20/05/2019
Reprodução da ficha de atendimento. Por ela, paciente é registrada como “moradora” do Posto de Saúde do Centro. Subordinada da área de saúde pública tocada por Carlos Roberto Pereira afirmou ao vereador Sílvio Cleffi, PSC, não há nenhuma irregularidade no prontuário da paciente
Na coluna do dia 25 de fevereiro e feita especialmente para este portal pioneiro e líder de acessos em Gaspar e Ilhota, relatei com documentos da própria secretaria de Saúde de Gaspar e que reproduzo acima um deles novamente, a forma como o posto de saúde do Centro facilitou o atendimento de uma paciente não residente em Gaspar, fornecendo-lhe consulta, exames laboratoriais.
E na ficha, que era nova, sem o total preenchimento devido em todos os campos, e para primeiro atendimento em Gaspar, constava que Vanusa Sbruzzi era moradora do próprio posto de Saúde, algo muito incomum. Ao que consta, ninguém mora lá – e nem poderia. Quando se cadastra para atendimento eletivo ou ambulatorial no sistema daqui, ou de qualquer outro município, é necessário apresentar um comprovante de residência para ser beneficiário do sistema ou acessá-lo. É regra “pétrea”.
O artigo do dia 15 de fevereiro e que pode ser relido neste portal, tinha o seguinte título: “Eficiência avança II. ‘Moradora’ do Posto de Saúde do Centro ‘fura’ a fila e é atendida no sistema de saúde municipal por médica. Usou serviços de laboratório e mamografia”.
Apesar da gravidade, houve desde então, um silêncio sem tamanho – como é de costume - na prefeitura e na secretaria de Saúde, tocada pelo presidente do MDB gasparense e advogado, Carlos Roberto Pereira. A falta de transparência tem sido uma das marcas do atual governo daqui.
Intrigado com a informação daqui e o silêncio do governo, o vereador, médico e funcionário público municipal, Silvio Cleffi, PSC, cria político do prefeito Kleber Edson Wan Dall, MDB, que já foi da base do poder de plantão, e agora faz uma oposição crítica após vencer em 2017 a eleição para presidência da Câmara, contrariando o jogo de cartas marcadas da prefeitura para interferir na autonomia do Poder Legislativo, e por isso, por simples vingança, constrangido e desrespeitado quando presidente pelo Executivo, resolveu tirar esta história a limpo.
NA PRIMEIRA RESPOSTA, A SINALIZAÇÃO CLARA DA ENROLAÇÃO E DESRESPEITO
Silvio fez e viu aprovado por todos os vereadores no dia quatro de abril, o requerimento 74/2019. Ele continha apenas quatro perguntas simples, protocolares e diretas sobre o assunto. E a prefeitura mandou a superintende de Saúde Pública de Gaspar, Lizandre H. Junkes, responde-lo. Ela, experiente em Blumenau, também foi sucinta no ofício que enviou no dia 29 de abril ao então chefe de gabinete, Pedro Inácio Bornhausen, PP, que deu conhecimento ao prefeito e este, avalizou as respostas da funcionária e as remeteu para a Câmara.
Cleffi perguntou: “houve alguma irregularidade no citado atendimento?”
Lizandre respondeu: “não houve nenhuma irregularidade no que mostra o prontuário”.
Eu: o que é um prontuário? Para os médicos, resumidamente, são os atendimentos, o relato dos pacientes, as prescrições, os procedimentos e resultados de ações de intervenções e profilaxia. Para o aparelho público SUS - que sustenta e controla o sistema - é o cadastro do paciente.
Então. Se a agente pública não mentiu, omitiu e praticou o que se chama de falsidade ideológica. E estão envolvidos solidariamente neste ato, seus superiores: o secretário de Saúde, o ex-chefe de gabinete e o prefeito. Todos – se não participaram de alguma forma - deram aval e fé pública a tal documento que referendaram e enviarem oficialmente para a Câmara e ao vereador Silvio Cleffi.
