RADICALISMO, POLÍTICA E GENTE PODEROSA SE ORGANIZAM PARA SALVAR SEUS INTERESSES E QUEBRAM O PAÍS - Por Herculano Domício - Jornal Cruzeiro do Vale

RADICALISMO, POLÍTICA E GENTE PODEROSA SE ORGANIZAM PARA SALVAR SEUS INTERESSES E QUEBRAM O PAÍS - Por Herculano Domício

31/05/2018

GENTE QUE QUEBRA O PAÍS I

Qual a diferença entre a esquerda do atraso e a direita xucra. Nenhuma. São truculentas, incapazes ao diálogo, radicais e não compreendem o que seja democracia. Não importam com os meios, mas com os resultados. Os donos das transportadoras de combustíveis do país mostraram a força do monopólio delas nos contratos que possuem com do cartório de distribuidoras e que o Cade, finalmente, começa a desmanchá-lo: pararam o país, à força e passaram a conta dos prejuízos e das justas reinvindicações deles, para melhorar egoisticamente só negócio deles, para todos nós. Tiveram apoio do candidato a presidente de origem militar, o capital Jair Bolsonaro, PSL. E por conta disso, de gente que nunca viveu a ditadura militar no país: querem uma suposta intervenção militar como se isso fosse magicamente resolver todos os nossos graves problemas.

GENTE QUE QUEBRA O PAÍS II

Os alvos dos bloqueios das estradas pelos caminhoneiros e que constrangeram, humilharam e fizeram outros de reféns para a causa patronal e política, foram o governo fraco e corrupto de Michel Temer, MDB, e a Petrobrás. A empresa monopolista estatal se “recuperava” da roubalheira bilionária feita pelo PT, sócios dele no governo como PP e MDB, bem como a esquerda do atraso que domina os sindicatos de petroleiros. Tudo foi agravado porque o dólar e o petróleo subiram no mundo. Aqui ele tentou repassar esse custo ao consumidor. Com a economia fraca, com excesso de caminhões cuja compra foi incentivada pelo governo de Dilma Vana Roussef, PT, aliado ao frete deprimido por conta da maior concorrência. Tudo ficou explosivo e sem controle.

GENTE QUE QUEBRA O PAÍS III

Contra a roubalheira e privilégios que comem os nossos pesados impostos, todos aprovados por senadores, deputados federais, deputados estaduais e vereadores que fazem reféns presidente da República, governadores e prefeitos, nada. São eles que fazem a esbórnia e mandam no país. Muitos desses parlamentares estão demagogicamente fazendo discursos a favor da balbúrdia, contra o governo e incapazes de cortarem na própria carne os privilégios que desfrutam com os pesados impostos de todos os brasileiros. E até são aplaudidos por nós (não eu). Ou seja, espertos, sabem que estão enganando e vão ser (re)eleitos para nada mudar como desejam os que se manifestaram e apoiaram esse movimento e que vai trazer mais prejuízos para os cidadãos, empreendedores e trabalhadores.

GENTE QUE QUEBRA O PAÍS IV

São as chantagens desses políticos, que estão em plena campanha e para isso estão levando R$2 bilhões dos nossos pesados impostos, que aumenta verdadeiramente os preços dos produtos, incluindo o combustível, tira a competitividade e retira o acesso mínimo de gente pobre à saúde, educação, segurança, habitação e obras. Uma parte da revolta, pouco se fala, talvez por medo, mas teve amplo apoio da população, estava contra o Judiciário na proteção dos políticos e corruptos contumazes. O Judiciário moroso, cheio de recursos para quem tem advogados caros, não aplica a Lei, e quando a faz, é para proteger ricos, poderosos e corruptos. No outro lado, em casos semelhantes, bem aplica o que está na legislação, mas apenas contra pobres, pretos e putas ou adversários dos poderosos de plantão.

GENTE QUE QUEBRA O PAÍS V

Uma categoria parou o país. Um governo fraco e inteligência pífia não conseguiu antecipar, prever, negociar e cortar na sua própria carne para mostrar que tinha soluções, capacidade de agir, principalmente autoridade e domínio da gestão. Ainda bem que não foi para o confronto. Era tudo o que os organizadores do bloqueio queriam. Vídeos e gravações mostraram o quanto radicais são com agressões, ameaças e humilhações. Como o governo não inventa dinheiro, ele apenas usa e desperdiça o que cobra de nós em pesados tributos. Se ele e os políticos não cortaram nada dos seus privilégios, mordomias e ineficiências, o que está sendo retirado do diesel dos caminhoneiros (não da gasolina, álcool e gás), vai parar em outros produtos que nos alimenta ou necessários para sobreviver.

GENTE QUE QUEBRA O PAÍS VI

Fala-se em greve. Não foi: nem naquilo que está no dicionário, nem no que se viu. Autônomos representam apenas 30% dos caminhoneiros desse país. E desses, mais 70% são de fachadas. Estão atrelados às grandes transportadoras (não só as de combustíveis). E elas, porque assim a legislação permite, para não pagarem encargos sociais, trabalhistas e previdenciários dos motoristas como seus empregados, “contratam” autônomos. Deles exigem caminhões novos, cujas prestações dos financiamentos são abatidas dos fretes, se estabelecem num esquema de dependência mafioso. Gado no curral foi o que se viu. Nas redes sociais há caminhoneiro apanhando, sofrendo bullying para ficar calado, parado, sofrendo e bancando ele próprio os prejuízos, como se preso estivesse para dar volume à causa dos donos de transportadoras.

GENTE QUE QUEBRA O PAÍS VII

Escrevo a coluna na quarta-feira, por problemas industriais para a impressão do jornal Cruzeiro do Vale – o mais antigo e de maior circulação em Gaspar e Ilhota - devido ao feriado católico de Corpus Christi. Já se desmanchavam os bloqueios e se desnudavam, o que escrevi na segunda-feira no portal. Nele fui atacado nas redes sociais pelos intervencionistas, defensores do candidato Bolsonaro e direitista radicais e xucros. Eles possuem regras e democracia próprias. Constituição? Inexiste! Dez dias de bloqueio patrocinado por eles e patrões, nada, essencialmente, que quebra o Brasil caiu ou mudou. As grandes empresas de transportes tiveram as vantagens. E nós? Ficamos com as contas impostas pelos políticos há anos e cada vez mais. É preciso reagir sim e frontalmente, mas nas eleições, com escolhas melhores e a não reeleição do que está aí e que quebra o país.

GENTE QUE QUEBRA O PAÍS VIII

Aí você pensa que isso é só em Brasília, Florianópolis... Nada! Esses bilhões de desperdícios contra o cidadão começam aqui. O prefeito Kleber Edson Wan Dall, MDB, que esteve na praça Getúlio Vargas numa manifestação do CDL, foi aplaudido. Mas a reforma administrativa dele, aumentou em R$600 mil o custo da máquina pública. E na Câmara, Silvio Cleffi, PSC, quer contratar um “procurador geral” comissionado por mais de R$9 mil, quando esta tarefa já se tem na Casa por efetivos. E quem paga tudo isso? Nós. Pior mesmo foi ver o vereador Ciro André Quintino, MDB, cabo eleitoral de deputados em outubro, gritando o “Fora Temer”. Foi aplaudido. Então, nada vai mudar mesmo e a conta será ainda maior aos pagadores de pesados impostos criados pelos políticos para sustenta-los num país cheio de carências.

GENTE QUE QUEBRA O PAÍS IX

Para encerrar. Previ porque era óbvio, mas fui desmoralizado, que com a desorganização da economia devido ao bloqueio truculento e irresponsável das rodovias, haveria aumento de preços de todos os produtos, mais inflação, queda do PIB e diminuição dos negócios, arrecadar menor de tributos, maior o rombo público e mais desemprego. Pois até o fechamento da coluna, nas redes sociais, nos meus endereços eletrônicos, só relatos de queixas, prejuízos e até desapontamentos de gente que produz e se recuperava. Pergunto:  quem interessa quebrar o país? Para obter o poder político é preciso antes destruir o que já era precário? Ah, Herculano, mas é preciso mudar. Precisa, sim. Mas é no voto, no diálogo, inovação e muito trabalho. É preciso ignorando quem nos esfola, faz discursos demagógicos para receber aplausos fáceis. Outubro é logo ali. Não perca a peleja; não reeleja. Acorda, Gaspar!

Comentários

Herculano
03/06/2018 10:03
AMANHÃ É DIA DE COLUNA OLHANDO A MARÉ INÉDITA EXCLUSIVA PARA OS LEITORES E LEITORAS DO PORTAL CRUZEIRO DO VALE, O MAIS ANTIGO, ATUALIZADO E ACESSADO DE GASPAR E ILHOTA
Herculano
03/06/2018 10:02
DILMA, TEMER, PARENTE, OS ENTREGUISTAS, por Vinicius Torres Freire, no jornal Folha S. Paulo

País já importou mais gasolina e pagou mais pelo diesel, mas tudo isso é conversa fiada

O Brasil de Dilma Rousseff chegou a importar mais gasolina do que o país de Pedro Parente, acusado de entregar o mercado de combustíveis para importações estrangeiras.

O diesel já esteve mais caro em momentos de governos petistas, se considerada a inflação.

Estas comparações simples, porém, são um equívoco rudimentar. Servem à picuinha partidária, não ao debate do que fazer da Petrobras, no interesse público.

Houve júbilo com a queda de Parente. Para a euforia esquerdóide ou populista de direita, teria sido a primeira vitória de um levante popular contra a "Petrobras que serve ao mercado, não ao interesse popular e nacional", "ensaio geral" de algo maior.

Importar diesel e gasolina é entregar o mercado nacional para estrangeiros e cobrar preço de mercado é espoliar o povo no interesse de acionistas privados, diz a lenda do levante popular. Isso não faz sentido, ainda menos para defensores da estatal e de sua contribuição para o crescimento do país.

Em meados de Dilma 1, 2012-13, o país importava tanta ou mais gasolina que na gestão Parente. As importações líquidas de diesel, é verdade, jamais foram tão altas neste século (23% do total consumido nos últimos 12 meses, ante picos de 18% sob Dilma).

O valor da importação de combustíveis em geral está na casa de 8% do total de exportações (estiveram acima de 10% entre 2004 e 2016). Entreguismo?

Antes ou agora, por que importar derivados? Por insuficiência de produção, porque refinar menos e vender mais a certo preço é mais rentável para a companhia: "x" motivos.

O problema de fundo dos mitos do levante popular é ignorar as consequências do que propõem e situações alternativas.

