Por Herculano Domício - Jornal Cruzeiro do Vale

Por Herculano Domício

17/07/2015

A DERROTA
O PT, pelos discursos feitos por seus representantes na Câmara de Gaspar, já assumiu que não mais será poder a partir de 2017 por aqui. É comum aos vereadores José Amarildo Rampelotti, presidente do partido e líder da bancada, bem como ao cunhado do prefeito e líder do governo de Pedro Celso Zuchi, Antônio Carlos Dalsochio, desafiarem os demais: ?quero ver como vai ser quando o partido de vocês for governo...?. Na pesquisa interna do PT daqui há uma sinalização que já foi absorvida pelos dirigentes no poder. Então... 

ALGUMA DÚVIDA?
A palavra do empreiteiro presidente da Sulcatarinense, José Carlos Portella Nunes, que duplica a BR-470 em Gaspar e que desmontou o canteiro de obras cenográfico, feito para iludir a imprensa várias vezes ?e entrou na vivaldice em parceria com o PT -, revela que a coisa está muito ruim mesmo. O que está no informativo 97 aos empregados de junho deste ano? ?O DNIT está pagando com 150 dias de atraso e algumas prefeituras nem sequer pagam. Num quadro desses, somos obrigados a diminuir a Sulcatarinense como um todo para nos mantermos vivos, aguardando tempos melhores que só deverão vir no segundo semestre de 2016 ou 2017?. 

ESPELHO MEU!
O PT instrumentaliza quase todos os sindicatos de professores e servidores públicos. Exige para tudo e todos pisos mínimos. Faz certo. Com a aprovação do novo Plano de Educação, acabamos de saber que os professores municipais de Gaspar, governada pelo PT, não recebem o piso nacional e não está alinhado ao vencimento dos professores estaduais, que tanto se critica em sucessivas e longas greves contra Raimundo Colombo, PSD. A meta 18 do Plano daqui foi feita exatamente para equiparar em cinco anos (e é muito tempo) os vencimentos dos professores de Gaspar ao piso nacional e estadual. Acorda, Gaspar! 

RUPTURA?
?Gostaria de antecipar que será o último ano que trabalharei para este governo que não valoriza a Educação e a Cultura, que acha que pagar salário de professor é investir, isso é obrigação, meus amigos. Não quero mais envolvimento com este tipo de gente, que mente e que tenta tirar proveito de tudo e todos. Nojo e vergonha disso tudo, ainda bem que ano que vem teremos novas eleições e que certamente mudaremos este panorama e voltaremos a crescer, pois Gaspar tem muitos talentos em todas as áreas, e não pode ser feito desta forma? (Marco Aurélio Cruz Souza, professor de Dança em Gaspar, em sua conta de Facebook. Ele já fez campanha para o PT daqui). Depois disso e a repercussão, o pessoal da prefeitura chamou o Grupo de Danças para ?abrir? conversações. 

SOLUÇÃO
O serviço de Bombeiros demorou chegar a Gaspar. A iniciativa comunitária e completamente voluntária para a cidade nasceu na antiga Ceval que antecedeu a Bunge. Tudo feito por abnegados. Acompanhei bem de perto toda essa história. Ela, de vez em quando, teima-se em contá-la de forma diferente. Depois do caminho aberto, veio o Corpo Bombeiros Militar. Apareceram as diferenças e até as disputas de poder. E não foi fácil essa divergência. Os espinhos parecem que foram retirados numa recente reunião realizada em Florianópolis (foto). A mesa foi esta. De um lado os Bombeiros Voluntários, com Jorge Luiz Dalarosa. De outro, os Bombeiros Militares, do comandante, Coronel Onir Mocellin. É a Gaspar acordada e dedicada à convergência.

Trapiche

Contagem regressiva. Em julho recomeçam as obras da ponte do Vale (prefeito Pedro Celso Zuchi, PT, direto de Brasília).
 
Parte da imprensa de Gaspar deu grande destaque à ida do presidente da Câmara, José Hilário Melato, com o seu par Luiz Carlos Spengler Filho, ambos do PP, a Brasília. Era esperado. Eles foram falar com os nossos deputados federais e correligionários de partido entre eles Esperidião Amim Helou Filho.

O que não se noticiou é que era muito mais produtivo e barato a ambos ir a Florianópolis se encontrar com Amim para pedir verbas, tão difíceis para todos nesses tempos de crise. É que as diárias de Brasília são maiores do que as de Florianópolis. Além disso, a viagem à ilha não dá tanto status e repercussão. São políticos.
O novo site da Câmara de Gaspar agora está mais amigável.

E por falar em falta de transparência. O leitor e a leitora se quiserem obter qualquer informação sobre os vencimentos dos servidores públicos estadual pela internet, terá em segundos. O governo é do PSD sob pressão do PT. Bom. Já em Gaspar, você não a terá, nem protocolando um pedido no Gabinete do prefeito. O governo é do PT. E por quê? Por que não têm pressão dos partidos adversários e nem do Ministério Público. É ruim, hein!
Os moradores das ruas Pedro Schmitt Júnior e Artur Poffo, no Poço Grande, parecem inclinados a ouvir os conselhos da vereadora Andreia Symone Zimmermann Nagel, DEM. Eles devem ir à Caixa e pedir explicações para o atraso na liberação dos recursos para a pavimentação.

É que quando estiveram lá na Câmara para pedir explicações, o líder da bancada petista, José Amarildo Rampelotti disse que a demora de mais de dois anos e a falta de perspectiva eram provocadas pela burocracia da Caixa. Indo lá, o pessoal ainda vai descobrir que o atraso não é da Caixa, mas da prefeitura que não terminou o projeto do jeito que precisa ser entregue à Caixa.
Terça-feira foi a última sessão da Câmara antes das férias do meio do ano. Ausente o vereador Marcelo de Souza Brick, PSD, que como relator para extinguir essas férias além dos 30 dias, insistiu nessas férias prolongadas e diferentes de qualquer trabalhador. Pelo jeito, ele as antecipou e as ampliou por conta própria.

?A corrupção dos governantes quase sempre começa com a corrupção dos seus princípios?, Barão de Montesquieu.
A manchete que não se fez aqui. Moradores de São José podem contribuir com o Plano Diretor pela internet. Audiência pública reunirá a sociedade para debater o documento nos dias 28 de julho e 4 de agosto.

Em Gaspar, a revisão do Plano Diretor, feita pela Iguatemi Engenharia, não chegou a ser discutida pela comunidade como reza o Estatuto das Cidades. Sumiu. Na Câmara, de vez em quando, e jogando com o esquecimento dos cidadãos e cidadãs, espertamente aparece uma fatia dela, para se consumar o que foi feito sem qualquer transparência, entre poucos e talvez, para poucos.
Quanto uma ponte de madeira com cabeceiras de concreto devia durar? No Belchior, menos de cinco anos. Onde ?economizaram?? Na construção ou na manutenção? Acorda, Gaspar!


Edição 1705 

Comentários

Herculano
20/07/2015 21:48
O PAPEL DO PAPEL HIGIÊNICO NA COMPETÊNCIA DOS POLÍTICOS

Esta explicação a coluna dará amanhã aos leitores e leitoras. Ela (a coluna) está pronta e no parque gráfico. Precisa-se higienizar a mente e a iniciativa dos políticos. E urgente. Acorda, Gaspar!
Herculano
20/07/2015 21:36
A MARIAZINHA

A sua fé cristã, só é possível e reforçada depois e reforçada convencida de que a cartilha do demônio é algo trágico. E se você não se convence desta tragédia, nada a estabelece na fé.
Mariazinha
20/07/2015 20:31
Seu Herculano;

Parabéns pela sua coragem (esta que não tenho). Se leio livros cristãos é por que acredito neles. Então, porque deveria ler a cartilha de satanás?

Bye, bye!
Belchior do Meio
20/07/2015 20:26
Sr. Herculano:

Que Sergio Moro faça escola;

"Sergio Moro está causando um terremoto na Justiça brasileira. Para além do uso exemplar da prisão preventiva, da coleta de depoimentos que não deixam margem a chicanas e dos acordos de delação premiada, a rapidez com que julga e condena está assustando os empreiteiros e operadores presos."
Gerson Camarotti, do G1

Que faça escola e que tenha milhares de alunos...
Herculano
20/07/2015 20:09
A QUEM SE IDENTIFICA COMO MARIAZINHA

Eu leio muitos blogs ditos sujos. Eu leio aquilo no qual não acredito, mas me alimento. É uma questão de dignidade. Como você pode discernir e fazer escolhas se não conhece o outro lado e não e capaz de compará-los? Se você não faz este exercício (e sacrifício), cotidianamente, iguala-se aos obtusos, estreitos, radicais e que não enxergam a luz fora da sua caverna e limitação para perceber a pluralidade, o diálogo e a divergência que produz resultados.

Ler e se alimentar apenas daquilo e naquilo que você acredita, é, na minha modesta avaliação, como uma beata, ou seja é o exercício da preguiça intelectual, é a expressão da limitação.
Despetralhado
20/07/2015 20:03
Cidadão Gasparense, fantoche é assim mesmo, vai para onde o vento sopra, como biruta de aeroporto.
Mariazinha
20/07/2015 19:59
Seu Herculano;

Tenho um amigo que lê os blogs sujos petralhas só para desopilar o fígado. Já é coragem, heim?

Bye, bye!
Violeiro de Codó
20/07/2015 19:56
Sr. Herculano:

Não teríamos nada disso se os militares tivessem feito o dever de casa em 64.
Fui!
Cidadão Gasparence
20/07/2015 15:39
O fora de orbita postou que está na Câmara de vereadores hoje.
Quem esse sujeito quer impressionar?

Quando é dia de trabalhar vai passear. E quando não se tem nada pra fazer lá, ele trabalha. Quer dizer: FAZ DE CONTA QUE TRABALHA.

Salve Gaspar
Juju do Gasparinho
20/07/2015 13:33
Prezado Herculano:

Lula oficialmente investigado em Portugal - O Antagonista

O jornal português Diário de Notícias acaba de publicar que, a pedido da Lava Jato, a Procuradoria-Geral da República de Portugal vai investigar as lambanças de Lula naquele país

Trecho da notícia:

"A Procuradoria-Geral da República (PGR) esclareceu hoje ter recebido um pedido de cooperação judiciária internacional das autoridades brasileiras que investigam o processo 'Lava Jato', que segundo a imprensa brasileira envolve o ex-presidente Lula da Silva e a construtora Odebrecht.

'Confirma-se a receção de pedido de cooperação judiciária internacional, através de carta rogatória. O teor do pedido formulado pelas autoridades brasileiras é de natureza reservada. O Ministério Público português não deixará de investigar todos os factos com relevância criminal que cheguem ao seu conhecimento', referiu a PGR à agência Lusa a propósito do pedido de auxílio das autoridades brasileiras que investigam um dos maiores casos de corrupção e tráfico de influências no Brasil."

Viva dr. Sérgio Moro!
Viva Operação Lava-Jato!
Se eu tivesse oportunidade de falar com LuLLa diria:
- Tá doendo, Homo Lusco Sapiens?
Nos brasileiros doeu muito mais, seu bandido!
Aurélio Marcos de Souza
20/07/2015 12:01
Herculano até por uma questão acadêmica me reportei ao página do TSE, e lá dei uma dei uma olhada em alguns programas de governo que foram apresentados pelos candidatos a majoritária no ano de 2012.
Já no caso de Gaspar que diga não ser a unica da região, pude constar que os homens que buscam poder estão mais bem preparados para conquista-lo, do que para exerce-lo.
Triste constatação de serem meros programas para uma conquista, sem qualquer pretensão de serem exequíveis ou tão pouco tangíveis.
LUCIANO DA CUNHA
20/07/2015 10:23
QUEM VOCÊ DESEJA TER DE VIZINHO
Sou morador do bairro coloninha e estou indignado com uma meia duzia de moradores que querem fechar a igreja por causa do barulho, pois bem vamos aos fatos;
- temos na igreja em torno de umas 15 crianças e uns 10 jovens e adolescentes que no horário noturno estão no culto e nos dias que não tem culto damos aulas de música,teatro e dança e não estão nas ruas e na praça ao lado do centro de convivência de idosos se misturando com usuários de drogas e traficantes.
Qualquer um que passar ali depois das 19:00 horas pode observar a situação degradante que as crianças e até mesmo alguns adultos são forçados a sair da praça por causa destes meliantes.
-Temos também apoiado cassais pra que aprendam a viver a vida conjugal sem precisar de divorcio no futuro.
- Temos pessoas que se libertaram do vício das drogas,das bebidas alcolicas e cigarros porque ouviram a palavra de JESUS CRISTO que liberta.Pregamos o amor de DEUS.
Fazemos muitas coisas mais.
Isso porque igreja é pequena e a tendencia é crescer.
Você que é contra a igreja é porque sua família não vai bem.
As igrejas fazem uma assistência muito importante pra sociedade,alias que o governo municipal,estadual e federal deveriam nos pagar por fazer a parte deles.
Você que é contra as igrejas pegue sua bicicleta ou vá apé e de uma volta no seu bairro no sábado de manhã e notará que as donas de casa fazem a faxina e ouvem música alta ou os cidadãos que lavam seus carros ouvindo som alto pois é nessa situação ninguém reclama.
Quando tem baile ou alguma festa na cidade ninguém reclama do som alto.
Você já viu na mídia a noticia que uma pessoa saiu da igreja e cometeu homicídio,roubo,dirigiu e matou alguém e etç.
A policia encontrou no bairro coloninha numa casa alugada armamento que abre carro forte e armas que derrubam helicóptero.
POIS É que tipo de vizinho você quer ter.
O que impede você vereador e prefeito de um bebado estar dirigindo e atravessar a frente do seu carro ou de um familiar seu, ou ser vitima de sequestro, assalto.
Vocês tem o poder de mudar esta situação,quanto mais pessoas dentro de uma igreja menos problemas pra vocês e mais dinheiro no bolso de vocês políticos.
E AI COM QUEM SEU FILHO OU NETO ESTA SE RELACIONANDO NAS RUAS E PRAÇAS COM PESSOAS DE BEM OU DO MAL.
GOSTARIA QUE O JORNAL PUBLICA-SE COMO CARTA DO LEITOR OU ALGO ASSIM PRA QUE A POPULAÇÃO PODE-SE LER E ENTENDER.
ESTAMOS TODOS JUNTOS.
Herculano
20/07/2015 07:42
MANCHETE DO DIA NOS JORNAIS, PORTAIS, TEVÊS E RÁDIOS. ELA MOSTRA APENAS QU O ROUBO É MUIO MAIOR DO QUE SE SUPUNHA. POLÍCIA FEDERAL INDICIA PRESIDENTE DE MAIS OUTRA MEGA EMPREITEIRA, A ANDRADE GUTIERREZ

Conteúdo do jornal Folha de S. Paulo. Texto de Rubens Valente, da sucursal de Brasília. A Polícia Federal indiciou neste domingo (19) o presidente da holding Andrade Gutierrez, Otávio Marques de Azevedo, e outras oito pessoas no inquérito aberto na Operação Lava Jato para investigar a participação da construtora em supostas fraudes em contratos, desvios de recursos da Petrobras e corrupção.

Agora a representação da PF será analisada pelo Ministério Público Federal, a quem caberá denunciar ou não os indiciados ao juiz Sergio Moro. O juiz decidirá, então, acolher ou não uma eventual ação penal contra os acusados.

O indiciamento não representa culpa formada, mas, sim, que a PF concluiu ter localizado, ao longo da investigação, indícios suficientes de cometimento de crimes.

A PF também indiciou Rogério Nora de Sá, ex-presidente da Andrade, o executivo Elton Negrão de Azevedo Júnior, os ex-funcionários Antonio Pedro Campello de Souza e Paulo Roberto Dalmazzo, o ex-prestador de serviço Flávio Lúcio Magalhães, o operador Lucélio Goes e os lobistas Mario Goes e Fernando Soares, o Fernando Baiano.

Em nota divulgada neste domingo (19), a empreiteira afirmou que "que não tem ou teve qualquer relação com os fatos investigados".

O relatório parcial do inquérito, assinado pelo delegado Eduardo Mauat, concluiu que "há indícios veementes de ajuste" entre empreiteiras para obras que acabaram executadas pela Andrade Gutierrez, "o que se extrai não apenas da fala de colaboradores, mas de evidências apreendidas na operação".

A PF citou depoimentos de investigados que passaram a colaborar por meio de acordos de delação premiada ?como o ex-gerente de engenharia da Petrobras Pedro Barusco?, que indicam o pagamento de propina para funcionários da estatal em troca de facilidades na obtenção e manutenção de contratos.

A investigação concluiu que a Andrade Gutierrez não conseguiu apresentar "qualquer justificativa" para o pagamento de pelo menos R$ 4,9 milhões para uma empresa de consultoria do lobista Mario Goes, a Rio Marine.

De acordo com a PF, a quebra de sigilo bancário da empresa de Goes apontou saques em espécie no total de R$ 70 milhões, uma prática "corriqueiramente aplicada em operações voltadas a ocultar ou dissimular os reais beneficiários dos recursos sacados, sobretudo em situações que envolvam o pagamento de vantagens indevidas".

Em seu relatório, o delegado reconheceu que não há uma imputação objetiva nos indiciamentos de Otávio Azevedo e de Rogério Nora de Sá. Mas diz não aceitar que os dois, para se defenderem, aleguem simplesmente que não sabiam dos fatos ocorridos.

O delegado argumenta que os "ajustes de licitações e pagamentos escusos a dirigentes da Petrobras" são atos que "em tese viriam a beneficiar a empresa, não se tratando de mera iniciativa de algum executivo de forma isolada e em benefício próprio".

Assim, concluiu a PF, são "atos de gestão do grupo Andrade Gutierrez".

No depoimento que prestou à PF após ter sido preso, Otávio Azevedo afirmou que não tinha participação "em qualquer função executiva da construtora Andrade".

Ele disse que sua atuação estava ligada à área de telecomunicações. Azevedo contou que entrou na AG em 1992, vindo dos quadros da Telebras, e que até 2007 desenvolveu projetos em telecomunicação. O executivo afirma ainda que se tornou presidente da Telemar, do Rio, um ano depois do leilão de privatização das empresas de telefonia, em 1998.
Herculano
20/07/2015 07:31
QUAL CRISE? por Aécio Neves, senador mineiro, presidente nacional do PSDB e candidato derrotado por Dilma Vana Rousseff à presidência da República no ano passado, em artigo publicado no jornal Folha de S. Paulo

No país das múltiplas crises, já não se sabe qual é a pior e a mais danosa: a que alcança o cotidiano dos cidadãos ou a que compromete o futuro do país?

São, como se sabe, crises diferentes, ainda que de certa forma complementares e com a mesma gênese, o mesmo ponto de partida.

A crise, vista de Brasília, é, hoje, essencialmente moral e política, mistura explosiva de aparelhamento da administração federal, compadrio político, corrupção endêmica, má gestão e, agora, risco de comprometimento de algumas das condições básicas de governabilidade.

Acuado pelos seus próprios erros e incomparável arrogância, o PT enfrenta dificuldades crescentes para governar. Acabou refém da realidade, temendo que a responsabilidade sobre irregularidades, desvios e escândalos de toda ordem se aproxime ainda mais do governo.

Enquanto o quadro se agrava, outra crise avança, atingindo inúmeros setores da economia e, especialmente, a população mais pobre. O Brasil parou, literalmente.

O cenário é de recessão com inflação alta, a pior equação entre os países emergentes. O Brasil está, de novo, na contramão da história, com o esperado crescimento negativo para este ano.

Com o país mergulhado em desconfiança e descrédito, desapareceram os investimentos e perdemos nossa dinâmica econômica, migrando para um quadro de profundo marasmo e letargia.

Assistimos agora à escalada progressiva do desemprego, que não poupa mais nenhum setor, região ou classe social.

Como se tudo isso não bastasse, no mundo real, longe de Brasília, os cidadãos estão enfrentando a forte inadimplência gerada pelo engano do crédito farto e barato. Juros na estratosfera e os drásticos aumentos das tarifas, em especial de energia, alimentam as dificuldades das famílias brasileiras.

Há ainda que se contabilizar os cortes orçamentários em áreas capitais do serviço público, como saúde e educação, a paralisia das obras públicas, e, apesar do avanço da inflação, a ausência de reajuste, já há um ano, para o Bolsa Família, do qual dependem milhões de famílias brasileiras.

Difícil saber, portanto, qual, entre tantas, é a pior crise.

Ouso dizer que talvez seja a de esperança, pois tiraram dos brasileiros a capacidade de acreditar em seu próprio futuro.

Ao final, dissemina-se a sensação de que nunca antes na história do país fomos tão iludidos pela propaganda e pela má-fé.

Não tenho dúvidas, no entanto, de que seremos capazes de superar essas graves dificuldades, que, em muitos aspectos, poderiam ter sido evitadas ou amenizadas.

E, ao superá-las, seremos um povo mais amadurecido, menos sujeito a manipulações e mais atento ao verdadeiro significado das ações e omissões dos governos.
Herculano
20/07/2015 07:28
O POUSO CONJUNTO NO PÂNTANO CONFIRMA QUE LULA E COLLOR NASCERAM UM PARA O OUTRO, por Augusto Nunes, de Veja

No fim de 1992, pouco depois do despejo de Fernando Collor, o radialista Milton Neves quis saber o que Lula achava do adversário escorraçado do gabinete presidencial por ter desonrado o cargo. "Você tem pena de Fernando Affonso Collor de Mello?", pergunta o entrevistador no começo do áudio. O parecer de Lula merecia ser transmitido toda semana em cadeia nacional de rádio e TV. Sempre valerá a pena ouvir de novo o que se segue:

"Tenho. Não é que eu tenho pena. Como ser humano eu acho que uma pessoa que teve uma oportunidade que aquele cidadão teve de fazer alguma coisa de bem para o Brasil, um homem que tinha respaldo da grande maioria do povo brasileiro, ou seja. E ao invés de construir um governo, construir uma quadrilha como ele construiu, me dá pena, porque deve haver qualquer sintoma de debilidade no funcionamento do cérebro do Collor.

Efetivamente eu fico com pena, porque eu acho que o povo brasileiro esperava que essa pessoa pudesse pelo menos conduzir o país, se não a uma solução definitiva, pelo menos a indícios de soluções para os graves problemas que nós vivemos.

Lamentavelmente a ganância, a vontade de roubar, a vontade de praticar corrupção, fez com que o Collor jogasse o sonho de milhões e milhões de brasileiros por terra.

Mas de qualquer forma eu acho que foi uma grande lição que o povo brasileiro aprendeu e eu espero que o povo brasileiro, em outras eleições, escolha pessoas que pelo menos eles conheçam o passado político".

Quase 14 anos depois, o abraço de urso no palanque em Palmeira dos Índios informou que os antagonistas do século passado se haviam tornado amigos de infância. Em julho de 2009, de novo no interior de Alagoas, Lula renegou publicamente o diagnóstico gravado por Milton Neves - e comunicou que o antigo pecador se convertera num exemplar servidos da pátria.

"E eu quero aqui fazer justiça ao comportamento do senador Collor e do senador Renan, que têm dado uma sustentação muito grande aos trabalhos do governo no Senado", aparece Lula dizendo no vídeo de 18 segundos. O afago retórico em Collor prorrogou por prazo indeterminado o contrato de casamento celebrado em outubro de 2008. O descaramento dos noivos vai merecer um post à parte.

Escalados para pagar a conta do enlace, só perderam os pagadores de impostos. Lula ganhou um aliado incondicional e um impetuoso líder da bancada do cangaço. Collor ganhou duas diretorias da Petrobras Distribuidora (e logo ganharia um diploma de doutor em propina). O elenco do Petrolão ganhou a companhia de dois presidentes da República. A Polícia Federal ganhou uma dupla de ilustres investigados.

O Ministério Público e o Judiciário não podem perder a chance de ganhar o respeito do Brasil decente. Para tanto, só precisam ensinar a Collor e Lula que ex-governantes merecem o mesmo tratamento dispensado a ex-governados que afundam em delinquências. Pouco importa o que foram. Devem ser julgados pelo que são: dois reincidentes sem remédio
Herculano
20/07/2015 07:21





CUNHA QUER DIVIDIR PODER EM CPIs COM OPOSIÇÃO, por Josias de Souza

Rompido com Dilma Rousseff, o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), revelou a integrantes do seu grupo a intenção de dividir poderes com a oposição nas CPIs dos fundos de pensão e do BNDES. Fará isso entregando a deputados oposicionistas a presidência das comissões ou até o posto de relator, considerado mais importante.

As CPIs serão instaladas a partir de 3 de agosto, quando os congressistas retornam das férias iniciadas na última sexta-feira. O Planalto preferia que não fossem instaladas. Diante do fato consumado, gostaria que um governista leal cuidasse da relatoria. Mas Cunha parece cultivar outros planos. Está decidido a isolar o PT.

Na CPI da Petrobras, ainda em funcionamento, o presidente da Câmara não havia chegado a tanto. Acomodara Hugo Motta (PMDB-PB), um fiel escudeiro, na presidência da comissão. E negociara a entrega da relatoria ao petista Luiz Sérgio (RJ). Restara à oposição a vice-presidência, ocupada por Antonio Imbassahi (PSDB-BA).

A generosidade do mandachuva da Câmara é estratégica. Num instante em que Planalto trama isolá-lo, Cunha estreita laços com a oposição para evitar que legendas como DEM e PSDB se animem a engrossar o coro por seu afastamento da poltrona de presidente - uma tese já encampada por vozes respeitáveis como a do deputado Jarbas Vasconcelos (PMDB-PE).

Um dos líderes da oposição resumiu a cena assim: "Não podemos ficar tão perto de Eduardo Cunha que nos contamine nem tão longe que nos exclua como atores de uma crise que pode ser fatal para o governo Dilma Rousseff.''
Herculano
20/07/2015 07:19
PAUSA PARA AFIAR GARRAS, por Valdo Cruz para o jornal Folha de S. Paulo

O teatro de horrores tira duas semanas de férias. Com o Congresso em recesso a partir de hoje, seremos poupados de novas bombas fiscais, de chantagens a céu aberto, de retrocessos da pauta conservadora e da hipocrisia sem fim.

Mas é só uma pausa. Tudo indica que, na volta do descanso, o que estava ruim pode ficar ainda pior.

Eduardo Cunha, aquele que foi governista sem nunca ter sido, promete que não adotará uma "pauta de vingança" depois de romper com o governo Dilma. Puro jogo de cena.

O presidente da Câmara afia suas garras para sangrar a presidente petista em praça pública, quero dizer, no plenário da Casa que preside. A dúvida é se manterá os mesmos poderes depois da acusação de embolsar US$ 5 milhões do petrolão.

Em agosto, mês do desgosto, ele deve ser denunciado pelo procurador-geral da República, Rodrigo Janot, por envolvimento na Lava Jato. Aí, quem adora infernizar a vida alheia terá a sua bem infernizada.

Já Dilma vai viajar pelo Nordeste, onde sua vida ficou ruim, mas ainda não é péssima, para tentar recuperar sua popularidade. Mas tem de cuidar do seu governo, que não para no recesso parlamentar, apesar de passar a impressão de paralisado.

Um dos motivos, por sinal, de sua fraqueza no Congresso. Se a economia não estivesse tão no chão por causa de um governo sem munição, Dilma estaria bem na foto e não teria virado presa fácil de infiéis aliados.

Ela terá, por sinal, de tratar de temas nada agradáveis neste período, como se reduz ou não a meta fiscal. Tema vital para recuperar a economia, sua grande salvação, mas que em parte depende da boa vontade do Congresso na volta das férias.

Até lá e depois, o maior sonho da petista é um Eduardo Cunha enfraquecido para começar a escapar de um agravamento da crise política. Enfim, o recesso é um período de refresco para Dilma Rousseff, mas o país não para, apesar de estar não só parando, mas recuando.
Herculano
20/07/2015 07:05
AQUI VA MAL, por Vinicius Mota para o jornal Folha de S. Paulo

O principal fato político da crise brasileira é a derrocada do poder presidencial. Desapareceu num chofre a capacidade de Dilma Rousseff de liderar a agenda pública, de pautar o Congresso e de angariar apoio para suas prioridades.

Um arranjo emergencial e acidental improvisou-se em seu lugar. O trio peemedebista Temer, Calheiros e Cunha avançou ao proscênio. Um ministro da Fazenda independente do petismo, incumbido de inverter o curso da política econômica, posicionou-se logo atrás.

