18/10/2013
PREFEITURA NA BUNGE I
Vamos por partes. Primeiro: eu não sou contra a prefeitura comprar e se instalar naquele prédio da Ceval que já foi símbolo de pujança e modernidade de Gaspar. Tomara que ele seja inspirador aos novos donos. Está registrado. Houve até quem dissesse que eu assim penso porque tenho parte no negócio. Deve ser gente que quer me desacreditar, acostumada a levar parte em ?negócios? e que não conhece o que penso sobre isto. Segundo: é um jogo. Faltam muitas explicações e coerência nesta corrida da Bunge para se livrar de um mico.Antes é preciso por os pingos nos ?is?, planejar, proteger e saber se esta é a prioridade de Gaspar, quando se sabe que a Saúde (assim como o Hospital), a Educação (incluindo creches), a assistência social (casa de passagem, abrigos) entre outras, estão descobertas e exigem investimentos municipais urgentes, para os quais a prefeitura e o prefeito sempre alegam não possuí-los. Então...
PREFEITURA NA BUNGE II
A foto feita pela própria prefeitura na segunda-feira é emblemática e intencional. Dos 13 vereadores ? alinhados ou não com o governo do PT -, nenhum deles é verdadeiramente contra a ida da prefeitura para o prédio da Bunge. O prefeito Pedro Celso Zuchi e o PT sabem muito bem disso. Aliás, a ideia nem é do PT. O PMDB foi quem a levantou nos discursos do candidato Kleber Edson WanDall. Foi ridicularizado pelo PT e que agora o copia. Esta ?disputa?apenas dificulta o trâmite do assunto na Câmara, se este não é o objetivo do PT para ser vítima do processo ao qual se aventurou, que sabe estar cheio de furos e dúvidas, que parece ser mais um factoide. Na foto armada, só a base aliada comemora: os dois vereadores do PSD, incluindo o Brick; os quatro do PT e Melato, PP, como se, só eles fossem a favor da prefeitura na Bunge. Provocativo. É assim que funciona o PT e a propaganda enganosa aos mal informados, enganados ou fanáticos.
PREFEITURA NA BUNGE III
O prefeito Zuchi tem mandado, sistematicamente, bananas ao Legislativo. Fá-lo de fantoche. Não permite emendas dos vereadores ao Orçamento, não responde requerimentos, não atende as indicações, não dialoga. Entretanto, num ato raríssimo em nove anos (está no terceiro mandato) de governo, foi pessoalmente à Câmara levar o projeto lei, para fotos, e pedir urgência. Urgência? Qual a razão disto? Jogar novamente alguns vereadores contra a população ? que em enquetes se mostra contrariada à compra? É o jogo de Zuchi e do PT para se evitar os esclarecimentos e os comprometimentos? Esta compra de R$13 milhões não está em nenhum Orçamento de curto prazo (LOA) e nem de longo prazo (LDO e PPA) de Gaspar. Então, antes do projeto de lei pedindo autorização para a compra, é preciso ajustar a parte técnica-legal-financeira. De onde virão os R$13 milhões? Como ficarão os compromissos das despesas correntes, os investimentos, os financiamentos e principalmente a capacidade de endividamento, bem como o enquadramento na Lei de Responsabilidade Fiscal? Como se darão os remanejamentos? Quais serão as prioridades?Mais. Não serão R$13 milhões o que não são poucos, mas muito mais. Basta olhar o projeto de lei 55/2013.
PREFEITURA NA BUNGE IV
E o que diz o artigo segundo deste projeto que está na Câmara? I - R$ 500.000,00 pagos na ocasião da assinatura do contrato;II - R$ 500.000,00 pagos no mês de março do ano de 2014;III - 144 parcelas mensais, no valor de R$ 83.333,33, corrigidas mensalmente pelo IPCA, iniciando a partir do mês de abril do ano de 2014, com término no mês de dezembro do ano de 2025. Ou seja, 12 anos, compromissos para os próximos três prefeitos que poderão ficar de mãos amarradas sem dinheiro em caixa. Pior: correção mensal quando a de tributos municipais e repasses estaduais e federais é anual? Há um desiquílibrio flagrante nas receitas e despesas. Isto sem falar que a mudança de prédio exigirá pesados investimentos para adpatações e manutenção. Eles não estão contemplados tanto no Orçamento como neste próprio projeto 55/2013. Tudo feito de forma superficial, atabalhoada, improvisada e irresponsável. Como diz o vendedor do imóvel, o ex-presidente da Bunge Alimentos, filho de gasparense, Sérgio Roberto Waldrich e que conhecem bem planejamento: é uma equipe de governo audaciosa...
