Por Herculano Domício - Jornal Cruzeiro do Vale

Por Herculano Domício

22/08/2016

MULHER VIOLENTADA I
Gaspar discutiu a violência contra a mulher na semana passada, mesmo com a contrariedade de alguns políticos homens que em plena campanha eleitoral, gostariam de ver debatida a “violência” das mulheres contra os homens. O ato foi para comemorar e aperfeiçoar os 10 anos da Lei Maria da Penha. A iniciativa foi do Ministério Público. Em Gaspar coube a jovem promotora Chimelly Louise de Resenes Marcon, liderar o processo. E por que? Porque é a sua promotoria que cuida do crime e a tornou famosa pela implacável luta contra os políticos matreiros da Comarca pela Moralidade Pública, que também cuida da violência contra a mulher. O evento foi um sucesso na participação comunitária, apesar da pouca divulgação que ganhara na imprensa até então. O auditório da Câmara sempre esteve cheio nos três dias de oficinas, palestras e articulação da rede de proteção, o maior objetivo daquele seminário.

MULHER VIOLENTADA II
Os debates e números mostraram que o PT, o que sempre advoga para si este tipo de iniciativa, na prática em Gaspar, esteve longe do seu discurso de proteção aos vulneráveis e minorias. Tudo fachada e que se desmancha nos piores exemplos nacionalmente. É parcialmente culpado pelo quadro de violência contra a mulher pelo simples fato da estatística constatar que proporcionalmente o maior foco de violência do estado contra a mulher estava aqui. Esses números vêm exatamente das falhas na execução das políticas públicas para a estruturação e manutenção da rede de proteção às vulnerabilidades sociais. E o PT é poder em Gaspar há oito anos seguidos, ou seja, parceiro dessa degradação. Devido aos números, aos casos, à tendência crescente, que o Ministério Público se propôs a um trabalho diferente sem exatamente buscar culpados, mas para criar soluções. “A ideia geral foi a de articular a rede, que hoje opera, mas não se comunica satisfatoriamente. O poder público e a sociedade civil abraçaram a causa e este foi o maior marco do evento”, ressaltou Chimelly.

MULHER VIOLENTADA III
“O Primeiro Seminário de Políticas para Mulheres e Enfrentamento à Violência de Gênero, nasceu de um processo natural de evolução do trabalho desenvolvido na Comarca de Gaspar, no âmbito da violência doméstica. Ao longo dos anos, foram diagnosticados alguns problemas, verdadeiros gargalos, na rede de atendimento à mulher vítima de violência”, ressaltou a promotora Chimelly. Ela cita as dificuldades opressoras da cultura secular e histórica dos homens bem como as dificuldades criadas pelo estado, como por exemplo, a falta de efetivo policial, atendimento especializado, dificuldade de se registrar um fato de violência, de ter que ir a Blumenau fazer o exame de corpo delito, de perder horas no processo burocrático, de se colocar emprego da mulher em risco, ou dela estar exposta e mesmo assim, ainda continuar vulnerável diante do agressor e da desconfiança da sociedade.

MULHER VIOLENTADA
“De outra ponta, não há, na Comarca programas locais específicos para o atendimento da mulher vítima de violência, tampouco Conselhos Municipais de Direitos da Mulher. Por mais que os servidores públicos envidem esforços para implementar os comandos preventivos fixados na Lei nº 11.340/06, os órgãos públicos ainda não estão articulados em rede. Agentes de saúde tomam conhecimento de situações de violência, mas não comunicam a Polícia. A Polícia recebe o registro da ocorrência, mas não o aciona o setor de saúde e assistência social para o atendimento da vítima. O próprio Ministério Público, frente à vasta gama de atribuições, não possui um cadastro efetivo dos casos de violência doméstica e familiar contra a mulher, deixando de coletar elementos informativos relevantes para o diagnóstico das deficiências da rede de enfrentamento à violência contra a mulher”, diagnosticou Chimelly na abertura do evento na quarta-feira à noite na Câmara.

MULHER VIOLENTADA IV
Incomodada, Chimelly resolveu estimular o que ela chama de “rede de enfrentamento à violência de gênero”. Para ela, o esclarecimento, a comunicação e a articulação das várias peças de proteção voltadas para o resultado, são mais importantes do que a atuação satisfatória de um órgão ou entidade isoladamente. “Não podemos cair na cilada da revitimização da mulher”. E uma medida simples fez diminuir exemplarmente os casos conhecidos (sim, porque estima-se que este número de violência seja bem maior): o acompanhamento psicológico às mulheres vítimas de violência familiar e doméstica. E por uma decisão simples da secretaria Segurança do estado: dos 34 psicólogos aprovados em concurso, dois foram designados para atuar junto à Polícia Militar e lá atenuar as questões internas da corporação; os outros 31 designados para atender demandas das delegacias regionais. Excepcionalmente um psicólogo veio parar em Gaspar, devido ao alto número de casos de violência registrados contra as mulheres. Uau, Gaspar se destacando... E pelo pior.

MULHER VIOLENTADA V
Contudo, este simples ato fez toda a diferença. Ele mais uma vez mostrou como a solução de um problema sério, pode vir de uma análise correta, de gesto simples e de um custo relativamente baixo. E o primeiro projeto aprovado pelo Conselho da Comunidade foi justamente o de promover o acompanhamento psicológico às mulheres vítimas de violência familiar e doméstica, para criar um ambiente de compreensão da situação de violência e de resgate da autonomia feminina. Desde 2015, foram realizados aproximadamente 200 atendimentos individuais, além de formatados alguns grupos coletivos de trabalho voltados ao acolhimento e apoio às mulheres vítimas de violência. “A medida surgiu imediato efeito: alguns casos de violência doméstica crônicos e repetitivos cessaram, inclusive, com a resolução definitiva da relação conjugal opressora. Atualmente, o Conselho da Comunidade elabora um projeto para orientação e acompanhamento dos parceiros ‘agressores’, visando a estimular o diálogo e o respeito nas relações familiares e domésticas”, revelou Chimelly.

MULHER VIOLENTADA VI
E por que este quadro era ou ainda é excepcionalmente grave em Gaspar? Devido a dois fatores sociais sem controle e desassistido das políticas públicas municipal, estadual, federal e da tal rede de proteção não apenas para proteger a mulher da violência doméstica. Primeiro é a migração desenfreada dos últimos tempos. Com ela vieram também os problemas familiares de lares desestruturados. O segundo, são os guetos, claramente dominados por quadrilhas que agem em vários crimes no Vale do Itajaí, distribuem drogas e perversamente corrompem o equilíbrio familiar. Gaspar é dormitório de Blumenau e qualquer gestor político daqui sabe disso, tanto que trabalha o discurso de mitigação durante a campanha eleitoral como a que se desenvolve agora. Mais: Gaspar fica logisticamente equidistante não apenas de Blumenau, mas de cidades como Brusque, Itajaí, Balneário Camboriú, Pomerode, Indaial e Timbó. Isso favorece à ação organizada de grupos de criminosos. E quem diz isso? As estatísticas policiais. E o que facilita a violência contra a mulher e de gênero? A falta de programas organizados em rede para mitigar os problemas na sua origem social, além das estruturas de observação, contenção e repressão das polícias civil e militar.

MULHER VIOLENTADA VII
Por detrás de tudo isso, estão os políticos e agentes públicos omissos. Em alguns casos chegam até ao cúmulo de culpar a imprensa de divulgar uma realidade crua como se fosse algo do sensacionalismo, e não o resultado da ausência de políticas públicas e do não uso do dinheiro dos pesados impostos pagos dos gasparenses, catarinenses e brasileiros. Há até cargos de programas nacionais antidrogas dados por políticos a outros políticos, como boquinhas pagas para a busca de votos, e não exatamente para controlar e encontrar saídas para esta tenebrosa deterioração de valores e dependência social. A promotora Chimelly é dura na sua conclusão. “Os esforços ainda não foram suficientes a reduzir os números de crimes praticados em razão do gênero. Foram concluídas pela Polícia Civil, desde 2015, mais de 500 investigações vinculadas a infrações penais caracterizadas pela violência doméstica e familiar. Ou seja, mais de 500 mulheres, apenas na Comarca de Gaspar, foram ofendidas em sua integridade corporal e psicológica”. Para ela, “mais do que punir, é preciso acolher; além de remediar, é imperioso prevenir a violência; mais do que criticar a estrutura, é fundamental semear novos horizontes”. O seminário então foi apenas uma semente.

ELES RESPONDEM I
O jornal Cruzeiro do Vale, o mais antigo, o de maior circulação e credibilidade, na edição impressa das sextas-feiras vem questionando os candidatos a prefeito de Gaspar. Há duas semanas ele perguntou: você pretende construir uma sede própria para a prefeitura [o atual prédio é insuficiente e antigo para abrigar toda a administração]. O PT que já criou um factoide de desapropriar a sede da Bunge no Poço Grande para lá implantar a prefeitura, mostra-se mais cuidadoso agora. O candidato Lovídio Carlos Bertoldi, revela duas coisas: a primeira coisa que o dinheiro está curto – como sempre escrevi aqui e sempre negaram – ao menos para se ter um novo prédio para ser a sede da prefeitura. A outra é a forma como se enrola gente analfabeta, ignorante, desinformada e assistida: “a estrutura ao lado do prédio principal [prefeitura] é cedido pela paróquia e garante, por preço adequado...” Cedido? Não: é alugado. O ceder, no dicionário é emprestar sem nada em troca. Preço adequado? Que história é essa? O que a prefeitura do PT está pagando com o dinheiro suado dos gasparense sem ser o preço adequado? E olha que estas respostas são elaboras pelas as assessorias dos candidatos e feitas com tempo, com muitas revisões e palpites. Incrível. Estão debochando. Só pode ser.

ELES RESPONDEM II
A Andreia Symone Zimmermann Nagel, PSDB, não quer saber de construir prédio novo. Primeiro quer saber de quanto terá em caixa para então primeiro dar vagas nas creches e fazer obras para a cidade. Kleber Edson Wan Dall, PMDB, diz que uma pesquisa sua identificou que o povo quer a construção de uma nova prefeitura, e por isso ele colocou nos seus planos prioritários. Ótimo. Só faltou dizer como vai arrumar dinheiro para fazer isso e solucionar outros graves problemas ao mesmo tempo e que serão deixados pela atual administração. Marcelo de Souza Brick, PSD, quer revisar os alugueis, trocar de locadores e paulatinamente substituir as locações por instalações próprias. Mas, Marcelo teve a oportunidade de fazer exatamente o que prega hoje na sua campanha quando foi presidente da Câmara. Ele prometeu construir a sede própria do Legislativo. Não conseguiu superar as dificuldades, a começar pelo tamanho do terreno.Foi vencido pela realidade. Ou seja, experiência dessa incompatibilidade entre o sonho e o possível, ele já teve. Parece que não aprendeu...

TRAPICHE

Inacreditável. Se dependesse das lições de jornalismo da impressa premiada, o brasileiro não saberia de nada até hoje sobre o petrolão, ladroeiras, corrupção, Lava-Jato, impeachment e outras mazelas dos políticos com os mandatos conferidos pelos eleitores e o mau uso dinheiro de todos os pagadores de pesados impostos, até o esclarecimento ou o julgamento final dos casos, os quais poderão levar décadas.

É duro e constrangedor se ter esse tipo de imprensa que precisa se justificar por ter ficado calada para ser obediente e grata aos seus patrocínios, privando os seus leitores das versões, informações e opiniões.

E se esta justificativa ainda fosse coerente já seria inacreditável, mas não a foi para a liminar incidente sobre o mesmo caso. Ora uma liminar, é exatamente uma medida de força para interromper o curso normal de um julgamento que ainda estaria bem longe do seu desfecho. Ela foi noticiada para atender a comemoração de quem a obteve.

Golias contra Davi. A coligação liderada pelo PT é a que terá mais espaço para divulgar o seu candidato a prefeito de Gaspar: 3minutos 16 segundos e o PSDB o menor de todos, 1 minuto e 45 segundos.

Outro de grande espaço é o PMDB com 3 minutos e oito segundos. O PSD também luta para driblar o pouco tempo da coligação: 1 minuto e 49 segundos.

Serão dois blocos de dez minutos para as candidaturas a prefeito, de segunda a sábado: das 7h às 7h10min e das 12h às 12h10. Começa nesta sexta-feira.

Os vereadores farão propaganda em comerciais de 30 segundos durante a programação normal das emissoras conforme sorteio realizado no juizado eleitoral da Comarca. Os ouvintes agradecem a menor interferência dos políticos nas programações das rádios.

Cada vez mais o marketing e marqueteiros estão perdendo espaços (e dinheiro). Vai valer a militância (quando ela existe e hoje isso é raro); a máquina financeira dos que ainda continuam a alimentar com caixa dois desafiando a lei e à fiscalização; a máquina administrativa que tenta se reeleger ou continuar no poder; e os candidatos com boa comunicação, empatia e causas, que se prepararam marcando terreno de forma clara para suportar o discurso do novo ou da mudança.

O vereador Marcelo de Souza Brick, PSD, não apareceu no seminário da Violência contra a Mulher para defender a sua tese de que as discussões do evento também deveriam se estender as agressões sofridas pelos homens de suas mulheres.

A lei que limita o uso de recursos em campanha, fala que uma das provas ou indícios é a exibição de estrutura ou uso de recursos superdimensionados. Tem gente se arriscando em Gaspar.

O PT de Gaspar e há oito anos seguidos no poder deu ordem unida e fez volume: todos os comissionados, achegados e agregados à estrutura de poder foram orientados a usar o material de campanha em seus carros e objetos fixos ou móveis externos. Há aparências, medo e constrangimento.

Fernando Neves, o assessor do presidente da Câmara de Gaspar, Giovânio Borges, PSB, que foi coordenador da campanha e secretário do prefeito de Ilhota, Daniel Christian Bosi, PSD, bem como presidente do partido em Gaspar, está tão envolvido quanto Bosi nas dúvidas por lá. Daí a sua preocupação em diminuir a importância do assunto na imprensa amiga e colocar dúvida na livre que não depende dele ou de Ilhota.

Ilhota em chamas. A “guerra” entre a Câmara e o prefeito de Ilhota, Daniel Christian Bosi, PSD, possui tons de comédia dramática e comprometimento da cidadania. O primeiro deles é que por governar tão mal, Daniel correu da reeleição; o segundo que pego no contrapé, passou dois dias escondido enquanto seus advogados conseguiam uma liminar na Justiça para anular a pretensão da Câmara de afastá-lo do cargo de prefeito diante de uma Resolução da mesa; e a terceira é a de voltar pelos “braços do povo, mas feito de servidores”, apesar da acusação origem do problema, ser a de mau uso do dinheiro do próprio povo ao manobrar para não fazer uma licitação que deveria ser obrigatória no caso que se julga.

Ilhota em chamas. A prefeitura se livrou de um problema: a balsa para a travessia entre a Margem Esquerda e o Centro da cidade. Foram quatro anos de tortura. Dia sim, outro também, ela vivia com problemas. Chegou até a afunda, correr rio abaixo e sair das telas do sistema de vídeo que a espreita. Os moradores dos Baús passaram um cortado. A ponte dos Sonhos já está liberada. Falta inaugurá-la. Haverá nova disputa entre o PSD e o PMDB.

O PT de Gaspar está escondendo na sua propaganda o vermelho, os amigos do peito Luiz Inácio Lula da Silva, Dilma Vana Rousseff, Ideli Salvatti que está nos Estados Unidos vendendo na OEA que há um golpe no golpe, Décio Neri de Lima, Ana Paula Lima... E até o seu vice, Odilon Áscoli, PR. Esconde dos discursos os problemas como o desastre econômico, inflação alta, desemprego de 12 milhões de brasileiros, quebra do SUS, falta de recursos para obras...

O PSD e o PSB também escondem o sócio de campanha para prefeito, o Partido Comunista do Brasil que o PT depois de sete anos de parceria, emprestou para ambos nesta corrida eleitoral em Gaspar. Os candidatos do PSD e PSB ficam chateados quando são lembrados deste casamento.

O PSD está manco. O governador Raimundo Colombo abandonou Gaspar nos seus seis anos de governo e quando veio aqui (não vale aquele pouso de emergência no quartel da Polícia Militar por causa da neblina no caminho para a Serra), foi para atender a um pedido do PT. Em Ilhota, onde o governador ajudou a terminar a ponte dos Sonhos, o perrengue é tão grande, que o prefeito de lá desistiu a reeleição.

Em Blumenau, o deputado Jean Jackson Khulmann, o padrinho dos pedessistas de Ilhota e Gaspar, precisou se associar a um comunicador que não era político, Alexandre José, PRB, da Ric Record, para ter chances na disputa local.

E para complicar tudo no partido que não é de direita, de centro, de esquerda, de oposição e sempre está no governo de qualquer um, o outro deputado do PSD, Ismael dos Santos, por questões religiosas está apoiando o PMDB aqui ao invés do candidato do seu partido. Sai zica!

Na semana passada, o presidente da Câmara, Giovânio Borges, resolveu subir o morro e falar promotor eleitoral sobre o evento que discutiria a violência contra a mulher e que se realizaria naquela semana na Câmara de vereadores. A intenção dele era evitar que a vereadora Andreia Symone Zimmermann Nagel, PSDB, uma das colaboradoras do seminário, falasse no evento diante do impedimento da lei eleitoral.

Bobagem e terrorismo. Giovânio é vice de Marcelo de Souza Brick, PSD. Eles estavam preocupados nos eventuais dividendos políticos do trabalho da vereadora neste assunto que não deram muita bola e o tal impedimento – que existe – foi um dos motivos para ele se aproximar do promotor. Nada mais.

Se o PSD e PSB, como o PT e o PMDB quisessem e acreditassem na interdição da candidatura de Andreia, era só deixá-la cometer este erro primário que estava, segundo eles, prestes a cometer. Depois denunciá-la. Era caixão. E então ir para a galera e comemorar.

Casca de banana para escorregar. Deu entrada na Câmara o Projeto de Lei 45/2016. Ele autoriza o município a conceder subvenção social ao Clube Musical São Pedro de R$30 mil por ano, em 12 parcelas iguais. Excelente.

Na verdade este PL regulariza esta doação. É que esta verba está rubricada na secretaria de Educação. Agora, com a tal Reforma Administrativa que nada economizou e apenas acomodou a companheirada sob nova denominação, ela foi realocada para a Fundação Municipal de Esportes, Turismo, Cultura e Lazer. A casca de banana é que esta mudança está sendo feito em época eleitoral onde isto, a princípio, é vedado.

Em outro Projeto de Lei, a prefeitura está anulando, suplementando, criando créditos e realocando R$ 4.482.275,83 do Orçamento municipal aprovado pela Câmara. Nele os vereadores não puderam opinar em nada.

O que significa isso? Orçamento mal feito, crise e necessidade de tampar buracos diante da realidade, muitas delas previsíveis. E na Câmara poucos ousam olhar com lupa e questionar este assunto. Ainda mais em tempo de campanha eleitoral.

A narrativa petista (PCdoB, PDT e esgotosfera) é algo calhorda. Quem trouxe a Olimpíadas para o Rio de Janeiro? O PT e o PMDB. Assim como o PT trouxe a Copa Mundial de Futebol para o Brasil. E por que trouxeram esses eventos mundiais e de alto custo para toda a sociedade pagar?

Em primeiro lugar, como vem se provando no petrolão, na Lava-Jato e no impeachment de Dilma Vana Rousseff, PT, para fraudar, enganar e roubar com as empreiteiras e os parceiros de poder – muitos deles que já pularam de lado para continuar na farra de sempre -, os pesados impostos dos brasileiros e que estão faltando na saúde pública, educação, segurança, obras essenciais...

Em segundo lugar, por esta mesma narrativa do PT, PCdoB, PDT e esgotosfera, para construir um marketing vencedor e assim tocar as mentes e corações dos analfabetos, ignorantes, desinformados, assistidos e fanáticos, o PMDB, os golpistas, conservadores e outros estariam se apropriando do sucesso da Copa e das Olimpíadas.

Tortos. Ou seja, estão tentando sensibilizar à sociedade desinformada e ainda inebriada pelo fetiche dos resultados. Querem criar massa crítica, verdades e assim abafar a verdadeira intenção e resultado que foi à fraude, roubo e a conta que está aí para ser paga com o dinheiro de todos.

Percebam a última narrativa da vitimização do PT, PCdoB e outros. Quando se iniciou as Olimpíadas, o PT e os petistas estavam quietos. Na verdade, torciam, porque tudo estava torto, para a tragédia. E o dedo já estava apontado para os “golpistas” do arco que iria desde o PMDB o parceiro de sempre do PT, até o PSDB, o inimigo mortal e manso incapaz de apontar os erros petistas.

Destituídos do poder pela via legal do impeachment e que rotulam como golpe, os petistas queriam as Olimpíadas para usá-la como alavanca às denúncias internacionais – a nova plateia pois a interna já tinha sido devidamente esclarecida - do tal golpe. E até nisso fracassaram. A imprensa internacional – que inundou o Rio para a cobertura das Olimpíadas - entendeu logo o que se passava, a definição de golpe e quem é o PT.

Desde domingo, então, com o fim das Olimpíadas, e na ausência do desastre que desenharam pelo improviso na bomba de efeito retardado que armaram para explodir, passaram a pedir e a reclamar o podium, a medalha de ouro por terem trazido as Olimpíadas para o Rio. Cinismo.

Antes deviam devolver os empregos perdidos pelos brasileiros, a alta inflação, a perda da estabilidade econômica, a ética ferida e a gestão incompetente – ou criminosa - dos recursos e das questões públicas diante de um governo temerário, do fracasso das políticas macroeconômicas, da corrupção desenfreada, o aparelhamento desmedido do estado, a quebra das estatais, o alto desemprego, a alta da inflação, o descontrole das contas públicas, a recessão... Wake up, Brazil!

