrará com Barack Obama.

Com a versão do "golpe" desmilinguindo-se ?" foram vinte os gatos pingados gritando palavras de ordem na chegada de Temer à cidade ?", não seria ele que a resgataria e poria em pauta na sua segunda e mais importante viagem internacional. A ordem é deixar "golpe" para lá, sair da defesa e partir, não para o ataque, mas para o convencimento de que o Brasil está no rumo certo.

Temer pretende dizer ao mundo que o País está voltando à maior normalidade, com as instituições funcionando, a relação do governo com o Congresso fluindo e uma grande expectativa nacional de que o pior já passou e todos os esforços são para voltar a crescer, criando condições para a indústria, os empregos, a inclusão.

Pretende dizer também, particularmente aos investidores, que a normalidade institucional vem junto com a restauração da segurança jurídica, do pragmatismo econômico, da abertura aos investimentos. Acabou a era do Estado inchado, do preconceito contra o capital e das canetadas como a que botou o setor elétrico de pernas para o ar. Como acabou a era das alianças internacionais erradas e começa uma outra em que estão na mesa os interesses nacionais ?" de um lado (o brasileiro) e do outro (o interlocutor).

O discurso de Temer, que fala em tese, foi precedido e está sendo detalhado por compromissos práticos assumidos pelos seis ministros que integram sua comitiva. José Serra, por exemplo, abriu os trabalhos reunindo-se com os chanceleres dos parceiros originais do Mercosul: Argentina, Paraguai e Uruguai. Sem a Venezuela e seu viés, digamos, heterodoxo, o grupo acertou e divulgou que é hora ?" aliás, já passou da hora ?" de fechar o acordo com a União Europeia.

Moreira Franco, da infraestrutura, levou o cardápio de obras, concessões e licitações. Fernando Bezerra Filho, as oportunidades no setor de minas e energia. Zequinha Sarney, o discurso de que o Brasil está calibrando bem a proteção ao meio ambiente e a garantia de desenvolvimento. Alexandre de Moraes, da Justiça, respaldou o discurso de ontem sobre refugiados, e Henrique Meirelles, da Fazenda, é o grande troféu do binômio "normalidade e segurança".

Em comum, todos fazem duas sinalizações para investidores. Uma é que o novo governo tem força para aprovar no Congresso pelo menos três mudanças essenciais para desobstruir o desenvolvimento: o teto de gastos (ajuste fiscal), a reforma da Previdência (sustentabilidade do sistema) e a flexibilização das leis trabalhistas (combate ao desemprego). O outro compromisso, que pode ser explícito ou velado, é de que o governo não tentará, de nenhuma forma, obstruir a Lava Jato.

A ida de Temer à China foi um treino, aproveitando o G-20 e para trazer uma foto com os maiores líderes do planeta. Esta segunda viagem, ao ainda "centro do mundo", já é para valer. Temer discursou na reunião sobre refugiados ?" um dos maiores problemas deste século, que também aumenta no Brasil ?", e vai à ONU não apenas falar "para fora" (a presidentes e primeiros-ministros), mas também "para dentro" (a sociedade brasileira). Na verdade, os presidentes brasileiros abrem a assembleia-geral por tradição, mas a repercussão dos seus discursos acaba sendo muito maior no Brasil do que nos outros governos e na imprensa internacional. Temer sabe. Assim como sabe que a demanda por "normalidade" e "segurança" em contratos e investimentos é tão grande cá como lá.
Herculano
20/09/2016 10:07
REAÇÃO BEM SUCEDIDA, por Merval Pereira, para o jornal O Globo

Uma reação de deputados e senadores impediu que fosse adiante, pelo menos por enquanto, o projeto de lei que pretendia, ao criminalizar o caixa 2 em campanhas eleitorais, na verdade dar uma espécie de anistia aos parlamentares e ex-parlamentares que tenham sido financiados através desse mecanismo anteriormente à aprovação da lei.

A manobra, denunciada na coluna de domingo, tinha o apoio das lideranças dos principais partidos do Congresso ?" PMDB, PT, PSDB ?", com exceção da Rede e do PSOL, e foi abortada por uma obstrução do deputado Miro Teixeira, da Rede, que exigiu da presidência da Câmara que revelasse se realmente havia um projeto nesse sentido para ser votado.

O projeto não constava inicialmente da pauta de votação, mas estava sobre a Mesa Diretora e poderia ser colocado em discussão a qualquer momento. Miro disse que considerava a manobra inútil, pois a seu ver o caixa 2 já é considerado crime em diversas leis, eleitorais ou de crimes financeiros, e alegou que a Câmara passaria pelo constrangimento de ser acusada de participar de um golpe.

Vários deputados, inclusive das legendas que apoiavam o projeto, declararam-se contrários a ele, e o assunto foi descartado, pelo menos no momento. No Senado, Randolfe Rodrigues, também da Rede, com base na coluna "Por baixo dos panos", pronunciou-se contrário ao que chamou de tentativa de usar as dez medidas contra a corrupção, do Ministério Público Federal, para desvirtuar seus objetivos.

"Querem transformar um limão para os criminosos numa limonada", disse o senador, que teve o apoio de outros. A tentativa de aprovar o projeto a toque de caixa tinha o objetivo de neutralizar uma denúncia que deve ser feita pela empreiteira Odebrecht, que na sua delação premiada dará uma relação de cerca de cem parlamentares e ex-parlamentares que teriam recebido financiamentos, por dentro e por fora da lei.