O que acontece se a empresa cobra menos? Tudo mais constante, cai sua capacidade de investir em exploração de petróleo, de pagar sua dívida e de entregar impostos para o governo, seu maior acionista.

Também por causa da dívida, que explodiu entre 2011 e 2014, o crédito ficou mais caro para a Petrobras, o que contribuiu para sua ruína, como ficou claro em momentos críticos desse descrédito, em 2014 e 2015. No mito do levante popular, é possível se endividar sem limite, a juros baixos.

A Petrobras fabrica 97% da gasolina e 99% do diesel no país, um monopólio, dizem, sem mais. Mas que empresa privada investirá em refinarias se tiver de vender derivados a preços inferiores aos de mercado?

Sim, no último ano a gasolina nas bombas subiu 18% e o diesel 12,5%, ante inflação de 2,7% (na crise, o deus mercado impede repasses maiores da carestia dos combustíveis). O preço doméstico foi inferior ao do mercado mundial entre 2009 e 2014; superior de 2015 a fins de 2017, quando a concorrência de importados limitou tal política.

Preços contidos por tabela não cumprem seu papel. Petróleo caro é um sinal para que se procurem alternativas: biocombustíveis, eletricidade, equipamentos eficientes, como ocorreu nos choques do
petróleo dos anos 1970 e 2010.

O Brasil tem alternativa parcial a derivados de petróleo, como o etanol, produto de uma cadeia que engrena agricultura, indústria, ciência e engenharia. Os preços tabelados da gasolina em 2010-14
muito contribuíram para arruinar esse negócio.

Mas o levante popular quer subsidiar o uso de carros privados e de poluentes, favorecendo de resto mais ricos, abortando empreendimentos nacionais de energia nova ou mais limpa.

Isso não vai prestar.
Herculano
03/06/2018 09:58
INTERVENÇÃO JÁ, por Roberto Pompeu de Toledo, por Roberto Pompeu de Toledo, na Revista Veja

O colunista, num esforço de comunicação telepática, teve acesso à mente desse novo espécime da rica diversidade nacional que é o intervencionista de estrada - aquele que pede intervenção militar do alto da boleia do caminhão ou no aglomerado dos acostamentos. O resultado:

"Podem chamar de golpe, mas que a vida era melhor naquela época, era. Criticam que havia censura às notícias. Pois hoje não há, e de que servem tantas notícias? Que faz essa balbúrdia de jornais, TVs, internet, Facebook senão confundir? A informação é um direito da cidadania, alegam os demagogos. Nosso povo reclama é por uma orientação construtiva, vinda do alto, da parte de gente responsável, e nesse sentido a censura só traz benefício. Em novembro de 1971 o governador do Paraná foi forçado a renunciar, depois de apenas oito meses no cargo. Nenhum jornal explicou por quê. A revista VEJA, em capa sob o título 'A queda do governador Haroldo Leon Peres e seus ensinamentos', ousou noticiar que 'o governador teria exigido de Cecílio Rêgo Almeida, o mais poderoso empreiteiro do Paraná, um depósito de 1 milhão de dólares no exterior para liberar o pagamento de 60 milhões de cruzeiros devidos pela construção da Estrada de Ferro Central do Paraná'. Foi punida com a apreensão de seus exemplares nas bancas. O que lucraria o povo em saber que governantes nomeados pelo regime possuíam suas fraquezas?

Em 1974 ocorreu um surto de meningite no país, e a imprensa, de novo por mais do que justificadas razões, foi proibida de usar a palavra surto. Claro, um ou outro pode ter tido sua saúde comprometida, ou mesmo morrido por falta de alerta, mas esses são danos colaterais inevitáveis. Importante foi não alarmar a população com notícia tão desagradável. O povo precisa de mão forte e atenta, para conduzi-lo num rumo que, deixado a si mesmo, não alcançaria trilhar. Por essa razão, naquela época era poupado de eleger os governantes. Os militares se incumbiam disso. Em São Paulo a escolha para prefeito recaiu sobre o doutor Paulo (Paulo Maluf, para os menos próximos). A Bahia foi entregue aos cuidados de Antonio Carlos Magalhães e o Maranhão aos de José Sarney. Grandes obras, como a Ponte Rio-Niterói e a Transamazônica, puderam ser levadas a bom termo graças à proibição de que a imprensa metesse o bedelho e, em sua infinita arrogância, exigisse contas e cumprimento de prazos.

Em 1968 o brigadeiro Burnier, segundo denúncia depois apresentada pelo capitão Sérgio Miranda de Carvalho, seu subordinado, elaborou o plano de bombardear o gasômetro da Avenida Brasil, no Rio de Janeiro. Ao mesmo tempo uma bomba seria jogada na embaixada americana e outra no Citibank, e a culpa lançada nos comunistas. Até hoje se fala nesse episódio, em que, na confusão, seriam mortos comunistas e políticos incômodos como Carlos Lacerda. Por que tanto barulho, se nada disso aconteceu? E, se tivesse acontecido, não poderia ter o efeito de livrar o regime do entulho humano que lhe obstruía o caminho? Há momentos, e aquele fatídico ano de 1968 foi um deles, que exigem um pouco de energia.

Em 1981 dá-se o episódio do Riocentro. Até hoje acredito que o sargento morto e o capitão ferido eram dois moços altruístas que preferiram estourar a bomba no próprio carro a deixá-la provocar um massacre em meio à multidão. Um historiador do período chama de 'anarquia militar' a situação em que generais e coronéis agiam da própria cabeça, algumas vezes em desafio uns aos outros. Prefiro chamá-la de 'democracia militar', a democracia justa, praticada entre si pelos honestos e responsáveis, não a democracia de hoje, em que o poder se desmancha na rua, ao arbítrio da ralé.

Em 1968 houve greve em Osasco, resolvida pela oportuna ação de um batalhão da Polícia Militar. Seu líder, um tal Zequinha, foi preso e torturado com espancamento, choques elétricos e sabão em pó nos olhos. Sim, nesse caso reconheço que, excepcionalmente, houve tortura, e não se diga que mal aplicada: Zequinha viria a morrer como terrorista, ao lado do famigerado capitão Lamarca. Nós também, neste maio de 2018, cinquentenário do providencial Ato Institucional nº 5 (que naquele tempo o doutor Paulo quis ver incorporado à Constituição), fizemos uma greve, mas uma greve redentora, para acabar com todas as greves. Nossa ação (e refiro-me não ao conjunto dos caminhoneiros, mas a nós, os intervencionistas) teve por objetivo plantar a semente de um futuro de paz e união, sob a proteção de senhores patriotas, honestos, capazes e devotados à causa comum"
Herculano
03/06/2018 09:54
NOS ANOS 90, BOLSONARO DEFENDEU NOVO GOLPE MILITAR E GUERRA

Conteúdo do jornal Folha de S. Paulo. Diferentemente do que mostram declarações do passado, presidenciável diz hoje que nunca falou em intervenção

Líder das intenções de voto para presidente em cenários sem Lula, Jair Bolsonaro (PSL) chegou a defender um novo golpe militar no Brasil, nos anos 1990.

Em entrevistas, reuniões e em discurso no plenário da Câmara, o deputado federal afirmou, na ocasião, não acreditar em solução para o Brasil por meio do voto popular.

A Câmara dos Deputados chegou a enviar uma representação ao Supremo Tribunal Federal, mas ela não prosperou.

Em entrevistas atuais, o hoje presidenciável adota um discurso oposto, chegando a afirmar, como fez na participação na Marcha para Jesus, na quinta-feira (31), que jamais usou a palavra "intervenção" ao ser questionado sobre a atual defesa de intervenção militar no país, eufemismo para golpe.

"Nunca falei a palavra intervenção. Se um dia o militar chegar ao poder, será através do voto", afirmou.

Em entrevista ao programa Câmera Aberta há 19 anos, porém, Bolsonaro foi questionado pelo entrevistador se ele fecharia o Congresso Nacional se fosse presidente da República.

"Não há menor dúvida, daria golpe no mesmo dia! Não funciona! E tenho certeza de que pelo menos 90% da população ia fazer festa, ia bater palma, porque não funciona. O Congresso hoje em dia não serve pra nada, só vota o que o presidente quer. Se ele é a pessoa que decide, que manda, que tripudia em cima do Congresso, dê logo o golpe, parte logo para a ditadura", afirmou.


Na mesma entrevista, de 1999, afirmou que não acreditava que houvesse solução por meio da democracia e defendeu a morte de "30 mil", incluindo a de civis e a do então presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB).

"Através do voto você não vai mudar nada nesse país, nada, absolutamente nada! Só vai mudar, infelizmente, no dia em que partir para uma guerra civil aqui dentro, e fazendo o trabalho que o regime militar não fez. Matando uns 30 mil, começando pelo FHC, não deixar ele pra fora não, matando! Se vai morrer alguns inocentes, tudo bem, tudo quanto é guerra morre inocente."

Diante da repercussão do caso e da ameaça de cassação, deu nova entrevista semanas depois ao mesmo programa dizendo ter sofrido um "massacre". Evitou repetir as declarações, mas não se retratou: "Não vou voltar a pregar isso aí, dei o meu recado."

Seis anos antes, Bolsonaro já havia pregado a ruptura institucional, dessa vez em reuniões com militares nos Estados da Bahia e Rio Grande do Sul e em discursos no plenário da Câmara.

Na ocasião a imprensa noticiou sua defesa da volta da ditadura. Em discurso no plenário, afirmou que não desmentia nenhuma das publicações. E acrescentou: "Sou a favor sim de uma ditadura, de um regime de exceção, desde que esse Congresso Nacional dê mais um passo rumo ao abismo, que no meu entender está muito próximo".

A Câmara enviou uma representação ao STF pedindo a punição de Bolsonaro, mas o então procurador-geral da República, Geraldo Brindeiro, deu parecer pelo arquivamento sob o argumento da imunidade que os parlamentares gozam em relação aos seus votos, palavras e opinões. E também porque, em sua visão, Bolsonaro não havia cometido delito penal.

A Folha enviou questionamentos para a assessoria do presidenciável, mas não houve resposta.
Herculano
03/06/2018 08:48
'ANOS PT' TORNARAM SINDICATOS NEGóCIO RENTÁVEL, por Cláudio Humberto, na coluna que publicou neste domingo nos jornais brasileiros

O Ministério do Trabalho terá de fazer mais que suspender por 30 dias a liberação de novas "cartas sindicais", como anunciou sexta. A operação da Polícia Federal na Câmara mostra que o rentável negócio de criação de sindicatos atraiu o submundo da corrupção. "Turbinado" nos governos do PT, o fenômeno faz o Brasil reunir 91% dos sindicatos do planeta: são 16,7 mil sindicatos de trabalhadores e empregadores.