O premiê japonês Shinzo Abe, apareceu no Maracanã como Super Mário Bros e foi ovacionado. Já o presidente interino do Brazil, Michel Temer, PMDB, também “estava” lá. Era o Homem Invisível. Por isso, ninguém o aplaudiu. Também não foi vaiado.

Neste final de semana, houve discussões em dois centros de inteligência de campanha a prefeito de Gaspar. Tinha gente defendendo a fuga dos debates abertos entre os candidatos. Acorda, Gaspar!

Comprei dois espumantes para o término de agosto. Um para o meu aniversário e outro para aprovação do impeachment, previsto na Constituição para os governantes que praticam crimes de responsabilidade e desafiam o poder do povo e do Legislativo. Corro o sério risco de abrir só um para brindar os dois eventos importantes para a minha vida.

 

Edição 1764

Comentários

Herculano
25/08/2016 15:39
AMANHÃ É DIA DE COLUNA INÉDITA NO JORNAL CRUZEIRO DO VALE. ESTE ASSUNTO NÃO ESTARÁ NELA. MAS JÁ FOI TEMA RECORRENTE. ESTE É O RETRATO PERFEITO DO DESCASO DO GOVERNADOR RAIMUNDO COLOMBO, PSD, COM GASPAR E O MÉDIO VALE DO ITAJAÍ, UM DOS MAIORES POLOS ARRECADADORES DE TRIBUTOS DO GOVERNO DO ESTADO, O QUE MAIS SE ENDIVIDOU NOS ÚLTIMOS TEMPOS.

NEM AS ELEIÇÕES MUNICIPAIS FORAM CAPAZES DE MOTIVAR A SUPERAR AS DIFICULDADES QUE O PROPRIO GOVERNO DO PSD E PMDB CRIOU. A LICITAÇÃO DA RODOVIA JORGE LACERDA VAI FICAR PARA O MÊS QUE VEM EM MAIS UMA ADIAMENTO DE MUITOS QUE JÁ ACONTECERAM E AINDA VIRÃO.

e QUAL A JUSTIFICATIVA? GOVERNO DO ESTADO AJUSTA PROJETO PARA SE ADEQUAR À VERBA. A MESMA HISTORIA DO ANEL DE CONTORNO DE GASPAR PARA NÃO FAZÊ-LO. O GOVERNO QUE GASTOU POR BAIXO R$80 MILHÕES NUM CENTRO DE SEGURANÇA QUE A POLÍCIA MILITAR, DITRAN E BOMBEIROS NÃO QUEREM EM FLORIANOPOLIS, DIZ QUE NÃO TEM DINHEIRO PARA DAR RODOVIA SEGURA E DECENTE AOS QUE SUSTENTAM COM PESADOS IMPOSTOS A MÁQUINA PÚBLICA ESTADUAL.

Conteúdo do Jornal de Santa Catarina, de Blumenau.Não foi dessa vez. Diferente do que se imaginou e especulou, a vinda do presidente do Departamento Estadual de Infraestrutura (Deinfra), Wanderlei Agostini, quarta-feira a Blumenau não teve nenhuma surpresa. Chegou-se a cogitar a possibilidade de que fosse anunciado o lançamento do processo licitatório para a revitalização da Rodovia Jorge Lacerda, coisa que não aconteceu. A visita, apenas protocolar, teve o objetivo de vistoriar o andamento dos trabalhos no Prolongamento da Via Expressa, às margens da BR-470.

Agostini evitou falar na palavra atraso para definir os detalhes da restauração da Jorge Lacerda. Ele alega que o governo está agindo com prudência para garantir que haja orçamento para contratar e pagar a empresa.

Na prática, estão sendo feitas adequações ao projeto para que a obra seja feita com o valor que tiver disponível, sem interrupções e aditivos. O investimento inicialmente projetado, em torno de R$ 40 milhões, aumentou e, na licitação, deve ultrapassar a marca dos R$ 50 milhões. A previsão era de que o edital fosse lançado em junho. Em julho, a promessa ficou para agosto. Agora o presidente do Deinfra coloca "meados de setembro" como prazo para finalmente publicar a licitação.

O projeto de revitalização da Jorge Lacerda prevê a restauração dos 25 quilômetros decamada asfáltica da rodovia que vão do entroncamento com a BR-101 até a Ponte do Vale, em Gaspar. Na reta de 1,7 quilômetro que liga a rodovia estadual com a federal, o projeto ainda prevê a criação de uma terceira pista, no sentido Ilhota, como forma de facilitar o fluxo de veículos. Outro item que estará presente na minuta, segundo o Estado, é a contenção das encostas que ficam às margens do rio Itajaí-Açu.
Herculano
25/08/2016 10:13
GREG GUTFELD, DA FOX NEWS, APONTA RACISMO SUTIL EM CHAMADA DA CNN: O PLITICAMENTE CORRETO É UMA MÁSCARA, por Rodrigo Constantino

Vivemos na era do politicamente correto. Isso, todos sabem. Mas o que é esse PC, e de onde ele vem? Em parte, ele é fruto do narcisismo de uma geração mimada, refém do "marketing do comportamento". Ou seja, pessoas que precisam se considerar as mais bondosas e tolerantes do planeta, em nome de sua imagem, mas que, no fundo, não são nada disso, criaram um mecanismo de autoengano e de restrição aos seus próprios sentimentos preconceituosos. Nascia assim a ditadura do politicamente correto.

Por isso todo "progressista" costuma ser um hipócrita. Porque eles falam em nome da tolerância, da igualdade, da diversidade, mas não costumam praticar nada disso. Os sinceros chegam a acreditar que são mesmo almas abnegadas, ao contrário dos canalhas conscientes. Para evitar a dissonância cognitiva, a dor de suas próprias contradições esquizofrênicas, essa turma politicamente correta adota o velho duplo padrão, bem seletivo.

Mas os sentimentos continuam lá, embaixo do pano. Os preconceitos seguem vivos, atrás das aparências. O politicamente correto é a máscara que, um dia, cai. E essa introdução toda foi para chegar a esse exemplo: uma chamada da CNN, canal bastante "progressista", que denota todo esse preconceito jogado para baixo do tapete.

O apresentador Greg Gutfeld, da Fox News, comentou sobre isso no programa "The Five" desta terça, chamando a atenção para o racismo sutil da chamada, que dizia algo assim: "Trump quer que seu partido corteje os negros ?" e então detona os direitos de voto dos prisioneiros".

Ora, quem faz o elo entre "raça" e crime aqui é a própria CNN, não Donald Trump! Sim, é perfeitamente possível cortejar os votos dos negros e ao mesmo tempo atacar o voto dos criminosos. Quem parece não entender isso é a "progressista" CNN, que interpreta negros e criminosos como sinônimos, apontando, assim, uma suposta incoerência do candidato republicano.

"Se você quer o voto dos negros, por que então você iria contra o voto dos criminosos?", perguntou Greg de forma irônica. É o que dá a entender o canal de esquerda, adorado pela elite culpada (branca). Greg dá outros exemplos depois. Imaginem se a manchete dissesse: "Trump quer o voto dos judeus, mas é contra banqueiros gananciosos". Ou se fosse assim: "Trump quer o voto dos descendentes de mexicanos, mas condena imigrantes estupradores".

Opa! Nesse caso o próprio Trump parece mesmo fazer algum elo entre imigrante mexicano e estupros, e isso é motivo de intensa revolta da mesma imprensa "progressista", que o acusa de xenófobo e racista. Fato: ele não acusa todos os imigrantes ilegais de estupradores e bandidos, mas aponta para a elevada proporção deles entre os criminosos. Não importa. Eis aí o duplo padrão: quando é Trump a insinuar que todo imigrante mexicano é um estuprador em potencial, o mundo vem abaixo. Quando é a CNN que liga criminosos a negros, isso é jornalismo independente.

"Bem, com um Republicano, tudo é sempre racismo, mas quando é a mídia mainstream de esquerda isso é inteligente", diz Greg. Ele acrescenta: "O que explica porque tantas cidades sob o governo de esquerdistas inteligentes estão quase em ruínas". E conclui:

Se você enxergar o crime como uma coisa racial, e não uma coisa humana, qualquer ato de resolvê-lo será visto como racial, o que prejudica as pessoas que respeitam as leis e não vêem raça no crime. Eles só vêem as suas vidas agravadas por aqueles que encontram a política na sua dor.

Pois é. Os "progressistas" politicamente corretos politizaram tudo! Enxergam racismo em todo lugar, machismo em cada canto. Será que não se trata de um caso de projeção psicológica? Até que ponto o politicamente correto não veio justamente "tampar" esses sentimentos ruins que essa gente sente, mas em nome do "marketing do comportamento" precisa ocultar de Deus e o mundo, a começar de si mesma?

Acho perfeitamente possível que o jornalista autor da manchete se considere uma pessoa sem preconceitos, como o bom "progressista" que deve ser, e se olhe no espelho à noite satisfeito com sua luta por um "mundo melhor", i.e., sem Trump e com Hillary no poder.
Herculano
25/08/2016 09:41
SEM TEMPO A PERDER, editorial do jornal Folha de S. Paulo

Com o início do julgamento do impeachment nesta quinta-feira (25) e a iminência de um desfecho com a efetivação de Michel Temer (PMDB) na Presidência, torna-se mais aguda a percepção de que o Planalto precisa avançar em suas negociações com o Congresso.

É exíguo, com efeito, o calendário disponível para discussão de pontos nevrálgicos da gestão das finanças federais. A campanha eleitoral nas prefeituras tende a esvaziar o Legislativo nas próximas semanas, ademais de torná-lo ainda menos propenso do que de costume a aprovar medidas de controle dos gastos públicos.

Em pauta estaria, entre outras, a proposta de emenda constitucional (PEC) que limita de forma rigorosa o aumento das despesas governamentais por vários anos, restringindo-o à taxa de inflação do ano anterior.

Apresentada pelo ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, a medida poderia reverter significativamente as expectativas dos agentes econômicos, desestimulados ao extremo diante dos sinais de irresponsabilidade orçamentária prodigalizados durante o mandato de Dilma Rousseff (PT).

O mesmo se pode dizer da reforma da Previdência, cujos deficit têm comprometido a capacidade de investimento federal. Impõe-se adotar um regime único e uma idade mínima para as aposentadorias, entre outras providências para deter a expansão das despesas do INSS, que hoje representam quase o dobro dos gastos com saúde, educação e assistência social.

A renegociação da dívida dos Estados, objeto de seguidos recuos do governo Temer, é ainda um ponto para o qual convergem as incertezas no mercado. Com a votação na Câmara por concluir, a repactuação tem sido um barômetro da efetiva disposição do novo governo para impor um mínimo de racionalidade ao cenário econômico.

São incertas as perspectivas de que, uma vez confirmado no cargo, Michel Temer consiga cumprir suas promessas de reinstaurar a responsabilidade fiscal, com apoio do Congresso.

Terá sido em função desta circunstância, sem dúvida, que o governo federal decidiu frear, por enquanto, a votação de projetos com vistas ao aumento dos salários no funcionalismo. O impacto cumulativo de tais aumentos acenderia, com efeito, o alerta máximo no que tange às possibilidades de recuperação da economia.

Por enquanto, o governo Michel Temer cuida de ganhar tempo. É difícil dizer, contudo, se na verdade não está perdendo instantes preciosos para fazer valer, enquanto dispõe de força política, projetos de austeridade inadiáveis para a economia do país.
Herculano
25/08/2016 09:39
MUITO ALÉM DO IMPEACHMENT, por Demétrio Magnoli, geógrafo, sociólogo, para o jornal O Globo

Ascensão de Temer, o terceiro vice afortunado numa linhagem que abrange Itamar Franco, não assinala um novo começo, mas um desfalecimento

"Não celebramos, hoje, uma vitória política. Esta solenidade não é a do júbilo de uma facção que tenha submetido a outra, mas festa da conciliação nacional, em torno de um programa político amplo, destinado a abrir novo e fecundo tempo ao nosso país." Três décadas atrás, em março de 1985, estas frases, escritas pelo presidente Tancredo Neves para seu discurso de posse, foram lidas pelo vice José Sarney, que subia a rampa do Planalto e proclamava o ano zero da "Nova República". Michel Temer, o sapo transformado em príncipe, logo as ecoará, com alguma variação retórica, marcando a conclusão do impeachment de Dilma Rousseff. Como quem sacode o paletó, expurgando-o de impurezas, o presidente se libertará do rótulo de "interino" invocando a "conciliação nacional" e anunciado a aurora de um "novo tempo". A história se repetirá, mas como farsa. De fato, isso é um epílogo, não uma introdução.

O Brasil já teve uma República Nova, proclamada por Getúlio Vargas em 1930, e uma República Velha, o nome pouco lisonjeiro com o qual os vencedores da Revolução de 1930 batizaram o período republicano inicial, inaugurado em 1889. Naquela estranha transição de 1985, pela voz inesperada de Sarney, antigo líder da Arena, o partido de sustentação do regime militar, Tancredo inventou a "Nova República". A expressão evocava a ideia ilusória de uma ruptura radical. Na prática, a nítida cisão consumou-se mais tarde, pela Constituição de 1988. Hoje, a ascensão de Temer, o terceiro vice afortunado numa linhagem que abrange Itamar Franco, não assinala um novo começo, mas um desfalecimento. A "Nova República" morre junto com o fim do ciclo de poder lulopetista.

A "Constituição Cidadã" de Ulysses Guimarães inaugurou uma época de ampliação dos direitos sociais, demarcando o terreno para a expansão das despesas públicas da União, dos estados e dos municípios. Aquele contrato constitucional tornou-se elemento central na estabilidade da "Nova República". A elite política civil legitimava-se pelo compromisso de reduzir a pobreza e as desigualdades, por meio da ação estatal. Na sua dimensão econômica, o colapso da "Nova República" reflete o esgotamento da capacidade do Estado de continuar a promover a elevação dos gastos públicos em ritmo superior ao do crescimento do PIB.

A encruzilhada emerge pela terceira vez. No governo Sarney (1985-1990), a expansão das despesas públicas foi financiada pela emissão monetária, gerando uma crise de hiperinflação que consumiu o governo Collor (1990-1992) e só foi resolvida pelo Plano Real, em 1994. Na "era FHC" (1995-2002), sem o recurso à emissão monetária, o governo apelou ao aumento da carga tributária, até ceder ao imperativo do realismo e brecar a marcha dos gastos públicos. A vertiginosa queda de popularidade resultante propeliu a quarta candidatura presidencial de Lula, alçando o PT ao poder.

Na "era lulopetista" (2003-2016), surfando a onda da "globalização chinesa", o governo acelerou os motores do gasto público. A expansão dos programas sociais, os subsídios ao consumo e os generosos financiamentos ao empresariado soldaram um extenso arco de poder, gerando triunfos eleitorais sucessivos. Contudo, sob Dilma, enfrentando a reversão do ciclo internacional, o governo insurgiu-se contra as limitações impostas pela realidade, financiando seus gastos por meio da elevação do déficit e da dívida. Do voluntarismo dilmista seguiu-se o "estelionato eleitoral" de 2014, uma depressão histórica e, no final, o impeachment. O colapso da "Nova República" deriva da impossibilidade de continuar a financiar despesas públicas crescentes sem reacender a fogueira inflacionária ou recorrer a um aumento brutal da já exagerada carga tributária.

À encruzilhada econômica, soma-se um impasse político-institucional. O sistema de regulação política fundado em 1988 degenerou no "presidencialismo de coalizão", uma expressão cínica sob a qual se ocultam os intercâmbios criminosos entre o Executivo e o Congresso que asseguram a governabilidade. Sob a égide de Lula, os mecanismos da corrupção sistêmica atingiram um ápice, propiciado pelas complexas teias de negócios do capitalismo de estado. As Jornadas de Junho de 2013 e, depois, as manifestações de rua do impeachment evidenciaram a desmoralização generalizada da elite política. A Operação Lava-Jato descerrou o véu que cobria a captura da administração pública e das estatais pelas máfias políticas. Descosturou-se o tecido do contrato de legitimidade da "Nova República".

O sistema político-partidário da "Nova República" evoluiu rumo a uma geometria triangular, baseada tanto na polaridade PSDB-PT quanto na oscilação pendular do PMDB. Sob as coalizões lideradas pelo PSDB e pelo PT, o equilíbrio político durou duas décadas, até a crise aberta em 2013, que destruiu as engrenagens do sistema. A agonia do lulopetismo não significará nem a morte do PT nem uma simples troca de guarda no Planalto. Corroído pelas disputas internas entre seus três caciques provincianos e ameaçado pela delação da Odebrecht, o PSDB não tem candidatos presidenciais viáveis. Já o PMDB, eterno partido governista, carece de lideranças nacionais com densidade eleitoral e aparece como alvo destacado da Lava-Jato. Há, na renúncia antecipada de Temer à candidatura presidencial em 2018, bem mais que uma vulgar manobra tática.

Na Itália, a Operação Mãos Limpas, destruiu a Democracia Cristã e o Partido Socialista. No Brasil, o que sobrará intacto até as eleições de 2018? A "Nova República" apaga-se na bruma do passado ?" mas nenhum sistema político alternativo surgiu para substituí-la. Temer não é Tancredo e não tem o direito de proclamar um "novo e fecundo tempo". O terceiro vice afortunado é um gerente de ruínas. Quando, finalmente, Ricardo Lewandowski declarar o impeachment de Dilma, sugiro apenas um brinde discreto.
Herculano
25/08/2016 09:38
da série: nem a mídia e os jornalistas ditos ou rotulados progressistas conseguem dourar uma realidade cínica, falsa e podre como quer o PT, PCdoB, Psol, PSTU, PCO, Rede, Cut, MST, MTST

# VAI TER GOLPE, por Clóvis Rossi, para o jornal Folha de S. Paulo

Lembra-se do "não vai ter golpe", o grito com o qual se esgoelavam os adeptos do governo Dilma Rousseff? Ao que tudo indica, vai ter, sim.

O grito era um compreensível apelo à mobilização dos seus seguidores, mas, ao mesmo tempo, evidenciava uma desconexão da realidade.

Até eu, que não me orgulho da minha sapiência, escrevia, em março, bem antes do primeiro momento do impeachment na Câmara, que "o que os argentinos adoram chamar de "poderes fácticos" abandonaram Dilma Rousseff (ou nunca a adotaram)".

A queda final era, portanto, apenas uma questão de tempo.

Ficar gritando "golpe" não mudou nada. Até porque era uma narrativa frouxa. Como disse, faz pouco, o prefeito Fernando Haddad, um petista insuspeito de ser um traidor, "golpe é uma palavra um pouco dura, que lembra a ditadura militar. O uso da palavra golpe lembra armas e tanques na rua".

Lembra outros ingredientes inexistentes no "golpe" jabuticaba que se está dando no Brasil: não há um só preso político, não houve nem uma única e miserável linha censurada em qualquer tipo de mídia, inclusive na mídia chapa branca, ninguém teve que partir para o exílio, ninguém perdeu o emprego no governo federal, exceto os ocupantes do primeiro escalão.

Aliás, um deles, Gilberto Kassab, conseguiu a proeza inédita no planeta de ser ministro com os "golpeados" e ministro com os "golpistas" -demonstração de quão jabuticaba está sendo o "golpe" à brasileira.

Deu-se até o fato de que uma das mais estridentes adeptas dos "golpeados" ganhou uma coluna na página nobre de um jornal tido como "golpista". Acho até bom que seja assim, mas que é jabuticaba, que só dá no Brasil, lá isso é.

Houve acadêmicos que incitaram as massas a tomarem as ruas para depor o novo governo. Pena que as massas faltaram ao encontro com a História, ocupadas demais que estão em sobreviver penosamente na terra arrasada legada pelos "golpeados".

Só faltou sugerir a ocupação do Palácio de Inverno de Campos de Jordão, como se fosse o de São Petersburgo, para reencenar a Gloriosa Revolução de Outubro. Aliás, faz tempo que São Petersburgo voltou a se chamar São Petersburgo, em vez de Leningrado, evidência no detalhe de que revoluções caíram de moda.

Houve também acadêmicos que juraram que os "golpistas" promoverão o maior retrocesso social da história. Pode até vir a ser verdade, mas um mínimo de honestidade intelectual obrigaria a dizer que os "golpeados" provocaram a segunda maior queda da renda per capita em 116 anos, no período 2014-2016.

Se isso não é retrocesso social, não sei o que seria.

Para reforçar o caráter "jabuticabalesco" do "golpe", deu-se que um de seus ourives, um certo Eduardo Cunha, em vez de ser carregado nos ombros, caminha inexoravelmente para o cadafalso -o que, de resto, é uma boa notícia.

Da mesma forma, parte da elite empresarial, geralmente força-motriz em golpes, em vez de sair da cadeia nela continua, como praticantes de criminosa promiscuidade com "golpistas" e "golpeados". É o Brasil.
Herculano
25/08/2016 09:34
LOUCURA COM MÉTODO, por Merval Pereira, para o jornal O Globo

O interessante nesse embate entre os procuradores da Lava-Jato e ministros do Supremo Tribunal Federal é que todos têm razão em pontos específicos e estão errados em outros tantos, refletindo a complexa transição que estamos vivendo, de um país em que o patrimonialismo ainda prevalece, mas está sendo duramente combatido, para outro, mais amadurecido politicamente, em que a Justiça pode atingir a todos, e em que os direitos do cidadão são mais respeitados.

Já não somos o país em que cidadãos "acima de qualquer suspeita" estão fora do alcance da lei, mas ainda não somos o país em que todos são iguais perante a lei. A imensa desigualdade social persiste, como pano de fundo dessa mudança que se deseja, mas que ainda é inalcançável, dando margem a que populistas de todos os calibres se ofereçam como salvadores da pátria.

