Qual a marca dos oito anos de governo Raimundo Colombo, PSD, e Eduardo Pinho Moreira, MDB, em Gaspar? - Jornal Cruzeiro do Vale

Qual a marca dos oito anos de governo Raimundo Colombo, PSD, e Eduardo Pinho Moreira, MDB, em Gaspar?

03/10/2018

Esta é uma pergunta com respostas vazias para ambos, ex-e atual governador. Eles, nestes poucos dias, estão em chapas opostas nesta nova corrida ao governo do Estado. Entretanto, a origem do esquecimento de Gaspar é a mesma desde que se inventou a tal tríplice aliança para se alcançar o poder estadual. Ela se desgastou, rachou-se naturalmente diante de soluções óbvias prometidas que não vieram, mas se estabeleceram nos cabides de empregos. Eles se tornaram a marca da administração pública estadual para os cabos eleitorais sem votos, incapazes e desempregados em todos os cantos, incluindo as inacreditáveis Agências Regionais de Desenvolvimento.

Gaspar desde Luiz Henrique da Silveira, MDB, foi o patinho feio do Médio Vale do Itajaí no governo dom estado e entre os mais próximos a Blumenau. É só olhar as listas de liberações de recursos e investimentos feitas para Gaspar e compará-las com os demais.

Há quem aponte os mais diversos motivos. E todos, com vieses diferentes.

Entretanto, se analisados, eles desembocam no mesmo lugar: à falta de liderança política local; à falta de representação empresarial nos ambientes de influência institucional – e isso começou quando o PT propositalmente trabalhou contra a Acig ser uma entidade de referência dos empreendedores daqui como estão tinha sido; bem como à falta de agregação às pautas e aos interesses metropolitanos, onde muitas das soluções poderiam ser compartilhadas e dar resultados para Gaspar e os gasparenses.

O melhor retrato do ex-governador Raimundo Colombo, PSD, está em três atos para Gaspar: o primeiro deles foi o de vir como governador ao Centro pela primeira vez quando o helicóptero dele teve que pousar no quartel da Polícia Militar porque não se tinha condições meteorológicas para ele prosseguir viagem até a Serra – de onde é originário -, vindo de Florianópolis – onde está a sede do governo.

Colombo ficou em Gaspar, torcendo e esperando o tempo melhorar. Só!

O segundo retrato, foi o de vir a Gaspar num ato eleitoreiro, para lançar o asfalto de 1 quilômetro no morro do Serafim, na divisa de Belchior Alto com Luiz Alves, numa verba parlamentar a que a deputada Ana Paula Lima, PT, tinha direito no governo do estado e a usava para alavancar campanhas a prefeito em naquele município vizinho embaladas pelos interesses do PT.

O terceiro, é situação lerda e lamentável das obras de recuperação da Rodovia Jorge Lacerda, um dos elos mais importantes nas ligações rodoviárias entre a cidade e o litoral, passando por Ilhota, um centro de produção e comércio de moda íntima, praia e esportes e que é referência no Brasil.

UM ESCAPE

Hoje, todavia, os emedebistas daqui – para salvar a parte deles no governo que tinha parceria com o PSD de Colombo, mas na campanha estão divorciados - têm na ponta da língua outra obra “feita” com “recursos” do governo do estado: a retificação, alargamento e pavimentação da Rua Leonardo Pedro Schmitt, no Macucos, ligando a Rodovia Jorge Lacerda (Itajaí-Gaspar) com a Ivo Silveira (Brusque-Gaspar).

Não é bem assim. A história é longa. Mas, no fundo, os emedebistas têm lá suas razões.

Não vou repeti-la em detalhes. Em resumo é o seguinte: não havia dinheiro no governo do estado; havia uma burocracia a seguir e nela não havia a prioridade por caminhos como a Leonardo Pedro Schmitt. Pior. Concorria contra numa eventual parceria o governo local do PT de Pedro Celso Zuchi, que também dizia não ter dinheiro e não tinha nas suas prioridades o asfaltamento daquela via em perímetro urbano estendido e que atendia poucas pessoas (eleitores). O foco do PT no governo sempre foram as ruas comunitárias, feitas de votos, bem como à sua especialidade de aplicar a capa asfáltica, ou também conhecida como “nega maluca”.

Liderados por um grupo de emedebistas, entre eles a ex-vereadora Ivete Mafra Hammes e o atual presidente em exercício do partido daqui, Walter Morello, bem como pela Acig e empresários gestores de várias empresas como a Ceramifix – ela diretamente beneficiada - e a estrada asfaltada era uma condição para a sua expansão - e a Círculo, fizeram um acordão para usar parte do ICMs dessas empresas. Ao invés de ir direto para os cofres de Florianópolis e de lá sumir, “ficaria aqui” para o pagamento da obra contratada pelo estado.

Então o governo do estado fez isso, por interferência direta do MDB de Gaspar e interferência das lideranças empresariais, com a costura de Pinho Moreira. Atrasou muito a obra do prazo originalmente combinado, num plano que reservou e usou diretamente parte dos tributos gerados pelas empresas daqui. Foi um parto.

Pena que não se fizeram mais outros semelhantes partos e pactos por Gaspar. Quando as lideranças finalmente se acordarem e se uniram, produzirão resultados para a cidade. Difícil? É! Mas, é assim que funciona. Aprendizado até aqui? Zero! E repetidamente. Estamos mais uma vez divididos. Acorda, Gaspar!

 

TRAPICHE

Ilhota em chamas I. Não tem jeito, por mais que se esforçe, as três últimas administrações de Ilhota – Ademar Felisky, MDB, Daniel Crhistian Bosi, PSD, e Érico de Oliveira, MDB -, são poços de dúvidas perante a população.

Ilhota em chama II. Veja o que aconteceu ontem às dez horas da manhã. O caminhão compactador de lixo, recém comprado – está operando há dois meses -, pegou fogo. Até aí aceitável, um possível acidente. Mas, isso aconteceu em Escalvados, na entrada de Luiz Alves.

Ilhota em chamas III. Escalvados? Para lá não é rota de serviços do caminhão – nem para a coleta, nem para depósito do recolhido e que é em Brusque, na Recicle. Bem do outro lado do município. Coincidentemente, Luiz Alves é o reduto de parte da gestão administrativa de Ilhota, liderada pelo ex-prefeito de Luiz Alves, Viland Bork, MDB, o mágico.

Ilhota em chamas IV. O Corpo de Bombeiros Voluntários de Ilhota foi chamado, e gastou mais de três mil litros de água para apagar o incêndio na parte traseira do caminhão de lixo. E ninguém ficou ferido.

Ilhota em chamas V. Por outro lado, o desespero da administração de Ilhota para esconder o fato, estimula ainda mais para se descobrir o que fazia o caminhão compactador de lixo carregado lá por aquelas bandas do Escalvados naquela hora da manhã. Estava a caminho de um depósito ou transbordo clandestino para o lixo urbano de ilhota? Está mais do que na hora do Ministério Público da Comarca que cuida do meio ambiente começar se interessar por esses assuntos.

Férias? Nada de decreto para chamar a atenção. Os comissionados da prefeitura de Gaspar estão antecipando em dez dias ou em uma semana as férias. Tudo por ofícios à Área de Recursos Humanos. É para se disfarçar e ao mesmo tempo se protegerem na missão de cabos eleitorais para os quais se vestiram para o poder de plantão nesta reta de campanha. Acorda, Gaspar!

Quando é mesmo a secretaria de Planejamento Territorial, do engenheiro Alexandre Gevaerd, vai contratar o trabalho de levantamento as cotas de enchentes de Gaspar. Se tem dinheiro sobrando em caixa, qual a razão para economizar na proteção da população? Outubro e o tempo de cheias já chegou. Segundo, ele, só falta isso, para propor a apresentação da revisão do Plano Diretor.

Este assunto está engavetado desde o governo do ex-prefeito Pedro Celso Zuchi, PT, quando a Defesa Civil era um mero cabide de emprego partidário. Agora, há um técnico que para contratá-lo, deu um bafafá na Câmara. Mas, parece que o desrespeito para com a população dos políticos no poder de plantão com esse assunto tão sério continua.

O PT é bom de discurso e de esquecer os seus erros quando cobra e aponta as falhas dos outros. Em minoria na Câmara, afirmando que a maioria atrasava a cidade e jogando para a plateia, o governo de Pedro Celso Zuchi, PT, aprovou em oito dias, um financiamento de R$3 milhões e em 28 dias, outro de R$36 milhões, onde grande parte desses recursos nem foram usados ainda. Os projetos continuam nos discursos, papel e propaganda.

Nessas verbas de R$36 milhões, por exemplo, estavam rubricados reurbanização da Rua Itajaí e a modernização da Bonifácio Haendchen, no Belchior entre outras. Então... Nem começou, nem terminou, mas não quer agora que ninguém tome dinheiro para terminar as suas ou começar novas para os gasparenses. Mesmo que em sonhos! Acorda, Gaspar!

Em banho maria. O polêmico Projeto de Lei 22/2018, de autoria do vereador – e funcionário público municipal, lotado no Samae -, Cicero Giovane Amaro, PSD, já foi devolvido pelo prefeito Kleber Edson Wan Dall, MDB, com veto total.

Ele é ilegal e inconstitucional e pede a volta do pagamento do Vale Alimentação em dinheiro e como se salário fosse do funcionário municipal. O PL é ilegal e inconstitucional porque não cabe ao Legislativo propor esse tipo de matéria. Ela cria despesas e altera o orçamento, prerrogativas constitucionais do Executivo.

Agora, o PL está sendo “analisado” nas comissões e voltará ao plenário. E o prazo de 25 dias para isso acaba de estourar. Se o plenário da Cãmara derrubar o veto do prefeito – e a oposição com o voto minerva do presidente terá maioria para isso -, caberá ao presidente da Câmara, que também é funcionário público atuando como médico na secretaria da Saúde, Silvio Cleffi, PSC, promulgar essa lei ilegal e inconstitucional.

