Prefeitura debocha e mente em resposta a requerimento de vereador sobre atendimento de não residente em Gaspar em Posto de Saúde. - Jornal Cruzeiro do Vale

Prefeitura debocha e mente em resposta a requerimento de vereador sobre atendimento de não residente em Gaspar em Posto de Saúde.

20/05/2019


Reprodução da ficha de atendimento. Por ela, paciente é registrada como “moradora” do Posto de Saúde do Centro. Subordinada da área de saúde pública tocada por Carlos Roberto Pereira afirmou ao vereador Sílvio Cleffi, PSC, não há nenhuma irregularidade no prontuário da paciente

Além de desrespeito, o que o documento assinado pelo prefeito quer verdadeiramente esconder?

Na coluna do dia 25 de fevereiro e feita especialmente para este portal pioneiro e líder de acessos em Gaspar e Ilhota, relatei com documentos da própria secretaria de Saúde de Gaspar e que reproduzo acima um deles novamente, a forma como o posto de saúde do Centro facilitou o atendimento de uma paciente não residente em Gaspar, fornecendo-lhe consulta, exames laboratoriais.

E na ficha, que era nova, sem o total preenchimento devido em todos os campos, e para primeiro atendimento em Gaspar, constava que Vanusa Sbruzzi era moradora do próprio posto de Saúde, algo muito incomum. Ao que consta, ninguém mora lá – e nem poderia. Quando se cadastra para atendimento eletivo ou ambulatorial no sistema daqui, ou de qualquer outro município, é necessário apresentar um comprovante de residência para ser beneficiário do sistema ou acessá-lo. É regra “pétrea”.

O artigo do dia 15 de fevereiro e que pode ser relido neste portal, tinha o seguinte título: “Eficiência avança II. ‘Moradora’ do Posto de Saúde do Centro ‘fura’ a fila e é atendida no sistema de saúde municipal por médica. Usou serviços de laboratório e mamografia”.

Apesar da gravidade, houve desde então, um silêncio sem tamanho – como é de costume - na prefeitura e na secretaria de Saúde, tocada pelo presidente do MDB gasparense e advogado, Carlos Roberto Pereira. A falta de transparência tem sido uma das marcas do atual governo daqui.

Intrigado com a informação daqui e o silêncio do governo, o vereador, médico e funcionário público municipal, Silvio Cleffi, PSC, cria político do prefeito Kleber Edson Wan Dall, MDB, que já foi da base do poder de plantão, e agora faz uma oposição crítica após vencer em 2017 a eleição para presidência da Câmara, contrariando o jogo de cartas marcadas da prefeitura para interferir na autonomia do Poder Legislativo, e por isso, por simples vingança, constrangido e desrespeitado quando presidente pelo Executivo, resolveu tirar esta história a limpo.

NA PRIMEIRA RESPOSTA, A SINALIZAÇÃO CLARA DA ENROLAÇÃO E DESRESPEITO

Silvio fez e viu aprovado por todos os vereadores no dia quatro de abril, o requerimento 74/2019. Ele continha apenas quatro perguntas simples, protocolares e diretas sobre o assunto. E a prefeitura mandou a superintende de Saúde Pública de Gaspar, Lizandre H. Junkes, responde-lo. Ela, experiente em Blumenau, também foi sucinta no ofício que enviou no dia 29 de abril ao então chefe de gabinete, Pedro Inácio Bornhausen, PP, que deu conhecimento ao prefeito e este, avalizou as respostas da funcionária e as remeteu para a Câmara.

Cleffi perguntou: “houve alguma irregularidade no citado atendimento?”

Lizandre respondeu: “não houve nenhuma irregularidade no que mostra o prontuário”.

Eu: o que é um prontuário? Para os médicos, resumidamente, são os atendimentos, o relato dos pacientes, as prescrições, os procedimentos e resultados de ações de intervenções e profilaxia. Para o aparelho público SUS - que sustenta e controla o sistema - é o cadastro do paciente.

Então. Se a agente pública não mentiu, omitiu e praticou o que se chama de falsidade ideológica. E estão envolvidos solidariamente neste ato, seus superiores: o secretário de Saúde, o ex-chefe de gabinete e o prefeito. Todos – se não participaram de alguma forma - deram aval e fé pública a tal documento que referendaram e enviarem oficialmente para a Câmara e ao vereador Silvio Cleffi.

Como mostra a ficha aberta às 15.58.36 do dia seis de fevereiro deste ano – se não alteraram o sistema depois que a notícia se espalhou em fevereiro -, por Luiz Henning, Vanusa Sbruzzi, deu como seu endereço, ou lhe atribuíram como seu endereço em Gaspar, a Rua Augusto Beduschi, 130, que nada mais é, o endereço do próprio posto de Saúde do Centro. É preciso investigar. É preciso apurar administrativamente. É preciso punir quem errou e que agora se configura como proposital, pois tenta-se de todas as formas escondê-lo, ou escamoteá-lo e dar ares de normalidade.

Mais. No mesmo documento não foram preenchidos campos obrigatórios cadastrais, como a cidade do nascimento da paciente, a “área/ESF a que ela pertence”, a “unidade de Saúde de Referência”, o “email”, “empresa em que trabalha” etc. É quase uma ficha fantasma. Ela está republicada acima para os leitores e leitoras conferirem, mais uma vez, inclusive o vereador, para ter certeza de que debocharam dele, principalmente na prerrogativa constitucional de pedir e receber informações como um agente fiscal, mesmo que, em caráter reservado.

Então é certo afirmar, como Lizandre afirmou e seus superiores concordaram de que não “houve nenhuma irregularidade no que mostra o prontuário”? Quem errou, o que querem encobrir, quem estão protegendo com tal mentira, omissão e deboche?

Cleffi perguntou: quais as datas de seus atendimentos no posto de saúde do município, neste ano de 2019?

Lizandre respondeu: 06.02.2019. Compareceu à unidade.

Eu: Nada a comentar. Está correto. O atendimento foi uma mera formalidade para se pedir os exames laboratoriais e a mamografia.

Cleffi perguntou: houve, pelo médico solicitante, alguma prioridade no pedido destes exames, ou na realização? Caso positivo, qual o critério de prioridade (não sendo necessário especificar o motivo por razões éticas)?

Lizandre respondeu: não houve prioridade de atendimento, pois os exames solicitados não possuem fila de espera, ou seja, demanda reprimida.

Eu: Diante da grave irregularidade e de como nasceu esse atendimento, de como se dificulta o seu esclarecimento, é vital que a promotoria que cuida da moralidade pública na Comarca de Gaspar tomar este caso para si, analisa-lo e mandar abrir um inquérito.

Mesmo na suposição de não havendo filas de espera, ou então demanda reprimida, como se alega na resposta de Lizandre, foi gasto dinheiro do município, dos gasparenses, na combalida saúde pública, com pessoa que não provou ser residente aqui. Ela furou a fila em outro lugar onde possui domicílio e deveria pedir tais exames e atendimento público.

Houve um benefício indevido. Houve um prejuízo devido à coletividade, com a conivência de agentes públicos e políticos. Estaria, caracterizado, em tese, a improbidade administrativa e à falsidade ideológica.

Cleffi perguntou: Qual o endereço da paciente que consta na ficha de atendimento e, em especial no atendimento do dia 25 de fevereiro de 2019? [ o atendimento foi no dia 6.02; a coluna com a notícia do atendimento é que foi no dia 25.02]

Lizandre respondeu: o vereador como profissional de saúde sabe que o endereço dos usuários é sigilo e somente pode ser quebrado por ordem judicial.

Eu: ou seja, a prefeitura, o secretário de Saúde se negam à transparência, desafiam a moralidade pública, constrangem o vereador pois dizem que está fazendo um questionamento indevido, tentam ganhar tempo pois duvidam que haja judicialização de tal caso. E se houver, o culpado ainda vai ser o Luiz Henning que fez a ficha da moça no posto de Saúde. Querem apostar?

É preciso ir a fundo nesta questão.

Afinal que laços Vanusa tem com o poder de plantão e quem criou facilidades para ela ser atendida em Gaspar, com endereço falso, quando Vanusa tinha até o tempo em que foi atendida no posto de saúde do Centro de Gaspar, domicílio declarado e conhecido em Balneário Camboriú e Blumenau? E não foi gente de terceiro escalão que facilitou esse atendimento irregular e fora dos padrões, pois se fosse já estaria afastada da função. E não está.

A própria prefeitura que tenta escamotear este caso, denunciou que o ex-prefeito Pedro Celso Zuchi, PT, inscrito no posto de Saúde do Barracão, usou de um artifício nas suas relações de ex-prefeito e foi atendido preferencialmente na unidade do Bela Vista. Qual dos dois fatos é mais grave? Por que um merece repúdio, apuração e punição aos facilitadores, enquanto outro não?

Por fim, no mesmo ofício resposta, Lizandre recomendou ao vereador Silvio encaminhar as reclamações dele e do povo para Ouvidoria, pois é um local específico para tal, canal devido da saúde (?).

Ouvidoria? Um ente declaradamente político e não técnico em Gaspar? Hum! Deboche completo não apenas com o vereador, mas com a sociedade pagadora de pesados impostos e que sofre com as costumeiras filas nos postinhos e que o médico Silvio Cleffi, conhece tão bem, pois trabalha num deles, o do Bela Vista. Acorda, Gaspar!

Os políticos no poder de plantão de Gaspar se organizam para abafar as falhas que levam à morte de pacientes no Hospital de Gaspar.

VERGONHA.


Na terça-feira na Câmara, razoavelmente atordoado com o relato da edição impressa de sexta-feira do jornal Cruzeiro do Vale – o mais antigo, o de maior circulação e credibilidade em Gaspar e Ilhota - e que expôs o drama das famílias no atendimento do Hospital de Gaspar, especialmente do caso Ângela Maria Tanholi Schramm, o vereador Cícero Giovane Amaro, PSD, mostrou-se preocupado e pediu transparência para tudo o que acontecia no Hospital e na Saúde Pública daqui.

O pedido do vereador Cícero se deveu não só aos relatos à reportagem do jornal, mas a fatos recorrentes que ele próprio vem denunciando no seu mandato e experiências vividas por ele próprio.

Pediu para reverter o quadro de descrédito do Hospital gerado pela má repercussão pública dos fatos. Fez isso, porque está preocupado com vidas, com a confiança mínima que deve gerar a instituição Hospital aos pacientes que se socorrem no Pronto Atendimento e Pronto Socorro. Cícero entende que é preciso tomar atitudes e mudar a má imagem deixada pela soma de tudo o que vem acontecendo, sendo denunciado e pouco esclarecido para a comunidade.

Pediu esclarecimentos pela qual o Hospital está sob intervenção municipal, comendo um caminhão de dinheiro dos gasparenses, mas mesmo assim, acumulando dívidas e apesar disso, sem se saber quem é o verdadeiro dono dele. Enfim, segundo Cícero, ele – como gasparense - não quer ver o Hospital falhar e criar tragédias, as quais se escondem na cidade, mas ser uma referência para salvar vidas.

Diante de tantas evidências da dor alheia, os políticos que estão obrigados a defenderem o prefeito Kleber Edson Wan Dall, MDB, preferiram malhar o jornal Cruzeiro do Vale, o que expôs os dramas reais e bem como as pessoas que foram às redes sociais, relatar o sofrimento de si, parentes e amigos, ou cobrar soluções. Impressionante. Este tipo de censura tem método e origem.

Em um lugar sério, cabeças já tinham rolado, a começar pelo secretário de Saúde.

O Cruzeiro do Vale como um ente social, entende que não é escondendo uma situação caótica que vai se resolver o que se enrola por décadas. O tempo vem provando que só piora.

O Cruzeiro do Vale não quer apenas que os erros sejam conhecidos, apurados e os responsáveis punidos. Quer, antes que sejam eliminados para a comunidade possa acreditar no Hospital com um ente que essencialmente recupera e salva vidas, e não as coloca em mais perigo como vem acontecendo seguidamente até agora.

O Cruzeiro do Vale defende o Hospital, mas não seus erros e quem o trabalha para escondê-los e com isso, impedir o adiar soluções. Trata-se problemas graves contra a saúde e a vida como meras fatalidades. E se isso não é verdadeiro, há fatos, há provas e há uma percepção generalizada de que isso está acontecendo, como bem demonstra as manifestações e relatos de casos nas redes sociais e que gente do círculo de poder até tentou desconstruir, desmoralizar e constranger numa tentativa de calar a população nessas manifestações. Vergonha.

UNIÃO POR VERBAS E NÃO POR SOLUÇÕES POR DIAGNÓSTICOS MINIMAMENTE ASSERTIVOS

O vereador Evandro Carlos Andrietti, MDB, por exemplo, culpou à falta de união dos vereadores e políticos para buscar mais verbas para o Hospital de Gaspar. Ele deve estar cego, surdo ou não sabe ler.

Não foi à falta de verbas que fundamentou gritos de socorro e até mortes de pacientes no Hospital de Gaspar, mas diagnósticos frágeis, equivocados ou errados. Isto está comprovado. E todos os políticos queimaram a língua na semana passada nessa armação orquestrada para esconder a ineficiência profissional, mesmo que individual como se alega, naquele ambiente hospitalar ambulatorial, emergencial e de urgência.

Ora se há uma fruta podre, nem isso, teimosamente, se está disposto a eliminar.

Contra as vozes que defendem o erro pelo abafamento dos relatos dos casos e a favor do jornal, ou dos que pedem providências diante das experiências, poucas horas depois, infelizmente, o drama de Ângela Maria Tanholi Schramm se repetiu com Márcia Marta Hang, de 57 anos.

E até o fechamento desta coluna ele não tinha tido o mesmo desfecho de Ângela, a morte, graças à ação eficaz da família, amigos, do próprio jornal que mobilizou a cidade e principalmente da Justiça que veio em seu socorro. E precisava?