A cristalização do esquema alternativo de partilha, em abril, iludiu analistas, que tomaram por duradouro um alívio circunstancial e relativo. Esse amálgama de governança desde o início estava prenhe de instabilidade, o que logo se escancarou.

O tiro no peito do presidente da Câmara foi apenas o mais recente episódio da nova espiral da crise. Como no desenrolar de Hamlet, a trama empurra as principais personagens para a insânia e a destruição mútua. Estarão todos mortos ao final, a ponto de o autor ter de escalar alguém de fora para recolher os cadáveres?

O que a vivência de seis meses de crise parece mostrar, consoante com a herança depurada de 125 anos de regime republicano no Brasil, é que nada chega perto de preencher a lacuna deixada por um presidente da República enfraquecido.

Se realmente está convencida de que não vai cair, Dilma Rousseff deveria ter o discernimento necessário para romper com os atores hamletianos desse enredo, a começar de Lula e do PT. Ela precisa anular-se definitivamente como vetor eleitoral e partidário para ter chance de restaurar algum poder presidencial.

Há gestos que a presidente pode fazer nesse sentido, como reformar seu gabinete, enxugar a administração direta, desfiliar-se de seu partido e abrir diálogo institucional que inclua o ex-presidente Fernando Henrique. Depende apenas dela.
Herculano
20/07/2015 07:04
RENA CRIA MSV, MOVIMENTO DOS SEM VERDADE, por Josias de Souza

Renan Calheiros levou ao ar na internet e na TV Senado um pronunciamento de quase 17 minutos. O conteúdo vale por um manifesto. Nele, Renan lança, por assim dizer, a plataforma do que pode vir a ser batizado de MSV, o Movimento dos Sem Verdade.

A crise que engolfa o o governo de Dilma Rousseff tornou-se um latifúndio improdutivo que o presidente do Senado invadiu para reivindicar uma imediata reforma semântica.

A crise desenvolveu em Renan, com a velocidade de truque cinematográfico, um novo senso estético: "Estamos na escuridão, assistindo a um filme de terror sem fim e precisamos de uma luz indicando que o horror terá fim", o sem-verdade a certa altura. "O país pede isso todos os dias."

De fato, o brasileiro se esforça para enxergar uma luz no fim do túnel. Mas a Operação Lava jato, que tem em Renan um dos seus mais notáveis investigados, indica que roubaram o túnel. A luz virou pus. Reforma semântica já!

A crise fez de Renan um agitador com máscara apocalíptica. Ele trama invadir a conjuntura do segundo semestre armado de CPIs e de uma foice de vetos presidenciais. "Não diria que será um agosto ou setembro negro, mas serão meses nebulosos, com a concentração de uma agenda muito pesada. Cabe a todos nós resolvê-la."

Antes de resolver a agenda nacional, Renan terá de solucionar um problema pessoal. A força-tarefa da Lava Jato já sabe o que os sem-verdade fizeram nos verões passados. Vem aí muita surpresa, espanto, choque, confusão e sim, senhor, quem diria?!

Na semana passada, a reação de Renan à batida dos federais na Casa da Dinda, de Fernando Collor, explica sua ânsia por uma imediata reforma semântica. Com a verdade cerceada, o máximo que o senador tem conseguido cultivar é uma horta de verdades que se esqueceram de acontecer (pode me chamar de mentiras).

"Causam perplexidade alguns métodos que beiram a intimidação", disse o sem-verdade na semana passada, por exemplo, ao se referir às operações de busca e apreensão escoradas em mandado judicial subscrito por três ministros do STF.

A crise deu a Renan a sensação de que sua preocupação é útil. O ajuste fiscal do governo, disse ele, "é insuficiente e tacanho. Sem crescimento, o ajuste "é cachorro correndo atrás do rabo", acrescentou.

Acampado à margem de um governo ao qual sempre serviu como posseiro de glebas do Estado, Renan rega soluções que plantou na sua hortinha de pseudoverdades.

"É preciso cortar. Cortar ministérios, cortar cargos comissionados, enxugar a máquina pública, fazer a reforma do Estado e ultrapassar, de uma vez por todas, essa prática superada da boquinha e do apadrinhamento."

Renan manteve o apadrinhamento do amigo Sérgio Machado na Petrobras por arrastados 12 anos. Não fosse pela Lava jato, seu afilhado ainda estaria fincando raízes na boquinha da Transpetro.

O discurso do enxugamento não orna com a plataforma do Movimento dos Sem Verdade. se ajusta aos lábios do sem-verdade. Daí a urgência de uma reforma semântica que transforme oportunismo em outro nome para patriotismo.

A crise aguçou a percepção de Renan. Até ontem, sob orientação do pai, Renan Filho disputava o governo de Alagoas enganchado em Dilma Rousseff. Eleito em primeiro turno, pegou em lanças pela reeleição de Dilma (repare no vídeo abaixo). Agora, o patriarca dos Calheiros cospe no prato no qual já não vale a pena comer.

"Várias portas estão se fechando para o governo", constatou Renan. "A aprovação popular [de Dilma] dispensa comentários. Temos uma crise política. Uma crise econômica. Temos também uma crise de credibilidade porque o sistema é presidencialista."

Renan invade o latifúndio improdutivo que coabitava até bem pouco atrás de confusão, não de solução. Aos sem-verdade não interessa trabalhar com a verdade. Eles querem ajustar as palavras às suas verdades improdutivas. A crise ajuda a alcançar esse objetivo.

Sem a crise, faltaria assunto. E os sem-verdade seriam obrigados a tratar de temas menos palpitantes. Assuntos como - ah?, vejamos?- a roubalheira na Petrobras. Renan, por exemplo, poderia dizer algo mais elaborado do que "a investigação técnica, isenta vai mostrar tudo que venho reiterando desde o primeiro dia. Não tenho nenhuma relação com o que está sendo investigado."
Herculano
20/07/2015 06:57
MINISTROS DO TCU AVALIAM DESTITUIÇÃO DE CEDRAZ. por Cláudio Humberto na coluna que publicou hoje nos jornais brasileiros.

Os ministros do Tribunal de Contas da União (TCU) estão cada vez mais convencidos de que o presidente, Aroldo Cedraz, perde a cada dia a legitimidade para ficar na presidência da corte que zela pela correta aplicação do dinheiro público. Indagado sobre a possibilidade de renúncia de Cedraz, um dos mais destacados ministros ironizou: "Se a crise aumentar, talvez sejamos obrigados a renunciá-lo?"

Juras de inocência

Após alguma resistência, Aroldo Cedraz se reuniu com os ministros, informalmente, e jurou que nada tem com os negócios do filho, Tiago.

Não convenceu

Segundo relato de ministros, Aroldo Cedraz não teria sido "muito convincente" ao negar envolvimento. A renúncia não está descartada.

Tráfico de influência

A Polícia Federal investiga suspeita de tráfico de influência de Tiago Cedraz, apesar de não atuar diretamente em processos no TCU.

Denúncia devastadora

Tiago Cedraz foi citado em outras investigações da PF, mas a delação do empreiteiro Ricardo Pessoa, dono da UTC, foi a mais devastadora.

IMPEACHMENT UNE TUCANOS E PEEMEDEBISTAS

A comunidade política evita adotar a todo custo o discurso de apoio aberto ao impeachment de Dilma. Mas, nos bastidores, especialmente após o rompimento de Eduardo Cunha com o governo, a situação é outra: tucanos e peemedebistas decidiram aguardar as manifestações marcadas para 16 de agosto. Caso a adesão e o impacto dos protestos sejam expressivos, a cúpula dos dois partidos avalia que a solução para a crise política e institucional brasileira será a cassação de Dilma.

Olho do dono

Um dos mais interessados no assunto, Lula acompanha com atenção a movimentação, que poderá ser decisiva para o futuro de Dilma.

Padrinho ressentido

Interlocutores de Lula insistem com aliados que a melhor estratégia para o PT, de olho em 2018, seria saída antecipada de Dilma.

Tô fora

O vice-presidente Michel Temer pediu a aliados para não associá-lo à movimentação, o que acabaria deslegitimando seu eventual governo.

Quem avisa...

Petistas ouvem do ex-presidente Lula para "não baixar a guarda", principalmente após última fase da Lava Jato, que cumpriu mandados contra políticos. Lula também avisa: "vem chumbo grosso pela frente".

Fiel escudeiro

Em tempos difíceis de achar aliados, a presidente Dilma conta com ao menos um: o governador Luiz Fernando Pezão (RJ). Pezão puxa a turma do "deixa disso" quando se fala em impeachment no PMDB.

Dependência de emendas

Passado mais de um mês desde que começou coletar assinaturas para a PEC que estabelece o repasse automático de emendas ao Fundo de Participação dos Municípios (FPM), o deputado Jerônimo Goergen (PP-RS) não conseguiu uma única assinatura das 171 necessárias.

Infidelidade religiosa

Pensando nas eleições de 2018, o evangélico Eduardo Cunha (PMDB-RJ) mudou de igreja. Trocou a Sara Nossa Terra pela Assembleia de Deus. A ideia é se aproximar ainda mais dos votos conservadores.

Juntas na crise

É notável o inferno político das presidentes do continente: o declínio de Cristina Kirchner coincide com o de Dilma Rousseff e a chilena Michele Bachelet continua ladeira abaixo nas pesquisas de avaliação.

Adeus de Graça

A Petrobras não soube responder o que faz da vida a ex-presidente da estatal Graça Foster, que era funcionária de carreira da empresa. Após sua saída da presidência, em meio ao Petrolão, ela se aposentou.

Conciliação

Dilma e o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), conversaram, sem confrontos, na última terça-feira. Na avaliação do Palácio do Planalto, Renan não é mais o pior inimigo da presidente: a "ameaça Eduardo Cunha" melhorou, e muito, a relação dos dois.

Dilma sangra

A cúpula do PT teve acesso a pesquisas que mostram o contínuo "sangramento" da popularidade da presidente Dilma. O recorde de baixa aprovação (9%) não é o pior: ela continua em descendência.

Pensando bem...
... se o inquérito é bom, o réu é Brahma.
Herculano
19/07/2015 22:08
"LULA FAZ MALDADE COM DILMA", DIZ AÉCIO NEVES, PSDB, EM ENTREVISTA AO CORREIO BRAZILIENSE


O texto e a entrevista é de Ana Dubeux, Denise Rotenburg, Leonardo Cavalcanti e Paulo Tarso Lira. Depois de mais de oito meses das eleições presidenciais de 2014, o tucano Aécio Neves esboça um sorriso ao ser questionado sobre o que faltou naquela campanha para sair vitorioso: "Faltou voto, né?". Em seguida, ele emendou: "Vou responder com franqueza. Foi uma luta absolutamente desigual. Não perdi para um partido político. Perdi para uma organização criminosa que se apoderou do Estado", afirmou, no fim da manhã da quinta-feira passada, no gabinete do 11º andar do Senado.

Ao longo de quase uma hora de entrevista, Aécio falou sobre a derrota em Minas, a crise política e econômica do governo Dilma Rousseff, a Operação Lava-Jato e os reflexos da investigação no Executivo e, agora, cada vez mais fortes, no Legislativo. Mostrou certo desconforto ao ser questionado sobre o fato de petistas o chamarem de golpista e, por último, mirou no ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva: "(Sugerir que Dilma viaje) é uma grande maldade que Lula está fazendo. O Brasil tem uma presidente sitiada. E isso, na verdade, parece uma certa vingança dele. Ela vai para onde? Vai para ser vaiada?".

A entrevista com o senador Aécio Neves ocorreu horas antes das denúncias do executivo Júlio Camargo, da Toyo Setal, de que o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), recebeu US$ 5 milhões em propinas relativas à compra de dois navios-sondas da Petrobras. O episódio motivou o anúncio de Cunha de que rompeu com o governo e, agora, é oposição. Ontem, o senador mineiro divulgou nota sobre o caso.

Correio - O recesso do Congresso a partir desta semana vai acalmar o clima político de Brasília?
Aécio - Do ponto de vista de agenda parlamentar, sim. Mas a Lava-Jato não para, não é? A crise não para. Ela apenas se agrava, o Brasil parou. Esse talvez seja o componente não visível, a gente fica vendo denúncia disso, denúncia daquilo... Amanhã vai prender não sei quem. Mas tem uma questão que, a meu ver, fragiliza ainda mais a presidente, que é a economia. A expectativa de receita do governo está muito abaixo do que se previa. Tem uma crise que permeia todas as outras, estou falando do desemprego, da inflação, dos juros altos. É isso que vai emoldurar tudo aí, que é a crise de confiança hoje no Brasil. Ninguém está investindo. Esse programa de concessões que tem sido pouco explorado... Tudo parado, todo mundo com pé atrás. Essa é a crise potencializadora das outras. Sem confiança, você não retoma o crescimento, não administra a base no Congresso. Ninguém respeita mais o governo.

Correio - E qual é a solução?
Aécio - Eu tenho de ter cautela, como presidente do PSDB. Nós não somos protagonistas do desfecho. O desfecho, qualquer que seja, será sempre de responsabilidade do atual governo. Seja para se manter ? se reunir as condições de governabilidade, que não estão fáceis -, seja para um outro desfecho que, se tiver de ocorrer, será de responsabilidade do governo. Seja na questão das regras de responsabilidade fiscal, seja pela questão da propina de campanha, seja pela capacidade de se sustentar mesmo, de tocar o país. Eu tenho conversado com muita gente do setor privado. Até dois meses atrás, as conversas eram sobre quando o Brasil retomaria o crescimento. As pessoas falavam: "Será que isso melhora antes da eleição municipal, ou na eleição ainda estará muito grave?". De dois meses para cá, a conversa não é mais essa. É até quando ela (Dilma) aguenta.

Correio - E qual é a expectativa do senhor?
Aécio - Como presidente do PSDB, tenho de garantir que as instituições funcionem. Toda hora que eu perceber que há uma tentativa de pressão, de manipulação - como tentam fazer volta e meia setores do PT, seja na Polícia Federal, seja no Ministério Público, seja nos tribunais -, temos que denunciar e fazer a contrapressão. Eu vou dizer: vai ter impeachment? Hoje, eu não acho que tenha condições para isso. Não há ainda, o que não impede que venha a ocorrer. O Brasil tem uma legislação para ser cumprida. Eu vejo o advogado-geral da União confessando os crimes das chamadas pedaladas e já querendo estabelecer as penas: "O crime houve, mas sempre houve. Ninguém afastou presidente por causa disso". Então, para ele (Luís Inácio Adams), houve o crime. Tem uma legislação que pune esse crime e o processo tem de correr, senão os tribunais não são mais necessários. Tem crime, tem de ser punido. Se não teve crime, tem de ser absolvido. E é isso que a presidente não entendeu. Cabe a ela, em vez de focar na oposição, gastar energia, se concentrar em responder e apresentar a versão aos tribunais.

Correio - O que acha da sugestão do ex-presidente Lula de pedir para Dilma viajar o país?
Aécio - Isso é uma grande maldade que o presidente Lula está fazendo. O Brasil tem uma presidente sitiada. E isso, na verdade, parece uma certa vingança dele. Ela vai para onde? Vai para ser vaiada? Hoje, os custos das viagens presidenciais foram para a estratosfera. Antes, tinha o escalão precursor para definir local, palanque. Agora tem de ir um exército antes, para limpar a área. E mesmo assim não consegue. A presidente está sitiada. Além das questões econômicas, há as morais. Ela mentiu aos brasileiros, os brasileiros sabem disso. A cada dia que passa vai ficando mais claro. A mentira foi deliberada, tinha um objetivo, que era vencer as eleições. Não sou eu que estou dizendo, está na cabeça das pessoas. Olha, nós vamos ter, entre agosto e setembro, uma pororoca no Brasil, um encontro das águas turvas.
Herculano
19/07/2015 21:34
AINDA BEM QUE O LEMA DO GOVERNO DO PT É "PÁTRIA EDUCADORA"

Manchete: pós-graduações da Universidade Federal de Santa Catarina terão corte de 75% nas verbas para custeio em 2015. Redução no repasse às universidades é reflexo da redução no orçamento anual da Educação
Herculano
19/07/2015 18:20
INDIGNADOS, MORADORES TIRAM NOME DE DILMA DE FAVELA NO RIO

Ao batizar a comunidade com o nome da presidente Dilma Rousseff, os moradores da ocupação localizada às margens da BR-456, no Rio de Janeiro, tinham a intenção de trazer mudanças para o local. O batismo aconteceu em 2011 mas, segundo eles, desde então nada mudou. Frustrado e cansado de esperar, o presidente da associação de moradores decidiu jogar fora a placa que homenageava Dilma e retirar o nome da presidente. A decisão teve apoio dos demais moradores, que se sentem abandonados pelo poder público
Herculano
19/07/2015 18:15
REJEIÇÃO PREOCUPA PT EM REDUTOS DA PERIFERIA PAULISTANA

Conteúdo do jornal do Estado de S Paulo. Há 40 anos morando no bairro Piraporinha, no extremo sul de São Paulo, o comerciante Oziel Duarte, de 63 anos, votou no PT em todas as eleições desde que o partido foi fundado, em 1980. Na disputa pela capital em 2012, ajudou a região a registrar a maior diferença absoluta entre o petista Fernando Haddad e o tucano José Serra no segundo turno. Agora, pensa diferente: pela primeira vez, Duarte responde que pretende votar nulo nas próximas eleições.

"Quando vejo o noticiário, só ouço falar de roubo e corrupção", disse o comerciante, ao expor as razões para não querer escolher um candidato a prefeito no ano que vem. O relato de Duarte exemplifica um fenômeno que mobiliza e preocupa os petistas a mais de um ano para a eleição municipal, ao mesmo tempo que já norteia a estratégia dos partidos que aspiram ocupar a cadeira de Haddad e impedir sua reeleição.

O alto índice de rejeição ao governo da presidente Dilma Rousseff, que atingiu 68% em pesquisa do Ibope divulgada no começo de julho e registrou o pior desempenho de um presidente desde o fim da ditadura, somado à agenda negativa provocada pela Operação Lava Jato, estão cada vez mais próximos dos eleitores do chamado "cinturão vermelho", conjunto de bairros nos extremos da capital que desde 2000 tem votado sistematicamente em peso no PT.

Não bastasse a própria baixa taxa de aprovação, Haddad terá pela frente o desafio de enfrentar um sentimento antipetista sem precedentes.

"Nas eleições na capital a gente não investia muito nos redutos petistas porque sabíamos que não adiantaria. Mas o 'mercado' de hoje está diferente. Não há mais reduto petista onde não vale a pena investir", avalia o marqueteiro Nelson Biondi, responsável por campanhas do PSDB na capital e no Estado e também pela estratégia que elegeu Paulo Maluf nos anos 90. "O PT desconfigurou o cenário."

Não por acaso, o PSDB decidiu que em 2016 mudará sua estratégia "territorial" para ocupar novos espaços.

"Em função das coligações e para contemplar aliados, nós não lançamos candidatos a vereador em todas as regiões nas últimas eleições. Agora, lançaremos candidatos a vereador tucanos em todos os redutos petistas. Já estamos fazendo um levantamento", diz o vereador Mario Covas Neto, o Zuzinha, presidente municipal do PSDB.

Provável candidata à Prefeitura em 2016 pelo PSB, a senadora Marta Suplicy, recém-saída do PT, traçou estratégia semelhante. Ela tem aproveitado os fins de semana para visitar os bairros do cinturão vermelho que foram responsáveis por sua eleição como prefeita em 2000 e nos quais ainda tem eleitores.

Para conferir um caráter institucional às visitas, Marta "pegou carona" em um projeto da Câmara Municipal chamado "Câmara no seu bairro".

Criado por um ex-aliado, o vereador petista Antonio Donato, atual presidente da Casa e ex-secretário de Governo de Haddad, o projeto consiste em realizar sessões públicas fora da sede do Legislativo paulistano para "aproximar a população dos vereadores".

Ao constatar que Marta estava roubando a cena nos eventos, correligionários de Haddad passaram a reclamar, em caráter reservado, que Donato estaria ajudando a ex-aliada, o que ele nega.

Para tentar impedir que o antipetismo já visto em bairros mais centrais chegue de vez ao cinturão vermelho e melhorar sua imagem nessas áreas, Haddad criou um programa semelhante, batizado de "Prefeitura no seu bairro".

Em outra frente, o PT está atuando diretamente nos diretórios zonais do partido para que os dirigentes locais "fechem as portas" para Marta. A estratégia consiste em mapear os quadros identificados com o "martismo" na periferia paulistana e impedir que a senadora reative suas redes.

Único pré-candidato já declarado à Prefeitura, o deputado Celso Russomanno (PRB) aposta em uma estratégia diferente.

Como não tem a mesma capilaridade partidária de petistas e tucanos, ele pretende aproveitar a exposição que tem na TV Record para investir nos "votos de opinião" nos campos vermelho (regiões identificadas com os petistas) e azul (redutos tucanos nas áreas mais centrais). Assim que terminar o recesso parlamentar, o deputado ganhará um quadro no programa de maior audiência da casa, o Cidade Alerta.
Herculano
19/07/2015 12:17
OPERAÇÃO DA POLÍCIA FEDERAL CONTOU COM PLANOS METICULOSOS E SIGILO OBSESSIVO

Conteúdo do jornal Folha de S. Paulo. Texto de Gabriel Mascarenhas, da sucursal de Brasília. A maior operação já feita contra políticos no Brasil foi objeto de sigilo obsessivo por parte de seus participantes na Polícia Federal e no Ministério Público Federal.

Os últimos detalhes da Operação Politeia, que faz referência à cidade sem corrupção da República totalitária propugnada por Platão, foram alinhavados para uma plateia de delegados e procuradores às 4h30 do dia de sua execução - terça passada, 14 de julho.

Foram 53 mandados de busca e apreensão em seis Estados. Só em Brasília, 80 investigadores ouviam na alta madrugada as orientações e endereços dos chamados alvos, os personagens que sofreriam as batidas.

Entre eles, notórios personagens do mundo político, como os senadores Fernando Collor (PTB-AL), Ciro Nogueira (PP-PI) e Fernando Bezerra Coelho (PSB-PE).

O briefing, reunião que antecede as operações, é o momento em que a maioria dos policiais federais e procuradores descobre o motivo de sua convocação.

Para evitar vazamentos prévios, no dia anterior eles são avisados apenas que devem se apresentar no horário e local determinados. Na Politeia, às 19h de segunda (13), ainda havia delegados recebendo telefonemas.

"A adrenalina é gigante. Uma parte não dorme e vai virado. A outra dorme mal, com medo de perder a hora e imaginando o dia seguinte", resumiu um investigador presente à reunião, que pediu anonimato à Folha.

PREPARAÇÃO

Na terça, o delegado responsável pela ação abriu o briefing projetando slides.

A apresentação trazia dados como o nome da operação, a quantidade de mandados, os alvos e até a vestimenta adequada: em nome da discrição, agentes deveriam estar de terno, em vez da tradicional roupa preta com símbolo da PF.

O delegado frisou: "Nada pode dar errado".

Qualquer deslize ou eventual exagero na abordagem abriria espaço para os suspeitos entrarem com pedido de nulidade da operação.

O procurador-geral da República, Rodrigo Janot, foi um dos que levantou de madrugada para acompanhar a preleção. Pediu a palavra, passou uma mensagem de incentivo e deixou o auditório por volta das 4h50.

PASTA

Às 5h15, em Brasília, um comboio com 16 carros partiu rumo aos endereços em que deveria apreender veículos, valores em espécie, documentos e mídias.

Cada equipe, que contou em média com um delegado, três agentes e um procurador, recebeu uma pasta com os mandados a serem cumpridos. Haviam sido incluídos detalhes dos imóveis que deveriam visitar, além de uma foto do investigado.

O trabalho de inteligência mapeia as características do local e faz uma espécie de planta baixa. Com isso, a equipe sabe, por exemplo, se vai encontrar seguranças, armados ou não, ou até cachorros pouco amistosos guardando o imóvel.

RISCO DE CONFRONTO

No caso da Politeia, os investigadores anteviram risco de tiroteio numa diligência cumprida na Bahia. O dono da casa era um ex-policial. O confronto não ocorreu.

Na emblemática Casa da Dinda, residência de Collor em Brasília, o contratempo foi outro. A mulher do senador, inconformada com a ação, perguntava se os investigadores estavam filmando as buscas. "Vocês não podem violar a nossa privacidade", justificava ela.

A operação terminou cerca de 17 horas depois, com a última diligência concluída às 21h30.

O balanço geral registrou a apreensão de oito veículos, cerca de R$ 4 milhões, joias, obras de arte, relógios, mídias e parte do universo político apreensivo com a possibilidade de, em algum momento, ver o dia começar antes das 6h
Herculano
19/07/2015 12:12
NUMA HORA DESSAS? por Miriam Leitão para o jornal O Globo

No Brasil, prosperam ideias e decisões que merecem a pergunta: numa hora dessas? A equipe econômica tem projeto de repatriação de recursos que foram para fora sem declaração à Receita. No meio de uma operação de nome "Lava-Jato", é hora de correr o risco de anistiar crime de lavagem de dinheiro? O Congresso aumentou despesas públicas, em valores bilionários, no meio da votação do ajuste fiscal.

A Petrobras mantinha nos cargos os indicados do senador Fernando Collor, e um deles, inclusive, trancava a porta da sua sala na companhia. Tanto que a Polícia Federal teve que arrombar para cumprir o mandado de busca e apreensão. E isso, apesar de a Operação Lava-Jato ter mais de um ano, outros indicados políticos estarem na prisão, delatores já terem citado o senador como suposto beneficiário de dinheiro, e a nova diretoria da Petrobras dizer que agora está implantado um sistema de controle mais rígido.

A presidente Dilma foi ao casamento da filha do senador Eunício Oliveira. O senador beijou-lhe as mãos. Até aí, tudo bem. Mas, em seguida, a presidente deu, de mãos beijadas, ao genro do senador uma diretoria da Anac, sem que se conheça suas qualificações para o cargo. Isso é uma insensatez, se lembrarmos o que houve em período não muito distante na mesma Anac, em que os indicados políticos colocaram em perigo os passageiros.

A dívida pública está subindo, o déficit nominal é gigantesco, o governo não vai cumprir a meta fiscal. Isso já se sabe. O problema é que, em plena era da incerteza sobre a trajetória das contas públicas, o Ministério do Planejamento defendeu a "meta flexível". Se algum analista quiser saber como estará o déficit ou a dívida no futuro, concluirá que tudo depende de qual nível da meta estará valendo. Não precisamos de mais incerteza sobre o Brasil neste momento.

O Fundo de Amparo do Trabalhador (FAT) terá que receber novos aportes, o governo adiou o pagamento do abono salarial. Mesmo assim, a melhor ideia que teve para estimular o emprego foi fazer um projeto em que o FAT paga 15% do salário dos trabalhadores de empresas privadas que aderirem ao programa.

O endividamento das famílias está em alta há muito tempo e a inadimplência está crescendo. O Congresso aprovou o aumento do limite do empréstimo consignado de aposentados. O governo teve o bom senso de vetar e explicou que a inflação está alta, e o endividamento, também. Dois meses depois, com inflação mais alta ainda, o governo propõe fazer o que havia vetado e com um inovação: pode-se usar empréstimo consignado para pagar a fatura do cartão. Não é apenas o que está dependurado no caríssimo crédito rotativo, mas sim a compra feita no mês. É um produto novo: comprar com cartão e depois pegar crédito consignado para pagar a fatura.

A ideia de estimular a repatriação de recursos parece ótima e já foi defendida anteriormente pelo deputado José Mentor, numa antiga encarnação do mesmo projeto. O grande problema é que não há como separar o dinheiro que está no exterior, sem declaração à Receita, por sua origem. Quando procuradores do Ministério Público, agentes da Polícia Federal e um juiz trabalham para encontrar o dinheiro de corrupção, não é o melhor momento para se abrir uma avenida para limpeza de dinheiro. O governo diz que a anistia será apenas para o processo de envio e não para a origem do recurso. Mas o projeto passará em regime de urgência em um Congresso cujas lideranças estão ameaçadas por denúncias.

De todos, o mais lesivo é o volume de gastos que o Congresso aprovou quando deveria votar corte de gastos. Usou as MPs do ajuste fiscal para fazer mais desajuste fiscal. Aprovou aumento de despesas com aposentados, facilidade para a aposentadoria mais cedo, eliminação de impostos sobre combustíveis fósseis e até a construção de um shopping por ele mesmo, o Congresso. Já tem até nome: é o ParlaShopping.