A ideia generalizada é que será difícil distinguir os financiamentos legais dos ilegais, ainda mais depois que o PT inventou a doação de propina legalizada no TSE. A criminalização, com lei específica, passaria a punir os políticos que se financiassem ilegalmente, e as empresas que se utilizassem desse mecanismo, mas deixaria o que aconteceu antes da lei num limbo, pois não se pode punir crime que não esteja previsto na legislação.

Muitos, porém, como o deputado Miro Teixeira e a presidente do STF, ministra Cármen Lúcia, consideram que já existe legislação tratando do assunto, considerando a prática criminosa.

Punição definitiva
Ao mesmo tempo que, em depoimento no Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Otávio Azevedo, ex-presidente da empreiteira Andrade Gutierrez, confirmava que a campanha presidencial de Dilma Rousseff em 2014 recebeu parte dos R$ 15 milhões de propina referentes ao contrato da usina de Belo Monte doados ao PT como se fossem legais, transitava em julgado sua condenação, e a de Flávio Barra, ex-diretor da área de Energia da empreiteira, na Justiça Federal do Rio.

Os prazos para recursos de apelação esgotaram-se para a defesa no dia 15, e para o Ministério Público ontem, dia 19. O juiz Marcelo Bretas, da 7ª Vara Federal Criminal, condenou Otávio Azevedo à pena de 18 anos de reclusão, que, seguindo o acordo de delação premiada, será cumprida da seguinte maneira: regime domiciliar fechado com monitoramento eletrônico por um ano, progredindo para o regime semiaberto diferenciado pelo prazo de dez meses, e para o regime aberto diferenciado pelo prazo de dois anos e, cumulativamente, prestação de serviços à comunidade.

Flávio Barra foi condenado a 15 anos de reclusão, pena que cumprirá nos mesmos moldes de Azevedo. A partir de agora, os dois não poderão ser condenados mais em nenhuma instância, só podendo ser ouvidos como testemunha de acusação, pois suas penas pela 7ª Vara Federal Criminal do Rio já atingiram o limite do contrato da colaboração premiada.
Herculano
20/09/2016 10:05
O MILITANTE IMAGINÁRIO, por Arnaldo Jabor, para o jornal O Estado de S. Paulo

O que é o "militante imaginário"? O filósofo José Arthur Giannotti criou essa expressão e eu a achei perfeita. O "militante imaginário" é o sujeito que se acha revolucionário, mas nunca fez nada pelo povo. Chamemo-lo de MI. É-se militante imaginário como se é Flamengo ou Corinthians. Agora, nessa grande crise de mutação que vivemos, pululam militantes imaginários.

O MI se julga em ação, só que não se mexe. Ele é a favor de um Bem que não conhece bem. O que é o "Bem" para ele, o nosso militante imaginário?

Para o MI de hoje o "Bem" é uma mistura de crenças ideológicas que nos levariam a um futuro de felicidade. A mente de um MI é um sarapatel de leninismo vulgar, socialismo populista, subperonismo, vagos ecos getulistas e um desenvolvimentismo tosco.

Eles gostam de ser militantes porque é bonito ser de uma vaga esquerda enobrecedora; ela abriga, como uma igreja, muitos tipos de oportunismo ideológico. São professores universitários, intelectuais sem assunto, jovens sem cultura política e até mesmo os "black blocs" que já são tolerados e viraram uma espécie de "guarda revolucionária" dos militantes.

Existem vários tipos de militantes imaginários.

Há o militante de cervejaria, de estrebaria e de enfermaria. Bêbados, burros e loucos.

O MI é um revolucionário que não gosta de acordar cedo. É muito chato ir para porta de fábrica panfletar.

O militante verdadeiro, puro, escocês, só gosta de teorias. A chamada "realidade" atrapalha muito com suas vielas e becos sem saída. Os MI's odeiam a complexidade da realidade brasileira, porque eles aspiram a um absoluto social num mundo relativo; eles querem um Brasil decifrado por três ou quatro slogans.

A grande paixão do MI é a certeza. "Dúvida" é coisa de burguês reacionário, frescura social-democrata ou neoliberal. O MI só pensa no futuro; odeia o presente com suas complicações, idas e vindas. O militantes odeia meios; só tem fins.

Para o MI, o presente é chato. O futuro é melhor porque justifica qualquer fracasso: "Falhamos hoje, mas isso é apenas uma contradição passageira na marcha para a grande harmonia que virá!". E quanto mais fracassos, mais fé. O MI perde o poder, mas não perde a pose e a fé. A cada uma de suas frequentes derrotas, mais brilha sua solidão de "vítima" do capitalismo. Aliás, ser "contra" o capitalismo justifica tudo e garante uma respeitabilidade reflexiva. E hoje, como o comunismo está inviável, os MI's lutam pela avacalhação do que já existe, pois não têm nada para botar no lugar.

O MI é uma espécie de herói masoquista, pois tem o charme invencível do derrotado que não desiste.

Os MI's são em geral românticos, são até bons sujeitos, mas são meio burros.

Há até MI's cultíssimos, eruditos; porém, burros. Eles não veem o óbvio, porque o óbvio é muito óbvio. Acham que a verdade só existe escondida nas nervuras do real.

Depois de 13 anos de erros sucessivos, quando o PT abriu as portas para o presidencialismo de corrupção, houve o impeachment. Foram longos meses de cuidados constitucionais até a conclusão. O STF, o Congresso, a OAB, a PGR, todos consagraram rituais institucionais corretos.