É que a via crucis de Márcia foi anunciada aqui no portal e no jornal Cruzeiro do Vale – que os políticos demonizam exatamente por fazer jornalismo independente, para os cidadãos e a cidade, sem rabo preso e dependente de verbas públicas manipuladas pelos políticos ao seu interesse e censura. Foi aqui que os familiares e amigos de Márcia se socorreram para tornar pública a angústia de uma tragédia que quase se repetia como a de tantas outras Ângelas.

Nem prefeito, nem secretário de Saúde, nem gestor do Hospital, nem diretor clínico foram capazes à solução. A solução, chegou à última hora, com ajuda da Justiça. Uma decisão determinou acolher Márcia numa UTI particular em Blumenau para o internamento imediato, para um diagnóstico que começou há mais de 15 dias como “suspeita” de suposta fraca pneumonia.

Medicada no Pronto Socorro, foi para casa e voltou pior. No Hospital recebeu outro diagnóstico: arritmia cardíaca (?). O resto, longo, e contraditório calvário pode ser lido aqui no portal em texto elaborado pela redação e que ganhou grande repercussão na comunidade. Não foi a falta de uma UTI que determinou o agravamento da saúde de Márcia, mas a forma como foi diagnostica e tratada, dispensando inclusive, num primeiro instante, até internamento. A UTI foi necessária para tentar salvá-la quando tudo já caminhava para o fim.

O HOSPITAL NÃO É O CULPADO DISSO TUDO, MAS SÃO OS POLÍTICOS E AGENTES POÚBLICOS QUE O ADMINISTRAM E COLOCAM OS PROBLEMAS PARA DEBAIXO DO TAPETE EM ALGO TÃO SENSÍVEL: A VIDA

Até o líder do MDB, advogado, que já foi secretário de Saúde do petista Pedro Celso Zuchi, Francisco Hostins Júnior, homem que considero sensato, entrou na pilha da insensatez e defendeu que não se deve falar mal do Hospital. Como assim? Logo ele, que revelou ter tido um caso parecido na sua família. Ai, ai, ai.

Entretanto, ao menos, Hostins reconheceu que o Hospital não diagnostica ninguém, mas sim profissionais em nome dele.

Ótimo. A percepção de Hostins é coincidente com o do jornal. Então faltam ações e de gente que pode toma-las no poder público, pois o Hospital está sob intervenção e em tese, diante disso, o “dono” dele é o município, tocado pelo prefeito Kleber e seu secretário de Saúde. Quem está diagnosticando errado e por que? É preciso corrigir, é preciso eliminar esse foco de erro.

Tantos erros de diagnóstico e até agora, ninguém foi expurgado, ninguém foi punido, só as famílias, muitas delas com a perda de seus entes queridos? Esconder o quê vereador em nome de uma imagem que está maculada na sua origem? É hora de parar com a encenação e se ir à responsabilização.

O mau profissional, o mau chefe, o senso de proteção pelo corporativismo é que devem ser protegidos? É isso? E tudo em nome da morte dos outros? Valha-me Deus! Transparência é tudo. Responsabilidade é a palavra de ordem. E a conclusão é de que faltam responsáveis para assumir seus erros e culpas por resultados dramáticos, mesmo que se admita que seja um percentual pequeno. Devia ser zero. É o que se persegue em qualquer ambiente sério que lida com a vida. Nada é mais fatal do que a permanente irresponsabilidade.

O líder do prefeito, o vereador Francisco Solano Anhaia, MDB, foi mais longe: ele condenou a ilustração que encima deste comentário. Para ele, ela é de um “tal jornal de Gaspar” e não retrata à realidade, pois o Hospital não é negligente, e negligência seria um crime personalíssimo. Como ele não é um letrado nas ciências jurídicas, foi mal orientado. A personalíssima negligência quando protegida, reiteradamente, pela instituição é de fato uma negligência do ente institucional.

Esse “tal jornal de Gaspar”, vereador, tem nome: Cruzeiro do Vale. E possui história. E ele vem enfrentando os poderosos da cidade há 30 anos. Todos passaram. E quando os cidadãos e cidadãs precisaram de voz, inclusive os que estão no poder e o próprio vereador, foi no Cruzeiro que a encontraram para as suas legítimas queixas, denúncias, opiniões e ideias.

E por que? Devido a isenção e credibilidade do jornal e do portal. Agora, tramam, dia e noite, censura e ameaças só por ele ser independente, dar também voz aos cidadãos sem voz e não se dobrar aos do poder de plantão? O erro que no jornal relata, está na cara de todo mundo.

A DEPURAÇÃO VIRÁ COM MÉTODO E ENERGIA PARA CRIAR UMA NOVA IMAGEM REAL

O Hospital precisa buscar e apontar os culpados, num processo de transparência e auto-depuração, perante à comunidade que o sustenta, depende e precisa do Hospital como solução, mas está com medo de usá-lo.

É o Hospital que está sendo negligente consigo próprio. Essa negligência vai mais além. Ela é solidária pelo prefeito que é o interventor do Hospítal, pelo secretário de Saúde, o advogado, presidente do MDB, Carlos Roberto Pereira, o gestor do Hospital, bem como os diretores clínico e técnico.

Todos estão obrigados à responsabilização não apenas dos casos que devem ser apurados, mas, antes, preventivamente, em criar mecanismos para colocar sob controle a possibilidade de erros nos diagnósticos médicos e procedimentos.

A história trabalha contra o Hospital e seus gestores públicos: menos de dois anos e meio do governo Kleber quatro gestores passaram por ele, e um diretor técnico teve que correr porque exercia ilegalmente a função e a de médico anestesista, quando estava suspenso pelo próprio Conselho Regional de Medicina. Há histórico. E não é bom.

“É preciso acabar com isso de atacar os médicos e os enfermeiros”, disse o líder de Kleber na Câmara numa tentativa de jogar a população contra as pessoas que relatam seus dramas nas redes e no jornal sobre o Pronto Atendimento e no Pronto Socorro do Hospital, quando não saem de lá mortas, como aconteceu com Ângela.

Na verdade, quem está atacando os médicos e enfermeiros não é a população amedrontada, mas são os políticos que administram o Hospital de Gaspar. Ninguém mais. E por que? Eles não foram capazes, até agora, de separar o joio do trigo, para salvar uma maioria de profissionais que se sacrifica e não erra, ou ao menos, tão constantemente nos diagnósticos no Hospital de Gaspar.

Quem cuida dos residentes médicos que tomaram conta do Pronto Atendimento, onde nasce a maioria das queixas e erros que levam ao agravamento de várias situações relatadas?

E para encerrar, repasso a história contada pelo vereador Cícero na mesma sessão da Câmara diante de tanta hipocrisia, contra a vida de gente humilde e que resolveu botar a boca no trombone. Ela ilustra bem o que os políticos querem com o silêncio do jornal, do portal, desta coluna e dos que estão nas redes sociais e não dependem das tetas do governo para si, seus filhos ou parentes.

Cicero contou que um esperto tinha um cavalo cheio de problemas e precisava se livrar dele, mas sem prejuízos ao investimento feito. Decidiu então vende-lo, mas para um desconhecido. Quando um vizinho deu por falta do cavalo, questionou o que tinha acontecido. Soube que tinha sido negociado e por um bom preço. Estranhou. E perguntou como tinha se dado tal milagre. “Nunca fale mal das suas coisas para os outros”. Acorda, Gaspar!

A tardia troca na chefia de gabinete mostrará apenas o tamanho da força de Kleber nas escolhas das cadeiras e como o seu grupo político se prepara para as eleições do ano que vem


A saída de Pedro (a esquerda) da chefia de Gabinete de Kleber, demorou seis meses entre dúvidas, negociações e busca de poder de grupos internos partidários que estão na prefeitura

Os leitores e leitoras desta coluna foram informados aqui em novembro e depois em janeiro de que o Chefe de Gabinete da prefeitura de Gaspar, Pedro Inácio Bornhausen, PP, estaria de saída da função, mas não exatamente do governo.

A confirmação foi feita pelo próprio Pedro na sexta-feira passada. Ele deu fim aos “boatos” que circulavam mais intensamente nas redes sociais e aplicativos de mensagens há duas semanas. O seu substituto será anunciado hoje no início da tarde, após a reunião do colegiado.

Um chefe de gabinete não deveria ser uma escolha de uma teta na divisão de poderes entre os partidos da aliança política no poder de plantão. Mais além do que as necessárias habilidades mínimas para a eficiência na articulação, representação e proteção do prefeito, um chefe de gabinete deve ser de total confiança do prefeito. Não alguém que ele desconfie ou que trabalhe para outro que queira exercer o poder de forma paralela sem ter sido eleito, apesar de contribuído indiretamente para a eleição do titular.

É isto que vamos saber daqui a pouco quando se anunciará o substituto do demissionário Pedro.

Na própria sexta-feira escrevi que o anúncio tardio de Pedro sobre a sua saída, apenas mostrou como se move muito lentamente o grupo no poder de plantão na difícil anunciada dança das cadeiras pelo governo de Kleber Edson Wan Dall, MDB e Luiz Carlos Spengler Filho, PP, depois da surra que levou das urnas de outubro do ano passado.

O grupo que domina o governo, na verdade, está de olho nas pesquisas – que não são boas, por enquanto - e nos possíveis adversários que se criam com a falta de foco e na errática comunicação que Kleber possui. Então, ele está comprando apoio com cargos e espaços no governo dele, mas ao mesmo tempo, está se afogando nas mágoas com aqueles que Kleber precisa descartá-los para criar esses espaços aos glutões de sempre de empregos públicos, sustentados pelos pesados impostos de todos nós.

Hoje [ segunda-feira] haverá a reunião do colegiado e com ela o anúncio. A notícia nova, e que poderá se revelar ser tão velha quanto à saída de Pedro, vai mostrar o tamanho do PP, dos novos entrantes como o PDT, PSDB e até, pasmem, o do PSD, no governo, na tentativa de isolar o PT como único adversário, pois o PSL não é tido como força para abalar o grande esquemão que está na prefeitura. Vai mostrar o poder do MDB de liderar esse processo onde há claras divisões internas.

Mais do que isso. Vai mostrar também o vencedor na disputa quase suicida de poder entre o prefeito de fato, o secretário da Saúde, o advogado e presidente do MDB local, Carlos Roberto Pereira com o Jorge Luiz Prucino Pereira, diretor Geral de Gestão de Convênios, mais chegado a Kleber por várias afinidades.

Roberto pediu a cabeça de Jorge. Jorge fez a jogada que o deixou dentro do governo: manobrou, surpreendeu e se tornou presidente do PSDB de Gaspar, oficializando o partido ao governo de Kleber que só tinha a informalidade, até então, da vereadora Franciele Daiane Back. E Jorge já está na rua “engordando” o PSDB para as eleições do ano que vem. Ou seja, tirou a sua cabeça da bandeja.

Então, notícia é uma coisa. Depois de seis meses dela, a saída de Pedro Inácio Bornhausen da chefia do gabinete de Kleber está confirmada. Explicar a notícia e suas consequências é outra coisa. Acorda, Gaspar!

 

Observação desta terça-feira: A análise acima, já previa. Então os leitores e leitoras daqui já estavam advertidos. Carlos Roberto Pereira, MDB, se reafirmou como o prefeito de fato e o prefeito eleito, Kleber Edson Wan Dall, MDB, apenas referendou a "reforma" com os mesmos desenhada por Roberto. Comentarei este assunto com mais detalhes em novas colunas. Acorda, Gaspar!

 

Comentários

Jose maria floriano
12/03/2020 01:06
4 anos de atraso na cidade,nem médico não temos,chô Cléber Vandall!
Fabio
22/05/2019 10:23
Bom dia Herculano.
Acredito que em SC o governador Carlos Moises avança melhor na assembleia do que o Bolsonaro no congresso por sermos um estado que cobra mais por mudanças de postura dos nossos deputados, e nossos números nas eleições mostraram isso, ao contrário de um congresso que continua com muitas raposas e que não entenderam ainda que o Brasil não quer mais esse tipo de conduta, e para piorar, o Bolsonaro tem contra ele a mídia de grande massa, que manipula e joga contra o governo e o Brasil, ao invés dessa imprensa ir para cima dos deputados e senadores e cobrar atitude que faça com que o Brasil avance. Não estou defendendo o Bolsonaro, tem muitas coisas que não concordo com ele, mas, com uma analise bem critica, minha opinião é essa, nosso congresso precisa mais do que nunca pensar mais no Brasil e menos nos esquemas/negociações/privilégios, etc.
Abraço e tudo de bom.
Herculano
21/05/2019 18:11
O governador Carlos Moisés da Silva, PSL, avança melhor na Assembleia, do que Jair Messias Bolsonaro, PSL, no Congresso. UM está conversando, outro está causando confusões.

ADESÃO DO MDB VIABILIZA A APROVAÇÃO DA REFORMA ADMINISTRATIVA DO GOVERNO, por Moacir Pereira, no Diário Catarinense, da NSC Florianópolis.

Durante reunião conjunta das Comissões da Justiça, Finanças e Trabalho, em apenas poucos minutos, foi aprovado o substitutivo global do deputado Luiz Fernando Vampiro, do MDB, ao projeto da reforma administrativa do governo estadual.

A matéria será submetida amanhã a aprovação do plenário, sendo revisível que receba votos favoráveis de, no mínimo, 25 deputados.

A adesão do MDB foi decisiva no encaminhamento da matéria. Desde que o governador Moisés da Silva tomou o café da manhã com a maioria da bancada ficou decidido que a reforma seria aprovada. O MDB garante que trata-se de uma decisão pontual, mas nos bastidores há versões de que esta adesão representa a continuidade e entendimentos havidos em acordos de votação no atual governador desde o segundo turno das eleições de outubro.

O acordo entre Moisés e a bancada ganhou mais consistência nas reuniões isoladas dos secretários Douglas Borga e Jorge Tasca, prometendo liberação de emendas parlamentares com prioridade aos aliados, convênios com os prefeitos e futuramente até cargos no segundo escalão.