Silvio poderá fazer a alegria de uma plateia de funcionários públicos. Contudo, se promulgada, essa lei será contestada no âmbito da jurisdição pelo prefeito para não conivente com atos ilegais e inconstitucionais. Sobrará para Cleffi, que conhecendo os pareceres técnicos, resolver peitar tudo isso, se peitar! Hora de discursos é uma coisa. Hora, de ser responsabilizado por aquilo que conhece e está ciente ser ilegal, é outra. Acorda, Gaspar!

Que coisa! Tudo que o Executivo de Gaspar manda para o Legislativo é em Regime de urgência. É a tal banalização do rito. Vergonhoso. Mas, ao mesmo tempo, não se preocupa em instruir adequadamente os Projetos que diz ter pressa e quando instado a fazê-lo, se perde no tempo.

O retrato. Foi isso que aconteceu com uma simples e pequena doação de terras no bairro da Lagoa, para a retificação de uma rua. Estava tudo já acertado entre as partes. A relatora Franciele Daiane Back, PSDB, que trabalha para o governo, pediu juntadas de documentos óbvios ao PL 69. Nada se juntou. Não restou pedir à quebra do regime de urgência. Acorda, Gaspar!

Ai, ai, ai. Um despretensioso requerimento – o 158 - do vereador Ciro André Quintino, MDB, ou seja, da base do governo, ao secretário de Planejamento Territorial, Alexandre Gevaerd, mostra que não há organização, entendimento uniforme ou pior, há privilégios na burocracia da secretaria. Estamos em tempo de campanha eleitoral.

Diz Ciro no requerimento: com relação ao inciso IX do artigo 4° da Lei Federal nº 12.651/2012, qual critério está sendo utilizado nas consultas de viabilidade que chegam à prefeitura de Gaspar? Está sendo adotado a metragem descrita no inciso IX do art. 4º, ou ainda está sendo utilizada a metragem descrita na antiga lei? Em caso de adoção da antiga lei, qual a fundamentação jurídica utilizada para a não aplicação da lei nova?

Sem descanso. A majoritária bancada oposicionista na Câmara vem tocando a mesma música a tempos – e não virou sucesso - no caso da terceirização parcial da produção e distribuição de refeições nos CDIs e nas escolas municipais, bem como na proteção corporativa das merendeiras efetivas e que estão sem função com essa terceirização, mas que ninguém pode ou quer remanejá-las. Até já se tentou por um projeto de lei e a ideia foi rejeitada.

Agora, os vereadores Dionísio Luiz Bertoldi, Mariluci Deschamps Rosa e Rui Carlos Deschamps, todos do PT; Marisa Isabel Tonet Beretta – ela já saiu, pois era suplente do titular Cícero Giovane Amaro e Wilson Luiz Lenfers, ambos do PSD, mais Roberto Procópio de Souza, PDT – que já está com um é fora do bloco oposicionista - e Silvio Cleffi, PSC, querem uma cópia do contrato entre a prefeitura e a Sepat, a empresa contratada para fazer as merendas nas escolas de Gaspar.

Segundo o requerimento 151, os vereadores querem saber:

Quantas merendeiras terceirizadas estão contratadas e efetivamente trabalhando? Quantas merendeiras terceirizadas estão designadas para cada estabelecimento? Qual atitude da empresa quando falta merendeiras terceirizadas nos estabelecimentos? Qual atitude do município quando falta colaborador terceirizado para os serviços de merendeira nos estabelecimentos? É frequente a alteração dos cardápios nos estabelecimentos? Quais procedimentos que a secretaria da Educação toma em relação as alterações? Se a empresa Sepat já sofreu alguma intervenção do município em relação a descumprimento contratual? Se positivo, qual (quais)?

Ignorado. O Sindicato dos Trabalhadores no Serviço Público de Gaspar – Sintraspug – ofereceu aos vereadores um parecer técnico sobre o endividamento do município na pretensão que o Executivo tem em tomar emprestado R$100 milhões para obras.

O parecer foi entregue na quarta-feira, dia da polêmica e urgente sessão extraordinária, quando ela deu autorização legislativa, por unanimidade, para o município tomar uma perna desse empréstimo: R$60 milhões na Caixa Econômica.

“As taxas de juros e de encargos demonstram que no período mínimo de sete anos para pagamento, o município irá desembolsar a mais, em análise otimista, o montante de 80,50% de correção sobre o valor de R$ 100.000.000,00”

A conclusão foi do Assessor e Consultor Econômico em Gestão Pública e Negociação Coletiva do Sintraspug, João Batista de Medeiros. Ótimo. Não questiono o parecer e a conclusão, em nada nos números apresentados. O que faltou de fato? Concluir se, quando e quanto esse empréstimo e desembolso de juros e serviços vai comprometer à folha de pagamento dos servidores, objeto da existência do Sindicato para defender a corporação de servidores.

O documento, inócuo, sem esse laço, é o mesmo que a prefeitura oferecer ao sindicato um parecer sobre as contas do Sintraspug, recomendando não tomar empréstimos para alguma ação específica nele. Por enquanto, só palanque. De concreto mesmo, nada! Esse pessoal...

A sessão da Câmara tem sido uma tortura para alguns nas últimas semanas. É que os vereadores são cabos eleitorais, e a noite – horário da sessão - é pequena para a caça de votos, reuniões, cervejadas, petiscadas, discursos, promessas e mentiras, naturalmente. Acorda, Gaspar!

O vereador Rui Carlos Deschamps, PT, esteve ausente na sessão de ontem à noite na Câmara de Gaspar. Ele se recuperava de um cateterismo feito durante o dia.

 

Comentários

Herculano
04/10/2018 16:55
PODE ISSO ARNALDO

Segundo Ancelmo Góis, de O Globo, o candidato Jair Bolsonaro acaba de gravar (às 13h) uma entrevista para a TV Record. Vai ao ar, hoje, no mesmo horário do debate dos candidatos à Presidência na TV Globo.

O capitão, como se sabe, não vai ao debate alegando "razões de saúde".
Herculano
04/10/2018 13:00
DRENAGEM

Véspera de eleições todos na prefeitura de Gaspar trabalhando como nunca se viu antes. Na rua José Rafael Schmitt, uma retro-escavadeira estourou esta manhã um cano de 150 mm do Samae. Um chafariz danado. Milhares de pessoas sem água. Um monte de engenheiro, técnico, políticos e curiosos olhando a obra e não viram o cano. Esta é Gaspar que avança e se improvisa. Acorda, Gaspar!
Herculano
04/10/2018 12:56
REGISTRO

O engenheiro civil Kentaro Hayashi, morreu hoje em Blumenau. O enterro será amanhã pela manhã, no cemitério Jardim das Saudades
Herculano
04/10/2018 12:51
O MUNDO DE HOJE É CLASSE MÉDIA, por Clóvis Rossi, no jornal Folha de S. Paulo

O Brasil, que pena, não segue essa tendência

O mundo moderno é de classe média e alta: pela primeira vez na história contemporânea, um pouquinho mais de 50% da população global de 7,6 bilhões de pessoas pode ser considerado de classe média ou alta, sendo 3,59 bilhões só no segmento médio.

É o que informa o World Data Lab, baseado em Viena e financiado, entre outros, pelo governo alemão e pelo Unicef, o braço da ONU para a infância. O resultado decorre da análise da renda e de gastos de lares compilados por 188 países e agregados pelo Banco Mundial.

Pena que o Brasil não siga essa tendência mundial. Afinal, classe média costuma ser elemento de estabilidade, porque, em geral, seus integrantes têm um desejo existencial (ascender ao andar de cima) e um receio primordial (evitar descer para o andar de baixo), para usar expressões consagradas por Elio Gaspari.

É óbvio que instabilidade, econômica ou política, conspira contra a ascensão e facilita a derrapagem.
Homi Kharas, um dos coordenadores da pesquisa, traz a classe média para a situação do Brasil às vésperas da eleição de domingo: "A classe média estava saturada da corrupção, saturada dos pobres serviços públicos e vinha consistentemente optando por mudanças no governo", disse.

No Brasil, de fato, a classe média foi espremida nos anos Lula/Dilma, como prova a mais completa e confiável pesquisa sobre desigualdade, feita pelo grupo liderado pelo francês Thomas Piketty e que desmontou a propaganda governamental de que havia diminuído a desigualdade no período.

O estudo deles demonstra que os 10% mais ricos viram sua fatia da riqueza nacional aumentar de já obscenos 54% para 55%. Os 50% mais pobres também tiveram um ganho de um ponto percentual (de ínfimos 11% para insignificantes 12%).

Quem perdeu esses dois pontos percentuais foi justamente a classe média, que passou a ficar com 32% da renda.

Que esteja enfurecida, se entende. Mas, do meu ponto de vista, não se justifica que penda para um candidato que faz apologia da tortura.

Na teoria, o comportamento deveria ser diferente, como comenta Kristofer Hamel, operador-chefe do World Data Lab: o rápido crescimento da classe média, diz ele, "terá significativos efeitos econômicos e políticos, na medida em que as pessoas se tornarão mais exigentes com as empresas e os governos".

O World Data Lab põe na classe média quem ganha entre US$ 11 e US$ 110 por dia (de R$ 43 a R$ 423), com base na paridade do poder de compra, o cálculo que leva em conta os preços em cada país.

No Brasil também houve notável progresso, mas a maioria da população ainda é ou pobre ou de baixa renda (ganha entre US$ 2 e US$ 10 por dia).

É o que mostra outro estudo, do Centro Pew de Pesquisas, feito em 2011: a maioria (50,9%) ficava entre a pobreza (7,3%) e a baixa renda (43,6%).

Na classe média (US$ 10 a US$ 20), estavam apenas 27,8% dos brasileiros, de todo modo um auspicioso crescimento de dez pontos percentuais em relação a 2001.

Como os anos mais recentes, não cobertos pelo estudo, foram de crescimento econômico negativo ou muito reduzido, parece razoável deduzir que a classe média encolheu ou estacionou desde 2011.