Este é o festival de sandices que assola o país neste momento em que aumentou a dúvida sobre a capacidade de o Brasil lidar com cada um dos muitos desafios que se acumularam. Todos juntos dão a impressão de que tem muita gente sem noção do risco que o país corre. Nenhum item desta lista de acontecimentos recentes aguentaria a pergunta: mas isso numa hora dessas?
Herculano
19/07/2015 12:10
PLANEJAMENTO, OU A FALTA DELE

A prefeitura de Gaspar decidiu fazer a drenagem da Margem Esquerda. Algo necessário, prometido há muito e que se atrasa no tempo diante da ocupação urbana na Margem Esquerda e de há muito permitido pelo poder público.

A prefeitura de Pedro Celso Zuchi, Soly Waltrick Antunes Filho (Planejamento, o amigo pau para todas as obras), e Lovídio Carlos Bertoldi (Obras e vestido de candidato), todos do PT, decidiu pela obra, entretanto, justamente, em época de chuvas. Mais. Sabiam disso (seus agentes públicos). Afinal possuem acesso, por ter internet, a qualquer serviço de meteorologia. Ou seja, sabem quando o tempo vai ficar firme ou instável, com alguns dias de antecedência. Os gasparenses sabem.

Para a drenagem, é preciso cortar os oito metros da Pedro Simom, para desembocar o dreno na barranca do Rio Itajaí Açú. Segundo os que entendem do riscado, seria preciso uns três, ou no máximo quatro dias de serviço com a área interditada para a passagem e assim cavar a vala, assentar a galeria, tampar tudo e liberar provisoriamente a passagem de veículos pela rua.

A Rua Pedro Simom, continua interditada neste domingo e o povo de lá desconfiado. A desculpa? A chuva da semana passada atrapalhou a programação das obas. Esfarrapada. E por que? As chuvas estavam previstas! Inclusive e principalmente na intensidade. Então... E virá mais a partir de terça-feira, é o que diz a previsão, mais uma vez. Então...

Na atual administração municipal parece que tudo é feito de propósito para as comunidades sofrerem com algo essencial e aparentemente de fácil e óbvia solução. Aparenta ser proposital, pois os envolvidos não são leigos e nem neófitos. É para mostrar que se está fazendo algo, entretanto, impondo sacrifícios desnecessários e além da conta aos munícipes. Foi assim com a recuperação da Ponte Hercílio Deecke, foi assim com a reurbanização do Centro... Acorda, Gaspar!
Herculano
19/07/2015 11:48
ATIVISMO JUDICIAL: AS CONSTAS DE ENERGIA E TELEFONIA, por Sacha Calmon, para o Correio Braziliense

Nos meios acadêmicos esquerdistas, uma corrente profliga o ativismo judicial no afã principal de reduzir o papel do nosso Supremo Tribunal Federal (STF) e do Superior Tribunal de Justiça (STJ), as cortes superiores. O STJ tem por missão dar interpretação uniforme ao direito pátrio. O STF decide as questões constitucionais. O Supremo é tido como guardião da Constituição, responsável por torná-la efetiva a partir dos princípios constitucionais que subordinam a ordem jurídica nacional. Dito isso, vamos ao ponto. Dispõe a Constituição no artigo 155, § 2º, III, que o Imposto de Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) poderá ser seletivo em razão da essencialidade do produto ou mercadoria tributável, pois o consumidor é o contribuinte de fato do imposto (repercutido ao consumidor final). O objetivo é tributar a renda gasta no consumo.

O tempo do verbo: poderá. Segundo certos intérpretes, significa que o imposto - por opção do legislador - poderá ser seletivo ou não. Se o tempo do verbo fosse deverá (do verbo dever) seria um poder-dever. Como se trata de um poderá, seria um poder-faculdade e até citam o doutrinador italiano Santi Romano (o poder como faculdade e como dever). É a interpretação mais pedestre que jamais ouvi. É certo que a Constituição não instaura o imposto, apenas o autoriza, e enuncia características e princípios a ele atinentes. O Senado da República fixa as alíquotas interestaduais e a lei, as alíquotas internas a serem praticadas pelos estados. Até esse ponto, todos estamos acordes.

Dá-se que se os legisladores ordinários resolverem tributar, com alíquota menor, por exemplo, os produtos da cesta básica; e outra, maior do que a geral, para tributar bebidas e perfumes. Isso significa que ele exerceu o poder-faculdade que a Constituição lhe conferiu para dar seletividade ao ICMS. Ele deve ser, então, necessariamente seletivo, ou seja, tributar menos os remédios, a luz, e menos os perfumes de acordo com a essencialidade do produto para o consumidor. O ICMS permanecerá não seletivo se o legislador não variar as alíquotas, adotando somente as comuns, a interna para transações dentro do Estado e a externa ou interestadual em caso contrário (essa definida por resolução do Senado, a casa legislativa dos estados).

Como todos os estados brasileiros adotam alíquotas diferenciadas de ICMS, significa terem aderido ao princípio constitucional da seletividade, mas de maneira arrevesada, a ponto de pervertê-lo na prática da tributação (que fica embutido no preço final dos bens e serviços de transporte e comunicações, fornecimento de energia e consumo de combustíveis derivados do petróleo) arcados pelas pessoas físicas e jurídicas brasileiras, todos os dias. É nesse momento que o Judiciário, ou melhor, os tribunais superiores, o STF e o STJ, devem intervir para adequar a tributação do ICMS à Constituição da República. Chame-se a isso ativismo judicial no bom sentido.

É que os estados tributam pesadamente remédios, combustíveis, comunicações e energia elétrica, cujo consumo é maciço. Contudo, são necessários à produção e essenciais à população. Pensando somente em arrecadar, à revelia do princípio da seletividade, os estados estão descumprindo a Constituição. Não se pode nem se deve, em casos tais, condenar o ativismo judicial. Ao cabo, na espécie, o Supremo estará enquadrando o Executivo e o Legislativo nos estritos dizeres da Constituição. O estado do Rio de Janeiro fixou a alíquota de ICMS sobre energia elétrica em 25%, acrescido do adicional destinado ao fundo de combate à pobreza de 5%. Considerando-se que o imposto compõe a própria base de cálculo, tem-se alíquota efetiva e aproximada de 33% (mesma alíquota sobre perfumes e cosméticos). A alíquota sobre cervejas e chope, por outro lado, é de 20%. O Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro (TJ-RJ) declarou a inconstitucionalidade da alíquota de 25% incidente sobre a energia e os serviços de comunicação, assegurando o direito à restituição da diferença recolhida a maior nos últimos cinco anos.

Deve ser aplicada a alíquota geral do estado, de 17%. O STF se colocou a favor da tese. A 2ª Turma, por unanimidade, disse que "a capacidade tributária do contribuinte impõe a observância do princípio da seletividade como medida obrigatória, evitando-se, mediante a aferição feita pelo método da comparação, a incidência de alíquotas exorbitantes em serviços essenciais" (Recurso Extraordinário nº 634.457 AgR, 05.8.14). O Poder Judiciário nas decisões aqui comentadas se põe ativo, obrigando o legislador a observar a Constituição em prol do povo. A República e o Estado de Direito penhoradamente agradecem. Tomara que a Suprema Corte venha conquistar a estima e o respeito do povo, coisa que o Executivo e o Legislativo já perderam, para nossa tristeza e lamentação
Herculano
19/07/2015 10:36
SONHOS E PESADELOS, por Suely Caldas, para o jornal O Estado de S. Paulo

Mais uma baixa. O governo acaba de suspender o programa Minha Casa, Minha Vida para a população mais pobre com renda familiar de até R$ 1.600. Justificativa arranjada: até zerar os pagamentos atrasados às construtoras das moradias. Quando vai acontecer, ninguém sabe. Na crise em que o governo do PT mergulhou o País, a tendência está mais para cancelar o programa do que para recuperar o que foi perdido. Justificativa real: os mais pobres são a faixa de renda onde o governo mais gasta, pois o subsídio é elevado, e é também onde o desemprego chega mais forte e a inadimplência passa a ser inevitável.

É sempre assim: por ser a parcela mais vulnerável da população, os pobres são os primeiros a ser punidos, quando fracassam ações de governos irresponsáveis, que saem por aí distribuindo ilusões, sonhos para alguns, que logo se transformam em pesadelos para todos. Foi assim também com o Fundo de Financiamento Estudantil (Fies) e o Ciência Sem Fronteiras. E os brasileiros andam perguntando qual será o próximo. O Mais Médicos? O Bolsa Família?

Investir dinheiro público para melhorar a vida da população pobre é obrigação de todo governo. É uma forma de devolver à sociedade e aos que mais precisam o que recebem em arrecadação de impostos. E no Brasil a carga tributária é das mais elevadas do mundo: 36% de toda a renda gerada pelo País vai para os cofres do governo. Só que, para o programa social ganhar eficácia, bons resultados - e, mais importante, ter continuidade -, é preciso planejar, avaliar sua evolução, estruturá-lo dentro de uma realidade orçamentária que lhe dê longa vida, para que a população sinta segurança de que o terá hoje e no futuro e não seja sobressaltada pelo fantasma de sua extinção.

Foi assim que desapareceu (tão rápido quanto nasceu) o Minha Casa, Melhor, em que o usuário do Minha Casa Minha Vida podia comprar móveis e eletrodomésticos com crédito subsidiado. Por sair por aí esbanjando dinheiro público, inclusive para empresas amigas (com desonerações tributárias ou créditos bilionários do BNDES), o governo Dilma levou o País a mergulhar na pior crise fiscal do período pós-ditadura, com efeitos desumanos sobre o desemprego, no empobrecimento da população, na inflação, na retração econômica, etc. O retrocesso econômico, a crise política, o crescente descrédito da presidente ameaçam até os ganhos conquistados e que pareciam estruturais, mas eram frágeis e agora andam para trás, entre eles a ascensão de milhões de brasileiros para a nova classe média, muitos já de volta à pobreza.

E é neste quadro adverso de crise política e econômica que o ex-presidente Lula propõe a sua sucessora a solução que ele acredita infalível: Dilma deve parar de falar em ajuste fiscal e petrolão, abandonar temas negativos e viajar pelo Brasil afora prometendo um futuro promissor e brilhante para o País e para os brasileiros. Com uma varinha de condão, Lula quer fazer desaparecer a realidade e falar de um mundo encantado de conto de fadas. Só falta combinar com as famílias de brasileiros que perdem o emprego, com os estudantes sem aula e escolas em greve, com idosos que vêm de longe e encontram agências do INSS fechadas em greve, com doentes que enfrentam filas em hospitais em busca de cura e não são atendidos.

A cada mês os indicadores econômicos e sociais pioram e não param de mostrar que a realidade é mais sofrida do que imagina Lula com seu deslumbramento. E até agora não há o menor sinal de melhora. A confiança no governo não foi recuperada, a indústria definha, as previsões para o Produto Interno Bruto deste e do próximo ano só pioram, a inflação não cede, os investimentos não chegam, os casos de corrupção envolvem lideranças políticas do governo e escancaram roubalheira e desperdício de dinheiro público. Tal cenário de degradação política e econômica conspira contra a volta do ansiado crescimento econômico e da geração de novos empregos.

Mas para Lula a solução está em tentar enganar (difícil conseguir, hem?), seguir driblando a realidade, levar sonhos e ilusões
Herculano
19/07/2015 10:27
A IMPROVÁVEL REPATRIAÇÃO, por Merval Pereira para o jornal O Globo

Em momentos políticos menos conturbados, o governo descartou a anistia para repatriação de dinheiro ilegalmente no exterior, onde se calcula que existam cerca de US$ 250 bilhões pertencentes a brasileiros sem registro oficial na Receita Federal ou declaração ao Banco Central.

Em 2003, quando o ministro da Fazenda era Antonio Palocci, a CPI do Banestado, na qual as contas CC-5 criadas pelo Banco Central da gestão de Gustavo Franco foram demonizadas, criou um clima refratário ao tema.

Agora, com o ambiente político deteriorado e, sobretudo, indicações fortes de que contas no exterior ajudaram a tentar esconder propinas do petrolão, é difícil imaginar que o governo tenha maioria para aprovar alguma coisa nesse sentido.

Em 2005, soubemos que o PT tinha contas no exterior, pois foi por uma delas que o marqueteiro Duda Mendonça recebeu parte do seu pagamento.

Com tantos doleiros e laranjas sendo revelados na investigação da Lava-Jato, como imaginar que será possível legalizar esse dinheiro roubado da Petrobras em meio ao processo criminal? É verdade que esse dinheiro está à procura de legalização, diante das dificuldades cada vez maiores para ser movimentado, devido à legislação internacional mais rígida, tanto para coibir a lavagem de dinheiro quanto o financiamento ao terrorismo.

E, com as investigações da Polícia Federal atingindo potencialmente a todos no Brasil, inclusive com escutas telefônicas, não apenas a movimentação desse dinheiro tornou-se perigosa, mas até mesmo falar sobre ele.

Assim como parte desse dinheiro saiu durante a campanha eleitoral de 2002, com medo de uma vitória de Lula, é certo que nos últimos meses muito dinheiro, legal ou ilegalmente, saiu do Brasil diante do caos no país. Essa é outra razão para que seja previsível um fracasso dessa legislação, mesmo se aprovada no Congresso, o que se mostra difícil com a declarada oposição do presidente da Câmara Eduardo Cunha. Não há muitas razões para as pessoas considerarem o governo petista confiável.

Defensores da abertura dos mercados financeiros alegam que quanto maior o controle cambial, maior a percepção da fragilidade da economia e maior a evasão de divisas.

O Banco Central já considerava, em 2003, ter condições de controlar esse fluxo de capital e, segundo o governo, há mecanismos de fiscalização para coibir eventual uso de instrumentos legais para enviar ao exterior dinheiro sujo.

As revelações da Operação Lava-Jato, no entanto, surpreendem pela facilidade com que o dinheiro desviado passeia pelo mundo em offshores sem ser detectado pelas autoridades brasileiras.

Muito dinheiro sujo seria legalizado no rastro da aprovação da repatriação, mas os benefícios para o país seriam compensadores, argumentam as autoridades econômicas. Ainda mais agora que buscam fechar o buraco do ajuste fiscal provocado por medidas aprovadas pelo Congresso que gerarão mais gastos públicos.

O Brasil, em 1964, Itália e Alemanha, fizeram também esse movimento. No governo Castelo Branco foi decretada uma anistia geral durante quatro meses, através do artigo 82 da lei 4.506, que criou a correção monetária. O ministro da Fazenda era Roberto Campos e o do Planejamento, Octávio Gouvêa de Bulhões, e a anistia dispensou a multa, mas cobrou Imposto de Renda do dinheiro que retornou.

A Itália fez o mesmo em 2001 na operação chamada "escudo fiscal", que cobrou 2,5% de imposto sobre capital repatriado e lucros futuros. Entre 60 e 80 bilhões de euros entraram no país em um ano.

A grande preocupação das autoridades na gestão Palocci era com a validade das anistias, que poderiam ser contestadas na Justiça, dentro da Receita Federal, onde o sindicato dos auditores fiscais já se manifestara contrário à medida quando foi estudada em 2003, e pelo Ministério Público, que pode entrar com uma ação contra a decisão do governo.

Por tudo isso, o mais provável é que a legislação para a repatriação do dinheiro ilegalmente no exterior não será aprovada para ajudar o ajuste fiscal do governo. No mínimo Eduardo Cunha tem condições de travar a proposta com base em recursos regimentais, e sepultá-la em uma das muitas gavetas de sua mesa de presidente da Câmara.
Herculano
19/07/2015 07:48
GUERRA DE UM HOMEM SÓ, por Bernardo Mello Franco para o jornal Folha de S. Paulo

A declaração de guerra de Eduardo Cunha lançou uma pergunta que pode definir o futuro do governo. Afinal, o PMDB vai abandonar a presidente Dilma Rousseff?

É cedo para responder, mas os primeiros sinais não foram bons para o presidente da Câmara. Minutos depois de ele anunciar seu rompimento com o Planalto, o partido informou à praça que continua na base aliada.

Em nota redigida por Michel Temer, a sigla classificou o rompante do deputado como a mera "expressão de uma posição pessoal". Uma decisão coletiva, esclareceu o vice, só poderia ser tomada "após consulta às instâncias decisórias do partido".

Tido como aliado fiel de Cunha, o líder do PMDB na Câmara, Leonardo Picciani, também evitou endossar sua radicalização. Cauteloso, tratou a fala como "posição expressa de forma pessoal" e acrescentou que a bancada debaterá o tema em agosto, após o recesso parlamentar.

O presidente do Senado, Renan Calheiros, foi mais um a deixar o deputado falando sozinho. Desmarcou uma entrevista e deixou o Congresso por uma porta lateral, em silêncio.

O PMDB comanda nada menos que sete ministérios no governo: Minas e Energia, Agricultura, Turismo, Pesca, Portos, Aviação Civil e Assuntos Estratégicos. Além disso, controla centenas de cargos em estatais, autarquias e superintendências.

Para se juntar à cruzada contra o Planalto, os peemedebistas teriam que abrir mão de todas as verbas e benesses. Seria uma guinada brusca para a sigla, escorada há mais de duas décadas na máquina federal.

Alvejado pelo delator Julio Camargo, que o acusou de cobrar propina de US$ 5 milhões, Cunha também termina a semana abandonado pela oposição, que apoiou sua escalada como tática para desgastar o PT.

Perito na arte de retaliar adversários, o presidente da Câmara conserva os poderes do cargo e ainda pode mobilizar sua tropa contra o governo. Até aqui, no entanto, parece ter iniciado uma guerra de um homem só.
Herculano
19/07/2015 07:46
MINISTRO ADMITE QUE PROGRAMA DE LOGÍSTICA ANUNCIADO POR DILMA DEVE AVANÇAR POUCO, QUASE NADA, ATÉ O FIM DO ANO, por Lauro Jardim, de Veja

Com muito oba-oba, Dilma lançou um tal Programa de Investimento em Logística em 9 de junho e discursou, retumbante: "Estamos aqui não só para anunciar grandes números e projetos ambiciosos. Mas, especialmente, para renovar nosso compromisso com o desenvolvimento de nosso país."

Beleza, mas na semana passada o ministro Eliseu Padilha em reunião com ministros do TCU admitiu: "Há algumas previsões otimistas de se fazer algum leilão até dezembro. Na minha área de aeroportos, sei que é impossível.
Herculano
19/07/2015 07:44
PAPELINHO E AS VERBAS CORTADAS DE DILMA

O pessoal da administração petista de Gaspar não está lendo jornais e não tem bons canais de informações em Brasília. Há cortes nas verbas de mobilidade urbana para equilibrar o Orçamento da União, abalado pela incompetência administrativa, pela crise econômica provocada pelos que estão no poder e pela roubalheira desenfreada dos nossos pesados impostos que não chegam aos hospitais e postos de saúde, à educação (falta até papel higiênico), a segurança (falta cadeia, programas de ressocialização, inteligência, apuração de crimes e polícia na rua para intimidar e prender bandidos) e obras como muitas por aqui, que ficam no discurso e na assinatura de papelinhos
Herculano
19/07/2015 07:32
AINDA SOBRE OS IMBECIS, por Sérgio Dávila para o jornal Folha de S. Paulo

No Natal de 2013, a assessora de imprensa Justine Sacco, então com 30 anos, digitou 47 letras em seu celular, apertou "tuitar", desligou o aparelho e embarcou em uma viagem de avião de Nova York para a África do Sul. Os destinatários eram seus 175 seguidores na rede social.

A frase: "Going to Africa. Hope I don't get AIDS. Just kidding. I'm white!"("Indo para a África. Espero que não pegue Aids. Brincadeirinha. Eu sou branca!").

Onze horas depois, ao aterrissar, soube que seu post tinha se tornado viral e sido compartilhado por dezenas de milhares de pessoas. Fotógrafos já a esperavam no aeroporto. Desde então, perdeu o emprego e amigos, ganhou uma depressão e enquanto houver Google terá seu nome ligado a uma brincadeira racista.

A história está no livro "So You've Been Publicly Shamed" ("Então Você Foi Humilhado Publicamente"), lançado em março, em que o autor, Jon Ronson, conta este e outros casos de pessoas que tomaram decisões erradas e as viram ser amplificadas e sair de controle pela velocidade e o alcance da internet.

Ronson, mais conhecido pelos livros "O Teste do Psicopata" e "Os Homens que Encaravam Cabras" (que virou um filme divertido com George Clooney), argumenta que os deslizes cometidos pelos tais publicamente humilhados do título ganham uma reação desproporcional graças ao tribunal implacável e o comportamento de manada das redes sociais.

É verdade.

Mas quem erra em geral é gente que, colada 24 horas por dia em seus celulares, já não sabe mais discernir o privado do público, confunde o real e o virtual. Faz parte do grupo sobre o qual falou o escritor italiano Umberto Eco no discurso em que critica a internet, tema desta coluna no domingo passado.

Eco os chamou de "legião de imbecis".
Herculano
19/07/2015 07:28
EDUARDO CUNHA: UMA ESTRELA CADENTE. OU FOGO-FÁTUO, por Ricardo Noblat

Sabe o que são estrelas cadentes? Não são estrelas. São rastros luminosos de meteoros que se desintegram ao entrar na atmosfera da Terra.

Eduardo Cunha (PMDB-RJ), presidente da Câmara dos Deputados, tem pela frente o desafio de provar que não é uma estrela política cadente.

O rompimento com o governo é um sinal do desespero que tomou conta dele depois que um consultor de empresas confessou ter lhe dado dinheiro desviado de negócios com a Petrobras.

Sinal de desespero e também a encenação de uma farsa. Porque só se rompe com algo a que se está ligado. Cunha jamais esteve ligado ao governo. Dele só queria auferir benefícios.

O temperamento agressivo e histriônico do deputado só lhe permite a busca de saídas arriscadas, bruscas e barulhentas para eventuais dificuldades que enfrenta. Foi novamente o caso.

Ninguém com o mínimo de conhecimento sobre como as instituições funcionam neste momento acreditará que o governo manda no Ministério Público, como quer fazer crer Eduardo Cunha.

E que, portanto, foi o governo que mandou o Ministério Público perseguir Cunha para sujá-lo com a lama que quase entupiu os dutos da Petrobras.

Se o governo tivesse tal poder, salvaria Lula de qualquer investigação criminal, e também todos ou os principais aliados envolvidos na Operação Laja-Jato. Cunha sabe o que fez ou deixou de fazer.

O falso rompimento dele com o governo é solitário. Os colegas dele de partido, e os aliados temporários, passarão as próximas semanas de recesso do Congresso avaliando o que está por vir.

O governo dispõe de muitos meios para manter o grosso do PMDB a seu lado. Entre esses meios, o fisiologismo escancarado, que costuma ser o mais eficiente de todos.

Se a Michel Temer (PMDB-SP), coordenador político do governo, não se deu o poder de distribuir cargos e liberar dinheiro para obras nos redutos eleitorais dos parlamentares, agora se dará.

O PMDB, principalmente ele, cobrará caro para não permanecer na Câmara ao lado de Cunha. Tudo será uma questão de preço. E o governo tem caixa para pagar, sim.

Aos que gostam de admirar o falso brilho das estrelas cadentes acompanhado, às vezes, de trovoadas, um conselho: aproveitem o espetáculo, mas nada de se deixarem enganar por ele.

Muitas vezes, trata-se apenas de fogo-fátuo, "uma luz azulada que decorre da inflamação espontânea do gás dos pântanos.
Herculano
19/07/2015 07:23
A VEZ DOS OLIGARCAS, por Elio Gaspari para os jornais O Globo e Folha de S. Paulo

A reação de Collor e de Renan Calheiros mostra que a velha banda do andar de cima está com a faca nos dentes

Merval Pereira disse tudo quando deu o título de "A vez dos oligarcas" à coluna em que tratou da diligência da Polícia Federal nas casas e escritórios de políticos envolvidos na Lava Jato. Da "Casa da Dinda" do senador Fernando Collor saíram uma Lamborghini, uma Ferrari e um Porsche. A frota do ex-presidente deve à Viúva R$ 343 mil de IPVA e o sócio do posto de gasolina de Maceió em cujo nome está a Porsche nunca ouviu falar dela. Os brinquedos do senador sexagenário deram cores cinematográficas à operação policial, mas no centro do problema estão as informações dadas pelo empreiteiro Ricardo Pessoa e pelo operador Alberto Youssef à Lava Jato. Eles teriam pagado R$ 29 milhões a Collor em troca da favores na Petrobras.

O senador foi à tribuna e acusou a PF de ter sido truculenta, extrapolando "todos os limites" da legalidade. (As diligências foram autorizadas por três ministros do Supremo Tribunal Federal.)

Chegando a vez dos oligarcas, começava o espetáculo da reação da oligarquia. Collor é um ex-presidente da República, filho de senador, neto de ministro. Na mesma diligência, a PF foi à casa do senador Fernando Bezerra Coelho, no Recife. Polícia na casa de um Coelho foi coisa nunca vista. FBC foi ministro da doutora Dilma, é pai de deputado, sobrinho de ex-governador, neto do coronel Quelê, condestável de Petrolina, onde o sobrenome da família honra o aeroporto, o estádio, um parque, um bairro e uma orquestra.

Noves fora a reação de Collor, o presidente do Senado, Renan Calheiros, ex-vice-presidente da Petroquisa, ministro da Justiça de FHC e pai de Renan Filho, atual governador de Alagoas, disse que a ação da Polícia Federal "beira a intimidação". Renan é investigado pelo Supremo. Além disso, rola no tribunal um processo em que é acusado de pagar mesada à mãe de uma filha extraconjugal com dinheiro da empreiteira Mendes Júnior.

Coube ao vice-presidente Michel Temer o brilho do rubi da coroa da rainha da Inglaterra. Ele disse que "temos que buscar no país uma certa tranquilidade institucional porque essas coisas estão, digamos assim, abalando um pouco a natural tranquilidade que sempre permeou a atividade do povo brasileiro". A pedra da coroa da rainha não é rubi, mas um espinélio, e a frase de Temer, digamos assim, não quer dizer nada. Que "coisas"? A Lava Jato, a diligência autorizada pelos ministros do Supremo ou as petrorroubalheiras? Soltou o enigma e viajou com a família para Nova York.

Renan Calheiros disse também que a democracia está em jogo. Falso. Ela vai bem, obrigado, o que está em jogo é a definição do alcance das leis.

O esperneio oligárquico, bem como as ameaças de Eduardo Cunha revelam a tática de fim do mundo. Articulam o fim dos tempos, interessados em criar uma crise institucional cujo propósito exclusivo é abafar a Lava Jato. Lastimavelmente, a doutora Dilma não conseguiu se tornar um fator de estímulo aos procuradores e magistrados. Ficou neutra contra. Podendo ser parte da solução, pedala como parte do problema.

A RUÍNA INCA

As convicções partidárias do ministro Arthur Chioro conseguiram o que a ditadura nem tentou: degradar o Instituto Nacional do Câncer, do Rio de Janeiro.

Os generais mantiveram na direção do serviço Moacir Santos Silva, o médico de Jango. Com Chioro, um sindicato de servidores públicos federais em saúde ganhou uma sala no Inca, enquanto 5 das 11 salas de cirurgia estão fechadas por falta de anestesistas.

A média de espera para uma cirurgia, que já foi de 20 dias, está em dois meses, tempo suficiente para tornar inútil o procedimento.

EREMILDO, O IDIOTA

Eremildo é um idiota, rompeu com o governo da doutora Dilma e passou a acreditar em tudo o que dizem contra ela.

O cretino só não conseguiu resolver um problema. Ela, como ele, defende a normalidade constitucional e o respeito ao mandato saído das urnas no ano passado.

Eremildo é um idiota, capaz de trocar seis por meia dúzia, mas nunca trocou seis por quatro.

MÁ NOTÍCIA

O ministro Joaquim Levy ainda não fez nada errado, mas pelas artes da política ficou menor do que estava quando assumiu o cargo.

Está mais para Mário Henrique Simonsen, que demorou para mostrar que era capaz de pedir o boné, do que para Pedro Malan, que encolhia os bonés dos outros.

ESTOU FORA

No dia do fatídico jantar da doutora com José Eduardo Cardozo e o presidente do STF, Ricardo Lewandowski, na cidade do Porto, Teori Zavascki estava no mesmo hotel, pois compareceria ao mesmo evento que juntaria o colega e o ministro da Justiça.