Entre os principais pontos do projeto e da proposta alternativa destacam-se:

As maiores entidades na área da engenharia emitiram nota oficial contra a extinção do Deinfra-o Departamento de Infraestrutura, responsável pelo sistema rodoviario estadual. Os deputados decidiram ignoraram o manifesto dos engenheiros e vão extingir o Deinfra.

As entidades que integram o trade turístico apelaram pela manutenção da Secretaria Estadual de Turismo. Também não tiveram sucesso. A Assembleia manterá o projeto original que extingue a Secretaria de Turimso Cultura e Esporte e transforma a Santur em agencia, transferindo-a para o gabinete do governador.
Além do Deinfra e da Secretaria de Turismo,também serão extintas a Secretaria da Defesa Civil, o Deter e a lei ue criou o Programa Estadual de Ensino a Distancia.
Os deputados concordaram com a criaçao da Controladoria Geral do Estado e da Secretaria de Integridade e Governança, mas os dois órgãos terão reduzidas suas atribuições.

Delegações de atribuicões ao Poder Executivo também foram reduzidas no substituvivo global.

O calendário prevê votação final na próxima quinta-feira. A previsão é de que a nova estrutura seja transformada em lei neste final de maio. A partir dali virão as cobranças por resultados e ações de governo.
Herculano
21/05/2019 16:34
IMPRESSIONANTE

Estou me divertindo, e ao mesmo tempo, triste

Estou acompanhando as redes sociais e estou olhando a briga de rua, como aquelas ferozes e sem sentido das torcidas organizadas, mas entre, desta vez, entre os membros da mesma torcida.

Os radicais que apoiam o presidente Jair Messias Bolsonaro, PSL, querem todos nas ruas neste domingo pelo fechamento do Congresso e do Judiciário - Leia-se Supremo.

E com razão, nem todos pensam assim. Afinal, numa democracia é preciso se estabelecer na pluralidade e conviver até com as injustiças da Justiça.

Na democracia Parlamento e Judiciário são pilares fundamentais e deles não podemos abrir mão. Lutar para tirar parlamentares bandidos pagos por nós e que se dizem nossos representantes, são batalhas cotidianas e de longo prazo, que nos darão amadurecimento.

E o "perigoso" judiciário? Só assim o é, porque falta exatamente um parlamento que definitivamente nos represente.

Uma "democracia" sem o Legislativo e o Judiciário, é uma ditadura do Executivo (seja civil, militar ou um maluco qualquer).

E é isso, que muitos radicais bolsonaristas defendem. Pior do que defender essa trolha, é humilhar, constranger e xingar, exatamente por falta de argumentos, quem discorde do que eles pensam.

Estou me divertindo porque sempre anunciei isso, de que isso é os extremistas defendiam. Triste, porque não foi por isso, que se votou contra o PT e a esquerda do atraso, que levou não o país, mas os brasileiros ao buraco. Wake up, Brasil!

Miguel José Teixeira
21/05/2019 10:50
Senhores,

Atentem para a "malvadeza" que fizeram com o "herói da escória das escórias":

"José Dirceu e Eduardo Cunha estão dividindo cela em Curitiba"
Espaço também é compartilhado com João Vaccari, Gim Argello e outros três presos". . .

Desse jeito, temos duas hipóteses:

1ª) o reeducando nunca será reeducado!

2ª) os comparceiros de cela poderão auxiliá-lo na continuação do livro "memórias imemoriáveis". . .

Apodreçam, ladrões do erário!!!
Herculano
21/05/2019 08:20
PAULO GUEDES VIRA MINISTRO DE GOVERNO ALTERNATIVO, por Josias de Souza

Há dois governos em Brasília, o oficial e o alternativo. Num, Jair Bolsonaro cuida da ofensiva contra "o grande problema" do Brasil, que "é a nossa classe política." Noutro, o ministro da Economia, Paulo Guedes, faz política. No país oficial, o presidente atiça uma manifestação de rua hostil ao Congresso. No Brasil paralelo, ao qual o capitão dispensa uma atenção apenas residual, o Posto Ipiranga pede ajuda aos congressistas para salvar do incêndio sua agenda reformista.

A movimentação errática de Bolsonaro dá ao governo oficial uma aparência de falta de rumo. O diálogo de Guedes com os caciques do Legislativo constitui um esforço para evitar que o rumo do país seja uma crise eterna. Bolsonaro não gosta de Rodrigo Maia, mas o pragmatismo de Guedes gosta. E Maia atrai no Legislativo os votos que Bolsonaro afugenta.

Quanto mais o presidente chuta o centrão, mais o grupo valoriza o ministro da Economia. "Se Paulo Guedes e a equipe dele saem, desaba tudo, acaba o país", diz o líder do DEM na Câmara, deputado Elmar Nascimento. "Hoje, há até uma espécie de blindagem da classe política em relação a ele."

Bolsonaro carrega para dentro da agenda do país oficial os rancores que acumulou nos 28 anos que frequentou o baixo clero da Câmara. Quanto a Guedes, as únicas contas que tem para ajustar são as contas públicas do Brasil paralelo. Por isso, o ministro carrega o piano da reforma da Previdência.

Com mais de 13 milhões de desempregados e a economia andando para trás, Paulo Guedes tenta salvar 2020 do fiasco. Já se deu conta de que não conseguirá livrar 2019 de um desempenho econômico medíocre. E encontra solidariedade crescente no Legislativo.

Ao farejar a intenção de Bolsonaro de terceirizar aos congressistas a culpa pelo imobilismo do governo, a cúpula do Legislativo decidiu se mexer. Aperta o passo na reforma da Previdência. E põe para andar uma versão própria de reforma tributária. Suprema ironia: ao travar o Brasil oficial com sua inépcia, o presidente faz andar a agenda que interessa a Guedes e ao Brasil alternativo.
Herculano
21/05/2019 08:18
AlGARAVIA PRESIDENCIAL, por Merval Pereira, no jornal O Globo

O presidente torna-se o Chacrinha da política, aquele que veio não para explicar, mas para confundir

O presidente Bolsonaro dá a cada dia mais sinais de que está com dificuldades de se comunicar, não apenas no sentido técnico do termo, mas, sobretudo, no pessoal. No técnico, o movimento pendular característico de sua gestão hoje favorece o bom-senso do General Santos Cruz, que fez ontem a apologia de uma comunicação sem viés ideológico, e aberta a todos.

A partir da Virginia, nos Estados Unidos, o recado deve ter convulsionado as redes sociais bolsonaristas. O presidente torna-se o Chacrinha da política, aquele que veio não para explicar, mas para confundir.

A algaravia presidencial teve palavras animadoras para os empresários, por exemplo, quando os chamou de "heróis" por empreenderem com uma legislação que se torna um fardo. E foi tão crítico sobre as más condições de nossa infraestrutura que deu a esperança de que a privatização será tocada adiante com vigor.

Mas, no mesmo discurso, ontem na Firjan, acenou a uma reconciliação com a classe política, ao mesmo tempo em que também a considerou a causa dos problemas brasileiros.

"É nóis", disse o presidente, incluindo-se, como político, entre os responsáveis pelas desditas nacionais. A expressão popular é usada corriqueiramente hoje em dia, significando adesão a um pensamento ou a uma atitude. É também uma afirmação de identidade comum.

Enfim, o presidente cometeu um erro, mesmo no português coloquial, pois a expressão tem um sentido positivo, e ali Bolsonaro estava fazendo um diagnóstico negativo da classe política.

Ninguém replica nas redes sociais mensagens de que discorde. Os Bolsonaros sabem muito bem usar esses novos meios. Portanto, não há possibilidade de que a mensagem compartilhada pelo presidente sobre as dificuldades de governar seja apenas uma distribuição aleatória de palavras vãs.

Assim como é sintomático, e preocupante, o presidente ter compartilhado um vídeo em que um suposto pastor congolês diz que Bolsonaro é o escolhido por Deus para levar o país a um novo destino.

Tudo o que alguém posta no Facebook, no Twitter, e outros meios digitais tem um sentido, especialmente quando se trata do presidente da República. A balbúrdia, que tanto temia o ministro da Educação, está instalada, a ponto de haver provocações dos dois lados.

A Câmara assumir a reforma da Previdência pode ser uma tentativa de auto-afirmação da classe política sobre o Executivo. Mas pode também ser uma jogada de mestre do próprio Bolsonaro.

Os principais líderes da Câmara, até mesmo os do partido teoricamente dele, o PSL, estão evitando uma aproximação. Temem, por exemplo, que as manifestações convocadas para o dia 26 fracassem, ou entrem por um terreno contra as instituições, da maneira que a convocação está sendo feita.

Mas também não querem perder esse momento se, como garantem alguns, ele estiver em sintonia com o sentimento popular. A maioria quer mesmo dar um toque pessoal da Câmara, para retirar do governo os louros pela aprovação da reforma da Previdência, caso ela desencadeie uma retomada do crescimento.

Ao mesmo tempo, os deputados ficarão com a responsabilidade de aprovar uma reforma que seja eficaz, pois, do contrário, serão responsabilizados por não darem condições de governabilidade a Bolsonaro. É isso que ele está implantando preventivamente nas redes sociais, e em discursos como os de ontem no Rio.

O que o presidente ganha com esse ambiente conturbado? Motivos para mobilizar o núcleo duro de seu eleitorado, esse mesmo que está organizando as manifestações do dia 26.

O PT sobrevive politicamente há anos com a adesão de cerca de 30% do eleitorado, que se expande eventualmente na disputa eleitoral. Bolsonaro quer mobilizar os seus 30%, suficientes para levá-lo com vantagem a um imaginário terceiro turno.

A idéia é colocar o verde e amarelo nas ruas. Já houve outro presidente que teve a mesma idéia, e não deu certo. O pessoal saiu de preto. O ambiente político naquele momento do governo Collor era, porém, mais degradado do que o que vivemos, embora os primeiros meses de Bolsonaro sejam os mais conturbados de quantos já vivemos.
Herculano
21/05/2019 08:16
BOLSONARO TEM DE EVITAR SER CHEFE DE UM GRUPO SECTÁRIO, editorial do jornal O Globo

Presidente não deve atacar os políticos de forma genérica, porque o Congresso é essencial à democracia

Em mais uma surpresa negativa vinda das redes sociais, o presidente Jair Bolsonaro abriu um flanco para ser comparado a Jânio Quadros, o populista que chegou ao poder brandindo uma vassoura, a fim de jogar no lixo a corrupção e outros males brasileiros, mas que terminou renunciando. E comunicou ao país que não havia conseguido fazer o que desejava devido a "forças terríveis". Mandou à Câmara a carta de renúncia, que foi prontamente aceita, frustrando seu projeto de voltar nos braços do povo, em cima de um tanque. A lembrança daqueles tempos veio em decorrência da desastrada decisão de Bolsonaro de compartilhar nas redes sociais texto de um servidor público federal, que afirma que o Brasil é "ingovernável" sem os "conchavos políticos", devido ao Congresso e a "corporações". Bolsonaro o distribuiu, e o paralelo com Jânio foi instantâneo. Mas se já não funcionou em 61, o que dirá agora, quando as instituições republicanas contam com mais músculos.

De forma benevolente, credite-se mais este escorregão ao uso descuidado que Bolsonaro e filhos fazem da internet. O presidente precisa participar do jogo da democracia, negociar projetos com o Congresso, ajudar a construir uma base parlamentar. Não se trata de fazer barganhas espúrias. Prejudicam o próprio governo, e a si mesmo, críticas genéricas como a feita ontem na Federação das Indústrias do Rio, a Firjan: "o grande problema do Brasil é a classe política". À tarde, em Brasília, mudou o tom, o que não costuma compensar os danos.

O presidente precisa abandonar a agenda de extrema direita com a qual seu governo anima milicianos digitais, sem qualquer resultado positivo para o país. Vide a paralisia em que se encontra uma pasta estratégica como a da Educação, depois de ser entregue por Bolsonaro a radicais. Deveria perceber que os extremos, à direita e à esquerda, são minoritários, e, tanto quanto isso, que com eles é impossível executar políticas públicas sem crises.

Também não pode achar que as investigações sobre Flávio, o filho 01, senador - por causa de altas cifras movimentadas na sua conta, quando era deputado estadual ?" sejam um ataque a si. Podem ser usadas pela oposição, mas o caso de Flávio Bolsonaro é um entre vários que estão sendo vasculhados pelo Ministério Público fluminense na Alerj. Se o senador do PSL enfrenta dificuldades para explicar a origem dos recursos que passaram por sua conta bancária, e pela do braço direito Fabrício Queiroz, esta é uma outra história. Reações deste tipo de Bolsonaro terminam insuflando a ideia de que o Congresso pode executar reformas sem o Executivo. Um caminho ilusório cheio de acidentes institucionais de percurso.

São conhecidas as corporações que atuam no Congresso para manter privilégios inaceitáveis. Mas é parte dos embates democráticos. O apoio da sociedade, se ela for bem informada sobre de que se trata, será maciço para o fim dessas benesses. Preservados todos os direitos adquiridos, é possível dar um fim a elas. É imperioso, não só devido a razões fiscais, mas também éticas, do ponto de vista da justiça social.

Bolsonaro tem de assumir o mandato que lhe foi dado por uma diversificada composição de eleitores. Precisa dedicar-se a agendas de interesse amplo. Não ao sabor de slogans e delírios extremistas. Bolsonaro tem de ser presidente, e deixar de adotar posturas de chefe de grupo sectário.
Herculano
21/05/2019 08:13
A RAZIA DE BOLSONARO, editorial do jornal O Estado de S. Paulo

Cresce a inquietante sensação de que Bolsonaro decidiu governar não conforme a Constituição e com respeito às instituições democráticas, mas como um falso Messias.

Depois de ter distribuído pelo WhatsApp um texto segundo o qual o País é "ingovernável" sem os "conchavos" políticos e de dizer que conta "com a sociedade" para "juntos revertermos essa situação", o presidente Jair Bolsonaro voltou a fazer apelos diretos ao "povo" contra o Congresso ?" em relação ao qual nutre indisfarçável desprezo, embora tenha sido obscuro parlamentar durante 28 anos.