Ou, posto de outra forma, também nesse quesito, o da classe média, o Brasil está fora de sintonia com o mundo.
Herculano
04/10/2018 12:48
da série: a Justiça no divã e contra a sua própria imagem de promover a justiça. Isso não vai dar certo

MORO TEM 15 DIAS PARA EXPLICAR AO CNJ DIVULGAÇÃO DA DELAÇÃO DE PALOCCI

Conteúdo do site Jota, especializado em assuntos jurídicos. Texto de Márcio Falcão e Matheus Teixeira, de Brasília

A Corregedoria Nacional de Justiça determinou que o juiz federal, Sergio Moro, responsável pela Lava Jato no Paraná, apresente em 15 dias explicações sobre a divulgação de trecho delação premiada do ex-ministro Antonio Palocci às vésperas da eleição.

A decisão é do corregedor do Conselho Nacional de Justiça, ministro Humberto Martins, que analisa representação apresentada pelos deputados federais do PT Paulo Pimental (RS), Wadih Damous (RS) e Paulo Teixeira (SP), que defendem a punição do magistrado.

Após receber as informações de Moro, o corregedor vai decidir sobre o pedido de liminar de afastamento do juiz. O caso corre em sigilo no CNJ.

Em seu despacho, Moro justificou que divulgou este trecho da colaboração porque esse material faz referência a ação penal do ex-presidente Lula que está na fase final para sentença. "Necessário, portanto, instruir esta ação penal com elementos da colaboração, especificamente com cópia do acordo, da decisão de homologação e do depoimento pertinente a estes autos. A medida também é necessária para a ampla defesa dos coacusados. Dos depoimentos prestados por Antônio Palocci Filho no acordo, o termo de colaboração nº 1 diz respeito ao conteúdo do presente feito. Examinando o seu conteúdo, não vislumbro riscos às investigações em outorgar-lhe publicidade", argumentou.

Deputados do PT afirmam que houve uma tentativa de interferir nas eleições. "Distanciando-se do interesse público e visando exclusivamente contemplar interesses de sua notável predisposição, o representado disponibilizou conteúdo de uma delação sem provas poucos dias antes do pleito, com direcionamento partidário explícito, para atender aos interesses de criminalização de determinados indivíduos e da vida pessoal e política de certos investigados, sob o descompromisso com a preservação da legalidade e dos pressupostos do Estado Democrático de Direito, cujos valores é de sua obrigação funcional e ética preservar", afirmam os petistas.

"A decisão do representado [Moro] configura uma postura incompatível com a importância e as altas responsabilidades do cargo de Magistrado e que por isso deve ser rechaçada, principalmente por esse Conselho Nacional de Justiça. Vale ainda ressaltar os termos do Código de Ética da Magistratura, aprovado no âmbito deste ilustre Conselho que firma as diretrizes do agir do magistrado com imparcialidade, mas também com prudência e integridade profissional e pessoal, assim como deve primar pela realização dos valores democráticos", afirmam os petistas.

Para os deputados, Moro age para prejudicar o partido." A postura do Representado é extremamente grave, colocando em dúvida, como dito, sua imparcialidade, na medida em que se utiliza da posição que conseguiu auferir na sociedade, para interferir de maneira indevida no processo eleitoral, sempre com o viés de prejudicar o Partido dos Trabalhadores e suas candidaturas".
Miguel José Teixeira
04/10/2018 09:51
Senhores,

Da série "perguntar não ofende":

Se, Lewandowski citou entrevistas de outros criminosos para autorizar a de Lula.

E,outros criminosos estão em cela comum.

Porquê lula ainda está em cela especial???

Vade retro, retrocesso!
Herculano
04/10/2018 06:54
JUSTIÇA PROÍBE DONO DA HAVAN DE REALIZAR ATOS POLÍTICOS COM FUNCIONÁRIOS E COMPARA A "VOTO DE CABRESTO"

Conteúdo do jornal Folha de S. Paulo. Texto de Estelita Hass Carazzai, correspondente em Curitiba. A Justiça do Trabalho em Santa Catarina determinou, nesta quarta-feira (3), que o empresário e dono da varejista Havan, Luciano Hang, deixe de realizar atos direcionados a seus empregados em apoio ao presidenciável Jair Bolsonaro (PSL) e a qualquer outro candidato.

Para o juiz do Trabalho Carlos Alberto Pereira de Castro, o empresário manteve uma "conduta flagrantemente amedrontadora" ao divulgar vídeos e organizar eventos com funcionários em que declara seu voto no candidato do PSL, e sugere que, caso ele não ganhe, o futuro da Havan e de seus empregados estará em risco.

"Revela-se aí, sem dúvidas, conduta que se enquadra como assédio moral", afirma.

O magistrado compara a prática ao "voto de cabresto", e diz que, em função da relação de subordinação dos empregados e da sugestão de risco aos seus empregos, Hang se imiscuiu na esfera de privacidade e intimidade dos funcionários e fez "ameaças veladas".

A decisão atende a um pedido do Ministério Público do Trabalho, que informou ter recebido 47 denúncias de empregados que se disseram constrangidos pelo patrão.

Além de divulgar vídeos em suas redes sociais, Hang promoveu pelo menos dois "atos cívicos" nas dependências de lojas da Havan, que emprega cerca de 15 mil pessoas em todo o país.

Neles, afirma que a empresa fez levantamentos de intenção de voto entre seus funcionários, e diz que, a depender do resultado da eleição, pode deixar de abrir mais lojas.

Na decisão, Castro afirmou que o direito de manifestação de Hang é livre, mas que há limites à sua expressão no ambiente de trabalho, em que ele exerce uma relação de subordinação.

"Não cabe ao empregador, no ambiente de trabalho de seus empregados, promover atos políticos em favor ou desfavor de candidatos ou agremiações, fazendo-os de 'claque'", escreveu o juiz.

O magistrado destaca que a frase "conto com cada um de vocês", usada por Hang no final de um pronunciamento, "indica a intenção de ordenar o comportamento de votar em um candidato, o de sua predileção".

? Castro estabelece multa de R$ 500 mil em caso de descumprimento. Hang ainda deverá gravar e divulgar um vídeo em suas redes sociais lendo a decisão judicial, de acordo com a liminar. A decisão é provisória e ainda cabe recurso.

O empresário informou que irá se manifestar nas redes sociais, às 17h desta quarta. Em nota anterior, Hang afirmou que apenas exerceu seu direito à liberdade de expressão, como empresário, em uma empresa privada.

"Setores do governo querem me calar porque sabem que tenho força", afirmou, dizendo que o Brasil "ainda não é uma Venezuela".
Herculano
04/10/2018 06:50
ALTO COMANDO DO COMITÊ DE HADDAD FICOU ZONZO, por Josias de Souza

O comitê de Fernando Haddad foi da euforia à perplexidade. O PT imaginara que seu candidato derrotaria Jair Bolsonaro jogando parado. Descobriu que a transferência de eleitores promovida por Lula é uma via de mão dupla. Numa avenida, trafegam os votos que caem no cesto de Haddad. Noutra, o eleitorado anti-PT antecipa para o primeiro turno a viagem que conduz ao colo de Bolsonaro.

Recuperando-se de duas cirurgias, Bolsonaro não leva sua campanha às ruas há quase um mês. Ele faz e acontece nas redes sociais. No mesmo período, Haddad voou de palanque em palanque como um drone guiado pelo controle remoto do padrinho-presidiário. Vai à cadeia uma vez por semana para receber orientações. Terceirizara os ataques a Bolsonaro ao comitê do neo-nanico Geraldo Alckmin.

A rápida ascensão de Haddad do patamar de 4% para mais de 20% nas pesquisas ateou medo no pedaço do eleitorado que tem aversão ao PT. Ao trombetear na TV o risco de Bolsonaro ser derrotado pelo petismo no segundo turno, Alckmin converteu o medo em pânico. A tática funcionou, só que o voto refratário à volta do PT migrou direto para Bolsonaro, sem fazer escala em Alckmin ou assemelhados.

O PT aderiu à pancadaria. Na noite desta quarta-feira, pendurou nas redes sociais o primeiro vídeo com ataques a Bolsonaro (assista lá no alto). Fez isso num instante em que o eleitor pobre, que o PT supunha ser cativo, começou a cair de amores por Bolsonaro. Meio zonzo, o comitê petista tem saudades do tempo em que o PT polarizava as disputas presidenciais com o PSDB. O PT sabia quais botões deveriam ser apertados para desnortear o tucanato. Agora, aguarda as instruções da cadeia.
Herculano
04/10/2018 06:36
O PT NÃO APRENDE, por Mariliz Pereira Jorge, no jornal Folha de S. Paulo

'Elite' está de saco cheio de ser tratada como fascista

Fernando Haddad culpou o "fascismo da elite" pelo aumento de sua rejeição. O PT não aprende. Não entende que o crescimento, e possível vitória, de um candidato raso de ideias e grosso no autoritarismo não é porque a "elite", da qual a classe média faz parte, é fascista. É porque ela está de saco cheio de ser tratada como tal e apontada como responsável por todos os males do país, enquanto o partido dele age como se não tivesse nada com isso.

Há diferença entre o eleitor-raiz de Bolsonaro e aquele que apenas votará nele num eventual segundo turno contra Haddad. No entanto, o que eles têm em comum é que a maioria cansou não apenas da roubalheira do PT, mas também de ser chamada de machista, racista, homofóbica. Está exausta de ouvir que rico não tolera pobre em avião ou na universidade (há gente assim, mas uma parte ínfima e risível da sociedade). Cada vez que alguém diz que todo homem é um estuprador em potencial, que tem nojo da elite, que Lula será solto, Bolsonaro fica mais perto da Presidência.

Veja o que ocorreu no fim de semana. A manifestação orquestrada por um grupo de mulheres foi histórica e elas serão uma oposição barulhenta, caso o deputado se eleja. Mas a expectativa de mostrar força e resistência saiu pela culatra, porque o #elenão sem Haddad no pacote desceu arranhando a goela como apoio velado ao PT. Protestar contra misoginia não comove ninguém se a corrupção é tratada como mal menor.

Petistas não aprendem, simpatizantes do partido também não. Artistas têm sido cobrados pela bajulação ao PT, pela falta de autocrítica e por omissão. Não dá para gritar contra um candidato que diz atrocidades e se calar em relação a um partido que mergulhou o país numa crise política, econômica e social desse tamanho. Pau que bate em Chico deveria bater em Francisco.