Há nuances, esperneios, privilégios que não querem desaparecer, categorias e corporações que se protegem da crise econômica extorquindo vantagens de um governo inseguro até que o processo de impeachment se complete. O ministro do STF Gilmar Mendes tem razão em algumas de suas críticas, embora não tenha cuidado com as palavras, que às vezes passam a sensação de buscarem mais impacto político do que a solução dos problemas que aponta.

Os procuradores, de fato, não são semideuses, não têm a solução dos problemas nacionais às suas mãos, certamente não são intocáveis. A proposta das 10 Medidas contra a Corrupção, da força-tarefa de Curitiba, certamente não é perfeita, pode e deve ser aperfeiçoada. Mas não foi feita por "cretinos", como chegou a acusar o ministro Gilmar Mendes.

É controversa, por exemplo, a proposta de validação de provas ilícitas, desde que conseguidas com "boafé", e isso precisa ser debatido. Mas Mendes, como respeitado constitucionalista que é, deveria apresentar propostas alternativas, não apenas destruir o que está apresentado. Tinha que ter mais cuidado para não ser identificado como um adversário da Lava-Jato.

Há exemplos históricos, como a Operação Mãos Limpas na Itália, que nos mostram que as forças contrárias ao aggiornamento dos costumes acabam se unindo, usando os métodos antigos ainda vivos para criar legislações que dificultem o prosseguimento das investigações da corrupção que tomou conta do Estado. É o que parece estar em curso neste momento no país.

O caso da "falsa" delação da OAS que insinua acusações contra o ministro do STF Dias Toffoli é exemplar de como forças ocultas atuam nos bastidores, por baixo dos panos, para tentar melar as investigações em curso, criar embaraços institucionais que só beneficiam os que querem pôr fim às investigações, que, desse ponto de vista, já chegaram aonde tinham de chegar.

Os seguidos vazamentos de informações de delações premiadas são usados, tanto pelos procuradores de Curitiba quanto pelos advogados de defesa dos acusados, para criar fatos consumados ou confundir as investigações. Todos deveriam ter sido investigados, mas não deveriam produzir a anulação das delações que tenham consistência.

A anulação da delação premiada da OAS beneficia vários setores, da atual situação ao antigo governo, unindo interesses de grupos diversos.

As teorias da conspiração são diversas, desde as que colocam o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, no grupo dos que querem salvar Dilma e Lula, alvos certos das delações premiadas dos executivos da OAS, às que colocam sua atitude extemporânea na conta da proteção aos líderes tucanos que estariam também na delação da empreiteira.

A confusão generalizada só ajuda os que não têm interesse em que as investigações prossigam. Há método nessa loucura.
Herculano
25/08/2016 08:15
COMO SERÁ O DISCURSO DE DILMA, por David Coimbra, para a Zero Hora, de Porto Alegre

É só isso que me desperta a atenção nesse julgamento.

Dilma começa a ser julgada hoje. Em outros tempos, o país viveria o clima fremente da decisão do campeonato. Agora, parece notícia de anteontem.

Muita gente ainda não percebeu, mas o Brasil já foi em frente. O Brasil já mudou.

Eis duas das maiores qualidades desta terra banhada pela merencória luz da Lua ?" o Brasil é dinâmico e é dotado de uma capacidade que os psicanalistas valorizam muito: a de resiliência. Socialmente e economicamente. A economia do Brasil sempre cresce, a despeito dos governos. Não vá usar os últimos como exemplo, para não gerar polêmica vã; pegue um governo notoriamente ruim do passado, como foi o de José Sarney, com a inflação invencível, como Phelps e Bolt, e o nível de emprego caindo sem parar, como o Inter na tabela do Brasileirão. Pois, mesmo no tempo de Sarney, o Brasil cresceu.

Voltará a crescer ainda neste ano, depois do afastamento oficial de Dilma.

E ano que vem será bom.

Consigo sentir a reação dos brasileiros talvez porque observe à distância. É como aquele amigo que você reencontra de vez em quando e, se você está com o seu filho, ele se espanta:

- Como cresceu!

Estive no país em abril. Sorvi o clima tenso dos dias. Voltei em meados de junho, trabalhei em Porto Alegre, cobri a Olimpíada e, como todos os brasileiros, também suspirei de alívio porque tudo correu bem. Agora, nestes estertores de agosto, observando o rito final do impeachment, sei que é isso mesmo, apenas um rito, uma formalidade.

Li que os aliados de Dilma aconselham-na a "chorar e fazer chorar" em sua fala no Senado. Seria um discurso com eloquência suficiente para comover o país e mudar o rumo da história. Algo dramático e inesperado como a Batalha dos Aflitos. Ou como o julgamento de Frineia no tribunal de Tebas, 23 séculos atrás. Frineia era uma hetaira, espécie de prostituta de luxo. Seu advogado, Hipérides, encontrava-se na situação de José Eduardo Cardozo no caso de Dilma: já tinha esgotado toda a sua verve para salvar Frineia da morte. Não adiantava. Os severos juízes tebanos mostravam-se decididos a condená-la. Hipérides, então, resolveu tomar uma medida drástica. Chamou Frineia ao centro do tribunal. Ela foi. Era belíssima, a ponto de servir de modelo para o escultor Praxíteles, quando ele teve de fazer a estátua de Afrodite, a deusa do amor. Seu olhar triste comovia os homens. Chamavam-na de "clausigelos", ou "a que chora sorrindo". Com Frineia de pé em frente aos juízes, o advogado não falou mais nada. Apenas puxou-lhe a túnica com força, e ela ficou completamente nua. Ante o óóó dos vetustos tebanos, Hipérides juntou um só argumento:

- Pode um ser com esse corpo fazer o Mal?

Frineia foi absolvida.

Quer dizer: um tribunal pode se deixar impressionar por um truque de última hora.

Como será o discurso de Dilma? Terá o poder literário de um Churchill dizendo que não tem mais nada a oferecer, senão sangue, suor e lágrimas, ou jurando "We shall never surrender!"? Terá a carga passional de um Marco Antônio arengando aos romanos, com o manto ensanguentado de César nas mãos? Ou será a Dilma do improviso tragicômico da ode à mandioca?

É só o discurso de Dilma que me desperta a curiosidade no julgamento que começa hoje. Ela fez questão de falar. Deve estar preparando algo contundente. Quero muito ouvir. E depois, como a maioria dos brasileiros, seguir em frente.
Herculano
25/08/2016 08:11
DILMA JÁ FALA EM TOM DE DESPEDIDA, NO ALVORADA, por Claudio Humberto, na coluna que publicou hoje nos jornais brasileiros

A presidente ré Dilma Rousseff já se dirige em tom de despedida a funcionários do Palácio Alvorada e assessores que ainda restam, incluindo seguranças, pessoal do serviço médico e criadagem. Ela não recebe visitas na maior parte do tempo, e acaba puxando conversa com esses servidores, aos quais tem admitido que sua situação está definida. Até Dilma tem certeza de que o Senado a julgará culpada.

SEM DO
Apesar do dramático isolamento de Dilma, não se percebe lamento nos relatos dos funcionários que transitam no Alvorada.

VIROU ATRIZ
Dilma tem ido a eventos para seguir o script do documentário sobre o "golpe", ricamente produzido com dinheiro de origem ainda ignorada.

SEM ELOGIOS
Funcionários do Alvorada não lamentam a sorte de Dilma, mas ainda resistem ao assédio para gravar depoimentos de elogios a ela.

COMEÇA HOJE
O histórico julgamento de Dilma começa nesta quinta-feira, sob a presidência do ministro Ricardo Lewandowski, do STF.

BOLSONARO E WYLLYS DEVEM ESCAPAR DE PUNIÇÃO
O Conselho de Ética da Câmara deve livrar os deputados Jair Bolsonaro (PSC-RJ) e Jean Wyllys (PSOL-RJ) da acusação de quebra de decoro. Cético, o presidente do conselho, José Carlos Araújo (PSD-BA), acha que a imunidade parlamentar lhes garante o direito de dizerem inclusive asneiras. No dia 31 termina o prazo para entrega dos relatórios contra ambos. No máximo, devem receber uma advertência.

APOLOGIA À TORTURA
Bolsonaro é acusado de "apologia à tortura" por elogiar o falecido general Brilhante Ustra no plenário da Câmara.

ASNEIRA INDECOROSA
Jean Wyllys chegou a responsabilizar Bolsonaro e Marco Feliciano (PSC-SP) pelo atentado à boate gay em Orlando, que matou 50.

DESTA, ESCAPOU
O deputado Jean Wyllys não foi denunciado ao conselho de ética pela cusparada que deu (e saiu correndo) em Bolsonaro, no plenário.

UMA NOVA CPI
Diante da recusa de Rodrigo Maia de prorrogar a CPI da Funai/Incra, mais de 200 deputados protocolaram a criação de outra, para não paralisar as investigações dos muitos crimes identificados no setor.

NÃO FAZ DIFERENÇA
O PT espalha que os três senadores do Maranhão foram "convencidos" pelo governador Flávio Dino a votar contra o impeachment. O Planalto contabiliza 61, mas só precisa de 54 votos para defenestrar Dilma.

SEARA DE DE NIRO
A brasileira Seara, uma das marcas do grupo JBS Friboi, vai chamar atenção para seus produtos até no exterior: contratou como garoto propaganda o premiado ator Robert De Niro, ganhador de dois Oscar.

DA BOCA PARA FORA
Muitos ficaram indignados, e com razão, diante da corrupção na Câmara Legislativa do DF, divulgaram-se notas de repúdio etc, mas a verdade é que, oito dias depois, ninguém apresentou pedido de investigação das falcatruas, nem de cassação de mandatos.

FUNDO DO POÇO
Defensora do impeachment, a senadora Simone Tebet (PMDB-MS) diz que o retorno da petista levaria ao fundo do poço. "O Brasil não suportaria o retorno de Dilma", afirma.

O CALDO ENGROSSOU
O delegado Luiz Hellmeister pedirá a prisão de Patrícia Lelis, jornalista que acusa de estupro o deputado Marco Feliciano (PSC-SP). Disse que o delegado mentiu sobre ela. Patrícia é considerada uma mitômana.

INVESTIGAÇÃO NO GAMA
A deputada Érika Kokay (PT-DF) promete cobrar a investigação do assassinato do agricultor Gilmar Borges, 78, no Gama (DF), após denunciar à CPI da Finai/Incra ameaças do MST, que invadiu suas terras. Ela atribui a ruralistas a citação do seu nome no caso.

CAFEZINHO FRIO
Renan Calheiros já começa a perceber sua perda de poder, nos últimos seis meses de mandato como presidente do Senado: nenhum senador atendeu seu convite para um evento sobre eleições, ontem. Como tem sido frequente, tiveram de laçar servidores para fazer número.

PENSANDO BEM...
...investigada na Lava Jato, a senadora Gleisi Hoffmann fala por ela própria quando diz que o Senado "não tem moral" para julgar Dilma.
Herculano
25/08/2016 08:07
RENAN PLANEJA A POSSE DE TEMER PARA O DIA 30, por Josias de Souza

Parte 1

Na noite desta quarta-feira, enquanto Dilma Rousseff discursava para uma plateia companheira em Brasília, Michel Temer acertava num jantar com a cúpula do Congresso uma estratégia para apressar o julgamento do impeachment. Renan Calheiros, presidente do Senado, disse a Temer que considera factível encerrar na madrugada da próxima terça-feira, dia 30 de agosto, a votação que mandará Dilma mais cedo para casa.

Renan também informou que cogita marcar para a tarde do mesmo dia a sessão do Congresso em que Temer será empossado em caráter definitivo no cargo de presidente da República. Pelo cronograma original, o julgamento de Dilma, que se inicia nesta quinta-feira (25), se arrastaria pelo menos até o dia 31 agosto.

Dilma discursou no Teatro dos Bancários. Falou em timbre de carta fora do baralho: "Estão me condenando por algo fantástico, um não-crime." Temer jantou na residência oficial do presidente da Câmara, Rodrigo Maia, às margens do Lago Paranoá. Ali, conforme apurou o blog com dois dos presentes, Dilma foi tratada como uma não-presidente.

A hipótese de Dilma retornar ao trono não foi sequer mencionada. Dando a deposição como favas contadas, Temer e Renan combinaram que a cerimônia de posse será simples e rápida. Deve-se a pressa ao desejo de Temer de voar na noite do próprio dia 30 para a reunião do G-20, na China, sem o contrapeso da interinidade. Renan integrará sua comitiva.

Na véspera do início do julgamento, acompanharam Dilma no seu derradeiro 'golpemício' com a militância do PT e de movimentos sociais alguns personagens do governo que chega ao fim. Entre eles os ex-ministros petistas Jaques Wagner (Casa Civil), Miriam Belchior (Planejamento), Eleonora Menicucci (Políticas para as Mulheres) e Miguel Rossetto (Trabalho e Previdência). Havia também na plateia quatro deputados petistas. Nenhum senador deu as caras. Nem sinal de Lula.

Foram à mesa com Temer, além de Rodrigo Maia e Renan Calheiros, os três ministros mais influentes do governo seminovo ?"Henrique Meirelles (Fazenda), Eliseu Padilha (Casa Civil) e Geddel Vieira Lima (Coordenação Política- o auxiliar mais chegado ao presidente - Moreira Franco, responsável pelo programa de concessões e privatizações do governo -, e os presidentes dos três principais partidos pró-Temer - Romero Jucá (PMDB), Aécio Neves (PSDB) e Agripino Maia (DEM). Completaram a lista lideranças como os tucanos Aloysio Nunes Ferreira e Antonio Imbassahy.
Herculano
25/08/2016 08:06
RENAN PLANEJA A POSSE DE TEMER PARA O DIA 30, por Josias de Souza

Parte 2

Em seu discurso, Dilma criticou providências já adotadas ou anunciadas por Temer. Entre elas a emenda constitucional que fixa um teto para os gastos públicos, limitando seu crescimento à inflação do ano anterior. No dizer de Dilma, trata-se de uma medida impopular, adotada "na maior cara de pau". A plateia amiga aplaudiu Dilma. Mas o som das palmas não ornava com as caretas de cândido desânimo.

Na mesa de jantar da residência de Rodrigo Maia, Temer também falou sobre a emenda do teto. Referiu-se à medida desancada por Dilma como prioridade zero da sua administração. Obteve dos presentes o compromisso de tentar aprovar a mudança na Câmara e no Senado até o final do ano.

Por ironia, o economista Nelson Barbosa, último ministro da Fazenda de Dilma, também incluía o teto de gastos no seu receituário para enfrentar a crise fiscal. Não teve tempo nem condições políticas para converter a intenção em proposta legislativa. A tarefa acabou sendo transferida para Henrique Meirelles, um personagem que Lula tentara, sem sucesso, enfiar na equipe de Dilma e que Temer não hesitou em incorporar ao seu ministério.

No pedaço da conversa em que Temer e seus ministros trataram com os congressistas da agenda pós-impeachment, ficou entendido que o segundo item da lista de prioridades do Planalto é mesmo a reforma da Previdência ?"uma "reforma impopular" que Dilma também reconhecia ser necessária, mas não se animou a tocar. Temer reafirmou que enviará a proposta ao Congresso em setembro. Não tem a pretensão de aprová-la rapidamente. Mas quer inaugurar o debate antes das eleições municipais.

Em seu discurso, Dilma voltou a evocar as figuras de João Goulart e Getúlio Vargas, cujo suicídio fez aniversário de 62 anos nesta quarta-feira. A oradora não se deu conta. Mas, ao traçar uma analogia entre o seu destino e os pesadelos da dupla, acabou retratando o momento atual como um contraponto de normalidade.

"Hoje, eu não tenho de renunciar", disse Dilma. "Hoje, eu não tenho de me suicidar [como fez Getúlio há seis décadas]. Não tenho de fugir para o Uruguai [como fez Goulart depois de ser deposto pelo golpe militar de 1964]. É um outro momento histórico que cada um aqui contribuiu para ele."
Herculano
25/08/2016 08:02
AMANHÃ É DIA DE COLUNA INÉDITA

Amanhã é dia de coluna inédita para a edição impressa do jornal Cruzeiro do Vale, o mais antigo, o de maior circulação e credibilidade
Herculano
25/08/2016 08:00
O PT RASGA A BANDEIRA DE DILMA, Bernardo Mello Franco, para o jornal Folha de S. Paulo

Às vésperas do julgamento final do impeachment, a direção do PT rasgou a última bandeira de Dilma Rousseff: a realização de um plebiscito para antecipar as eleições presidenciais de 2018.

A presidente afastada levou meses para encampar a ideia levada por senadores amigos. Quando finalmente decidiu aceitá-la, foi sabotada por seu próprio partido. A executiva petista rejeitou a proposta por ampla maioria : 14 votos a 2.

A decisão é um presente para os escudeiros de Michel Temer. Na próxima segunda, quando Dilma enfrentar o plenário do Senado, eles poderão fazer uma pergunta irrespondível: "Como a senhora vem cobrar nossa adesão a uma ideia que nem o seu partido apoia?".

O plebiscito surgiu como uma ideia exótica e de difícil execução. Depois que o processo de impeachment avançou, tornou-se uma proposta extemporânea. Ainda assim, parecia manter amplo apoio popular. No mês passado, 62% dos entrevistados pelo Datafolha defenderam a realização de novas eleições presidenciais.

A pesquisa mostrou um quadro de insatisfação geral com a chapa eleita em 2014. Por um lado, apenas 32% dos eleitores eram favoráveis à volta de Dilma. Por outro, só 14% aprovavam o governo Temer.

Se a promessa do plebiscito não seria mais capaz de salvar o mandato de Dilma, ao menos permitiria a ela se despedir com um discurso de apelo popular. Isso explica por que os políticos que ainda frequentam o Palácio da Alvorada ficaram tão irritados com o desdém do PT.

O partido avalia que antecipar a eleição seria um tiro no pé. O petismo só teria chances de voltar ao poder em 2018, e na hipótese de o governo Temer se desmanchar até lá. Neste cenário, Lula poderia ser candidato com a promessa de retorno aos tempos de bonança. O problema deste raciocínio é que o futuro do ex-presidente depende cada vez menos dele, e cada vez mais da Lava Jato.
Herculano
25/08/2016 07:53
HOJE É O PRIMEIRO DIA PARA TERMINAR A PRIMEIRA FASE DE UMA LONGA AGONIA PARA MUDAR O BRASIL A FAVOR DOS BRASILEIROS

Começa a fase final do julgamento do impeachment da presidente Dilma Vana Rousseff, PT.

Até o final do mês - o do desgosto e do cachorro louco - estará encerrado este triste episódio contra os brasileiros.

Se ela ficar, o que é improvável, mais desemprego, mais inflação, mais roubo, mais miséria, mais insegurança jurídica e econômica, mais sacanagens, mais corrupção, mais roubo dos pesados impostos que pagamos para o governo sem retorno para a sociedade...

Se ela sair, há uma tênue esperança de tudo mudar. Repito, tênue.

O próximo passo é se ter certeza que o gigolô de governos (oito de PSDB e 13 de PT), o PMDB e que nunca governou nada, entendeu o recado das ruas por mudanças e uso adequado dos nossos impostos.

Em plena aguda e grave crise econômica, com 12 milhões de desempregados, com queda dos valores dos salários dos ainda empregados, com inflação alta, com brutal queda da arrecadação, o PMDB está dando aumentos reais (não apenas a reposição da inflação) para as corporações e servidores que possuem estabilidade e principalmente altos salários.

Ou seja, está sacrificando ainda mais os pagadores de pesados impostos e arruinando o futuro do brasil pois não está limitando os seus gastos.

Então, o próximo passo terá que ser sim, o Fora Temer, e principalmente o Fora PMDB, o gigolô, o que foi sócio do desastre do PT, de Lula e Dilma contra os brasileiros, e que não entendeu o pedido das ruas. O primeiro recado deve ser dado nas eleições de dois de outubro, o segundo é na pressão sobre os parlamentares que estão avalizando esta farra, e o terceiro é varrer essa gente em 2018. Wake up, Brazil!
so´para informar
24/08/2016 21:48
verificar informação no tre sc ou tse consulta processual.impugnação de registro de camdidatura a vereador de mariluci deschamps rosa.protocolo 95.638/2016 de 23/08/2016.
Herculano
24/08/2016 18:56
A CADA CHICANA, A DEFESA DE DILMA SE ENROLA MAIS, por Reinaldo Azevedo, de Veja

Quanto mais tenta denunciar a ilegalidade do processo, mas chama o Supremo, que o referenda
? ?
Vocês já sabem que o presidente do Supremo Tribunal Federal, ministro Ricardo Lewandowski, negou nesta terça-feira o pedido da presidente afastada, Dilma Rousseff, para anular a sessão em que o plenário do Senado aceitou formalmente as acusações contra ela, realizada no último dia 9. Havia chance de prosperar? Não! Então pra quê? Já chego lá.

Os advogados da petista sustentavam que, na ocasião, as reclamações apresentadas pela defesa referentes a supostas irregularidades no rito do processo deveriam ter sido votadas individualmente, não em conjunto, como ocorreu.

Lewandowski alegou que, embora seja ele o responsável pela condução do processo de impeachment no Senado, não cabe ao Supremo decidir sobre o tema. Segundo o magistrado, o julgamento do impeachment é, em parte, político e deve ser regido também pelas normas do Legislativo. Nesse mesmo despacho, o ministro indeferiu a suspensão das próximas etapas do processo e disse não ter visto ilegalidades na sessão do dia 9.

Pois é?

O PT tinha alguma esperança de que o recurso tivesse resposta positiva? Não! Então pra que a chicana? Para tentar cobrir o processo com a sombra da ilegitimidade.