Se tivesse sido convidado, não iria. Se o convidaram, não foi.
Herculano
19/07/2015 07:23
O GOLPE DO PARLAMENTARISMO, por Elio Gasperi para os jornais O Globo e Folha de S. Paulo

A repórter Raquel Ulhoa avisou: arma-se no Congresso um golpe para mutilar a presidência da República, estabelecendo um regime parlamentarista. Numa ponta dessa conversa, para logo, já se viu o senador Renan Calheiros. Noutra, defendendo a ideia para mais adiante, entrou o deputado Eduardo Cunha. Pairando sobre ambos há uma parte do tucanato, desencantada com as bandeiras do impedimento, das contas do TCU e dos processos do Tribunal Superior Eleitoral.

A manobra depende da existência de um clima de inquietação, com a economia em queda e o desemprego em alta. Disso a doutora vem cuidando. Para piorar, o Congresso aprova maluquices que agravam as dificuldades. O caldo entornará com as manifestações de agosto. (Desprezando-se a possibilidade de surgimento de manifestantes contra golpes, ladroagens e truques dos suspeitos de sempre.)

O parlamentarismo pode ser instituído com a aprovação, por maioria de três quintos das duas Casas do Congresso, em duas votações. São necessários 51 dos 81 senadores e 308 dos 513 deputados. Isso só se consegue com uma crise do tamanho da de 1961, quando o país esteve à beira da guerra civil e aprovou-se uma emenda parlamentarista, mutilando o mandato de João Goulart.

É muito comum ouvir-se falar em "golpe paraguaio" ou "golpe boliviano". A manobra criaria o "golpe brasileiro", superando de longe os dois outros. O parlamentarismo foi rejeitado pela população em dois plebiscitos, sempre por larga maioria. O primeiro deu-se em 1963 e o segundo, em 1993. Nele, o regime parlamentar teve 16,5 milhões de votos, contra 37,2 milhões dados ao presidencialismo. O restabelecimento da monarquia teve 6,8 milhões.

De acordo com o processo legislativo e a Constituição, seria mais fácil revogar a Lei Áurea, sancionada a partir de um simples projeto de lei votado pelos deputados e senadores. Ela nunca foi submetida a um referendo, quanto mais a dois. A velha e boa plutocracia nacional deve reconhecer que essa mágica é impossível, mas ela haveria de lhe fazer o gosto.
Herculano
19/07/2015 07:15
OPERAÇÃO POLITEIA PODE TER SIDO TRATADA NO PORTO, por Cláudio Humberto na coluna que publicou hoje nos jornais brasileiros

A informação caiu como uma bomba, provocando inquietação entre governistas e oposicionistas no Senado: a decisão do Supremo Tribunal Federal de ordenar busca e apreensão em endereços de três senadores, conhecida por Operação Politeia, teria sido um dos temas da conversa de Dilma com o presidente do STF, Ricardo Lewandowski, no Porto (Portugal), naquele encontro "secreto" que acabou vazando.

Aviso prévio

Para o PMDB, a ação policial ordenada pelo STF serviu para mostrar aos presidentes do Senado e da Câmara a que eles estão sujeitos.

Teoria da conspiração

A cúpula do PMDB esperava uma exibição de força do governo, após o partido assumir uma atitude mais independente em relação ao governo.

À beira do Douro

Setores da oposição acham até que a ação policial, com a participação do Ministério da Justiça, foi "acertada" na cidade do Porto.

Nada a ver

Ministros do STF duvidam. Afirmam que Lewandowski não seria capaz de manter conversas não apropriadas com a chefe do Poder Executivo.

Tiago Cedraz tentou até fazer nomeações no TCU

Um dos alvos da Operação Politeia, com endereços vasculhados pela PF, o advogado Tiago Cedraz é conhecido pela ousadia. Augusto Nardes, ex-presidente do TCU, viu isto antes da posse, segundo relato de dois ministros. O vice foi Aroldo Cedraz, pelo critério de antiguidade. Contam que Nardes recebeu Tiago em atenção ao pai, e se espantou com sua tentativa de impor nomeações para cargos-chaves no TCU.

Elegância de colegas

Elegantes, ministros dizem "não ter certeza" se na reunião com Nardes, Tiago falava em nome do pai. Nardes jamais fala sobre o assunto.

O começo de tudo

Agressivo na defesa dos seus interesses, Tiago passou a provocar mais embaraços após seu pai assumir a vice-presidência do TCU.

Mesada privilegiada

Datam do período em que Aroldo Cedraz foi vice-presidente do TCU, as primeiras referências a Tiago Cedraz em operações da PF.

Ministro da saudade

Sem nenhuma ação concreta de sua autoria, o ministro Henrique Alves (Turismo) parece mais interessado em matar as saudades de ex-colegas do Congresso. Apenas este mês, Alves teve reuniões com 30 deputados e um senador. Mas Dilma continua sem receber o desafeto.

Casa de ferreiro

O PP, partido citado como um dos maiores beneficiados pelo esquema de corrupção na Petrobras, anunciou que cobrará esclarecimentos ao deputado Eduardo da Fonte sobre seu envolvimento... na Lava Jato.

Adiós, muchachos

A reunião do Mercosul em Brasília pode ser a despedida de Cristina Kirchner. Seu grupo deve ser derrotado em outubro. A oposição é a favorita na disputa pela prefeitura de Buenos Aires, neste domingo.

Quanta ironia

A Presidência da República publicou edital no valor de R$ 2,1 milhões para contratação de empresa para organizar a estrutura do desfile de 7 de Setembro, além do palanque para Madame e até 300 convidados.

Tesoura afiada

Ao contrário do que disse Dilma, o Programa de Aceleração (PAC 2) sofrerá cortes: na rubrica "mobilidade urbana" municípios com menos de 10 mil habitantes recebem até R$ 1 milhão. Cidades com mais de 10 mil pessoas, R$ 1,5 milhão. A tesoura do governo será afiada.

Fim das mordomias

Acostumados com regalias, os servidores da Câmara andam incomodados com o ponto biométrico. Funcionários da presidência da Casa já consideram a aposentadoria para fugir do registro diário.

Gargalhadas

Em visita às obras das Olimpíadas do Rio de Janeiro, o deputado Ildo Rocha (PMDB-MA) arrancou gargalhadas ao se apresentar como administrador... do grupo do WhatsApp dos deputados peemedebistas.

Enquanto isso

O aplicativo Uber aproveita a maré de simpatia e continua cadastrando clientes e motoristas interessados no serviço. Até taxistas estão migrando: no Uber não precisam pagar aluguel a donos de licenças.

Pensando bem...

...mesmo com o início do recesso parlamentar, "d.Crise" ainda assombra o Congresso.
Herculano
19/07/2015 07:04
da série: o esperneio da mídia paga ou a ideológica, onde todos que não rezam na cartilha são inimigos, e não adversários, não importa quem. Mais, e sempre: os mesmos defeitos são só gravíssimos, merecedores de condenação sumária e eterna, quando nos outros; nos seus são virtudes ou merecedores de desconfianças de quem apurou e provou, pois teria feito com leviandade e com segundas intenções.

COM DELAÇÃO E "BARULHAÇO, CUNHA ESTÁ MAIS PERTO DE CAIR QUE DILMA, por Eduardo Guimarães

A iniciativa tomada pelo presidente da Câmara, Eduardo Cunha, na última sexta-feira, de despachar 11 "atualizações" de pedidos de impeachment apresentados à Secretaria Geral da Mesa Diretora daquela Casa contra a presidente Dilma Rousseff, revela mais o desespero de quem o fez do que a concretização da ameaça de "explodir" o governo dela.

A situação de Cunha se deteriora a cada minuto após a divulgação de que o lobista Júlio Camargo confirmou a acusação do doleiro Alberto Yousseff de que o presidente da Câmara pediu e recebeu propinas de, pelo menos, 5 milhões de dólares. A isso, somaram-se denúncias de Yousseff e Camargo de que Cunha lhes fez ameaças envolvendo, até, suas famílias.

A declaração de guerra de Cunha contra o governo, na forma de anúncio de "rompimento", gerou um resultado que por certo foi além das piores previsões do presidente da Câmara. A posição dele não teve o respaldo do PMDB, seu partido, nem de siglas da oposição.

Surpreendentemente, oposicionistas como o líder do Democratas na Câmara, Mendonça Filho (PE), que disse ser "muito grave" o anúncio de "rompimento" feito por Cunha, juntaram-se a consenso no PMDB de deixá-lo "isolado" para não prejudicar a relação do partido com o governo.

Como se não bastasse, a semana terminou ainda pior com o expressivo "barulhaço" que se espalhou pelo país na hora em que Cunha fazia pronunciamento em cadeia nacional de rádio e TV, enquanto a hashtag #CunhaNaCadeia se tornava a mais citada em todo o mundo nas redes sociais.

Diante de tudo isso, começam a surgir especulações sobre como e quando se dará o afastamento do presidente da Câmara.

A medida está sendo vista como provável para a Justiça evitar que o parlamentar continue a usar o poder e a influência do cargo para atrapalhar investigações e intimidar testemunhas, conforme está sendo noticiado que ele vem fazendo.

Nesse aspecto, surgem especulações sobre se o afastamento poderia ser determinado pelo Supremo Tribunal Federal, a pedido do procurador-geral da República, Rodrigo Janot.

Especialistas em Direito Penal e Constitucional se dividem sobre a viabilidade jurídica do pedido.

Para Carlos Ayres Britto, ex-ministro do Supremo, o STF pode determinar o afastamento de Cunha com base no artigo 319 do CPP (Código de Processo Penal), que prevê "suspensão do exercício de função pública ou de atividade de natureza econômica ou financeira quando houver justo receio de sua utilização para a prática de infrações penais".

Para o constitucionalista Gustavo Binenbojn, professor da UERJ (Universidade Estadual do Rio de Janeiro), porém, o afastamento do presidente da Câmara seria uma questão "interna corporis" do Legislativo e, se o STF interviesse nela, isso seria interpretado como interferência indevida de um Poder no outro.

Outro especialista que aceita a tese de Cunha ser afastado da Presidência da Câmara pelo STF é Renato Mello Silveira, professor de direito processual penal da USP, ainda que considere que o acusado não perderia o mandato de deputado enquanto não fosse condenado.

Como se vê, apesar de Cunha estar tentando instalar processo de impeachment contra Dilma na vã esperança de que ela se deixe intimidar e não reconduza Rodrigo Janot à Procuradoria Geral da República em setembro, achando que, assim, seus problemas sumirão, é ele quem está mais perto de cair, pois contra Dilma não há sequer uma investigação.
Herculano
19/07/2015 06:54
AUMENTA PRESSÃO PARA DILMA MUDAR EQUIPE POLÍTICA DO GOVERNO, por Fernando Rodrigues

Estão cada vez mais fortes as pressões para que a presidente Dilma Rousseff faça uma mudança na sua equipe política. O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva já sugeriu a troca de Aloizio Mercadante (Casa Civil) por Jaques Wagner (Defesa).

Dilma resiste a fazer mudanças. Ouvi hoje (sexta-feira) de vários aliados do Planalto que nos últimos dias "caiu a ficha" da presidente. Ela percebeu a magnitude da crise política depois do rompimento público anunciado pelo presidente da Câmara, Eduardo Cunha.

Não há no horizonte próximo nenhuma melhora na economia que possa aliviar a situação. Em 2005, foi essa a saída que salvou Lula quando o então presidente estava enredado no escândalo do mensalão. A prosperidade do país em 2006 deu mais um mandato ao petista, que bateu seguidos recordes de popularidade - apesar das acusações de corrupção e dos mensaleiros.

Dilma não à tem disposição tal caminho. Precisa, como se diz, resolver tudo ?na política?. Por essa razão a presidente deu sinais a vários aliados que assim que começasse o recesso no Congresso (agora), iria operar mudanças em sua administração.

A tradicional reunião de 9h da manhã de segunda-feira será ampliada na semana que vem (20.jul2015). Além dos ministros palacianos, outros já estão sendo convocados. E também os líderes governistas no Congresso - que estariam fora de Brasília por causa do recesso, mas terão de retornar à cidade.

É incerto se a presidente cederá imediatamente à pressão para trocar o núcleo político no Palácio do Planalto. Dilma reage mal à pressão. Mesmo que entenda ser a saída correta, não gosta de ser ?empurrada? para tomar uma decisão. Seu comportamento remete a uma frase antiga e sempre atribuída a Tancredo Neves (1910-1985), que uma vez estava disposto a fazer um acordo político, mas sentia-se emparedado pelos interlocutores. Aí, o mineiro disse: ?Empurrado eu não vou?.

Ocorre que Dilma não dispõe de muito tempo para fazer conjecturas tancredianas.

Agosto, setembro e outubro serão meses desastrosos para a economia. Dezenas de indicadores mostram esse cenário de maneira bem clara. A Operação Lava Jato continuará a trazer disrupção à política. O Congresso ficará ainda mais descontrolado. Em 16 de agosto deve ocorrer uma série de atos de protesto no país inteiro contra Dilma e a favor de sua saída do Palácio do Planalto.

Há um consenso no entorno da presidente - entre os poucos que ainda acham possível reabilitar o governo - a respeito da inoperância da equipe palaciana que cuida da política. Exceto pela presença do vice-presidente da República, Michel Temer (PMDB), que tem feito a articulação com o Congresso, todo o restante do grupo palaciano é tido como ruim de serviço.

No topo da lista de descontentamento está Aloizio Mercadante, um petista cujo relacionamento com deputados e senadores foi sempre arestoso. Pela forma como se apresenta, Mercadante é conhecido em Brasília como "o José Serra do PT", numa alusão ao tucano paulista, um político também notório por ter pouco ou nenhum prazer pelas minudências da vida congressual.

O mais provável na segunda-feira (20.jul.2015) é que a presidente anuncie algumas mudanças na atitude do governo a partir de agora. Haverá mais gente vocalizando posições na defesa do Palácio do Planalto, de maneira mais rápida e coordenada - como no caso das notas de Dilma e do PMDB em resposta ao anúncio de rompimento do presidente da Câmara, Eduardo Cunha.

A presidente e seus ministros também deverão reservar mais tempo em suas agendas para fazer política, em viagens pelo país.

E o principal: a fisiologia correrá mais solta, com mais distribuição de cargos e liberação de emendas ao Orçamento para deputados e senadores. Michel Temer tem ocupado essa função de "distribuidor geral de benefícios a políticos", mas suas promessas muitas vezes são obstaculizadas pela Casa Civil, sob comando de Aloizio Mercadante.

Daí a razão pela qual existe tanta pressão pela saída de Mercadante e pela entrada de Jaques Wagner - que já trabalhou no Planalto como articulador do governo Lula e foi governador a Bahia, acumulando ampla experiência nessa área.

Os defensores dessa alteração já tem até uma fórmula. Haveria um "roque" (como no xadrez), de troca de posições. Jaques Wagner deixaria o Ministério da Defesa e iria para a Casa Civil. E Mercadante sairia da Casa Civil para ocupar a Defesa.

Michel Temer, nessa formação, continuaria comandando a articulação política. Mas Eliseu Padilha, ministro da Aviação Civil, assumiria de uma vez a cadeira ministro na Secretaria de Relações Institucionais do Palácio do Planalto - o balcão operacional do governo para atender a deputados e senadores.

Padilha já ocupa informalmente essa cadeira. Despacha quase diariamente da sede da SRI, no Planalto. Mas ficaria ainda mais empoderado se vier a assumir o posto oficialmente - e o governo ainda ganharia uma vaga extra de ministro (Aviação Civil) para oferecer (e agradar) a algum grupo aliado no Congresso.
Herculano
19/07/2015 06:47
EM CAUSA PRÓPRIA, editorial do jornal Folha de S. Paulo

Acusado por delator, Eduardo Cunha rompe com o governo Dilma, desfere bravatas e aposta no caos institucional como forma de defesa

Apesar de seu partido pertencer à base aliada, Eduardo Cunha (PMDB-RJ) se comporta como adversário do governo Dilma Rousseff (PT) desde o dia em que se elegeu presidente da Câmara dos Deputados. Derrotou o petista Arlindo Chinaglia (SP) na disputa pelo comando da Casa e fez da oposição ao Planalto seu esporte favorito.

Manobrando para aprovar a redução da maioridade penal, defendendo a liberação obrigatória de verbas para emendas parlamentares ou propugnando por uma reforma política tirada da cartola, Cunha impôs seguidos e custosos reveses aos interesses do Executivo.

Embora tenha se situado em campo contrário ao do governo em tantas questões substantivas, o presidente da Câmara jamais havia chegado ao extremo de cortar relações. Assim que se sentiu ameaçado pelas investigações sobre o escândalo de corrupção na Petrobras, porém, anunciou a ruptura.

O lobista Julio Camargo afirmou à Polícia Federal que, em 2011, pagou US$ 5 milhões a Eduardo Cunha com vistas a garantir um contrato bilionário com a estatal.

Valendo-se de um velho truque, com o agravante de utilizar em seu benefício o peso de uma instituição da República, o peemedebista procurou afastar as suspeitas dizendo-se vítima de vingança política.

Segundo essa narrativa, o Executivo procurava transferir a crise para o Congresso; com esse propósito, cuidara para que Rodrigo Janot, chefe do Ministério Público Federal, obrigasse Camargo a mentir.

"Desminto com veemência as mentiras do delator e o desafio a prová-las", disse. Nem precisaria: o acordo de colaboração que Camargo fez com as autoridades só terá validade se, de fato, suas informações puderem ser comprovadas.

O mesmo raciocínio não se aplica às bravatas de Cunha, o que é uma pena. Suas acusações são gravíssimas, e qualquer presidente de Poder que quisesse ser levado a sério só deveria formulá-las com evidências à mão.

Não há sinais de que o deputado fluminense as tenha ?e tudo o mais sugere, aliás, que o governo não controla as investigações.

De resto, chafurdando em uma crise econômica e política de profundidade ainda não de todo conhecida, o Planalto teria muito a perder se apostasse na instabilidade como boia de salvação.

Em nota de qualidade incomum para os padrões da administração Dilma Rousseff, o governo disse esperar que a posição do peemedebista "não se reflita nas decisões e nas ações da presidência da Câmara", pois estas - nada mais preciso - devem se guiar pela imparcialidade e pela impessoalidade.

São princípios com os quais Eduardo Cunha, para desolação nacional, parece não simpatizar. Alegando resgatar a independência do Congresso, atua antes como agente do caos legislativo, arauto da discórdia institucional e mensageiro da causa própria.
Herculano
19/07/2015 06:44
PAPEL HIGIÊNICO

Pensando bem, se o governo de Raimundo Colombo, PSD, chega ao cúmulo de deixar faltar papel higiênico numa escola pública de centenas de estudantes, ele atesta de que a m.. está instalada e fez uma opção indigna.

Se a secretaria de Desenvolvimento Regional de Blumenau, de Cássio Quadros, PSD, que deveria licitar e cuidar deste assunto primário para o governo do Estado arruma culpados e adia a solução para algo tão simples e necessário, é por que gosta mesmo deste tipo de fedor e aposta que nossos narizes estão todos tapados. Nada hoje é mais indigesto para um cabidero de políticos sem votos e desempregados que sugam os nossos pesados impostos, pagos para não gerar este tipo de m...

Se o vereador de Gaspar, Marcelo de Souza Brick, PSD, atrasado, vai para o seu facebook, insistente depois da antecipação das férias e ausência comunitária se mostrar surpreso, faz proselitismo e não tem a solução, é porque ele já perdeu o olfato e não sabe mais distinguir essencialmente perfume e fedor. Vai ver para ele, e seus amestrados da imprensa e que fazem fake neste espaço, o culpado deve ser quem lhe cobra isto em público, de um assunto essencialmente público.
Herculano
19/07/2015 06:29
ESCREVEM TORTO POR LINHAS CERTAS, por Carlos Brickmann

O presidente da Câmara, Eduardo Cunha, está correto ao anunciar investigações sobre o BNDES e os Fundos de Pensão: se há dúvidas sobre seu funcionamento, é papel do Congresso investigá-las. Pena que Cunha não faça isso por convicção, mas para vingar-se do Governo, que tentou barrar-lhe a eleição para a Presidência da Câmara, e a quem acusa de insuflar a Procuradoria Geral da República a pedir investigações contra ele. É ótimo que a Procuradoria investigue tanto Cunha quanto o presidente do Senado, Renan Calheiros; pena que, para a Presidência, isso funcione para tentar moderar a oposição de ambos ao Governo.

Deixemos claro, impeachment é medida prevista na legislação. Por mais transtornos que cause, é lei, não é golpe. Mas vamos combinar que é preciso primeiro encontrar um fato que possa levar ao impeachment para depois invocá-lo. Decidir primeiro o impeachment e depois procurar o fato gerador é um erro.

Cabe ao Senado aprovar ou rejeitar o procurador-geral indicado pela presidente. Mas não cabe ao Senado ameaçar Janot de rejeição para vingar-se das investigações contra Renan Calheiros e das ações contra senadores do início da semana. É verdade, também, que o espetáculo para a TV da apreensão dos carros de Collor não era necessário para as investigações. Se bem que, como disse o jornalista Sandro Vaia, "se Collor repudia com veemência, coisa ruim não deve ser".

Deus, reza o provérbio, escreve certo por linhas tortas. Escrever errado por linhas certas não é coisa de Deus, mas de seu grande inimigo.

É TRISTE, SIM

Para boa parte dos políticos brasileiros, e para tristeza de boa parte dos cidadãos, aqui até as coisas boas são feitas por motivos errados.

LULA LÁ

A abertura oficial de investigações sobre o ex-presidente Lula, pela Procuradoria da República no Distrito Federal, abre nova temporada de acirramento da crise: independentemente do que dizem as leis, Lula é intocável para grande número de pessoas. Mais do que líder político, é um ídolo a ser defendido a qualquer custo. As forças petistas podem ter-se descuidado na defesa de José Dirceu, José Genoíno, Delúbio Soares, João Vaccari Neto e outros expoentes do partido, mas certamente estarão unidas em defesa de seu líder maior.

É a hora do "mexeu com ele, mexeu comigo". Mesmo que Rodrigo Janot seja o mais votado na lista tríplice do Ministério Público para procurador-geral, Dilma será pressionadíssima para não reconduzi-lo ao cargo; e é até provável que os senadores petistas se unam à bancada pró-Renan para, caso Janot seja indicado, vetá-lo.

O que se investiga é a possibilidade de que Lula tenha feito tráfico de influência para beneficiar a Odebrecht, o que incluiria acesso mais desburocratizado a recursos oficiais, em seus negócios com Governos estrangeiros.

QUEM FICA NA LOJINHA?

Dilma e Temer foram citados em delações premiadas sobre dinheiro sujo em campanha, o que pode gerar a anulação da chapa inteira, presidente e vice. Renan e Eduardo Cunha, presidentes das duas casas do Congresso, estão sendo investigados (Renan por corrupção passiva, formação de quadrilha e lavagem de dinheiro) - e ambos estão em rota de colisão com o Governo e a Procuradoria Geral da República, pelas investigações contra eles e pelas ações contra senadores e deputados. O principal líder petista entra na lista dos investigados. As campanhas de Aécio, presidente nacional do PSDB, e do senador Aloysio Nunes, seu vice na chapa, foram citadas em delação premiada como receptoras de recursos ilegais.

Com grande parte dos dirigentes em dificuldades, quem é que está tomando conta da lojinha?

PERTINHO, PERTINHO

Agosto começa dentro de pouco menos de duas semanas. A tradição de agosto na política brasileira é temida: no dia 22 (1976), o ex-presidente Juscelino Kubitschek morreu num acidente de carro na estrada; no dia 24 (1954), o presidente Getúlio Vargas se suicidou com um tiro no peito, no Palácio do Catete, Rio; no dia 25 (1961), o presidente Jânio Quadros renunciou ao cargo.

QUANDO SETEMBRO CHEGAR

Está marcado para o início de setembro o programa nacional de rádio e TV do PMDB. Renan, Temer e Eduardo Cunha devem ancorar a propaganda do partido, que se apresentará à população como garantia de estabilidade moral.

IMPOSTO NA VEIA

Por falar em estabilidade, Governo e Oposição parecem ter a mesma opinião sobre o papel do eleitor: é o de pagar as contas, e sem reclamar. Em São Paulo, a fortaleza tucana, o governador Geraldo Alckmin, além de reduzir uma devolução de impostos implantada por seu antecessor, o também tucano José Serra, ainda a adiou por seis meses. Devolve menos, mais tarde. Ao identificar-se pelo CPF, na Nota Fiscal Paulista, o contribuinte tinha direito à restituição de 30% do ICMS pago na compra (para o Governo, é ótimo: o próprio comprador exige a nota).

Alckmin reduziu a restituição para 20%, a ser paga não em outubro, conforme a praxe, mas em abril de 2016. E diz que o dinheiro será usado na Saúde. Então, tá.
Herculano
18/07/2015 21:30
NO JORNAL NACIONAL, da REDE GLOBO NESTE SÁBADO DEFESA DE PIZZOLATTI ADMITE QUE ELE TINHA CONHECIMENTO DE CAIXA DOIS NO PP E QUE PARTE DO DINHEIRO DAS SUAS MUITAS CAMPANHAS PODE TER VINDO DE DOAÇÕES ILÍCITAS. PARA QUEM NEGAVA TUDO, ACUSAVA DELATORES DE MENTIROSOS, SE PROTEGIA NO FORO PRIVILEGIADO E PRINCIPALMENTE REPUDIAVA A IMPRENSA QUE NOTICIAVA O SEU EVOLVIMENTO NO CASO, É UM RECUO MUITO IMPORTANTE PARA O ÓBVIO CERCADO DE PROVAS

Conteúdo da TV Globo, de Brasília. Reportagem de Vladimir Netto e Mariana Oliveira. O braço direito do doleiro Alberto Youssef, Rafael Ângulo, afirmou em acordo de delação premiada firmado na Operação Lava Jato que cada "delivery" de propina a políticos ligados ao Partido Progressista (PP) chegou a até R$ 200 mil.

O acordo de delação de Rafael Ângulo foi homologado pelo Supremo Tribunal Federal (STF) e ainda está sob sigilo. Os depoimentos do delator ajudaram a Polícia Federal (PF) a cumprir, na última terça-feira (14), 53 mandados de busca e apreensão na casa de políticos. Ângulo citou na delação nomes de diversos políticos com foro privilegiado, entre eles o senador Fernando Collor de Mello (PTB-AL), para quem relatou ter entregue em mãos R$ 60 mil.

Aos investigadores, o entregador de Youssef contou que, no começo de 2008, passou a participar de almoços com políticos em razão do papel que iria exercer: o repasse da propina.

Segundo ele, a partir de então, começou a ver políticos no escritório do doleiro. Entre eles, estariam os ex-deputados do PP Pedro Corrêa(PE), Mário Negromonte (atual conselheiro do Tribunal de Contas dos Municípios da Bahia) e João Pizzolatti (SC), além do deputado federal Nelson Meurer (PP-PR). Os políticos negam envolvimento no esquema de corrupção (veja detalhes abaixo).

Conforme a investigação da Lava Jato, o dinheiro repassado a esses políticos foi desviado de contratos da Petrobras? o PP mantinha o comando de uma diretoria na estatal e dividia parte do dinheiro desviado entre parlamentares da legenda, segundo investigadores.

Dinheiro em meiões
Ângulo relatou na delação que carregava o dinheiro dos subornos preso ao corpo, geralmente em meiões de futebol, e que realizava entregas principalmente em apartamentos funcionais em Brasília, em endereços indicados pelos políticos nos estados e até em ambientes públicos, como estacionamentos e aeroportos.

A pedido de Youssef, enquanto trabalhava no escritório do doleiro, Ângulo separava o dinheiro em envelopes ou sacolas ? valores de R$ 10 mil a R$ 300 mil. A quantidade que cada um pegava dependia da frequência, segundo o delator, que informou que quem ia mais frequentemente ao escritório pegava valores fracionados.

O entregador relatou que, a partir de 2009, passou a fazer viagens para entrega de dinheiro e que levou quantias em envelopes para Pedro Corrêa, Mário Negromonte, João Pizzolatti e Nelson Meurer. Os "deliveries" de propina, disse ele, oscilavam entre R$ 50 mil a R$ 200 mil.