E o PT precisa mudar o lado desse disco velho do "nós contra eles", da elite X povo. Não cola mais.
Herculano
04/10/2018 06:33
PESQUISAS JÁ DÃO 48 MILHõES DE VOTOS A BOLSONARO, por Cláudio Humberto, na coluna que publicou hoje nos jornais brasileiros

Transformando em votos os 32% de intenções de voto nas pesquisas Datafolha e Ibope, Jair Bolsonaro (PSL) somariam agora 48 milhões de votos, a 2 pontos dos 34% necessários para sonhar com vitória em 1º turno. Para isso, seriam necessários 32% de abstenção somada a votos brancos e nulos. Dos 147 milhões de eleitores 34% significariam mais de 50 milhões de votos, e abstenção de 32% a mais de 47 milhões. O registro Datafolha é BR-03147/18; do Ibope, BR-08245/18.

A MAIOR ABSTENÇÃO
Na eleição presidencial de 2014, a taxa de abstenção (brancos, nulos e faltas) foi de 29,2%. O recorde de abstenção foi de 38%, em 1998.

NUM EXTREMO
Se a maior taxa de abstenção de repetir este ano (38%), um resultado de apenas 31% dos votos totais pode eleger um candidato no 1º turno.

A MENOR ABSTENÇÃO
A eleição de 1989 testemunhou a menor taxa de abstenção (brancos, nulos e faltas) da História do Brasil: 18,36% não tiveram candidato.

NOUTRO EXTREMO
Este ano 18,36% representam 27 milhões de votos. Para vencer no 1º turno neste cenário, seriam necessários 40,9% do total de votos.

MAIA PREVÊ QUE Só 8 PARTIDOS VÃO SOBRAR NO BRASIL
O presidente da Câmara, deputado Rodrigo Maia, acha que a proibição de coligações para eleição proporcional (vereadores e deputados), a partir das eleições municipais de 2020, reduzirá "para 6 ou 8" o número de partidos com atuação plena nos parlamentos, em razão da chamada "cláusula de desempenho". O ministro Gilberto Kassab (Comunicações) estima redução de 35 para 18 partidos já a partir da eleição deste ano.

PARA KASSAB, SERÃO DEZ
Presidente o PSD e especialista nesses cálculos, Kassab é mais otimista: acha vão sobrar apenas "uns dez" partidos, após 2022.

PODEM SOBREVIVER
Pelas pesquisas, PP, PT, PSDB, PSD, PR, MDB, DEM, PRB, PDT e PSB serão os dez mais votados na disputa por vagas na Câmara.

PODEM SER EXTINTOS
Lutarão para sobreviver à "cláusula de desempenho", pela ordem: PSL, PTB, Solidariedade, Pros, Pode, PCdoB, Psol, PPS, PV, Rede e Novo.

DEM E BOLSONARO
Rodrigo Maia admitiu ao programa "Bastidores do Poder", da rádio Bandeirantes, o apoio do DEM a Jair Bolsonaro no segundo turno, se houver. Mas por enquanto seu candidato é Geraldo Alckmin (PSDB).

PERFIL DO CANDIDATO
O presidente da Câmara conhece bem o conterrâneo Jair Bolsonaro, e o definiu como alguém com ótimo relacionamento com os colegas, na Câmara, "tranquilo, brincalhão e dedicado à defesa das suas ideias".

PARADA DEFINIDA
Levantamento Paraná Pesquisas revelou empate de Dória (PSDB, 26%) e Skaf (MDB, 23%), evidenciando 2º turno. Márcio França (PSB, 14,4%), estacionado, tenta virada improvável. (TSE BR-04011/2018).

RETA FINAL
A pesquisa tem Suplicy (PT) líder da disputa pelo Senado com 25,4%. A outra vaga fica entre Mara Gabrilli (PSDB-18,5%), Major Olimpio (PSL-17,7%), Maurren Maggi (PSB-13%) e Covas Neto (Pode-12,1%).

DELCÍDIO AVANÇA
Depois de sair da liderança do governo Dilma para a prisão, Delcídio do Amaral cresce nas pesquisas e já empata com o terceiro colocado, na disputa por duas vagas para o Senado, pelo Mato Grosso do Sul.

PROVAS SEM CONTESTAÇÃO
O presidiário de folga José Dirceu percorre o País reproduzindo a mentira de que Lula "foi condenado sem provas". O presidente do STJ, ministro João Otavio de Noronha, já lembrou na rádio Bandeirantes que nenhum dos mais de cem recursos de Lula contesta as provas do caso.

JOVENS ADULTOS
Entre jovens de 25 a 34 anos em São Paulo, Jair Bolsonaro tem 40,3% das intenções de votos, segundo o Paraná Pesquisas. O petista Fernando Haddad teria só 11,9% dos votos nessa faixa etária.

RECORDAR É VIVER
Gira nas redes sociais a composição do governo do atual presidiário Lula: Palocci (Fazenda), também em cana, Ciro Gomes (Integração), Fernando Haddad (Educação) e Marina Silva (Meio Ambiente).

PENSANDO BEM...
...a milionária defesa do ativista Adélio ainda não contou quanto custou o laudo particular que tenta emplacar o bandido como maluco.
Herculano
04/10/2018 06:14
EM APELO A ELEITOR LULISTA, PT CORRE RISCO DE FRUSTAR EXPECTATIVAS, por Bruno Boghossian, no jornal Folha de S. Paulo

Haddad se divide entre promessas de prosperidade e acenos de ajuste na economia

O PT tentará travar nos próximos quatro dias uma batalha de reconquista. O crescimento de Jair Bolsonaro e a resistência a Fernando Haddad devem obrigar o partido a reforçar apelos ao eleitorado mais pobre no momento em que planejava emitir sinais para ampliar o alcance de seus domínios.

Os petistas já esboçavam um novo contorno em tons pastéis para sua imagem no segundo turno. A migração dos apoiadores de Lula era dada como certa e a campanha estudava a melhor maneira de acenar a investidores e a eleitores de centro-direita para superar Bolsonaro.

Os últimos dias demonstraram uma alteração desse curso. No debate da Record, Haddad comparou o rival a Michel Temer ao dizer que o programa de Bolsonaro seria uma continuação do pacote de austeridade do governo atual. Depois, levou à TV uma propaganda que acusava o adversário de ter votado contra a valorização do salário mínimo.

O discurso busca reproduzir a velha identificação dos oponentes petistas com o eleitorado mais rico, em uma tentativa de estabelecer uma espécie de monopólio do partido na defesa dos mais pobres.

Haddad era visto como um candidato que poderia se beneficiar dos votos de Lula nos segmentos de baixa renda e ainda expandir o eleitorado petista sob uma plataforma econômica moderada. O escorregão registrado nas últimas pesquisas e o leve avanço do candidato do PSL em redutos lulistas levou a campanha do PT de volta ao planeta vermelho.

O partido precisará conter o ímpeto de avançar o sinal nas promessas de prosperidade feitas à população mais pobre. A situação das contas públicas é dramática, exigirá medidas de aperto e deixará menos espaço para políticas sociais robustas.

Haddad conhece essas dificuldades. A retomada do eleitorado cativo pode até dar certo, mas pode frustrar expectativas caso o PT vença a disputa. Na campanha de 2014, Dilma Rousseff menosprezou dificuldades da economia. O estelionato eleitoral daquela disputa virou uma marca.
Herculano
03/10/2018 20:24
BOLSONARO VIRA RECADO DO ELEITOR: A CONTA CHEGOU, por Josias de Souza

Quem dissesse há um ano que Jair Bolsonaro chegaria às eleições de 2018 como um presidenciável competitivo corria o risco de ser internado como maluco. Pois aconteceu. Além de liderar as pesquisas do primeiro turno, Bolsonaro deixou de ser um azarão para o segundo turno. Até o mercado financeiro, que sonhava com alternativas mais previsíveis, já trata a eventual vitória de Bolsonaro como algo natural.

Bolsonaro chega às portas do Planalto depois de passar 27 anos na Câmara como um folclórico deputado do baixíssimo clero. O capitão formou com um general uma chapa puro-sangue militar. Cavalga um partido de fancaria, o PSL. Elegeu um deputado em 2014. Hoje, sua bancada de oito deputados cabe numa Kombi. O tempo de Bolsonaro no horário eleitoral é de 8 segundos.

Como explicar que tamanha precariedade tenha virado um sucesso? Deve-se o fenômeno à falência do sistema político. Bolsonaro é a resposta enraivecida do eleitorado aos defeitos da democracia brasileira ?"da blindagem de corruptos até a ineficiência de escolas e hospitais, passando pela falta de empregos. Um pedaço do eleitorado envia, por meio de Bolsonaro, um aviso aos caciques da política, entrincheirados no PT, no PSDB, no MDB e nos seus cúmplices. Eis o recado: a conta da desfaçatez chegou.
Herculano
03/10/2018 18:31
TOFFOLI CRITICA PROPOSTA DE PRESIDENCIÁVEIS SOBRE NOVA CONSTITUINTE

Atual presidente do Supremo voltou a repetir que o resultado da eleição deve ser respeitado


Conteúdo do jornal Folha de S. Paulo. Texto de Letícia Casado, da sucursal de Brasília. O presidente do STF (Supremo Tribunal Federal), ministro Dias Toffoli, criticou nesta quarta-feira (3) as propostas dos presidenciáveis Jair Bolsonaro (PSL) e Fernando Haddad (PT) de fazer uma nova Constituição.

O magistrado concedeu entrevista aos portais de notícias jurídicas Jota, Conjur e Migalhas.

Toffoli disse que os julgamentos do Supremo ao longo dos anos serviram para atualizar a Constituição de 1988. "Vejam quantos avanços: defender as minorias, melhorar a igualdade de gênero, de preferência sexual, a defesa da micro e pequena empresa", disse.

Ele também destacou que a Constituição já prevê a possibilidade de emendas.