Como mostra a ficha aberta às 15.58.36 do dia seis de fevereiro deste ano – se não alteraram o sistema depois que a notícia se espalhou em fevereiro -, por Luiz Henning, Vanusa Sbruzzi, deu como seu endereço, ou lhe atribuíram como seu endereço em Gaspar, a Rua Augusto Beduschi, 130, que nada mais é, o endereço do próprio posto de Saúde do Centro. É preciso investigar. É preciso apurar administrativamente. É preciso punir quem errou e que agora se configura como proposital, pois tenta-se de todas as formas escondê-lo, ou escamoteá-lo e dar ares de normalidade.
Mais. No mesmo documento não foram preenchidos campos obrigatórios cadastrais, como a cidade do nascimento da paciente, a “área/ESF a que ela pertence”, a “unidade de Saúde de Referência”, o “email”, “empresa em que trabalha” etc. É quase uma ficha fantasma. Ela está republicada acima para os leitores e leitoras conferirem, mais uma vez, inclusive o vereador, para ter certeza de que debocharam dele, principalmente na prerrogativa constitucional de pedir e receber informações como um agente fiscal, mesmo que, em caráter reservado.
Então é certo afirmar, como Lizandre afirmou e seus superiores concordaram de que não “houve nenhuma irregularidade no que mostra o prontuário”? Quem errou, o que querem encobrir, quem estão protegendo com tal mentira, omissão e deboche?
Cleffi perguntou: quais as datas de seus atendimentos no posto de saúde do município, neste ano de 2019?
Lizandre respondeu: 06.02.2019. Compareceu à unidade.
Eu: Nada a comentar. Está correto. O atendimento foi uma mera formalidade para se pedir os exames laboratoriais e a mamografia.
Cleffi perguntou: houve, pelo médico solicitante, alguma prioridade no pedido destes exames, ou na realização? Caso positivo, qual o critério de prioridade (não sendo necessário especificar o motivo por razões éticas)?
Lizandre respondeu: não houve prioridade de atendimento, pois os exames solicitados não possuem fila de espera, ou seja, demanda reprimida.
Eu: Diante da grave irregularidade e de como nasceu esse atendimento, de como se dificulta o seu esclarecimento, é vital que a promotoria que cuida da moralidade pública na Comarca de Gaspar tomar este caso para si, analisa-lo e mandar abrir um inquérito.
Mesmo na suposição de não havendo filas de espera, ou então demanda reprimida, como se alega na resposta de Lizandre, foi gasto dinheiro do município, dos gasparenses, na combalida saúde pública, com pessoa que não provou ser residente aqui. Ela furou a fila em outro lugar onde possui domicílio e deveria pedir tais exames e atendimento público.
Houve um benefício indevido. Houve um prejuízo devido à coletividade, com a conivência de agentes públicos e políticos. Estaria, caracterizado, em tese, a improbidade administrativa e à falsidade ideológica.
Cleffi perguntou: Qual o endereço da paciente que consta na ficha de atendimento e, em especial no atendimento do dia 25 de fevereiro de 2019? [ o atendimento foi no dia 6.02; a coluna com a notícia do atendimento é que foi no dia 25.02]
Lizandre respondeu: o vereador como profissional de saúde sabe que o endereço dos usuários é sigilo e somente pode ser quebrado por ordem judicial.
Eu: ou seja, a prefeitura, o secretário de Saúde se negam à transparência, desafiam a moralidade pública, constrangem o vereador pois dizem que está fazendo um questionamento indevido, tentam ganhar tempo pois duvidam que haja judicialização de tal caso. E se houver, o culpado ainda vai ser o Luiz Henning que fez a ficha da moça no posto de Saúde. Querem apostar?
É preciso ir a fundo nesta questão.
Afinal que laços Vanusa tem com o poder de plantão e quem criou facilidades para ela ser atendida em Gaspar, com endereço falso, quando Vanusa tinha até o tempo em que foi atendida no posto de saúde do Centro de Gaspar, domicílio declarado e conhecido em Balneário Camboriú e Blumenau? E não foi gente de terceiro escalão que facilitou esse atendimento irregular e fora dos padrões, pois se fosse já estaria afastada da função. E não está.
A própria prefeitura que tenta escamotear este caso, denunciou que o ex-prefeito Pedro Celso Zuchi, PT, inscrito no posto de Saúde do Barracão, usou de um artifício nas suas relações de ex-prefeito e foi atendido preferencialmente na unidade do Bela Vista. Qual dos dois fatos é mais grave? Por que um merece repúdio, apuração e punição aos facilitadores, enquanto outro não?