Segundo Ângulo, às vezes a entrega era para funcionários dos políticos, em restaurantes, flats, hotéis, casas, e em ambientes públicos, como aeroportos e estacionamentos de supermercados. Em Brasília, disse ele, houve diversas entregas em apartamentos funcionais de deputados.

Rafael Ângulo também contou que muitas vezes não entregava a terceiros, mas tinha certeza quem era o destinatário porque outra de suas funções era "lançar" em tabela de controle o pagamento da propina.

Quando viajava para outro estado, também escondia o dinheiro ao corpo, e nunca carregava consigo o nome da pessoa destinatária, para evitar incriminar alguém caso fosse pego com o dinheiro. Ele, no entanto, destacou que nunca chegou a ser parado. O delator disse que, ao anotar os nomes, usava a abreviação "band", já que Alberto Youssef se referia aos políticos como "bandido": "Anota para tal bandido".

Rafael Ângulo citou entregas na casa de Pizzolatti, no apartamento funcional de quando era deputado, e também afirmou ter levado dinheiro às mãos de Negromonte duas vezes, em valores superiores a R$ 100 mil em cada oportunidade. Lembrou ainda que, em uma das vezes, chegou a receber do então conselheiro do Tribunal de Contas dos Municípios da Bahia uma "caixinha" de R$ 500.

Segundo as apurações em andamento sobre a Lava Jato, Pizzolatti e Negromonte comandavam a distribuição de propina entre os demais políticos do PP.

O que dizem os políticos:

João Pizzollatti
O advogado Michel Saliba, que defende o ex-deputado João Pizzolatti, disse que o cliente nega veementemente qualquer entrega de dinheiro em espécie por parte de Rafael Ângulo ou de qualquer pessoa que represente esquema de corrupção.

Saliba disse que o cliente tinha conhecimento de caixa-dois de campanha realizado pelo então tesoureiro do PP José Janene, nas eleições de 2010, e que, após a morte de Janene, Youssef efetuou pagamentos de pendências de campanha. Segundo a defesa, Pizzolatti admite que pode ter tido despesas pagas por Youssef para fechar a dívida de campanha que Janene tinha com ele.

Nelson Meurer
O advogado Michel Saliba, que também defende o deputado Nelson Meurer no processo da Lava Jato, disse que o cliente dele nega ter recebido dinheiro por parte de Rafael Ângulo ou de qualquer outra pessoa.

Pedro Corrêa
Saliba, que também defende o ex-deputado Pedro Corrêa, afirmou que o cliente recebeu dinheiro de Youssef porque tinha negócios com José Janene na área de agropecuária. Segundo ele, com a morte de Janene, Alberto Youssef assumiu o negócio. Por conta disso, Youssef repassava valores a Pedro Corrêa. "Pedro Corrêa afirma e vai provar que os valores são fruto dos negócios que ele tinha com José Janene e que ficaram sob comando de Alberto Youssef."

Mário Negromonte
O advogado Carlos Fauaze, que defende Mário Negromonte na Lava Jato, disse que o cliente dele nega "peremptoriamente" qualquer envolvimento em esquema de corrupção.

Ainda segundo o criminalista Carlos Fauaze, somente após ele concluir a análise dos depoimentos de Rafael Ângulo no acordo de delação premiada é que ele irá comentar as acusações.
Sidnei Luis Reinert
18/07/2015 18:39
Alvo do Leão da Receita e da Lava Jato, Cunha vira oposição, lança CPIs e acelera impedimento de Dilma


Edição do Alerta Total ? www.alertatotal.net
Por Jorge Serrão - serrao@alertatotal.net

Dilma Rousseff já pode fazer a contagem regressiva para deixar a Presidência da República, depois que Eduardo Cunha anunciou seu rompimento com o governo? A resposta parece ser positiva. Revoltado depois que sofreu uma devassa fiscal promovida pelo Núcleo de Inteligência da Receita Federal e injuriado por ter sido denunciado em delações premiadas da Lava Jato, o presidente da Câmara garante ter maioria folgada, de mais de 300 parlamentares, para votar e aprovar um pedido de impeachment de Dilma, por crime de responsabilidade, seja em função das pedaladas fiscais ou por qualquer outro motivo.

Na onda de "oposicionista", Eduardo Cunha resolveu partir para um confronto final com a petelândia. Mandou criar a CPIs do BNDES - que vai atingir o até agora intocável Luciano Coutinho (presidente do banco e membro do conselho de administração da Petrobras). Em agosto, Cunha já dá como certa outra bomba: a instalação da CPI dos Fundos de Pensão. Cunha avalia que acaba com Dilma e Lula, acendendo a fogueira destas duas comissões parlamentares de inquérito.

O grande perigo do movimento oposicionista, aparentemente sem retorno, de Eduardo Cunha é que o governo ficará definitivamente paralisado. Tal inércia compulsória, combinada com as besteiras que agravaram a maior crise estrutural, política, econômica e moral nunca antes vista em nossa história, tende a parar o Brasil, se não houver uma solução imediata para o impasse institucional que tem tudo para se prolongar.

Cunha já avisou ontem que, em 30 dias, terá um parecer sobre 11 pedidos de impedimento da Presidenta apresentados na Câmara. Cunha já soltou seus pit-buls contra Dilma. Mandou ontem um ofício ao deputado Jair Bolsonaro (PP-RJ), dando um prazo de dez dias para ele justificar o pedido de impeachment feito em 12 de março deste ano. O de Bolsonaro é o único pedido feito e assinado por um parlamentar - o que tem peso jurídico. Militantes do Movimento Brasil Livre também pediram o afastamento de Dilma. Cunha quer esgotar a pauta de pedidos com votação no plenário que ele domina.

A revolta de Eduardo Cunha fará com que a Câmara comece a cumprir uma obrigação: a análise das contas dos governos. Isto nunca foi feito na gestão dos petistas. A última apreciação e aprovação ocorreu em 2002, com Fernando Henrique Cardoso. As contas de todas as administrações de Luiz Inácio Lula da Silva (2003 a 2010) e de Dilma Rousseff (2010 até agora) nunca foram analisadas pelo Congresso Nacional.
Herculano
18/07/2015 17:47
RECUO DEPOIS DA REAÇÃO DO TIRO QUE DISPAROU E ATINGIU O SE PRÓPRIO PÉ, PERMITINDO UMA TÊNUE SOBREVIDA AOS ENROLADOS DILMA, PT E LULA? CUNHA DIZ NÃO BUSCAR APOIO E NÃO TER PAUTA DE VINGANÇA CONTRA O GOVERNO

Conteúdo do jornal Folha de S. Paulo. Texto de Mariana Haubert, da sucursal de Brasília. Um dia após anunciar o seu rompimento com o governo presidente Dilma Rousseff, o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), afirmou que não tem uma pauta de vingança para colocar em votação contra o Planalto e que não buscava apoio nem do seu partido e nem da oposição ao mudar sua orientação política.

"Como presidente da Câmara vou me conduzir da mesma forma que venho me conduzindo, com independência e harmonia com os demais Poderes. Não existe pauta de vingança e nem pauta provocada pela minha opção pessoal de mudança de alinhamento político" disse em seu perfil do Twitter na tarde deste sábado.

O peemedebista oficializou a ruptura, nesta sexta-feira (17), após ser acusado pelo lobista Julio Camargo de receber US$ 5 milhões de propina do petrolão.

Desafeto do governo desde que chegou à presidência da Câmara, no início do ano, Cunha acusa os petistas de incentivar as investigações sobre as suspeitas de que foi beneficiado pelo esquema de corrupção na Petrobras, revelado pela Operação Lava Jato. .

Apesar de negar a intenção de colocar uma pauta de vingança em votação, Cunha criou nesta sexta (17) três CPIs (Comissões Parlamentares de Inquérito), sendo uma delas, a que investigará irregularidades de empréstimos feitos pelo BNDES. Além destas, a comissão que investigará irregularidades em fundos de pensões de estatais já tem autorização para ser criada no próximo mês.

Ambas fazem parte do arsenal de Cunha para retaliar o Planalto.

O peemedebista também deu prosseguimento aos processos de pedidos de impeachment contra Dilma protocolados na Câmara.

Cunha quer ter um parecer sobre o assunto em 30 dias. Nesta sexta, ele pediu que os autores dos requerimentos atualizem seus pedidos para que eles possam tramitar.

A decisão de Cunha não contou com o apoio nem mesmo do PMDB, que declarou ainda fazer parte do governo e que, qualquer mudança política deveria passar por todas as instâncias do partido. A sigla também enfatizou que a posição de Cunha é pessoal.

A oposição, que tem andado de mãos dadas com Cunha desde que ele derrotou o PT e o governo e conquistou a presidência da Câmara, em fevereiro, também não saiu em defesa do peemedebista. Apenas o Solidariedade foi a público apoiá-lo.

Neste sábado, Cunha afirmou que não buscava apoio. "Não busquei e nem vou buscar apoio para isso, a não ser o debate na instância partidária competente. E também não busquei e nem vou buscar apoio fora do PMDB, até porque cada partido tem e terá a sua postura dentro da sua lógica. O meu gesto não significará que estou buscando ganhar número para enfrentar e derrotar governo", escreveu.

O peemedebista negou ainda que irá prejudicar o andamento do ajuste fiscal, pauta prioritária para o Planalto neste ano. "Não tenho histórico de ajudar a implementar o caos na economia por pautas que coloquem em risco as contas públicas", escreveu.

Cunha, no entanto, já afirmou publicamente que não aceitará votar o projeto de lei encampado pelo governo de repatriação de dinheiro depositado no exterior e tem dito, nos bastidores, que poderá travar a votação do projeto que altera a desoneração da Folha de pagamento para diversos setores da economia. As duas propostas são cruciais para o sucesso do ajuste, conduzido pelo ministro da Fazenda, Joaquim Levy.

O presidente da Câmara voltou a dizer que acionará o juiz Sergio Moro no STF (Supremo Tribunal Federal) por meio de uma reclamação para que o seu caso seja analisado pela Corte.

Ele afirma que Moro não poderia ter aceito a delação de Camargo porque ele não tem competência para tratar do caso de um deputado, que tem foro especial e, por isso, só pode ser julgado pela Suprema Corte.

"Por várias vezes em oitivas ele interrompia as testemunhas e dizia que não podia tratar de quem tinha foro de STF. Ao que parece ele mudou. E quanto a isso meus advogados ingressarão com reclamação no STF", escreveu no Twitter
Herculano
18/07/2015 17:38
COMO COLLOR FOI ACEITO NO POMAR MÁGICO DOS PETISTAS

Conteúdo de Veja. Texto de Rodrigo Rangel e Robson Bonin. Nas projeções mais otimistas, calcula-se que corruptos e corruptores envolvidos no escândalo da Petrobras tenham desviado algo perto de 19 bilhões de reais dos cofres da empresa. A estatal era o paraíso, o nirvana para gente desonesta, incluindo os empreiteiros, os servidores públicos e os políticos já identificados como parceiros da partilha do dinheiro roubado. Na semana passada, o lobista Julio Camargo, um dos delatores do caso, tentou explicar ao juiz Sergio Moro a essência do petrolão. Na visão dele, a corrupção na Petrobras poderia ser ilustrada pela figura do fruto proibido. Os contratos eram como maçãs que os empreiteiros ansiavam saborear em sua plenitude.

O que os impedia eram os partidos e os políticos da base do governo. "É aquela história, olhar a maçã e dizer: 'Como vou pegar essa maçã? Tem uma regra do jogo que eu preciso atender. Do contrário, não vou comer a maçã'?", disse Camargo. A "regra do jogo", o caminho mais curto para alcançar a árvore e apoderar-se dos frutos, como as investigações da Operação Lava-Jato já revelaram, era pagar propina. Durante os dois primeiros mandatos de Lula e ao longo de todo o primeiro mandato de Dilma Rousseff, o PT usou o pomar para governar.

Distribuir as maçãs virou um método, um atalho que o partido encontrou para garantir a fidelidade dos amigos e seduzir eventuais adversários, transformando-os em cúmplices de um crime contra toda a sociedade. Na semana passada, a polícia bateu na porta de alguns convivas do banquete.

Os investigadores cumpriram 53 man­dados de busca e apreensão nas residências e nos escritórios de políticos suspeitos de corrupção no escândalo da Petrobras. Entre os alvos estavam parlamentares e ex-parlamentares, incluindo dois ex-ministros do governo da presidente Dilma.

No episódio mais emblemático da ação, os agentes devolveram ao noticiário político-policial a antológica Casa da Dinda, a residência do ex-presidente Fernando Collor, cenário do escândalo que, nos anos 90, levou ao primeiro impeachment de um presidente da República.

Os policiais apreenderam documentos, computadores e três carros de luxo da frota particular do atual senador: um Lamborghini Aventador top de linha (3,5 milhões de reais), uma Ferrari vermelha (1,5 milhão de reais) e um Porsche (700?000 reais). Nem o bilionário empresário Eike Batista em seus tempos de bonança exibia modelos tão exclusivos - e caros.

Collor, até onde se sabe, é um empresário de sucesso. Sua família é proprietária de emissoras de televisão e rádio em Alagoas, terrenos, apartamentos, títulos, ações, carros... A relação de bens declarados pelo senador soma 20 milhões de reais, o suficiente para garantir vida confortável a qualquer um.

Collor, apesar disso, não resistiu à tentação e adentrou o pomar petista. Em 2009, ele assumiu a presidência da Comissão de Infraestrutura do Senado. Com significativo poder para fiscalizar os destinos das obras do PAC, a vitrine de campanha da então candidata Dilma Rousseff, o senador se apresentava como um obstáculo para o governo.

A maçã lhe foi oferecida. O ex-presidente Lula entregou ao senador duas diretorias da BR Distribuidora, uma subsidiária da Petrobras - a diretoria da Rede de Postos de Serviço e a de Operações e Logística. No comando desse feudo, segundo os investigadores, Fernando Collor criou o seu balcão particular de negócios dentro da maior estatal brasileira, o que lhe renderia milhões em dividendos.

Segundo depoimentos colhidos na Lava-Jato, o esquema obedecia a uma lógica simples. As empresas que tinham interesse em assinar contratos com a BR acertavam antes "a parte do senador". Foram dezenas de contratos. A polícia já identificou dois que passaram por esse crivo.

Num deles, de 300 milhões, um empresário do ramo de combustíveis pagou a Collor 3 milhões de reais em propinas para viabilizar a compra de uma rede de postos em São Paulo. A operação foi revelada pelo doleiro Alberto Youssef em acordo de delação premiada. Encarregado de providenciar o suborno ao senador, Youssef fez a entrega de "comissões" em dinheiro, depósitos diretos na conta do parlamentar e transferências para uma empresa de fachada que pertence a Collor.

O Lamborghini, até recentemente o único do modelo no Brasil, está em nome da tal empresa, o que fez os investigadores suspeitar que o carro foi bancado com dinheiro desviado da Petrobras. Desde o ano passado, quando explodiu a Operação Lava-Jato e as torneiras da corrupção se fecharam, o IPVA do carro não é pago pelo ex-presidente. A dívida acumulada é de 250?000 reais. Mas não é desapego do senador.

Zeloso, ele só usava o carro para passeios esporádicos a um shopping de Brasília. Quando isso acontecia, o Lamborghini permanecia sob a vigilância de dois seguranças do senador, que fixavam um perímetro de isolamento em torno do veículo para evitar a aproximação dos curiosos. A frota de luxo de Collor - revela Lauro Jardim, na seção Radar - conta com um Rolls-Royce Phantom 2006, mais exclusivo ainda do que o Lamborghini.
Herculano
18/07/2015 17:32
E AINDA TEM UM ROLLS-ROYCE..., por Lauro Jardim

Fernando Collor teve sorte. Os agentes da Polícia Federal apreenderam na Casa da Dinda as já célebres Ferrari, a Lamborghini e o Porsche, mas não teve a curiosidade de dar uma passada em sua casa paulistana, no Jardim Europa.

Se fosse até lá, poderia dar de cara com o símbolo máximo dos automóveis de luxo, o Rolls-Royce 2006 aí de cima - um fausto para poucos: a montadora britânica fabrica apenas doze desses por ano.

O carrão, assim como a Ferrari e a Lamborghini, está em nome da Água Branca Participações, empresa na qual ele e a mulher, Caroline Serejo, são sócios.

O Rolls-Royce modelo Phantom é essa beleza que se vê, mas não é lá muito econômico: faz seis quilômetros com um litro de gasolina - mas quem há de se importar com miudezas, não é mesmo?

Ainda assim, Collor está devendo 33 000 reais de IPVA.

A propósito, este não é o único carro que o senador possui em São Paulo.
Herculano
18/07/2015 17:23
PERGUNTAS QUE NÃO AINDA NÃO FORAM RESPONDIDAS

1. Fala papel higiênico na Secretaria de Desenvolvimento Regional de Blumenau, tocada por seu Cassio Quadros, PSD?

2. Alguém lá deixou de fazer esta "importante" licitação e compra para a secretaria, cabideiro de empregos de políticos sem votos, inclusive para os de Gaspar?

3. No Facebook longa discussão sobre este assunto, envolvendo até um neófito vereador que descobriu o problema, apesar dele estar instalado há meses na nossa mais antiga escola estadual. Afinal, qual a solução que deu, ou ficará neste bla, blá, blá sem fim? Cadê o canal de solução com Florianópolis e Blumenau? Este blá, blá, blá o pessoal da atual administração é mestre em relação as coisas Brasília. Parece coisa de mestre e aluno. Acorda, Gaspar!
Herculano
18/07/2015 17:11
INTITUIÇÕES ESTÃO ACIMA DE LULA E CUHA OU QUEM FOR, editorial do jornal O Globo

Não é sempre que um ex-presidente e um chefe do Legislativo são envolvidos em investigações de órgãos do Estado, mas tudo se passa na normalidade institucional

Ainda faltam duas semanas para agosto, mês temido pelos políticos supersticiosos, e a crise entre Congresso e Executivo ganha volume e densidade. Começou na madrugada de terça, quando policiais federais, com mandados de busca e apreensão assinados por ministros do Supremo, vasculharam residências e escritórios de, entre outros, três senadores e um deputado - senador e ex-presidente Fernando Collor de Mello (PTB-AL); Ciro Nogueira (PP-PI); senador e ex-ministro Fernando Bezerra (PSB-PE) e o deputado Eduardo Fonte (PP-PE).

A operação decorria de informações que vêm sendo colhidas a partir da Lava-Jato. A ação foi bastante criticada também pelo presidente do Senado e do Congresso, Renan Calheiros (PMDB-AL), já mencionado em delações como beneficiário do petrolão.

Outro citado, o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), ganharia destaque a partir da tarde de quinta, ao entrar no ar no site do GLOBO vídeo do depoimento à força-tarefa da Lava-Jato do consultor Júlio Camargo, intermediário de propinas, uma delas, segundo disse, para Cunha. Seriam US$ 5 milhões, cobrados pelo deputado para deixar em paz as empresas Samsung e Mitsui, fornecedoras da Petrobras.

Elas estavam sendo acossadas por requerimentos de informações aprovados na Comissão de Fiscalização Financeira da Câmara por deputados do grupo do presidente da Casa.

Mais agressivo que Renan, Cunha declarou guerra: rompeu formalmente com o governo e acusou o Planalto e o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, de tramarem contra ele, bem como o juiz Sérgio Moro. Ora, é difícil imaginar essa aliança. Se existisse, por que o Planalto não livrou da prisão o tesoureiro do PT, João Vaccari, e outros próximos ao partido?

O PMDB teve o cuidado de, em nota oficial, qualificar de ?posição pessoal? a atitude de Cunha. Que começou a retaliação: aprovou a formação de duas CPIs indigestas para o Planalto, sobre o BNDES e fundos de pensão de estatais. O mesmo fizera Renan no Senado, no dia anterior.

Por coincidência, soube-se, também na quinta-feira, que o ex-presidente Lula passou a ser investigado pelo MP do Distrito Federal, sob suspeita de que teria praticado tráfico de influência para ajudar a Odebrecht em obras no exterior, inclusive facilitando a obtenção de empréstimos no BNDES.

Lula tem, agora, oportunidade de provar que não atuou como lobista. Pelo menos influência na máquina pública, mesmo depois de sair do Planalto, ele manteve. Afinal, o PT executou com competência a subordinação do aparato do Estado aos interesses do partido, e, vê-se agora, com a Lava-Jato, a desejos pessoais de líderes estrelados.

Embora esta não esteja sendo uma semana qualquer na política, tudo transcorre dentro dos marcos institucionais. Lula e Eduardo Cunha, quem for, não estão livres de ser investigados, denunciados e punidos, como estabelece a legislação, sempre com amplas garantias de defesa.
Herculano
18/07/2015 17:09
A CAPA DE VEJA

A capa da revista Veja desta semana, e que está nas bancas, retrata uma capa imitando os tabloides sensacionalistas ingleses. Muita cor berrantes, títulos garrafais e definitivos. Diferente. É que as notícias são chocantes... Este é o Brasil.
Herculano
18/07/2015 17:00
SENSIONALISTAS SÃO OS FATOS, INFORMA A CAPA DE VEJA QUE É A CARA DO BRASIL, por Augusto Nunes, de Veja

Surpreendidos pela inventividade da capa desta semana, os milicianos que a cada sete dias juram de morte a revista sem a qual não sabem viver dormirão sonhando que VEJA finalmente escancarou a opção pelo sensacionalismo jornalístico. A profusão de cores, o gigantismo das letras, um ponto de exclamação no papel de borduna do idioma, o tom estridente - são deliberadamente escancaradas certas semelhanças com tabloides ingleses especializados na difusão de notícias escandalosas. Cretinos fundamentais não têm cura. Nem vale a pena sugerir-lhes que leiam a constatação resumido no círculo azul que enfeita a testa de Eduardo Cunha.

A capa recorreu a elementos do jornalismo sensacionalista para sublinhar a verdade perturbadora: sensacionalistas são os fatos. Sensacionalista é a crise institucional sem precedentes, ou a dinheirama inverossímil movimentada pelos gatunos da Petrobras. Sensacionalista é a conjugação dos quatro assombros que se aglomeram em poucos centímetros de papel. No canto superior esquerdo, por exemplo, um ex-presidente abalroado por um modestíssimo Fiat Elba reaparece na cena do crime tripulando carrões de matar de inveja a lista inteira dos bilionários da Forbes. O quarentão que subiu a rampa do Planalto fingindo caçar marajás é agora o quase setentão que pode deixar o Senado na traseira de um camburão.

Na área central, o presidente da Câmara dos Deputados acossado por desdobramentos da Operação Lava Jato procura sair das cordas desferindo socos e pontapés na Polícia Federal, no governo e em quem mais aparecer pela proa. "Tem um bando de aloprados no Planalto", acusa o acusado (em maiúsculas). Não só no Planalto, convém ressalvar. Nem custa lembrar que há muita lógica por trás dessa loucura aparente. Foi por se julgarem condenados à perpétua impunidade que os aloprados ignoraram os limites do atrevimento.

As coisas estão mudando porque foram longe demais, atestam os destaques que dividem o rodapé. No lado esquerdo, o convite para uma incursão pela doce vida de figurões do Brasil lulopetista é ilustrado por fetiches especialmente apreciados pelos novos ricaços. O lado direito registra o desembarque de Lula no mundo real. Nos últimos 12 anos, o ex-presidente que só pensa nos pobres (mas é muito mais generoso com milionários amigos) agiu como se fosse tão inimputável quanto um bebê de colo ou um napoleão-de-hospício. A fantasia foi rasgada por um inquérito aberto pelo Ministério Público Federal.

Em países normais, um espanto de tais proporções ocorre a cada dez anos. Nos trêfegos trópicos, uma só semana produziu quatro enormidades que, conjugadas, compõem o retrato sem retoques do país neste inverno de 2015. A capa de VEJA tem cara de ficção. Lastimavelmente, é a cara do Brasil.
Herculano
18/07/2015 16:53
CARDEAL DE DILMA MONITOROU PESSOALMENTE REUNIÃO DO CONSELHO DA ELETROSUL


Conteúdo e texto de Cláudio Prisco Paraíso, para o Diário Catarinense, da RBS Florianópolis. Valter Cardeal, uma das poucas figuras da República que entra no gabinete da presidente Dilma sem ser anunciado, acompanhou in loco a reunião extraordinária do Conselho da Eletrosul que elegeu Djalma Berger presidente da empresa na quinta-feira. Cardeal é o presidente do Conselho (e diretor da Eletrobrás), além de ser da mais estrita confiança da presidente. Ele também estrelou nas páginas da edição mais recente da revista Veja, pois é suspeito de ter recebido propina para a campanha da chefe no ano passado.
Herculano
18/07/2015 15:33
ARREGANHOS AUTORITÁRIOS, por Oliveiros S. Ferreira para o jornal O Estado de S. Paulo

Fisiologismo é a prática política voltada para interesses e proveito pessoal, mediante atos de lassidão moral, prevaricação, corrupção ou afins. É a prática que o lulopetismo impôs, como nunca antes na história deste país, à gestão da coisa pública. A delação que inclui o deputado Eduardo Cunha na lista dos políticos investigados pela Operação Lava Jato ? e provocou seu rompimento pessoal com o governo ? é um passo importante, pela notoriedade do investigado, no combate aos efeitos do fisiologismo. É igualmente auspiciosa a notícia de que a Procuradoria da República no Distrito Federal abriu uma investigação formal para apurar a suspeita de tráfico de influência nas relações do ex-presidente Lula com a empreiteira Odebrecht. Assim, as atenções da Justiça voltam-se também para o principal responsável pela praga hoje disseminada na vida pública brasileira. Lula e seu PT não inventaram a corrupção. Mas aprimoram a prática e a institucionalizaram, em benefício próprio e de um projeto de poder hoje falido, a ponto de mal sustentar ereto o "poste" que colocou no Palácio do Planalto.

A exposição de uma faceta que Lula sempre dissimulou poderá completar a desmistificação de um líder populista cuja reputação foi construída sobre pés de barro, como hoje se revela aos olhos de uma nação perplexa. E a denúncia de que o presidente da Câmara cobrou propina milionária relativa a contratos com a Petrobrás explodiu como uma bomba no noticiário, não pela informação em si, que não deve ter surpreendido muita gente, mas pela destemperada reação de Eduardo Cunha. Não é de hoje que o parlamentar fluminense, eleito para o comando da Câmara dos Deputados contra a vontade e o empenho do Planalto, acusa Dilma Rousseff e seus ministros de tentarem envolvê-lo na Lava Jato. E essa é uma das razões pelas quais Cunha se tem esmerado em manipular a pauta de votações e o comportamento de seus pares de modo a retaliar o Planalto, chantageá-lo e impor-lhe sucessivas e humilhantes derrotas em plenário. Disso tudo sobrou de positivo o reerguimento da importância política e institucional do Congresso.

Mas pode ser que esse benefício não dure muito. Pois o presidente da Câmara perdeu totalmente a compostura e ultrapassou os limites éticos e protocolares que um chefe de Poder deve manter com a Presidência da República. Não se limitou a refutar as declarações do delator Júlio Camargo. Falando aos jornalistas logo após a divulgação dos termos da delação colhida em Curitiba pelo juiz Sergio Moro, Cunha acusou o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, de ter obrigado o depoente a mentir: "É muito estranho, às vésperas da eleição do procurador-geral da República e de pronunciamento meu em rede nacional, que as ameaças ao delator tenham conseguido o efeito desejado pelo procurador, ou seja, obrigar o delator a mentir". E acrescentou, tentando transformar todo o Parlamento em vítima de uma armação do Planalto: "É tudo vingança do governo. Parece que o Executivo quer jogar sua crise no Congresso".

A estratégia de defesa de Eduardo Cunha é clara. Tenta politizar a questão de seu envolvimento com a Lava Jato e desacreditar as investigações, atribuindo-as ao interesse do Planalto de afastá-lo do comando da Câmara dos Deputados. Essa estratégia, contudo, parece destinada ao malogro por estar na contramão do esforço nacional para o fortalecimento das instituições. Afinal, é justamente no contexto do saneamento moral e político da República que se encaixa a Operação Lava Jato, agora também no âmbito da Suprema Corte, responsável pela apuração dos fatos em que estão envolvidos políticos que têm direito a foro privilegiado.