"Não vejo motivo para Constituinte ou Assembleia Constituinte. Isso é querer a cada 10, 20 anos, 30 anos reformatar toda jurisprudência já criada, toda leitura que já existe e querer começar a nação do zero", afirmou.

Vice de Bolsonaro, o general Hamilton Mourão (PRTB) defendeu que o país faça uma nova Constituição, mais enxuta e focada em "princípios e valores imutáveis", mas não necessariamente por meio de uma Assembleia Constituinte. Para ele, o processo ideal envolveria uma comissão de notáveis, que depois submeteria o texto a um plebiscito, para aprovação popular ?"algo que, atualmente, não se enquadra nas hipóteses previstas em lei.

Já Haddad afirmou que quer criar as condições para convocar uma Assembleia Constituinte Exclusiva e redigir uma nova Constituição, como previsto em seu plano de governo, caso seja eleito. No entanto, ele não detalhou a proposta, que, segundo disse, sofreu alterações no texto.

Toffoli voltou a repetir que o resultado da eleição deve ser respeitado.

Em entrevista à Folha, o ministro já havia defendido que "aquele que for eleito em uma democracia tem que ser respeitado por todas as forças políticas e por todos os opositores". "O batismo da urna legitima os poderes", disse, na ocasião.

O presidente do Supremo também foi indagado sobre a decisão do juiz Sergio Moro de levantar sigilo da delação do ex-ministro Antonio Palocci na semana das eleições. Sem citar nomes, afirmou que várias reclamações estão chegando ao CNJ (Conselho Nacional de Justiça) contra juízes federais e não quis comentar o caso concreto, que poderá ser julgado pelo órgão.

Sobre a declaração de que prefere chamar o golpe militar de "movimento de 64", Toffoli disse que foi mal-interpretado. O comentário foi feito durante discurso em seminário sobre os 30 anos da Constituição de 1988.

De acordo com o Jota, ele negou que a fala seja um aceno aos militares e à direita diante do cenário eleitoral.

À respeito da censura à entrevista da Folha com o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, Toffoli disse que o conflito de decisões dos ministros Ricardo Lewandowski e Luiz Fux está superado. O pedido só deverá ser julgado após o segundo turno das eleições.
Herculano
03/10/2018 18:23
BOLSONARISTAS EXIGEM QUE SE DIGA QUE CANDIDATO VENCE NO 1º TURNO E USAM AS PESQUISAS, PARA ORA VEJAM!, DESACREDITAR PESQUISAS. ENTENDA O JOGO, Reinaldo Azevedo, na Rede TV.

Os eleitores de Jair Bolsonaro, com uma delicadeza muito característica, querem porque querem que se diga que o "Mito" vai vencer no primeiro turno. Uma coisa é a crença ou a aposta. É legítimo tê-las, desde que se respeite o interlocutor. Nisso como em qualquer caso. Outra, muito distante, é o que apontam as pesquisas. "Ah, mas estão todas erradas..."

Não há base material para afirmar isso, ate porque são muitas, de institutos diversos. "Ah, mas se ele ganhar no primeiro turno, isso não prova que as pesquisas estavam erradas?" Não! Ao contrário: pode ser um sinal de que estavam certas e de que parte do eleitorado decidiu fazer voto útil, ora.

As pesquisas podem influenciar as eleições sim. Mas podem ser boas ou ruins para todos os candidatos. Vamos ver?

A disputa chegou ao fim de semana com viés de baixa para Bolsonaro e de alta para Haddad. Não havia instituto que divergisse dessa tendência. O que variava eram os números. Aí vieram as megamanifestações do "#EleNão". O bolsonarismo percebeu o risco e resolveu reagir, especialmente nas redes sociais. Começou a campanha em favor do voto útil. E o petista passou a ser associado a comportamentos que os ditos "conservadores" consideram impróprios. O público-alvo principal da campanha são os evangélicos.

O PT vinha deixando Bolsonaro de lado, esperando o segundo turno para a nova partida. E estava relativamente tranquilo porque Haddad abria alguma vantagem sobre o adversário no levantamento de vários institutos. O Ibope de segunda-feira já dava o primeiro sinal de que algo havia acontecido no fim de semana contra a candidatura petista. O Datafolha desta terça confirmou. Mas esse algo não era, afinal, positivo para o candidato do PT, já que o "#EleNão" teve um efeito pró-Bolsonaro? o bolsonarismo não ficou parado, esperando para ver o resultado. Entrou em ação imediatamente. Fotos ousadas, de pessoas que foram à manifestação para, digamos, "desafiar o conservadorismo" foram espalhadas de modo frenético. E sempre com a mensagem que diz, em síntese, isto: "Olhem o que o PT quer para o Brasil".

Algumas pessoas ficaram bravas por eu ter escrito que isso aconteceu, inferindo que estou demonizado o tal movimento. Ora, só estou dizendo o que aconteceu. Os quase-pelados e as manifestações mais agressivas contra a chamada família tradicional constituíram a exceção em manifestações gigantes. É falso que sejam a síntese do ato. Mas é verdadeiro que estavam lá. Se o objetivo era "cutucar os conservadores", conseguiram. Afinal, eles votam.

A reação do bolsonarismo, como se viu, não se deu a partir de alguma pauta econômica ou mesmo política. A sua candidatura só existe, só se sustentou e, hoje, pode efetivamente sagrar-se vitoriosa na base da guerra ideológica nas redes ?" ou os que os mais delicados chamam de "guerra cultural". Há muito a esquerda abre flancos para uma disputa sobre valores. Os candidatos que não são de esquerda, mas que também se distanciam da extrema-direita, nunca souberam explorar esse viés. Há dois anos, de modo sistemático, Bolsonaro não faz outra coisa.

Explica-se perfeitamente a escolha do nome de Bolsonaro como consequência do ódio à política tradicional. Mas o fanatismo com que isso se manifesta aponta para algo mais profundo, que não se conhece direito porque ainda não devidamente estudado. Há uma sede por soluções rápidas e duras contra problemas antigos e complexos.

Elas virão caso ele vença? Eis aí. Convém torcer para que não venham. Se rápidas demais, serão necessariamente erradas.
Herculano
03/10/2018 18:15
CORRENDO DE DEBATE. BOLSONARO RECEBEU EQUIPE MÉDICA EM CASA PARA CHECK-UP

Conteúdo de O Antagonista. Jair Bolsonaro entrou em contato com O Antagonista para esclarecer que não saiu de casa para fazer check-up no hospital MedRio, como divulgado mais cedo pela Veja - que já retirou a matéria do ar.

O presidenciável recebeu a equipe médica do cirurgião Antônio Macedo em casa, onde é assistido por um enfermeiro. Ele foi aconselhado a não comparecer ao debate da Rede Globo, pois não pode falar por mais de 15 minutos nem se expor a situações de estresse.

Bolsonaro disse ainda que a foto publicada pelo diretor do MedRio nas redes sociais é de uma visita sua no ano passado.
Herculano
03/10/2018 18:04
VIDA DE COMISSIONADO NÃO É MOLEZA EM TEMPOS DE PEDIR VOTOS PARA SEUS CHEFES E GARANTIR SEUS EMPREGUINHOS PÚBLICOS

Fim de tarde em Gaspar desta quarta-feira. Reta final de campanha.

Avenida Duque de Caxias esquina com a Rua São Pedro em direção a Rua Aristiliano Ramos (prefeitura).

Todos festivo. Eis que de repente, caiu o maior toró.

O pessoal da prefeitura (MDB, PP e PSC) correram para se abrigar na marquise do prédio da esquina e de lá que nem pintos molhados, bandeiravam para seu candidatos.

E torcendo para que nenhuma pneumonia...
Miguel José Teixeira
03/10/2018 10:10
Senhores,

Sei não. . .mas a declaração do condenado zédirceu sobre os PeTralhas "tumá u pudê", foi muito mais prejudicial ao preposto do presidiário do que a divulgação de trechos da delação do "cumpanhêru" palocci.

O montante surrupiado pela quadrilha chefiada pelo presidiário lula, jamais saberemos!

Porém, os efeitos danosos de uma ditadura vermelha está na vitrine do mundo inteiro. Até o meu primo Quincas,lá do Baú, sabe disso. Tanto que já "Bolsonarizou" para não correr o risco. . .

Só aqui pertinho, temos dois péssimos exemplos: CUba e Venezuela. . .

Vade retro, retrocesso!
Alexandre Campos
03/10/2018 10:00
Bom dia Herculano,

Não bastasse sobreviver as custas do povo, praticando valores exorbitantes, uma rede de supermercados aparentemente apropria-se de terras do município.

Vou tentar explicar, o ex-prefeito Adilson Schmitt, acertadamente desapropriou terras de herdeiros da família Krauss, no início da rua Rafael Schmitt Sobrinho e agora, como se nada tivesse acontecido tomam conta de uma faixa de uns 7 metros de largura à uns 50 de comprimento.
Lamentável.
Prefeitura, Câmara fiscalizem ou serão conivente com a sacanagem.
Herculano
03/10/2018 09:19
MUNIÇÃO DE BOLSONARO NO 2º TURNO VIRÁ DE LULA, por Josias de Souza

Embalado pelo crescimento no Datafolha e no Ibope, Jair Bolsonaro já prepara o roteiro para a fase final da eleição. Refere-se ao segundo turno no condicional. "Se houver?" , ele passou a dizer. Celebra o fato de que cada candidato terá o mesmo tempo no horário eleitoral. Um dos aliados do capitão disse ao blog que parte do roteiro a ser levado ao ar por Bolsonaro na TV e no rádio foi escrito por Lula. "Usaremos munição fornecida pelo inimigo", ironizou.

Enquanto Fernando Haddad classifica seu padrinho como "perseguido político", Bolsonaro recordará que o mensalão e o petrolão nasceram na administração de Lula. Como contraponto ao slogan do PT, que promete um "Brasil feliz de novo", Bolsonaro jogará no colo de Haddad algo que o PT mantém no armário: a ruína econômica de Dilma Rousseff, a "gerentona" de Lula.