Por fim, no mesmo ofício resposta, Lizandre recomendou ao vereador Silvio encaminhar as reclamações dele e do povo para Ouvidoria, pois é um local específico para tal, canal devido da saúde (?).
Ouvidoria? Um ente declaradamente político e não técnico em Gaspar? Hum! Deboche completo não apenas com o vereador, mas com a sociedade pagadora de pesados impostos e que sofre com as costumeiras filas nos postinhos e que o médico Silvio Cleffi, conhece tão bem, pois trabalha num deles, o do Bela Vista. Acorda, Gaspar!
Na terça-feira na Câmara, razoavelmente atordoado com o relato da edição impressa de sexta-feira do jornal Cruzeiro do Vale – o mais antigo, o de maior circulação e credibilidade em Gaspar e Ilhota - e que expôs o drama das famílias no atendimento do Hospital de Gaspar, especialmente do caso Ângela Maria Tanholi Schramm, o vereador Cícero Giovane Amaro, PSD, mostrou-se preocupado e pediu transparência para tudo o que acontecia no Hospital e na Saúde Pública daqui.
O pedido do vereador Cícero se deveu não só aos relatos à reportagem do jornal, mas a fatos recorrentes que ele próprio vem denunciando no seu mandato e experiências vividas por ele próprio.
Pediu para reverter o quadro de descrédito do Hospital gerado pela má repercussão pública dos fatos. Fez isso, porque está preocupado com vidas, com a confiança mínima que deve gerar a instituição Hospital aos pacientes que se socorrem no Pronto Atendimento e Pronto Socorro. Cícero entende que é preciso tomar atitudes e mudar a má imagem deixada pela soma de tudo o que vem acontecendo, sendo denunciado e pouco esclarecido para a comunidade.
Pediu esclarecimentos pela qual o Hospital está sob intervenção municipal, comendo um caminhão de dinheiro dos gasparenses, mas mesmo assim, acumulando dívidas e apesar disso, sem se saber quem é o verdadeiro dono dele. Enfim, segundo Cícero, ele – como gasparense - não quer ver o Hospital falhar e criar tragédias, as quais se escondem na cidade, mas ser uma referência para salvar vidas.
Diante de tantas evidências da dor alheia, os políticos que estão obrigados a defenderem o prefeito Kleber Edson Wan Dall, MDB, preferiram malhar o jornal Cruzeiro do Vale, o que expôs os dramas reais e bem como as pessoas que foram às redes sociais, relatar o sofrimento de si, parentes e amigos, ou cobrar soluções. Impressionante. Este tipo de censura tem método e origem.
Em um lugar sério, cabeças já tinham rolado, a começar pelo secretário de Saúde.
O Cruzeiro do Vale como um ente social, entende que não é escondendo uma situação caótica que vai se resolver o que se enrola por décadas. O tempo vem provando que só piora.
O Cruzeiro do Vale não quer apenas que os erros sejam conhecidos, apurados e os responsáveis punidos. Quer, antes que sejam eliminados para a comunidade possa acreditar no Hospital com um ente que essencialmente recupera e salva vidas, e não as coloca em mais perigo como vem acontecendo seguidamente até agora.
O Cruzeiro do Vale defende o Hospital, mas não seus erros e quem o trabalha para escondê-los e com isso, impedir o adiar soluções. Trata-se problemas graves contra a saúde e a vida como meras fatalidades. E se isso não é verdadeiro, há fatos, há provas e há uma percepção generalizada de que isso está acontecendo, como bem demonstra as manifestações e relatos de casos nas redes sociais e que gente do círculo de poder até tentou desconstruir, desmoralizar e constranger numa tentativa de calar a população nessas manifestações. Vergonha.
UNIÃO POR VERBAS E NÃO POR SOLUÇÕES POR DIAGNÓSTICOS MINIMAMENTE ASSERTIVOS
O vereador Evandro Carlos Andrietti, MDB, por exemplo, culpou à falta de união dos vereadores e políticos para buscar mais verbas para o Hospital de Gaspar. Ele deve estar cego, surdo ou não sabe ler.