Só que a coisa é contraproducente. Ao pedir a intervenção do Supremo, o que a defesa de Dilma faz é submeter o processo à Corte Maior do país, que, assim, dá a sua bênção e elimina justamente a sombra de arbitrariedade que está sendo denunciada.

Por que é tão difícil defender Dilma?

Porque a tese é impossível!
Herculano
24/08/2016 18:38
OS MARQUETEIROS DO PT JOÃO SANTANA E MONICA MOURA MENTIRAM SOBRE CAIXA DOIS E MINISTÉRIO PÚBLICO PEDE A CONDENAÇÃO DE AMBOS BEM COMO DO TESOUREIRO DO PARTIDO

Conteúdo do Paraná Portal. Texto de Andreza Rossini e Jordana Martinez. O Ministério Público Federal (MPF) pediu a condenação do ex-tesoureiro do PT, João Vaccari, do ex-marqueteiro do PT, João Santana, da esposa e sócia dele, Mônica Moura, e de outras três pessoas pelos crimes de lavagem de dinheiro, corrupção passiva e ativa e organização criminosa.

O grupo é acusado de envolvimento no esquema de desvio de recursos na contratação de obras da Sete Brasil em quatro plataformas da Petrobras. Além das condenações, a força-tarefa da Lava Jato pediu ainda o confisco de quase R$ 800 milhões de reais pagos em propina.

Santana e Mônica Moura "mentiram" sobre caixa 2

O casal é acusado de receber R$ 4,5 milhões provenientes de corrupção em contas da Suíça, além de colaborar com o esquema de desvio de recursos da Petrobras.

De acordo com o documento, assinado por 11 procuradores e divulgado no sistema da Justiça Federal junto aos processos referentes à 23ª fase da operação Lava Jato, é falsa a afirmação de que os recursos recebidos por empresas do casal eram provenientes de Caixa 2 da campanha da presidente Dilma Roussef em 2010.

"Apesar do esforço argumentativo feito por Mônica Moura e João Santana, observa-se claramente a incoerência e falsidade da tese defensiva", diz o documento. De acordo com os procuradores, a versão de caixa 2 teria sido uma "clara tentativa de afastar o dolo de sua conduta no recebimento de recursos de corrupção."

No depoimento anterior, em fevereiro deste ano, o casal havia afirmado que os recursos eram provenientes de campanha em Angola. A versão foi "desmentida" pelo própria publicitária no segundo depoimento. Os procuradores da Lava Jato afirmam não acreditar que a motivação para encobrir a verdade no primeiro depoimento fosse para poupar a presidente afastada Dilma Rousseff, conforme foi alegado pelos réus.

"A análise conjunta dos fatos e das versões apresentadas pela acusada e por seu esposo JOÃO SANTANA revelaram claramente que o intuito da alteração de versão foi unicamente o de tentar induzir em erro o juízo, uma vez que a narrativa ?" também falaciosa ?" apresentada inicialmente pelos acusados perante a autoridade policial já estava claramente desacreditada diante dos elementos concretos demonstrados nos presentes autos".
O casal está em liberdade provisória desde o dia primeiro de agosto, após o depoimento que prestaram sobre o caixa 2. Eles pagaram fiança e cumprem medidas de segurança.

Condenações e penas

Além de Vaccari, João Santana e Mônica Moura, os procuradores também pedem a condenação do operador Zwi Skornicki e do ex-gerente da Petrobras, Eduardo Musa, do ex-executivo da Sete Brasil, João Ferraz. As penas sugeridas para cada um deles depende de uma série de agravantes e atenuantes apontados pelos procuradores.

O parecer dos procuradores será analisado pelo juiz Sérgio Moro, que aguarda o pronunciamento da defesa dos réus para proferir a sentença.
Herculano
24/08/2016 18:31
da série: Michel Temer, PMDB, vai logo virar uma Dilma Vana Rousseff da vida. Como o PMDB sempre foi gigolô e nunca administrou nada, não se deu conta que o Brasil vive uma crise e não é possível governar sob chantagem e com o dinheiro e o sacrifícios dos brasileiros

IMPOSTOS: A MENTIRA PIEDOSA OU A VERDADE CRUEL?

Não é verdade que os ministros de Michel Temer discutam muito. Alguns passam a impressão de que já nem se falam. A poucos dias de ser confirmado no cargo de presidente da República, Temer deveria chamar para uma conversa os ministros Eliseu Padilha e Henrique Meirelles. Seria uma oportunidade para perguntar: afinal, o meu governo vai ou não meter a mão no bolso do contribuinte?

Na terça-feira, de passagem pelo Rio de Janeiro, o chefe da Casa Civil havia garantido: "Não vamos aumentar impostos em 2017. Essa é uma decisão já tomada pelo governo."

Nesta quarta, em visita à Câmara, o ministro da Fazenda disse coisa diferente: "Em hipótese de necessidade, aumentar impostos pode vir a ser necessário. Não está sendo considerado agora, mas não devemos descartar no futuro, lembrando que isso não é um caminho para resolver o problema fiscal no longo prazo."

Com todos os governos é mais ou menos assim: a verdade só aparece depois que são esgotadas todas as possibilidades de mentira. Mas o momento exige coragem. Na conversa com Padilha e Meirelles, Temer poderia unificar o discurso. Em matéria de tributos, ou seu governo opta pela mentira piedosa ou adota a verdade cruel.

Quanto aos brasileiros, não há nenhuma dúvida. Convém preparar o bolso.
José Antonio
24/08/2016 17:36
Herculano

Encontrei agora a tarde um conhecido petista roxo, confidenciou-me que a campanha está começando a ficar complicada. Disse-me o cidadão que a dupla não decola, que já levaram alguns corridões por ai achando que iriam ser bem recebidos. Que a cúpula está começando a ficar preocupada, pois achavam que iriam fazer a mesma votação de 2012 e que hoje não contam com mais de cinco mil votos. Acho que cinco mil já é muito. Não perceberam ainda que a dupla é ruim, é pesada, não vai decolar nunca.
Belchior do Meio
24/08/2016 14:04
Sr. Herculano:

Recebi em mãos alguns santinhos com a Andréia e a candidata a vereadora Iracema Petry.
Ela é parente do vice Charles Petry?

Segundo palavras de minha esposa, "Andréia ficou mais elegante com os cabelos cortados, o que lhe caiu muito bem". Recado dado.

Mas vamos combinar, chega de bruxas petistas.
Mariazinha Beata
24/08/2016 13:55
Seu Herculano;

Na Coluna de Cláudio Humberto, às 07:41hs, ele diz que a deputada Érica Kokay (PT-DF) apoia invasão dos bandidos do MST, onde Gilmar Borges foi ameaçado e assassinado com sua conivência(já que nem eLLa e sua assessoria quizeram se pronunciar).

Petistas são ou não são gente feiosas por dentro?
Esta é apenas uma das muitas provas.
Bye, bye!
Mariazinha Beata
24/08/2016 13:48
Seu Herculano;

Élio Gaspari - às 07:50 horas:

"Dilma será deposta, Lula está nas cordas, acabou-se o ciclo de poder do PT, e ninguém sabe para onde ele vai."

Vai para a lata do lixo da história.
Veja esta:

Tenho empatia por uma vizinha, sei pouco sobre ela por ser uma pessoa discreta.
Ontem ouvi-a vociferar:

"Bandido, ladrão, vagabundo, só podes ser petista".

É que um estranho invadiu sua propriedade e foi surpreendido por ela. Assustado, correu.

Deste evento descobri dois fatos interessantes:
1- Minha vizinha é uma pessoa de boa índole por não ser petista (petista é feio por dentro).

2- Está inserido no contexto a palavra petista como sinônimo de ladrão, larápio, bandido, gatuno, mão-leve...

Pela descoberta vou imitar o hiena de Ilhota (aquele que é governado por um morto-vivo, acha ótimo e ainda ri), KKKKKKKKK
Bye, bye!
Herculano
24/08/2016 10:25
NOVE ANOS DE ESTUDO PARA QUÊ?, por Pedro Flexa Ribeiro, no jornal O Globo

Multiplicam-se os casos de 'fracasso escolar' causados não por suposta 'dificuldade de aprendizagem', mas por inadequação da escola às possibilidades de cada faixa etária

Em 2016 completa-se uma década da implantação do nono ano do ensino fundamental, prazo que autoriza balanços e avaliações. Em tese, a medida adotada em 2006 visava a proporcionar às crianças brasileiras um ano a mais de estudo.

A geração que frequentou a escola até os anos 1960/70 se lembra da quinta série, ou "admissão", que marcava a transição entre o primário e os quatro anos do ginásio. O termo "admissão" referia-se ao exame exigido para o ingresso no curso ginasial. Era um perverso gargalo, capaz de abreviar e encerrar a curta escolaridade de muitas crianças, que só completavam o primário. Em 1971, a Lei 5.692 estabeleceu um fluxo contínuo até a oitava série do primeiro grau.

A lei eliminou o obstáculo, mas reduziu a trajetória escolar em um ano. A mesma estrutura foi mantida quando, em 1996, o primeiro grau se tornou ensino fundamental. Assim, as gerações que frequentaram a escola nas décadas de 1970, 1980 e 1990 cursaram, todas elas, o primeiro grau em oito séries.

Decorridos 30 anos, já na primeira década deste século, constatou-se que era curta a trajetória escolar proporcionada pelo Brasil às suas crianças. Caberia oferecer-lhes um ano a mais de estudo no ensino fundamental, antes que chegassem ao ensino médio.

A Lei 11.274/06 teve como prioridade a rede oficial, cuja realidade impunha a necessidade de se antecipar o ingresso do aluno na escola. Era também conveniente que as verbas destinadas à alfabetização da criança brasileira aos 6 anos de idade fossem alocadas no segmento do fundamental.

Na prática, a expansão consistiu em incluir a classe de alfabetização (CA) ?" até então uma etapa da educação pré-escolar ?" no ensino fundamental. O CA passou a ser chamado de primeiro ano. E as demais séries do fundamental foram apenas renomeadas anos.

Em um contexto mais amplo, essa condução trouxe certa perplexidade. Chegava-se formalmente ao nono ano do ensino fundamental, sem, na verdade, prolongar a escolaridade. Na época, as escolas foram então "tranquilizadas" pelo governo, que esclareceu que a inclusão de um ano a mais não implicaria alteração nos programas ou conteúdos a serem ensinados: na prática, nada mudava.

Decorridos dez anos de sua implantação, caberia fazer-se um balanço da eficácia dessa lei e de seus efeitos sobre a trajetória escolar.

À primeira vista, os dados apurados recentemente pela Avaliação Nacional de Alfabetização sugerem que a estratégia parece não ter garantido um impacto efetivo. Os resultados são, no entender do próprio governo, preocupantes: revelam que, ao concluírem o terceiro ano do fundamental, muitos alunos demonstram um domínio insatisfatório de leitura e de escrita. Aos 8 anos de idade, muitos apenas decifram palavras isoladas, mas não compreendem uma frase completa. Por mais louváveis que fossem os objetivos, a opção feita pelo país não garantiu resultados na camada que mais precisaria.

À medida que se aproxima o fim do ensino fundamental, multiplicam-se os casos de "fracasso escolar" que não decorrem de uma suposta "dificuldade de aprendizagem", mas de uma inadequação da escola às possibilidades de cada faixa etária.

Hoje, muitos alunos concluem o fundamental não apenas despreparados, como também imaturos para enfrentar as exigências do atual ensino médio. O descompasso criado torna ainda mais urgente a revisão curricular e a diversificação das trajetórias nesse último segmento da educação básica.
Herculano
24/08/2016 10:11
BESTIÁRIO, por Mônica de Bolle, economista e pesquisadora, no jornal O Estado de S. Paulo

Passados os Jogos Olímpicos, voltamos à dura realidade da bestialidade que nos aflige

Característicos da Baixa Idade Média, os bestiários eram textos recheados de belas iluminuras, catálogos detalhados de animais, em sua maioria, imaginários. Bestiário é também o título de uma das melhores coletâneas de contos de Julio Cortázar, o escritor argentino, um de meus favoritos. Como os catálogos da Idade Média, o Bestiário de Cortázar descreve em situações bizarras a condição humana tão próxima das bestas, do estado bruto dos animais.

Passados os Jogos Olímpicos, em que, por duas semanas, ludibriamo-nos com os feitos quase sobre-humanos dos atletas, imagens e histórias que fazem com que acreditemos que somos mais deuses do que bestas, voltamos à dura realidade da bestialidade que nos aflige. Das ignóbeis propostas do candidato republicano à presidência dos EUA ao êxodo de venezuelanos, mais de 300 mil refugiados rumo à Colômbia ?" sim, há uma crise humanitária em larga escala logo ali, crise ofuscada pelo drama brutal da Síria e do Oriente Médio. Como o Brasil haverá de lidar com a crise da Venezuela? Como enfrentaremos a escalada dos extremismos mundo afora e a bestialidade quase banal do noticiário brasileiro? Nesses primeiros dias pós-olímpicos a ressaca maior não é a ausência de competições e modalidades para acompanhar na TV, mas a constatação de que estamos mais para a estupidez do nadador Ryan Lochte do que para a leveza feroz da ginasta Simone Biles, aquela que voa com o salto que leva seu nome.

Em breve passagem pela cidade pós-olímpica, abro os jornais e leio sobre as afrontas adicionais ao ajuste fiscal pretendido ?" o possível reajuste dos salários dos ministros do STF. Leio sobre estudo que traça simulações a partir da PEC dos gastos, a proposta de emenda constitucional para limitar as despesas do governo, cuja conclusão é de que há diversos problemas na formulação da proposta.

Salta aos olhos a conclusão da análise preparada pela Consultoria de Orçamento e Fiscalização Financeira da Câmara dos Deputados: "O limite (dos gastos) previsto na PEC pode não ser suficiente para atender os aumentos (do funcionalismo público) já concedidos".

Espanta-me que o governo fale com tanta desenvoltura sobre a reforma da Previdência quando a população que por ela será diretamente afetada sequer compreendeu por que urge aprovar essa reforma, e como ela haverá de impactar o futuro de milhões de brasileiros.

Fico igualmente surpresa com a tranquilidade com que se trata o impeachment iminente da presidente afastada. Não que eu guarde qualquer boa lembrança de seu desastroso governo ?" artigos escritos para este jornal ao longo da era Dilma Rousseff atestam minha aversão pelas políticas econômicas por ela postas em prática.

Contudo, impeachment não é coisa corriqueira, da vida, de todos os dias. É ferida que conosco permanecerá depois de Temer receber a faixa presidencial. Michel Temer, aquele que em breve assumirá a liderança definitiva do País. Que rumos dará ao Brasil? Terá pulso para enfrentar a bestialidade de nossa política, pergunta que já fiz em artigos anteriores? Conseguirá encontrar solução para a destruição das finanças estaduais e municipais que ameaça qualquer tentativa de ajuste fiscal e de reconstrução institucional?

No Bestiário de Cortázar há um conto curioso. Um homem escreve cartas para uma amiga que viajou para Paris. Ele está hospedado em seu imaculado apartamento, meticulosamente arrumado, tudo disposto milimetricamente em seu lugar. O problema é que o homem padece de patologia bestial: ele vomita coelhinhos. Os pequenos roedores destroem, pouco a pouco, tudo o que está no apartamento ?" os móveis, as roupas nos armários, os objetos de estimação da dona ausente.

Temer é homem que tomará conta do País que, ao contrário do apartamento da viajante do conto de Cortázar, nada tem de meticulosamente arrumado. Será ele capaz de feito olímpico, digno de deuses, para colocá-lo no lugar? Ou será ele como seus antecessores, mais um vomitador de coelhinhos? A trégua que lhe foi concedida acaba de se encerrar. Resta-lhe pouco tempo para mostrar a que veio.
Herculano
24/08/2016 10:09
BENDITA PINDAÍBA, Dora Kramer, para o jornal O Estado de S. Paulo

O veto ao financiamento por parte de pessoas jurídicas é a pedra de toque das eleições municipais de outubro, uma dura e inédita prova para os meios e modos adotados por partidos e candidatos nas campanhas ao longo das últimas décadas e um "test-drive" para as disputas eleitorais daqui em diante.

No sentido figurado, a expressão "pedra de toque" refere-se à maneira de se avaliar ou aferir alguma coisa. No sentido literal significa o uso de um elemento mineral (rocha escura) para qualificar a pureza dos metais. Misturados os conceitos, chegamos ao nosso tema de interesse: a depuração da metodologia político-eleitoral a partir de modificações pontuais na legislação, ainda que não se tenha feito a celebrada reforma política.

A principal e determinante mudança foi a proibição de doações das empresas, habitualmente responsáveis pela quase totalidade do financiamento de campanhas, que se tornaram milionárias e dependentes do marketing, referidas na forma em detrimento do conteúdo. Isso vai mudar. Não por vontade dos candidatos e dos partidos, mas por imposição das circunstâncias.

Levantamento do Estadão Dados mostra que as três maiores legendas do País (PT, PMDB e PSDB) receberão R$ 1 bilhão entre os anos de 2009 e 2012, o equivalente a dois terços, em média, dos respectivos partidos. Em 2011, o Tribunal Superior Eleitoral concluiu que no ano anterior foram feitas doações ilegais da ordem de R$ 214 milhões. Só o PT doou mais de R$ 10 milhões a partidos nanicos. Os gastos totais em campanhas no ano de 2014 chegaram a quase R$ 5 bilhões.

Tempos que não voltam mais, a não ser que depois da temporada restrita os partidos se organizem no Congresso para mudar a regra. Hoje, sem dinheiro para gastar com maquiagens e artificialismos, os políticos serão obrigados a investir no conteúdo para conquistar votos. O eleitorado, por sua vez, será instado a trocar a posição de espectador passivo das realidades postiças para agente ativo para do mundo real, ciente do valor de voto.

Em geral, nossa tendência é relegar a importância de eleições municipais, notadamente frente às disputas nacionais, muito mais importantes. Ocorre que esta agora de 2016 terá regras inéditas, obrigando partidos e candidatos a esperar para ver como, quando e de que maneira virão as mudanças.

Perdas sentidas. Neste malfadado mês de agosto, o País perdeu três grandes jornalistas: Luiz Antônio Novaes (o Mineiro), Beth Orsini e Geneton Moraes Neto, todos impedidos pelo destino de prosseguir quando ainda tinham muito a contribuir: Mineiro aos 56, Beth aos 68 e Geneton aos 60 anos de idade. Fui amiga do primeiro, muito próxima da segunda, acompanhei à distância o terceiro e admirei com entusiasmo reverencial os três, cada qual na sua área.

Talvez o prezado leitor e a cara leitora não saibam a dimensão da perda. Foi enorme e por ela rendo graças ao Poder Superior (na forma como cada um o entenda) e suplico para que os trate bem na vida em que serão eternos a fim de que seus entes queridos se pacifiquem nas respectivas dores.
Herculano
24/08/2016 10:05
SE FOR RASPAR O TACHO, É PRECISO REDUZIR ENDIVIDAMENTO E DESPESAS COM JUROS, por Alexandre Schwartsman, economista, ex-diretor do Banco Central, no jornal Folha de S. Paulo

Ponha-se na seguinte situação: você tem a receber certo montante de dinheiro de várias pessoas. Não será tudo pago de uma única vez, mas distribuído ao longo de muitos anos. Por outro lado você está endividado e enfrenta dificuldades financeiras. Parece natural, portanto, que pense em alguma forma de antecipar aquilo que irá receber para abater suas dívidas, medida que ainda ajudaria a reduzir suas despesas com juros.

Isto não difere, em essência, da proposta de "securitização de recebíveis" recentemente colocada em discussão no Congresso. Tanto o governo federal como os estaduais têm a receber um fluxo de recursos relativo a tributos que não haviam sido pagos, mas que foram regularizados ao longo do tempo. Tipicamente, empresas prometem pagar os atrasados dentro de um prazo determinado sob certas condições (abatimento de multas, etc).

O que se propõe, neste contexto, é que governos possam antecipar a entrada destes recursos vendendo a potenciais interessados o direito a seu recebimento. Trata-se, em última análise, da venda de um ativo do governo, equivalente à venda de uma propriedade, que, estima-se, poderia gerar algo da ordem de R$ 55 bilhões para o governo federal e R$ 30 bilhões para os governos estaduais.

Há, porém, oposição. Representantes da Procuradoria Geral da Fazenda Nacional acreditam que o governo só deve vender o osso (créditos com maior risco econômico) e manter para si o filé. É uma bobagem: quem vende osso, recebe o valor de osso; quem vende filé, recebe o valor de filé. A questão aqui é criar mecanismos que favoreçam a competição por estes créditos, de forma a garantir o maior valor possível, deixando claro, desde o início, que o risco de crédito depois da venda fica todo para o comprador, sem passivos para o setor público.

Posto de outra forma, se o filé for realmente tão bom como defendido pela PGFN um leilão bem desenhado (e há gente no governo que entende do assunto ) garantirá que se pague o valor correto por estes créditos.

Isto dito, se a venda de recebíveis equivale à alienação de ativos, seu tratamento contábil não pode ser diferente daquele adotado até agora. Recursos oriundos de privatização, por exemplo, de natureza similar à securitização, não foram tratados como receitas fiscais, ou seja, estes ingressos não se traduziram em redução do déficit público.

Uma analogia pode ser útil: a família que vende um de seus carros não contabilizaria o dinheiro da venda como salário de seus membros. Da mesma forma, vendas de ativos não representam renda corrente regular, mas uma operação pontual, de natureza diferente do fluxo normal de receitas do governo. Devem, portanto, ser entendidas como financiamento do déficit, não como receita do governo.