Cresce a inquietante sensação de que Bolsonaro decidiu governar não conforme a Constituição e com respeito às instituições democráticas, mas como um falso Messias cuja vontade não pode ser contrariada por supostamente traduzir os desejos do "povo" e, mais, de Deus. Ao que parece, Bolsonaro passou a acreditar de fato na retórica salvacionista que permeou sua campanha eleitoral, alimentada por alguns assessores e pelos filhos com o intuito de antagonizar o Congresso ?" visto como o lugar da "velha política" e, portanto, como um obstáculo à regeneração prometida pelo presidente.

Ao cabo de cinco meses de governo, em que todos os indicadores sociais e econômicos apresentaram sensível deterioração, fruto de sua inação administrativa e da descrença generalizada e cada vez maior na sua capacidade de governar, Bolsonaro começa a flertar com a "ruptura institucional", expressão que apareceu no texto que o presidente chancelou ao distribuí-lo na sexta-feira passada.

Diante da repercussão negativa, Bolsonaro, em lugar de serenar os ânimos e demonstrar seu compromisso com a democracia representativa, estabelecida na Constituição, preferiu ampliar as tensões, lançando-se de vez no caminho do cesarismo.

Ao comentar o texto de teor golpista que passou adiante pelo WhatsApp, Bolsonaro disse que "esse pessoal que divulga isso faz parte do povo e nós temos que ser fiéis a ele". E completou: "Quem tem que ser forte, dar o norte, é o povo". Ora, o mesmo povo que o elegeu para se ver livre das proezas lulopetistas elegeu 81 senadores e 513 deputados, além de legisladores e governantes estaduais.

Depois, divulgou em seu perfil no Facebook o vídeo de um pastor congolês que diz que Bolsonaro "foi escolhido por Deus" para comandar o Brasil. "Pastor francês (sic) expõe sua visão sobre o futuro do Brasil", explicou o presidente, que completou: "Não existe teoria da conspiração, existe uma mudança de paradigma na política. Quem deve ditar os rumos do país é o povo! Assim são as democracias". O ilustre salvador talvez conheça a história do Congo, porque a do Brasil ele definitivamente ignora.

No vídeo que Bolsonaro endossou, o tal pastor, um certo Steve Kunda, diz que, "na história da Bíblia, houve políticos que foram estabelecidos por Deus", como "o imperador persa Ciro", e que "o senhor Jair Bolsonaro é o Ciro do Brasil, você querendo ou não". E o pastor lança um apelo aos brasileiros: "Não passe seu tempo criticando. Juntem as forças e sustentem esse homem. Orem por ele, encorajem-no, não façam oposição".

Em condições normais, tal exegese de botequim seria tratada como blague, mas não vivemos tempos normais ?" pois é o próprio presidente que, ao levar tais cretinices a sério, parece de fato considerar sua eleição como parte de uma "profecia". O resumo dessa mixórdia mística é que Bolsonaro acredita ser um instrumento de Deus e o porta-voz do "povo" ?" nada menos. Portanto, quem quer que se oponha a Bolsonaro ?" puxa! ?" não passa de um sacrílego.

Com 13 milhões de desempregados, estagnação econômica e perspectivas pouco animadoras em relação às reformas, tudo o que o País não precisa é de um presidente que devaneia sobre seu papel institucional e político e que, em razão disso, estimula seu entorno e a militância bolsonarista ?" a que Bolsonaro dá o nome de "povo" ?" a alimentar expectativas sobre soluções antidemocráticas, como um atalho para a realização de "profecias".

O reiterado apelo de Bolsonaro ao "povo" para fazer valer uma suposta "vontade de Deus" envenena a democracia e colabora para a ampliação da cisão social entre os brasileiros e destes com a política. A esta altura, parece cada vez mais claro que Bolsonaro não estava para brincadeira quando disse, em março, que não chegou ao governo para "construir coisas para nosso povo", e sim para "desconstruir muita coisa". Espera-se que a democracia brasileira e suas instituições resistam a essa razia.
Herculano
21/05/2019 08:11
MENSALIDADE EM UNIVERSIDADE PÚBLICA NÃO DEVE SER TABÚ, DIZ GOVERNADOR DO PT

Rui Costa, da Bahia, defende novas formas de financiamento do ensino superior

Conteúdo do jornal Folha de S. Paulo. Texto de João Pedro Pitombo, de Salvador. O governador da Bahia, Rui Costa (PT), afirmou que a cobrança de mensalidade nas universidades públicas de alunos que tenham condição de pagá-la não deve ser tratada como um tabu.

A declaração foi dada em um encontro com jornalistas nesta segunda-feira (20), cinco dias depois dos protestos que colocaram em lados opostos o presidente Jair Bolsonaro (PSL) e os professores e estudantes após cortes no orçamento das universidades federais.

O petista defendeu a adoção de novas formas de financiamento das universidades públicas, incluindo o incentivo a doações, parcerias com a iniciativa privada e cobrança de mensalidade de estudantes de alta renda familiar.

"Uma família que pagou educação privada a vida inteira não tem condições de contribuir com a universidade? Qual o problema disso?", questionou o governador.

Ele ainda comparou o cenário brasileiro com o de países da Europa e afirmou que, sendo mais pobre, o Brasil não pode abrir mão de fontes de financiamento para universidades que países ricos não abrem mão.

Mesmo defendendo a proposta, o governador reconheceu que este debate encontraria resistência dentro de seu próprio partido e de setores da esquerda, que historicamente defendem a educação superior pública e gratuita.

"Quem é contra [cobrança de mensalidade] não é contra que o rico pague. Mas tem um discurso de que seria o início de uma privatização, que o passo seguinte seria cobrar de todo mundo. Não necessariamente é assim", afirmou.

Por outro lado, destacou que dificilmente haverá um debate sério sobre o financiamento das universidades em um cenário de polarização que vem sendo incentivado por declarações do próprio presidente, Jair Bolsonaro, e do ministro da Educação, Abraham Weintraub.

Nas últimas semanas, o presidente chamou professores e estudantes que foram às ruas de "idiotas úteis" enquanto o ministro da Educação prometeu punir com cortes no orçamento as universidades que "promovem balbúrdia".

Além de defender a discussão de novas formas de financiamento, Rui Costa também afirmou que é preciso adotar mecanismos que permitam uma maior influência de representantes da sociedade nas decisões das universidades.

Defendeu que os conselhos das universidades tenham uma maior participação de membros da sociedade para evitar o corporativismo.

"O Brasil infelizmente tem uma tradição de corporações que se dão benefícios. Não necessariamente o que é bom para a universidade é bom para a sociedade", afirmou.

Assim como Bolsonaro, o governador Rui Costa também é alvo de protestos da comunidade universitária da Bahia.

Os professores das universidades estaduais estão em greve há mais de um mês e reclamam de cortes no orçamento das instituições de ensino.

Conforme revelado pela Folha, entre 2017 e 2018 o governo baiano deixou de aplicar R$ 110 milhões ?" diferença entre o valor orçado e o empenhado?" nas quatro universidades estaduais baianas.

Nesta segunda, Costa disse que a diferença entre o orçado e o empenhado é resultado da crise pela qual o país atravessa.

Destacou ainda que ampliou o orçamento das universidades em todos os anos da sua gestão e criticou os professores por entrarem em greve antes mesmo de iniciar uma negociação com o governo do estado.
Herculano
21/05/2019 07:56
RECEITA PARA REVOLUÇÃO, por Fernando Lara Mesquita, no jornal O Estado de S. Paulo

O estupro só vai parar quando o povo estiver armado para contratar e para demitir

Não há saída para o Brasil sem a arrumação fiscal? O buraco é mais embaixo...

Não haverá arrumação fiscal sem o fim desse regime de escravização de 99,5% do País aos "direitos adquiridos" dos 0,5% da privilegiatura.

Não há inocentes na tragédia brasileira. O Sistema não muda porque ninguém está pleiteando que mude. Ninguém admite perder nada. A divergência que essa polarização burra traduz circunscreve-se à disputa pelo comando da coisa. Não é o Brasil que está em discussão. O Brasil é só o prêmio dessa disputa.

Temos quatro anos pela frente e nada que não provoque calafrios no radar do futuro eleitoral da Nação. Mesmo considerando a culpa dos Bolsonaros pelos estragos que fazem a boquirrotice do presidente e as fogueiras ateadas pelos moleques do clã, não se admitiria que a imprensa atirasse nelas gasolina, em vez de água, nem que Rodrigo Maia e cia. as recebessem "fazendo beicinho" e "ficando de mal" à custa de afundar 200 milhões de brasileiros dez andares mais para baixo no inferno se fosse neles que estivessem pensando.

"O governo perdeu." "O governo ganhou." A imprensa não investiga as estatais nem expõe as mordomias que nos devoram. Só cobre a disputa de que o Brasil é o prêmio. Fornece tijolos para Babel. E o País Oficial, se vivesse no território que arrasou, trataria de consertá-lo com a urgência que nós temos. Como habita um Brasil só dele onde tudo sobra, pode dar-se o luxo de não ter pressa. A lei, quando não a própria Constituição com que nos assaltam, manda cortar antes remédio de criança com câncer e o pescoço da Nação que as lagostas do STF ou os cavalos de salto dos nossos generais.

A privilegiatura não está só sufocando o País. Está amputando as pernas de que vamos precisar para retomar a marcha quando conseguirmos arrancá-la da nossa jugular. O mundo está cheio de gente com coragem para mudar e de lugar para dinheiro ir. A única vantagem do Brasil é o tamanho do desastre que nos infligimos. Somos o maior potencial de upside do mercado. Ninguém fez tanto mal a si mesmo. A China da hora. Um país inteiro por reconstruir. Os últimos egressos de um socialismo bandalho. Mas a privilegiatura não quer estrangeiros intrusos que lhe custem despregar os dentes do osso. E como todo mundo aqui, menos o lúmpen sob o fogo cruzado, que não tem voz, tem uma tetinha para chamar de sua, a nave vai.

É hora de encarar a vida adulta. Sangue e barulho tem a dar com pau, mas revolução de verdade só teve uma na História da Humanidade. A que tomou o poder das mãos das minorias que, desde que o mundo é mundo, fosse "por ordem de deus", fosse só porque "sempre foi assim", disputavam exclusivamente dentro do círculo de uma "nobreza" (com suas respectivas "direita" e "esquerda") o comando do aparato de exploração da maioria. O instrumento da revolução foi a transferência das mãos da minoria para as da maioria dos poderes de, a qualquer momento, eleger e deseleger os seus representantes, contratar e demitir os servidores do Estado, dar a palavra final sobre as leis sob as quais aceita viver.

Noventa e nove por cento da literatura política que jaz nas bibliotecas do mundo não vale um tostão. Não passa de esforços de prestidigitação para dar à maioria a impressão de que a realidade muda quando muda o discurso da minoria que passa a se apropriar do resultado do trabalho dela, ou até para convencê-la de que há razões muito nobres para que ela aquiesça de bom grado nessa expropriação. A que se salva é a que trata de tornar operacional essa transferência do comando do Sistema da minoria para a maioria dentro de um contexto de segurança institucional e com garantia de legitimidade.

"Todo poder emana do povo e em seu nome será exercido." O estupro só vai parar quando o povo estiver armado para contratar e para demitir. A fidelidade da representação do País Real no País Oficial é que põe responsabilidade e legitimidade no uso dessa arma. Daí ter sido essa, desde o primeiro minuto, a obsessão dos artífices da "democracia representativa". Só existe uma maneira de garantir a fidelidade dessa representação. Eliminar os intermediários. A função dos partidos é sintetizar a mensagem política e formalizar o compromisso mínimo dos candidatos. Nada mais. O voto distrital puro é a única maneira aferível de amarrar, pelo endereço, cada representante aos seus representados. Cada candidato só se apresenta aos eleitores de um distrito. Cada distrito elege um só representante. E os eleitores daquele distrito ?" os que votaram e os que não votaram no candidato vitorioso ?" têm soberania absoluta sobre ele. Uma lista de assinaturas que cumpra os requisitos pactuados entre eles convoca uma nova votação naquele distrito para destituir ou manter o seu representante. No representante "do outro" ninguém toca, nem os demais eleitores, nem o governo, nem o Judiciário, sem a autorização dos "donos". Sem tretas. Tudo claro. Tudo no voto.

Municipais, estaduais, federais, os distritos eleitorais com um número semelhante de habitantes (e, portanto, de eleitores) seguem a mesma lógica. Só o censo pode alterar os seus limites geográficos se e quando for constatada mudança importante na sua população. E em cada um desses círculos, o eleitor é rei. Ele escolhe o regime de governo do seu município, ele propõe leis aos seus coeleitores, ele aceita ou veta, por referendo, as leis "maiores" e "menores" dos seus legisladores.

A essência da humanidade não muda com isso. Continua-se a errar como sempre. Mas deixa de haver compromisso com o "erro", que é o fundamento de todo privilégio. Tudo o mais, senão a definição desse modo de operar em seus contornos mínimos e essenciais, deixa de ser "pétreo" e "imexível". Cada pessoa, instituição ou lei passa a estar sujeita a avaliação. Todo erro pode ser corrigido sem hora marcada e sem pedir licença aos não interessados.

Como é que se consegue implantar isso? Exigindo. O povo é rei. Consegue tudo o que realmente quer. O problema é que o brasileiro continua hesitando em deixar de querer a coisa errada.
Herculano
21/05/2019 07:54
SALVOS PELA INCOMPETÊNCIA, por Hélio Schwartsman, no jornal Folha de S. Paulo

Mesmo se o plano de Bolsonaro fosse atropelar instituições, ele fez tudo errado

Não duvido de que Jair Bolsonaro fantasie com a ideia de, amparado nos braços do povo, passar o rodo em instituições que ele vê como corruptas, como o Congresso Nacional e o Supremo Tribunal Federal, e, a partir daí, governar sem embaraços. Mas fantasias frequentemente não passam de fantasias.