Não foi à falta de verbas que fundamentou gritos de socorro e até mortes de pacientes no Hospital de Gaspar, mas diagnósticos frágeis, equivocados ou errados. Isto está comprovado. E todos os políticos queimaram a língua na semana passada nessa armação orquestrada para esconder a ineficiência profissional, mesmo que individual como se alega, naquele ambiente hospitalar ambulatorial, emergencial e de urgência.
Ora se há uma fruta podre, nem isso, teimosamente, se está disposto a eliminar.
Contra as vozes que defendem o erro pelo abafamento dos relatos dos casos e a favor do jornal, ou dos que pedem providências diante das experiências, poucas horas depois, infelizmente, o drama de Ângela Maria Tanholi Schramm se repetiu com Márcia Marta Hang, de 57 anos.
E até o fechamento desta coluna ele não tinha tido o mesmo desfecho de Ângela, a morte, graças à ação eficaz da família, amigos, do próprio jornal que mobilizou a cidade e principalmente da Justiça que veio em seu socorro. E precisava?
É que a via crucis de Márcia foi anunciada aqui no portal e no jornal Cruzeiro do Vale – que os políticos demonizam exatamente por fazer jornalismo independente, para os cidadãos e a cidade, sem rabo preso e dependente de verbas públicas manipuladas pelos políticos ao seu interesse e censura. Foi aqui que os familiares e amigos de Márcia se socorreram para tornar pública a angústia de uma tragédia que quase se repetia como a de tantas outras Ângelas.
Nem prefeito, nem secretário de Saúde, nem gestor do Hospital, nem diretor clínico foram capazes à solução. A solução, chegou à última hora, com ajuda da Justiça. Uma decisão determinou acolher Márcia numa UTI particular em Blumenau para o internamento imediato, para um diagnóstico que começou há mais de 15 dias como “suspeita” de suposta fraca pneumonia.
Medicada no Pronto Socorro, foi para casa e voltou pior. No Hospital recebeu outro diagnóstico: arritmia cardíaca (?). O resto, longo, e contraditório calvário pode ser lido aqui no portal em texto elaborado pela redação e que ganhou grande repercussão na comunidade. Não foi a falta de uma UTI que determinou o agravamento da saúde de Márcia, mas a forma como foi diagnostica e tratada, dispensando inclusive, num primeiro instante, até internamento. A UTI foi necessária para tentar salvá-la quando tudo já caminhava para o fim.
O HOSPITAL NÃO É O CULPADO DISSO TUDO, MAS SÃO OS POLÍTICOS E AGENTES POÚBLICOS QUE O ADMINISTRAM E COLOCAM OS PROBLEMAS PARA DEBAIXO DO TAPETE EM ALGO TÃO SENSÍVEL: A VIDA
Até o líder do MDB, advogado, que já foi secretário de Saúde do petista Pedro Celso Zuchi, Francisco Hostins Júnior, homem que considero sensato, entrou na pilha da insensatez e defendeu que não se deve falar mal do Hospital. Como assim? Logo ele, que revelou ter tido um caso parecido na sua família. Ai, ai, ai.
Entretanto, ao menos, Hostins reconheceu que o Hospital não diagnostica ninguém, mas sim profissionais em nome dele.
Ótimo. A percepção de Hostins é coincidente com o do jornal. Então faltam ações e de gente que pode toma-las no poder público, pois o Hospital está sob intervenção e em tese, diante disso, o “dono” dele é o município, tocado pelo prefeito Kleber e seu secretário de Saúde. Quem está diagnosticando errado e por que? É preciso corrigir, é preciso eliminar esse foco de erro.
Tantos erros de diagnóstico e até agora, ninguém foi expurgado, ninguém foi punido, só as famílias, muitas delas com a perda de seus entes queridos? Esconder o quê vereador em nome de uma imagem que está maculada na sua origem? É hora de parar com a encenação e se ir à responsabilização.
O mau profissional, o mau chefe, o senso de proteção pelo corporativismo é que devem ser protegidos? É isso? E tudo em nome da morte dos outros? Valha-me Deus! Transparência é tudo. Responsabilidade é a palavra de ordem. E a conclusão é de que faltam responsáveis para assumir seus erros e culpas por resultados dramáticos, mesmo que se admita que seja um percentual pequeno. Devia ser zero. É o que se persegue em qualquer ambiente sério que lida com a vida. Nada é mais fatal do que a permanente irresponsabilidade.