Também por este motivo eventuais recursos obtidos com a securitização não devem ser usados para o pagamento de despesas correntes. Mantendo a analogia, não seria uma boa ideia para a família acima vender o carro para pagar as férias, em particular se tiver dívidas. Estes recursos devem ser usados para reduzir o endividamento e a despesa com juros.

No final das contas, se bem feita, a securitização pode ajudar a reduzir o ritmo de aumento da dívida. Não vai mudar o jogo, mas daria algum fôlego enquanto o ajuste fiscal não se materializa.
Herculano
24/08/2016 08:34
HÁ 62 ANOS GETÚLIO VARGAS DE MATAVA NO PALÁCIO DO CATETE, RIO DE JANEIRO

Getúlio Dornelles Vargas foi um advogado e político brasileiro, líder civil da Revolução de 1930, que pôs fim à República Velha, depondo seu 13º e último presidente, Washington Luís, e, impedindo a posse de Júlio Prestes.

Foi ditador civil e terminou voltando eleito, como o pai do povo. Gaúcho de São Borja, na fronteira do Rio Grande do Sul, nasceu em 19 de abril de 1882.
Herculano
24/08/2016 08:09
QUAL A DIFERENÇA DO PT E PMDB? NENHUMA

O PT engana, mal administra e usa os pesados impostos dos brasileiros quando no poder.

O PMDB nem administrar é capaz. Sempre esteve como gigolô chantageando os governo. Oito anos contra o PSDB e 13 anos contra o PT.

Agora que tem a chance de mostrar que sabe governar, em plena crise econômica, social, alto desemprego e inflação ainda sem controle, o PMDB de Michel Temer e outros que foram sócios deste desastre, e em plena de arrecadação, está distribuindo aumento de vencimentos aos servidores, principalmente aos mais elevados e com poder de pressão.

Ao invés de promover a recuperação do país para os brasileiros, o PMDB está tentando salvar os seus com o dinheiro escasso e do sacrifício de todos. Isto não vai dar certo, ainda mais na reta final das campanhas municipais.
Herculano
24/08/2016 08:02
LÍDER DO DEM JÁ COGITA DEIXAR DE APOIAR TEMER, por Josias de Souza

Líder do DEM no Senado, Ronaldo Caiado (GO) já ensaia uma volta à oposição. "Passado o impeachment, vou levar o assunto à Executiva Nacional do partido", disse o senador ao blog. "O ajuste fiscal do governo está virando uma encenação. E não admito participar de uma mentira. Se não houver uma mudança de rumo, não tenho motivos para me envolver com o projeto."

Caiado abespinhou-se com o que chamou de "ambiguidade do governo". Michel Temer havia sinalizado que não apoiaria a concessão de novos reajustes salariais para servidores públicos. Entretanto, o PMDB do Senado se mexe para aprovar em regime de urgência projetos que elevam os salários dos ministros do Supremo Tribunal Federal, do Ministério Público Federal e da Defensoria Pública da União.

"Isso começou com a aprovação de reajustes para 14 categorias de servidores", afirmou Caiado. "Agora, mais uma leva de aumentos, com o agravante de que os salários do Supremo repercutem em cascata sobre outras remunerações. Não vou participar desse teatro. Ou o governo assume uma posição e o partido do presidente segue essa posição ou não terão o meu apoio."

Caiado fareja nos afagos às corporações um cheiro de proselitismo. "Estão patrocinando projetos eleitoreiros a poucos dias das eleições municipais. Nós passamos por vilões, somos os que não querem dar aumentos. Eles passam por benfeitores. E que se dane o ajuste fiscal. Daqui a pouco virão os reajustes para deputados e senadores, que seguem os vencimentos do Supremo. Como é que vou explicar uma coisas dessas para as pessoas que foram às ruas?"
Herculano
24/08/2016 08:00
INDIGNAÇÃO DE OCASIÃO, por Bernardo Mello Franco, para o jornal Folha de S. Paulo

A crise entre o Ministério Público e o Supremo alcançou um novo patamar nesta terça (23). A água que esquentava desde o fim de semana atingiu o ponto de ebulição. Coube ao ministro Gilmar Mendes soprar o apito. Ele atacou os procuradores da Lava Jato, a quem acusou de vazar uma pré-delação para constranger o tribunal.

Gilmar abriu o verbo depois de a operação esbarrar na proximidade entre o empreiteiro Léo Pinheiro e o ministro Dias Toffoli. Ele sugeriu à colunista Mônica Bergamo que os procuradores seriam movidos a "delírios totalitários". "Me parece que [eles] estão possuídos de um tipo de teoria absolutista de combate ao crime a qualquer preço", afirmou.

Mais tarde, ao jornal "O Estado de S. Paulo", o ministro disse que "é preciso colocar freios" nos investigadores, que se sentiriam "onipotentes". Sem apresentar provas, ele disse que os procuradores "decidiram vazar a delação" para fazer um "acerto de contas" com seu colega.

O procurador Rodrigo Janot aderiu ao bate-boca. Depois de suspender a delação sem explicar suas razões, ele disse que a menção a Toffoli teria sido inventada. Em seguida, num recado a Gilmar, questionou: "A Lava Jato está incomodando tanto? A quem e por quê?"

O ministro tem certa razão ao pedir que os procuradores calcem as "sandálias da humildade", embora ele nunca tenha encontrado um par do seu número. Desde o início da Lava Jato, é comum ver investigadores exagerando na autopromoção e no ativismo político. No entanto, chama a atenção que Gilmar tenha resolvido protestar quando a operação ameaça atingir um de seus colegas.

Os ministros do Supremo merecem respeito, mas não podem ser tratados como indivíduos acima da lei. Em março, quando a Lava Jato divulgou gravação de Lula e Dilma Rousseff, Gilmar não manifestou a mesma indignação com o vazamento. Na época, o que importava para ele era discutir "o conteúdo" do grampo.
Herculano
24/08/2016 07:57
QUEM GANHA COM VAZAMENTOS? por Carlos Brickmann

O procurador-geral da República, Rodrigo Janot, suspendeu a delação premiada de Leo Pinheiro, o presidente da empreiteira OAS. Motivo: o vazamento de parte da delação, divulgado na capa da última Veja.

Pergunta 1 - Que será feito com a delação de Marcelo Odebrecht, amplamente vazada, amplamente comentada, até nesta coluna?

Pergunta 2 - O vazamento é ilegal e anula a delação - a teoria do fruto da árvore contaminada, que deve ser descartado. A Operação Castelo de Areia, que atingia uma grande empreiteira, foi anulada assim. Quantos processos foram abertos contra responsáveis por vazamentos?

Pergunta 3 - O caso do apartamento do Guarujá e do sítio de Atibaia se baseiam largamente em delações da OAS. O caso se sustenta sem isso?

Pergunta 4 - Que acontecerá com uns 70 anexos da delação de Pinheiro?

A parte da delação de Leo Pinheiro que atinge o ministro Dias Toffoli é fragilíssima - aliás, não lhe imputa crime. Levantar suspeitas sobre o ministro, ou o STF, por eventuais pressões, é no mínimo prematuro; e é ofensivo ao procurador Rodrigo Janot considerá-lo vulnerável a pressões.

Por que, então, atirar nos advogados de Pinheiro a culpa do vazamento? Não tem lógica: por que vazariam a delação, correndo o risco de anulá-la e de trocar uma confortável prisão domiciliar por décadas de prisão comum?

E, enfim, a grande pergunta: quem se beneficiou com o vazamento?

QUEM NÃO FEZ?

O responsável pelo sigilo é que deve guardá-lo. O jornalista pode (e deve) divulgar aquilo que lhe cair nas mãos. É buscar, então, quem deveria proteger a transcrição das delações e verificar por que não o fez.

QUEM FEZ?

Gilmar Mendes, ministro do STF, sugere onde iniciar as buscas: "(...) a investigação deve começar pelos próprios investigadores (...) Diria que o vazamento não é de interesse dos delatores. Acho que é dos investigadores, como tem se repetido em outros casos".

COISA ESTRANHA

Parece incrível, mas em processos rumorosos não é incomum que advogados peçam a jornalistas cópias das acusações a seus clientes. A informação correta chega antes aos repórteres e depois aos advogados.

INVERNO QUENTE

Começa hoje em Brasília a etapa final do impeachment, que deve terminar no dia 29, ou 30, provavelmente com a derrota de Dilma. Para ficar, ela precisaria do voto de 24 dos 81 senadores. Deve ter entre 19 e 21.

É COISA NOSSA

Do jornalista Ricardo Noblat (http://noblat.oglobo.globo.com/): "A partir da próxima semana, fora a jabuticaba, haverá outra coisa para chamarmos de nossa: a presidente da República afastada por um golpe que comparece ao último ato do seu julgamento para se defender diante de golpistas. Se for absolvida, dirá que derrotou o golpe. Se for condenada, dirá que foi vítima dele. Em seguida, embarcará para uma temporada de férias no exterior porque ninguém é de ferro".

BOA MEMORIA

Um assíduo leitor desta coluna comenta, a respeito da nota sobre o pedido de Temer ao PSDB para definir um nome de consenso, que ele o apoiaria em 2018 (até hoje não recebeu resposta), que Tancredo Neves, já escolhido presidente, foi procurado por uma comissão do Triângulo Mineiro, que pedia a criação de um Estado.

Concordou: bastaria escolher a capital, Uberlândia ou Uberaba. O assunto morreu.

CHINELAGEM 1

José Dirceu foi condenado a uma pena de prisão. Tripudiar sobre sua situação é uma pena extra, a que não foi condenado e que ninguém merece. Tudo começou com a apreensão de pendrives em sua cela. O conteúdo não tinha nada de perigoso nem de criminoso. Viola as normas da prisão? Que sejam adotadas as medidas disciplinares de praxe - o que não inclui ampla divulgação nacional do fato, nem a publicação das fotos de frente e perfil, com o visível objetivo de humilhá-lo.

Punição legal, sim; escárnio, não.

CHINELAGEM 2

Discute-se no Congresso se Dilma deve manter os privilégios de ex-presidente, mesmo impichada. Se impichada, ela será ex-presidente, ponto. Collor manteve os privilégios após o impeachment. Por que não Dilma?

TÁ FALTANDO UM

A Câmara Municipal de Guaxupé, MG, mantém apenas um vereador entre os 13 eleitos. Os 12 restantes perderam o mandato por improbidade. Costumavam receber diárias indevidas para pegar algum a mais. Prejuízo: R$ 159 milhões, que foram condenados a devolver até 31 de dezembro.
Herculano
24/08/2016 07:50
PRECISA-SE DE UMA OPOSIÇÃO, por Elio Gaspari, para os jornais Folha de S. Paulo e O Globo

Dilma será deposta, Lula está nas cordas, acabou-se o ciclo de poder do PT, e ninguém sabe para onde ele vai

Começa amanhã o julgamento de Dilma Rousseff. Ela será condenada. Os julgamentos que decidem o destino dos presidentes são políticos. Formalmente, Dilma será deposta pelo desembaraço de sua contabilidade criativa, mas sempre será repetida a frase da senadora Rose de Freitas, líder do governo de Michel Temer no Senado: "Na minha tese, não teve esse negócio de pedalada, o que teve foi um país paralisado, sem direção e sem base nenhuma para administrar".

Pura verdade, que pode ser contraposta a outro julgamento de impeachment de um presidente, o de Bill Clinton em 1999. Ele era acusado de práticas mais simples, comuns e disseminadas do que as "pedaladas fiscais". Uma pessoa pode não entender de contabilidade pública, mas entende o que a estagiária Monica Lewinsky fazia com o presidente dos Estados Unidos na Casa Branca. Clinton foi absolvido porque o país não estava paralisado, e a renda per capita dos americanos cresceu enquanto a dívida pública encolheu. Com Dilma, aconteceu o contrário. Todo mundo sabia o que Clinton fez e, apesar disso, achou-se que deveria continuar. No caso de Dilma, não se sabe direito o que eram as pedaladas, mas acha-se que ela deve ir embora.

Quando Dilma entregar as chaves do Palácio da Alvorada, estará encerrado um ciclo de 13 anos de poder do Partido dos Trabalhadores. Em 2003, Lula vestiu a faixa, e a oposição foi para o poder. Hoje ninguém haverá de dizer o mesmo. Michel Temer era o vice-presidente de Dilma, e seu primeiro escalão ampara-se em figuras que sustentaram o comissariado petista. Henrique Meirelles presidiu o Banco Central de Lula, Eliseu Padilha e Gilberto Kassab foram ministros de Dilma. Mudança imediata, drástica e irrecorrível, só a do garçom Catalão, do Palácio do Planalto, que hoje está no gabinete da senadora Kátia Abreu, ministra de Dilma e adversária do impeachment.

O PT foi apeado do governo e, de uma maneira geral, abriu espaço para quem nunca saiu dele. O tempo dirá quanto custou ao comissariado o inchaço de sua base de apoio e, sobretudo, a expansão de seus interesses pecuniários. Lula e Dilma viveram o engano de um governo com o mínimo possível de oposição. Depostos, Dilma cuidará da vida, Lula tentará se reinventar, mas alguns comissários sabem que suas carreiras estão encerradas. Outros seguem a ordem de batalha do coronel Tamarindo em Canudos: "É tempo de murici, cada um cuide de si". Astro dessa categoria é Cândido Vaccarezza, líder do PT na Câmara até 2012. Dois anos depois, ele perdeu a eleição. Deixou o partido e aninhou-se na campanha de Celso Russomanno (PTB) pela prefeitura de São Paulo.

Cortando aqui e perdendo ali, sobra uma militância cujas raízes estão nos anos 70 do século passado. Defendiam o fim da unicidade sindical, a reforma da CLT, as negociações diretas entre empresas e trabalhadores e tinham horror a empreiteiros. (A recíproca era verdadeira.) Esse era um tempo em que os sindicalistas do PT eram bancários. Com o acesso aos fundos estatais, alguns viraram banqueiros e, como João Vaccari Neto, ex-tesoureiro do partido, estão na cadeia.

Oposição, com algumas ideias na cabeça e pouco dinheiro no bolso, é tudo o que o Brasil precisa.
Herculano
24/08/2016 07:48
ANTIAMERICANISMO APROXIMA AUTORITÁRIOS DO PLANETA, editorial do jornal O Globo

Potências rivais se unem estrategicamente para combater o 'inimigo comum' e evocam os regimes bolivarianos da América Latina

Desde o ano passado, o mundo testemunha uma intensa mobilização geopolítica entre potências regionais em torno de alianças estratégicas que têm em comum um posicionamento contra os Estados Unidos. Nem sempre aliados no passado, esses países se aproximam ao compartilhar um sentimento antiamericanista. São todos, sem exceção, regimes autoritários, onde as liberdades civis estão sob constante ameaça.

O presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, por exemplo, se acercou de Moscou poucos meses após as Forças Armadas turcas terem derrubado um caça russo, matando os dois pilotos, o que levou Moscou a impor sanções. Esta reaproximação pode parecer estranha, uma vez que o presidente russo, Vladimir Putin, é aliado de Bashar al-Assad, presidente sírio e inimigo de Erdogan; e também porque os EUA são um importante aliado da Turquia, onde operam uma estratégica base aérea. O país, ademais, é membro da Otan. Mas, as relações entre Ancara e Washington azedaram após a tentativa frustrada de golpe de Estado no mês passado. O presidente turco acusou o governo americano de apoiar o levante.

Putin e Erdogan negociam o uso por caças russos da base aérea turca hoje utilizada pelos EUA para atacar posições do Estado Islâmico na Síria, o que implicaria a retirada das tropas americanas do país. Ao mesmo tempo em que a Turquia dá uma guinada à iraniana, apontando o os EUA como o "grande satã", o regime recrudesce o autoritarismo e as violações de direitos humanos.

Outra aliança improvável que vem se desenhando no mapa mundi geopolítico em contraposição aos EUA é expressa pela realização de operações militares conjuntas entre Irã e Rússia. Além de um acordo para a compra de armamento de última geração, inclusive usinas nucleares russas, os dois países realizaram exercícios militares conjuntos no Mar Cáspio. E o Irã autorizou na semana passada que uma bases aérea sua fosse usadas por caças russos para realizar ataques na Síria, embora a divulgação desse acordo pelo Kremilin tenha levado à sua suspensão por Teerã. Moscou e Pequim também se uniram, num pacto incomum, para realizar exercícios militares de suas marinhas no Mar do Sul da China, área que vem sendo disputada pelo governo chinês e outros países asiáticos na região.

Essas alianças na Ásia e no Oriente Médio, guardadas as devidas proporções, são espelhos de um movimento semelhante nos últimos anos na América Latina. O lulopetismo, no Brasil; o kirchnerismo, na Argentina; o chavismo na Venezuela; e o bolivarismo em geral em Equador, Nicarágua e Bolívia, ideologias autoritárias e populistas, nutriram uma retórica antiamericana, que remonta aos tempos da Guerra Fria. Menos mal que, pelo menos neste lado do planeta, tal retórica vem perdendo força.
Herculano
24/08/2016 07:44
CONGRESSO APROVA TEXTO-BASE DA LDO 2017 COM NOVO TETO PARA GASTO FEDERAL

Conteúdo do jornal Folha de S. Paulo. Texto de Eduardo Cucolo, da sucursal de Brasília. O Congresso Nacional aprovou na madrugada desta quarta-feira (24) o texto-base da LDO (Lei de Diretrizes Orçamentárias) de 2017, na versão proposta pelo presidente interino, Michel Temer. Os parlamentares ainda vão analisar, em uma data a ser definida, propostas que podem alterar o texto principal.

O texto atual é o mesmo aprovado pela Comissão Mista de Orçamento em julho e limita o aumento de gastos no próximo ano à inflação de 2016.

Na Câmara, a proposta teve 252 votos favoráveis e oito contrários. No Senado, o texto foi aprovado simbolicamente.

A LDO estabelece os parâmetros para a elaboração do Orçamento. Além de antecipar a regra do teto de gastos, que faz parte de uma proposta de emenda à Constituição que tramita no Congresso, a LDO 2017 traz outras mudanças em relação à proposta original enviada pela presidente afastada Dilma Rousseff ao Congresso.

O governo interino elevou, por exemplo, a previsão de deficit nas contas do governo federal de um deficit de R$ 65 bilhões para R$ 139 bilhões. Também foi retirada da LDO a previsão de receitas com uma possível volta da CPMF, outra proposta de Dilma abandonada por Temer.

O projeto prevê ainda deficit de R$ 1 bilhão para Estados e R$ 3 bilhões para empresas estatais federais, o que resultaria em resultado negativo do setor público de R$ 143 bilhões. Em 2016, o deficit público estimado é de R$ 163,9 bilhões.

A LDO também coloca entre as prioridades da administração pública federal a conclusão de obras inacabadas com percentual de execução superior a 50%.

Até o dia 31 de agosto, o governo vai enviar ao Congresso a proposta de Orçamento para 2017.

A longa duração da sessão do Congresso, que começou antes do meio-dia de terça-feira (23), levou os deputados a adiarem a votação final do projeto da renegociação das dívidas dos Estados com a União, que será retomada nas próximas semanas.
Herculano
24/08/2016 07:41
CPI NÃO PODERÁ APURAR ASSASSINATO DE DEPOENTE, por Cláudio Humberto, na coluna que publicou hoje nos jornais brasileiros

A CPI da Funai e do Incra, cuja prorrogação foi negada pelo presidente da Câmara, Rodrigo Maia, a pedido do PT, deixará de investigar, entre outros crimes, a morte do produtor rural Gilmar Borges, nas cercanias de Brasília. Gilmar era arrendatário de 247 hectares no Gama (DF) havia 40 anos, mas a terra foi invadida pelo MST e sua vida virou um inferno, até ser executado aos 78 anos, dias após depor na CPI.

RELAT?"RIO SECRETO
O relatório sobre o caso Gilmar cita a deputada Érika Kokay (PT-DF), que apoiou a invasão do MST, por isso ganhou o carimbo "reservado".

APOIO POLÍTICO
Gilmar contou à CPI que era ameaçado pelo MST e os invasores se reportavam a Érika Kokay, que estaria "por trás" das invasões.

FONSECA NEGA
Apareceu na investigação o nome do deputado Ronaldo Fonseca (Pros-DF), mas ele nega. Acha até que se trata de homônimo.

ESTRANHO SILÊNCIO
Procurada, a deputada petista Érika Kokay não respondeu aos questionamentos da coluna, nem mesmo por sua assessoria.

GOVERNO NEGA REAJUSTE AO ITAMARATY E CULPA PSDB
O senador e ministro José Serra (Relações Exteriores) provocou um grande mal-estar, nesta terça (23), após chegar - atrasado - no almoço do tucano Tasso Jereissati (CE) com senadores que apoiam Michel Temer. Serra disse que estava lá para fazer um apelo pela aprovação do reajuste do Itamaraty, mas, desolado, soube que o Palácio do Planalto não mandava o projeto porque seu partido, o PSDB, vetaria.

PSDB NÃO VETA
A afirmação de Serra provocou imediata reação dos tucanos, que garantem não vetar coisa alguma e que nem sequer foram consultados.

DOR DE CABEÇA
Após o impeachment, a fofoca do Planalto sobre o comportamento da bancada do PSDB vai dar dor de cabeça em Michel Temer.

DISCUTINDO A RELAÇÃO
No DEM, a reação é idêntica: o líder, Ronaldo Caiado (GO), avisou que após a destituição de Dilma o partido vai rediscutir o apoio a Temer.

IMPEACHMENT DE MONTÃO
Palavra de atento deputado federal do PT que torce pelo término da novela: se Dilma escapasse do julgamento no Senado, enfrentaria ao menos outros nove pedidos "muito consistentes" de impeachment, inclusive pelo "conjunto da obra" de corrupção em seu governo.