Mas, não adianta; depois de pixulecos e panelaços, começou a gritaria de "golpe, golpe" e refloriu a primavera dos militantes imaginários que estavam meio arredios, acuados. A desgraça é que eles insistem nas dualidades ideológicas, quando o problema do Brasil é contábil. É a economia, estúpidos! ?" como disse Carville.

Hoje, eles estão pululando e gritando "Fora Temer"; até sem saber porquê.

Não importa se dilmistas e petistas tenham arrasado o País, jogando-o na maior depressão da história; o que importa para os MI's é que, mesmo arrebentando tudo, eles portavam a bandeira mágica da revolução imaginária que tudo justifica. Espanta-me a frivolidade desses protestos abstratos. Os MI's não se permitem nem alguns meses da esperança de que se consertem as contas públicas; destruíram-nas e não deixam consertá-las.

O militante imaginário se considera superior a todos nós, reacionários e caretas.

O MI é uma alegoria de si mesmo; ele não é apenas um indivíduo ?" ele é mais do que isso, ele é o autodeclarado embaixador do povo. O militante imaginário se considera o sujeito da história, o cara que vai mudar o rumo do erro; enquanto isso, a direita sabe que a história não tem sujeito; só objeto (no caso, o lucro).

Eles lutam pelo passado. São regressistas com toques sebastianistas de paz no futuro e glória no passado. Eles têm uma espécie de saudade de um mundo que já foi bom. Quando foi bom? Durante as duas guerras, no stalinismo, quando?

Ou seja, eles tem saudade de um tempo em que se achava que o mundo poderia vir a ser bom... É a saudade de uma saudade.

O MI acha que o mundo se divide em esquerda e direita ?" em opressores e oprimidos. Qualquer outra categoria é instrumento dos reacionários. O MI detesta contas, safras de grãos, estatísticas, tudo aquilo que interessa à velha direita. Por isso, ela ganha sempre.

O militante imaginário não pode ser confundido com o patrulheiro ideológico. Este vigia os desvios dos outros. O MI brilha como um exemplo a ser seguido. O MI só ama o todo.

Enquanto a direita só ama a "parte" (sua, claro). O MI nunca leu O Capital; a direita também não, mas conhece o enredo. O MI vive falando em "democracia", mas não acredita nela. Como sempre, os MI's só defendem a democracia como estratégia ("a gente apoia e depois esquece...") .

Ultimamente, os MI's andam eufóricos ?" não precisam mais governar e outras chateações administrativas. Agora, estão na doce condição de vítimas. E por aí vão, se enganando, se sentindo maravilhosos guerreiros com "boa consciência", enquanto contribuem para a paralisia brasileira. É isso aí...

O MI me lembra uma frase de Woody Allen que adoro:

"A realidade não tem sentido, mas ainda é o único lugar onde ainda se pode comer um bom bife".

O MI não quer bife.
Herculano
20/09/2016 07:30
A ANISTIA PARA CAIXA DOIS VIROU UM ENJEITADINHO:APARECEU PARA VOTAÇÃO, MAS NINGUÉM ASSUME, por Reinaldo Azevedo, de Veja

Matéria chegou a entrar na pauta da Câmara por vias tortas, mas acabou não sendo votada

Apareceu uma criança sem pai ontem na Câmara, um verdadeiro enjeitadinho. Ninguém quer pegar o bebê no colo porque ele deveria ter vindo à luz à socapa, mas eis que todo mundo ficou sabendo. E aí? cachorro com muitos donos morre de fome, não é? A que me refiro? A uma proposta que surgiu na Câmara para anistiar os que recorreram ao caixa dois em eleições passadas.

Em que consistia a manobra? Eis que entrou na pauta, de repente, a proposta para transformar em crime, previsto no Código Penal, o caixa dois de campanha ?" trata-se de uma daquelas 10 medidas propostas pelo Ministério Público Federal. Mas como é que se poderia votar esse troço, que ainda está em debate? Ora, usando um texto que tramita desde 2007 na Casa, que trata de regras eleitorais, e que já está pronto para votação - bastando, para isso, que entre em pauta.

Assim, a proposta da criminalização do caixa dois seria apresentada como um substitutivo ao texto antigo, o que é regimental. Mas com uma emenda: justamente a anistia.

Argumento maroto: ainda que o caixa dois passe a ser crime, previsto no Código Penal, a lei não pode retroagir para punir ninguém. Isso é verdade. Mas daí a aproveitar a proposta para uma anistia geral vai uma grande diferença. Até onde a imprensa apurou, quase todo mundo participou da manobra, mas ninguém admite: Rodrigo Maia (DEM-RJ), presidente da Câmara; Renan Calheiros (PMDB-AL), presidente do Senado, PSDB, PT, DEM, PR, PP e companhia.

Alguns parlamentares, inconformados, estrilaram, e a matéria foi retirada de pauta. O mais curioso é que ninguém conseguia dizer como ela entrou em pauta.

Só para lembrar: caixa dois de campanha é crime eleitoral, previsto no Artigo 350 do Código Eleitoral, com pena que varia de um a cinco anos. O MPF também quer responsabilizar os partidos.
Herculano
20/09/2016 07:23
DINHEIRO, ESTRELA E VOTO, por José Roberto Toledo, para o jornal O Estado de S. Paulo

É nas urnas que a estrela petista corre mais risco de virar nebulosa

É nas urnas que a estrela petista corre mais risco de virar nebulosa. No conjunto das disputas eleitorais em todo o Brasil, o PT lançou menos candidatos a prefeito, suas alianças encolheram e seu tempo de propaganda minguou. Junto com tudo isso, um mês de prestações de contas de campanha revela que as candidaturas do PT empobreceram tanto ou mais que seu eleitorado. Nada é mais importante que dinheiro numa eleição.