Na fase do mano a mano, o comitê de Bolsonaro tratará Haddad como um outro nome para o indulto de Lula, cuja prisão fará aniversário de seis meses neste domingo, dia da eleição. Hoje, o capitão dispõe de 8 segundos no rádio e na TV. Passará a usufruir de 600 segundos (pode me chamar de dez minutos)- um salto de 7.400%. Pelo menos um terço do tempo deve ser dedicado ao "roteiro do Lula".

Mantido esse script, o segundo turno tende a virar a potencialização de um plebiscito em que o eleitor decidirá se o PT deve ou não voltar ao Planalto. Pode-se afirmar desde logo, com algum grau de certeza, que Lula fará o próximo presidente da República. Se não eleger Haddad, enviará Bolsonaro ao Planalto.

No momento, reina o pessimismo na monarquia carcerária de Curitiba. Após uma semana em que Lula discutira com Haddad a hipótese de antecipar o anúncio do próximo ministro da Fazenda, o petismo assiste ao avanço da infantaria de Bolsonaro sobre redutos tradicionais da estrela vermelha. Entre eles a região Nordeste. Na reta final do primeiro turno, só uma coisa sobe na planilha do candidato petista: o índice de rejeição (41% no Datafolha, 38% no Ibope).
Herculano
03/10/2018 09:17
A FESTA DO DINHEIRO COM BOLSONARO, por Vinicius Torres Freire, no jornal Folha de S. Paulo

Alegria no mercado é fato, mas em boa parte uma animação pelo mundo

É fato que o dinheiro fez festa para o salto de Jair Bolsonaro (PSL) na pesquisa de segunda-feira (1º).

Mas o motivo eleitoral parece apenas a espuma de uma onda de animação com países emergentes, notável desde meados de setembro.

Caso essa animação persista, terá impacto positivo mesmo na nossa paisagem com ruínas. No entanto, o cálculo das probabilidades ainda é uma pilhéria, tanto no que diz respeito a melhoras duradouras no panorama financeiro global quanto no doméstico, mesmo em caso de vitória da extrema-direita.

Os povos do mercado discutem se passou o pior das tormentas que abalaram os preços de ativos financeiros em países emergentes neste 2018.

As moedas, em particular, foram abaladas pela ameaça de guerra comercial, pelas crises turca e argentina, pela incerteza sobre a alta de juros nos EUA e por um ano política ou eleitoralmente agitado.

A resposta provisória parece ser "sim", a coisa pode acalmar. Pelo menos, o pessoal aproveita para fazer compras de ações e de moedas na xepa.

O estresse baixou aqui também, embora o barco brasileiro ainda vá balançar na eleição. O dólar ficou mais barato, os juros reais de curto prazo recuaram, para os níveis ainda altos de agosto.

As taxas de longo prazo, porém, indicam desconfiança grande do que será o próximo governo e desanimam quem queira tocar negócios na economia real.

Mesmo que sobrevenha euforia financeira em caso de vitória de Bolsonaro, o efeito a princípio será pirotécnico.

Ânimo para valer, para expansão de negócios, contratações de trabalhadores e aberturas ou levantamento de capital, tudo vai depender de perspectivas sérias de reforma econômica, fiscal em particular.

Há mais dificuldades.

O Banco Central tende a chancelar a alta de juros, até o início do ano, por exemplo. Também não haverá investimento público e, tão cedo, privado em infraestrutura, por exemplo. Exceto em caso de vitória retumbante de reformas, todo mundo vai tatear, esperar quem se aventure, antes de pensar em expansão mais firme.

O observador frio não faz ideia do que seriam os governos de Bolsonaro e de Fernando Haddad (PT).

Atrás da cortina liberal, a extrema-direita parece amalucada. Haddad esconde seu programa tanto do PT quanto do público em geral, se é que já sabe o que fazer além de dizer que é "moderado".

No que deixa vazar, a campanha bolsonarista tem ideias exóticas de talhar a dívida pública com privatizações imediatas e em massa (impossível ou besteira), de fazer revolução temerária nos impostos com um tributo ruim como a CPMF ou de baixar a carga tributária em tempo de ruína fiscal, entre outras enormidades, notadas mesmo por porta- vozes da finança mundial.

A conjunção de um presidente instável e ignaro com uma equipe econômica amalucada e escasso apoio político deu no desastre de Fernando Collor, 1990-1992.

Os tempos são outros, a crise é outra e talvez o collorismo possa servir de lição, embora o Brasil esteja repetindo erros faz quase 40 anos.

Decerto Bolsonaro vai aglutinando os maiores partidos "reais" do Congresso, as bancadas da bala, da Bíblia e, agora, do boi, o que tem relevância, mas não necessariamente se traduz em articulação eficiente com os partidos formais.

É um problema sério para qualquer governo, que terá de aprovar reformas duras como a da Previdência e não terá um tostão para fazer graças ou adquirir aliados.
Herculano
03/10/2018 09:14
BOLSONARO CRESCE ENTRE AS MULHERES DEPOIS DO MEGAPROTESTO QUE TINHA COMO PROTAGONISTAS AS MULHERES!OU: GENTE NA RUA É VOTO NA URNA, por Reinaldo Azevedo. na Rede TV

O candidato à Presidência Jair Bolsonaro, do PSL, viu a preferência pelo seu nome crescer tanto na pesquisa Ibope, divulgada na segunda, como na pesquisa Datafolha, tornada pública ontem à noite. Neste segundo caso, saltou de 28% no dia 28 para 32% nesta terça. No segundo turno, o embate com o candidato petista, antes desfavorável, 45% a 39% para Fernando Haddad, pode até se inverter: estão agora em empate técnico: 44% a 42%, mas com o presidenciável do PSL à frente. Haddad oscilou de 22% para 21%, dentro da margem de erro, que é de dois pontos para mais ou para menos, mas a rejeição a seu nome disparou: de 32% para 41%. O capitão reformado segue líder, com 44%. Estão tecnicamente empatados também nesse quesito. Os números do Ibope foram colhidos no sábado do "Ele Não" e no domingo do "Ele Sim". Os do Datafolha, nesta terça. Nota: o grupo em que o adversário do PT mais avançou foi justamente o das mulheres. Mas que diabos aconteceu? Justamente quando se fez o mais evidente e contundente protesto contra a sua candidatura? Faz sentido? Faz.

Já vivi o bastante para não superestimar certas coisas. Ao escrever, no domingo, sobre o megaprotesto, observei que gente na rua não é sinônimo de voto na urna.

Escrevi então:

Os atos promovidos pelo movimento "#EleNão" Brasil e mundo afora reuniram muito mais gente do que a reação organizada pelos apoiadores do candidato Jair Bolsonaro (PSL). Ninguém fez estimativa de público - a não ser aquela da costumeira militância delirante -, mas a presença atestada pelas fotos e o número de cidades em que as mulheres, na maioria, foram dizer o seu "não" são bastante eloquentes. Mas que não se tome isso como uma antecipação necessária do que vai acontecer nas urnas. E minha observação nada tem a ver com "bolsonarismo envergonhado". O ponto é outro.

Como já notei aqui, não há, desta vez, vergonha nenhuma. Até gente insuspeita de ter um "Bolsonaro" repousando lá no fundo da consciência resolveu revelá-lo, "sem medo de ser feliz", como dizia o PT antigamente. Há, sim, os que ainda se esforçam para recobrir com certa polidez livresca a escolha pelo ogro ?" quase sempre culpando Geraldo Alckmin por ter não conseguido seduzir o seu e outros votos. Quando tudo falha, tira-se, então, da cartola da impostura o risco petista. Aí, no caso, se o PT existe, tudo é permitido. Ocorre que Alckmin só enfrenta dificuldades porque, ora vejam!, parte do antipetismo já havia se bandeado para Bolsonaro. Querem enganar a quem? Os que já o escolheram de saída ?" e ainda no primeiro turno - concordam mesmo com sua visão de mundo. Ponto. Mas retomo o fio.

O antibolsonarismo ganha características de movimento suprapartidário, acima das ideologias, ainda que, por óbvio, partidos de esquerda certamente atuem para viabilizar as manifestações, assim como organizações de direita e extrema-direita movimentam as ruas bolsonaristas. Não há nada de novo ou de excepcional nisso. Dada a natureza, digamos, mais universalista do "#EleNão", há uma variedade maior de correntes de opinião presentes ao ato. Explico o "universalista": ainda que centrado o movimento no repúdio à figura de um político, há vários nichos de opinião que se sentem ofendidos ou agredidos pela pregação do "condutor": mulheres, gays, negros, esquerdistas, liberais de raiz - sem derivação teratológica para o comportamento fascistoide - etc.

Como a virulência bolsonarista não deixa muito espaço para ilusões ?" o que se comprovou, mais uma vez, neste domingo ?", os que se sentem ameaçados têm mais disposição para ir às ruas. A variedade de alvos da pregação do líder acaba tendo como resposta uma mobilização mais robusta. Mas isso, por si, não deve servir como garantia aos antibolsonaristas. E, como disse, isso nada tem a ver com o "voto encoberto" ou "voto envergonhado".

O bolsonarismo tem a sua franja mais ativa, mais agressiva, mais dura, que é essa que vai às ruas. Durante o as manifestações em favor do impeachment, era a turma identificada com a defesa da intervenção militar. Mas há também o bolsonarismo mais recluso, embora declare votos aos vizinhos, em grupos de WhatsApp, nas filas de supermercado, em todo canto. Sim, entendo que essa gente está devidamente representada nas pesquisas de opinião - afinal, esse negócio de vergonha está fora de moda -, mas não está necessariamente nas ruas.
Herculano
03/10/2018 09:09
REAÇÃO CONSERVADORA E ANTIPETISTA ALAVANCA BOLSONARO, por Mauro Paulino e Alessandro Janoni, diretores do Data Folha, no jornal Folha de S. Paulo

Ascensão de Haddad no Datafolha anterior permitiu ao deputado capitalizar o discurso de oposição ao PT

Os dados divulgados pelo Datafolha confirmam a tese, já apontada pelo instituto em análises anteriores, de que o crescimento do PT nas intenções de voto alimenta também seu antagonista, Jair Bolsonaro (PSL).

