06/09/2019
Vamos rever os discursos dos políticos que se distanciam da realidade dos seus eleitores? No dia 17 de janeiro de 2014, o prefeito Pedro Celso Zuchi, PT, disse numa entrevista exclusiva ao jornal Cruzeiro do Vale, que Gaspar dispunha de R$39 milhões do governo Federal, via o PAC para implantar o sistema de coleta e tratamento de esgotos dos bairros Santa Terezinha, Sete de Setembro e Centro. Zuchi faria disso a grande bandeira na dobradinha com a ponte do Vale. E mais de cinco anos depois? Só a ponte. O prefeito Kleber Edson Wan Dall, MDB, em campanha, apostou na ideia para desmoralizar o seu antecessor. Resultado? Nada até agora! O Samae é tocado pelo mais longevo dos vereadores, José Hilário Melato, PP. Uma boca política. A autarquia até possui uma estrutura de empregos e salários para a área de esgotos. Como reportei há dias aqui, sequer consegue fazer funcionar uma mini rede coletora e estação tratamento de esgotos que o governo Federal construiu na reurbanização do Jardim Primavera, no bairro Bela Vista. É, então, o Rio Itajaí Açú a fossa. É o real retrato de uma administração pública. Triste!
E por que acontece isso? Falta liderança, equipe e compromisso do governante com a cidade, os cidadãos, o meio ambiente, o futuro e com a saúde de todos. Simples assim! Tratar esgotos não é prioridade; não é foco, nem mais no discurso. Com tantas obras simples por aqui sem projeto – e que estão sendo questionadas nos tribunais – ou com projetos comprometidos, como Kleber daria conta de algo tão complexo, entretanto, urgente e necessário para a cidade e o povo como é a coleta e o tratamento do esgoto? Outra! Apesar de “disponíveis” se houver projetos, capacidade técnica e vontade política esse dinheiro fica preso, sem uso, apesar do prefeito estar em Brasília rotineiramente todos os meses, como aconteceu mais uma vez esta semana.
Eu, pessoalmente, vou mais longe. Essa grana deveria, na verdade, ser destinada à outras prioridades dos brasileiros e gasparenses como educação, saúde, segurança e obras de infraestrutura. Falta capacidade à privatização ou à concessão. Em Gaspar, devido a inanição técnica e à incompetência política dos gestores, nem uma, nem outra coisa. Esse dado mostra o atraso dos políticos para as urgências da sociedade; adia-se um drama: 92% das residências têm celular e só 54% - e Gaspar é perto de zero – têm acesso à coleta de esgotos. Como 94% das empresas de saneamento são estatais, não estão capitalizadas, os estados e municípios falidos, é facilmente de se concluir que estamos condenados a conviver com o fedor, a doença e o atraso. Quer mais um exemplo antes de prosseguir? Se não fosse a iniciativa privada, o tal Anel Viário Urbano de Gaspar, não teria saído do papel e ilustrado a propaganda do prefeito Kleber. A parte pública – que é da prefeitura - patina e é incerta, apesar dos recursos disponíveis aprovados pelos vereadores inclusive da oposição. Ou seja, políticos e governos são lentos, enrolados, gastadores, não prestam contas e não dão soluções aos cidadãos.
Blumenau saiu na frente e nos deu a lição. Gaspar, vizinha deu as costas. O Samae de lá, orientado, sob liderança, foi à luta e fez uma concessão. E só por isso, saiu de 4,8% - tocados pela autarquia blumenauense - em 2010 quando o ex-prefeito João Paulo Kleinunbing, DEM, resolveu peitar o problema, à polêmica ideológica e tirar a cidade da fossa em que se encontrava. O ex-prefeito Napoleão Bernardes, hoje PSD, posteriormente, ao invés de parar – e que seria normal se fosse em Gaspar - sob dúvidas, também enfrentou os questionamentos e fez os ajustes econômicos. Resultado? Hoje Blumenau coletará e tratará até o final deste ano 49% dos esgotos de uma cidade com mais de 357 mil habitantes e cuja população cresceu 15% em dez anos. Já pensou se todo esse esgoto fosse jogado no Rio como ainda faz Gaspar de 69 mil habitantes? O meio ambiente padece no caso de Gaspar. A saúde das pessoas está exposta. O que verdadeiramente avança aqui é o atraso, as desculpas e a incapacidade de buscar a solução para um problema que só se agrava. Acorda, Gaspar!