Por enquanto, o PT é apenas o sétimo partido em arrecadação eleitoral. Está atrás de siglas como PDT, PSD e PP. Líder do ranking provisório, o PMDB arrecadou três vezes mais que o PT até agora. O PSDB, 175%. O PSB, 66% a mais. Mesmo na arrecadação proporcional ao número de candidatos a prefeito, os petistas continuam em sétimo lugar (e o PMDB segue em primeiro).

Em 2012, ano em que o partido elegeu mais prefeitos na sua história, o PT foi campeão de arrecadação. Superou em quase R$ 30 milhões o PMDB, que tinha 521 candidatos a mais. Como consequência de seu sucesso eleitoral, os petistas avançaram sobre a base de poder municipal do aliado. Isso alimentou rancores que foram se refletir na Câmara dos Deputados.

O conflito municipal entre PT e PMDB alimentou nos anos seguintes à eleição de 2012 lideranças peemedebistas que se opunham ao avanço petista. Eduardo Cunha aproveitou esse ambiente para se tonar o principal porta-voz da reação. De líder dos insatisfeitos, virou líder do PMDB e pulou dali para a presidência da Câmara. O desfecho da história é conhecido.

O troco do PMDB continua, porém. Alavancados pelo poder federal que herdaram - ou tomaram, escolha o verbo - do PT, os peemedebistas buscam reconstruir em 2016 a hegemonia municipal que os mantêm no centro político do País desde o fim da ditadura. Os dados de arrecadação revelam que estão indo bem - mesmo onde as pesquisas de intenção de voto não mostram seus candidatos nem perto da liderança, como no Rio de Janeiro.

Perder capitais importantes como o Rio ou São Paulo é um baque para qualquer partido. Mas não é das metrópoles que as agremiações se alimentam. É das centenas, quando não milhares de pequenas e médias máquinas administrativas municipais. Prefeitos são os principais cabos eleitorais dos deputados federais. E isso está na raiz de todo o poder e influência partidários.

Por seu protagonismo na eleição da bancada federal de qualquer grande partido, a quantidade de prefeitos eleitos determina indiretamente o tempo de propaganda que PMDB ou o PT vão usar ou negociar na eleição presidencial, impacta o tamanho da fatia a que terão direito no Fundo Partidário, influi em quantos ministérios, estatais e CPIs comandarão no futuro. O novo ciclo de poder que começa em 2 de outubro terá reflexos até 2022.

Nos últimos dias falou-se muito de Lula, de procuradores e juízes, mas na fria contabilidade eleitoral só três fatores contam de fato: popularidade do incumbente, tempo de propaganda na TV e rádio e, mais do que tudo, dinheiro para as campanhas.

Um prefeito muito bem avaliado tem alta chance de se reeleger. Mas aprovação acima de 60% é rara hoje entre petistas. O tempo de TV depende do tamanho das coligações: quanto mais partidos, mais segundos de exposição para o candidato. Mas os escândalos, encarceramentos e, sobretudo, o empobrecimento do PT afastaram os aliados dos petistas. Como em qualquer casamento por interesse, acabou a grana, acabou o relacionamento.

Se a abundância de dinheiro fez o PT lambuzar-se de poder, as prestações de contas eleitorais sugerem que sua escassez vai afastar de vez o partido do protagonismo político que encena desde 2002. O novo papel da estrela petista será conhecido em duas semanas: pode virar anã branca no centro de uma nebulosa, explodir como supernova ou ser engolida por um buraco negro.
Herculano
20/09/2016 07:21
TURMA DO CAIXA DOIS TRATA A PLATEIA COMO IDIOTA, por Josias de Souza

Conforme previsto, surgiu na Câmara uma trama para colocar nos trilhos um projeto sobre caixa dois. O pretexto declarado é criminalizar a prática. O objetivo inconfessado é anistiar a bandalheira pretérita, concedendo perdão preventivo para a turma que conspira para "estancar a sangria" da Lava Jato. O interesse real não é restabelecer a moralidade, mas assegurar que a imoralidade permaneça impune.

A proposta de passar uma borracha na depravação entrou e saiu da pauta da sessão noturna da Câmara, nesta segunda-feira, sem que ninguém pudesse apalpá-la. Além de invisível, o projeto é órfão. Não há vestígio dos pais da manobra. Eles parecem ter vergonha de si mesmos. E não lhes faltam motivos.

A votação foi abortada por conta do alarido produzido por meia dúzia de insatisfeitos. O barulho deixou claro que o comportamento de alto risco dos vivaldinos expõe todo o Legislativo à autodesmoralização. Muitos já suspeitavam que este é um dos piores Parlamentos da história republicana. Mas não se imaginava que os deputados colocariam fogo às vestes.

Para apagar as digitais, os líderes escondidos atrás da manobra ressuscitaram um projeto de 2007, de autoria do ex-deputado Regis de Oliveira. Sugere mudanças à legislação eleitoral. Quase uma década depois, recebeu um enxerto sobre a criminalização do caixa dois. Decano da Câmara, o deputado Miro Teixeira (Rede-RJ) disse que a manobra é antirregimental.

Miro foi ao microfone para perguntar ao colega Beto Mansur (PRB-SP), que presidia a sessão, quem havia requerido o desengavetamento do projeto. Indagou também se o requerimento encontava-se sobre a mesa. Não obteve resposta. Seguiu-se o bafafá que levaria Mansur a retirar o projeto da pauta.