O líder do prefeito, o vereador Francisco Solano Anhaia, MDB, foi mais longe: ele condenou a ilustração que encima deste comentário. Para ele, ela é de um “tal jornal de Gaspar” e não retrata à realidade, pois o Hospital não é negligente, e negligência seria um crime personalíssimo. Como ele não é um letrado nas ciências jurídicas, foi mal orientado. A personalíssima negligência quando protegida, reiteradamente, pela instituição é de fato uma negligência do ente institucional.
Esse “tal jornal de Gaspar”, vereador, tem nome: Cruzeiro do Vale. E possui história. E ele vem enfrentando os poderosos da cidade há 30 anos. Todos passaram. E quando os cidadãos e cidadãs precisaram de voz, inclusive os que estão no poder e o próprio vereador, foi no Cruzeiro que a encontraram para as suas legítimas queixas, denúncias, opiniões e ideias.
E por que? Devido a isenção e credibilidade do jornal e do portal. Agora, tramam, dia e noite, censura e ameaças só por ele ser independente, dar também voz aos cidadãos sem voz e não se dobrar aos do poder de plantão? O erro que no jornal relata, está na cara de todo mundo.
A DEPURAÇÃO VIRÁ COM MÉTODO E ENERGIA PARA CRIAR UMA NOVA IMAGEM REAL
O Hospital precisa buscar e apontar os culpados, num processo de transparência e auto-depuração, perante à comunidade que o sustenta, depende e precisa do Hospital como solução, mas está com medo de usá-lo.
É o Hospital que está sendo negligente consigo próprio. Essa negligência vai mais além. Ela é solidária pelo prefeito que é o interventor do Hospítal, pelo secretário de Saúde, o advogado, presidente do MDB, Carlos Roberto Pereira, o gestor do Hospital, bem como os diretores clínico e técnico.
Todos estão obrigados à responsabilização não apenas dos casos que devem ser apurados, mas, antes, preventivamente, em criar mecanismos para colocar sob controle a possibilidade de erros nos diagnósticos médicos e procedimentos.
A história trabalha contra o Hospital e seus gestores públicos: menos de dois anos e meio do governo Kleber quatro gestores passaram por ele, e um diretor técnico teve que correr porque exercia ilegalmente a função e a de médico anestesista, quando estava suspenso pelo próprio Conselho Regional de Medicina. Há histórico. E não é bom.
“É preciso acabar com isso de atacar os médicos e os enfermeiros”, disse o líder de Kleber na Câmara numa tentativa de jogar a população contra as pessoas que relatam seus dramas nas redes e no jornal sobre o Pronto Atendimento e no Pronto Socorro do Hospital, quando não saem de lá mortas, como aconteceu com Ângela.
Na verdade, quem está atacando os médicos e enfermeiros não é a população amedrontada, mas são os políticos que administram o Hospital de Gaspar. Ninguém mais. E por que? Eles não foram capazes, até agora, de separar o joio do trigo, para salvar uma maioria de profissionais que se sacrifica e não erra, ou ao menos, tão constantemente nos diagnósticos no Hospital de Gaspar.
Quem cuida dos residentes médicos que tomaram conta do Pronto Atendimento, onde nasce a maioria das queixas e erros que levam ao agravamento de várias situações relatadas?
E para encerrar, repasso a história contada pelo vereador Cícero na mesma sessão da Câmara diante de tanta hipocrisia, contra a vida de gente humilde e que resolveu botar a boca no trombone. Ela ilustra bem o que os políticos querem com o silêncio do jornal, do portal, desta coluna e dos que estão nas redes sociais e não dependem das tetas do governo para si, seus filhos ou parentes.
Cicero contou que um esperto tinha um cavalo cheio de problemas e precisava se livrar dele, mas sem prejuízos ao investimento feito. Decidiu então vende-lo, mas para um desconhecido. Quando um vizinho deu por falta do cavalo, questionou o que tinha acontecido. Soube que tinha sido negociado e por um bom preço. Estranhou. E perguntou como tinha se dado tal milagre. “Nunca fale mal das suas coisas para os outros”. Acorda, Gaspar!