É verdade que tudo o que não é proibido pelas leis da física é possível, mas nem tudo o que é possível é provável. A essa altura, parece-me ser maior a chance de Bolsonaro não concluir seu mandato do que a de ele congregar forças para desferir algum tipo de golpe de Estado.

O motivo principal para isso é sua própria incompetência. Ele assumiu o cargo em condições razoavelmente boas. Tudo o que precisava fazer era manter em alta a confiança da população e correr com a reforma da Previdência, seguida pela tributária. Se obedecesse a esse roteiro, eram grandes as chances de o país assistir à volta do crescimento.

O que vimos, porém, foi um presidente que, através de omissões e declarações, operou para sabotar a reforma que seria a chave para o sucesso de seu governo. Errou desde o primeiro dia, quando optou por iniciar do zero os trâmites da proposta de emenda constitucional (PEC), em vez de modificar a de Temer, que estava pronta para ser votada em plenário. Perdeu preciosos seis meses.

Mesmo se o plano de Bolsonaro fosse, desde sempre, passar por cima das instituições, ele fez tudo errado. Deixou para desenhar o cenário de enfrentamento num momento em que sua popularidade é declinante - ele já parece ter perdido uma boa fatia dos eleitores mais moderados que o apoiaram contra o PT - e, mais importante, conseguiu se indispor até mesmo com os militares, que, em situações de impasse institucional, costumam ser os fiéis da balança.

Temos aqui a inépcia como um fator moderador. Se é ela que impede o governo Bolsonaro de nadar de braçada, também é ela que nos protege de uma investida autoritária.
Herculano
21/05/2019 07:51
PESQUISA: 60,9% NÃO QUEREM ARMAS EM CASA, por Cláudio Humberto, na coluna que publicou nesta terça-feira, no jornais brasileiros

Levantamento exclusivo do Paraná Pesquisa encomendado pelo portal Diário do Poder e por esta coluna indica que a grande maioria dos brasileiros recusam as facilidades para a posse de armas, de acordo com as medidas recentes anunciadas pelo presidente Jair Bolsonaro. A pesquisa mostra que 60,9% dos brasileiros não querem ter arma em casa. Apenas 36,7% dos entrevistados responderam afirmativamente.

MULHERES
Entre as mulheres, o índice de rejeição às armas em casa é o maior da pesquisa: 70,6% não querem nem pensar no assunto.

HOMENS
Os homens são os que mais admitem a posse de arma: 47,6% do total de entrevistados gostariam de ter uma em casa.

JOVENS
Também é significativa a rejeição à posse de armas entre os mais jovens: 66,9% dos brasileiros entre 16 e 24 anos disseram "não".

DADOS DA PESQUISA
O Paraná Pesquisa entrevistou 2.452 brasileiros, com 16 anos ou mais, dos 26 estados e do Distrito Federal entre os dias 14 e 18 de maio.

NAMORADA DE LULA GANHOU CARGO EM SEU GOVERNO
A namorada do ex-presidente Lula, Rosângela Silva, a "Janja", cuja existência o ex-ministro Luiz Carlos Bresser Pereira tornou pública, foi nomeada na estatal Itaipu Binacional sem concurso (ou processo seletivo), em cargo efetivo, logo após a posse do petista que cumpre pena por corrupção. A funcionária acompanhou Lula, como "primeira-dama", durante visitação dele no Paraná antes da sua prisão.

DESDE A CARAVANA
Janja e Lula se relacionam desde a "caravana da cidadania", quando ele percorreu vários estados, antes do primeiro mandato.

NOMEAÇÃO RÁPIDA
A nomeação de Janja foi concretizada em 2004 pelo então presidente de Itaipu Jorge Samek, petista "histórico" no Paraná.

OUTRA RELAÇÃO
Janja atuava na área de responsabilidade social e se relacionou com um colega de Itaipu, antes de retomar o namoro com Lula.

ALTERNATIVO 'FAKE'
A cobertura juvenil da política explica a história do "texto alternativo", coisa de quem não sabe que para cada projeto em tramitação no Congresso há um relator e um substitutivo. Ou foi má-fé mesmo.

SENTENÇA DE MORTE
Decisão do Tribunal Regional do Trabalho condena à extinção a estatal Terracap, de Brasília: obriga a empresa a pagar R$180 milhões a um grupo de servidores, os novos milionários de Brasília.

DESEJO CRESCENTE
Levantamento Paraná Pesquisa/Diário do Poder mostra que quanto maior a escolaridade, maior o desejo de ter armas de fogo em casa. Entre aqueles que têm ensino fundamental, 33,6% disseram querer uma arma em casa; ensino médio, 36,8% e ensino superior, 41,3%.

METAMORFOSE AMBULANTE
Rodrigo Maia passou de defensor do teto dos gastos públicos a crítico contumaz. Disse que as "amarras" da lei podem levar o Brasil a "colapso". Em 2016, chamava de "hipócritas" quem pensava assim.

CORPORATIVISMO PUNIDO
A denúncia do ministro Ricardo Salles (Meio Ambiente) resultou na demissão da gerente do Fundo da Amazônia, Daniela Baccas. Essa turma teve a ousadia de negar acesso ao ministro de Estado dos dados relativos à farra bilionária beneficiando ONGs ambientalistas espertas.

FIM DA FARRA
Está pronto para votação no plenário da Câmara o projeto do deputado Jorge Braz (PRB-RJ) que cria o cadastro nacional de números que não querem ser incomodado pela praga de telefonemas de telemarketing.

AJUSTANDO O CINTO
Parlamentares do Distrito Federal se reuniram na Universidade de Brasília com o ministro da Educação. Discutiram medidas que podem ser adotadas para economizar gastos supérfluos e garantir a eficiência.

CONTA (AINDA) NÃO FECHA
Com o rombo e queda na arrecadação, o governo precisa remanejar R$248,9 bilhões para cumprir a regra de ouro este ano. A comissão de orçamento começa a definir na quarta (22) de onde vai sair a grana.

PENSANDO BEM...
...após entrevista recente não repercutir, Lula, o rei do factoide, usou um ex-tucano para espalhar algo que o mantém em evidência: seu plano de casamento.
Herculano
21/05/2019 07:44
NÃO HÁ MEIO-TERMO QUANDO UM PRESIDENTE FLERTA COM A DITADURA, por Ranier Bragon, no jornal Folha de S. Paulo

Texto endossado por Bolsonaro e atos do dia 26 testam aceitação a nova era de arbítrio

Jair Bolsonaro resolveu testar a aceitação popular a uma nova era de arbítrio. Não há meio-termo quando um presidente da República compartilha um texto como o da semana passada e estimula atos que pregam o fechamento do Congresso e do Supremo Tribunal Federal.

Depois de voltar de uma ridícula e inútil viagem aos cafundós dos Estados Unidos, ele disparou o pueril texto e estimulou os protestos pró-ditadura do dia 26 ?"ações que vão contra o que entendemos por república, democracia e civilização.

Não importa se Bolsonaro perdeu o eixo devido às investigações sobre a peculiar política de RH dos gabinetes da família. Não há como ter posições dúbias diante do que foi dito. Alguns aliados já falaram, como o olavete do Itamaraty, para quem o chefe quer só desligar a "maldita máquina" corruptora. Outros, como o MBL e Janaina Paschoal, criticaram.

"Essas manifestações não têm racionalidade. O presidente foi eleito para governar nas regras democráticas. Dia 26, se as ruas estiverem vazias, Bolsonaro perceberá que terá que parar de fazer drama para trabalhar!", escreveu a deputada, que nesta segunda-feira (20) questionou a sanidade mental do presidente.

Os 594 congressistas - chamados de ladrões, não nos percamos em eufemismos -, o que pensam? E os militares? Concordam com o reingresso na união das republiquetas de banana, tendo como césares Bolsonaro e seu Rasputin desbocado? Usaremos, para isso, um cabo e um soldado ou será melhor esperar a vinda de tanques da Virgínia?

Resta também a eterna curiosidade sobre o que pensa Sergio Moro. Congresso ou STF, qual liquidar primeiro para haver governabilidade? O ministro, um apreciador das leis, poderia dizer quantos artigos da Constituição que jurou cumprir Bolsonaro descumpriu na semana passada? Ou vai pedir escusas para, mais uma vez, se fingir de morto?

Sempre é possível correr para debaixo da cama em situações assim. Que cada um depois preste contas à história e à sua própria consciência.
Herculano
21/05/2019 07:40
UM GOVERNO SEM FOCO PARA OS IDOSOS

Odir Barni é uma pessoa bem conhecida por aqui. Vindo da região de Brusque, foi funcionário público municipal e fundador do Sindicato dos Trabalhadores no Serviço Público Municipal de Gaspar - o Sintraspug. Foi uma vida.

Apesar dos feitos para Gaspar, não é reconhecido seja pelos servidores beneficiários do Sindicado ou pelos políticos que enxergam no Sindicato um problema - depende do lado e do momento - para eles.

Odir não mora mais aqui, mas está sempre antenado.

Ele é meu leitor assíduo e já foi um comentarista mais assíduo nesta área, mesmo sob recomendações contrárias de sua mulher.

Ele conhece bem a história daqui e possui uma memória privilegiada. E até por estar fora, está bem ligado aos acontecimentos e movimentos daqui, pois é um bicho político por natureza.

A observação que fez abaixo, faz sentido.

A comunicação da prefeitura é patética, antiga, faz escolhas e trata todos como tolos.

Ela é movida pelos interesses dos curiosos dos que estão no poder de plantão e contra aquilo que supostamente aprendeu nos bancos de faculdades, como óbvio e necessário realizar em prol de um governo e seus atores, para criar imagem e percepções favoráveis na sociedade e no público eleitor.

A pouca divulgação trouxe até um deputado de Joinville, como representante da Assembléia no evento aqui, como se no Vale não tivesse alguém para fazer esta representação. Se tivesse divulgação, duvido que algum deles deixaria passar essa oportunidade onde estavam em torno de 2.500 pessoas, vindas de 220 municípios.

Entenderam como o atual governo de Kleber Edson Wan Dall, MDB, perde para ele mesmo? Este retrato mostra como alguém que não se interessou pelo evento estadual, e raro de se acontecer por aqui para movimentar a economia local, o JASTI - Jogos da Terceira Idade -e por isso, não os divulgou, vá ser um secretário de Saúde, metida em graves problemas. Acorda, Gaspar!
Odir Barni
20/05/2019 16:47
GASPAR VAI SEDIAR O JASTI DE 2019 COM POUCA DIVULGAÇÃO.

Prezado Herculano; quem teve a honra de participar destes Jogos da Terceira Idade sabe o quanto representa para um cidadão com mais de 60 anos voltar as quadras de esportes, nas canchas de bocha e bolão , nas mesas de canastra,truco e outras modalidades. Tive a grata satisfação de representar Gaspar na modalidade de bocha, indo pela primeira vez de forma seletiva regional.Fomos para Jaraguá do Sul com uma equipe, sob o comando de Celso Huber e como presidente da CME, Ronaldo Gaertner, para muitos foi uma zebra ficar entre os quatro finalistas; o único ano que isto aconteceu. As demais modalidades, como bolão feminino bola 16) tendo como destaque Josiane Tridapalli e tênis feminino graças ao investimento da Ceval e o trabalho de Valmor Bus, consagrado campeão de vôlei feminino por Blumenau por muitos anos. Como tenho no sangue o amor pelo esporte, a convite da Prefeita Luzia Coppi de Camboriú, fui representar aquele município em 5 oportunidades onde ficamos com o título regional, trouxemos , de Gravatal -SC, em 2009 a medalha de bronze para Camboriú, um fato inédito na história do município. Devo ir à Gaspar assistir alguns jogos de bocha e a dança de salão que minha esposa gosta. O convite recebi de meu amigo , Domingos de Florianópolis, detentor de vários títulos na modalidade. Pena que GASPAR não tem uma administração voltada ao esporte, enquanto ficam discutindo quem vai ser o diretor do hospital e o líder na Câmara os anos passam quero saber que modalidade de esporte os atuais dirigentes irão disputar. VIVA O JASTI 2019!
Miguel José Teixeira
20/05/2019 14:41
Senhores,

Eis o que o mundo vê e os vermelhóides esquerdopatas tupiniquins insistem em não ver:

The New York Times Venezuela

Colapso da Venezuela é o pior de um país sem guerra, dizem economistas

Economia do país despenca, bandos armados tomam controle de cidades e serviços públicos se degradam