SEGUNDO LUGAR DISTANTE
Depois do Brasil, os poderosos Estados Unidos têm o maior número de sindicatos: 191. Tecnicamente empatados com a África do Sul: 190.

NEGóCIO MILIONÁRIO
Sindicato no Brasil participa do rateio de R$3,5 bilhões em imposto sindical, verbas públicas etc sem prestar contas a órgãos de controle.

VACA INESGOTÁVEL
Foram criados na era PT mais de 15 mil sindicatos, outros desfeitos. Total atual: 16.634 atualmente não deixam em paz as tetas da Nação.

BILHETE PREMIADO
O valor de uma "carta sindical", espécie de certidão de nascimento de entidade, custa no "mercado" entre R$200 mil a R$4 milhões.

PARENTE PODE SE HABILITAR A QUARENTENA E R$750 MIL
Um trabalhador normal que se demite não é autorizado sequer a sacar o FGTS, mas a situação do ex-presidente da Petrobras Pedro Parente tem tudo para ser diferente. É que ele pode embolsar mais de R$750 mil caso requeira "quarentena remunerada" à Comissão de Ética Pública da Presidência. São seis meses ganhando sem trabalhar, como o fez outro ex-presidente da Petrobras, Aldemir Bendine, hoje preso.

REFLEXÃO ZERO
Após se dizer preocupado com os acionistas, Pedro Parente pediu demissão na abertura da bolsa e os fez perder 14% em apenas um dia.

DIFÍCIL EXPLICAR
Se não havia conflito para presidir a Petrobras e o Conselho da BRF, será difícil explicar a concessão de quarentena para Pedro Parente.

EXPLORAÇÃO COMO LEGADO
O legado de Pedro Parente será a perversa política de preços que aumentou os combustíveis mais de dez vezes acima da inflação.

JÁ VAI TARDE
O pedido de demissão do ex-presidente da Petrobras Pedro Parente foi recebido até com emoção, tal o alívio que levou ao principal gabinete do terceiro andar do Planalto. Não deixará saudades por ali.

REPETECO DE TRAPALHADA
O Planalto se espantou com a suspeita de direcionamento na licitação de publicidade do Banco do Brasil. "De novo?", perguntou um ministro. É a segunda trapalhada do Marketing do BB no governo Temer. Em 2017, o resultado da licitação foi antecipado em anúncio classificado.

SESSÃO EMBROMATION
Sem nada urgente para debater ou votar, os deputados federais não terão sessão deliberativa nesta segunda (4), mas acharam relevante marcar sessão solene em homenagem ao Dia do Bumba Meu Boi.

O ESCÂNDALO DO SATÉLITE
A Telebrás perdeu outra, com a recusa do Supremo Tribunal Federal de desbloquear seu contrato suspeitíssimo com empresa americana para explorar o SGDC, primeiro satélite brasileiro, que custou ao Brasil mais de R$2,8 bilhões. Escândalo digno de operação policial.

PRELEÇÃO EM 30 SEGUNDOS
Agora dedicado integralmente à Seleção, o treinador Tite tranquiliza o torcedor. Sua onipresença na TV inspirava o falatório maldoso de que treinava o time apenas entre uma gravação e outra de comerciais.

REDUÇÃO DA SAFADEZA
No Supremo e no TSE prevalece o consenso de que só a diminuição dos custos de campanha reduzirão a corrupção. Este ano, a campanha presidencial, só pode custar até R$ 70 milhões. Na reeleição de Dilma (PT), em 2014, só o marqueteiro João Santana custou R$95 milhões.

Só O PRIMEIRO TRIMESTRE
O governo Temer gastou pouco mais de R$14 milhões até agora no ano usando os cartões corporativos. O valor contabiliza gastos variados entre o final de dezembro e o início de abril deste ano.

REFORMA TRIBUTÁRIA, JÁ
Pesquisa do Sindicato das Empresas de Contabilidade de São Paulo (Sescon) com 600 empresários aponta a "reforma tributária" como a demanda mais urgente do setor junto aos candidatos em 2018.

PERGUNTA NO SUPERMERCADO
Com Pedro Parente à frente de uma das maiores empresas do setor, o preço do frango vai passar a ser "reajustado" todos os dias?
Herculano
03/06/2018 08:43
BOLSONARO EXPERIMENTA MÁSCARA DE MODERADO, MAS NÃO CONVENCE, por Bruno Boghossian, no jornal Folha de S. Paulo

Esforço do ex-capitão não elimina incertezas de uma possível vitória eleitoral

Em um jantar no início de maio, Jair Bolsonaro (PSL) respirava fundo enquanto empresários e jornalistas falavam. Em um esforço de autocontrole, o presidenciável juntava as mãos em formato de triângulo perto da boca ao ouvir as opiniões dos comensais. "Quantas vezes esperei vocês terminarem de falar? Antes, interrompia sempre", explicou-se, no evento do site Poder360.

Bolsonaro ganhou seguidores graças a seu comportamento feroz, mas percebeu que precisa segurar os impulsos para aumentar suas chances na eleição. Na pré-campanha, o ex-capitão começa a ensaiar um tom moderado. Se vencer, governará com os braços agitados de sempre ou com as mãos em frente à boca?

O candidato do PSL é imprevisível. Num dia, critica o bloqueio de rodovias. Depois, faz uma defesa enfática dos caminhoneiros parados nas estradas. Passadas 24 horas, diz que o movimento passou dos limites.

As rédeas frouxas que Bolsonaro impõe a si mesmo confundem tanto os eleitores que o observam com desconfiança quanto os integrantes de sua base fiel. O ex-capitão foi criticado por alguns apoiadores, por exemplo, quando rechaçou a possibilidade de uma intervenção militar.

Bolsonaro respira fundo e defende uma política econômica ultraliberal, mas tem recaídas frequentes e retoma o ímpeto estatizante que marcou sua vida política. Até agora, é impossível saber se o presidenciável conduziria a economia com a mão direita ou com a mão esquerda.

Em campanha, o deputado coloca uma máscara conciliadora para disfarçar a fama de intolerante. Tenta controlar os rompantes que renderam uma denúncia por racismo e um processo por apologia ao estupro.

Há cerca de 10 dias, o ex-capitão tentou justificar seu comportamento mais contido. "Vou continuar atirando, mas agora com silenciador", afirmou ao jornal O Estado de S. Paulo. A metáfora bélica sugere que Bolsonaro adapta seu discurso para conquistar o eleitorado, mas pode voltar a empunhar uma metralhadora barulhenta se alcançar ao poder.
Herculano
03/06/2018 08:33
O BLOQUEIO DAS IDEIAS, por Fernando Gabeira, no jornal O Estado de S. Paulo

Aos poucos volta a gasolina aos postos e os alimentos às prateleiras. É tempo também de reorganizar a cabeça, depois desse movimento dos caminhoneiros que parou o País.

Sim, é preciso reorganizar a cabeça. Não vai nisso nenhuma subestimação da inteligência. É que os fatos nos obrigam a uma constante revisão.

Esta semana, por exemplo, lembrei-me duma viagem a Santa Maria, no Rio Grande do Sul. Isso foi na década dos 90. Rodávamos por estradas precárias e perguntei por que não as reparavam. Alguém me disse que as estradas ali estavam perto da fronteira com a Argentina. Eram tão ruins que desestimulavam uma invasão militar.

Achei bizarro. Afinal, estamos de bem com a Argentina, já havíamos resolvido a questão nuclear fraternalmente. Aquilo era uma desculpa esfarrapada.

Voltando atrás no tempo, sigo pensando que as estradas devem ser as melhores possíveis. Mas percebo, com a paralisação da semana, que num país como o nosso deveriam ser um tema dominante na defesa nacional.

Um país não pode ser tão vulnerável. As notícias de perdas se sucedem: portos, agricultura, comércio, indústria, quase todos os setores da economia nacional foram atingidos.

Isso não quer dizer que nunca mais haverá greve de caminhoneiros. Simplesmente não podem ser devastadoras como esta.

A segunda ideia: como as coisas acontecem sem que sejam detectadas no País. As manifestações de 2013 começaram por causa dos 20 centavos a mais no preços das passagens. E surpreendentemente evoluíram para um protesto geral.

Onde estávamos todos? Talvez mais concentrados no jogo político de Brasília do que propriamente nas tensões sociais. Onde estava o governo, que recebeu uma indicação clara da greve e a subestimou?

Se fosse um pouco mais franco e transparente, pelo menos avisaria à sociedade que algo de muito grave estava para acontecer. Se não quisesse nos defender, ao menos acionaria nossos instintos de autodefesa. Não são necessariamente negativos como uma corrida aos supermercados. Havia muito o que fazer para salvar vidas, garantindo oxigênio, material de hemodiálise, enfim, artigos decisivos para a saúde pública.

Compreendo a revolta difusa contra políticos que vivem no mundo da lua. Creio que ela é inevitável no Brasil de hoje, em que a sociedade já esgotou sua cota de tolerância.

As refinarias foram bloqueadas. Como assim, as refinarias podem ser bloqueadas simultaneamente? Os grevistas chegaram primeiro, embora tenham avisado que iriam desfechar o movimento.

Compreendo a revolta difusa contra políticos que vivem no mundo da lua. Creio que ela é inevitável no Brasil de hoje, em que a sociedade já esgotou sua cota de tolerância.

Existe alguma fórmula para evitar que um governo fraco fique de joelhos sem que para isso o próprio País também tenha de se ajoelhar?

O governo Temer está preocupado em fugir da polícia e influenciar as eleições. Ele merece uma dose de caos para cair na real. Mas a sociedade, não. Ele já vem sofrendo ao longo desses anos de crise, corrupção, assalto às empresas públicas, como a Petrobras.

Existe alguma fórmula para evitar que um governo fraco fique de joelhos sem que para isso o próprio País também tenha de se ajoelhar?

O que me ocorre, as ideias ainda não voltaram todas às prateleiras: é um instrumento de Estado, uma lei talvez, que defina que o País não pode parar, independentemente das hesitações do governo.

Ao governo caberia negociar, mas dentro de um quadro em que estradas e refinarias não poderiam ser bloqueadas. Isso subordinaria as próprias negociações.