A saída de Pedro (a esquerda) da chefia de Gabinete de Kleber, demorou seis meses entre dúvidas, negociações e busca de poder de grupos internos partidários que estão na prefeitura
Os leitores e leitoras desta coluna foram informados aqui em novembro e depois em janeiro de que o Chefe de Gabinete da prefeitura de Gaspar, Pedro Inácio Bornhausen, PP, estaria de saída da função, mas não exatamente do governo.
A confirmação foi feita pelo próprio Pedro na sexta-feira passada. Ele deu fim aos “boatos” que circulavam mais intensamente nas redes sociais e aplicativos de mensagens há duas semanas. O seu substituto será anunciado hoje no início da tarde, após a reunião do colegiado.
Um chefe de gabinete não deveria ser uma escolha de uma teta na divisão de poderes entre os partidos da aliança política no poder de plantão. Mais além do que as necessárias habilidades mínimas para a eficiência na articulação, representação e proteção do prefeito, um chefe de gabinete deve ser de total confiança do prefeito. Não alguém que ele desconfie ou que trabalhe para outro que queira exercer o poder de forma paralela sem ter sido eleito, apesar de contribuído indiretamente para a eleição do titular.
É isto que vamos saber daqui a pouco quando se anunciará o substituto do demissionário Pedro.
Na própria sexta-feira escrevi que o anúncio tardio de Pedro sobre a sua saída, apenas mostrou como se move muito lentamente o grupo no poder de plantão na difícil anunciada dança das cadeiras pelo governo de Kleber Edson Wan Dall, MDB e Luiz Carlos Spengler Filho, PP, depois da surra que levou das urnas de outubro do ano passado.
O grupo que domina o governo, na verdade, está de olho nas pesquisas – que não são boas, por enquanto - e nos possíveis adversários que se criam com a falta de foco e na errática comunicação que Kleber possui. Então, ele está comprando apoio com cargos e espaços no governo dele, mas ao mesmo tempo, está se afogando nas mágoas com aqueles que Kleber precisa descartá-los para criar esses espaços aos glutões de sempre de empregos públicos, sustentados pelos pesados impostos de todos nós.
Hoje [ segunda-feira] haverá a reunião do colegiado e com ela o anúncio. A notícia nova, e que poderá se revelar ser tão velha quanto à saída de Pedro, vai mostrar o tamanho do PP, dos novos entrantes como o PDT, PSDB e até, pasmem, o do PSD, no governo, na tentativa de isolar o PT como único adversário, pois o PSL não é tido como força para abalar o grande esquemão que está na prefeitura. Vai mostrar o poder do MDB de liderar esse processo onde há claras divisões internas.
Mais do que isso. Vai mostrar também o vencedor na disputa quase suicida de poder entre o prefeito de fato, o secretário da Saúde, o advogado e presidente do MDB local, Carlos Roberto Pereira com o Jorge Luiz Prucino Pereira, diretor Geral de Gestão de Convênios, mais chegado a Kleber por várias afinidades.
Roberto pediu a cabeça de Jorge. Jorge fez a jogada que o deixou dentro do governo: manobrou, surpreendeu e se tornou presidente do PSDB de Gaspar, oficializando o partido ao governo de Kleber que só tinha a informalidade, até então, da vereadora Franciele Daiane Back. E Jorge já está na rua “engordando” o PSDB para as eleições do ano que vem. Ou seja, tirou a sua cabeça da bandeja.
Então, notícia é uma coisa. Depois de seis meses dela, a saída de Pedro Inácio Bornhausen da chefia do gabinete de Kleber está confirmada. Explicar a notícia e suas consequências é outra coisa. Acorda, Gaspar!
Observação desta terça-feira: A análise acima, já previa. Então os leitores e leitoras daqui já estavam advertidos. Carlos Roberto Pereira, MDB, se reafirmou como o prefeito de fato e o prefeito eleito, Kleber Edson Wan Dall, MDB, apenas referendou a "reforma" com os mesmos desenhada por Roberto. Comentarei este assunto com mais detalhes em novas colunas. Acorda, Gaspar!
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