20.mai.2019 às 8h00
Anatoly Kurmanaev

Maracaibo (Venezuela) | The New York Times

O colapso do Zimbábue sob Robert Mugabe, a queda da União Soviética, o desastroso desligamento de Cuba nos anos 1990.
O desmoronamento da Venezuela superou todos eles. É o maior colapso econômico fora de uma guerra nos últimos 45 anos, dizem economistas.
"É realmente difícil pensar numa tragédia humana dessa escala sem uma guerra civil", disse Kenneth Rogoff, professor de economia na Universidade Harvard e ex-economista-chefe do Fundo Monetário Internacional (FMI). "Será um exemplo de políticas desastrosas durante décadas."
Para encontrar níveis semelhantes de devastação econômica, os economistas do FMI indicaram países que foram destroçados pela guerra, como a Líbia no início desta década ou o Líbano nos anos 1970. Mas a Venezuela, que já foi o país mais rico da América Latina, não foi destruída por conflito armado.
Segundo os economistas, a má governança, a corrupção e as políticas erradas do presidente Nicolás Maduro e de seu antecessor, Hugo Chávez, alimentaram a inflação descontrolada, fecharam empresas e puseram o país de joelhos. E nos últimos meses o governo dos Estados Unidos impôs duras sanções para tentar paralisá-lo ainda mais.
Enquanto a economia da Venezuela despencava, bandos armados tomaram o controle de cidades inteiras, os serviços públicos entraram em colapso e o poder aquisitivo da maioria dos venezuelanos foi reduzido a alguns quilos de farinha por mês.
Nos mercados, os açougueiros atingidos por apagões habituais se esforçam para vender o estoque em decomposição até o fim do dia. Ex-trabalhadores reviram montes de lixo em busca de restos de comida e plástico reciclável. Os comerciantes desanimados fazem dezenas de idas ao banco na esperança de depositar quilos de dinheiro que desvalorizou com a hiperinflação.
Em Maracaibo, cidade de 2 milhões de habitantes na fronteira com a Colômbia, quase todos os açougueiros do mercado principal pararam de vender cortes de carne e preferem miúdos e restos como banha de porco e patas de vaca, a única proteína animal que muitos de seus clientes ainda podem pagar.
A crise foi ampliada pelas sanções dos Estados Unidos destinadas a forçar Maduro a ceder o poder ao líder de oposição do país, Juan Guaidó. As recentes sanções do governo de Donald Trump à companhia estatal Petróleos de Venezuela dificultaram para o governo vender sua principal matéria-prima, o petróleo.
Junto com a proibição pelos Estados Unidos da negociação de títulos da Venezuela, o governo dificultou para o país importar qualquer produto, incluindo alimentos e medicamentos.
Maduro culpa os Estados Unidos e seus aliados pela fome generalizada e a falta de suprimentos médicos, mas a maioria dos economistas independentes diz que a recessão começou anos antes das sanções, que no máximo aceleraram o colapso.
"Estamos lutando uma batalha selvagem contra as sanções internacionais que fizeram a Venezuela perder pelo menos US$ 20 bilhões em 2018", disse Maduro a apoiadores em um discurso recente. "Eles estão perseguindo nossas contas bancárias, nossas compras no exterior de qualquer produto. É mais que um bloqueio, é perseguição."
A falta de produtos mergulhou a maior parte da população em uma crise humanitária que se aprofunda, embora um grupo central de militares graduados e autoridades de alto nível que continuam leais a Maduro sejam capazes de usar os recursos que restam para sobreviver ?"ou mesmo enriquecer por meios ilícitos.
Para muitos, parece que cada mês traz novas baixas recordes.
A Venezuela tem as maiores reservas comprovadas de petróleo do mundo. Mas sua produção, que já foi a maior da América Latina, caiu mais depressa no último ano do que a do Iraque depois da invasão americana em 2003, segundo dados da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep).
A Venezuela perdeu um décimo da população nos últimos dois anos. Muitos fugiram a pé, atravessando montanhas, na maior crise de refugiados na história da América Latina.
A hiperinflação na Venezuela, que deverá alcançar 10 milhões por cento neste ano, segundo o FMI, está prestes a se tornar o maior período de aumentos de preços disparados desde o da República Democrática do Congo nos anos 1990.
"Isto é essencialmente um colapso total do consumo", disse Sergi Lanau, vice-economista-chefe no Instituto de Finanças Internacionais, uma associação setorial.
O instituto avalia que a queda na produção econômica da Venezuela sob Maduro superou o maior declínio de qualquer país fora de guerra pelo menos desde 1975.
Até o fim do ano, o PIB da Venezuela terá encolhido 62% desde o início da recessão em 2013, que coincidiu com a chegada de Maduro ao poder, segundo estimativas do instituto de finanças. (O governo da Venezuela não divulga estatísticas macroeconômicas oficiais desde 2014, obrigando os economistas a contar com indicadores como as exportações para avaliar a atividade econômica.)
Em comparação, o declínio econômico médio nas antigas repúblicas da União Soviética foi de aproximadamente 30% durante o pico da crise em meados dos anos 1990, calcula o instituto.
Por ora, o governo está concentrando seus escassos recursos na capital, Caracas. Mas a presença do Estado está se fundindo no interior, uma ausência que ficou especialmente visível em Zulia, o estado mais populoso da Venezuela.
Sua capital, Maracaibo, já foi a locomotiva do petróleo do país. Um blecaute em março mergulhou o estado em uma semana de escuridão e caos que deixou cerca de 500 empresas saqueadas.
A energia é esporádica desde então, exacerbando a antiga escassez de gasolina e água e deixando as cidades sem sistemas de banco funcionais e cobertura de telefone celular durante dias seguidos.
O mercado de pulgas, antes um movimentado labirinto de barracas em que os vendedores ofereciam comida e objetos caseiros, tornou-se a face da crise.
Juan Carlos Valles chega à sua pequena cantina em um canto do mercado às 5h e começa a preparar um caldo de ossos de boi e a fritar bolinhos de milho na escuridão. Ele diz que sua barraca está sem energia desde março, as vendas caíram 80% desde o ano passado, e cada dia é uma luta contra os soldados que o forçam a aceitar notas de dinheiro quase sem valor.
O pouco que ele ganha é imediatamente investido em mais ossos e farinha de milho, porque os preços sobem diariamente.
"Se você descansar, você perde", disse Valles, que tem essa cantina desde 1998. "O dinheiro ficou sem valor. Quando você o leva ao banco, já perdeu uma parte dele."
As rendas reais na Venezuela caíram a níveis vistos pela última vez no país em 1979, segundo o Instituto de Finanças Internacionais, obrigando muitas pessoas a sobreviver coletando lenha e frutas e apanhando água nos rios.
"O governo está falando em soluções em longo e médio prazo, mas a fome é agora", disse Miguel González, chefe do conselho comunitário da favela Arco Íris em Maracaibo.
Ele disse que perdeu o emprego em um hotel quando saqueadores o invadiram em março, arrancando até molduras de janelas e cabos elétricos. Hoje ele coleta ameixas silvestres que vende por alguns centavos nos parques da cidade. A maior parte da dieta de sua comunidade hoje consiste em frutas silvestres, bolinhos de milho fritos e caldo de ossos, disseram moradores.
Mais longe da capital do Estado, as condições são piores.
A ilha de Toas, que já foi um paraíso turístico com cerca de 12 mil moradores espalhados em vilarejos de pescadores, foi essencialmente abandonada.
"Não há governo local, regional ou nacional aqui", disse José Espina, piloto de mototáxi local. "Estamos por conta própria."
A eletricidade e a água corrente só ficam disponíveis durante algumas horas por dia. O barco que fornece serviço regular para o continente quebrou no mês passado. Uma barcaça emprestada pela companhia de petróleo às vezes reboca uma balsa enferrujada que carrega suprimentos de alimentos subsidiados --um salva-vida precário para os moradores mais pobres da ilha.
A hiperinflação reduziu o orçamento da ilha ao equivalente a US$ 400 por mês, ou US$ 0,03 por morador estimado, segundo o prefeito, Hector Nava.
O hospital não tem remédios nem pacientes. A última pessoa que foi hospitalizada morreu em sofrimento um dia depois, sem tratamento para doença renal, segundo médicos do hospital.
Enquanto os leitos no hospital de Toas ficam vazios, Anailin Nava, 2, agoniza numa cabana próxima, de desnutrição e uma paralisia muscular tratável. Sua mãe, Maibeli Nava, não tem dinheiro para levá-la à Colômbia para se tratar, diz ela.
As quatro minas de pedras que são a única indústria da ilha estão paradas desde que ladrões roubaram, no ano passado, todos os cabos de energia que as conectavam à rede. Ativistas da oposição local estimam que mais de um terço dos moradores deixaram a ilha nos últimos dois anos.
"Aqui era um paraíso", disse Arturo Flores, coordenador de segurança do município, que vende aos pescadores uma bebida de milho fermentado que leva num balde, para arredondar o salário, que equivale a US$ 4 por mês. "Hoje todo mundo está indo embora."
Do outro lado do Estado de Zulia, na cidade pecuária de Machiques, o colapso econômico dizimou as indústrias de carne e laticínios que abasteciam o país.
Os cortes de energia paralisaram o abatedouro local, que já foi o maior da América Latina. Bandos armados extorquem e roubam gado dos criadores que sobreviveram. "Você não pode produzir quando não existe lei", disse Rómulo Romero, um pecuarista local.
Os comerciantes se uniram para consertar as linhas de energia e manter as torres de telecomunicações em funcionamento, para alimentar os funcionários públicos e obter diesel para os geradores de emergência.
"Praticamente assumimos as funções do Estado", disse Juan Carlos Perrota, açougueiro que dirige a câmara de comércio de Machiques. "Não podemos simplesmente colocar um cadeado na porta e ir embora. Esperamos que isto melhore."
Tradução de Luiz Roberto Mendes Gonçalves
Herculano
20/05/2019 12:27
da série: uma família do barulho e nada ingênua como se apresenta. Usam e descartam por conveniência.

"BOLSONARO PRECISA TIRAR DA FRENTE ADVERSÁRIOS MUITO FORTES, QUE É O CASO DE MORO"

Conteúdo de O Antagonista. Jair Bolsonaro antecipou a escolha de Sergio Moro para o STF a fim de eliminar o candidato mais popular em 2022.

É a tese de Cesar Maia, entrevistado pelo Estadão:

"Por que ele lança o ministro Sergio Moro como nomeado ao STF? Por uma razão muito simples: porque Moro é adversário do Bolsonaro como presidente da República. A maneira que ele encontrou de eliminar esse adversário foi nomeá-lo para o STF."

O Estadão perguntou:

"Ele tirou uma carta do baralho?"

Cesar Maia respondeu:

"A principal, a única carta. Ele elimina o principal adversário, não tem dúvida nenhuma. Pode fazer a pesquisa que você quiser entre Moro e Bolsonaro, você vai ver o que vai dar. Mostra que o próprio presidente está preocupado com o desdobramento de tudo isso. Ele precisa tirar da frente aqueles que são adversários muito fortes, que é o caso do Moro."
Herculano
20/05/2019 11:42
PREVIDÊNCIA: O QUE CAUSOU A CONFUSÃO E QUAL É A IDÉIA

Conteúdo de O Antagonista. A confusão do fim de semana em relação à reforma da Previdência começou ainda na sexta-feira, quando o deputado Marcelo Ramos falou em "novo texto", para depois dizer que foi mal compreendido.

É muito pouco provável, de fato, que os deputados apresentem, por conta própria, uma nova proposta, começando tudo do zero.

O que está em curso é uma negociação entre a equipe econômica e líderes partidários para que Samuel Moreira consolide um relatório "mais fácil" de ser aprovado - na comissão especial e no plenário.

Além de sacar o BPC e as aposentadorias rural e dos professores da proposta original, a ideia é mexer na capitalização, na desconstitucionalização de alguns pontos e em alguma coisa do regime de transição, por exemplo.

Com todas essas mudanças, deputados afirmam que será mais plausível garantir os 308 votos necessários para aprovar a reforma, sem depender de articulação do governo.
Herculano
20/05/2019 11:21
ALGUNS LEITORES E LEITORAS ME REPASSAM A LISTA DE MUDANÇAS NA REFORMA ADMINISTRATIVA DE GASPAR. AGRADEÇO AS MINHAS FONTES. MAS, ENQUANTO ELA NÃO FOR OFICIAL, NÃO DAREI NADA E QUANDO ELA FOR OFICIAL, SERÁ POR COLETIVA E NÃO POR PRIMAZIA. ENTÃO SERÁ NOTÍCIA NO PORTAL DO CRUZEIRO DO VALE, O MAIS ACESSADO DE GASPAR E ILHOTA.

EU FAREI, COMO SEMPRE, A ANÁLISE DOS FATOS. ESTA É A DIFERENÇA DO JORNAL E DO PORTAL PARA SEUS LEITORES E LEITORAS, QUE PODEM INTERAGIR NESSE ESPAÇO COM SUAS PRóPRIAS OPINIõES
Miguel José Teixeira
20/05/2019 11:19
Senhores,

Quem é jovem há mais tempo, conhece uma propaganda de um remédio contra a queda de cabelos, veiculada nas rádios, mais ou menos assim:
"O primeiro aviso é uma coceirinha. . .
O segundo, é seu próprio pente e,
tcham, tcham, tcham, tcham!!!"

Atentem para a mídia:

"Bolsonaro sanciona anistia de R$ 70 milhões a partidos políticos"

Não parece o primeiro aviso!

O mensalão PeTralha começou assim!

Não é, reeducando zédirceu?
Herculano
20/05/2019 11:18
DEMOCRACIA JÁ EMPAREDOU O AUTORITARISMO, por Vinicius Mota, secretário de Redação do jornal Folha de S. Paulo

Bolsonarismo perdeu apoio e foi obrigado a escancarar face paranoica, despreparada e fanática

As instituições democráticas, como previsto, estão vencendo. Elas rapidamente obrigaram o ingrediente autoritário que emergiu das eleições de outubro, misturado a interesses legítimos da sociedade, a se separar da maçaroca.

Em menos de cinco meses, o bolsonarismo vê-se isolado e depurado. Nenhuma organização relevante o apoia mais, nem sequer os principais rebentos da nova direita nascidos dos protestos de 2013.

Na burocracia federal, talvez apenas o nicho vingador de juízes, policiais e procuradores ainda resista na associação, mas as investigações no Rio contra o primogênito do clã deverão esgarçar depressa até mesmo essa solidariedade.

Sob o sol, o movimento em torno do capitão regride à célula-mãe. Paranoia, despreparo e fanatismo.
Emparedada, a seita aposta numa manifestação no domingo (26), em que só lhe restará atiçar o golpismo. Contra o Supremo, contra o Congresso, contra o oficialato militar. Pregará no deserto.

Apesar da destruição econômica que a catarse acarreta, há um valor positivo em encararmos esse contraste radical ?"aquilo que não queremos ser. Isso promove o autoconhecimento e relativiza antinomias que outrora pareciam insolúveis.

Delineia-se, na reação ao Cérbero populista, o Partido Institucionalista. Lideranças e organizações que se esbofetearam nos últimos anos, como se combatessem o inimigo mortal, redescobrem sua filiação comum aos pactos fundamentais do civismo.

