Por Herculano Domício - Jornal Cruzeiro do Vale

Por Herculano Domício

13/04/2010

Área de Risco I

Tarde demais, mas a tempo de conter esta "indústria" tocada por políticos inescrupulosos que caça votos dos pobres, fragilizados e desinformados. Após as centenas de mortes estampou-se: "o Ministério Público do Rio afirmou por meio de nota que está instaurando inquéritos civis para apurar se o poder público fez qualquer trabalho para identificar, monitorar e conter a ocupação de áreas de risco. Também será analisado com que regularidade o governo fiscalizou essas áreas para evitar sua ocupação". Isto lá, e aqui? Vamos aguardar novas tragédias para enquadrar políticos e a Defesa Civil meia sola?

 

Área de Risco II

Em Gaspar estão favelizando a cidade, desrespeitando sistematicamente o Estatuto das Cidades, o Plano Diretor, o Código de Parcelamento e Ocupação do Solo, infringido frontalmente os Códigos Ambientais e até urbanizando áreas de risco, como é o caso do Jardim Primavera, no Bairro Bela Vista. Chegam até a fazer e aprovar leis regularizando o irregular e o clandestino, isso mesmo, o clandestino. Quando morrem, nem flores mandam. Mortos não votam. E tudo fica por isso mesmo. Palanque, discursos, bravatas, promessas e votos com o dinheiro de todos nós.

 

Área de Risco III

Tudo o que a imprensa repercute culpando prefeitos e políticos pelas mazelas e mortes no estado do Rio, incluindo Angra dos Reis no início do ano, os leitores e leitoras desta coluna e do blog www.olhandoamare.com sabiam desde a nossa catástrofe ambiental em Novembro de 2008. Porém, nada mudou de lá para cá. Estamos esperando mais um desastre naturalsevero ceifar vidas, patrimônios e sonhos. A começar pela Defesa Civil, aparelhada, sem planos, sem ação técnica e feita para turismo familiar sob as bênçãos do poder público, seu padrinho político. Acorda, Gaspar.

 

Bandeirada

Parece que o jogo começou. Pelo menos nas retóricas. De um lado o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, PT, com a sua candidata a tiracolo, a ex-guerrilheira, a ex-ministra, ex-filiada do PDT, a mineira Dilma Rousseff; e de outro, o ex-exilado da ditadura e sem padrinhos a embalá-lo na campanha, o ex-ministro, ex-governador paulista, o paulistano José Serra, do PSDB. Em seu discurso, Serra criticou a divisão do país em classes e regiões. Ainda provocou seus adversários ao dizer que "o Brasil não tem dono" e que a oposição está preparada para "quanto mais mentiras disserem sobre nós, mais verdades diremos sobre eles". Segundo Serra, é "deplorável que haja gente que, em nome da política, tente dividir o nosso Brasil". Infelizmente, esta campanha dividirá ainda mais esta Nação, pois prevalecerão ódios e não idéias. O culto à impunidade, à intolerância e ao sectarismo corrompe as idéias.

 

Salvando-se

A saída do secretário Evandro Assis Muller, da secretaria de Administração e Finanças do município de Gaspar, surpreendeu (mas não a sua família onde o assunto foi discutido exaustivamente por meses). A saída mostra que ele não estava no núcleo das decisões e estava assumindo riscos por conta de ações alopradas e desestruturadas de outros. Evandro decidiu voltar ao que sabe fazer, auditar contas públicas e em Blumenau, onde é concursado. Vai salvar o nome, a reputação profissional e proteger o patrimônio pessoal que poderia estar ameaçado diante dos riscos que estava sendo submetido. A jogatina jurídica o deixou com medo. A maré está fazendo água neste barco. E Evandro pulou fora por decisão própria. Mais detalhes, leia "Secretário de finanças sai para salvar o nome e a sua pele", no blog www.olhandoamare.com. Acorda, Gaspar.

 

Questão de ordem

O Brasil é governado por um soberano totalitário e absolutista que tudo pode ou estamos sob a égide da democracia, da pluralidade e dos contrapontos dos três poderes? Então compare estas duas frases e qualquer semelhança com Gaspar, é mera coincidência. "Não podemos ficar subordinados ao que um juiz diz que podemos ou não". Quem disse isto? O presidente Luiz Inácio Lula da Silva, PT. "Não prestamos contas a um juiz, mas à legislação", retrucou o presidente da Associação dos Magistrados Brasileiros, Mozart Valadares. Afinal não é a lei que torna os cidadãos e cidadãs iguais entre si? Por que o PT que lutou tanto por isso; combateu todos os tipos de tiranias, agora no poder, quer estar acima da lei, dos julgadores e reinar além dos Códigos, da pluralidade e do contraditório? Incompreensível.

 

Hospital

O novo Hospital de Gaspar reformado, moderno e reestruturados está doente, outra vez. É só olhar as reportagens da semana passada dos jornais Cruzeiro do Vale e Santa. Uma vergonha. E de quem é a culpa? Dos médicos que conspiram eternamente contra ele? Dos políticos que o usam para eterno palanque, jogos e manobras? Não. De nós mesmos que não reagimos contra este desatino. O prefeito vai hoje a Brasília. E diz oficialmente em "press release"que vai arrumar verbas federais para o Hospital. Ufa. Faz bem. Até que enfim. Parabéns. Antes porem, o assessor da senadora Ideli Salvatti, José Dias, em nome da administração, tentou negociar com a Acig - Associação Empresarial de Gaspar - a saída dela do Conselho gestor do Hospital. Para que? Para o PT e o governo Federal liberar a tal verba. Veja só a ingratidão desse pessoal. E pensar que foi a Acig, apolítica, apartidária, uma das entidades que liderou todo o processo de modernização e reabertura do Hospital. É por isso que o hospital continua doente. Ele ainda não se livrou de políticos mesquinhos, sectários, soberbos, intolerantes, que cultuam a impunidade, o aparelhamento e a sede de poder. Acorda, Gaspar.

Comentários

Odir Barni
14/04/2010 14:30
Caro Editor, que não fica indignada de ver mais uma vez o hospital de Gaspar ganhar as páginas dos jornais com nótícias desagradáveis. Eu gostaria de ler no Cruzeiro do Vale: o Hospital de Gaspar é exemplo no Vale - se mantém com recursos próprios e a comunidade está satisfeita. Pelo contrário, o povo está cada vez mais apreensivo, temeroso com a saúde pública. Hoje, dia 14 de abril de 2010, nem a capital escapou das críticas; hospitais sucateados, corroídos, paciantes nas macas, nos corredores. Segundo Dr. Nemetz a partir de agora a lei mudou, o paciente pode escolher a forma de ser tratado em caso terminais - se quer morrer nos hospital, longa de família, abandonado ou morrer em casa. Acredito que a última opção seja a mais verdadeira. Não entro no mérito das questões sobre o Hospital de Gaspar; suas promessas e mentiras. Deixo para os leitores,como sempre faço, duas analogias: Os médicos são como empresa de ônibus, primeiro o passageiro passa pela catraca, depois viaja, não tem fiado. Já o hospital é como vendinha do interior ou de bairro, vende na cadernete e recebe quando dá, o risco é do comerciante. Na faculdade da vida aprendí assim. Quem tem muitos títulos não pensa como nós, vivem noutro mundo, os bens materias superam nossos objetivos. Não esqueçam uma coisa: Prá onde foi o saudoso Cegonha foi também o saudoso Júlio Schramm. Não brinque com o ser humano! Os seus dias estão contados!

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