Lá em 2009 bem que previ e fui duramente perseguido. O jornal Cruzeiro do Vale também por desnudar o que não estava claro. Pois é! Esticaram tanto que agora não está fácil vida da Say Muller Serviços Ltda., empresa gasparense criada do nada pelo ex-prefeito Pedro Celso Zuchi e o ex-presidente do Samae, Lovídio Carlos Bertoldi, ambos do PT, para recolher o lixo orgânico de Gaspar. Os planos eram bem mais amplos.
A Say Muller cresceu, tornou-se uma concorrente incômoda no mercado, alinhou-se a outros políticos para crescer, internamente fez uma ruptura de poder e já no tempo de Zuchi, a relação se deteriorou com os donos do poder político. Nos últimos tempos ela virou manchete e seguidamente. Não só pelas dúvidas levantadas aqui, mas pelas ações em outros municípios onde atuava.
A última delas foi a respeito do trabalho que a Say realizava em Ituporanga. Deu até afastamento do prefeito e cadeia para os envolvidos. Divulgação por aqui, só nesta coluna. E o que apareceu na prefeitura de Gaspar na semana passada e foi respondida nesta pelo secretário da Fazenda e Gestão Administrativa, Carlos Roberto Pereira? Um ofício. Ele pediu todos os pagamentos que Gaspar fez à Say Muller. E quem quer? O Gaeco – Grupo de atuação Especial de Combate às Organizações Criminosas - de Itajaí.
Fake News. O Sindicato Rural de Gaspar, na voz da sua presidente Ivanilde Rampelotti, por aplicativos de mensagens e a secretaria de Agricultura e Aquicultura de Gaspar nos contatos que faz com os colonos, acusam os vereadores da oposição de serem os responsáveis pelo corte no fornecimento do adubo orgânico, decorrente do processamento do fumo em folha na unidade de Blumenau.
Tudo mentira. E ela tem perna curta. A própria Souza Cruz acabou com a jogada dos políticos para culpar os vereadores de Gaspar. Anunciou esta semana o fechamento da unidade industrial de Blumenau que funcionava desde 1956. Sem atividade por lá, não há “sobra” de folhas, talos e outros produtos que se transformam em adubo orgânico e é distribuído aos colonos da região.
A intenção da secretaria de Agricultura de Gaspar tocada por André Pasqual Waltrick, PP, era se vingar dos vereadores – principalmente de Dionísio Luiz Bertoldi, PT - que denunciaram o uso irregular de equipamentos públicos em propriedades particulares, incluindo destruição de Área de Preservação Permanente. A denúncia foi parar na Polícia Ambiental e no Ministério Público e tende a dar complicações das brabas. Vergonhosa retaliação política. É uma marca do atual governo. É também um sinal de como será a campanha eleitoral do ano que vem.
Troféu. O gasparense Eder Muller registrou um Boletim Policial de Ocorrência; fez foto do ato em que o funcionário comissionado do Samae de Gaspar, Denilson Cechetto, acompanhou Gilberto Goedert, à casa de Eder e o ameaçou pelas postagens. Nela denunciou acidentes provocados por Gilberto dirigindo, sem a devida habilitação, um caminhão da autarquia.
Denilson saiu do Samae onde era chefe de Frota. No dia seguinte estava nomeado como comissionado na coordenadoria geral da diretoria geral administrativa da prefeitura. Um ato político. Até o fechamento desta edição, nenhuma sindicância tinha sido aberta para apurar o caso denunciado por Eder.
Objetivo do Refis – a tal recuperação fiscal onde os devedores têm juros, correção, multas e às vezes, até o principal perdoado pela gestão pública – segundo, o ex-ministro Antônio Palocci, PT, na delação premiada conhecida esta semana: fazer caixa de campanha eleitoral com parte do que é perdoado aos devedores. E o Congresso estava junto na jogada. Não há santo na história de interesses. Só bons pagadores enganados.
Na segunda-feira, às 19h30min, haverá no Raul’s, uma reunião comemorativa do Dia do Médico Veterinário para profissionais, acadêmicos e convidados. A promoção é do Núcleo Regional Associado de Gaspar e Região. Haverá uma palestra de Danielle Fucks sobre “Marketing Digital e Mídias Sociais para Resultado”.
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