A face horrenda do monstro também favorece a autocrítica. O desejo de eliminar o adversário, a imoderação, a ojeriza à derrota política e econômica estiveram, como sempre estão, dentro de nós mesmos. Não foram domados e por isso produziram uma sequência de desgraças que nos deixaram mais pobres e rudes.

Jair Bolsonaro, reduzido a seu átomo original, talvez faça bem ao Brasil. Vai depender de como evoluirá o grande consenso que se esboça contra "isso daí".
Herculano
20/05/2019 11:12
AVISO DE TSUNAMI, por Fernando Gabeira,no jornal O Globo

Bolsonaro viu Lula Livre em todos os cartazes. Parece pedir socorro ao PT. Por favor, voltem com força. Preciso de um bicho-papão

Conversando com um amigo, disse para ele que escrever um diário talvez ajude a atravessar esta fase sombria no Brasil. Diários costumam ser confusos, incompletos, mas talvez espelhem melhor o caos, sejam a única maneira de interpretá-lo. Quando houvesse necessidade de clareza, como existe aqui, bastaria organizar, editar, acrescentar um ou outro argumento, para voltar a fazer sentido.

Pensei em começar com a frase de Eduardo Bolsonaro sobre a bomba atômica. Num diário, falaria da Coreia do Norte, que era dirigida por Kim Il-sung, e agora um dos rebentos da família se dedica à produção da bomba. Ou mesmo do ministro brasileiro que defendeu a construção do artefato, vestido com um roupão numa sala de hospital.

Estava envolvido nessa questão de gênero, no caso gênero literário, quando li que Bolsonaro esperava um tsunami. Pensei: estou de bobeira na praia. Deixei tudo de lado, para esperar a gigantesca onda.

Na verdade, não é só uma onda, mas um punhado de ondas estranhas: a revelação de um pacto para levar Moro ao Supremo, a inabilidade na explicação para contingenciar gastos na educação, a frase de Bolsonaro chamando manifestantes de idiotas inúteis.

Uma tática que me parece suicida; quem sabe um dia descubra sua lógica.

Aí então veio uma onda maior: a iniciativa dos procuradores do Rio de quebrar o sigilo bancário de Flávio Bolsonaro e de seu funcionário Fabrício Queiroz, o que, certamente, vai revelar a vida financeira de ambos.

Mas as grandes interrogações que rondam a passagem de Flávio pela Alerj não se limitam ao sucesso na compra e venda de imóveis. Houve muitas fontes de renda suspeitas entre deputados do Rio. Propinas, cala-boca, rachadinhas, um longo inventário.

No entanto, o mais inquietante são os indícios de que a milícia tinha um espaço no gabinete de Flávio e que esse espaço era administrado por Queiroz. Milicianos, esposas e mães de milicianos recebiam salários e não se sabe precisamente por quê.

Uma história de corrupção envolvendo a família Bolsonaro realmente representaria uma grande onda negativa para quem se elegeu com a bandeira de luta contra a corrupção.

Mas se a investigação sobre as origens da grana demonstrar também uma associação com as milícias, aí, realmente, é melhor se afastar da praia, pois tem cara de tsunami.

De um modo geral, as ondas foram criadas pelo próprio governo. Bolsonaro viu Lula Livre em todos os cartazes. Parece pedir socorro ao próprio PT. Por favor, voltem com força. Preciso de um bicho-papão.

Milhares de pessoas foram às ruas porque consideram a educação um tema decisivo para o país. Elas pedem projetos, explicações mais sérias do que contar chocolates na TV.

Resta-me, no momento, voltar ao pensamento informal, refletir mais livremente. Por que sobem e caem os populistas? Por que, ao cair, acabam fortalecendo um outro populismo que se opõe a eles?

Até que ponto continuarão brincando de gangorra com um país desse tamanho? O medo de um leva ao outro. E assim vamos vivendo de horrores.

Por acaso, o que esteve em jogo esta semana de manifestações é uma das chances de sair dessa armadilha: priorizar a educação.

A bomba atômica que explodiu na agenda, com o discurso do filho do presidente, foi sufocada pelo rumor das ondas. Ia tratá-la com respeito, pois Eduardo Bolsonaro apresentou-a como um fator de poder do país. Mas há outros poderes mais suaves: nossa cultura, que não se expressa apenas nas artes e costumes, mas na defesa da paz em vários lugares do mundo.

É um poder mais barato e durável. Não significa desprezar a defesa necessária. Mas esse poder é em si um fator auxiliar da proteção. Quem vai atacar um país internacionalmente empenhado em garantir a paz?

Se tivéssemos uma bomba atômica, Maduro nos respeitaria como espera o jovem Bolsonaro? A resposta é não. O que faríamos com a bomba atômica?

Momentos estranhos. Mas passam. No meu caderno, anoto apenas um verso de Fernando Pessoa e o imagino transfigurado na boca de um ministro Weintraub, mestre em Contabilidade: "Come chocolates, pequena/ Come chocolates!/ Olha que não há mais metafísica no mundo senão chocolates."
Herculano
20/05/2019 11:10
AFINAL, O QUE É SER UM ESPECIALISTA? por Ronaldo Lemos, Advogado, diretor do Instituto de Tecnologia e Sociedade do Rio de Janeiro no jornal Folha de S. Paulo

Pergunte a um especialista de internet quantas horas ele se dedicou ao tema

Dentre as características dos tempos que estamos vivendo atualmente, está um ataque ferrenho à ideia de especialistas. Em muitos círculos o termo virou palavrão.

Afinal, a única opinião que importa seria do povo, mesmo quando "povo" seja definido como as pessoas (e robôs) que frequentam as redes sociais. Os especialistas, por sua vez, seriam uma opinião de segunda classe quando comparada a essa "sabedoria popular".

Mas o que seria, afinal, um especialista? Uma das melhores definições existentes é a do escritor Malcolm Gladwell, no seu livro "Outliers" (traduzido no Brasil como "Fora de Série"), de 2008. No livro, Gladwell debate o que seria necessário para que uma pessoa se torne um especialista em um determinado campo.

É nesse contexto que ele oferece uma regra simples: especialista é todo aquele que investiu ao menos 10 mil horas de prática em um determinado assunto. Por exemplo, essa é a média de tempo a que um violinista de talento reconhecido globalmente se dedica sozinho antes da fama.

O próprio Gladwell estima que os Beatles teriam ensaiado ao menos 10 mil horas antes de tocar em Hamburgo no começo dos anos 1960. Ou, ainda, esse teria sido também o tempo que Bill Gates teria dedicado ao ofício de programação antes de finalmente desenvolver o Windows.

Da mesma forma, esse número é uma boa régua para dividir quem se declara especialista em um tema ou não. Se você se dedicou mais de 10 mil horas sobre um assunto, pode se considerar um especialista. Se não fez isso, é ainda um amador.

No entanto, em um livro de 2016, os professores Anders Ericsson e Robert Pool defendem uma versão revisada dessa "regra das 10 mil horas". No livro (traduzido no Brasil como "Direto ao Ponto: Os Segredos na Nova Ciência da Expertise"), os autores dizem que essa regrinha é útil, mas não é universal.

Outros fatores, como o campo de atuação, podem ser influentes. Em algumas áreas, mais tempo seria necessário. Em outras, menos. Esse seria o caso dos próprios Beatles. Em um estudo feito em 2013, Mark Lewisohn, biógrafo da banda, estimou depois de uma detalhada análise que na verdade eles teriam ensaiado por volta de 1.100 horas antes de tocar em Hamburgo (e não 10 mil).

Além disso, a forma como essas horas são aplicadas também importa. Ficar só na teoria não é suficiente. Os autores defendem que a melhor forma de criar especialistas é colocando as pessoas para treinar suas especialidades na prática, especialmente de forma competitiva com outras pessoas.

É o que os autores chamam de método "Top Gun" (em homenagem à escola da Marinha americana, tornada famosa pelo filme dos anos 1980). Qual a melhor forma de formar bons pilotos de caça? Colocá-los para competir uns com os outros e selecionar os melhores.

De nada adiantaria investir 10 mil horas na teoria da aviação de caça sem a possibilidade de colocá-la em prática.

Toda essa discussão é útil. No mínimo ela ajuda a distinguir o joio do trigo. Da próxima vez em que você encontrar um especialista na internet, pergunte quantas horas ele se dedicou àquele tema. Pergunte também como ele gastou essas horas. Depois de fazer isso, você terá uma baliza melhor para levar ou não a opinião da pessoa em consideração.

READER
Já era?Monopólio da opinião por parte de alguns poucos especialistas

Já é?Desvalorização generalizada da opinião de especialistas

Já vem?Renascimento do valor da opinião dos especialistas, de forma mais diversificada
Herculano
20/05/2019 11:06
A ENTREVISTA SERÁ AS 14H PARA ANUNCIAR A REFORMA ADMINISTRATIVA DO GOVERNO KLEBER EDSON WAN DALL, MDB, E LUIZ CARLOS SPENGLER FILHO, PP, QUE SE ENROLOU POR QUASE SEIS MESES

Nos bastidores, o sentimento é de que o prefeito de fato, Carlos Roberto Pereira, ficou mais prefeito que o próprio Kleber.

Ao menos é isso que o seu grupo está espalhando sobre espaços e nomes ainda não divulgados oficialmente, mas que circulam livremente nos aplicativos de mensagens e redes sociais, muita coisa plantada pelos que vão assumir os nacos do poder em Gaspar.
Herculano
20/05/2019 10:58
PETROBRAS AUMENTOU GASOLINA 21 VEZES EM 2019, por Cláudio Humberto, na coluna que publicou nesta segunda-feira nos jornais brasileiros

Alheia à crise do País, que deixa a economia devagar quase parando, somente em 2019 a Petrobrás já decretou até agora 21 aumentos na gasolina, fora outros combustíveis, totalizando alta de 35,5% em um País de inflação anual de 5%. Não há negócio melhor: a Petrobras tem liberdade para fixar seus preços, fingindo que é uma empresa privada no céu, ou seja, sem concorrentes, e com a garantia do monopólio.

LUCRO INDECENTE
Dos 26 reajustes, este ano, apenas cinco foram para redução irrisória do preço. Mas seu lucro líquido explodiu no período: R$ 4 bilhões.

207 REAJUSTES!
Implantada em julho de 2017, a política criminosa provocou 207 reajustes até maio de 2018, quando os caminhoneiros pararam o País.

DIESEL NAS ALTURAS
No dia em que os caminhoneiros entraram em greve, há um ano, a Petrobras já havia aumentado o diesel em despudorados 69,78%.

LUCRO COM DESEMPREGO
Alheia à crise e ao esforço para gerar mais negócios e empregos, a Petrobras aumentou a gasolina em 56,12%, desde o ano passado.

ATÉ DEPUTADOS DO PSL QUEREM SAÍDA DE ONYX
As críticas cada vez mais ácidas à articulação política, desgastando as relações do governo o Congresso, deixaram o ministro Onyx Lorenzoni (Casa Civil) em posição delicada. A perda de apoio do ministro se reflete nas críticas até mesmo de parlamentares do PSL, partido do presidente, inconformados com sua ausência de Brasília, nos últimos dias, e com a desarticulação que leva o governo a colecionar derrotas.

CENTRÃO NA OPOSIÇÃO
Onyx também está com a bola murcha diante do "centrão", conjunto de partidos fisiológicos que o Planalto não consegue agradar

FALTA ARTICULAÇÃO
"Onyx atrapalha a reforma e a articulação", critica o líder do Cidadania, Daniel Coelho (PE). Alexandre Frota (PSL-SP) se associa às críticas.

FRIGIDEIRA NO FOGO
"O ministro está em estado de pré-fritura", define importante assessor do Palácio do Planalto, que prevê sua substituição iminente.

URTICÁRIA NA UNB
O ministro Abraham Weintraub (Educação) sugeriu à reitora da Universidade de Brasília vigilância privada por policiais militares. Traficante pode, ladrão também, mas PM no campus provoca urticária.

TRINTA ANOS!
Nomeado pelo então presidente José Sarney, o mais antigo ministro do Supremo, o decano Celso de Mello, tomou posse no Supremo em 17 de agosto de 1989. Substituiu o ministro, já falecido, Luís Rafael Mayer.

RAPOSA NO GALINHEIRO
Chegou ao Planalto que um dos suportes dos governos Lula e Dilma, visitado recentemente pela Polícia Federal, o senador Ciro Nogueira (PP-PI) trabalha para indicar o presidente do Banco do Nordeste.

DINHEIRO NA CUECA
O deputado José Guimarães (PT-CE) foi responsável pela indicação dos últimos presidentes do Banco do Nordeste. O governo diz que os apadrinhados dele respondem por supostos desvios de R$1 bilhão.

MANDATO RICO
O senador Izalci Lucas (PSDB-DF), que foi eleito em outubro passado, chama atenção pela quantidade de servidores comissionados: 75 contratados em seu gabinete.

PRIVILÉGIOS SOBRE A MESA
A pedido de João Campos (PRB-GO), o secretário Rogério Marinho (Previdência) recebeu entidades das forças de segurança, que, claro, também querem preservar privilégios na reforma da Previdência.

Só FALTA BREVÊ
Maria do Rosário (PT-RS) tem número de horas de voo de fazer inveja a muitos pilotos: já gastou R$ 19.304,57 com passagens por nossa conta. Só R$3.284,72 foram em janeiro, mês de recesso.

PRODUTIVIDADE
O deputado Rodrigo Agostinho (PSB-SP) apresentou mais de 90 projetos de lei nos primeiros quatro meses desta Legislatura. A média é de uma iniciativa legislativa por dia.

PENSANDO BEM...
...no Rio tem muita coisa caindo, só falta o prefeito.
Herculano
20/05/2019 10:28
CONGONHAS, por Luiz Felipe Pondé, ensaísta e filósofo, no jornal Folha de S. Paulo

Adoro ver os idiotas da tecnologia usarem o termo sociedade paperless

Todo mundo que viaja muito acaba por se sentir um pouco em casa em aeroportos. Um misto de irritação com familiaridade se constitui nesse hábito de estar ali muitas vezes.