Irônico, Miro realçou o que chamou de "coincidência incrível." O projeto escalou a pauta de votações num instante em que "o presidente da República (Michel Temer) está no exterior, o presidente da Casa (Rodrigo Maia) está respondendo pela Presidência da República, o primeiro vice-presidente da Câmara (Waldir Maranhão) não está presidindo a sessão. E o deputado Beto Mansur (primeiro-secretário), que tem casca grossa nas costas, recebeu a incumbência de ali estar. Não o invejo."

Encerrada a sessão, o repórter procurou Beto Mansur, que travou com o blog o seguinte diálogo:

- O projeto de 2007 foi pautado por requerimento de quem? Ninguém quer ser pai dessa criança. Não sei.

- Há um requerimento? Esse projeto foi colocado na pauta. Não sou eu que faço a pauta.

- Mas para colocar na pauta, alguém tem que pedir, não? Decisão de líderes. Foi colocado na pauta. O que aconteceu é que me pediram para tocar a sessão, porque eu sei como se faz. Só isso.

- O projeto vai voltar em outra sessão? Desconheço o texto. Mas acho que houve uma reação do plenário a esse projeto. Tive que cancelar [a votação] porque não tinha acordo para poder continuar votando. Mas não conheço o texto. Quem conhece são os líderes lá.

- De que partido? É de todo mundo.

De acordo com Beto Mansur, caberá a Rodrigo Maia decidir quando a proposta retornará ao plenário. O deputado cuidou de tomar distância da iniciativa. "Em cima de mim não vão jogar essa proposta. Primeiro porque não preciso de nenhuma anistia. Segundo porque nem conheço o texto."

Além de Miro Teixeira, cerraram fileiras contra a anistia os deputados Alessandro Molon (Rede-RJ), Joaquim Passarinho (PSD-PA), Espiridião Amin (PP-SC), Ivan Valente (PSOL-SP), Rogério Rosso (PSD-DF), Laerte Bessa (PR-DF) e Jorge Sola (PT-BA). Os demais silenciaram. O interesse pela causa é pluripartidário, vai do PT ao PSDB, passando pelo PMDB, PP, PR e uma fila de etcéteras. Nos subterrâneos, diz-se que os maiores interessados são PSDB, PT e PP.

Os deputados parecem mesmo empenhados em testar até onde podem ir no seu desprezo pela opinião pública. Depois de pegar dinheiro sujo por baixo da mesa, os idealizadores da anistia decidiram tratar a plateia como idiota. Ainda não se deram conta de que roleta russa também pode levar ao suicídio.
Herculano
20/09/2016 07:19
PETROLÃO FOI DITADURA SEM TANQUE NA RUA, MAS COM PROPINA NO BOLSO, por Kim Kataguiri
Petrolão foi ditadura sem tanque na rua, mas com propina no bolso.

Lula finalmente foi denunciado pela força-tarefa da Lava Jato. Como mostraram os slides de Deltan Dallagnol -que, apesar de ridicularizados pela petistada, serviram muito bem aos seus fins didáticos-, Lula foi o grande chefe do petrolão e do mensalão. Apesar de, na denúncia, a força-tarefa não tê-lo denunciado como o comandante da organização criminosa porque tal investigação não está sob sua alçada, ficou claro que o escândalo foi muito mais do que um esquema para encher os bolsos de políticos e empreiteiros ligados ao PT.

Uma das defesas mais comuns utilizadas por militantes petistas quando confrontados com a realidade é a de que "o PT não inventou a corrupção". É verdade! Sempre houve desvio de dinheiro público. O problema é que, a partir da corrupção, os petistas conseguiram desenvolver algo ainda pior. Os governos petistas, com seu ímpeto autoritário, fizeram da corrupção um método de governo. Compraram parlamentares para passar seus projetos sem ter de dialogar nem com a sociedade nem com o Congresso. Na prática, acabaram com o Legislativo. Instauraram a ditadura da propina, ou, como definiu Dallagnol, a "propinocracia".

Ainda que não houvesse provas sobre o maior responsável por esse esquema criminoso e autoritário -e, apesar dos esperneios e das mentiras petistas, elas existem, sim, e são fartas-, é possível descobri-lo por meio de um simples exercício de lógica. Tanto o mensalão como o petrolão foram esquemas que buscavam garantir a governabilidade. A quem interessa manter a governabilidade? Ora, obviamente, a quem governa. O Poder da República responsável por governar é o Executivo. Quem comandou este Poder durante ambos os escândalos foi o PT, cuja figura mais poderosa é o ex-presidente Lula. É tão claro quanto 1 + 1 = 2. Infelizmente, nem essa soma elementar a militância petista é capaz de entender.

O pior é que ainda existem aqueles que veem nesse método de governo antidemocrático uma virtude. Para muitos petistas, figuras como José Genoíno e José Dirceu são "guerreiros do povo brasileiro" porque roubaram para o partido, não em benefício próprio. A lavagem cerebral é tão profunda que esses imbecis são capazes de exaltar aqueles que colocam um projeto de poder acima da democracia.

Lula foi, sim, o grande protagonista dos escândalos do mensalão e do petrolão. É o que mostram as provas da força-tarefa da Lava Jato e da Procuradoria-Geral da República; é o que mostra a lógica; é o que está evidente para todos aqueles que não se deixam levar por cegueiras ideológicas. Por isso, não tenho a menor dúvida de que será preso.