Por mais rastejante que fosse o governo, por mais concessões que estivesse pronto a oferecer, não estaria ao seu alcance permitir que o País parasse.

Finalmente, uma ideia que me faz lembrar 2013: uma revolta política despojada de uma visão real do que fazer, para onde ir.

Não se deve ignorar a presença no movimento de grupos que defendem a intervenção militar. Mesmo ignorados, estão crescendo. É preciso encará-los. Eles estão vendo a mesma decadência política que nós. Só que propõem uma saída absurda, não só pelas condições internas, mas também pelo isolamento internacional que isso representaria para o Brasil.

Foi num precário processo democrático que chegamos até aqui. E por meio dele vamos encontrar uma saída.

Já vi caminhoneiros precipitarem a queda do governo de Salvador Allende, no Chile. Estava defronte ao Palácio de La Moneda quando os aviões o sobrevoavam, anunciando o golpe. Augusto Pinochet acabou como alguns políticos brasileiros, alquebrado, de bengala, sempre nos colocando o dilema: cadeia ou prisão domiciliar para morrer em casa?

Voltar ao passado não é uma solução. É uma espécie de morte viver a História como uma repetição mecânica.

Não deixa de ser estranho ver tanta gente usando a rede social, que ampliou o potencial humano de livre expressão, pedindo uma ditadura militar. É como usar uma boia para se afogar com ela. Já não é apenas viver a História como morte, mas como suicídio.

Nossa tarefa não é tão difícil: derrubar pelo voto a maioria dos picaretas, eleger gente nova e empurrá-la para uma aliança com alguns sobreviventes, para que a inexperiência não venha a pesar tanto nas suas decisões.

Estamos num ano eleitoral. O País em frangalhos, uma esfera política desmoralizada, é nessa aridez que teremos de plantar a flor da mudança.

Um poeta consegue plantá-la no asfalto. Nossa tarefa não é tão difícil: derrubar pelo voto a maioria dos picaretas, eleger gente nova e empurrá-la para uma aliança com alguns sobreviventes, para que a inexperiência não venha a pesar tanto nas suas decisões.

Conviver com este governo e com todo o universo político é bastante doloroso. Mas não há alternativa. Em outubro já haverá um novo presidente, um novo Parlamento. Podem não ser ideais. Mas a lição destes anos é de que as más escolhas podem levar o País à desintegração.

Os adeptos do voto nulo deveriam parar um minuto e refletir sobre isso. Não existe outro mundo. Você pode deixar os políticos de lado, mas eles têm o poder de arrasar seu cotidiano.

Por favor, nada de suicídios, como a intervenção, nem masoquismo, como o voto nulo. Pelo menos, vamos tentar sair dessa maré.
Herculano
03/06/2018 08:28
CHEGOU A HORA DE COBRAR A CONTA DO LOCAUTE, por Elio Gaspari, nos jornais O Globo e Folha de S. Paulo

Todos vão pagar, mas há empresários que devem responder por algo que é crime

Demorou uma semana, mas saiu a primeira prisão. A Polícia Federal trancou Vinicius Pellenz, da empresa Irapuru, de Caxias do Sul (RS). Ele é acusado de intimidar motoristas de outras empresas: "?", nego, para teu caminhão. (...) Não leva milho, não faz nada para a Agrosul".

Desde o primeiro momento sabia-se que por trás do movimento dos caminhoneiros havia um locaute de empresas transportadoras. O que não se sabia era que havia mais que isso. Havia intimidações, como a de Pellenz, agromilícias, golpistas e jagunços infiltrados nas obstruções de rodovias. Em apenas 12 horas, o aplicativo "SOS Caminhoneiros", do governo federal, recebeu 2.000 pedidos de ajuda de motoristas. A PF abriu 54 investigações.

O pitoresco empresário Emílio Dalçoquio Neto, de Itajaí (SC), subiu num carro de som e pediu que se incendiassem os caminhões de sua transportadora que tentassem trafegar. Como a transportadora é dele, vá lá. Como a Dalçoquio já teve as finanças incendiadas e entrou em recuperação judicial, entende-se.

A Federação das Empresas de Transporte de Carga de São Paulo divulgou no seu site um vídeo mostrando a progressão do colapso que ocorreria se "os caminhões sumissem por cinco dias". Acertou, mas poderá explicar a essência da profecia.

O general Sergio Etchegoyen disse, com toda razão, que "quem apoiava a greve e apoiava as soluções teria a sua cota de responsabilidade com participação no financiamento disso". Noves fora que quem não apoiava a greve terá que financiar a solução, o chefe do Gabinete de Segurança Institucional tem um problema sobre a mesa: cobrar nos tribunais a cota de responsabilidade de quem fez locaute e formou piquetes de jagunços.

UMA BOA NOTÍCIA NUM MAR DE RUÍNAS

Começa a circular nesta semana o livro "Quatro Décadas de Gestão Educacional no Brasil", do jornalista Antonio Gois. Ele entrevistou treze ex-ministros da Educação, de Eduardo Portella (1979-1980) a Renato Janine Ribeiro (2015). Todas as entrevistas estão na rede, no site Observatório da Educação, do Instituto Unibanco.

No espaço de uma geração a percentagem do PIB investido na educação pública aumentou de 2,9% para algo em torno de 5,6%, e a de crianças de 4 a 14 anos fora da escola caiu de 35% para 7%. O analfabetismo adulto foi de 25% para 8%.

Como seria natural, todos os ministros falam bem de si próprios, mas três personagens brilham. O primeiro é o professor Murilo Hingel, o esquecido colaborador de Itamar Franco (1992-1994). Ele foi o responsável pela descentralização intelectual de um ministério "inadministrável", nas palavras de Eduardo Portela, um paquiderme chamado "Ministério da Educação, Cultura, Ciência e Tecnologia", onde se pensava que Brasília mandava nisso tudo. Para começo de conversa, Hingel descentralizou a merenda escolar.

Entre outras iniciativas felizes, a administração de Paulo Renato Souza (1995-2002) criou os exames federais que permitem avaliar o desempenho das escolas. (Paulo Renato morreu em 2011.)

Graças à existência do Enem, na gestão de Tarso Genro foi possível a criação do ProUni. Na sua narrativa está o melhor momento do livro. Ele teve a oposição da esquerda, da UNE, da academia e dos plutocratas do ensino privado. Ao completar 10 anos, o Prouni concedeu 1,5 milhão de bolsas.

Para se ter uma ideia do que é o Prouni, numa década, a GI Bill de Franklin Roosevelt concedeu 2,2 milhões de bolsas. Atribui-se a essa iniciativa o nascimento da classe média americana da segunda metade do século passado.

GOLPE NA PRAÇA

A ministra Cármen Lúcia pautou para votação no Supremo a ação do petista Jacques Wagner que indaga se o Congresso pode instituir um regime parlamentarista por meio de uma emenda constitucional.

É muito difícil que o STF compre essa girafa. O parlamentarismo já foi rejeitado pelo povo brasileiro em dois plebiscitos, mas a turma que tenta virar o jogo no replay não se cansa. Em 1961, o parlamentarismo mutilou os poderes presidenciais de João Goulart. Agora querem mutilar o direito de todos os eleitores.

Numa analogia maluca, dia desses poderão tentar revogar a Lei Áurea. Afinal, foi uma simples lei, sem qualquer amparo plebiscitário.

MCT x MST

O Movimento dos Sem Terra, com sua invasões e pneus queimados, ganhou um rival virulento, o Movimento dos Com Terra.

Em termos de violência, o MCT revelou-se muito mais perigoso que o MST.

CATRACA E TOMATES

O ministro Gilmar Mendes pode liberar a catraca que solta presos da Lava Jato, mas a decisão da juíza Renata Andrade Lotufo rejeitando a denúncia contra o cidadão que ofereceu R$ 300 para quem lhe acertasse um tomate joga luz sobre a divisão reinante no Judiciário.

Assim como Gilmar soltou Paulo Preto e Jacob Barata na defesa da liberdade individual, Lotufo sustentou que o arremesso do tomate foi um exercício da liberdade de expressão.

Antes de assumir a 4ª Vara Federal de São Paulo, a doutora foi juíza auxiliar do ministro Felix Fischer, do STJ. Ele é um dos mais severos magistrados no julgamento de réus da Lava Jato.

FACHIN SINDICAL

O ministro Edson Fachin atribuiu-se poderes imperiais. O Congresso votou o fim do imposto que obriga os trabalhadores a entregar um dia de trabalho aos sindicatos e, de sua mesa no "Pretório Excelso", ele diz que a decisão de acabar com o tributo "pode ser desestabilizadora de todo o regime sindical".

O que o Congresso decidiu foi o fim de uma cobrança compulsória. Quem se considerar bem servido pelo seu sindicato, decidirá pagar, como paga por tudo que interessa.

O "regime sindical" que o fim do imposto desestabiliza é o das roubalheiras e da pelegagem. Fachin sabe bem disso porque é o relator do processo que inclui figuras investigadas pela Operação Registro Espúrio. Nela, a Polícia Federal cumpriu 23 mandados de prisão e 64 de busca e apreensão de uma quadrilha que vendia registros de sindicatos. Num caso, cobravam R$ 4 milhões por um registro. Se a propina valia isso, a boca era boa.

Vale lembrar que nas tetas do imposto sindical não estão apenas guildas de trabalhadores, mas também as de cidadãos que se dizem representantes de empresários.

ALEMANHA 5 x 0

Diante da ruína e com Pedro Parente pedindo o chapéu, Pindorama está como a Seleção Brasileira em 2014, quando foi para o vestiário depois do primeiro tempo contra a Alemanha, com um placar de 5 x 0.

Tratava-se de voltar ao gramado e torcer para que os 45 minutos adicionais acabassem logo com o pesadelo.

Agora, trata-se de aguentar quatro meses, até a eleição de 7 de outubro.
Herculano
02/06/2018 09:02
da série: aos que defendem a intervenção e a ditadura militar. Um entre muitos exemplos.

DITADURA ABAFOU APURAÇÃO DE CORRUPÇÃO DOS ANOS 70 REVEM DOCUMENTOS BRITÂNICOS

Papéis detalham como Brasil chegou a abrir mão de indenização por compra superfaturada de navios

Conteúdo do jornal Folha de S. Paulo. Texto de Daniel Buarque, de Londres. Documentos confidenciais históricos do governo do Reino Unido revelam que a ditadura brasileira atuou para abafar uma investigação de corrupção na compra de fragatas (navios de escolta) construídas pelos britânicos nos anos 1970. Os fatos narrados nos papéis ocorreram durante os governos dos generais Emílio Garrastazu Médici (1969-1974) e Ernesto Geisel (1974-1979).