PREFEITURA NA BUNGE V
Quer mais?O Plano Diretor não contempla esta mudança do Centro para o Poço Grande. Então qual o impacto? E o sistema viário para suportar esta nova demanda e crescimento? Como ficam as cotas das cheias limitadoras na expansão naquela região da cidade como estabelece a revisão do Plano Diretor? A Bunge que se cuide se já não for seu plano. Ela poderá ser a próxima vítima. Com o desordenamento ocupacional e a corrida imobiliária, daqui a pouco vão decretar que ela está no lugar errado. No fundo, Gaspar vai perder mais uma vez. E a Bunge terá que sair da cidade para sempre. ?Ah! Mas a receita para pagar os compromissos com a compra do Centro Administrativo Renato Manoel Peixoto, virá da economia dos aluguéis?. Certo. Mas, onde está escrito, calculado e compromissado isto em lei? Quem vai fiscalizar de fato isto? Discursos. Balelas. Entrevistas providencialmente sem perguntas, debates e esclarecimentos.
PREFEITURA NA BUNGE VI
Para encerrar vamos a fatos. Os aluguéis são em muitos casos moedas de trocas eleitorais aqui em Gaspar. O PT vai abrir mão disto? De acordo com o propositadamente mal feito portal transparência de Gaspar, gastamos por ano R$620 mil de alugueis com pessoas jurídicas e R$530 mil com pessoas físicas. Mas, quais destes serão absorvidos pelo prédio da Bunge? Cadê a lista e a planilha? Quer um exemplo entre outros?A prefeitura comprou o galpão da Morgana. Gastou R$1,25 milhão. Para que ele serve? Por que não economizou com a sede dos Bombeiros, ou então com a sede da Polícia Civil? Tudo solto. E se realmente a situação financeira não fosse caótica aos municípios, qual a razão da Federação Catarinense de Municípios, da qual o prefeito Zuchi a preside, ter como tema principal na Assembleia Geral de quinta-feira, em Florianópolis, ?a crise financeira dos municípios?? Ou Gaspar é diferente? Ou está reclamando de barriga cheia? Tem discursos diferentes para situações iguais? Acorda, Gaspar!
SOBRE O TRAPICHE
O vereador Marcelo de Souza Brick, PSD, publica na sua Fanpage que foi a Brasília ao custo do seu bolso. Fez bem (esclarecer e ir às suas expensas). Nada a contestar até porque aqui isto não se afirmou. Mal orientado, fez as viagens exatamente depois que as passagens aéreas, trancadas por nove meses, foram liberadas na Câmara, fato que gerou a dúbia interpretação do eleitorado. Devia ter explicado isto antes de viajar para evitar entendimento diferente na rede.
Brick afirma também que não trouxe verbas para o município, fruto da sua viagem. Também é verdade. O que ele não diz é que nos ofícios que entregou, pediu verba para a pavimentação da Rua Helena Augusta Gaertner. Eles, todavia, já estão garantidos numa emenda parlamentar do deputado federal Mauro Mariani, PMDB. A Caixa é que se enrola na análise do projeto para a liberação do dinheiro.
E quem foi a Brasília desta vez? O presidente da Câmara José Hilário Melato, PP e o vereador Giovano Borges, PSD. Foram sem avisar os eleitores e eleitoras. Tinham agenda? Por que não a divulgaram isto antes? Foram em missão secreta?
Hoje a imprensa vai registrar mais um ato de propaganda. Vai ser assinado o contrato de R$ 17,7 milhões com o Ministério das Cidades para a parte final da Ponte do Vale. Há 90 dias isto estava liberado. Há 40 dias, o prefeito foi a Brasília e disse que tudo estava encaminhado. Como se vê, estava tudo enrolado. Só agora vão assinar, propagandear e comemorar. Liberar a grana mesmo, de verdade, é outra história e agonia.
Atrasado três anos. Só agora a prefeitura mandou para a Câmara o projeto de lei que repassa R$50 mil à Apae. É para aquisição da arquibancada para o ginásio.
Edição 1533
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