Quem condena a democracia de todo um país deve ser punido da maneira mais rigorosa possível. Resta à Procuradoria-Geral da República apresentar uma denúncia que faça jus à gravidade dos crimes cometidos pelo político mais corrupto que a população brasileira já viu.
Herculano
20/09/2016 07:05
CRÍTICA DE GILMAR A LEWANDOWSKI PROVOCA CRISE, por Cláudio Humberto, na coluna que publicou hoje nos jornais brasileiros

A crítica do ministro Gilmar Mendes ao comportamento de Ricardo Lewandowski no conchavo do "fatiamento" do impeachment", abriu uma crise no Supremo Tribunal Federal (STF). O desabafo de Gilmar, que preside o Tribunal Superior Eleitoral (TSE), pode levar o STF a rever o acordo tácito de não deliberar sobre o fatiamento para não desautorizar Lewandowski, ainda que os ministros critiquem a medida.

BIOGRAFIA NO LIXO
Lewandowski se queixou a colegas das declarações de Gilmar, para quem "cada um faz de sua biografia o que quiser".

CRÍTICAS PÚBLICAS
Além de Gilmar Mendes, o ministro Celso de Mello, decano do STF, já havia criticado publicamente o "fatiamento" do impeachment.

BIZARRICE
Gilmar já havia chamado de "bizarro" o fatiamento: a Constituição vincula o impeachment à perda de direitos políticos por 8 anos.

CONSULTAS, NÃO
Os ministros combinam que o STF não seria instância de recurso do impeachment, até porque é órgão julgador e não "consultivo".

'TRUMP BRASILEIRO', JUSTUS SONHA COM PRESIDÊNCIA
O apresentador de TV Roberto Justus parece levar a sério a lorota de que seria o "Donald Trump brasileiro", porque certa vez protagonizou a versão brasileira do programa "Aprendiz", imitação do show televisivo protagonizado pelo candidato republicano à presidência dos Estados Unidos. Pior é que Justus parece se orgulhar da comparação: ele estaria tentando se viabilizar, acredite, como candidato a presidente.

MAIOR TRAGÉDIA
Justus tem assumido posições políticas. Antes do impeachment, disse que se Dilma voltasse ao cargo seria "a maior tragédia" para o País.

TRÁGICA IDEIA
Por considerá-lo politicamente ingênuo, "bobo", um ex-sócio de Roberto Justus acha que ele seria "uma tragédia" comparável à de Dilma.

NO PLANALTO
Roberto Justus tentou conversar com o presidente Michel Temer, mas só foi recebido por assessores, no Planalto.

TIMING PERFEITO
O jornal financeiro inglês Financial Times, concluiu que "as acusações contra o ex-presidente Lula não têm motivação política", mesmo com o "timing" da denúncia do MPF logo após o impeachment.

VERMELHO DE VERGONHA
A senadora Gleisi Hoffmann (PT-PR), investigada por corrupção tanto quanto o seu líder, o seu marido e tantos outros aliados seguiu à risca a orientação: apareceu no Senado vestindo vermelho. De vergonha?

RELEMBRAR É ELEGER
O senadores petistas Ângela Portela (RR), Gleisi Hoffmann (PR), Humberto Costa (PE), Jorge Viana (AC) e Lindbergh Farias (RJ) ainda respondem a ações no Supremo Tribunal Federal (STF).

PEGA MAL
Partido que teria muito a crescer como alternativa à derrocada do PT, o PDT deixou de ser opção para muitos políticos. É que pega mal "seguir a liderança" de Carlos Lupi, presidente do partido.

ESPELHO MEU
Os jornalões só descobriram ontem o que leitores desta coluna sabem desde junho: a Emenda à Constituição 106/2015 pode economizar R$ 1,3 bilhão com o corte de 128 deputados e 27 senadores a partir das eleições de 2018. Cada um custa, em média, R$ 166 mil/mês.

CORDIALIDADE
O senador Paulo Bauer (SC) assumiu a liderança do PSDB e logo se apresentou aos funcionários da liderança. Até elogiou a copeira, "que tem função tão importante quanto a do chefe de gabinete".

SEU DINHEIRINHO
Este ano o governo gastou mais com "Amortização e Juros da Dívida" do que qualquer outra despesa; mais de meio trilhão de reais. Em segundo lugar estão salários dos servidores e, depois, aposentadorias.

LÁ COMO CÁ
Causaram revolta na Venezuela, um país falido, os gastos do governo Nicolás Maduro com a conferência da MNOAL, a comunidade de "países não alinhados": estima-se entre US$ 150 e 200 milhões.

PENSANDO BEM...
...o tour de Lula para apoiar candidatos a prefeito do PT começa pelo Nordeste, mas tem tudo para terminar em Curitiba.
Herculano
20/09/2016 07:00
da série: o Partido Comunista do Brasil é extensão ou o verdadeiro tutor do próprio PT?

COM A PALAVRA O MPF, por Vanessa Gazziotin, senadora do PCdoB, Amazonas, para o jornal Folha de S. Paulo

Na última quarta-feira (14) assistimos perplexos procuradores do Paraná transformarem uma pretensa investigação ?" algo que deveria ser sério e criterioso ?" num espetáculo de pirotecnia.

Quem tem zelo pelo Estado democrático de Direito não pode ficar passivo diante dessas recorrentes agressões ao devido processo legal, pois, como os fatos históricos demonstram, quando o arbítrio se impõe, qualquer um, em algum momento, poderá ser alcançado por ele.