Segundo os registros, em 1978 o Reino Unido estava disposto a investigar denúncia de superfaturamento na compra de equipamentos para a construção dos navios vendidos ao Brasil e se ofereceu para pagar indenização de pelo menos 500 mil libras ao Brasil (o equivalente a quase 3 milhões de libras hoje - ou R$ 15 milhões).

Em vez de permitir e ajudar no inquérito que seria do interesse do Brasil, o regime militar abriu mão de receber o valor e rejeitou os pedidos britânicos para ajudar na investigação ?"que foi recebido com estranheza em Londres.

"Os brasileiros claramente desejaram manter o assunto de forma discreta", diz um dos documentos. "É evidente que eles não gostariam que mandássemos um time de investigadores e não iriam colaborar com um, se ele fosse. O embaixador concluiu que o risco de sérias dificuldades com as autoridades brasileiras, o que poderia ser levantado por uma investigação, não deve ser assumido", diz outro trecho dos despachos diplomáticos a que a Folha teve acesso.

"Há um mistério até hoje não resolvido, e só agora revelado. Por que, diante de uma investigação detalhada ao Brasil, o governo brasileiro resolveu não apenas impedir a vinda de autoridades britânicas, como não quis o dinheiro que tinha líquido e certo para receber?", questiona o pesquisador brasileiro João Roberto Martins Filho, responsável pela descoberta dos documentos.

Martins Filho é professor da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar) e desenvolveu pesquisa nos arquivos da diplomacia britânica durante a ditadura brasileira durante período no King's College de Londres.

Ele é autor do livro "Segredos de Estado: O Governo Britânico e a Tortura no Brasil (1969-1976)" (Ed. Prismas), em que revela a conivência do governo em Londres com a tortura no Brasil.

O caso dos navios está registrado em uma pasta de documentos diplomáticos intitulada "Alleged fraud and corruption by Vosper Thornycraft (UK) with government of Brazil", que contém contém 139 páginas de registros históricos sobre o caso. A pasta foi fechada em 1978, e inclui documentos a partir de 1977.

Em entrevista à Folha, Martins Filho disse que teve primeiro contato com a pasta de documentos há dois anos, durante pesquisa em Londres, mas que só agora conseguiu finalizar a análise detalhada dos documentos. "Tem muito historiador que tem documentos que podem ser bombas, mas ninguém teve capacidade de analisar tudo até agora", disse.

A denúncia revelada por ele diz respeito ao acordo firmado entre Brasil e Reino Unido em 1970 para a compra de seis fragatas, das quais quatro seriam construídas nos estaleiros da firma Vosper, no Sul da Inglaterra, e duas no Arsenal da Marinha do Rio de Janeiro (AMRJ).

O primeiro desses navios, a fragata Niterói, foi lançada ao mar em 8 de fevereiro de 1974 e incorporada a 20 de novembro de 1976. Ela foi seguida pelas fragatas Defensora, Constituição e Liberal. No Brasil, seriam construídas as fragatas Independência e a União.

Cada uma dessas fragatas tinha pouco mais de 129 metros de comprimento e capacidade para uma tripulação de 209 pessoas, com raio de ação de até 4.200 milhas náuticas. Elas continuam em uso pela Marinha brasileira.

FORÇA-TAREFA NO LÍBANO
Segundo o site da Marinha, no fim do ano passado, a Fragata União, por exemplo, regressou ao Brasil após capitanear a Força-Tarefa Marítima da Força Interina das Nações Unidas no Líbano. No início deste ano, a fragata Independência assumiu o lugar dela no país. Já a fragata Liberal foi recentemente aberta à visitação do público em Santa Catarina.

Segundo a investigação realizada em Londres nos anos 1970, o estaleiro britânico contratado para construir os navios pedia desconto aos fornecedores, que entregavam os equipamentos para a construção das fragatas, mas as notas fiscais saíam com o preço sem o desconto. "O equipamento era fornecido, mas não por aquele preço", disse o professor.

Os documentos mostram que o governo inglês ficou preocupado porque depois do contrato se tornou o dono do estaleiro e recebeu a denúncia de fraude. Londres havia sido avalista de todas as notas do negócio, explicou Martins Filho, então o governo quis evitar ser acusado de ter responsabilidade.

"A coisa foi tão séria que chegou ao Ministro de Relações Exteriores e até mesmo ao primeiro-ministro James Callaghan", disse Martins Filho.

Segundo ele, após uma reunião com o representante do governo brasileiro em Londres, entretanto, os britânicos se mostravam surpresos porque o Brasil não fez nenhuma menção de cobrar reparação pelo que foi desviado. Em determinado trecho, um documento da pasta indica que os brasileiros preferiam que o assunto seja "deixado de lado" o mais rapidamente possível.

"O governo inglês fica sem entender por que o governo brasileiro não queria receber de volta o valor numa ordem de 500 mil libras", diz Martins Filho.
Herculano
02/06/2018 08:55
A VOZ DO POVO, por Demétrio Magnoli, geógrafo e sociólogo, no jornal Folha de S. Paulo

O que o brasileiro diz é que a roda de um caminhão esmagou o sistema político

Decifra-me ou devoro-te! Segundo o Datafolha, 87% dos brasileiros aprovaram o movimento que paralisou o país durante uma semana e 56% defenderam sua continuidade. Ao mesmo tempo, 87% rejeitaram os aumentos de tributos e cortes de gastos públicos necessários para atender às reivindicações do movimento - e 56% avaliaram que o resultado é prejudicial ao "brasileiro em geral". A "voz do povo" não faz sentido lógico. Mas há método na loucura.

Sondagens sobre a opinião subjetiva a respeito de eventos em curso são investigações complexas. A formulação intrínseca e a contextualização das perguntas têm forte impacto nas respostas. Uma pesquisa do Ideia Big Data, divulgada em O Globo e realizada dias antes, registrou desaprovação majoritária ao movimento (55%). Não há, porém, como fugir ao desafio da esfinge expresso pela contradição interna exposta no relatório do Datafolha. Atrás dela, distinguem-se os contornos da ruína de nosso sistema político.

Greve é o eufemismo destinado a ocultar a precisa natureza de um locaute articulado entre as grandes empresas de transporte e setores politicamente organizados dos caminhoneiros autônomos. O movimento tornou letra morta o direito de ir e vir, provocou o colapso de atividades essenciais, causou perdas universais irreparáveis. À primeira vista, sacralizamos o "direito de manifestação", elevando-o ao estatuto de dogma e aceitando que seu exercício extremado implique a abolição de todos os outros direitos. De certo modo, absorvemos a pedagogia do lulopetismo, que serve hoje ao bolsonarismo: o "povo organizado", a corporação, vale mais que a nação.

O "brasileiro em geral" é o povo desorganizado, o cidadão comum. Os "brasileiros em geral", alvos da sondagem do Datafolha, habituaram-se à ideia de que os interesses privados sempre triunfam. Os políticos beneficiam-se de propinodutos subterrâneos. Os empresários, de subsídios oficiais, refinanciamentos de dívidas, contratos superfaturados. Os juízes e promotores, de rendas privilegiadas, como a exorbitância do auxílio-moradia. Se as corporações de fidalgos podem, por que não a corporação dos caminhoneiros, que são gente comum? No elogio da baderna, avulta uma ânsia por igualdade.

Traçam-se paralelos errados, que contêm grãos de verdade relevante. O maio de 2018 não é, nem de longe, a retomada do junho de 2013. De fato, sob um aspecto decisivo, um evento representa o oposto do outro. "Brasil, é hora de acordar: o professor vale mais que o Neymar" - cinco anos atrás, na Paulista, protestava-se contra a subordinação do bem público ao interesse privado.

Agora, nas estradas interrompidas, exigiu-se o bem privado, às custas da imolação do interesse público. A desoneração da folha das transportadoras, o tabelamento do frete, a contratação de transporte sem licitação, o controle do preço do diesel serão pagos por mais impostos, mais inflação, menos educação e menos saúde. Mas, na percepção da maioria, dessa vez, para variar, triunfou uma "corporação dos humildes". Somos todos caminhoneiros - eis uma mensagem expressa nas estatísticas do Datafolha.

Os grãos de verdade espalham-se além dessa constatação. Nas "jornadas de junho", em 2013, o povo nas ruas dobrou a arrogância do governo, estragando a festa nacionalisteira da Copa.

Agora, nas estradas, segundo a interpretação predominante, o governo sofreu uma humilhação inédita, rendendo-se a gente sem sobrenome, sem rosto, sem cargo, sem partido. "Não aceitamos pagar a conta da derrota do governo" - o pensamento mágico, a dissociação absoluta entre causa e efeito, faz parte do raciocínio. Na visão da maioria, o mundo das regras cedeu lugar à regra da força.

O governo acabou? Sim, claro, mas isso é só o óbvio. Na véspera das eleições, o povo está dizendo que a roda de um caminhão esmagou todo o sistema político.
Herculano
02/06/2018 08:48
PARENTE PROVOCA ESTRAGOS ATÉ SAINDO DA PETROBRAS, por Cláudio Humberto, na coluna que publicou neste sábado nos jornais brasileiros

Após adotar a política de reajustes quase diários dos combustíveis que provocaria um "tsunami" na economia, o ex-presidente da Petrobras Pedro Parente deixou o cargo fazendo mal às finanças da estatal. Ao anunciar sua saída pelas 11h da manhã desta sexta-feira (1º), em vez de esperar o fim da tarde, com o mercado financeiro já encerrado, ele saiu em grande estilo, espalhafatosamente, derrubando o valor das ações e até da Petrobras, só ontem desvalorizada em R$ 46 bilhões.

VÁ SOMANDO AÍ
Está na conta da gestão de Pedro Parente o custo de R$10 bilhões do governo para atender as demandas dos caminhoneiros.

NÃO PERCA AS CONTAS
Os setores da indústria e serviços estimam perdas de R$27,7 bilhões durante a greve. Em cinco dias, a agricultura perdeu R$6,6 bilhões.

PERDAS DE R$80 BILHÕES
O mercado estima que a Petrobras desvalorizou R$80 bilhões, durante a greve dos caminhoneiros provocada pela política de Pedro Parente.

MOTIVOS DE SOBRA
No total, o governo teve 128 bilhões de motivos para Temer demitir Pedro Parente. Mas o presidente preferiu esperar que se demitisse.