A expressiva ascensão de Fernando Haddad (PT) na pesquisa de sexta-feira (28), além de nova mídia espontânea no último final de semana, em função das manifestações pró e contra sua candidatura, permitiu ao deputado capitalizar o discurso antipetista e não só intensificar apoio em segmentos onde já encontrava entusiastas como também garimpar eleitores em estratos que mais o rejeitam.

A simpatia por sua candidatura ficou ainda mais forte no Sul, entre os mais ricos e mais escolarizados, mas também se espraiou para estratos de menor renda, para o Nordeste e inclusive no segmento feminino.

Bolsonaro continua rejeitado por metade das mulheres do país, e sua taxa de intenção de voto no estrato continua muito mais baixa do que no segmento masculino, mas, depois do final de semana, o índice das que pretendem elegê-lo subiu seis pontos percentuais.

Ao se combinar variáveis demográficas e econômicas, percebe-se que esse crescimento foi de 10 pontos percentuais entre as mulheres com renda mais alta, porém se mostra significativo também em estrato de maior peso na composição do eleitorado - entre as mulheres com até dois salários mínimos, ele subiu cinco pontos percentuais.

Uma hipótese para o fenômeno é o grau de identificação de subconjuntos femininos com valores das que se mostraram nos últimos dias contra ou a favor do capitão reformado.

Um exemplo é que homens e mulheres de famílias nucleares, isto é, casados e com filhos, tendem a votar muito mais no candidato do PSL. Já entre as mães solteiras, Haddad lidera com folga: o apoio ao petista chega a 29% contra 14% do ex-deputado.

O vetor religioso também ganhou holofotes em função da declaração de apoio do bispo da Igreja Universal, Edir Macedo, a Bolsonaro. Porém, pelo menos por enquanto, não há evidência de migração expressiva de evangélicos para o candidato por conta disso - o capitão reformado já era o mais votado pelo segmento (chega a 40% de intenção de voto agora).

Nos últimos 20 dias, Haddad oscilou positivamente três pontos nesse grupo, que responde por um terço do eleitorado. Mas vale aí a observação: nenhum outro estrato do país é tão evangélico quanto as mulheres com renda de até 5 salários mínimos.

Entre os católicos, que correspondem a 55% dos brasileiros, a diferença do candidato do PSL para o petista, no entanto, é de apenas 4 pontos percentuais.

Com tais registros simbólicos propagados não só pelo noticiário na TV, como pelas propagandas eleitorais e especialmente pelas redes sociais, a reação do eleitorado se dá praticamente em tempo real, potencializada pelo sentimento de desalento e insegurança que caracterizam esta eleição.

A maioria dos brasileiros tem conta em algum desses serviços de comunicação instantânea e considera como um dos mais importantes fatores para a decisão do voto algo que esse tipo de veículo facilita: a conversa com familiares, amigos e colegas.

E para se ter uma ideia da diferença do grau de ativismo dos eleitores de cada candidato nesse tipo de rede, a taxa dos que pretendem votar em Bolsonaro e que compartilham conteúdo político pela mais rápida delas, o WhatsApp, é o dobro da verificada entre os eleitores de Fernando Haddad (40% contra 22%, respectivamente).

Com o movimento, apoiadores do capitão reformado sonham com vitória no primeiro turno. Para que isso aconteça, Bolsonaro tem que alcançar cerca de 45% do total de votos nos próximos dias, considerando-se uma taxa histórica de 10% de brancos e nulos.

Para evitar em escala nacional o que lhe ocorreu na disputa pela reeleição na cidade de São Paulo, Fernando Haddad precisa calibrar os códigos de comunicação de sua campanha com estratos de importante peso no eleitorado e que se mostram mais indecisos ou desiludidos, como as mulheres, os menos escolarizados e de menor renda, em quatro dias, e sem a ajuda de seu padrinho político.
Herculano
03/10/2018 09:05
da série: isto também ilustra bem o que se passa na aldeia de Gaspar e Ilhota

O SAMBA DOS CRIOULOS DOIDOS, por Carlos Brickmann

Pouco mais de 55 anos de jornalismo me mostraram o mundo como ele é: já vi cachorro matando elefante, delegado dando ordem de prisão a boi no pasto, passarinho ciscando na boca do jacaré, carro novo mais barato que o velho da mesma marca e categoria, bilionário com nome e capacete de viking passando uma temporada na cadeia. E, se não vi o título mundial do Palmeiras, não foi por desleixo: é dificílimo enxergar o que não existe.

Mas nunca imaginei ver a Folha de S. Paulo e o Grupo Globo acusados de comunistas - Octávio Frias e Roberto Marinho jamais pensariam em integrar o grupo de comunistas formado também por O Estado de S. Paulo - alguém terá imaginado o dr. Júlio de Mesquita Filho, sempre impecavelmente vestido, conspirando com desleixados bolcheviques petistas? - e notáveis como Fernando Henrique, José Serra, Mário Covas, ao lado de banqueiros da mais seleta estirpe, Cândido Bracher, George Soros ?" que, ao que imaginam seus detratores, move-se silenciosamente pelo mundo tentando implantar o regime comunista, aquele no qual toda sua fortuna será confiscada. Soros deve gostar de correr riscos: se o trabalho não der certo, na certa ele será punido por seus camaradas; se der certo, sua fortuna irá para o Governo, que comprará sítios e apartamentos para os governantes, mas que estarão em nome de outros.
Mas quem é que entende o que se passa na cabeça desses comunistas?

QUEM MANDA E QUEM FAZ

Um jornal de qualidade não discrimina por ideologia as pessoas que contrata. Essa história de que o jornal tem um jornalista antipetista ou petista deve ser verdadeira (todos têm), mas não tem sentido. O jornal segue a linha da direção. Se alguém fugir a ela, cai fora. O principal editorialista de O Estado de S.Paulo era dirigente comunista, da total confiança de Júlio de Mesquita Filho. Roberto Marinho disse a líderes militares que não se metessem com O Globo: "Dos meus comunistas cuido eu". A Folha tinha Oswaldo Peralva, ex-dirigente do PCB; Ricardo Kotscho, do PT; gente da Libelu trostquista. E eu, que não era de esquerda. Peguei uma época boa, em que esquerdista estudava. E aprendia com eles.

CUIDADO COM PESQUISAS

Pesquisa é ótimo: serve para orientar a campanha do candidato. E só. Quem acha que seu favorito vai vencer ou perder por causa da pesquisa se engana. Há uma foto clássica: o presidente americano Harry Truman, reeleito, mostrando o Chicago Daily Tribune com a manchete "Dewey derrota Truman". Brigar com pesquisas, acusar institutos de falsear números, é perder tempo: melhor é usá-lo em busca de novos eleitores.

CUIDADO
E é preciso, no caso de pesquisas, verificar se foram mesmo feitas. Uma instituição americana, a University of Southern California, de Los Angeles, apareceu como autora de uma pesquisa que dava Bolsonaro como vitorioso no primeiro turno, com mais de 60% dos votos.
Só que a pesquisa era falsa: a USC não fez pesquisa alguma sobre as eleições no Brasil.

GRANDE FRASE
Do jornalista Chico Bruno: "Esta é a eleição presidencial em que os líderes querem reeditar o passado ?" ou o remoto ou o mais recente".

RACHA DE ESQUERDA
A senadora Kátia Abreu, que foi ministra de Dilma e é candidata a vice de Ciro Gomes, abriu fogo contra o candidato petista Fernando Haddad. Katia, líder ruralista, virou amiga de infância de Dilma e não a abandonou nem quando ficou claro que seria afastada do poder. E foi o comportamento de Haddad no impeachment de Dilma o alvo de Kátia: "Fernando Haddad é o fujão covarde do impeachment".

OK, ele não se mexeu para salvar a presidente eleita por seu PT. Mas não fez isso por mal: tem dificuldades para tomar posições (tanto que até hoje precisa ir a Curitiba, visitar Lula na cadeia, para saber se deve tomar café com açúcar ou adoçante); e, mesmo quando recebe as ordens do Chefe, não é exatamente uma pessoa prática. Kátia não pode exigir que todos, como ela, queiram defender seus aliados.

OS RICOS COMANDAM
O professor Luiz Carlos Bresser Pereira, diz o site gaúcho Espaço Vital (www.espacovital.com.br), quer Abílio Diniz, ex-Pão de Açúcar, hoje Carrefour, no apoio a Haddad no segundo turno. Bresser foi ministro da Fazenda de Sarney e trabalhou com Diniz no supermercado.

A NÚMERO 1
A surfista carioca Maya Gabeira acaba de entrar no Livro Guiness de Recordes: foi reconhecida pela Liga Mundial de Surfe como a mulher que surfou a maior onda já registrada na História. Maya pegou uma onda de 20m72 cm, na Praia do Norte, Nazaré, Portugal, no dia 18 de janeiro. A demora no registro se explica: o Guiness Book confirma todos os detalhes.
Herculano
03/10/2018 09:00
ANTIPETISMO ATRAVESSA QUESTõES ECONôMICAS E TURBINA BOLSONARO, por Bruno Boghossian, no jornal Folha de S. Paulo

Motor da rejeição ao PT vale mais para alguns eleitores do que preferências sociais

O crescimento de Jair Bolsonaro e a disparada simultânea da rejeição a Fernando Haddad mostram o potencial do antipetismo como fator de definição do voto este ano. A aversão ao partido atravessa os segmentos do eleitorado, superando questões econômicas, sociais, regionais e até democráticas.

O candidato do PSL ganhou espaço em nichos que haviam erguido barreiras a seu avanço, como mulheres (27%), o Nordeste (20%) e os mais pobres (21%). Haddad parou de crescer em todos esses grupos e ainda viu sua rejeição subir 10 pontos no eleitorado feminino, chegando a 36%.

A repulsa ao PT sempre deu as caras nas grandes eleições com participação da sigla, aparecendo em todos os estratos da população com maior ou menor intensidade. O que os números do Datafolha sugerem é que Bolsonaro conseguiu aglutinar esse sentimento de maneira vigorosa na reta final do primeiro turno.