TORCIDA NA SAÚDE
Funcionários do Ministério da Saúde dão como certa a substituição do ministro Ricardo Barros, a quem se referem como "Trump brasileiro" desde a bobagem que disse sobre homem trabalhar mais que mulher.

LULA, LOCHTE BRASILEIRO
A oposição considera processar o ex-presidente Lula por falsa denúncia de crime, como o nadador mentiroso dos Estados Unidos, Ryan Lochte. Lula disse à ONU ter sido "punido" na Lava Jato, mas ele foi apenas denunciado por envolvimento em vários casos de corrupção.

QG DO MAL
Funcionários do Senado já compreenderam o papel do ex-ministro Gilberto Carvalho em sua boquinha no gabinete do senador Lindbergh Farias (PT-RJ): criar factoides favoráveis ao impeachment.

MANDOU MUITO BEM
Carlos Nuzman foi esperto. Como o colega que organizou a olimpíada de Barcelona, ele designou um diplomata experiente, embaixador Agemar Sanctos, para destravar os delicados assuntos institucionais e internacionais, como um diretor do Comitê Rio 2016. Foi um sucesso.

ATITUDE DIGNA
O senador Cássio Cunha Lima (PSDB-PB) dá o exemplo: em vez de faltar, decidiu se licenciar para trabalhar na campanha eleitoral da Paraíba. Assumirá a liderança o senador Paulo Bauer (SC).

LÍDER EM TEMPO DE CRISE
O governador do DF, Rodrigo Rollemberg, precisa de novo líder na Câmara Legislativa, após a renúncia do anterior, enrolado no escândalo da vez. O deputado Professor Israel (PV) dormiu líder, mas estão no páreo Rodrigo Dalmácio (PTN) e Reginaldo Veras (PDT).

A VEZ DOS RADIALISTAS
É de autoria do líder do governo na Câmara, André Moura (PSC-SE), o projeto que cria a identidade profissional de Radialistas, como jornalistas, advogados ou arquitetos. É antiga reivindicação da classe.

PENSANDO BEM...
...no caso da investigação da chapa Dilma-Temer no TSE, pau que bate em presidenta, bate em presidento.
Herculano
24/08/2016 07:35
DOIS PESOS, editorial do jornal Folha de S.Paulo

Causa inquietação que chegue ao ponto a que chegou, em termos de repercussão, o caso da pré-delação da Lava Jato que menciona o ministro José Antonio Dias Toffoli, do Supremo Tribunal Federal (STF). Mais, ainda, que evolua para uma crise permeada de desacertos entre o Supremo e a Procuradoria-Geral da República (PGR).

Foi por meio de mais um vazamento de informação que veio a público, em reportagem da revista "Veja", a menção ao ministro em tratativas para acordo de delação entre a PGR e Léo Pinheiro, ex-presidente da empreiteira OAS. O conteúdo vazado, contudo, por sua insignificância aparente, tem mais de denúncia vazia do que de escândalo para abalar a República.

Dias Toffoli, indicado ao STF pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), teria mencionado, em conversa com o executivo, problemas de infiltração em imóvel seu. Funcionários da OAS fizeram vistoria e indicaram empresa especializada, que fez o reparo, devidamente pago pelo próprio ministro.

Não há elementos, no presente, para duvidar dessa versão, embora também seja impossível descartar que haja algo mais detrás dela.

Por ora, só é possível dizer que, mesmo não se sabendo de onde partiu o vazamento nem sua motivação, o efeito óbvio foi constranger Dias Toffoli, mais que implicá-lo de fato na investigação ?"o que não seria descabido, ressalve-se, caso houvesse evidência de irregularidade e a delação terminasse homologada; ninguém se acha acima da lei, nem mesmo no Supremo.

Apesar de sua imaterialidade, a pré-delação de Léo Pinheiro deflagrou reação destemperada do ministro Gilmar Mendes. Ele sugeriu que a investigação do vazamento deveria começar pela própria força-tarefa da Lava Jato.

Mesmo não sendo conhecido por continência verbal, Mendes fez emprego de vocabulário inusualmente ácido contra a PGR: "Já estamos nos avizinhando do terreno perigoso de delírios totalitários. Me parece que [os procuradores da Lava Jato] estão possuídos de um tipo de teoria absolutista de combate ao crime a qualquer preço".

O procurador-geral da República, Rodrigo Janot, de seu lado, também causou espanto: rompeu a negociação com a OAS para um acordo de delação, alegadamente por quebra de confidencialidade.

Não terá sido a primeira vez. Mas não se tem notícia de que inconfidências aatingir outros políticos mencionados por Léo Pinheiro ?"de Aécio Neves (PSDB) a Marina Silva (Rede) tenham desencadeado reação tão rigorosa. Tudo indica que se trata de um caso flagrante de dois pesos e duas medidas, se não de manobra corporativa para circunscrever a Lava Jato.
Mariazinha Beata
23/08/2016 19:05
Seu Herculano;

Veja só o que achei no Blog do Políbio:

"O prefeito Schmidt, da cidade de Lajeado-RS, que é do PT e tenta a reeleição, realizou uma visita ao Bairro Santo Antônio, semana passada, acompanhado do candidato a vereador Nilson da coligação situacionista.

Em uma das ruas do bairro um cidadão de facão na mão ameaçou e desaforou o prefeito petista, o fato não teve um desfecho maior devido a intervenção do morador do bairro Pedro Weber, que trabalha em cargo de confiança na secretária de obras.

O morador estava indignado. Segundo ele Schmidt teria em 2012 prometido pavimentação da sua rua, mas não teria cumprido a promessa."

Se a moda pega, não fica um político para fechar a porta.
Bye, bye!
Erva Daninha
23/08/2016 13:34
Olá, Herculano

No comentário das 11:02 hs, quer dizer que a batata do Melato está assando.
Digite 13, delete
23/08/2016 13:27
Oi, Herculano

No TRAPICHE sobre INACREDITÁVEL:

As verdades que sempre vimos a olho nu, eram manipuladas pela imprensa vendida, agora fugiram do controle e se esparramaram pelo país.
Mariazinha Beata
23/08/2016 12:54
Seu Herculano;

A prefeitura do PT está pagando com o dinheiro suado dos gasparense um preço adequado para a igreja, por isso o pátio é livre para estacionamento.
Bye, bye!
Herculano
23/08/2016 11:21
CULPADOS

O PSD está tonto e fulo com as minhas observações na coluna de hoje. E tem razão. Falta-lhes liderança, coerência e unidade, bem como capacidade de autocritica. Só isso.

E para não ir muito longe, vou reproduzir aqui, entre muitas que se retratou da patetice do partido nestes últimos dias em Blumenau, a abertura de uma nota de Alexandre Gonçalves, hoje no seu Informe Blumenau, onde estampa o lançamento de campanha do PSD de lá, a noite, no Clube 25 de Julho.

"O que esperar de um partido que tem o governador do estado, o presidente da Assembleia Legislativa, que administrou Blumenau por dois mandatos recentemente, conta com dois secretários de Estado e dois deputados estaduais da cidade, além de ter eleito quatro vereadores em 2012, com direito a outros três suplentes com votação superior a três mil e quinhentos votos? É uma pergunta.

E continuo. A resposta óbvia seria: barba, cabelo e bigode. Mas, não é bem assim. Precisaram implorar (a palavra não é outra) e importar um comunicador, o Alexandre José,PR, da Ric Record, sem nenhum embate político, para ser vice e dar status de competitividade ao candidato Jean Jackson Kuhlmann. É isso tipo de coisa que o PSD quer esconder dos eleitores e fica tiririca quando a imprensa menciona. Tudo é fruto da ausência do governo do estado na região e à falta de liderança de um governador que acaba de gastar mais de R$80 milhões dos pesados impostos dos catarinenses para construir o Centro de Comando da Segurança, e pronto, na hora da mudança, da economia - a mesma que o candidato do PSD prega aqui na construção de uma nova prefeitura - a Polícia Militar, o Detran e o Corpo de Bombeiros dizem que para lá não irão.
Herculano
23/08/2016 11:02
E AGORA? MUI AMIGO DA ONÇA. GOVERNO DE SANTA CATARINA PEDE O RETORNO DE JOÃO PIZZOLATTI, PP, AO TRABALHO COMO SERVIDOR DA SECRETARIA DA FAZENDA, MANCHETEIA OS JORNAIS CATARINENSES. SE ELE ATENDER, ENVOLVIDO ATÉ O PESCOÇO NO PETROLÃO COMO ESTÁ, VAI PARAR NA MÃO DO JUIZ SÉRGIO MORO, DE CURITIBA. É TUDO O QUE PIZOLLATTI - EX-DEPUTADO FEDERAL, PRESIDENTE DO PP CATARINENSE E PADRINHO DE POLÍTICOS EM GASPAR - NÃO QUER E TEM FEITO PARA NÃO SER ALCANÇADO POR MORO.

Texto é de Anderson Silva para o Diário Catarinense, de Florianópolis. O ex-deputado federal de Santa Catarina João Pizzolatti Júnior sofreu o segundo revés dos últimos para continuar no cargo de secretário Extraordinário de Relação Institucionais do Estado de Roraima. Depois de ser afastado da função por decisão da Justiça, agora o governo de Santa Catarina solicitou que ele retorne ao posto que ocupa como servidor da Secretaria da Fazenda. Aqui ele atuava até março de 2015 como fiscal da receita estadual como lotação na gerência de Blumenau.

A justificativa dada pela assessoria de imprensa da Secretaria da Fazenda é que o governo de Roraima não estava repassando nos últimos meses para Santa Catarina os valores referentes ao salário do ex-parlamentar. Fazia parte do acordo entre os dois Estados que a remuneração dele fosse paga por Roraima.
A decisão foi publicada no Diário Oficial do Estado de sexta-feira passada, dia 19 de agosto. O governo roraimense será notificado nesta terça-feira. Caso em até 15 dias os valores não sejam quitados, o ex-deputado terá de reassumir suas funções em Santa Catarina. Além de salários deste ano, estariam em atraso também parcelas de 2015.

Michel Saliba, advogado de Pizzolatti, diz que desconhece o ato do governo catarinense, mas que se a decisão for essa, ele terá que voltar para a sua função. A assessoria de imprensa de Roraima foi procurada por telefone e se posicionará por e-mail.

Governo de Roraima se manifesta por meio de nota

O governo do Estado de Roraima afirma, por meio da secretaria de Comunicação Social, que "ainda não foi notificado e só se manifestará após formalização da referida decisão".

Sobre a alegação do executivo estadual catarinense de que Roraima não estaria pagando os salários referentes ao salário de Pizzolatti, a nota enviada ao Diário Catarinense diz que "conforme orientação da PGE (Procuradoria Geral do Estado) foi ressarcido o valor de R$ 209.135,34 referente o período de janeiro a junho de 2016. Existe um reconhecimento de dívida referente ao ano de 2015, cujo levantamento orçamentário da despesa está ocorrendo para posterior quitação por parte do Poder Executivo".
Herculano
23/08/2016 10:27
IDEOLOGIA QUE NADA. O VALE TUDO DOS PARTIDOS E SEUS DONOS QUE AGEM COMO CORONEIS REPARTINDO EM GABINETES E ACERTOS O TERRITORIO. TUDO PELAS SACANAGENS E A PERPETUAÇÃO DOS MESMOS ESQUEMÕES DE PODER, CORRUPÇÕES E INCOMNPETÊNCIA QUE FRAGILIZAM A SOCIEDADE E FAZEM COMO RESULTADO SUMIR OS PESADOS IMPOSTOS DE TODOS DESTINADOS À SAÚDE PÚBLICA, EDUCAÇÃO, OBRAS E SEGURANÇA. ENTÃO CONFIRA MAIS ESTA: AÇÂO DE DILMA POR VOTOS CONTRA O IMPEACHMENT ABRE CRISE COM PCdoB

Conteúdo do jornal Folha de S. Paulo. Texto de Cátia Seabra. Um pedido da presidente afastada, Dilma Rousseff, abriu uma crise entre o comando do PT e do PCdoB.

Na expectativa de conquista de votos contrários a seu impeachment no Senado, Dilma pediu que a cúpula do PT interviesse em cinco cidades do Maranhão em atendimento a reivindicações dos senadores maranhenses João Alberto (PMDB) e Roberto Rocha (PSB).

O comando do PT interveio em apenas dois municípios. Em Codó, quinta maior cidade do Estado, determinou que o PT rompesse a aliança com o PC do B, na qual ocuparia a vice da chapa, para apoiar o candidato do PSDB.

Em Timon, terceiro maior município do Maranhão, a direção petista decidiu que o partido saísse de uma chapa composta por PSB e PC do B em favor do outra integrada por PSD e PMDB.

Segundo petistas, a operação também contemplaria o senador Edison Lobão (PMDB-MA).

A Folha apurou que o presidente do PT, Rui Falcão, atendeu parcialmente as solicitações de Dilma. Em respeito aos pedidos do governador do Maranhão, Flávio Dino (PC do B), não houve intervenção também em São Luís, Imperatriz e Balsas.

As concessões foram, porém, suficientes para incomodar a cúpula do PC do B, que procurou a cúpula do PT e o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. A mobilização foi também para evitar novas intervenções.

Presidente nacional do PC do B, Luciana Santos diz não querer acreditar nas decisões do partido. "Depois de todos gestos que o Flávio [Dino] fez [contra o impeachment], isso não é brincadeira", reclama Luciana Santos, que é candidata à Prefeitura de Olinda (PE) sem apoio do PT.

Deputado federal pelo PDT do Maranhão, Ewerton Rocha diz que seu partido terá que dar uma resposta ao PT.

O secretário de Organização do PT, Florisvaldo Souza, minimizou, por sua vez, o impacto das medidas do Diretório Nacional.

Ele argumenta que o PT manteve a aliança com o PC do B nas principais cidades do Maranhão, atendendo às orientações do governador. Florisvaldo diz que foi responsável pelas intervenções.

Questionado se esse era um pedido da presidente afastada, limitou-se a dizer: "Eu me reservo o direito de não não falar sobre isso. Não vou responder".

O senador Roberto Rocha (PSB-MA) nega que tenha exigido alianças no Estado em troca de um voto contrário ao impeachment no Senado Federal. Ele admite ter conversado com Dilma e com o presidente interino, Michel Temer (PMDB).

"Quem disse que posso mudar meu voto? Eu ainda não disse qual será. Minha tendência é seguir a decisão do partido, que não tomou decisão", disse o senador.

Esse não é o único atrito recente entre PT e PC do B. Petistas reclamam, por exemplo, de um aliança dos comunistas com o DEM em Fortaleza. Integrantes do comando do PT culpam o PC do B por sua derrota na eleição para a presidência da Câmara.

Afirmam que o candidato apoiado pelo PT, Marcelo Castro (PI), não teria sido derrotado caso o PC do B o apoiasse. Mas, em vez disso, comunistas lançaram o deputado Orlando Silva (SP), que, mais tarde, apoiou o vencedor Rodrigo Maia (DEM-RJ) para o cargo. Silva, que conversou com Lula antes da decisão, rebate: "O PC do B não é um acessório do PT".
Almir ILHOTA
23/08/2016 10:03
Que Balsa Herculano?
Ilhota tem PONTE!!! Choraa
Herculano
23/08/2016 09:57
FIDEL CASTRO E A OPÇÃO ERRADA, por Aloísio de Toledo César, desembargador aposentado, no jornal O Estado de S. Paul

Endeusamento do Estado e do ditador não impedirá chegada da riqueza a Cuba

Dias atrás o mundo foi sacudido por uma notícia que parecia ter importância: o nonagésimo aniversário do ditador Fidel Castro. Em verdade, esse deveria ser um momento de tristeza universal, porque os males por ele impostos ao povo cubano só desaparecerão a partir do momento em que lá acontecer o milagre da democracia, com eleições livres e um Judiciário independente do governo.

Sem presos políticos julgados pela ditadura, sem freios sociais que impeçam a livre movimentação do povo, serão inevitáveis em Cuba o contágio e a influência da riqueza americana (a próspera Flórida está a apenas 90 km de Cuba).

As crianças cubanas desde muito cedo são submetidas a intensa lavagem cerebral destinada a mostrar que Fidel Castro é quase um deus, porque "salvou" a população cubana das monstruosidades do capitalismo e impediu que os vícios burguesia contaminassem o país. Pessoas que cresceram nesse ambiente são mesmo inclinadas a idolatrar o ditador. Mas, gradativamente, percebem-se sinais de mudanças e por isso o endeusamento do Estado e de seu ditador, com o consequente empobrecimento da população, não será suficiente para impedir a chegada da riqueza.

É incrível que o ideal comunista por mais de um século tenha contaminado até mesmo pessoas inteligentes. Tudo começou com o filósofo prussiano G. W. Hegel, atração máxima de Karl Marx.

Hegel defendia a ideia de que toda vida está em constante fluxo e o momento da criação inicia um processo que termina com a dissolução e morte. Assim, na sua visão, que ao mesmo tempo encantou e assustou parte da burguesia europeia, toda ideia (tese) é inevitavelmente contrariada por um conceito oposto (antítese) e de sua luta surge a síntese. Quando a síntese nasce e se impõe, assume a feição de tese, renovando o círculo.

O trio hegeliano tese-antítese-síntese, conhecido como tríade, expõe um processo que recebeu a denominação de dialética, palavra tantas vezes repetida, mas cujo significado grande parte das pessoas jamais entendeu direito.

O ideal comunista surgiu desse conceito, pois Hegel dizia que a dialética é o caminho que a vida segue e continuará a seguir sempre. Contaminado por esse pensamento, que foi moda em sua época, Marx defendeu a ideia de que o ideal seria introduzir na dialética o elemento luta ?" e, mais que isso, a sua inevitabilidade.

Enfim, a luta sempre existiu, entre o velho e o novo, com a vitória inevitável do novo. Na visão apaixonada de Marx, que contaminou as gerações e ainda hoje encontra defensores nos partidos de esquerda brasileiros, assim como o feudalismo venceu a escravidão, no curso da História o socialismo substituirá o capitalismo.

As ideias de Marx não eram nada pacifistas, porque defendia a destruição da burguesia e do capitalismo, com sua substituição pelo proletariado, culminando com o sonho de um processo social em que o Estado, tendo sido ao longo dos séculos servo da burguesia, acabaria extinto, com a implantação do comunismo.

Em alguns pontos de seu pensamento Marx pareceu prever situações que vemos em alguns países nos dias presentes. Para ele, o capitalismo é suicida e restará tão desmoralizado que a crise econômica inevitável apresentará clara feição revolucionária (parece ter acertado quando voltamos os olhos para o que aconteceu em Cuba, com Fidel Castro, e agora com a Venezuela, em ruínas).

A utopia comunista sempre foi muito sedutora, por vários motivos, mas sobretudo porque, segundo ela, a sociedade sem classes, quando for atingida, levará ao desaparecimento não só do Estado, como também das diferenças nacionais e à ausência de ódio entre os povos. Enfim, com o desaparecimento do capitalismo, as pessoas viveriam como irmãos, em que de cada um se exigiria conforme sua capacidade e a cada um se daria conforme sua necessidade.

Nada disso aconteceu, porque com o passar dos tempos se viu que a substituição do novo pelo velho, nos regimes socialistas, levou não à irmandade entre as pessoas e os povos, mas ao endeusamento do Estado, com o empobrecimento da população. Os exemplos da Alemanha comunista e da extinta União Soviética deixaram claro que a igualdade de todos, prevista por Hegel e Marx, acabou por igualar salários entre pessoas de diferentes capacidade de produção.

O resultado dessa conduta ideológica, por ser antieconômica e levar à pobreza coletiva, levou insatisfação crescente aos governados, culminando com o fim da utopia em praticamente todo o mundo. Menos afetados pelo lado ideológico, os chineses descobriram que mesmo num país governado por partido comunista o lucro não é coisa ruim.

Realmente, com sua incrível sensibilidade, na década de 1980 o líder chinês Deng Xiaoping percebeu claramente que os trabalhadores de uma fábrica, iguais em seus salários e produção, se tornavam diferentes e lucrativos para o Estado quando ganhavam um plus caso produzissem mais. Com essa perspectiva de lucros, que contaminou a massa trabalhadora, a produção chinesa cresceu ao ponto em que se encontra hoje, como segunda economia mundial. Isso a despeito de o país ser governado pelo Partido Comunista. Enfim, os chineses descobriram o lucro e que gerar riquezas, ao invés de igualar a pobreza entre todos, é o caminho para proporcionar aos governados um padrão de vida coletivo nunca antes conhecido na China.

Costuma-se dizer que Marx, ao fim de sua vida, chegou a declarar: "Eu não sou marxista". É possível que seja verdade, mas se não for e ele estivesse vivo ainda hoje, após os despenhadeiros econômicos vividos pela extinta União Soviética, pela Alemanha Oriental e por Cuba, ele talvez reconhecesse: "Eu não disse nada daquilo".
Herculano
23/08/2016 09:54
O HUMOR DE JOSÉ SIMÃO

Cadê todo mundo que estava aqui? Fiquei órfão! A casa ficou vazia! Rarará!

E vazaram fotos do Bolt transando com uma menina. Diz que o Bolt deu 25 rapidinhas!

Rarará!

E a melhor predestinada da Olimpíada: a búlgara do salto triplo Iryna VASKOUSKAYA! O Vasco caiu até na Olimpíada. E a atleta portuguesa: Ana Isabel Vermelhudo Cabecinha!

Rarará!

E a melhor provocação: "No Maracanã, funcionária da Rio-2016 grita no megafone: "O Palmeiras não tem Mundial".

Rarará!

E o melhor momento: um baiano ganhar três medalhas em prova de velocidade. Desmentindo as piadas de baiano. Viva o Isaquias!