A vítima da vez foi o ex-presidente Lula, por quem, tudo indica, os ditos procuradores nutrem especial obsessão, a ponto de arriscarem as próprias carreiras ao fazerem uma gravíssima acusação sem qualquer prova material. Tudo o que restou foi um Power Point confuso, recheado de ilações e suposições. De tão inconsistente e leviana, nem mesmo os adversários do ex-presidente ousaram defender a atitude dos procuradores.

O jurista Walter Maierovitch definiu ao UOL que se tratava de "uma denúncia frágil e preocupante porque, com toda a expectativa criada em torno disso, se eles não conseguiram provar a culpa do Lula, a Operação Lava Jato terá um grande desprestígio".

Sem provas materiais, os procuradores agiram de acordo com a concepção revelada anteriormente por um dos seus, Roberson Pozzobon, para quem, a respeito da denúncia, "não havia provas cabais".

Esse desfecho evidenciou que o objetivo da "República do Paraná" é estritamente político: tentar inviabilizar a eventual candidatura de Lula em 2018.

No dia seguinte, quinta-feira (15), Lula respondeu politicamente a esse ato político. Falou de sua trajetória, seu legado e denunciou a perseguição política que vem sofrendo.

Isso tudo ?" cassação de Dilma e tentativa de tornar Lula inelegível ?" faz parte do mesmo objetivo, voltar a aplicar o modelo neoliberal, caracterizado pelo desmonte do Estado, entrega das nossas riquezas e retirada dos direitos dos trabalhadores.

Eles, na verdade, têm medo das urnas. Articulam no subterrâneo dos poderes para que não haja em nenhuma hipótese eleições diretas.

Quanto à Operação Lava Jato, penso que já está passando a hora de seus coordenadores mostrarem que não há parcialidade na condução da mesma, que seu objetivo de fato é combater a corrupção e não servir de instrumentos de determinado projeto político.

O Ministério Público Federal (MPF) precisa nos mostrar quais as medidas adotadas em relação às recentes declarações do ex-ministro da AGU, Fábio Medina Osório, com o mesmo conteúdo de gravações já reveladas de que era preciso "parar com a sangria da Operação Lava Jato". Com a palavra o MPF.
Elgert Schwinder
20/09/2016 01:47
Presadíssimo Colunista,

Que vergonha, o cara se prepara durante 8 anos e aprende que respeitar a Lei não adianta?
E ficou cuidando de aposentados? Quem ele encaminhou aposentadoria?
Além de descumprir a Lei é mentiroso.
Os demais candidatos também não merecem o cargo que disputam, co. excessão de Andreia.
Você Herculano é o único que desnuda os falsos profetas.
Pagando Brabo
19/09/2016 21:04
Ainda sobrre o debate, kleber lembrou a politica suja dos Ptralias, quando respondeu a Marcelo, e mostrou que em época de campanha,as autorizações de exames passaram de uma média de 2.500 reais em julho e agosto para 15000 reais em setembro em uma unidade de saúde do município, será que isso tem alguma coisa a ver com o período eleitoral? e mais dizem que nunca se aprovou tantos exames e tantas consultas como nesta época, tem até gente que já se curou que foi chamado, ou já morreu. A se todos os anos tivessem eleições.






Sidnei Luis Reinert
19/09/2016 19:57
Então, Aldo schneider PMDB, apóia em Presidente Getúlio o PT, PPS e PSB chapa para prefeito. Ué, o que o PMDB faz "junto com o PT lá", por aqui o PT chama o PMDB de golpista... e ainda por aqui o PMDB se diz ser oposição do Brick, e lá Aldo Schneider apoia o partido dele diretamente!

Desta maneira é possível separar o joio do trigo, por aqui praticamente só tem joio!
Herculano
19/09/2016 18:59
JUSTIÇA BARROU 2.300 CANDIDATOS FICHAS-SUJAS NAS ELEIÇÕES DE 2016

Conteúdo de Uol (Folha de S. Paulo). Texto de Carlos Madeiro.A Justiça Eleitoral indeferiu 2.329 candidaturas a prefeito, vice-prefeito e vereador em 2016 com base na Lei da Ficha Limpa. Esse percentual representa 0,5% das 496 mil candidaturas registradas no TSE (Tribunal Superior Eleitoral).

Os dados foram levantados pelo UOL no sistema de candidaturas do TSE no dia 14 de setembro.

Das candidaturas barradas, 1.028 estão completamente fora da disputa por serem consideradas inaptas, enquanto outras 1.301 seguem no páreo por meio de recursos.

O Tribunal Superior Eleitoral divide em duas categorias os indeferimentos: os aptos com recurso e os inaptos. Os aptos continuam na disputa, e seus nomes aparecem normalmente nas urnas. Caso os recursos não prosperem, e as candidaturas sejam realmente barradas, os votos deles serão considerados nulos.

Entre os aptos, 279 são candidatos a prefeito e 120, a vice. Entre os inaptos, 125 são a prefeito e 78 a vice. Ou seja, ao todo, 17% dos candidatos barrados buscam o cargo máximo da eleição municipal.

O número ainda vai mudar à medida que os tribunais regionais eleitorais julguem os casos. Além disso, o TSE analisará os recursos, tanto dos candidatos - quando indeferidos -, quanto dos adversários, no caso de negativa do indeferimento dos TREs.

Em 2012, foram barrados 317 prefeitos com a ficha suja.

Entre os partidos, PMN e PMDB são, percentualmente, os dois com mais candidatos fichas-sujas, mais de 0,6% do total de postulantes. Rede e PSOL, do outro lado, são os que tem menos indeferidos: apresentam o percentual de 0,2%. PSTU, PCO, PCB e Novo não tiveram candidatos indeferidos.