BB NÃO DEBATEU EDITAL DE LICITAÇÃO SOB SUSPEITA
Ao contrário de outras ocasiões, a diretoria de Marketing do Banco do Brasil não discutiu em audiência pública a minuta do edital de licitação para contratar "até quatro" agências de publicidade, que vão aplicar a verba de propaganda meio bilhão de reais. O teor do edital somente foi conhecido após publicação e provocou suspeita de direcionamento. É que no mercado apenas quatro agências, todas ligadas a grupos internacionais, teriam condições de atender às exigências do edital.

ELAS TÊM A FORÇA
Entre as agências que teriam condições de atender as exigências do edital do BB está Talent (Grupo WPP) e JW Thompson.

ESTAS TAMBÉM
Também as agência Olgilvy, Mccann e LewLara/TBWA, todas ligadas a grupos internacionais, poderiam se habilitar à licitação.

FUNIL ESTREITO
Na licitação de 2016, o BB escolheu uma agência minúscula. Agora exige das interessadas lucro mínimo de R$12,5 milhões.

BENDINE NO CURRÍCULO
O site Diário do Poder antecipou a escolha de Ivan Monteiro para presidir a Petrobras, nesta sexta (1º). Monteiro foi levado à estatal por Aldemir Bendine, o seu presidente do governo Dilma, que está preso.

SOMOS UM TESOURO
Além de pagarmos a redução de R$ 0,46 no diesel para caminhoneiros, bancaremos também as diárias e horas extras dos fiscais do governo que vão checar neste sábado se os postos estão honrando o acordo.

É LIVRE FANTASIAR
A CUT viaja na maionese, em seu próprio mundo: atribuiu a saída de Pedro Parente da Petrobras à greve de 24h dos petroleiros, que aliás não teve importância alguma e não produziu qualquer impacto.

TODO MUNDO GANHA
A venda direta por produtores aos postos criará um "círculo virtuoso", segundo Fernando Safatle, autor de A economia política do etanol. "Haverá queda significativa do preço do combustível, que onera em até 40% o preço dos produtos brasileiros por causa do frete", explica.

REGALIA E CARTEIRADA
Enquanto brasileiros perdiam horas preciosas em filas quilométricas para abastecer, carros oficiais enchiam o tanque usando grana pública e ainda furavam ou criavam filas exclusivas de atendimento prioritário.

BAIANO PERDOA
Outro petista que deve garantir mandato em 2019, na Bahia, é Jaques Wagner. Com duas vagas para o Senado, o ex-ministro tem 47,2% e lidera as intenções de voto, segundo o instituto Paraná Pesquisas.

NEGóCIO BOM É VEÍCULO
Além de caminhoneiros, que obrigaram o governo editar três medidas provisórias num só dia, apenas a indústria automobilística conseguiu ganhar do governo tantas MPs num único dia. Mas aí custou uma grana preta no balcão de negócios do governo do PT.

TROCANDO EM MIÚDOS
O governo federal faturou mais de R$1,15 trilhão entre janeiro e maio, R$987 bilhões foram impostos, segundo o Impostômetro. O valor seria maior se entrassem na conta R$ 237 bilhões aferidos no Sonegômetro.

PENSANDO BEM?
... na Petrobras, de Parente, só a família.
Herculano
02/06/2018 08:37
O PUTSCH DOS CAMINHONEIROS, por André Singer, ex-assessor do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, PT, no jornal Folha de S. Paulo

Enfraquecida e acuada, Presidência criou o mais perigoso vazio desde a redemocratização

No futuro, pesquisadores irão contar como, de fato, se deu o desarme da bomba autoritária que rondou o Brasil na boleia de um caminhão desgovernado entre a manhã da sexta (25/5) e a da terça (28). Na noite anterior às quatro jornadas semicaóticas, a Presidência da República, enfraquecida e acuada, havia feito concessões e firmado um acordo com os revoltosos. No entanto, durante 96 horas nada se mexeu, criando o mais perigoso vazio desde a redemocratização de 1985.

Parada, a nação assistiu grupos condicionarem a liberação das estradas a uma "intervenção militar". Enquanto a sublevação ganhava o comando do espetáculo, um silêncio sepulcral emanava das instituições. Apenas quando o pior tinha passado, forças políticas saíram da letargia para defender o regime democrático.

No meio da paralisia, o desconcerto era tamanho que cheguei a pensar tratar-se de mera encenação temática para comemorar os 80 anos do putsch integralista contra Getúlio Vargas. Mas diferentemente de 1938, quando tentaram tomar o palácio presidencial à força, os manifestantes de 2018 não gritavam anauê nem usavam o sigma na camisa uniformizada. Contavam, porém, com um candidato a presidente que, em alguns cenários, beirava os 20% das intenções de voto, enquanto Plínio Salgado, líder das tropas de assalto verdes, só chegou a 8,3%, em 1955.

Convém notar, igualmente, que os atuais defensores da ditadura não se encontram (ainda) estruturados em milícias com treinamento militar, como ocorria com os integrantes da Ação Integralista Brasileira (AIB). O uso da violência, contudo, vem-se tornando recorrente. Tiros sobre a caravana de Lula no sul, disparos contra membros do acampamento de Curitiba e a pedra que matou um motorista em Rondônia na quarta (30) constituem indícios suficientes.

Também a proximidade entre civis e militares chamava a atenção. Assim como o capitão Olympio Mourão Filho -futuro detonador do golpe de 1964 - era o chefe do estado-maior da milícia integralista, há generais da reserva que apoiam Jair Bolsonaro.

Mas de repente, sem que fosse necessário prender as lideranças do levante, a normalidade começou, lentamente, a se restabelecer. Será que o anúncio, pela presidente do STF, de que em três semanas seria julgada a ação relativa ao parlamentarismo teve algum papel indireto na desmobilização das rodovias? Ou, apenas, como escreveu o jornalista Bruno Boghossian, "os políticos alinhados à farda querem assumir o poder pela porta da frente" (eleições)?

Por ora, ignorantes, fiquemos com a impagável frase de Michel Temer: "Graças a Deus estamos encerrando essa greve". Só a Deus.
Herculano
02/06/2018 08:30
PRIORIDADE DO BRASIL É REVOGAR A "LEI DE MURPHY", por
Josias de Souza

O Brasil enfrenta a crise dos 'Três Ds'. Faltam ao país decência, direção e desenvolvimento. No dia 1º de janeiro de 2019, Michel Temer será apenas matéria-prima para a Polícia Federal. Haverá outro inquilino na Presidência da República. Nem por isso a corrupção desaparecerá, a luz surgirá no fim do túnel e 13 milhões de carteiras de trabalho serão assinadas. O Brasil ainda será um país por fazer.

O derretimento do atual governo tornou a satanização de Temer um passatempo inútil. A essa altura, os presidenciáveis deveriam demonstrar ao eleitorado que são capazes de inaugurar um espetáculo novo. Mas a maioria desperdiça a sua hora oferecendo raiva e indefinições. O vácuo conceitual é tão dramático que um pedaço da sociedade começa a considerar a própria democracia desnecessária. É como se o Brasil estivesse condenado a viver sob o domínio da Lei de Murphy.

Abre parêntese: o capitão Edward Murphy, da Força Aérea dos Estados Unidos, enxergou o DNA da urucubaca ao acompanhar os experimentos de seu chefe, o major John Paul Stapp. Cobaia de testes de resistência a grandes acelerações, Stapp desafiava a velocidade num trenó-foguete. Em 1949, bateu o recorde de aceleração. Mas não conseguiu celebrar o feito. Os acelerômetros do veículo não funcionaram.

Engenheiro, Murphy foi investigar o que havia ocorrido. Descobriu que um técnico ligara os circuitos dos aparelhos ao contrário. E concluiu: "Se há mais de uma forma de fazer um trabalho e uma dessas formas redundará em desastre, então alguém fará o trabalho desta forma". Em entrevista, Stapp se referiu à frase como "Lei de Murphy". Resumiu-a assim: "Se alguma coisa pode dar errado, dará". Fecha parêntese.

Quando FHC passou pelo poder, consolidou o Plano Real, um feito econômico notável. Na política, porém, entregou-se a realpolitik que o tornou aliado do rebotalho parlamentar. O PSDB desfigurou-se. Nunca mais retornou ao Planalto. Quando Lula chegou à Presidência, preservou os pilares da econômica e distribuiu renda. Mas comprou com moeda sonante o apoio da mesma banda arcaica que se aninhara sob FHC. Deu em mensalão e petrolão. A certa altura, a verba da arca eleitoral clandestina se confundia com o dinheiro que bancou os conforto$. Deu em cadeia.

Tomados pelo espírito da Lei de Murphy, tucanos e petistas jamais conseguiram se unir. Preferiram se juntar ao atraso. Deu no que está dando. Ao deixar a Presidência, Lula poderia ter levado seus 83% de popularidade para a câmara de descompressão de São Bernardo. Optou por continuar mandando por meio de Dilma Rousseff. E ainda enfiou Michel Temer na vice. Murphy em dose dupla.

Temer talvez não se reelegesse deputado. Mas foi convertido em presidente pelo destino e pelos traidores do petismo. Poderia ter compreendido seu papel histórico, compondo um ministério de notáveis. Preferiu entregar a maioria das pastas a dois tipos de aliados: os capazes de tudo e os incapazes de todo. Chega ao ocaso do seu mandato cercado de auxiliares fora da lei e com quatro fardos sobre os ombros: duas denúncias e dois inquéritos por corrupção. Murphy elevado à última potência.

A Lava Jato dividiu os políticos em dois grupos: os culpados e os cúmplices. Como não consegue enxergar inocentes, o eleitorado também se dividiu em duas alas: a dos pessimistas e dos desesperados. A primeira banda engrossa o bloco dos sem-candidato; a segunda, em vez de aproveitar os escândalos e a ladroagem para qualificar o próprio voto, sonha em resolver a bagunça com ditadura. É a Lei de Murphy em sua versão "manu militari".

O descrédito no sistema político é tão devastador que a liberdade democrática produz a fúria dos imbecis - gente que compreende a democracia como um regime em que o sujeito tem ampla e irrestrita liberdade para exercitar sua capacidade de fazer besteiras por conta própria - como trocar ofensas, defender corruptos e pregar a volta dos militares nas redes sociais. É a tecnologia a serviço do efeito Murphy.