A Operação Politeia, primeiro passo das investigações sob o controle do STF, é uma demonstração clara de que o Executivo, como tem argumentado o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, não tem como intervir diretamente no desenvolvimento das apurações: os 53 mandados cumpridos pela Polícia Federal que resultaram, por exemplo, na apreensão da coleção de carros de luxo do senador Fernando Collor foram assinados por três ministros da Suprema Corte.

Tudo indica, portanto, que Eduardo Cunha terá de se conformar com o curso da Lava Jato e com seu desfecho. É assim que a coisa funciona quando as instituições democráticas são mais fortes do que os arreganhos autoritários de maus políticos
Herculano
18/07/2015 15:29
PEDIDO DE VISTA PODE COMPLICAR CEDRAZ DE VEZ, por Cláudio Humberto na coluna que publicou hoje nos jornais brasileiros

O pedido de vista do presidente do TCU, Aroldo Cedraz, de processo de interesse da empreiteira UTC, pode ter selado a sua sorte. Datado de 14 de novembro de 2012, o pedido adiou por duas semanas a decisão sobre a anulação da licitação de obras na usina nuclear de Angra 3, afinal favorável à UTC. Se o achaque de R$ 1 milhão revelado por Ricardo Pessoa, dono da UTC, foi feito entre o pedido de vista e a decisão do TCU, a situação de Aroldo Cedraz se complicará de vez.

Informação privilegiada

O pedido de vista de Aroldo Cedraz pode ter-lhe possibilitado conhecer o teor do parecer do relator do caso, ministro Raimundo Carreiro.

Achaque de R$ 1 milhão

Ricardo Pessoa disse, em delação premiada, que Tiago, filho de Aroldo Cedraz, pediu-lhe R$ 1 milhão para o relator Raimundo Carreiro.

A esperança de Carreiro

Se antes do pedido de vista Carreiro já havia se posicionado contra a área técnica do TCU, que queria anular a licitação, isso pode isentá-lo.

Mesada de R$ 50 mil

Ricardo Pessoa contou também à Justiça que pagava R$ 50 mil por mês a Tiago Cedraz para receber "informações privilegiadas" do TCU.

Cunha reage para garantir Presidência da Câmara

Mesmo confirmado o indiciamento de Eduardo Cunha (PMDB-RJ) na Lava Jato, ele continua na presidência da Câmara. O Ministério Público deve indiciá-lo após a acusação de ter recebido propina da Petrobras, mas o presidente só pode ser cassado por deputados, após votação no Conselho de Ética, onde Cunha tem maioria absoluta, e no Plenário. Outra possibilidade é a renúncia de Cunha. Ele garantiu que não sai.

Caminho difícil

Pedido de cassação de mandato, no Conselho de Ética, por quebra de decoro, depende de representação de partido e votação no plenário.

Por aí, não

Segundo deputados da base aliada, Cunha tem força suficiente para "segurar" investigações que tramitarem na Corregedoria da Câmara.

Mão invisível

Cunha acredita que a delação de Júlio Camargo, da Toyo Setal, que o acusa de ter cobrado propina de US$ 5 milhões, tem "mão do governo".

Reprise

O presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ) vive situação semelhante a do ex-presidente da Câmara Severino Cavalcanti (PP), que renunciou ao cargo após acusação de recebimento de propina.

Lado "do bem"

A "jogada" de Eduardo Cunha de romper com o governo tem mais uma motivação: para evitar o "mesmo barco" dos enrolados na Lava Jato, Cunha pula para o "lado" dos 91% da população que rejeitam Dilma.

Pedala, Dilma

No Senado, o ministro Nelson Barbosa (Planejamento) e Luís Inácio Adams (AGU) entraram em contradição sobre as "pedaladas fiscais" de Dilma. Adams disse que nunca incidiu juros nos contratos com a Caixa. Barbosa falou que, apesar da incidência de juros, não era empréstimo.

Adesão ao Uber

A presidente da Câmara Legislativa do Distrito Federal, Celina Leão (PDT), cedeu aos apelos da filha, que adora o aplicativo Uber. Celina prometeu apoiar a causa, para desespero dos taxistas de Brasília.

Não está fácil

No DF a moda em 2015 é arrombar caixas eletrônicos. Este ano foram registrados 28 casos. São 17 a mais que em todo 2014. A Polícia Civil do DF investiga a suspeita de que os bandidos são de fora da capital.

Rose, a procurada

De acordo com dados do Google, três capitais lideram a busca pelo termo "Rosemary Noronha": Rio de Janeiro, São Paulo e Brasília. A capital federal é onde há mais buscas pela amiga íntima de Lula.

Pouco representa

Discursos inflamados do deputado Alessandro Molon (PT) não mudam seu desempenho pífio em pesquisas para prefeito do Rio. Com 2,4%, no máximo, Molon perde, em todos os cenários, para o técnico de vôlei Bernardinho (PSDB). Os dados são do Instituto Paraná Pesquisas.

Intimidação?

Causou estranheza na CPI da Petrobras, perguntas do relator Luiz Sérgio (PT-RJ), ex-ministro da Articulação de Dilma, à viúva de José Janene: o petista indagou sobre a relação com Augusto Nardes, do TCU, justamente o responsável por investigar as "pedaladas fiscais".

Pensando bem...

... enquanto o Congresso entra de recesso por 15 dias, o governo Dilma ainda não voltou das férias pós-eleições 2014.
Herculano
18/07/2015 15:17
VOLTA AO MUNDO EM 80 DIAS, por Upiara Boschi, interino de Moacir Pereira, no Diário Catarinense, da RBS TV Florianópolis.

Está consumado o cruzamento de sangue entre o PMDB e o PT na direção da Eletrosul. Na tarde de sexta-feira, foram nomeados os ex-deputados federais Djalma Berger (PMDB) para a presidência e Claudio Vignatti (PT) para a diretoria financeira da estatal. Como o ex-governador Paulo Afonso Vieiracontinua à frente da diretoria administrativa, falta apenas a confirmação do nome do ex-deputado estadual Jailson Lima (PT) em outra cadeira do comando do principal posto federal no Estado. A articulação das bancadas federais dos partidos, visando 2018, venceu a predileção de Dilma Rousseff (PT) por Marcio Zimmerman - que permaneceu 80 dias no cargo.
Herculano
18/07/2015 15:13
O ÓBVIO QUE TODOS SABEM. DEPUTADOS PRODUZIRAM POUCO. MAS, GASTARAM MUITO

Conteúdo e texto de Paulo Alceu. Começou o recesso e os parlamentares retornam em agosto. Claro que o governo do Estado é um grande estimulador do Legislativo enviando projetos e produzindo debates e o contraditório. O primeiro semestre deste ano foi apático e pouco ou quase nada produtivo.

O mais que mais chamou a atenção foi a reação dos professores que fizeram duramente dias a entrada Palácio Barriga Verde de dormitório. Mas essa apatia se deve principalmente a falta de uma oposição mais atuante e abrangente. Hoje estamos diante de uma maioria governista que age "cartorariamente" carimbando apoio e praticamente sufocando a oposição de representatividade mínima.

A tribuna se distanciou dos grandes confrontos de ideias e discursos eloquentes de conteúdo produtivo. Há até um certo marasmo onde todos são companheiros e quando localizado um pequeno distúrbio logo é resolvido num bate-papo a portas fechadas no gabinete.

O Legislativo perdeu a sua essência fiscalizadora e de grandes discussões se transformou muito mais num espaço de negociações e aproximações. Ou seja, não é nada salutar.
Herculano
18/07/2015 04:22
EM POUCAS HORAS, CUNHAS TORNOU-SE DESCONEXO, por Josias de Souza

Num intervalo de menos de 24 horas, Eduardo Cunha tornou-se um personagem desconexo. Revelou-se capaz de tudo, menos de formular uma defesa plausível para a denúncia de que embolsou uma petropropina de US$ 5 milhões. Em pronunciamento levado ao ar na noite desta sexta-feira, Cunha autovangloriou-se da aprovação de projetos ainda pendentes de apreciação no Senado e fez pose de político responsável:

"Hoje o Brasil vive uma crise. Crise com a qual todos sofrem e que o governo busca enfrentar com medidas de ajuste. A Câmara tem avaliado essas medidas com critério. Atenta à governabilidade do país, que é nosso dever assegurar."

Horas antes, o Eduardo Cunha da Lava Jato cuidara de desautorizar o Eduardo Cunha da televisão. Levado à vitrine de ponta-cabeça pelo delator Júlio Camargo, o primeiro Cunha aniquilara o segundo, cujo pronunciamento fora gravado antes que a propina milionária viesse à luz.

No momento, a Câmara dos Deputados é presidida por uma caricatura que dispõe de todas as prerrogativas à disposição do terceiro personagem na linha de sucessão da República. A primeira providência adotada pela caricatura, figura ingovernável, foi abrir as gavetas das CPIs e dos pedidos de impeachment.

E quanto à propina? Bem, isso é coisa do complô que uniu o Planalto e o procurador-geral Rodrigo Janot numa trama sórdida para transformar um deputado exemplar num corrupto.

O que Eduardo Cunha afirma, com outras palavras, é o seguinte: enquanto utilizava seu poder de fogo para envolver o presidente da Câmara na Lava Jato, o Planalto esqueceu de livrar das investigações a contabilidade da campanha de Dilma, ministros como Aloizio Mercadante e Edinho Silva, o tesoureiro petista João Vaccari e até o ex-ministro José Dirceu.

Eduardo Cunha parece supor que a sociedade brasileira é feita de cínicos e bobos. Para seu azar, o panelaço que soou durante seu pronunciamento deixou claro que há um outro tipo de cidadão na praça - um brasileiro que não suporta empulhações.
Herculano
18/07/2015 04:20
INFORNOS, por Igor Gielow para o jornal folha de S. Paulo

Brasília vive a progressiva inserção no quadro que representa o inferno no esplêndido tríptico "O Jardim das Delícias Terrenas", de Bosch. Tudo está escuro e pesado, matizado apenas por lampejos oriundos do lume de regiões inferiores.

É nessas nesgas de luz trevosa que se encontram as pistas do que espera o mundo político. O rompimento de Eduardo Cunha com o governo, de fato, já que de direito o é desde sempre, abre para o Planalto um portal infernal imprevisível.

Até aqui, Cunha manobrava entre estocadas e concessões ao governo, em oposição ao comportamento agressivo do seu companheiro na chefia do Senado, Renan Calheiros. Agora, Dilma tem dois dos três próceres do PMDB contra si; o terceiro, seu vice Michel Temer, está constitucionalmente ao seu lado, por ora.

Note-se que não trato aqui de culpas. Politicamente, Cunha sofreu um baque com a acusação de propina na Lava Jato, que o colocou na defensiva. Até agora, está falando virtualmente sozinho, mas não contem com isso de forma indeterminada.

Fosse outro governo, cairia com relativa facilidade - lembrem de Severino Cavalcanti e seu "mensalinho", Renan e seus rolos anteriores.

Mas falamos de Cunha, cuja sagacidade garantirá tom épico a qualquer embate. E, principalmente, da gestão natimorta de Dilma 2, que se arrasta tal e qual zumbi de cinema.

Soa prematura a comemoração palaciana das agruras do deputado, como se um ano e meio de infortúnios sobre PT e governo, fora TCU, TSE e Lula sob inédita investigação, fossem apagados do nada. Cunha ainda tem muito capital político para queimar, ao contrário de Dilma.

O enredo é complexo, e tem na Procuradoria-Geral da República ator central para determinar a velocidade da crise daqui em diante.

Institucionalmente, claro, é tudo uma tragédia sem fim e de uma opacidade desalentadora. O cenário não inspira esperança para o país.
Herculano
18/07/2015 04:18
VOTO CEGO, editorial do jornal Folha de S. Paulo

Retorna ao debate no Senado a proposta de proibir a divulgação de pesquisas às vésperas das eleições, medida que desrespeita o cidadão

O fenômeno parece ser invariável, como os fogos de artifício no Réveillon ou os tumultos na apuração das notas de escola de samba. Pela enésima vez, o Legislativo discute a possibilidade de vetar a divulgação de pesquisas eleitorais às vésperas do pleito.

Não fosse tão grave o assunto, seria possível dizer, com ironia, que ao menos desta vez os senadores acrescentaram à velha tentativa uma estratégia nova: proibir que veículos de imprensa contratem institutos que tenham prestado serviços a partidos ou órgãos públicos até um ano antes das eleições.

Trata-se apenas de outra forma de buscar o mesmo fim. Pretende-se suspender ou apequenar um direito básico dos cidadãos ?o do livre acesso à informação? em nome de temores, preconceitos e conveniências de políticos profissionais.

Atribui-se ao brasileiro o hábito de dar preferência ao candidato situado à frente nos levantamentos, renunciando a suas reais inclinações em benefício de quem lhe parecer mais próximo da vitória.

Ainda que isso possa ocorrer, a proposta de censurar as pesquisas se fundamenta num princípio equivocado e antidemocrático: o de que é melhor o voto de um cidadão desinformado do que o de um com acesso ao maior número de dados disponíveis sobre a disputa.

Valesse esse raciocínio, também poderiam os parlamentares propor que fosse suspensa a circulação de jornais, a exibição de noticiários televisivos e até a troca de ideias na internet. Tudo poderia distorcer a vontade pura do eleitor.

Claro está que controlar a tal ponto as informações e opiniões em curso seria impossível. Feito isso, nada restaria das característica democráticas de que a disputa pudesse se revestir.

A censura às pesquisas seria, ademais, discriminatória. Enquanto um pequeno grupo de políticos, publicitários e formadores de opinião poderia acompanhar os levantamentos dos institutos de sua preferência, a maioria do eleitorado ficaria às cegas sobre as tendências.

Os tribunais eleitorais exercem, de sua parte, uma vigilância sobre pesquisas inidôneas, enfrentando os riscos de manipulação - e o próprio mercado há de selecionar os institutos mais competentes, ciente de que os levantamentos não se confundem com profecias.

Seja como for, nem é certo que o cidadão siga as pesquisas para votar no primeiro colocado. Pode-se considerar que, dada a vitória certa de um candidato que não nos desagrada nem encanta, seja melhor apoiar alguém de perfil mais cortante e definido. Pode-se apostar numa mobilização em favor de segundo colocado, para inverter os resultados à última hora.

Pode-se, por fim, não acreditar nas pesquisas. A julgar pelas tendências do Senado - onde encontram simpatias os agora variados artifícios destinados a restringir ou proibir a circulação de levantamentos de opinião -, muitos parlamentares preferem não acreditar na liberdade do eleitor.
Herculano
18/07/2015 04:15
EURECA

Ontem, pelos jornais e imprensa de um modo em geral, o vereador Marcelo de Souza Brick, PSD, descobriu que falta papel higiênico nas escolas do estado, governada por Raimundo Colombo, também do seu PSD. Ficou indignado.

Mas, este assunto não é novo, inclusive no debate na Câmara onde a própria bancada do PT, cobrada por ausências essenciais nas escolas municipais, se justificou para tal, usando a falha do governo do estado. O vereador certamente não prestou atenção àquele debate, naquele dia e nem estava atento ao que está acontecendo na sua comunidade.

Ele está indignado, mas como uma onda, pois o faz tardiamente e somente após o protesto da comunidade da nossa mais tradicional escola estadual, a Honório Miranda. Acorda, Gaspar!
Herculano
17/07/2015 21:57
PARTE DOS BRASILEIROS USADOS NOS VOTOS E NO ESCALPO DOS PESADOS IMPOSTOS NÃO AGUENTAM MAIS TANTA TRAQUINAGEM, DISFARCES, TRUQUES E INTERESSES PESSOAIS DOS POLÍTICOS CONTRA O NOSSO FUTURO. DEPOIS DE ROMPER COM DILMA E PEDIR "APLAUSAÇO", FALA DE CUNHA CAUSA "BARULHAÇO" - QUE RIMA COM PALHAÇO - EM SÃO PAULO

Conteúdo do Uol (Folha de S. Paulo). O pronunciamento de Eduardo Cunha (PMDB-RJ), presidente da Câmara dos Deputados, em rede nacional foi acompanhado por protestos em forma de barulho nas ruas do país nesta sexta-feira (17). A manifestação, chamada de "barulhaço", foi convocada pelas redes sociais por estudantes cariocas.

Em São Paulo, houve registro de panelas sendo batidas na Vila Madalena e no Alto da Lapa, bairros da zona oeste da capital paulistana. Em alguns bairros da região central, como Higienópolis, Bela Vista, Cambuci e Aclimação, além da região da av. Paulista, também houve panelaço.

No Rio de Janeiro, foram ouvidos sons de panelas batendo em pelo menos quatro bairros da zona sul - Ipanema, Botafogo, Flamengo e Laranjeiras, além da Tijuca, na zona norte. Brasília também registrou episódios durante a fala de Cunha em cadeia nacional.

Durante a tarde desta sexta, Cunha fez uma tentativa de abafar os possíveis processos por meio de uma ação em redes sociais, chamada de "aplausaço".

Pedidos pelo barulhaço começaram também pelas redes sociais

Na convocação, os organizadores chamavam apoiadores para o protesto contra a "impunidade nos 23 processos em que Eduardo Cunha é réu por corrupção, contra redução da maioridade penal como prioridade no combate a violência, contra o atropelo do regimento Legislativo, contra o financiamento empresarial de campanhas, contra o fundamentalismo religioso, contra o machismo, contra a homofobia e contra a sabotagem da democracia".

Até as 20h, o evento no Facebook tinha sido visto por 2,3 milhões de pessoas e reunia 66 mil adesões. Entre os apoiadores estão movimentos sociais contrários à redução da maioridade penal e ao racismo, feministas, LGBTs e militantes de partidos de esquerda.

O presidente da Câmara foi alvo também de um "tuitaço" durante a tarde. A hashtag #CunhaNaCadeia entrou nos Trending Topics mundiais da rede social e, às 19h desta sexta-feira, ocupava a segunda colocação na lista global.

Rompimento com o governo

Os protestos ocorrem após Cunha ser citado em delação premiada na Operação Lava Jato por Júlio Camargo, consultor da Toyo Setal, como destinatário de propina no valor de US$ 5 milhões e ter anunciado oficialmente o rompimento com o governo federal.

A decisão de rompimento do deputado carioca não teve o respaldo do PMDB, seu partido, nem de siglas da oposição. Líderes oposicionistas classificaram como "muito grave" o anúncio feito pelo peemedebista, especialmente se novas denúncias surgirem contra o parlamentar.
Herculano
17/07/2015 20:37
PARA ONDE VOCÊ VAI, A NUVEM PRETA VAI ATRÁS, por Ricardo Kotscho, jornalista que foi assessor de Luiz Inácio Lula da Silva.

"Cunha anuncia hoje rompimento com governo de Dilma", informa a manchete do R7 na manhã desta sexta-feira de inverno na praia.

Pretendia dar um semana de folga também aos leitores, na esperança de que algo pudesse mudar, mas não tem jeito. De nada adianta ficar sem comprar jornais, deixar o computador desligado, passar longe da TV.

A imensa nuvem negra, que cobre o cenário político, mesmo em dias de sol, vai atrás, onde quer que você vá. Basta olhar para a cara das pessoas, ouvir as conversas, ver comércios fechados em plena temporada de férias.

Até os netos aqui em casa vieram me perguntar: "Vô, o que vai acontecer com a Dilma?

Todo mundo quer saber: e agora, o que pode acontecer com a gente, com o país?

Após ser acusado por um delator da Lava Jato de ter pedido propina de US$ 5 milhões, Eduardo Cunha, o presidente da Câmara, comunicou a Michel Temer, vice-presidente da República, que anunciará esta noite o rompimento dele com o governo, em cadeia nacional de rádio e televisão, que já estava marcada.

Era o que faltava para dar contornos ainda mais dramáticos à crise política e econômica que se alastra pelo Brasil desde o início do ano, deixando a presidente Dilma Rousseff cada vez mais isolada.

Nem com o seu mentor Lula ela poderá contar muito, já que o ex-presidente agora terá que cuidar também da sua própria defesa. Na mesma tarde de quinta-feira em que Cunha era acusado por dois delatores, o Ministério Público Federal anunciou que Lula está sendo formalmente investigado por suposto tráfico de influência para beneficiar a empreiteira Odebrecht no exterior.

E o que pretende Eduardo Cunha com o rompimento, que já vinha ameaçando há dias, ao responsabilizar o governo pela inclusão do seu nome nas investigações e denúncias da Operação Lava Jato, que se aprofundam a cada dia, e já ameaçam provocar uma crise institucional sem precedentes no nosso país?

Ele não deverá dar essa resposta em seu pronunciamento no rádio e na TV, claro, pois a dissimulação é uma das suas características, mas só posso imaginar uma explicação: ele quer ver o circo pegar fogo para ver se escapa da Justiça no meio da confusão.

Até a Grécia já encontrou uma saída emergencial para a crise esta semana, mas nós nos afundamos nela cada vez mais, sem que ninguém seja capaz neste momento de ver uma luz no final do túnel. Faltam-nos lideranças, no governo e na oposição, faltam-nos partidos de verdade, faltam-nos propostas para uma saída pacífica, falta-nos tudo.

Restam apenas incertezas, e tenho apenas uma certeza: aconteça o que acontecer, não será bom para ninguém.
Herculano
17/07/2015 20:29
CUNHA FAZ BEM EM REAGIR.E A QUESTÃO QUE NÃO QUER CALAR: POR QUE JANOT NÃO PEDIU, ATÉ AGORA, AO MENOS ABERTURA DE INQUÉRITO CONTRA DILMA? por Reinaldo Azevedo, de Veja.

Em entrevista coletiva, o deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ) anunciou o seu rompimento pessoal com o governo. Afirmou que, nem por isso, deixará de tomar decisões imparciais na presidência da Câmara. Cunha acusa o Planalto de estar por trás da nova versão apresentada por Julio Camargo, da Toyo Setal, que, em novo depoimento ao juiz Sergio Moro, afirmou lhe ter pagado U$ 5 milhões em propina. Em depoimentos anteriores, Camargo havia negado o pagamento. Segundo o deputado, a nova versão decorre da pressão feita por Rodrigo Janot, procurador-geral da República, que estaria agindo sob o comando do Planalto. Se é sob o comando, não sei. Que age de acordo com o gosto, ah, isso sim!

O PMDB emitiu uma nota curta a respeito, objetiva a mais não poder:
"A manifestação de hoje do presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha, é a expressão de uma posição pessoal, que se respeita pela tradição democrática do PMDB. Entretanto, a Presidência do PMDB esclarece que toda e qualquer decisão partidária só pode ser tomada após consulta às instâncias decisórias do partido: comissão executiva nacional, conselho político e diretório nacional."

Na entrevista, Cunha deixou claro que não está cobrando posição nenhuma do partido agora, mas que, no congresso da legenda, que ocorrerá em setembro, vai defender o rompimento oficial da sigla com o governo, mesmo o vice pertencendo ao PMDB. Ele lembrou, de forma apropriada, que Michel Temer é "indemissível". Bem, é mesmo. Temer também foi eleito, embora muita gente se esqueça disso.

Há uma questão que segue sem resposta. Por que Rodrigo Janot não pediu até agora nem mesmo abertura de inquérito contra Lula e Dilma - ele pode pedir, sim, abertura de inquérito contra a presidente. Ora, tenham a santa paciência! Há algo de errado quando uma operação como essa tem como alvos principais Eduardo Cunha e Renan Calheiros. É a dupla que comanda a Petrobras há 13 anos? O presidente da Câmara, claro, citou essa estranheza.

Embora Cunha não tenha acusado Sergio Moro de conluio com o governo, sobrou uma crítica justa ao juiz: "Ele violou o procedimento de foro privilegiado. O juiz acha que o Supremo se mudou para Curitiba". E violou mesmo.

Moro já ouviu dois depoimentos, em inquéritos que integram a Operação Lava Jato, em que os principais alvos são Renan Calheiros, acusado por Paulo Roberto Costa, na segunda, e o próprio Cunha, acusado por Julio Camargo, nesta quinta. A desculpa heterodoxa é que, nesses dois casos, tanto um como outro não falavam no âmbito da delação premiada. É evidente que se trata de uma forma sub-reptícia de desrespeitar a Constituição.

Não sei se Cunha é culpado ou inocente - alguns coleguinhas meus, pelo visto, já sabem ser ele culpado, dada a forma como o tratam. Quem o acusa agora já disse o contrário antes. O que sei, e isto é inegável, é que, de fato, na prática, a Procuradoria-Geral da República ainda não pediu abertura de inquérito para investigar Dilma, Aloizio Mercadante, Edinho Silva ou Lula. Nesse caso, aquele procedimento aberto pelo Ministério Público do Distrito Federal é só uma lateralidade em relação à questão principal.

O presidente da Câmara faz bem em reagir. Dez entre dez jornalistas sabem que os governistas viviam anunciando para breve o fim de Cunha. Sei não? Parece que se está diante do começo de uma coisa nova.
Herculano
17/07/2015 20:09
O BRASIL ACORDADO REJEITA LADRÕES E APRENDIZES DE DITADORES. OPOSIÇÃO E PMDB ISOLAM CUNHA APÓS ROMPIMENTO COM GOVERNO

Conteúdo do jornal Folha de S.Paulo. Texto de Mariana Haubert e Gabriela Guerreiro, da sucursal de Brasília. A decisão do presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), de romper com o governo federal não teve o respaldo do PMDB, seu partido, nem de siglas da oposição. Líderes oposicionistas classificaram nesta sexta (17) como "muito grave" o anúncio feito pelo peemedebista, especialmente se novas denúncias surgirem contra o parlamentar.

A oposição teme que sua decisão crie uma crise institucional, levando a um agravamento da crise política e econômica pela qual passa o país. Eles veem o movimento com cautela e defendem as investigações contra o presidente, sem que Cunha seja poupado por declarar guerra à presidente Dilma Rousseff, ao Ministério Público e ao Poder Judiciário. Até o momento, apenas o Solidariedade declarou apoio a Cunha publicamente.

Para o líder do Democratas na Câmara, Mendonça Filho (PE), a decisão de Cunha se somará à crise política econômica do governo. "Vislumbro um quadro muito difícil nesse segundo semestre. Há uma instabilidade institucional agravada. Ele declarou publicamente guerra ao governo", disse à Folha.

Mendonça disse que Cunha deve ter o direito de defesa garantido, mas não indicou apoio ao novo posicionamento do presidente da Casa. "Eu, como opositor, tenho como princípio, primeiro, buscar todos os fatos sobre corrupção. Não é porque eu sou opositor que eu vou querer a inviolabilidade institucional. Vou trabalhar para que todas as denúncias sejam apuradas", afirmou. O deputado disse acreditar que Cunha saberá delimitar o seu espaço como parlamentar e presidente da Câmara.

Apesar do tom de cautela, o presidente do DEM, senador José Agripino Maia (RN), disse que a decisão de Cunha "abre as portas" para que um eventual pedido de impeachment da presidente Dilma Rousseff avance na Câmara. Cunha vinha se mantendo resistente à possibilidade de acatar pedido de afastamento da presidente, mas Agripino considera que o cenário mudou após as recentes declarações do deputado.

"Se o processo via com o Cunha na presidência um impeditivo, agora temos uma porta aberta se surgirem elementos jurídicos", afirmou.

Já o presidente nacional do PPS, deputado Roberto Freire (SP), afirmou, em nota, que é preciso ter cuidado e evitar precipitações em um "momento em que se agrava ainda mais a crise política no país, com acusações contra Eduardo Cunha, abertura de investigação criminal contra [o ex-presidente] Lula pelo Ministério Público e investigação das contas da presidente da República [Dilma Rousseff no TSE [Tribunal Superior Eleitoral]".

Para Freire, a Câmara deve estar preparada para, se houver denúncia dos acusados, avaliar que medidas podem ser tomadas. "Se alguns se transformarem em réus em processos judiciais, talvez sejam necessárias licenças", disse na nota.

O PSOL defende que Cunha se afaste do cargo de presidente durante as investigações. "O presidente, ao confundir sua função com sua posição política e os ódios que destila, revela desequilíbrio para prosseguir no cargo. Sem esperança num gesto de grandeza de sua parte, licenciando-se até que tudo fique esclarecido, temos que construir com outras forças políticas esse afastamento, a bem da própria Câmara dos Deputados", disse o deputado Chico Alencar (RJ).

O deputado quer que a CPI da Petrobras promova uma acareação entre o peemedebista e o lobista Júlio Camargo, que nesta quinta (16), acusou Cunha de ter recebido US$ 5 milhões em propina.