E o pior momento: os pênaltis Brasil e Alemanha! Como disse o tuiteiro Biel Cavalcanti: "Já tivemos o Lula, a Dilma, o Cunha e AGORA PÊNALTIS?".

Rarará!

Melhor e único cartaz: "Fora, Temer". O Frankstemer não foi pra festa de encerramento. Medo de vaias. Mandou o Rodrigo Maia! Que tem cara de bobo da classe, aquele de quem roubam o lanche e ainda estouram Nhá Benta na cara!

Rarará!

Trilha sonora da Olimpíada: hino americano! Num guentava mais ouvir o hino americano.

E ganhamos 19 medalhas, mas diz que não batemos a meta.

Sabe o que a gente devia ter feito pra bater a meta? Assaltado os americanos no caminho do aeroporto e bafado umas três medalhas.

Rarará!

E o provérbio do nadador americano: "Do you lie a little or a Lotche?". Rarará!

É mole? É mole, mas sobe!

E o site Mussum Forevis mostra as três medalhas do brasileiro no fim do mês. Ouro: moeda de 25 centavos. Prata: moeda de 50 centavos. Bronze: moeda de 5 centavos!

A merdalha dos centavos
Herculano
23/08/2016 09:50
NEM TUDO É DESGRAÇA, por Eliane Cantanhede, para o jornal O Estado de S. Paulo

Vamos admitir: nós, brasileiros, morríamos de medo de que fosse tudo um vexame e, antes mesmo que começasse, estávamos loucos para a Olimpíada passar logo. Pois agora estamos orgulhosos, com a sensação de que tudo deu certo e morrendo de saudade. Se tudo o que é bom acaba rápido, a Olimpíada acabou muito rápido, deixando um gostinho de "quero mais".

Como nada é perfeito, muito menos o Brasil e o Rio, tivemos ônibus de estrangeiros apedrejado, um soldado da Força Nacional assassinado com um tiro na cabeça, um técnico alemão morto num acidente de trânsito e um festival de pequenos furtos ?" de carteiras, celulares, objetos pessoais. Sem falar na ciclovia que desabou, na "piscina verde" e nas críticas às condições (ou falta de) das águas cariocas e nos entupimentos da Vila Olímpica.

Todas essas coisas poderiam ter acontecido em qualquer outra parte do mundo, com exceção, talvez, do soldado vítima do tiro ao entrar por engano na Favela da Maré. Mas, dificilmente, o clima de festa teria sido tão contagiante. Logo, o Brasil tem desvantagens que não são exclusividades brasileiras, mas tem festas com muita personalidade.

Os piores temores geraram intensos debates dentro e fora do País, mas só antes do início dos Jogos. Bastou a bela e criativa cerimônia de abertura, que cativou a imprensa mundo afora, para que ninguém mais falasse ou sequer se lembrasse de atentados terroristas, de Estado Islâmico, Al-Qaeda, Aedes aegypti, zika, dengue, chikungunya e H1N1.

Negros, louros, mulatos, mulheres e homens de todos os cantos do mundo caíram na maior farra e houve até o triste episódio do norte-americano Ryan Lochte inventando uma mentira cabeludíssima só para, aparentemente, esconder da namorada que andava chegando às 7 da manhã no hotel. Mas não há notícia de epidemias, gripes, contágios.

Dentro das quadras e piscinas, o Brasil pouco evoluiu: com 200 milhões de habitantes, sol o ano inteiro, florestas, oceanos, mares, rios e cachoeiras, poderia sonhar, e sonhou, em ficar entre os dez primeiros, mas acabou em 13.º lugar, com 19 medalhas, sete delas de ouro. Com essas condições e esses anos todos para se preparar, poderia sair melhor.

Mas também é justo destacar que as nossas medalhas foram emocionantes. Rafaela Silva, no judô, Thiago Braz, com o recorde do salto em vara, Alison "Mamute" e Bruno Schmidt, no vôlei de praia, o time do Bernardinho, que começou mal, foi crescendo e levou o ouro. Tudo foi disputado, chorado, comemorado à brasileira. E o Isaquias, que sai da Olimpíada com três medalhas, direto da Bahia para o mundo? E o choro do Diego Hypólito ao ganhar a prata?

E não foi só isso. Difícil descrever o fascínio dos brasileiros diante de Usain Bolt, Michael Phelps, Simone Biles? Tudo aqui pertinho, no Rio, no Brasil. Arenas, pistas e a grande maioria das piscinas deram conta, a iluminação foi perfeita e a torcida brasileira... bem, foi a torcida brasileira.

Além disso, o Rio herda dessas duas semanas o BRT, o novo metrô, dois museus, o Porto Maravilha. O estádio aquático pode ser desmontado e instalado em comunidades carentes, parte significativa do Complexo de Marechal será delegado ao Exército, Marinha e Aeronáutica, para treinar jovens talentos e patrocinar atletas prontos.

Olimpíadas não resolvem os males nacionais, mas ajudam a sacudir positivamente a autoestima do País e a mostrar que, "yes, we can", sim, nós podemos fazer uma festa muito bonita de abertura, receber bem milhares de estrangeiros, criar as condições necessárias para realizar os jogos mais importantes do planeta. O impeachment da primeira presidente mulher, a crise econômica, o desemprego, a Lava Jato e a desigualdade social continuam, mas a Olimpíada deixa uma nação de alma lavada, com a sensação de dever cumprido.
Herculano
23/08/2016 09:48
R$ 1 BILHÃO POR DIA, por Hélio Schwartsman, para o jornal Folha de S. Paulo

A festa foi bonita. Mas, exceto por Munique-72 e Atlanta-96, marcados por ataques terroristas, o espetáculo olímpico é sempre bacana. O problema é o custo. E aqui fica difícil qualificar a Rio-16 de qualquer expressão mais leve do que aventura irresponsável.

Pelo quadro publicado na edição de ontem da Folha, a Olimpíada consumiu R$ 39 bilhões, dos quais R$ 17 bilhões são dinheiro público, que é o que nos diz respeito. Como foram 17 dias de eventos e competições, temos a bagatela de R$ 1 bilhão por dia. Esses são dados oficiais, então não será surpresa se ainda aparecerem mais alguns restos a pagar.

É claro que nem tudo é dinheiro jogado fora. Uma parte dos custos se refere a investimentos que ficam, como o Metrô, no qual a administração estadual colocou R$ 8,6 bilhões. A dificuldade aqui é que o governo fluminense, agora virtualmente falido, poderia ter feito uso mais sábio de tais recursos. O mesmo vale para outros legados. Será que eles eram mesmo prioridade?

Raciocínio semelhante pode ser feito para o desempenho esportivo. Como mostrou Roberto Dias na edição de ontem, o Brasil aumentou significativamente os investimentos públicos em esporte, que saltaram de R$ 2 bilhões no ciclo 2008-2012 para R$ 3,7 bilhões em 2012-16, para que obtivéssemos no Rio apenas duas medalhas a mais do que em Londres.

E, convenhamos, apoiar o alto rendimento para ganhar medalhas me parece um objetivo meio besta. Investimentos públicos em esporte deveriam estar voltados principalmente para dar condições para a população exercitar-se e motivá-la a fazê-lo, melhorando sua qualidade de vida e reduzindo as contas da saúde.

Não ignoro que organizar um evento como a Olimpíada traz ganhos difíceis de ponderar, como a melhora da autoestima nacional e da imagem externa do país. Custa-me crer, porém, que tais benefícios justifiquem o R$ 1 bilhão por dia.
Herculano
23/08/2016 07:52
MICHEL TEMER FARÁ PRONUNCIAMENTO LOGO APOS A VOTAÇÃO DO IMPEACHMENT, por Maurício Lima, de Veja

O presidente interino Michel Temer terminou o primeiro esboço do discurso que fará após a votação do impeachment de Dilma Rousseff no Senado. A versão ficou com 5 minutos. Inicialmente, Temer havia planejado seu primeiro pronunciamento à nação no dia 7 de setembro, quando voltasse da viagem à China. Mas assessores próximos ponderaram que seria esquisito um hiato tão grande num momento tão importante como esse. O julgamento de Dilma deve terminar no dia 30 de agosto.
Herculano
23/08/2016 07:48
CARLOS NUZMAN MOSTRA CINISMO E INGRATIDÃO, por Juca Kfouri, no jornal Folha de S. Paulo

O presidente do COB e do comitê Rio-16, Carlos Arthur Nuzman, não tem salário, mas tem suas fontes

Carlos Nuzman está feliz e aliviado.

O povo gostou da festa, os Jogos aconteceram e, apesar dos pesares, não houve nenhuma tragédia.

Se a Olimpíada esteve longe de ser a melhor de todos os tempos, será inesquecível para quem a viveu.

A definição perfeita sobre a Rio-16 veio do presidente do COI, Thomas Bach, que se referiu a ela, diferentemente da praxe a cada edição, não como a melhor, mas como uma "Olimpíada à brasileira".

Isso mesmo! À brasileira.

Com tudo que a expressão resume, entre qualidades e defeitos, vantagens e desvantagens.

O nosso calor humano, a nossa alegria, a nossa desorganização, a complacência, o jeitinho e o improviso.

É sabido que o importante são as competições e estas, graças ao COI, aconteceram brilhantemente, como brilhante foi o trabalho do SporTV, pau a pau com o que fez a BBC quatro anos atrás.

Mas Nuzman, treinado em usar o discurso para esconder o pensamento, vê tudo cor de rosa, nega o inegável, foge até da avaliação do desempenho esportivo do Time Brasil.

Fique claro que dá na mesma chegar em décimo ou em 13º lugar.

Com raras exceções, nada é fruto de uma política, quase tudo é por geração espontânea.

Tivesse chegado em nono e seria igualmente falso e não há por que esperar mais enquanto o Brasil não tiver Política Esportiva.

Além de cínico, diz não ter salário, mas "suas fontes", Nuzman é ingrato.

Ingrato com o ex-presidente Lula ao não citá-lo em nenhum momento, ele que foi o diferencial para permitir, na quarta candidatura, a vitória brasileira.

Monoglota e megalomaníaco, Lula não foi citado ou por ingratidão ou por covardia, porque ganhou no discurso de Barack Obama.

Ingrato também ao nem sequer agradecer aos empresários cariocas que financiaram a candidatura, como se não existisse ninguém além dele, Nuzman.

Ingrato ainda ao não falar de João Havelange, sem o qual não haveria Olimpíada no Brasil, embora aí talvez tenha sido por má consciência ou temor, porque sabe que o cartola recém-falecido pôs na parada o sinistro "homem da mala" Jean-Marie Weber, conhecido por seus métodos pouco ortodoxos para convencer eleitores.

Ex-homem-forte da fraudulentamente falida gigante do marketing esportivo ISL, Weber, que andava banido do mundo esportivo, apareceu triunfal e misteriosamente na reunião em Copenhague que elegeu o Rio como sede.

Escolha anunciada, ganhou o primeiro abraço de Havelange.

Não surpreende ver Nuzman agora, como na entrevista concedida a esta Folha, elogiar até a não alternância de poder.

Parece ter esquecido como terminou o reinado de seu omitido ídolo Havelange.
Herculano
23/08/2016 07:44
DECISÃO CONTROVERTIDA, por Merval Pereira, no O Globo

O procurador-geral da República, Rodrigo Janot, está sendo instado a mudar a decisão de cancelar as negociações da delação premiada do ex-presidente da empreiteira OAS Léo Pinheiro, transformando-a em uma suspensão temporária, enquanto novas regras são negociadas.

Janot irritou-se com o vazamento de partes da delação na revista "Veja", em que o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Dias Toffoli aparece, numa sugestão de acusação que apenas se insinua, segunda a própria reportagem.

O ministro teria consultado o empreiteiro a respeito de infiltrações em sua casa, que sugeriu uma empresa para tratar do caso. Ambos afirmam que foi Toffoli quem pagou o conserto, mas na reportagem há insinuações de que, se o ex-presidente da OAS citou esse caso, é porque indicava ter mais coisas a contar.

A reforma da casa do ministro do STF é citada lateralmente na reportagem, dando a entender que, na delação definitiva, Léo Pinheiro poderia revelar que a empreiteira fez a obra. Por enquanto, porém, não há essa acusação direta ao ministro, o que torna inexplicável sua citação no contexto da delação premiada da empreiteira.

O que chamou a atenção na decisão de Janot é a sua originalidade, pois diversas vezes houve vazamentos de informações sobre delações premiadas, e em nenhum momento o Ministério Público tomou medida tão radical.

Por isso mesmo, a decisão do procurador-geral está provocando uma onda de boatos em Brasília, o principal deles sobre uma possível ação de ministros do Supremo pressionando o Ministério Público no sentido de invalidar a delação, para que o STF não fique exposto publicamente.

Não parece razoável, no entanto, que essa pressão tenha partido do próprio Supremo, pois prejudicaria mais a imagem da instituição do que o envolvimento de um de seus ministros em acusações vagas que até o momento não se revelam consistentes a ponto de justificar investigações.

Vários ministros se mostraram surpresos com a decisão intempestiva de Janot, sem entender o que realmente a motivou. Atribui-se a decisão ao sentimento do procurador-geral de que pessoas ligadas a Léo Pinheiro tenham vazado a informação, mesmo incipiente, para obrigar o Ministério Público a aceitar a delação nos termos em que o empreiteiro deseja.

Há, ao contrário, quem atribua aos próprios procuradores da Lava-Jato a divulgação dessa acusação com vistas a atingir o ministro Dias Toffoli, que deu um habeas corpus para soltar o exministro Paulo Bernardo, acusado de ter desviado dinheiro do crédito consignado, na época em que era ministro do Planejamento.

A decisão foi duramente criticada em artigo na "Folha de S. Paulo", assinado pelos procuradores que atuam na Lava-Jato Carlos Fernando dos Santos Lima e Diogo Castor de Mattos. Os dois acusaram Toffoli, com linguagem irônica, de ter ignorado "duas instâncias inferiores, os juízes naturais competentes", criando "o foro privilegiado para marido de senadora".

O fato é que, em ambos os casos, como em outros anteriores, as motivações do vazamento mereciam ser investigadas. A medida mais consequente teria sido abrir uma investigação para saber de onde veio o vazamento, e a quem ele beneficia, e não anular a delação.

Mesmo porque, se o réu quiser mesmo fazer a delação, ele pode fazê-la diante de um Juiz, que não terá como se negar a ouvi-lo. Essa é uma situação que constrange todos os envolvidos, a começar pelo Ministério Público, e que terá que ser esclarecida para que as investigações, e o próprio instrumento da delação premiada, não fiquem sob suspeita.
Herculano
23/08/2016 07:39
O COMPLEXO DE LINDBERGH, por Kim Kataguiri, coordenador do Movimento Brasil Livre, para o jornal Folha de S. Paulo

Lindbergh Farias (PT-RJ) causou um dano imenso ao país. E aqui não me refiro à sua vergonhosa atuação como senador da República, mas ao trauma que deixou em toda uma geração.

Símbolo das manifestações contra o ex-presidente Fernando Collor, o então ativista rapidamente se tornou o queridinho da imprensa. Apesar de, na época, ser do PCdoB e, portanto, defender ideias absolutamente retrógradas, pintaram nele a imagem de uma juventude que renovaria a política, a representação da esperança de um novo país pós-impeachment.

A ascensão política de Lindbergh Farias foi meteórica. De deputado federal para prefeito de Nova Iguaçu (RJ), de prefeito para Senador. Igualmente veloz foi o desgaste de sua imagem. Logo que entrou no Senado, seguiu a política hipócrita de seu partido, o PT, e se aliou ao seu antigo inimigo, Fernando Collor. Mais recentemente, o ex-cara-pintada e o ex-presidente se encontraram na Lava Jato, ambos alvos de inquéritos. O frescor da nova política - que seria trazida por um jovem militante comunista - mostrou ser apenas um bafo da velha politicagem.

Como bem definiu Reinaldo Azevedo, Lindbergh é um cara-pintada que virou cara de pau. Antes, liderava movimentos estudantis pelo impeachment de Collor. Hoje, além de ser aliado dele, diz que impeachment é golpe. Não há decepção maior para aqueles que o apoiaram na época, mas mantiveram a coerência e também tomaram as ruas contra o governo Dilma.

É exatamente por isso que diversas pessoas têm criticado a iniciativa de alguns líderes de movimentos de rua, como Fernando Holiday, do MBL, que está concorrendo à vereança em São Paulo. Quem foi cara-pintada e não superou o trauma Lindbergh crê que não é possível participar de movimentos de rua e atuar na política institucional sem abrir mão de todas as virtudes. Isso, na prática, é criminalizar a política. Se as virtudes e os ideais de uma pessoa não conseguem nem sequer sobreviver a uma eleição, então devemos jogar a democracia no lixo. Essa mentalidade foi genialmente batizada por um colega de movimento de "Complexo de Lindbergh".

"Ah, mas Lindbergh também era honesto, idealista, foi a política que o corrompeu!". Antes de qualquer coisa, é preciso desmentir essa história de que Lindbergh mudou. Em sua essência, ele sempre foi o que é. Já quando protestava contra Collor, era militante do PCdoB e "companheiro" de luta de Lula. Ele sempre defendeu os mesmos ideais. A única diferença é que passou de comunista revolucionário a comunista fisiológico -o que, levando-se em consideração as implicações de ser revolucionário, é um inegável avanço.

Os caras-pintadas que se decepcionaram com Lindbergh não podem ser reféns de um complexo que só beneficia aqueles que só estão na política para que a coisa pública atenda aos seus fins privados -e isso, como sabemos, inclui certos companheiros do partido de "Lindinho". Só será possível mudar se não criminalizarmos a mudança possível.
Herculano
23/08/2016 07:32
REAJUSTE DO STF PODE EMPURRAR FOLHA DE TRIBUNAIS ESTADUAIS PARA A ILEGALIDADE, por Josias de Souza

Levantamento feito pela Consultoria de Orçamento do Senado revela que a eventual aprovação do projeto que reajusta o salário dos ministros do Supremo Tribunal Federal pode empurrar para a ilegalidade as folhas salariais de tribunais de Justiça de pelo menos sete Estados. Incluindo-se na análise o Ministério Público e os tribunais de contas estaduais, o risco de desrespeito aos limites legais para despesas com salários pode se repetir em 17 Estados.

Os dados constam do relatório do senador Ricardo Ferraço (PSDB-ES) sobre o impacto financeiro da proposta que eleva os vencimentos dos ministros do Supremo de R$ 33,7 mil para R$ 39,2 mil. O texto deve ser apresentado pelo relator na sessão desta terça-feira (23) da Comissão de Assuntos Econômicos do Senado.

Ferraço realça no documento que "o subsídio dos ministros do STF é um dos mais importantes parâmetros remuneratórios do país em função das várias vinculações constitucionais, que geram o chamado 'efeito cascata' tanto no âmbito da própria União como nos demais entes federados." Dito de outro modo: quando sobem, os contracheques das togas do Supremo levam junto as remunerações de legiões de servidores, dentro e fora do Poder Judiciário.

No caso dos tribunais de Justiça dos Estados, a repercussão do reajuste do Supremo é imediata. Isso ocorre por força de resolução do Conselho Nacional de Justiça. O problema é que vários desses tribunais flertam com o desrespeito à Lei de Responsabilidade Fiscal, que limita as despesas com a folha do Judiciário a 6% da RCL, sigla de Receita Corrente Líquida dos Estados.

Na página 11 do seu relatório, Ferraço anota: "Levantamento feito junto ao Sistema de Informações Contábeis e Fiscais do Setor Público Brasileiro (SICONFI) mostra que o Tribunal de Justiça do Espírito Santo, meu Estado, já ultrapassou o limite máximo fixado de 6%, apresentando despesa atual equivalente a 6,20% da RCL."

O texto prossegue: "Dois outros Estados, Tocantins e Paraíba, já ultrapassaram o limite prudencial de 5,7% da RCL (equivalente a 95% do limite máximo). Outros quatro Estados, a saber, Rio de Janeiro, Ceará, Piauí e Maranhão, já ultrapassaram o limite de alerta e estão muito próximos do limite prudencial. A aprovação do reajuste [do salário dos ministros do STF] irá agravar esta realidade."

Abra-se aqui um parêntese: em verdade, a realidade já é mais grave do que parece. Os números disponíveis no sistema de informações contábeis não incluem gratificações e mordomias que, embora incluídas no contracheque dos magistrados, não são computadas como despesas salariais. Fecha parêntese.

O relatório de Ferraço acrescenta: "Situação semelhante também é observada com relação aos Tribunais de Contas estaduais [órgãos auxiliares das Assembléias Legislativas]. Atualmente, em dois Estados, Roraima e Maranhão, os Tribunais de Contas já apresentam despesas com pessoal acima do limite máximo fixado [pela Lei de Responsabilidade Fiscal]. Outros oito TCEs (Pernambuco, Amazonas, Tocantins, Mato Grosso, Paraíba, Rondônia, Piauí e Rio Grande do Norte) já ultrapassaram o limite de alerta fixado pela lei."

Há mais e pior: "No caso dos Ministério Públicos estaduais, a situação é ainda mais grave. Mais da metade dos Estados que apresentam informações fiscais disponíveis já estão com despesas de pessoal de seus Ministérios Públicos acima do limite de alerta. De acordo com as informações mais recentes disponíveis, o Ministério Público do Estado do Rio Grande do Norte já ultrapassou o limite máximo fixado de 2% e outros quatro Estados (Amapá, Goiás, Paraíba e Rondônia) já ultrapassaram o limite prudencial de 1,9% da Receita Corrente Líquida. Outros oito Estados (Maranhão, Santa Catarina, Ceará, Piauí, Tocantins, Minas Gerais, Roraima e Espírito Santo), já ultrapassaram o limite de alerta e estão muito próximos do limite prudencial."