Para saber se o seu candidato é ficha suja, basta acessar o sistema de candidaturas do TSE. A consulta é feita ao selecionar a região, o Estado e, em seguida, o município do candidato. O internauta saberá, então, se a candidatura está apta, indeferida com recurso, inapta, ou se o político renunciou.

Análise

Segundo o idealizador da Lei Ficha Limpa, o advogado eleitoral Márlon Reis, o número de candidaturas barradas vem crescendo eleição após eleição, o que, para ele, é bom para a lisura do processo. Segundo Reis, a PGR (Procuradoria Geral da República) contabilizou cerca de 900 fichas-sujas em 2012.

"[Isso] significa que a eficiência da aplicação da Lei da Ficha Limpa está aumentando. Se o STF não houvesse autorizado a candidatura de pessoas com contas rejeitadas pelos tribunais de contas, o número seria ainda maior", afirma.

A decisão do STF a que Reis se refere só considera um político ficha-suja se as suas contas também forem reprovadas pela Câmara municipal.

Para Reis, a tendência é que a lei atinja mais prefeitos do que vices e vereadores. "Isso ocorre especialmente porque envolve ex-mandatários que trazem pendências de gestões anteriores", disse.
Herculano
19/09/2016 18:55
A DIREITA NÃO ACREDITA EM IDEIAS E ACHA QUE INTELECTUAL É ANIMADOR DE FESTA, por Luiz Felipe Pondé, filósofo, no jornal Folha de S. Paulo

Sim, a direita é meio tosca mesmo. E não me refiro à direita horrorosa a favor da ditadura militar. Refiro-me à direita liberal, a favor da sociedade de mercado. Ela ainda acha que pensar é arroz de festa.

Alguns anos atrás escrevi uma coluna que falava de uma outra dificuldade estrutural da direita liberal no Brasil: não sabe pegar mulher. Na época, me referia a necessidade da direita liberal jovem deixar de ser chata e criar uma "direita festiva". Não saber pegar mulher é uma coisa muita séria para um homem. Saber pegar mulher é um traço adaptativo importante na história do Sapiens.

Nelson Rodrigues dizia que um homem com menos de 18 anos não devia nem dizer "bom dia" para uma mulher porque só diria besteiras.

Um jovem liberal deveria, antes de falar com uma mulher, observar como os jovens de esquerda se movem de forma competente quando se trata de pegar mulher. Sabem conversar sobre filmes, livros, sentimentos. Arriscaria dizer que mesmo liberais de mais de quarenta anos continuam bobos diante de uma mulher e acabam por falar coisas grosseiras e idiotas. Nunca se deve menosprezar a importância de saber pegar mulher quando se trata do futuro da humanidade em jogo.

Mas, há uma outra dificuldade estrutural da direita liberal: só acredita em economia e não acredita em ideias, por isso nunca investe nelas e considera um intelectual um animador de festa e jantares. Acredita mesmo que tudo pode ser comprado e aí apanha da esquerda, que tem uma visão mais abrangente do Sapiens, mesmo que a use para mentir ou criar mundos absurdos. Falta à direita um repertório humanista, por isso é meio tosca.

Isso pode parecer uma questão de detalhe, mas não é. Claro que não se trata de uma regra geral, mas, diria, se trata de um caso quase perdido. A direita liberal acha que o pragmatismo econômico é a única forma de ação que existe no homem. Aqui já aparece sua pobreza de espírito: deixa para a esquerda toda a rica reflexão acerca da humanidade e do "cuidado" para com nosso sofrimento, agonia e inseguranças. A falta de compreensão para com o sofrimento humano é uma das piores faces que a direita liberal apresenta para o mundo. E isso cria a reserva do "mercado humanista" para a esquerda.

A "mania econômica" da direita liberal a cega para o fato que muito já se produziu em matéria de reflexão sobre a humanidade ao longo dos séculos, e, com isso, condena os mais jovens às inutilidades do humanismo raso da esquerda, nascido do ressentimento.

Por isso, essa direita será sempre incapaz de enfrentar a esquerda no plano das ideias. Contará sempre com partidos fisiológicos para lidar com a inquestionável hegemonia intelectual da esquerda no país. E nunca terá interlocução no mundo da produção de conteúdo porque, exatamente, não acredita na inteligência.

No fundo, é a velha mesquinharia característica de quem vê a vida a partir do "livro-caixa da loja". Falta uma certa coragem espiritual à direita liberal, o que, reconheçamos, não falta à esquerda em geral. Não consegue entender que, se a vida é em grande parte uma cadeia produtiva sem garantia ou piedade, ela é, também, uma narrativa sobre esse sentimento asfixiante de contingência, abandono e solidão que acomete o Sapiens há milênios.

Narramos nossa vida e nossas experiências porque precisamos dessas narrativas. Na falta de certezas sobre o sentido maior das coisas, aprendemos, ao longo dos milênios, a sentar ao redor do fogo para contar histórias, experiências, medos e projetos de como superá-los.

A direita não acredita na importância das narrativas sobre a vida, sobre nossas vitórias e sobre nossas derrotas. E quando olha para esses assuntos, o faz, sempre e unicamente, com os olhos do marketing. E o pecado do marketing é sua estrutural contradição para com a ideia de autenticidade. E todos, inclusive quem trabalha com o marketing, sabe desse abismo que o separa da ânsia de verdade que nos assola desde o Paleolítico. Falta à direita liberal humildade para aprender com nossas sombras. Falta a ela reverência pelo fracasso.

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