O único partido da oposição que saiu em defesa de Cunha foi o Solidariedade, que em nota, afirmou que "nada é mais correto do que se afastar de um governo trapalhão, incompetente e que apaga fogo com gasolina".

Assinada pelo deputado Paulinho da Força (SP), a nota diz ainda que o partido foi um dos "principais fiadores da sua candidatura à presidência da Câmara". "Nestes cinco meses ele comandou a Casa de maneira absolutamente democrática e transparente. E não será uma denúncia sem qualquer tipo de prova que irá abalar a nossa confiança em seu trabalho."

Líderes do PSDB se mantiveram em silêncio sobre o rompimento de Cunha com o governo. O presidente da sigla, Aécio Neves (MG), não se manifestou mesmo após pedido da Folha.
Herculano
17/07/2015 20:09
ISOLAMENTO

Conteúdo do jornal Folha de S.Paulo. Texto de Mariana Haubert e Gabriela Guerreiro, da sucursal de Brasília. No PMDB, a ordem é deixar Cunha isolado para evitar que os ataques do presidente da Câmara tenham efeitos sobre a aliança da sigla com o Planalto. O presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), também investigado na Lava Jato, cancelou entrevista para fazer um balanço do semestre e manteve-se em silêncio sobre os ataques de Cunha.

"É uma posição dele, não é partidária. É um ato pessoal. O PMDB entrou [no governo] pela porta da frente. Queremos candidato próprio [à Presidência] em 2018, mas no momento adequado vamos acabar a aliança pela porta da frente. Não por uma porta lateral", afirmou o senador Eunício Oliveira (CE) à Folha, líder do PMDB no Senado.

O senador Romero Jucá (PMDB-RR) disse que Cunha reagiu por ser vítima de um "excesso" das investigações, mas tomou uma posição individual. Crítico do governo Dilma, Jucá disse que adota postura "independente", mas não está rompido com o Planalto, ao contrário do presidente da Câmara. O peemedebista se diz "bombeiro" do atual momento de crise.

"O demérito não é ser investigado, o demérito é ser condenado. Então, enquanto não se condenar ninguém, você tem que ter uma postura equilibrada e da forma como estão se fazendo as divulgações, estão se fazendo prejulgamentos", disse Jucá ao defender a retomada do "clima de tranquilidade" nas investigações.

Líder do governo no Senado, Delcídio Amaral (PT-MS) disse que a decisão de Cunha é pessoal e não deve influenciar nas votações da Câmara. "Quem fala pelo PMDB são as instâncias nacionais, mas o cargo que ocupa exige dele posturas republicanas", afirmou o petista.

No mesmo sentido, o líder do governo na Câmara, José Guimarães (PT-CE), disse que o PMDB exerce um papel fundamental, principalmente agora que faz a coordenação política, conduzida por Temer. "Espero que a posição individual, que nós respeitamos, seja pautada pela imparcialidade porque essa é a relação entre as instâncias do governo", disse à Folha. "O governo reafirma a importância da parceria com o PMDB", completou.

Guimarães afirmou ainda que o governo não tem nenhum tipo de ingerência sobre as investigações. "O governo não tem nada a ver com isso. O governo não se intromete, até porque não deve e não pode fazer isso", disse.
Herculano
17/07/2015 20:07
TIRO NO PÉ

Conteúdo do jornal Folha de S. Paulo. Texto de Mariana Haubert e Gabriela Guerreiro, da sucursal de Brasília. Nos bastidores, a cúpula peemedebista considerou a atitude de Cunha um "tiro no pé", típica de quem está em "desespero". O partido acredita que o deputado deve perder força dentro da Câmara por atingir, de uma só vez, o Planalto, o Ministério Público e o Judiciário.

Cunha se reuniu na noite desta quinta com o vice-presidente Michel Temer e Renan, a quem anunciou que romperia com o governo. Segundo relatos, o deputado estava nervoso e, aos gritos, acusou o Planalto de colocar sua "digital" nas investigações para prejudicá-lo.

Temer ligou para diversos peemedebistas e pediu apoio em sua decisão de manter Cunha isolado, assim como numa eventual reunião da Executiva Nacional convocada por aliados do presidente da Câmara. O partido soltou nota para dizer que a posição de Cunha é individual] e não reflete a postura da sigla.
Arara Palradora
17/07/2015 20:04
Querido, Blogueiro!

Diogo Mainardi - Um político muito equilibrado disse o seguinte:

"Em décadas na política, jamais vi uma situação como a de agora. Estamos sem governo, sem situação, sem oposição. O país derrete a olhos vistos; o PT tenta espalhar porcaria para todo lado; Eduardo Cunha é um canhão solto no convés; o PSDB acha que pode assistir a tudo de camarote. A insanidade é completa."

De fato, mesmo para o Brasil, é um quadro surrealista.

Voeeeiii...!!!
Mariazinha
17/07/2015 19:48
Seu Herculano;

Gerson Camarotti, do G1, informa que Renato Duque negocia um acordo de delação premiada com Sergio Moro. Renato Duque era o homem do PT na Petrobras. Se falar tudo, o partido e o governo já
eram.

E bota TNT nisso.
Bye, bye!





Juju do Gasparinho
17/07/2015 19:28
Prezado Herculano:

Postado às 06:20 hs., só o fato de ter sido instaurado uma investigação criminal já dá uma cacetada no orgulho e na soberba do molusco ladrão. Isso sem contar que o mundo já está sabendo.
Anônimo disse:
17/07/2015 19:21
Herculano, diz pro mané:
Teu tempo passou ... és desorante vencido!
Sidnei Luis Reinert
17/07/2015 19:08
AGORA A "VACA" VAI TOSSIR E VAI PRO BREJO:

"O presidente da Câmara Eduardo Cunha otificou o deputado federal Jair Messias Bolsonaro nesta sexta-feira (17) para que emende o pedido de impeachment da petista no prazo de 10 dias."

http://veja.abril.com.br/blog/felipe-moura-brasil/2015/07/17/exclusivo-eduardo-cunha-pede-a-jair-bolsonaro-para-atualizar-pedido-de-impeachment-de-dilma-rousseff/?utm_source=facebook.com&utm_medium=social&utm_campaign=Postcron.com
Aurélio Marcos de Souza
17/07/2015 17:25
Herculano gostaria de compartilhar com seus leitores um testemunho.

A pelo menos 2 meses, em um domingo encontrei no supermercado um vereador e seu pai.

Nos cumprimentamos, e pai do vereador rapidamente me perguntou:
- Você esta quieto?, nunca mais ouvi você falar nada do PT.

E eu lhe respondi:

- Nunca falei mau, que para falar mau do PT, o mesmo teria que ter sido bom em algum momento. E que agora sou mais um de tantos que questionam as atitudes do PT, e que por isto ele não podia mais me ouvir.

Finalizei dizendo, que não mudei uma virgula do que penso a respeito de nossos mandatários, mais que quem mudou foram os demais.
Herculano
17/07/2015 16:39
TEMER FOI CONVIDADO A SEGUIR CUNHA NO "ROMPIMENTO" E DESACONSELHOU O GESTO, por Josias de Souza

O presidente da Câmara, Eduardo Cunha, convidou o vice-presidente Michel Temer a acompanhá-lo em sua decisão de romper com Dilma Rousseff. Defendeu a tese segundo a qual o PMDB deveria devolver os cargos que ocupa no governo e construir um projeto político próprio. Temer disse que não acompanharia Cunha. Desaconselhou o gesto. Como o deputado se manteve irredutível, o vice alertou que ele não contaria com a solidariedade formal do PMDB. Renan Calheiros, presidente do Senado, participou da conversa. Soou mais ameno do que Cunha.

Os três se encontraram no início da noite de quinta-feira (16), horas depois da divulgação do depoimento em que o consultor Júlio Camargo, delator da Operação Lava Jato, acusou Eduardo Cunha de ter cobrado propina de US$ 5 milhões num contrato de navios-sonda da Petrobras. A reunião entre Temer, Cunha e Renan ocorreu na Base Aérea de Brasília.

Alcançado por um telefonema de Cunha, Temer disse que estava de viagem marcada para São Paulo. Como o deputado insistisse em conversar, combinaram o encontro na Base Aérea. Renan estava com Cunha e foi junto com ele. No seu esforço para obter a solidariedade de Temer, Cunha chegou a argumentar que o vice-presidente da República seria "arrastado para a lama" da Operação Lava Jato.

Temer respondeu que não compartilha do receio de Cunha. "Não tenho envolvimento nisso", disse. Reiterou o conselho para que o presidente da Câmara evitasse o rompimento. Cunha não refluiu. Na manhã desta sexta-feira, o deputado formalizou o rompimento. Em nota oficial, o PMDB tratou o fato como algo "pessoal".

Em meio à crise, Temer embarca para os Estados Unidos neste final de semana. Tem compromissos agendados em Nova York até a manhã de quarta-feira. Entre eles uma conversa com cerca de 40 investidores. Na sequência, fará turismo com a família. Só retorna ao Brasil na domingo, dia 26 de julho.
Herculano
17/07/2015 16:36
O TÍTULO E A FOTO

O título do portal Cruzeiro do Vale, o mais acessado, revela o que vem por ai: "Obras nas ruas Artur Poffo e Pedro Schmitt Junior devem durar 6 meses". Ou seja. Fala do possível (devem) tempo de duração da obra, e nunca do compromisso de termina-la num tempo certo.

A foto do prefeito Pedro Celso Zuchi, PT, segurando aquele e mais um papelinho para a imprensa fotografar e publicar como se fosse algo alvissareiro, se explica por quem o rodeia. Parecem todos a se perguntar: será que vamos reprisar um número que todos já sabem o truque? Acorda, Gaspar!
Herculano
17/07/2015 14:23
MARCO AURÉLIO MELLO: "NEM RODRIGO JANOT NEM STF SÃO PAUS-MANDADOS", por Laro Jardim, de Veja

Marco Aurélio Mello se surpreendeu com o tom dos ataques de Eduardo Cunha a Rodrigo Janot.

Há pouco, em uma conversa, Marco Aurélio criticou a virulência de Cunha, que, para ele, se deve a uma "visão individualista e apaixonada".

Disse Marco Aurélio:

- O anúncio de Cunha de que se tornou oposição ao governo me surpreende porque não sabia que ele fazia parte da base aliada. Também me causa estranheza o que ele diz sobre o procurador Rodrigo Janot, que não é um pau-mandado. Nem ele nem o STF. O mandato dele é exercido com independência de todos os poderes, bem como o nosso. Acredito que esse tipo de reação seja por uma visão individualista e apaixonada do que é o cargo que ele ocupa. Homens públicos como o presidente da Câmara deveriam usar o cargo para servir e não para se servirem dele.
Herculano
17/07/2015 13:21
CRISE ATINGE ALIMENTAÇÃO E VESTUÁRIO, por Carlos Tonet

Homem preso no Angeloni roubando* picanha (http://is.gd/woMvie)

Mulheres presas no Neumarkt roubando roupas (http://is.gd/cilSHc)

Moral da história: a crise tá braba mesmo e já deixa a população com dificuldades em alimentação e vestuário.

* Por favor não venham explicar a diferença entre furto e roubo, porque eu sei. O popular é roubo mesmo e eu gosto mais.

Aliás todos dizemos que político ladrão tava "roubando" e não "furtando" dinheiro público.
Herculano
17/07/2015 13:08
"VOU EXPLODIR O GOVERNO", DISSE CUNHA A ALIADOS, por Josias de Souza


Ameaçado de implosão pelos desdobramentos da Operação Lava jato, Eduardo Cunha (PMDB-RJ) decidiu dobrar a aposta. Ele sinaliza para os seus aliados que está estocando dinamite. "Eu vou explodir o governo", declara em privado o presidente da Câmara. Terceira autoridade na linha de sucessão, Cunha imaginava-se portador de um destino. Começa a perceber que virou uma fatalidade. E não parece disposto a ruir sozinho.

Alvejado pelo depoimento do delator Júlio Camargo, um consultor que o acusa de ter cobrado propina de US$ 5 milhões num contrato de navios-sonda da Petrobras, Cunha ergueu um universo paralelo para lhe servir de refúgio. Nesse universo particular, Cunha é vítima de um complô urdido pelo governo e pela Procuradoria da República para fazer de um deputado modelo um político desonesto.

Dias atrás, em conversa com o ministro José Eduardo Cardozo (Justiça), Cunha acusou-o de tramar com o procurador-geral da República Rodrigo Janot para prejudicá-lo. Alheio às negativas do interlocutor, Cunha ameaçou converter a rotina do governo na Câmara num inferno. Noutro encontro, tratou do impeachment de Dilma com o deputado Arthur Lira (PP-AL), presidente da Comissão de Constituição e Justiça da Câmara (CCJ).

Também investigado na Lava Jato, o deputado Lira queria saber se um pedido de impeachment de Dilma passaria pela comissão que dirige. Cunha explicou que o rito de tramitação de um processo de afastamento de presidente da República não passa pela CCJ. E revelou como planeja agir: em vez de tomar decisões solitárias, submeterá a encrenca à deliberação do plenário da Câmara.

Ao inquirir Júlio Camargo em Curitiba, o juiz Sérgio Moro quis saber por que ele não mencionara antes o enredo que envolve Eduardo Cunha. O delator explicou que, ao depor para a força-tarefa da Lava Jato em Curitiba, fora informado de que acusados com foro privilegiado não deveriam ser citados senão em Brasília. Esclareceu que, convocado pelo Ministério Público Federal, na Capital, contou sobre a propina de Cunha. Disse, de resto, que silenciara antes por receio de que Cunha prejudicasse seus familiares (assista abaixo).

Noutro trecho do depoimento, cuja íntegra pode ser assistida aqui, o advogado Nélio Machado, a serviço de Cunha, insinuou que Júlio Camargo mentia. E perguntou se ele havia citado o deputado nos depoimentos prestados em Brasília. O delator refutou a pecha de mentiroso e respondeu afirmativamente. Disse que levara Cunha ao ventilador em dois depoimentos à Procuradoria-Geral da República - o primeiro deles há cerca de três meses.

Cunha arma emboscadas para Dilma na volta das férias do Legislativo, em agosto. Age em combinação com o presidente do Senado, Renan Calheiros, outro investigado da Lava Jato que busca refúgio atrás da tese do sítio do Planalto e da Procuradoria ao Congresso. A dupla trama inaugurar CPIs sobre Fundos de Pensão e BNDES nas duas Casas. As comissões do Senado já foram encaminhadas.

Com a bússola quebrada, o Planalto avaliara que o avanço da Lava Jato sobre os investigados com mandato levaria a um recuo de Cunha e Renan. Deu-se, porém, o oposto. Na definição de um cacique do PMDB, os presidentes da Câmara e do Senado comportam-se como "camicases" - uma referência aos pilotos da força aérea japonesa que realizavam ataques suicidas contra armadas inimigas.

Suprema ironia: com o mandato sob questionamento, Dilma tem como principais opositores dois expoentes do PMDB do vice-presidente Michel Temer. A oposição, por ora, joga parada, observando o canibalismo da coligação governista.
Herculano
17/07/2015 12:57
CUNHA OFICIALIZA ROMPIMENTO COM GOVERNO: "ESSA LAMA EU NÃO VOU ACEITAR"

Conteúdo do jornal Correio Braziliense. Texto de Jacqueline Saraiva e Paulo de Tarso Lyra. "Essa lama, em que está envolvida a corrupção da Petrobras, cujos tesoureiros do PT estão presos, essa lama eu não vou aceitar", disse o presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), ao oficializar o rompimento com o governo da presidente Dilma Rousseff (PT), nesta manhã de sexta-feira (17/7). O parlamentar afirmou, no entanto, que cumprirá seu papel constitucional. Também criticou as denúncias da Operação Lava-Jato e ressaltou que "está certo que é uma orquestração e tem a participação do governo".

Cunha também acusou o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, de agir para ser reconduzido ao cargo. A atitude de Cunha é uma retaliação ao Palácio do Planalto, após a divulgação da delação de Júlio Camargo, nessa quinta-feira (16/7), de que ele teria cobrado US$ 5 milhões em propina. Ontem, ele se encontrou com o vice-presidente da República, Michel Temer, comandante do PMDB, para tratar do assunto. Eles tiveram uma conversa na Base Aérea de Brasília momentos antes de o vice deixar a capital federal. Segundo relatos, o presidente da Câmara se mostrava "indignado".

Caindo fora
Ontem, ele afirmou que agora "todos estão falando a mesma língua" em seu partido em relação ao rompimento da aliança com o PT para as próximas eleições. Segundo Cunha, os peemedebistas estão "doidos para cair fora". "Ninguém aguenta mais aliança com o PT", resumiu.

Cunha frisou, a todo momento, que falava por ele. Mas acrescentou que tentará convencer seu partido, o PMDB, a tornar-se oposição também. Para o presidente da Câmara, há uma ação orquestrada para prejudica-lo. "Não tive evolução patrimonial e fizeram a Receita Federal fez uma devassa nas minhas contas. A certeza de que a PGR está em conluio com o Executivo para me constranger. Por que não abriram denúncias contra o ministro Aloizio Mercadante (Casa Civil) e o senador Delcídio Amaral (PT-MS, líder do governo no Senado)?, indagou Cunha. Ele lembra que não existem doações de Júlio Camargo para campanhas do PMDB, só do PT. ?Não estou dizendo que eles são culpados. Só estou dizendo que há dois pesos e duas medidas", reclamou.

O presidente da Câmara disse que há um bando de aloprados no Planalto, embora não queira citar nomes de quem seria eles. "Não faço acusações levianas, como eles fazem. Não ajo assim", acrescentou. Em 2006, o escândalo dos aloprados levou dois assessores do PT à cadeia por suspeita de pagamento para a compra de um dossiê falso contra o candidato do PSDB ao governo de Sâo Paulo, José Serra. O candidato do PT, na época, era Aloizio Mercadante.

Cunha disse que o governo nunca o quis, e não o quer na presidência da Câmara. "Há um ódio pessoal contra mim". Ele também pediu aos advogados que entrem com uma representação para que o processo que o envolve vá para o Supremo Tribunal Federal, por ele ter foro privilegiado. "O juiz Sérgio Moro quer assumir as funções do STF. Ele acha que o STF mudou-se para Curitiba", ironizou.

O presidente da Casa assegurou que seu novo posicionamento não significa que verá com novos olhos a possibilidade de abertura de um processo de impeachment contra a presidente Dilma Rousseff. "Não tenho como separar a opinião de presidente da de deputado. Como presidente, digo que ainda não há base legal e que essa questão deve ser analisada do ponto de vista constitucional". disse ele, acrescentando, no entanto, que ele próprio jamais cometeu irregularidades ou "irresponsabilidades fiscais". Essas irresponsabilidades fiscais, as chamadas pedaladas, serão julgadas pelo Tribunal de Contas da União (TCU), e podem culminar com o impeachment da presidente.

O peemedebista fluminense afirmou ainda que conversou com o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), sobre a decisão que tomaria. Segundo ele, o correligionário entendeu a posição tomada, mas não adiantou se faria o mesmo caso fosse vítima de situação semelhante.

Outras retaliações ao governo devem ser colocadas em prática pelo PMDB. Além da convocação de ministros mais próximos de Dilma, logo após o final do recesso parlamentar, também serão instaladas Comissões Parlamentares de Inquérito (CPIs) para investigar o Banco Nacional de Desenvolvimento (BNDES) e os Fundos de Pensões. Para atormentar o sono do Palácio do Planalto, contrário à criação das comissões, articula-se a entrega das relatorias a integrantes da oposição.

Delação
Júlio Camargo afirmou que o suborno cobrado por Cunha, referentes a dois contratos de navios-sondas da Petrobras que somavam R$ 1,2 bilhão, assinados entre 2006 e 2007, foi pago por intermédio de Fernando Baiano. O doleiro Alberto Youssef participou da transação. O valor total devido em propina pelo executivo era 10 milhões de dólares. Uma parte para Baiano e a outra para Cunha. Camargo apresentou planilhas para provar os repasses feitos em contas do exterior e também pagos diretamente às empresas de Baiano, apontado como o operador do PMDB no esquema de corrupção.

O presidente da Câmara reafirmou que já se encontrou duas vezes com o lobista Fernando Baiano, mas para discutir a medida provisória dos Portos. Cunha chamou Camargo de mentiroso. "Quem não deve não teme. Ele está mentindo", refutou. "Desminto com veemência as mentiras do delator e o desafio a prová-las", afirmou o parlamentar, em nota distribuída minutos antes. "Em quatro oportunidades ele não citou o meu nome e agora cita? Não vou mudar minha atitude política por causa de um bandido, réu confesso, que está preso. Ele que prove o que está falando", vociferou Cunha.
Herculano
17/07/2015 12:47
O PT E O PMDB COLOCAM FOGO NO BRASIL

Político no Brasil tem imunidade para quebrar o país e colocar no lixo as leis que eles fazem, mas que só serve para nos submetê-las.

O petrolão ia bem enquanto não pegou os políticos: só empresários achacados, lobistas intermediários... Agora, que os políticos graúdos estão envolvidos até o pescoço, Luiz Inácio Lula da Silva, Dilma Vana Rousseff, José Dirceu, Fernando Collor de Mello, Eduardo Cunha, Renan Calheiros... eles acham que quem está podre é o Tribunal de Contas, o Ministério Púbico, a Polícia Federal, a Justiça, o juiz Sérgio Morro, o procurador Rodrigo Janot... Estranha gente. E tudo com o nosso voto
Herculano
17/07/2015 12:29
NÃO TEM JEITO. O BRASIL ESTÁ MESMO DIVIDIDO EM NÓS E ELES. OU SEJA, OS OBEDIENTES À LEI QUE TRABALHAM E PAGAM PESADOS IMPOSTOS, MAS NÃO TEM DIREITO AO RETORNO, E OS QUE SONEGAM, ROUBAM E DESPERDIÇAM ESTES IMPOSTOS PARA POUCOS. PREFEITO, EX-PREFEITOS, FISCAIS E EMPRESÁRIOS SÃO DENUNCIADOS

Conteúdo do jornal Diário Catarinense, da RBS Florianópolis. Quinze pessoas envolvidas em fraudes de sonegação fiscal foram denunciadas, esta semana, pelo Ministério
Público de Santa Catarina (MPSC). Dentre elas estão o prefeito de Tigrinhos, Rudimar Francisco Guth, e os ex-
prefeitos de Campo Erê, Darci Furtado e Odilson Vicente de Lima, além de ex-fiscais da Secretaria de Estado da Fazenda, empresários e contadores. A denúncia, formulada pela Procuradoria-Geral de Justiça, consiste na formação de uma quadrilha para comandar um esquema de sonegação fiscal na comercialização de fumo, com a apropriação irregular de créditos do Imposto Sobre a Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) que deveriam ser revertidos ao Estado.

A sonegação, segundo a promotoria, era feita por meio de empresas de fachada, que usavam benefícios fiscais concedidos irregularmente por Fiscais da Fazenda Estadual. Os envolvidos simulavam a venda de fumo para outras empresas do grupo, no Rio Grande do Sul e em Santa Catarina. Essa operação gerava créditos tributários que, ao final, eram absorvidos pelos participantes do esquema criminoso e aplicados em imóveis, automóveis e empresas de outros ramos de comércio. Após autuação da Receita Estadual, apurou-se que os valores sonegados, acrescidos de multa e juros, ultrapassam R$100 milhões.
Armindo Jr
17/07/2015 11:55
Herculano -

Você é engraçado, torce para que nada de certo, acredito que nao tem nada a ver o quê falaste, o projeto edta sendo executado e agora pra licitação, já no dia 25 de agosto.

Você torce para que nada aconteça, isto ta claro so porque nao tem uma teta na amarela eu dei que não é pelo dinheiro mas para se aparecer, ja que és o melhor e o mais gostoso em tudo, ficacquieto quando não tens o que falar.
Herculano
17/07/2015 11:33
ÁGUA NA FERVURA

O anúncio desta manhã de que as obras das ruas Pedro Schmitt Júnior e Arthur Poffo, no Poço Grande podem começar em três meses e durar outros seis, revelam várias situações.

1. De que o pessoal foi enrolado por dois anos

2. De que se trata de mais uma entrevista e promessa. Não um compromisso. Basta lembrar os casos da tal urbanização do Centro, da recuperação da ponte Hercílio Deecke, isto sem falar na reurbanização do loteamento das Casinhas de Plástico, da Arena Multiuso, da ponte do Vale...

3. Foi um cala boca à para a movimentação da comunidade e a repercussão que o fato encontrou em parte da imprensa. Nada mais. Assim até março tem uma desculpa para todos.

4. Resolveram tomar esta atitude, porque a atual administração petista está como a nacional, no limite do questionamento quanto a competência para entregar o discursa, assina, promete e fala nas entrevistas. Hoje foi mais uma na falta de notícias. Acorda, Gaspar!
Aurélio Marcos de Souza
17/07/2015 11:29
Herculano a moral e ética politica no Brasil já se encontram em estado de falência de fato. Hoje 2 das 3 instituições presentes na Democracia Brasileira encontram se sob o comando de políticos suspeito de corrupção.

Não fossem todas as suspeitas que recaem sobre o Poder Executivo, agora temos que os olofotes são dirigidos aos dois comandantes das duas casa do Congresso Nacional, e ai que mora o perigo.

Porque já se tem noticias da existência movimentos dentro do Congresso Nacional para a realização de mudanças legislativas, mudanças estas que indiretamente inviabilizarão a atuação do Poder Judiciário.

Ou o povo exige mudanças ou o povo aceita que todos somos corruptos. Porque quem adere a uma ação é co participe e criminoso também.
Herculano
17/07/2015 11:25
NÃO FUNCIONA

Bastou um elogio, e tudo azedou. O site da Câmara de Gaspar está fora do ar desde ontem. A transparência dele é meia boca, mas apresentava-se como amigável. Agora, nem funciona. Ou está de férias também acompanhando a folga dos vereadores?
Herculano
17/07/2015 11:09
OS MILHÕES DE INDIGNADOS QUE VOLTARÃO ÀS RUAS EM 16 DE AGOSTO DEVEM MIRAR-SE NO EXEMPLO DE SANTO ANTÔNIO DA PLATINA, por Augusto Nunes, de Veja

Neste 13 de julho, os nove vereadores de Santo Antônio da Platina, interior do Paraná, só precisaram de meia hora de sussurros para decidir que quem cuida do presente de um município inteiro não merece perder o sono no futuro com carências financeiras. Indiferentes às palavras de protesto berradas por uma mulher na plateia, os atores de quinta categoria aprovaram por unanimidade o projeto que duplicou o salário mensal da turma no palco - e, de quebra, premiou o prefeito com um aumento de bom tamanho.

Descobriram em poucas horas que a manifestante solitária vocalizara a indignação dos 47 mil moradores escalados, sem consultas nem aviso prévio, para financiar a safadeza perdulária. Estimulada pela divulgação do vídeo que registra o duelo desigual entre uma brasileira valente e um bando de malandros insolentes, a impressionante mobilização dos lesados aguçou o instinto de sobrevivência política dos parteiros da gastança. E o que ainda resta de juízo recomendou-lhes que contivessem a cobiça.

Bater em retirada é sempre constrangedor, mas seria perigoso demais aguardar no cenário do crime o transbordamento do pote até aqui de cólera. Bem pensado, constatou-se nesta quarta-feira. Antes que o plenário superlotado começasse a exigir em coro a ressurreição da vergonha assassinada, os vereadores aprovaram uma emenda que transformou aumento em redução. Dois dias depois de subirem para R$ 7.500 por mês, os R$ 3.745 que os integrantes da Câmara recebem despencará para R$ 970 em janeiro de 2016.

Sobrou também para o prefeito, o ordenado de R$ 14.760 permaneceu estacionado em R$ 22 mil por apenas 48 horas. Vai baixar para R$ 12 mil por decisão de sete dos oito vereadores que formalizaram a capitulação. Outro 7 a 1 inesquecível. A reportagem do Jornal Hoje, da TV Globo, resume o triunfo da sensatez sobre a pouca vergonha. O que se vê e ouve informa que o que houve no município paranaense vale para todo o território nacional.

O que pode parecer uma extravagância localizada é a contundente reafirmação de verdades antigas como o mundo. A cidade é o país em miniatura. O povo é o protagonista da História, e tem força de sobra para forjar o próprio destino. Homens providenciais são uma velharia só desejada por primitivos sem cura. Nem o mais soberbo dos tiranos resiste à voz das multidões afrontadas por embusteiros no poder há mais de 12 anos.