A paralisação dos caminhoneiros, uma espécie de junho de 2013 com boleia, expôs o tamanho da indignação dos brasileiros: 87% dos entrevistados do Datafolha disseram apoiar um movimento que impôs à sociedade o desasbastecimento de combustíveis e mantimentos, que reteve medicamentos e retardou cirurgias, que apavorou pacientes dependentes de hemodiálise. É como se as pessoas quisessem produzir o caos que transformará o Brasil num lugar perfeito para a construção de algo inteiramente novo.

O problema é que a fome do "novo" esbarra numa legislação que privilegia a eleição de um Congresso Nacional velho. Muitos se perguntam quem será o próximo presidente da República. Convém formular uma segunda questão: como será governado o país a partir de 2019? Juntando-se o salvacionismo de certos presidenciáveis com o arcaísmo de sempre, perpetua-se o desastre. Ou o Brasil revoga a Lei de Murphy ou ficará mais próximo da Idade Média do que da Renascença.
Herculano
02/06/2018 08:16
PARENTE FORA, editorial do jornal Folha de S. Paulo

Troca de comando na Petrobras acentua temores de retrocesso na recuperação da estatal

Pelos motivos e pelo momento, a saída de Pedro Parente do comando da Petrobras gera efeito inicial desastroso para a imagem da empresa e o que resta da credibilidade do governo Michel Temer (MDB).

Não se trata de endeusar a figura do executivo, nem de imaginar que sua gestão fosse imune a falhas ou excessos. Fato é que, voluntária ou forçada, sua demissão revela a estatal novamente vulnerável a injunções de Brasília

Na véspera via-se o chefe da Casa Civil, Eliseu Padilha, a ameaçar com multas postos que não baratearem o óleo diesel. O que parecia um retorno aos fracassados controles dos anos 1980 era nada mais que um desdobramento da recente interferência na política de preços da Petrobras.

Esta pode, sim, ser debatida e aperfeiçoada. O que houve, porém, foi um congelamento decidido de afogadilho, sob a pressão da paralisação dos caminhoneiros - à qual se somaram sindicatos, entidades patronais, parlamentares e pré-candidatos de diferentes correntes ideológicas.

Nos últimos dois anos, durante a gestão de Parente, empreendeu-se um esforço bem-sucedido para tirar a Petrobras do fosso ao qual fora atirada por uma combinação de investimentos tresloucados, corrupção generalizada e represamento populista de preços.

A estratégia de repassar automaticamente ao mercado doméstico as variações da cotação internacional do petróleo teve papel fundamental na recuperação da empresa, que deixou para trás quatro anos consecutivos de prejuízos.

Entretanto o encarecimento acelerado do produto e a alta também aguda do dólar tornaram por demais amarga a dose do remédio. De súbito o governo se encontrou sem respostas para uma insatisfação que ganhou o apoio da maioria do eleitorado nacional.

Consumado o erro político, cumpre agora evitar o pior. Eventuais ajustes da sistemática de preços não podem significar o retorno a controles irrealistas que, cedo ou tarde, sacrificam o contribuinte.

Há que examinar com seriedade a alta carga tributária incidente sobre os combustíveis, que envolve também os impostos estaduais.

A posição monopolista da Petrobras no refino, além disso, a torna senhora do mercado e alvo da demanda por intervenções de todo tipo. Liberalizar o setor e fortalecer sua agência reguladora seriam medidas na direção correta.

Infelizmente, nada disso se resolverá no curto prazo. Por ora, importa afastar os temores de novos retrocessos na administração da maior empresa brasileira.
Herculano
02/06/2018 08:09
DO SENADOR BRASILIENSE CRISTOVAN BUARQUE. EX-MINISTRO DE EDUCAÇÃO DE LULA, EX-PT E PDT E HOJE NO PPS

Pedro Parente errou no reajuste diário. Mas caiu pq ñ respira o ar da demagogia c/ q desejam contaminar outra vez a economia. Não se constrói justiça social sobre economia ineficiente. Se manipulação do preço de estatal fizesse justiça social, os venezuelanos ñ estariam fugindo.
Herculano
01/06/2018 17:34
CONSELHO DA PETROBRÁS ESCOLHE IVAN MONTEIRO COMO PRESIDENTE INTERINO, MAS TEMER QUER NOME DEFINITIVO AINDA NESTA SEXTA-FEIRA

Conteúdo do portal G1 - O presidente Michel Temer disse a interlocutores que pode anunciar ainda nesta sexta-feira (01) o nome definitivo para substituir Pedro Parente no comando da Petrobras. O Conselho de Administração da estatal está reunido hoje à tarde para, a princípio, escolher um interino, mas Temer está fazendo consultas para buscar o nome que ficaria de fato no lugar de Parente.

Interlocutores de Temer disseram ao blog que o presidente analisa uma solução interna, escolhendo um dos nomes da diretoria montada por Pedro Parente e que deve permanecer na estatal. Dois nomes são citados como mais fortes caso seja essa a decisão: Ivan Monteiro, diretor financeiro, e Solange Guedes, diretora de exploração e produção.

Segundo auxiliares presidenciais, Temer busca uma escolha definitiva ainda hoje para acalmar o mercado e evitar especulações sobre o rumo que a Petrobras irá tomar daqui para a frente, sem Pedro Parente no seu comando. Ele entrou com Temer, escolhido pelo presidente como um nome de credibilidade e com apoio total do mercado.
Herculano
01/06/2018 17:26
GILMAR, O INSUSPEITO

Conteúdo de O Antagonista.Ao soltar Orlando Diniz, Gilmar Mendes manteve a conduta recente de não se declarar suspeito para atuar em casos que possam sugerir algum conflito de interesses.

Como a Crusoé mostrou, a Fecomércio patrocinou evento do IDP em Lisboa. O valor de R$ 50 mil aparece também em relatório sigiloso da Receita, obtido por O Antagonista, no âmbito da Operação Jabuti.

O curioso dessa história é que o ministro já se declarou suspeito em processo de interesse da Fecomércio, mas isso foi antes de Diniz ser colhido pela Lava Jato.

Na ocasião, o conflito era duplo: o advogado da Fecomércio na ação era Sérgio Bermudes, que tem como sócia no escritório a mulher do próprio Gilmar.
Herculano
01/06/2018 17:18
CARTA DE DEMISSÃO DE PARENTE TRAZ COISAS BOAS, MÉDIAS E RUINS, por Reinaldo Azevedo, na Rede TV

Pedro Parente, que se demitiu da Presidência da Petrobras, escreveu uma longa - para as missivas do "gênero demissão" - carta ao presidente Michel Temer. Há ali uma soma de tudo: há o bom, o médio e o ruim quando se considera contexto.

Já expressei aqui o meu apreço pela política implementada por Parente na Petrobras. Mas tenho, sim, reservas ao modo se deu o conjunto da obra. E sua carta me fez distinguir a coisa com ainda mais clareza. Abaixo, segue a integra. Vou escrever um texto analítico a respeito. Por ora, fiquem com o inteiro conteúdo do documento.

"Excelentíssimo Senhor Presidente da República,

Quando Vossa Excelência me estendeu o honroso convite para ser presidente da Petrobras, conversamos longamente sobre a minha visão de como poderia trabalhar para recuperar a empresa, que passava por graves dificuldades, sem aportes de capital do Tesouro, que na ocasião se mencionava ser indispensável e da ordem de dezenas de bilhões de reais. Vossa Excelência concordou inteiramente com a minha visão e me concedeu a autonomia necessária para levar a cabo tão difícil missão.

Durante o período em que fui presidente da empresa, contei com o pleno apoio de seu Conselho. A trajetória da Petrobras nesse período foi acompanhada de perto pela imprensa, pela opinião pública, e por seus investidores e acionistas. Os resultados obtidos revelam o acerto do conjunto das medidas que adotamos, que vão muito além da política de preços.

Faço um julgamento sereno de meu desempenho, e me sinto autorizado a dizer que o que prometi, foi entregue, graças ao trabalho abnegado de um time de executivos, gerentes e o apoio de uma grande parte da força de trabalho da empresa, sempre, repito, com o decidido apoio de seu Conselho.

A Petrobras é hoje uma empresa com reputação recuperada, indicadores de segurança em linha com as melhores empresas do setor, resultados financeiros muito positivos, como demonstrado pelo último resultado divulgado, dívida em franca trajetória de redução e um planejamento estratégico que tem se mostrado capaz de fazer a empresa investir de forma responsável e duradoura, gerando empregos e riqueza para o nosso país. E isso tudo sem qualquer aporte de capital do Tesouro Nacional, conforme nossa conversa inicial. Me parece, assim, que as bases de uma trajetória virtuosa para a Petrobras estão lançadas.

A greve dos caminhoneiros e suas graves consequências para a vida do País desencadearam um intenso e por vezes emocional debate sobre as origens dessa crise e colocaram a política de preços da Petrobras sob intenso questionamento. Poucos conseguem enxergar que ela reflete choques que alcançaram a economia global, com seus efeitos no país. Movimentos na cotação do petróleo e do câmbio elevaram os preços dos derivados, magnificaram as distorções de tributação no setor e levaram o governo a buscar alternativas para a solução da greve, definindo-se pela concessão de subvenção ao consumidor de diesel.

Tenho refletido muito sobre tudo o que aconteceu. Está claro, Sr. Presidente, que novas discussões serão necessárias. E, diante deste quadro fica claro que a minha permanência na presidência da Petrobras deixou de ser positiva e de contribuir para a construção das alternativas que o governo tem pela frente. Sempre procurei demonstrar, em minha trajetória na vida pública que, acima de tudo, meu compromisso é com o bem público. Não tenho qualquer apego a cargos ou posições e não serei um empecilho para que essas alternativas sejam discutidas.

Sendo assim, por meio desta carta, apresento meu pedido de demissão do cargo de Presidente da Petrobras, em caráter irrevogável e irretratável. Coloco-me à disposição para fazer a transição pelo período necessário para aquele que vier a me substituir.

Vossa Excelência tem sido impecável na visão de gestão profissional da Petrobras. Permita-me, Sr. Presidente, registrar a minha sugestão de que, para continuar com essa histórica contribuição para a empresa ?" que foi nesse período gerida sem qualquer interferência política - Vossa Excelência se apoie nas regras corporativas, que tanto foram aperfeiçoadas nesses dois anos, e na contribuição do Conselho de Administração para a escolha do novo presidente da Petrobras.

A poucos brasileiros foi dada a honra de presidir a Petrobras. Tenho plena consciência disso e sou muito grato a que, por um período de dois anos, essa honra única me tenha sido conferida por Vossa Excelência.