Dos eleitores que dizem não votar em Haddad de jeito nenhum, 63% escolhem Bolsonaro. O restante se pulveriza entre Geraldo Alckmin (8%), Ciro Gomes (7%) e outros. Como a rejeição ao petista disparou, o candidato do PSL ganhou mais fôlego.

A adesão indica que esse motor rigorosamente político e simbólico vale mais para alguns eleitores do que preferências e princípios sociais. Bolsonaro e sua campanha já fizeram ataques públicos às mulheres e indicaram que pretendem reduzir direitos trabalhistas, por exemplo. Mas o antipetismo fala mais alto.

A animosidade em relação ao PT transporta, de carona com Bolsonaro, grupos de interesse como o agronegócio e a bancada evangélica. Os parlamentares ruralistas e a Igreja Universal, com um braço partidário no Congresso (o PRB), declararam apoio ao presidenciável, que aceitou sorridente essas adesões.

Bolsonaro precisa de grupos políticos numerosos para governar e indicou que pretende atender às pautas dessa turma. Embora tente simbolizar renovação, o candidato abraça corporações que participam do poder há décadas (inclusive com o PT).
Herculano
03/10/2018 08:57
HADDAD HERDA VOTOS E TAMBÉM A REJEIÇÃO DE LULA, por Cláudio Humberto, na coluna que publicou hoje nos jornais brasileiros

Se Haddad (PT) "é Lula", como alardeia sua propaganda, isso vale "para o bem e para mal": o ex-prefeito herda votos e também a elevada rejeição do ex-presidente presidiário, segundo revelam as pesquisa Ibope do dia 1º (registro nº BR-08650) e Datafolha (registro nº BR- 03147) do dia 2. Em apenas 4 dias, sua rejeição subiu como foguete de 27% para 38%, segundo o Ibope, e de 32% para 41%, pelo Datafolha. Bolsonaro caiu de 46% para 45% segundo o Datafolha.

TRANSFERÊNCIA
Único "pré-candidato" cuja rejeição era maior que a de Bolsonaro, Lula, que cumpre 12 anos de cadeia, transferiu essa herança para Haddad.

NÚMEROS AJUSTADOS
Provocou estranheza a rejeição de Haddad que subiu até 11 pontos em 4 dias, sem que nada tenha acontecido para justificar isso.

MAIOR CRESCIMENTO
Entre 24 de setembro e 2 de outubro, só o Ibope divulgou três pesquisas. A rejeição a Haddad cresceu quase 30% nesse período.

GUERRA DOS SEXOS
Haddad lidera a rejeição entre homens: 43%, contra 35% de Bolsonaro. Entre mulheres, o nome do PSL tem 51% de rejeição o petista, 33%.

TOFFOLI MANDOU BEM CONSERTANDO ERROS NO STF
Juristas aplaudiram a decisão do ministro Dias Toffoli, presidente do Supremo Tribunal Federal, de apoiar o ministro Luiz Fux, seu vice-presidente, que havia neutralizado a autorização do ministro Ricardo Lewandowski para o ex-presidente e presidiário Lula dar entrevistas. Mas a impressão geral é a de que Lewandowski e Fux erraram. Fux foi corajoso, mas Toffoli pôs ordem no STF, mandando o caso ao plenário.

JOGO DOS 7 DE ERROS
Lewandowski achou que, negando a entrevista, a juíza de Curitiba descumpriu decisão colegiada do STF sobre liberdade de imprensa.

CASO PARA O PLENÁRIO
A decisão colegiada, por não ser específica, não poderia ser usada por Lewandodwski. Ele errou porque não mandou o caso para o plenário.

FALTAVA LEGITIMIDADE
Já o ministro Luiz Fux suspendeu a entrevista acolhendo recursos do Partido Novo. Mas só União, Estados etc têm legitimidade para isso.

PERDEU, ALCKMIN
Ibope e Datafolha atestam o fracasso da estratégia de Alckmin (PSDB), que esperava destruir o adversário Jair Bolsonaro para ocupar o seu lugar. Acabou favorecendo o candidato do PT e o próprio Bolsonaro, que cresceu até quando a campanha #elenao saiu às ruas, no sábado.

RADICALISMO NA CABEÇA
Outro erro infantil de Alckmin foi pregar "equilíbrio contra radicalismo". Se desse uma olhada nas pesquisas veria que os brasileiros querem isso mesmo, atitude radical de mudança. E não mais do mesmo.

PRESTE ATENÇÃO, ô
Os adversários ainda não perceberam que é o eleitorado quem arrasta Bolsonaro, e não o contrário. Seu mérito é se deixar usar pelo clamor dos eleitores pela ruptura com o sistema político que enoja a maioria.

EXPLICA AÍ, CAMARADA
Fernando Haddad (PT), que vive trombeteando seus milagres no MEC, deveria aproveitar o guia eleitoral para explicar ao País por que, candidato à reeleição, ele teve só 16% dos votos, menos que brancos e nulos. Os paulistanos já sabem o porquê: ele foi um prefeito muito ruim.

PRIORIDADE É A BOQUINHA
O diretor do ex-Museu Nacional do Rio de Janeiro, R$24 mil por mês, não foi demitido e nem sequer teve a dignidade de pedir o boné, apesar da incompetência até para manter no local brigadistas contra o fogo.

COMBINOU COM OS RUSSOS?
A um mês da eleição do novo presidente, o ministro Gilberto Kassab (Comunicações) escolheu seu secretário de Radiodifusão, Moisés Moreira, para a vaga de Juarez Quadros, que em novembro deixará a presidência da Anatel, agência reguladora das telecomunicações.

CADA UM NO SEU QUADRADO
Haddad (PT) é rejeitado por 58% entre os que recebem mais de cinco salários mínimos por mês e Bolsonaro (PSL) por 59% no Nordeste, segundo o Ibope. São os maiores indicadores de rejeição.

ENCONTRO FIBRA
A Federação das Indústrias do DF (Fibra) promoverá nos dias 16 e 17 um encontro com os candidatos ao governo local em segundo turno, para debater propostas e ouvir as demandas da indústria.

PENSANDO BEM...
...Bolsonaro virou massa de pão: quanto mais apanha, mais cresce.
Herculano
03/10/2018 08:51
PUBLICIDADE DA CONFISSÃO DE PALOCCI OFENDEU A NEUTRALIDADE DA JUSTIÇA, por Elio Gaspari, nos jornais O Globo e Folha de S. Paulo

Juiz Sérgio Moro optou por revelar conteúdo seis dias antes da eleição

Se era bala de prata, o teor da colaboração do ex-ministro da Fazenda Antonio Palocci tornou-se um atentado à neutralidade do Poder Judiciário, à desejada exposição das roubalheiras do comissariado petista e à boa fé do público.

Foi uma ofensa à neutralidade da Justiça porque o juiz Sergio Moro deu o tiro seis dias antes do primeiro turno da eleição presidencial.

Trata-se de um depoimento tomado em abril que não revela o conjunto da colaboração do poderoso detento-comissário. Podia ter esperado o fim do processo eleitoral, até mesmo porque o doutor Moro é pessoa cuidadosa com o calendário. Com toda razão, ele suspendeu dois depoimentos de Lula porque o ex-presidente transforma "seus interrogatórios em eventos partidários".

Foi uma ofensa para quem espera mais detalhes sobre as roubalheiras petistas, porque a peça de dez páginas tem apenas uma revelação factual comprovável, a reunião de 2010 no Alvorada, na qual combinou-se um processo de extorsão, cabendo a Palocci "gerenciar os recursos ilícitos que seriam gerados e seu devido emprego na campanha de Dilma Rousseff para a Presidência da República".

Traduzindo: Palocci foi nomeado operador da caixinha das empresas contratadas para construir 40 sondas para a Petrobras. Só a divulgação de outras peças da confissão do comissário poderá mostrar como o dinheiro foi recebido, a quem foi entregue e como foi lavado. O juiz Sergio Moro fica devendo essa.

Afora esse episódio, o que não é pouca coisa, a colaboração de Palocci é uma palestra sobre roubalheiras que estão documentadas, disponíveis na rede, em áudios e vídeos, na voz de empresários e ex-diretores da Petrobras. Em julho passado o procurador Carlos Fernando de Souza contou que a força-tarefa da Lava Jato tratou com Palocci: "Demoramos meses negociando. Não tinha provas suficientes. Não tinha bons caminhos investigativos". Se as confissões de Palocci à Polícia Federal quebraram a sua barreira de silêncio, só se vai saber quando o conjunto da papelada for conhecido.

Nessa parte da colaboração, Palocci, quindim da plutocracia que se aninhou no petismo, diz na página dois que em 2003 o governo tinha duas bandas: a "programática" e a "pragmática". Ao longo do tempo "a visão programática adotada pelo colaborador (ele) foi sendo derrotada". Na página seis o doutor conta que foi nomeado operador da caixinha das sondas. Isso é que é derrota.

Em 2006, quando estava prestes a ser defenestrado do Ministério da Fazenda, uma pessoa presente a uma conversa no Alvorada ouviu Lula dizendo-lhe: "Pô, Palofi, você não para de mentir?"

Segundo Palocci, de cada R$ 5 gastos nas campanhas, R$ 4 vêm de propinas e a candidatura de Dilma Rousseff recebeu algo como R$ 400 milhões de forma ilícita. Como gerente de uma parte dessa caixa, a palavra está com ele.

Até lá, o ex-ministro continuará na carceragem de Curitiba onde teria um pequeno cultivo de alecrim e lavanda, ecoando o jardim do falsário Louis Dega na Ilha do Diabo. (Dustin Hoffman no filme "Papillon".)

Antes mesmo da "bala de prata", Lula, Haddad e o comissariado tinham motivos para duvidar que a postura de soberba castidade do PT teria um preço. A conta chegou: a rejeição a Haddad subiu 9 pontos em cinco dias, chegando a 41%, segundo o Datafolha. É rejeição ao PT e ao "Andrade" que percorre o Brasil blindando-o. Faltam cinco dias para o primeiro turno e nesta quinta-feira (4) os candidatos irão ao último debate. A ver.

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