Neste 16 de agosto, os brasileiros que nunca se renderam estarão de volta às ruas. Que a imensidão de democratas se mire no exemplo de Santo Antônio da Platina
Afonso
17/07/2015 10:15
Dá resultado ir á Câmara de Vereadores reclamar, mostrar a falta de administração deste governo municipal. Parabéns a Dona Luciana. Estive no Paço Municipal agora pela manhã e o negócio tá pegando fogo. Quando perguntei a um funcionário da prefeitura o que estava acontecendo, me informaram que o prefeito Pedro Zuchi ia dar uma coletiva pra imprensa sobre as obras da Rua Artur Poffo e a Pedrinho Schmitt. Até o campeão de votos está presente. Agora estão tentando explicar a caca que fizeram, dizem que engenheiros da prefeitura tiveram que arrumar o projeto que pagaram uma fortuna para uma empresa de fora.
Em tempo, porque o município paga aluguel pra igreja para colocar os carros, e o pátio ao lado da prefeitura está lotado de carros de particulares, secretários e abnegados? É o dinheiro do povo sendo utilizado em proveito próprio.
Será que o custo benefício dos carros alugados estão compensando o aluguel. Tem veículo que fica parado no estacionamento a semana inteira. O aluguel gira em torno de R$1500,00 reais mensal. Lá vai o dinheiro do povo pro lixo, ou Deus sabe lá com quem. Usando teu jargão. Acorda Gaspar.
cidadao gasparense
17/07/2015 09:15
Coletiva de Imprensa mais uma vez??????
Nosso prefeito está dando mais uma coletiva de imprensa para dizer que vai iniciar obras de novo??
Em vez de coletiva, que se façam obras.
Estamos de saco cheio de coletivas que não se resolvem.
Herculano
17/07/2015 06:45
A DÚVIDA CONTINUA

Onde estava o vereador Marcelo de Souza Brick, PSD, na terça-feira, dia de sessão. Em São Paulo, Florianópolis ou Gaspar?
Herculano
17/07/2015 06:39
OS FILHOS DO PT COMEM SEUS PAIS, por Reinaldo Azevedo para o jornal Folha de S. Paulo

É hora de a companheirada ser vítima de seus fanáticos, formados em escolas de direito contaminadas

Que a Petrobras tenha se transformado num antro de bandidos, eis uma evidência. Pedro Barusco, o gerente de Serviços, peixe médio, aceitou devolver US$ 97 milhões. Isso a que chamamos "petrolão" reúne, sem dúvida, uma penca de ações criminosas. Mas será mesmo necessário violar a legalidade para cassar corruptos? A resposta é "não!".

Polícia Federal, Ministério Público e Justiça Federal, cada um por seu turno e, às vezes, em ações conjugadas, têm ignorado princípios básicos do Estado de Direito. Não é difícil evidenciar que prisões preventivas têm servido como antecipação de pena. Basta ler as petições dos procuradores e os despachos do juiz Sergio Moro para constatá-lo. Mandados de busca e apreensão, como os executados contra senadores, um ano e quatro meses depois de iniciada a investigação, são só uma exibição desnecessária de musculatura hipertrofiada do poder punitivo do Estado. O desfile dos carrões de Collor - que nem ouvido foi - excita desejos justiceiros, não de Justiça. Estão tentando transformar Dora Cavalcanti, defensora de Marcelo Odebrecht, em ré.

Delações premiadas exibem contradições inelutáveis entre os autores e versões antagônicas de um mesmo delator. Parece estar em curso uma espécie de "narrativa de chegada". A cada depoimento, ao sabor de sua conveniência, as personagens vão ajustando a sua história. Acumulam-se riscos de anulação de todo o processo, o que seria péssimo para o país.

Infelizmente, procuradores, policiais e juiz parecem não se contentar em fazer a parte que lhes cabe na ordem legal. Mostram-se imbuídos de um sentido missionário e doutrinador que vai muito além de suas sandálias, daí as operações e fases receberem nomes esdrúxulos e impróprios como "Erga Omnes" e "Politeia". Politeia? Quem quer viver na Coreia do Norte de Platão? Eu não quero!

Um dos doutores do MP disse em entrevista ser necessário refundar a República. Moro aventou a hipótese de soltar um empreiteiro em prisão preventiva desde que sua empresa rompesse todos os contratos com o poder público, uma exigência que acrescentou por conta própria ao Artigo 312 do Código de Processo Penal. Em petições e despachos, há reptos contra o... lucro!

Os filhos do PT comem seus pais. Chegou a hora de a companheirada se tornar vítima de seus religiosos fanáticos, formados nas escolas de direito contaminadas por doutrinadores do partido e esquerdistas ainda mais obtusos. É uma pena que não só os petistas paguem o pato. Esses vetustos jovens senhores são crias de exotismos como "direito achado na rua", "combate ao legalismo", "neoconstitucionalismo" e afins, correntes militantes que consideram a letra da lei o lixo dos "catedraúlicos", pecha que um desses teóricos amalucados pespegava em juízes que insistiam em se ater aos códigos.

O PT de 2015 está experimentando a fúria dos "savonarolas" que criou. Eles se sentem fazendo um trabalho de depuração. E podem, com o seu ativismo, pôr tudo a perder. Os corruptos vão aplaudir a sua fúria.

Rui Falcão se traiu e, num ato em defesa do mandato de Dilma, afirmou: "É isso que eles pretendem fazer agora: expelir a Dilma dentro de um processo democrático". Huuummm... Troco o verbo "expelir" por um sinônimo mais afeito à política: "depor" fica bem. No mais, Falcão está certo. Boa parte do país quer mesmo "depor Dilma dentro de um processo democrático".
Herculano
17/07/2015 06:36
PARECER SOBRE IMPEACHMENT DE DILMA SAI EM 30 DIAS, DIZ CUNHA

Conteúdo jornal Correio Braziliense. Texto de Eduardo Militão. O presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), afirmou nesta quinta-feira (16/7) que pediu e vai receber "nos próximos 30 dias" um parecer jurídico sobre pedido de impeachment da presidente Dilma Rousseff. A solicitação foi feita por militantes do Movimento Brasil Livre (MBL). De acordo com ele, já foram negados ?três ou quatro? pedidos de cassação do mandato da petista. Dilma vive a maior crise de seu governo, agravada pela baixa popularidade, pela crise econômica e pelos efeitos da Operação Lava-Jato, que apura corrupção de empresários e políticos na Petrobras.

Apesar disso, Cunha disse que o impeachment não pode ser usado como "recurso eleitoral" e que é preciso respeitar o que diz a lei. Um dos argumentos dos defensores da cassação do mandato são manobras contábeis questionadas pelo Tribunal de Contas da União (TCU), as chamadas "pedaladas fiscais" que, para a oposição, foram um ato de improbidade administrativa de Dilma.

Em café com os jornalistas nesta manhã, Cunha disse que a preocupação não deve ser com o TCU - que "deveria" ter uma postura técnica -, mas com o Congresso. Isso porque a avaliação final será política, dos parlamentares. Ele disse que cortes de contas já decidiram rejeitar ou aprovar contas de chefe do Executivo, mas os legislativos locais tomaram decisão diferente.

Ao mesmo tempo, Cunha marcou para agosto a avaliação das contas dos últimos presidentes, iniciando-se pelos que exerceram mandato nos anos 90 até chegar a Dilma. Em tese, uma rejeição de contas pelo Congresso pode custar o mandato da presidente da República.

Para o deputado, o período de recesso não deve ser visto como alívio para a Palácio do Planalto, que tem tido muitas derrotas no plenário da Câmara, graças a uma postura independente de Cunha e boa parte da base aliada. Segundo ele, os parlamentares vão voltar às suas bases eleitorais e observar uma realidade ruim ao conversar com seus eleitores. "Os deputados tendem a voltar mais duros."

Apressar mudanças
Num balanço de seus primeiros meses de gestão, Cunha elogiou a quantidade de projetos aprovados e a qualidade deles, ao dar mais independência à Câmara em relação ao Executivo. A pauta, contrária ao Planalto, incluiu a aprovação da terceirização, a redução da maioridade penal para 16 anos e a confirmação do financiamento empresarial das campanhas.

Cunha disse que o plenário da Câmara "vai votar com certeza" neste segundo semestre projeto de resolução que apressa a votação de mudanças na Constituição, ao eliminar as comissões especiais. A proposta foi feita pelo próprio presidente da Casa em 2009 e agora deve sair do papel rápido nas palavras do relator, Esperidião Amin (PP-SC). O deputado criticou seus opositores, que dizem que este projeto é mais uma medida da "Cunha-instituinte" para viabilizar mudanças na Constituição a toque de caixa. Segundo o presidente, as votações são feitas com os votos de 308 deputados, como preveem as regras da Casa.

"Eu não sou dono da pauta", afirmou Cunha. "Será que eu sou ditador e todo mundo concorda com a minha ditadura? Isso é choro de perdedor."

Sob suspeita
Horas após o café com os jornalistas, 17 deputados dos partidos PSB, PDT, PPS, PSOL e PROS divulgaram um "contrabalanço". Para eles, a gestão de Cunha mostrou "um semestre de retrocessos". "Nunca se votou tão atropeladamente, nunca a Câmara esteve tão sob suspeita, nunca houve uma gestão tão autoritária", afirmam eles num documento de três páginas que lista 15 decisões e posturas que contrariam os desejos da sociedade na visão do grupo.

"Eduardo Cunha omite o desserviço prestado ao país por sua agenda autoritária e conservadora", dizem os parlamentares. Eles lembram que Cunha é um dos cerca de 50 políticos investigados no Supremo Tribunal Federal suspeitos de terem recebido propina fruto de desvios na Petrobras.

Juiz político
Cunha elogiou a proposta aprovada ontem no Senado, que obriga magistrados a membros do Ministério Público a deixarem seus cargos dois anos antes de concorrerem às eleições. "Muitos estão fazendo política", disse ele, que não quis informar os nomes dos juízes e procuradores 'políticos'. Cunha trocou farpas com o procurador geral da República, Rodrigo Janot, dizendo que ele o investiga por questões "pessoais". Como suas declarações sobre a Lava-Jato estavam sendo usadas nos processos no STF, seu advogado pediu que ele evitasse comentar o caso.
Herculano
17/07/2015 06:30
MPF INVESTIGA PAPEL DE LULA EM "CRIME PERFEITO".por Cláudio Humberto na coluna que publicou hoje nos jornais brasileiros

A Procuradoria da República no Distrito Federal confirmou ontem que investiga o ex-presidente Lula por tráfico de influência em financiamentos do BNDES à empreiteira Odebrecht no exterior. É considerado "crime perfeito": os financiamentos do BNDES de obras no exterior, em geral países sem órgãos de controle, tinham longos prazos de carência (em média 25 anos), sem licitação, contratos "secretos" protegidos por sigilo fiscal, e eram "legalizados" por acordos bilaterais.

Protegidos por sigilo

As operações do BNDES com outros governos não passaram pelos órgãos de controle brasileiros (TCU, Ministério Público, etc).

Sem prerrogativa

Obras financiadas pelo BNDES, em sua maioria feitas pela Odebrecht, também não passaram pelos órgãos brasileiros de fiscalização.

Alô, Procuradoria

Apesar de o MPF investigar o tráfico de influência de Lula na República Dominicana e Cuba, estão na África os contratos mais elevados.

Contratos bilionários

Ainda como presidente, Lula garantiu dinheiro do BNDES à Odebrecht em Angola (R$ 1,6 bilhão) e República Dominicana (R$ 833 milhões).

Emperra negociação pelo comando do Dnocs

Convênio entre a Prefeitura de Felipe Guerra (RN) e o Departamento Nacional de Obras Contra as Secas (Dnocs) virou dor de cabeça no Planalto: uma máquina da autarquia foi usada para perfurar um poço onde mora o secretário municipal do Esporte, Brunno Gurgel, através de acordo entre a prefeitura e o coordenador do Dnocs, José Eduardo Alves Wanderley, sobrinho do ministro Henrique Alves (Turismo).

Quem manda

Apesar do Dnocs ser do Ministério da Integração, do pepista Gilberto Occhi, lá é Alves quem apita. Até garantiria a boquinha para o sobrinho.

Azedou

Michel Temer tentou acordo com PP e Alves: a sigla indica a diretoria do Dnocs e Alves a presidência. Agora, o acordo subiu no telhado.

Velho conhecido

Em janeiro, na Operação Itaretama, a PF deu uma batida na casa de José Eduardo. A polícia suspeita de desvio em obras do Dnocs.

Rebordosa

Para parlamentares, a Polícia Federal intensificará em agosto, após o recesso, o cerco aos políticos enrolados na Operação Lava Jato. O medo no Congresso é tão grande que alguns deputados e senadores estão destruindo até arquivos de celulares e computadores.

Se Lula queima filme...

O filme de Lula está tão queimado no Rio de Janeiro que o apoio dele faria com que qualquer candidato a prefeito perdesse quase metade (49,2%) dos votos, segundo levantamento do Instituto Paraná.

...Dilma, nem se fala

A mesma pesquisa aponta que o apoio da presidente Dilma Rousseff sepultaria qualquer candidatura à prefeitura carioca: dois terços (66,3%) dos potenciais votos seriam perdidos após o apoio.

Veta, governador

O vice-governador do Distrito Federal, Renato Santana, se reuniu com representantes do Uber. Para ele, o governador Rodrigo Rollemberg está inclinado a vetar o projeto que proíbe o uso do aplicativo no DF.

Sem cultura

A TV Cultura vem sendo negligenciada pelo governo de São Paulo. Com redução de 30% no orçamento, a emissora sofrerá ainda mais cortes: 53 funcionários devem ser demitidos nos próximos dias.

Lenda

O senador Roberto Rocha (PSB-MA) contestará o circo do ministro Gilberto Kassab, que anunciou a construção de 160 mil casa populares. O Minha Casa, Minha Vida "não passa de lenda no Estado", diz Rocha.

Fica e sai

Em reunião com cúpula do PDT, Calos Lupi, presidente da sigla, bateu o martelo em dois pontos: o PDT fica no governo e o ministro Manoel Dias (Trabalho) sai. A bancada da Câmara deve escolher o substituto.

Dúvida da oposição

A oposição na Câmara "soltou fogos" com a notícia que o MPF está no calcanhar de Lula apurando suposto tráfico de influência do petista. Onyx Lorenzoni (DEM-RS) disse não ter ?a menor dúvida? da falcatrua e mandou: a dúvida é se foi durante ou só depois de deixar o governo.

Pergunta na Lava Jato

Se o Congresso pode ser revistado pela PF, os palácios do Planalto e da Alvorada também podem ser alvo de busca e apreensão?
Herculano
17/07/2015 06:22
O AUMENTO DA FORTUNA E DO PRONTUÁRIO DE FERNANDO COLLOR DE MELLO PROVA QUE POR TRÁS DO LULA PAI DOS POBRES EXISTE UM LULA MÃE DOS RICOS, por Augusto Nunes, de Veja.

Lula recita de meia em meia hora que só pensa nos pobres. Mas o farsante que inventou o Brasil Maravilha sempre encontrou tempo para enriquecer, garantir a prosperidade da família e aumentar a fortuna de amigos já milionários. Fernando Collor, por exemplo, foi premiado com uma diretoria da BR Distribuidora, subsidiária da Petrobras.

Numa negociata desvendada pela Operação Lava Jato, embolsou 20 milhões de reais. Essa e muitas outras maracutaias em que se meteu justificaram a operação da Polícia Federal que deixou ?indignado? o ex-presidente defenestrado do Planalto por vontade popular. Muito maior é a indignação do Brasil decente, ultrajado pelas delinquências protagonizadas em parceria por Lula e Collor.

Por enquanto, só foram apreendidos carrões e computadores. O país que presta aguarda, com justificada ansiedade, o confisco de ex-presidentes que imploram pela traseira de um camburão.
Herculano
17/07/2015 06:20
QUEBROU-SE A CASCA DE PROTEÇÃO. CHEGARAM PERTO DO PAI DESTA ZORRA TODA. A NOTÍCIA ONTEM CHEGOU A ABALAR OS MERCADOS POIS POUCO ACREDITAVAM QUE AS INSTITUIÇÕES COMO O MINISTÉRIO PÚBLICO, PUDESSEM TER ESTE ATO DE CORAGEM EM NOME DOS BRASILEIROS E DA IGUALDADE DE TODOS NÓS PERANTE AS LEIS. FOI O PRIMEIRO PASSO. AINDA TÍMIDO, MAS SIGNIFICATIVO. PROCURADORIA ABRE INVESTIGAÇÃO CONTRA LULA.

Conteúdo do jornal Folha de S.Paulo. Texto de Márcio Falcão da sucursal de Brasília. A Procuradoria da República no Distrito Federal abriu uma investigação criminal formal contra o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. O petista será investigado por suspeita de tráfico de influência em favor da Odebrecht, no Brasil e no exterior, em obras financiadas pelo BNDES.

O caso já era analisado em caráter preliminar pela Procuradoria. Agora, Lula é investigado oficialmente. O Ministério Público Federal passa a ter prerrogativa de pedir quebras de sigilo e busca e apreensão relacionadas ao caso.

A Procuradoria também decidiu pedir à força-tarefa que investiga o esquema de corrupção da Petrobras o compartilhamento de provas da Operação Lava Jato que tenham relação com a construtora e, eventualmente, com o ex-presidente.

A expectativa é de que um dos próximos passos seja a tomada do depoimento do petista. A suspeita é de que Lula tenha exercido influência para que o BNDES financiasse obras de Odebrecht, principalmente em países da África e da América Latina.

A empreiteira bancou diversas viagens de Lula ao exterior depois que ele deixou a Presidência. O petista nega qualquer irregularidade.

Na fase inicial da apuração, o Ministério Público determinou que o Instituto Lula entregasse a agenda de viagens do ex-presidente para a América Latina e a África entre 2011 e 2014, que a Odebrecht informasse se pagou viagens internacionais ao petista e se elas tinham alguma relação com investimentos da construtora no mercado externo.

Ao Itamaraty foi requisitado cópias de telegramas diplomáticos e despachos sobre viagens de Lula ao exterior, relacionadas ou não com a Odebrecht. Os principais alvos são visitas a Cuba, Panamá, Venezuela, República Dominicana e Angola.

A partir do cruzamento inicial do material, a Procuradoria decidiu que há elementos para aprofundar as apurações. Na avaliação dos procuradores, as relações de Lula com a construtora, o banco e os chefes de Estado podem ser enquadradas, "a princípio", em artigos do Código Penal que tratam do tráfico de influência.

O Código Penal fixa como tráfico de influência "solicitar, exigir, cobrar ou obter, para si ou para outrem, vantagem ou promessa de vantagem, a pretexto de influir em ato praticado por funcionário público no exercício da função", prevendo pena de dois a cinco anos de reclusão.

Um relatório enviado pela Polícia Federal ao Ministério Público registrou 38 saídas de Lula do país entre fevereiro de 2011 e dezembro de 2014. Uma das empresas de táxi aéreo usadas pela Odebrecht para transportar o ex-presidente informou custo de deslocamentos entre R$ 215 mil e R$ 435 mil.

A empresa mostrou ainda que em uma viagem para Cuba Lula foi acompanhado do ex-executivo da empreiteira Alexandrino Alencar, que foi preso em uma das fases da operação Lava Jato.

A defesa de Lula chegou a enviar à Procuradoria um pedido de arquivamento do procedimento preliminar, argumentando que é equivocada a tese de que Lula teria relação próxima com a empresa.

Lula também é alvo de outras duas investigações na Procuradoria do DF relativas a acusações do empresário Marcos Valério no caso do mensalão. De acordo com a assessoria do órgão, ambas ainda estão em tramitação.
Herculano
17/07/2015 06:15
O INVESTIGADO QUE INTIMIDA, por Bernardo Mello Franco, para o jornal Folha de S. Paulo

O que têm em comum Fernando Collor, Eduardo Cunha e Renan Calheiros? Além do que o leitor está pensando, os três adotaram a mesma tática na Lava Jato. Em vez de se defender, atacam os policiais e procuradores que os investigam.

Nesta quinta, Renan voltou a criticar a PF. Collor chamou os investigadores de "facínoras que se dizem democratas". Cunha acusou o procurador Rodrigo Janot de forçar delatores a mentir para incriminá-lo.

Nada de novo, salvo um detalhe. Duas testemunhas afirmaram em juízo que temem retaliação do deputado às suas famílias. O medo foi relatado pelo doleiro Alberto Youssef e pelo consultor Júlio Camargo.

"O deputado Eduardo Cunha é conhecido como uma pessoa agressiva", disse Camargo, que relatou a propina de US$ 5 milhões. "O maior receio é a família, porque quem age dessa maneira perfeitamente pode agir não contra você, mas contra terceiros. Às vezes, machucar um ente querido é muito pior do que machucar você mesmo", prosseguiu.

Youssef se disse preocupado com as três mulheres da família. "Venho sofrendo intimidação perante as minhas filhas, perante a minha ex-esposa", relatou o doleiro. "Estou sendo intimidado pela CPI da Petrobras, por um deputado, pau-mandado do senhor Eduardo Cunha".

A pedido de um aliado de Cunha, a CPI já quebrou o sigilo das três, mas a medida foi anulada pelo Supremo. Agora está na hora de o tribunal se pronunciar sobre os relatos de intimidação e ameaça aos réus.

Para dirigir seu pronunciamento à nação desta sexta, Cunha contratou o marqueteiro Paulo de Tarso Lobão Morais, condenado em 2010 por peculato em Rondônia. A sentença foi confirmada em segunda instância e depois anulada pelo STJ.

O diretor nega ter cometido crime e se diz vítima de "armação política". "Eu não sou notícia. Notícia é o presidente da Câmara", afirma
Herculano
17/07/2015 06:13
E A PONTE DO VALE?

Faltou espaço na coluna impressa. Mas, a presidente Dilma Vana Rousseff, PT, esteve em Santa Catarina, para inaugurar a ponte Anita Garibaldi, em Laguna, prometida e esperada por 20 anos, 13 deles em campanha e governos do PT.

Dilma nunca esteve tão próximo do prefeito Pedro Celso Zuchi, PT, que não precisou ir a Brasília, o que o partido dele prometeu: recomeçar as obras da ponte do Vale neste julho.

Afinal a verba que ele anunciou a meses como liberada e a imprensa comeu bola e propagou já foi liberada? As obras recomeçam mesmo neste julho? Ou mais uma vez os leitores e leitoras da colunas terão sido informados de que tudo isto não passou de mais um circo feito para enganar os desinformados? Acorda, Gaspar!
Herculano
17/07/2015 06:08
PÁTRIA EDUCADORA

Manchete do portal Cruzeiro do Vale, o mais antigo e mais acessado: "falta de materiais de higiene, principalmente papel higiênico, levou os alunos da escola Honório Miranda a protestarem em frente ao educandário".

É o nosso educandário mais tradicional. Fica no Centro da cidade. É do governo de Raimundo Colombo, PSD, cuidar dele. A que ponto chegamos. Vergonha. Será que falta materiais de limpeza, higiene, principalmente papel higiênico na Secretaria de Desenvolvimento Regional, o cabideiro de empregos para políticos sem votos? Incrível a prioridade dos políticos e governantes. E nós votando nesta gente que possuem este tipo de escolha.
Herculano
17/07/2015 06:02
UMA REPÚBLICA DE CORRUPTOS QUE SUGA OS NOSSOS PESADOS IMPOSTOS PARA SUAS SACANAGENS E PERPETUAÇÃO NO PODER. VAI DA PRESIDÊNCIA DA REPÚBLICA À PRESIDÊNCIA DA CÂMARA, PRESIDENCIA DO SENADO, PRESIDÊNCIA... BRASIL MOSTRE-ME A SUA CARA...

MANCHETE DOS PORTAIS E TEVÊS ONTEM E DOS JORNAIS HOJE: LOBISTA AFIRMA QUE PAGOU CINCO MILHÕES DE DÓLARES A EDUARDO CUNHA, PMDB. E COMO UM INTOCÁVEL E IMPERADOR, ELE PROMETE SE VINGAR DE QUEM LEVAR ISTO ADIANTE.

O conteúdo é do jornal Folha de S.Paulo. O texto é de Graciliano Rocha e Bela. O lobista Julio Camargo afirmou em depoimento à Justiça Federal nesta quinta-feira (16) que foi chantageado pelo deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ) e pagou a ele US$ 5 milhões em propina em 2011 para garantir a continuidade de um contrato bilionário com a Petrobras.

Camargo fez acordo para colaborar com as investigações da Operação Lava Jato em outubro do ano passado e prestou vários depoimentos desde então, mas esta é a primeira vez em que menciona Cunha, que atualmente preside a Câmara dos Deputados.

Questionado pelo juiz federal Sergio Moro, que conduz os processos da Operação Lava Jato no Paraná, Camargo disse que não falou antes sobre o assunto por temer represálias à sua família e às empresas que representa.

Nos depoimentos aos procuradores do Paraná, o lobista disse, no ano passado, que pagou cerca de R$ 137 milhões em propina a dirigentes da Petrobras e operadores do PT e PMDB, mas negou ter pagado suborno a Cunha.

Nas últimas semanas, ele prestou novos depoimentos em Brasília, agora à Procuradoria-Geral da República, que investiga Cunha e outros políticos suspeitos de envolvimento com o esquema de corrupção na Petrobras.

Para convencê-lo a falar, os procuradores disseram a Camargo que ele pode perder os benefícios do acordo de delação premiada, como a redução de sua pena no futuro, se não contar tudo o que sabe.

Cunha disse que Camargo mentiu em seus depoimentos e negou ter qualquer participação no esquema de corrupção descoberto na Petrobras.

'ELE QUER RECEBER'
Camargo representava a coreana Samsung em dois contratos assinados com a Petrobras para construção e afretamento de navios de exploração de petróleo, no valor de US$ 1,2 bilhão.

Ele disse que foi chantageado por Cunha depois que a empresa se recusou a pagar US$ 10 milhões da propina cobrada pelo PMDB.

Segundo Camargo, o lobista Fernando Baiano, apontado como principal operador do PMDB no esquema, disse que estava sendo pressionado por Cunha. Camargo diz que pediu para conversar com o deputado e ouviu de Baiano: "Ele não quer conversar com você. Ele quer receber".

Camargo contou que se reuniu com Cunha e Baiano num prédio comercial do Leblon, bairro nobre do Rio, para tentar resolver o impasse.

"Cunha é conhecido como uma pessoa agressiva, mas comigo foi extremamente amistoso, dizendo que ele não tinha nada pessoal contra mim, mas que havia um débito meu com o Fernando do qual ele era merecedor de US$ 5 milhões", disse Camargo.

O lobista reconstituiu assim o que teria ouvido do deputado: "Não aceito que pague só a minha parte. Pode até pagar o Fernando mais dilatado, mas o meu eu preciso rapidamente". O juiz Moro interrompeu o delator lembrando que Cunha só pode ser investigado com autorização do Supremo Tribunal Federal, onde já é alvo de inquérito.

Segundo Camargo, sua dívida com o PMDB foi liquidada com a ajuda do doleiro Alberto Youssef, outro dos operadores do esquema de corrupção. O lobista disse ter feito depósitos numa conta do doleiro no exterior, que depois teria entregue reais no Brasil. O delator afirmou que Fernando Baiano fez o dinheiro chegar a Cunha. No total, Camargo disse ter entregue entre US$ 8 milhões e 10 milhões ao operador do PMDB.

REQUERIMENTOS

Camargo disse também que foi chantageado por dois requerimentos apresentados na Câmara pela então deputada Solange Almeida (PMDB-RJ), aliada de Cunha que pediu explicações à empresa japonesa Mitsui, parceira da Samsung nos navios.

Youssef já havia apontado antes os requerimentos como um instrumento de chantagem. Como a Folha revelou, Cunha aparece nos registros eletrônicos da Câmara como autor dos dois requerimentos, o que o deputado nega.

Camargo contou que, antes de falar com Cunha, teve uma conversa com o então ministro das Minas e Energia, Edison Lobão (PMDB-MA). "Isso é coisa do Eduardo", teria reagido Lobão ao ver os requerimentos, disse o delator.

A citação a Cunha no depoimento elevou a temperatura na audiência desta quinta. Aos gritos, o advogado de Fernando Baiano, Nélio Machado, acusou Camargo de fazer delação a conta-gotas e de ter mudado de versão.

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