Justamente por esse hábito aprendi a respeitar e a reconhecer o valor dos aeroviários e aeroportuários, categorias silenciosas, elegantes e (quase sempre) atenciosas. Sem eles o mundo para. O custo operacional é altíssimo e, no Brasil, com os maus tratos que o Estado dispensa às companhias aéreas - aliás, como a quase todas as empresas - piora ainda mais o dispêndio.

Gostaria, hoje, de tocar em dois pontos do cotidiano do aeroporto de Congonhas. O primeiro é diretamente ligado à figura do burocrata gestor. Este personagem kafkiano é mais perigoso do que o simples burocrata e seu poder é mediado por carimbos, papéis, assinatura, e, agora, cadastros, arquivos e emails. Adoro ver os idiotas da tecnologia dizerem que a "sociedade paperless" (termo brega toda vida) seria livre da burocracia. Ao contrário, piorou, porque trouxe as "novas tecnologias" para dentro da poder paralisante da burocracia.

A verdade é que a nova organização de táxis e transporte por aplicativo transformou o inferno familiar que é Congonhas numa nova ordem infernal. Como sempre, as pessoas ficam à mercê dos humores, interesses e teorias mirabolantes que povoam as mentes dos burocratas gestores em seu gabinetes.

Claro que todo burocrata gestor, que de bobo não tem nada, saca do bolso umas pesquisas "científicas" explicando que o melhor modo de "modernizar" as operações é tornar a vida das pessoas mais estressante.

Sabemos que o mundo contemporâneo marcha para o inferno a passos largos, mas a Netflix e as novas gerações de iPhones e Samsungs nos confundem com suas cores, bichinhos, fotos e hiperaceleração das operações -aqueles dispositivos mesmos que os idiotas da tecnologia pensam ser a prova de que as crianças estão nascendo mais evoluídas e inteligentes.

Se existissem testes comparativos para medir o grau de agilidade mental entre os sapiens do Alto Paleolítico e nós, a ciência provaria que hoje somos, provavelmente (incluindo as crianças), mais retardados.

Se você quiser fazer um rápido teste para ver se você é um idiota da tecnologia, responda à seguinte pergunta: você acha que o mundo avançou porque existe o iPhone? Se você aceitou a expressão "o mundo avançou" você é um idiota do progresso, mas se relacionou esse avanço ao iPhone você é um idiota da tecnologia. Parabéns!

Agora em Congonhas, embarque e desembarque se amontoam no mesmo andar - antes eram divididos entre os dois andares - criando um caos no fluxo dos passageiros, muitas vezes atrasados e correndo para não perderem o voo. Mas, diminuir o estresse da população nunca foi prioridade para o amigo burocrata gestor no seu dia a dia.

Muito pelo contrário: piorar o estresse parece justificar ainda mais estresse, criado por ele, como uma suposta solução para o estresse anterior. Esperemos para ver se algo será feito no sentido de pôr alguma ordem menos estressante no cotidiano dos passageiros, táxis e transporte por aplicativos em Congonhas ou se a tortura livre das pessoas continuará seu curso.

Por outro lado, um segundo tópico vale nossa atenção, e este nada tem a ver com o burocrata gestor. No mundo inteiro se paga para despachar bagagens há muito tempo. Desde que as companhias aéreas brasileiras passaram a cobrar (aquelas mesmas que vivem espancadas pelo Estado brasileiro e seu gozo mórbido), muitos passageiros, infelizmente, criaram um hábito que tornou o embarque no avião um pequeno inferno à parte.

Passageiros "espertos" resolveram levar para dentro do avião malas gigantescas para não ter que pagar para despachá-las. Resultado: a tripulação de comissários tem que fazer halterofilismo para colocar malas desproporcionais dentro da cabine, criando problemas de espaço e peso dentro da aeronave.

As companhias aéreas começaram então a medir essas malas antes do raio-x, criando mais estresse (em momentos de pico) no embarque, para obrigar esses "espertos" a pagar pelo despacho das malas fora dos limites. As pessoas que sempre respeitaram as normas de embarque têm que sofrer com a confusão por conta dos idiotas da esperteza.

O descaso para com o estresse da população em Congonhas, e a cara de pau dos cretinos que querem tirar vantagem em tudo, são a cara do Brasil que nos mantém na merda.
Miguel José Teixeira
20/05/2019 10:24
Senhores,

Do texto abaixo, extraí:

"Existem hoje travas contra o impeachment. Ninguém sabe direito quem é o vice, o general Hamilton Mourão, e levar o processo adiante agravaria a pasmaceira econômica."

Ora, ora, ora. . .todos direitos sabem quem é o General Mourão, exceto os esquerdos que se borram todos ao ouvir seu nome.
Herculano
20/05/2019 10:20
O DESABAFO DE BOLSONARO, editorial do site Gazeta do Povo, de Curitiba.

Se o Brasil realmente não é para principiantes, tampouco é ingovernável sem ceder às corporações

Na manhã de sexta-feira, o presidente Jair Bolsonaro divulgou, em grupos de WhatsApp dos quais faz parte, um texto atribuído a um autor anônimo - depois identificado como Paulo Portinho, analista da Comissão de Valores Mobiliários (CVM) e filiado ao Partido Novo - que descreve as dificuldades que Bolsonaro vem encontrando para governar e para implantar as plataformas de campanha que a população escolheu em outubro de 2018. Um diagnóstico extremamente preocupante, menos pelo quadro deprimente que pinta e mais porque ele mostra uma compreensão bastante equivocada do jogo democrático e do que significa governar - e nos permite perguntar até que ponto o próprio Bolsonaro compartilha desse equívoco, apesar de suas décadas de experiência como parlamentar.

O texto, cuja íntegra também foi publicada pela Gazeta do Povo, tem todo um tom de denúncia contra o que Portinho chama de "corporações com acesso privilegiado ao orçamento público", e que seriam as verdadeiras donas do país: "não só políticos, mas servidores-sindicalistas, sindicalistas de toga e grupos empresariais bem posicionados nas teias de poder". A constatação é a de que qualquer presidente teria de se dobrar a esses grupos; sempre foi, é e sempre será assim, parece dizer o autor.

Está aqui o primeiro grande equívoco sobre como funciona uma democracia. Por esta visão, existiria apenas o povo, puro, imaculado, que deseja o melhor para o país, e, do outro lado, grupos de pressão com interesses sempre espúrios, que desejam apenas o melhor para si mesmos. Um erro primário e que desconsidera a própria dinâmica da democracia, que se constrói no embate civilizado entre interesses diversos e, na imensa maioria das vezes, legítimos. Quando um grupo de pessoas se une para defender uma ideia ou pleitear algo junto ao poder público, apresentando seus argumentos e elegendo representantes que deem força a essas ideias e plataformas, nada mais faz que colocar em funcionamento a máquina da democracia. É assim não apenas no Brasil, mas em qualquer país democrático.

Existem interesses e métodos espúrios? Sem dúvida que há. Quando políticos vendem sua consciência e seus votos em troca de cargos e privilégios, quando empresários se unem em esquemas de corrupção, estamos diante do quadro pintado pelo autor anônimo do texto compartilhado por Bolsonaro. Mas, quando servidores públicos se opõem a reformas que julgam prejudiciais, quando setores do empresariado pleiteiam determinada medida que os beneficie, até mesmo quando estudantes invadem uma escola para protestar contra alguma mudança no sistema educacional, as ideias podem estar equivocadas, as medidas que beneficiam alguns podem acabar prejudicando a maioria, os métodos podem ser profundamente condenáveis e antidemocráticos, mas não se pode, de forma alguma, igualar suas motivações às do primeiro grupo, como se todos agissem movidos apenas por razões inconfessáveis.

Ao colocar todos os grupos e interesses em um mesmo balaio, Bolsonaro desmente a própria trajetória e antagoniza até mesmo aqueles que o ajudaram a fazer dele o presidente do país. Quando buscou o apoio de bancadas temáticas para construir apoio parlamentar, logo depois da eleição, não estava lidando com pessoas unidas por uma plataforma? Quando assina importantes e necessárias medidas que tiram a carga estatal dos ombros do empreendedor, não está também respondendo a um pleito da parte de quem produz? E não são esses interesses totalmente legítimos, e até meritórios?

Mas não é apenas sobre a própria natureza dos interesses que movem a política que o desabafo compartilhado por Bolsonaro se equivoca. O presidente também parece ter subestimado a reação que ele despertaria. Bolsonaro se elegeu com uma série de plataformas necessárias ao país - as reformas econômicas, a redução do tamanho do Estado e de sua interferência sobre a vida do cidadão e do empreendedor, a proteção da vida e da família, o combate à criminalidade. Prometeu também levar esse ideário adiante sem recorrer ao toma-lá-dá-cá que marcou os governos de seus antecessores. A própria campanha eleitoral já havia mostrado que haveria resistências vindas de todos os lados ?" da imprensa, da intelectualidade, de grupos políticos, ideológicos e identitários ?" a esse projeto. Uma oposição legítima, baseadas em ideias e reivindicações próprias da democracia, e também a resistência espúria de quem perderia privilégios. Porventura Bolsonaro não imaginava que os setores contrários ao seu programa não usariam todas as armas à disposição? Se agora ele se queixa, como o texto parece fazer, do tamanho do desafio, é porque o subestimou grosseiramente, mesmo quando tudo já indicava que sua tarefa não seria nada simples e apesar de Bolsonaro ter passado boa parte de sua vida no mesmo Congresso que agora lhe impõe dificuldades.

E, diante disso, o que fazer? Como, então, manter a coerência com o programa assumido nas urnas ?" algo que o texto de Portinho alega não ser possível, usando exemplos de FHC, Lula e Dilma? Menos mal que o autor rejeite a opção da ruptura institucional, com "o Brasil sendo zerado". Isso nos levaria a um destino como o de vizinhos falidos, citando a Argentina e a Venezuela. O autor poderia ter citado o próprio caso brasileiro, em que Jânio Quadros quis contornar as instituições confiando nos "braços do povo", e acabou lançando o país na confusão que resultou no golpe militar de 1964. Mas Portinho também não vê saída. Segundo o texto, se a ruptura não é um caminho possível nem desejável, restaria apenas conformar-se com governar contentando os grupos de pressão de sempre, passando reformas cosméticas que manterão o país respirando por aparelhos, mas sem de fato mudar o Brasil.

Ora, isso é de uma pequenez impressionante. Se o Brasil realmente não é para principiantes, como na famosa frase atribuída a Tom Jobim, tampouco é ingovernável sem ceder às corporações, como defende Portinho. É possível, sim, governar sem recorrer aos conchavos e ao toma-lá-dá-cá. Para isso, o que o Brasil exige de um governante é sabedoria para compreender que uma democracia é movida por interesses legítimos, mesmo que opostos; sagacidade para identificar quais são os interesses e métodos espúrios; coragem para enfrentar os interesseiros e fisiológicos; e liderança para conversar e negociar com todos os demais, aqueles que se movem de boa vontade no tabuleiro político e ideológico. São características que ainda não se manifestaram plenamente em Bolsonaro, que tem se guiado pelo pensamento binário em que as únicas opções são ceder ou buscar o enfrentamento com todas as forças contrárias. Tampouco seus ministros responsáveis pela articulação política e suas lideranças no Congresso parecem capazes de cumprir suas tarefas a contento, suprindo o que falta em seu chefe.

O ideário que elegeu Bolsonaro tem o potencial de mudar o Brasil. E pode ser colocado em prática, desde que o presidente pare de reclamar das dificuldades e resistências ?" que são grandes, sim, mas nunca foram desconhecidas de ninguém ?" e comece a agir com a liderança que a população espera dele."
Herculano
20/05/2019 10:07
APATIA POLÍTICA DE BOLSONARO LEVA A PARLAMENTARISMO FORÇADO, por Júlio Wiziack, no jornal Folha de S. Paulo

Presidente insinua ser alvo de impeachment mas Congresso só toma rédea das pautas de governo

O presidente Jair Bolsonaro insinuou que sua sentença de morte está pronta no Congresso. Começou dizendo que a pressão contra o bloqueio de verbas foi uma tentativa de fazê-lo incorrer em um crime de responsabilidade.

Depois, seu filho Carlos conseguiu ver um golpe na medida provisória que mudou a estrutura dos ministérios e pode caducar.

Bolsonaro terminou a semana endossando um texto que defende a tese de um país "ingovernável" sem conchavos. Parlamentares leram a mensagem como um atestado de incompetência ou um apelo para que seus "eleitores-raiz" sigam para as ruas em defesa de seu governo.

Se existe uma arma contra Bolsonaro no Congresso, é a investigação do Ministério Público do Rio sobre o suposto envolvimento de Flávio Bolsonaro, Fabrício Queiroz, uma espécie de faz-tudo da família, e milícias.

Uma saída seria Bolsonaro indicar o próximo Procurador-Geral da República. Mas isso só ocorrerá em setembro. Até lá, ele tende a continuar nessa agonia pública.

Lideranças partidárias consideram que o presidente criminalizou a política e, portanto, qualquer conversa agora pareceria toma lá dá cá. Fazem o feiticeiro provar de seu feitiço.

Em tempo recorde, o presidente conseguiu o impensável: manifestações pelo país, uma bandeira para o engajamento da oposição, e o descrédito do mercado com a alta do dólar e a queda da Bolsa.

O país flerta com a recessão ou a depressão. Tanto faz. Nem sua mais promissora medida, a reforma da Previdência, serve mais de alento porque não trará empregos.

Existem hoje travas contra o impeachment. Ninguém sabe direito quem é o vice, o general Hamilton Mourão, e levar o processo adiante agravaria a pasmaceira econômica.

O Congresso preferiu tomar as rédeas do governo, se apoderando das agendas importantes, em uma espécie de parlamentarismo forçado. Mas a política é como um rio. Sempre flui para o mesmo lado. Nunca com a mesma água.

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