O relator informa que o reajuste dos salários dos ministros do Supremo "resultará em um impacto bilionário nas contas públicas da União, dos Estados e dos Municípios." Ferraço menciona um detalhe que potencializa a simpatia dos congressistas pelaproposta: "A partir da sua aprovação, abre-se a porta para que sejam reajustados todos os demais salários no setor público, inclusive os salários de deputados e senadores, o que sabemos, historicamente acontece em um segundo momento."

A Consultoria de Orçamento do Senado estimou que, se aprovado, o projeto relatado por Ferraço "poderá gerar um impacto financeiro anual superior a R$ 4,5 bilhões." Em entrevistas, Ferraço já declarou que a cifra pode roçar os R$ 5 bilhões. Num instante em que 12 milhões de brasileiros amargam o desemprego, trata-se de um escárnio.
Herculano
23/08/2016 07:27
DISPUTA DE PROJETOS, por Vanessa Grazziotin, catarinense de Videira, senadora do Partido Comunista do Brasil, pelo Amazonas, em artigo no jornal Folha de S. Paulo

O que é a luta política se não a busca do poder e a disputa de projetos que servem a determinadas classes sociais?

Por isso, não é surpresa que os registros históricos indiquem que a elite econômica do Brasil sempre tentou interromper, pela violência, o mandato de todos os presidentes que procuraram executar projetos de interesse popular. Assim foi com Vargas, Jango e Lula.

Se os métodos são sempre abomináveis, para eles pouco importa. Recorrem a qualquer expediente. Mas, para iludir o povo, sempre levantam bandeiras de apelo popular, como o combate à corrupção, cujo objetivo é desviar a atenção de seus reais propósitos -reassumir o poder político e voltar a executar a política de interesse exclusivo da elite econômica.

Agora, com Dilma, agem sob igual script e diapasão. Não aceitam o resultado das urnas e estão executando um processo golpista, desta vez parlamentar.

O objetivo é o de sempre: realizar reformas profundas para reduzir direitos sociais, trabalhistas e previdenciários. Retomar as privatizações e entregar nossas riquezas naturais ao capital estrangeiro.

Querem arrancar da Constituição o preceito que consagrou a saúde e a educação como direitos universais e mudar a CLT, para assegurar que o negociado tenha prevalência sobre o legislado.

A PEC 241, em tramitação, é o maior exemplo do desmantelamento das conquistas sociais e da implantação do Estado mínimo. Ao proibir aumento de gastos públicos por 20 anos, reduzirá, consideravelmente, as despesas com investimentos e serviços públicos. Segundo estimativa da consultoria do Senado, somente em educação e saúde deixariam de ser aplicados R$ 255 bilhões e R$ 168 bilhões, respectivamente, caso essa regra já estivesse em vigor no período de 2015 a 2018.

Essa PEC tenta passar a ideia de que o problema fiscal do país decorre das despesas com pessoal, que, no ano passado, chegou a R$ 238,5 bilhões, e programas sociais, com R$ 241,3 bilhões, quando todos sabem que a causa central está na astronômica despesa do pagamento de juros da dívida pública, que chegou em 2015 a R$ 501,8 bilhões, o dobro de 2013, que foi de R$ 248,9 bilhões.

Mas as maldades não param aí. Eles já anunciam outras medidas tão ou mais danosas às camadas populares, como a reforma da previdência e a desvinculação dos benefícios sociais e previdenciários do salário mínimo.

Portanto, além do desrespeito aos princípios mais elementares da democracia, esse governo ilegítimo está preparando um retrocesso sem precedentes em nossa história, baseado num modelo já testado e reprovado no mundo: o neoliberalismo
Luis Cesar Hening
23/08/2016 07:18
LOVIDIO O CANDIDATO MENTIROSO
EM SUA ENTREVISTA AO JORNAL CRUZEIRO DO VALE ELE TEVE A CORAGEM DE DIZER ISSO.
Assim como no governo do prefeito Celso, não haverá qualquer tipo de perseguição. Diferente de outros tempos em que isso já aconteceu. Nos mandatos do prefeito Celso, recuperamos as perdas salariais dos governos anteriores MENTIRA MENTIRA
NÃO FORAM RECUPERADOS NEM UM CENTAVO DE PERDAS SALARIAIS, APENAS DERAM A INFLAÇÃO, COISA QUE ESTE ANO PROMETERAM EM DUAS PARCELAS, O QUE OCASIONOU PERDA DO PODER FINANCEIRO DOS FUNCIONARIOS.
EM TEMPO DERAM APENAS 0,25% DEPOIS DE UMA GREVE DE UMA SEMANA. CANDIDATO MENTIROSO SE JA COMEÇA ASSIM ANTES IMAGINA SE FOR ELEITO
Herculano
23/08/2016 07:14
O ÚLTIMO ATO, editorial do jornal Zero Hora, RBS Porto Alegre

Nove meses depois da abertura do processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff na Câmara, o Senado começa nesta semana o julgamento final da mandatária afastada, para encerrar um momento delicado da história do país, marcado por uma profunda crise política, social, econômica e moral. Ainda que as acusações oficiais sejam de difícil compreensão, todo o Brasil sabe que o julgamento é prioritariamente político. A presidente está sendo impedida de governar muito mais devido à complacência de seu governo com os desvios da Petrobras e a sua incapacidade de superar a crise econômica, em boa parte devido à falta de um mínimo de diálogo com o Congresso, indispensável para a aprovação de medidas emergenciais, do que pelas irregularidades fiscais apontadas.

É importante reconhecer nesse processo que, por contradições inerentes à política, muitos dos responsáveis pelo julgamento no Congresso estão envolvidos de alguma forma nas acusações da Lava-Jato. A presidente optou por fazer sua própria defesa perante os legisladores insistindo em não ter cometido crime, mas as acusações que pesam contra ela não podem ser desconsideradas. Afinal, envolvem o uso abusivo das finanças públicas com interesses eleitorais, com a edição de três decretos de créditos suplementares sem autorização do Congresso e as chamadas pedaladas fiscais, que consistem em atraso deliberado nos pagamentos da União para bancos públicos.

O importante, nesse doloroso processo de impeachment, é que os trâmites sejam efetivados e concluídos rigorosamente de acordo com a lei e com a Constituição. É o que vem sendo feito até agora, com amplo direito de defesa para a acusada e vigilância atenta das instituições democráticas.
Herculano
23/08/2016 07:12
PF VAI SEGUIR COM INVESTIGAÇÕES DE CPI 'ABAFADA', por Cláudio Humberto, na coluna que publicou hoje nos jornais brasileiros

O presidente da Câmara, Rodrigo Maia, pode sepultar a CPI da Funai e do Incra, apesar do requerimento que a prorroga ter sido assinado por 200 deputados. A Polícia Federal vai seguir investigando crimes de corrupção e até de morte, na reforma agrária. Maia teria prometido ao PT acabar com a CPI, ao pedir apoio à sua eleição. O PT é suspeito de conluio com ONGs, por isso jamais permite que sejam investigadas.

PASSOU BATIDO
As ONGs Conselho Indigenista Missionário (Cimi) e Isa (Instituto Sócio Ambiental ISA), foram ao STF para impedir a investigação da CPI.

FAVORECIMENTO
A CPI da Funai e Incra descobriu favorecimento pessoal na distribuição de lotes para reforma agrária e no financiamento de invasões de terras.

SEM EXPLICAÇÕES
Procurado, o deputado Nilson Leitão (PSDB-MS), relator da CPI, não se deu ao trabalho de responder aos questionamentos da coluna.

DEIXA ESTAR
O deputado Arnaldo Jordy (PPS-PA), que integra a comissão, chegou à conclusão de sonho das ONGs: "a CPI virou um debate ideológico".

GOVERNADORA DE RORAIMA NOMEOU 19 FAMILIARES
A governadora de Roraima, Suely Campos (PP), mulher do ex-governador e presidiário Neudo Campos, é alvo da Reclamação 23515 do Ministério Público Estadual ao Supremo Tribunal Federal (STF), por tornar obesa a sua renda familiar com a nomeação de 19 parentes para cargos de confiança. Ela é acusada de violar a Súmula Vinculante nº 13 do STF, que colocou o nepotismo na ilegalidade em definitivo.

SRA. GAFANHOTO
O marido da governadora, Neudo Campos, está preso em razão do desvio de dinheiro público conhecido por "escândalo dos gafanhotos".

ILEGALIDADE PERMANECE
A Reclamação do MP chegou ao STF em março e até agora os 19 parentes continuam recebendo seus vencimentos ilegais normalmente.

RENDA OBESA
A governadora nomeou, duas filhas, irmã, cinco sobrinhos, nora, sogro cunhado da filha... No total, a renda familiar chega a R$398 mil.

NEG?"CIO RENTÁVEL
O Fundo Amazônia, que abastece ONGs que não querem ser investigadas, é gerenciado pelo BNDES e possui R$2 bilhões em ativos doados pelo setor privado e pelo governo. Banca 104 projetos.

UM POUQUINHO DE BRASIL
As cerimônias da olimpíada no Maracanã, espetaculares, devem ter sido um aprendizado até para o cineasta que as dirigiu, Fernando Meirelles, um dos nossos orgulhos. Descobriram que há no Brasil muito mais que favelas e traficantes que tanto encantam o cinema nacional.

FACA E QUEIJO NAS MÃOS
Quando secretário de Segurança paulista, o ministro Alexandre Morais (Justiça) culpava a omissão do governo federal no tráfico de armas nas fronteiras. Está na hora de ele mostrar que sua queixa era procedente.

CRIME COMPENSADOR
Condenada por aplicar golpe em Paris, a ONG "Fazer Brasil" é acusada de conluio com Apex (agência exportadora), que a fomentou com R$11 milhões, fazendo parecer que o crime compensa: uma década depois, ainda não pagou o que deve. E ainda criou outra ONG, Abexa, para driblar a execução, conforme confissão à polícia. O caso está no STJ.

QUASE UM ALIADO
É dura a vida de Dilma Rousseff. Diversos petistas aderem a votações do governo Michel Temer. Em 58 votações, o deputado Caetano (PT-BA) apoiou o governo 25 vezes (64%). Votou contra em outras 14.

TAPETE VERMELHO PARA ELA
Desembarca em Brasília nesta terça (23) a brasileira Thais Aleluia, vice-presidente do Alliance Bernstein, o 3º maior fundo de investimento do mundo. O fundo admite dobrar investimentos de US$15 bilhões no País, mas quer se certificar de segurança jurídica e normas legislativas.

CURITIBA COMO DESTINO
O deputado Jarbas Vasconcelos (PMDB-PE) não acredita que Eduardo Cunha será beneficiado na Câmara. Segundo ele, no momento em que o processo for a votação, "ele iniciará sua jornada para Curitiba".

CONDIÇÃO ESSENCIAL
O líder do governo na Câmara, André Moura (PSC-SE), avisou que, para a economia voltar a crescer, é preciso aprovar a renegociação da dívida dos Estados, o pré-sal e o limite dos gastos públicos.

PERGUNTA NO P?"DIO
Cadê o terrorismo, o zika virus, a dengue, o cinkungunya e a sujeira que adoeceria os atletas no mar do Rio, durante as Olimpíadas?
Herculano
22/08/2016 19:02
da série: a última cartada da gasparense honorária Ideli Salvatti, para salvar o PT a partir do seu emprego de salário altíssimo lá nos Estados Unidos e livrar a ex-patroa Dilma Vana Rousseff do impeachment que começa esta semana no julgamento final

CÂMARA NEGA IRREGULARIDADES NO IMPEACHMENT E DIZ À OEA QUE PACTO DE SAN JOSÉ FOI RESPEITADO, por Severino Motta, de Veja

Na resposta sobre o processo de impeachment que enviará hoje à OEA, a Câmara diz que nenhum tipo de irregularidade foi praticada no curso impedimento e que o Pacto de San Jose da Costa Rica foi respeitado.

Em 80 páginas, o documento, que é assinado por Rodrigo Maia, explica primeiramente o processo de impeachment no país e em seguida faz uma narrativa dos fatos sobre a constituição da comissão especial que conduziu o processo.

Cita ainda que o Supremo foi ativo e vigilante e que apreciou todas as questões apresentadas pela defesa de Dilma Rousseff. Não podendo, por tanto, se falar em supressão de instâncias e nem em cerceamento de defesa.

Por fim, diz Maia na conclusão da peça:

"Em síntese, não houve nenhuma violação ao texto constitucional e à Lei que rege a matéria e, em consequência, assegurou-se a mais ampla defesa, com todos os recursos dela decorrentes, incluindo várias ações impetradas perante o Supremo Tribunal Federal (?) Improcedente, descabida e sem nenhum fundamento constitucional, legal e jurisprudencial, a reclamação levada à Comissão Interamericana de Direitos Humanos da Organização dos Estados Americanos ?" OEA."
Herculano
22/08/2016 18:25
da série: não tem jeito. É uma sacanagem atrás da outra, com todos. Não escapa um

A SITUAÇÃO DE GUIDO MANTEGA VAI SE COMPLICANDO, por Reinaldo Azevedo, de Veja

Agora, tanto João Santana como executivos da Odebrecht dizem que ele participou do esquema de formação do caixa dois

É inegável que a situação de Guido Mantega vai se complicando.

Vazamentos relativos às delações de executivos da Odebrecht dão conta de que a empresa pode ter repassado até R$ 100 milhões ao PT. Segundo o Globo publicou no domingo, a maior parte dos repasses estaria ligada a projetos que contaram com o apoio do governo, como a desoneração da folha de pagamentos e a redução do imposto de renda sobre o lucro de empresas brasileiras no exterior. Mantega seria uma espécie de gerente dessas operações.

Segundo a delação de João Santana, marqueteiro da segunda campanha de Lula e das duas de Dilma, ele acertou pessoalmente com a Afastada o pagamento pelo caixa dois na campanha de 2010, e esta lhe teria dito que seria Mantega a tratar do assunto com as empresas.

O advogado do ex-ministro nega tudo e diz que isso não passa de uma tentativa de levar figurões do antigo governo para o centro do furacão.

Pois é? Ocorre que, se as delações se confirmarem, tal "tentativa" não poderia ser atribuída à antiga oposição, não é? A Odebrecht, como se sabe, era parceria do PT, e João Santana era nada menos do que o mago das campanhas.
Herculano
22/08/2016 17:44
PARA QUE SERVE UM VELHO, por Paulo Germano, para o jornal Zero Hora, da RBS de Porto Alegre

Se os jovens agora gozam de poder e saber, que serventia têm os velhos?

Sinto falta dos velhos. Eles sumiram. Há os que se esconderam, porque ninguém mais quer ouvi-los, e há os que se portam como jovens, na ânsia de serem ouvidos. O velho mesmo, o velho clássico, o velho sábio que nos fazia baixar as orelhas e sentar de perna de índio em volta da cadeira, esse velho nós estamos matando.

Ponha-se no lugar dele: quando era jovem, há algumas décadas, sua meta era entrar no mundo dos velhos ?" porque eram os velhos que detinham o poder, o saber e o sucesso na carreira. Agora que virou velho, sua meta é entrar no mundo dos jovens, porque são os jovens que detêm o poder, o saber e o sucesso na carreira. Quem aguenta uma rasteira dessas?

O publicitário Dado Schneider, 55 anos, repete em suas palestras que, justo na vez dele, justo na hora de ele ficar velho, houve essa transformação inédita na história da humanidade: um volume brutal de conhecimento passou a ser transmitido das gerações mais novas para as gerações mais velhas. E há um efeito hediondo nessa inversão de papéis.

Porque, se os jovens agora gozam de poder e saber, que serventia têm os velhos? Se o nosso guru se chama Google, se o modelo de sucesso é Zuckerberg ?" 32 anos ?", se a compreensão do mundo parece melhor na juventude, qual é a vantagem da velhice? Quem vai parar para ouvir um velho? Pior: quem vai aceitar ser velho?

É triste que o velho mesmo, o velho clássico, o velho sábio que nos fazia baixar as orelhas e sentar de perna de índio em volta da cadeira, morra no momento em que mais precisamos dele ?" um momento em que "estamos nos afogando em informações mas famintos por sabedoria", como disse o biólogo E. O. Wilson.

Quer dizer: temos acesso ao conhecimento como ninguém jamais teve, mas falta quem nos oriente. Falta quem nos situe nessa biblioteca de fragmentos, quem nos ajude a filtrar essa enxurrada de informações que mais atormenta do que educa. Falta quem nos ensine a lidar com essa nova vida ?" ou, em outras palavras, nos falta sabedoria. Que nada mais é do que saber empregar o conhecimento.

Em toda a história da civilização, os velhos exerceram um papel crucial. Na Roma antiga, o conselho de anciãos, que já era comum nas sociedades orientais, ganhou o nome de Senado ?" e os anciãos passaram a fiscalizar autoridades e a controlar as finanças públicas. Porque o jovem, ele é importante quando precisamos de iniciativa, ímpeto e energia, mas nada disso basta sem prudência, traquejo e paciência. Aos 30 anos de idade, Alexandre, o Grande, já havia conquistado o mundo, mas seu maior conselheiro era o velho Aristóteles.

Que conselheiro nós temos hoje? Qual foi a última vez que você parou para ouvir um velho, frente a frente, sem qualquer obrigação familiar, apenas pelo prazer de beber um pouco de sabedoria? Ainda dá tempo, mas seja rápido. Porque esse velho nós estamos matando.
Herculano
22/08/2016 17:42
O MUNDO MODERNO ESTÁ A PONTO DE PROVAR QUE O "BEM" É IDIOTA, por Luiz Felipe Pondé, filósofo, para o jornal Folha de S. Paulo

"Você quer comer manteiga? Você quer um vestido bonito? Você quer viver deliciosamente? Você quer conhecer o mundo?"

O que vocês acham dessas propostas como forma de sedução, meninas?

Quem viu o excelente filme "A Bruxa", de Robert Eggers, sabe do que estou falando. O filme é um show do gênero terror para quem gosta de terror sofisticado e não desse lixo previsível que anda por aí, do qual até o Demônio (sim, com letra maiúscula) fica envergonhado.

A própria imagem da boca da jovem Tomasin (personagem principal do filme) melada de manteiga já pode nos dar a dimensão da consistência do Demônio neste filme: o que você colocaria na boca lambuzada de manteiga da jovem Tomasin? E a pergunta essencial: o que ela pediria para você colocar na boca lambuzada de manteiga dela?

Antes, um reparo: que nenhum inteligentinho imagine que estou "demonizando o sexo", tá? Normalmente inteligentinhos não entendem nada de sexo, e muito menos de mulher. Porque são "do bem".

Sim, Nelson Rodrigues dizia que teríamos saudade do canalha honesto um dia, eu digo que já estamos com saudade do Demônio honesto hoje em dia. O Demônio do filme "A Bruxa" é um Demônio honesto. Já explico por quê.

Conheço alguns satanistas por força do meu trabalho com pesquisa em religião. Todos que conheço são quase veganos. O máximo que pregam é o "combate" à Igreja Católica (coisa que qualquer criança no jardim da infância aprende nos últimos cem anos). Nem sabem o que foi o calvinismo (denominação protestante do filme). Os calvinistas eram gente de fibra, criaram os Estados Unidos. O mundo que legaremos para o futuro será um misto de praça de alimentação de shopping e gente tosca pedindo coisas de graça.

Nada como medir forças com o pecado e o Demônio (do tipo do filme) para criar músculos. Um Demônio honesto merece uma missa.

Os satanistas de hoje estão preocupados com o aquecimento global. Nada entendem do que um satanista decente entenderia. Você está se perguntando sobre o que um satanista decente entenderia? Preste atenção. Mas deixe de lado qualquer presunção de bondade que você tenha sobre si mesmo. Você quer mesmo conhecer o mundo?

Essas perguntas que abrem essa coluna são feitas pelo Demônio à jovem Tomasin na sequencia final do filme "A Bruxa". Ele pede a ela que assine seu livro (significando o pacto com ele), ao que ela responde, prontamente: "O que você tem para me oferecer em troca?". Aí, ele faz essas perguntas para ela. O que ele tem a oferecer para ela em troca é manteiga, beleza, delícia e o mundo inteiro.

Não vou contar mais nada. A pergunta dela para o Demônio indica que estamos diante de uma mulher sincera e de verdade.

O filme é construído a partir de textos do século 16. Textos de tribunais calvinistas (puritanos ingleses) em que manifestações do Demônio eram descritas. Almas superficiais veriam nisso apenas "patriarcalismo", "repressão", "abuso religioso", ou seja, tudo o que inteligentinhos veem em toda parte por conta de sua crassa pobreza de espírito.

A verdade é que o Demônio no filme é um especialista em natureza humana (sei que inteligentinhos ficam nervosos com essa termo, "natureza humana", mas quem liga para eles?). O Diabo é um humanista. Sempre foi. No filme, ele está preocupado em fazer Tomasin gozar. E o gozo, como bem sabia a psicanálise (não sabe mais), é "coisa de mulher que conversa com Deus e o Diabo".

A honestidade do Demônio está no fato dele saber que um pacto com ele significa o vício no gozo. E quem é viciado no gozo sabe que não há muita saída. Uma vez dentro da sua beleza e sua delícia ("Você quer um vestido bonito? Você quer uma vida deliciosa?"), fazemos qualquer negócio para permanecer gozando. Até morrer de gozar.

Outro dia, numa conversa, confessei que se fosse me dada apenas a possibilidade de ser um autor de livros de autoajuda, um palestrante motivacional ou um assassino profissional, eu escolheria esta última opção, por ser a mais sincera.

O mundo contemporâneo está a ponto de provar o que o Demônio nunca conseguiu fazê-lo: que o "bem" é idiota.

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