Quero finalmente registrar o meu agradecimento ao Conselho de Administração, meus colegas da Diretoria Executiva, minha equipe de apoio direto, os demais gestores da empresa e toda força de trabalho que fazem a Petrobras ser a grande empresa que é, orgulho de todos os brasileiros.

Respeitosamente,

Pedro Parente"
Herculano
01/06/2018 13:02
O QUE SOBROU DO GOVERNO TEMER? por Helena Chagas, em Os Divergentes

A demissão de Pedro Parente era desejada por muita gente na área política e na base aliada do governo - que agora, em sua extrema fragilidade, vai ceder a tudo e a todos, em todas as circunstâncias.

Só que os políticos que pediam a cabeça de Parente não estavam esperando sua saída assim, pedindo demissão e dando a última palavra. Na verdade, eles estão se lixando com Petrobras, e usavam a conversa da demissão como uma forma de dizer que estavam do lado do público e dos caminhoneiros que reclamavam do preço extorsivo do combustível.

A conversa dos políticos contra Parente destinava-se sobretudo a mostrar, nesses meses pré-eletorais, que estão contra os aumentos e que a culpa era de Pedro Parente.

Só que não era. Quem decidiu colocá-lo lá, para as mudanças na estatal, foi Michel Temer e, obviamente, as forças que apoiaram o impeachment e o sustentaram.

Quem mais deve ganhar com a saída é o próprio Parente, que tem emprego garantido na BRF. Quem mais perde é o governo, ou o que sobrou dele. E sobrou pouco, depois das concessões da greve e do desmonte do "dream team" da economia que tanto impressionou mercado e o establishment no início do governo Temer.
Herculano
01/06/2018 12:58
De Carlos Andreazza, no Twitter

Obviedade cantada há dez dias: a queda de Parente, apoiada pelos revolucionários da direita, é presente para o discurso eleitoral esquerdista. A ideia era fomentar uma revolução tributária, né? O resultado: mais Estado, mais interferência. Chamaram o capeta pra dançar. Ele veio.
Herculano
01/06/2018 12:56
OPOSIÇÃO COMEMORA SAÍDA

Conteúdo BR 18.Como era previsível, os partidos de oposição festejaram a saída de Pedro Parente do comando da Petrobras. A presidente nacional do PT, senadora Gleisi Hoffmann (PR), aproveitou para criticar toda a política do governo.

"Não basta trocar o entreguista Pedro Parente na Presidência da Petrobras. Tem de mudar sua política de preços para os combustíveis e a ofensiva privatista na empresa e na entrega do pré-sal. Tem de recuperar a Petrobrás para o Brasil e para os brasileiros", atacou.
Herculano
01/06/2018 12:39
O QUE A QUEDA DE PARENTE REVELA SOBRE O BRASIL, por José Fucs, no BR18

A saída de Pedro Parente da Petrobrás é um sinal do quanto o capitalismo no Brasil é mal compreendido, do populismo que impera na arena política e da enorme resistência existente na própria sociedade para colocar o País nos eixos. Mais que tudo, no momento, ela amplifica as dúvidas e as preocupações sobre o futuro reservado ao País, com as escolhas que faremos nas eleições de outubro.

Parente caiu não por seus eventuais erros, mas por seus acertos. Executivo tarimbado, ele reergueu a Petrobrás dos saques feitos pelo PT e por seus aliados. Procurou administrá-la como empresa privada, de olho nos resultados, sem ceder a pressões políticas e sem fazer demagogia com os preços dos combustíveis. A blindagem que promoveu contra a pilhagem dos políticos e o uso da Petrobrás como ferramenta de política econômica, provocou a ira das esquerdas e da direita pitbull, que realizaram um verdadeiro massacre contra ele nos últimos dias nas redes sociais. Pior para o Brasil. /

HARTUNG: "A SAÍDA NEGATIVA PARA O BRASIL", por Vera Magalhães, no jornal O Estado de S. Paulo

O governador do Espírito Santo, Paulo Hartung, achou "negativa" a saída de Pedro Parente do comando da Petrobras. "Pedro Parente foi levado à presidência da empresa no pior momento da história da Petrobras e liderou seu bem sucedido processo de recuperação", disse.

"O pedido de demissão dele é compreensível em face da problemática conjuntura que vive o País, mas tenho certeza que a sua saída é negativa para a Petrobras e para o Brasil", acrescentou.
Herculano
01/06/2018 11:40
PEDRO PARENTE PEDE DEMISSÃO DA PETROBRÁS

O presidente da Petrobras, Pedro Parente, pediu demissão na manhã desta sexta-feira (1º).

De acordo com comunicado da estatal, a nomeação de um CEO interino será examinada ao longo do dia pelo Conselho de Administração.

Ainda de acordo com o comunicado, a diretoria executiva da companhia não sofrerá qualquer alteração.
Herculano
01/06/2018 11:10
SEM GOLPE E SEM VENEZUELA

Conteúdo de O Antagonista. Não tem golpe. E não tem Venezuela.

Eliane Cantanhêde, no Estadão, diz:

"A paralisação dos caminheiros sacudiu o governo, acionou o Legislativo e o Judiciário e deixou um rastro de prejuízos bilionários, mas ensinou duas lições: 1) diferentemente do que ocorre na Venezuela, as crises são pontuais, enfrentadas por instituições sólidas e solucionadas; 2) a insatisfação é generalizada, inclusive nos meios militares, mas não há lideranças dispostas a transformar o caos em inferno (...).

Está difícil encontrar homens-bomba contra a democracia. Há militares com liderança e força, mas não querem e sabem que não podem nem devem. E, se há militares que queiram e acham que podem e devem, não têm liderança nem força. Sem unir liderança, força e vontade, não tem golpe. Aliás, não terá golpe nenhum. Que venham as eleições!"
Herculano
01/06/2018 11:08
da série: o que escrevi na segunda (e fui massacrado por gente radical, egoísta e analfabeta que habitam as redes sociais e outros ambientes), terça e quarta-feira, como a coluna de hoje e que está no jornal impresso e acima, por ser uma coisa óbvia, agora permeia uma majoritária percepção dos analistas de várias tendências política e econômica em vários artigos que assinam.Eu um ser desprezível, estou, mais uma vez, de alma lavada.Não é a toa que ganho dinheiro orientando gente a ganhar dinheiro lícito, com trabalho~, organização e inovação e se livrar desses oportunistas salvadores da pátria.

VEJA COMO VOCÊ, QUE APOIOU A GREVE DOS RICOS, VAI PAGAR A CONTA DA MAMATA; O CHATO É QUE AS PESSOAS COM MIOLOS TAMBÉM SERÃO PREJUDICADAS, por Reinaldo Azevedo, na Rede TV

Se for preciso, de novo, caracterizar o explorador com cartola, barriga e coxa de frango na mão, a gente caracteriza, ué... É um clichê? É. Mas ainda é um clichê menor do que aqueles que nos é oferecido pela própria realidade.

Pois é...

Como diria aquele Conselheiro, "as consequências vêm depois".

Há o risco de você que me lê estar entre aqueles 81% que, segundo o Datafolha, aplaudiram a greve dos caminhoneiros - levou lanchinho pra eles também? -, mas se nega a pagar a conta da mamata de R$ 13,5 bilhões, que até pode beneficiar alguns profissionais autônomos, mas vai mesmo é fazer a alegria de algumas gigantes do setor de transportes. Deve ter sido o evento mais bem-sucedido da história dos locautes mundo afora. Convenham: 87% formam o que a gente chama "maioria esmagadora"...

Como já lembrei aqui - e a questão foi reiterada por um auxiliar do presidente Temer -, governo não produz dinheiro; ele apenas o arrecada. Pode até gastar mal, mas esses são outros quinhentos. Se a turma da mamata do diesel vai "privatizar" R$ 13,5 bilhões, de algum lugar o dinheiro há de sair.

O país tem uma folga orçamentária de R$ 6,1 bilhões. Só pra lembrar: a folga não e uma sobra depois de retiradas as despesas da receita; a folga NÃO é um dinheiro que está no azul. Ele continua no vermelho. Quer dizer apenas que o déficit seria menor. A dita-cuja foi engolida pela conta do diesel.

A segunda maior massa de recursos vem do "Reintegra": R$ 2,27 bilhões. O programa devolvia 2% ao setor do que se arrecadava com PIS-Cofins. Passará a devolver 0,1%. Representantes do setor dizem que haverá perda de competitividade.

Havia uma reserva de R$ 2,1 bilhões para capitalização das estatais. Também vai virar fumaça. É a terceira maior rubrica a tapar o rombo orçamentário do diesel.

Na sequência, vem a grana do corte de despesas: R$ 1,2 bilhão. Cortar de onde? Ministérios dos Transportes (R$ 368,9 milhões); fortalecimento do SUS (R$ 135 milhões); concessão de bolsas de estudo (R$ 55,1 milhões); programa de prevenção e repressão ao tráfico de drogas (R$ 4,1 milhões) e até algumas migalhas (R$ 1,5 milhão) do policiamento ostensivo de rodovias e estradas federais. Dado o conjunto dos números, a área social padeceu pouco. Mas não ficou livre da garfada.

A reoneração da folha de pagamentos, de 17 setores inicialmente, renderá até o fim do ano outros R$ 830 milhões. Vêm de uma mudança tributária na área de concentrados de refrigerante outros R$ 740 milhões. No fim da fila, R$ 170 milhões sairão de mudanças no regime tributário da indústria química.

Então ficamos assim: computadas as perdas de todos os setores com a greve, chega-se fácil perto de R$ 100 bilhões. O PIB, em razão dos desastres em série e suas consequências, pode sofrer um impacto da ordem um ponto percentual (R$ 66 bilhões em valores de 2017). E, por ora ao menos, não se têm calculados os efeitos do fim de benefícios para a indústria.

O ministro da Segurança Institucional, Sergio Etchegoyen, lembrou que a paralisação "teve o apoio de 90" da população - 87%, segundo o Datafolha. E emendou o que já lembrei aqui: "O governo não produz dinheiro; ele arrecada dinheiro".

Na mosca! Os brasileiros escolheram um caminho quando aplaudiram a patuscada, certo?

Que aprendam ao menos a lição básica: as consequências vêm depois.
Pedro Malazart
01/06/2018 10:31
Sr. Herculano;

Ao ler os comentários do nazista Sombrio, conclui-se que o "homi" anda fumando hollywood skankeado e nativo, parece certo isso.

Está confuso, contraditório, desconexo e ingrato, com quem sempre lhe deu espaço para mostrar que ele existe, se não ninguém o conheceria.

Mas só depois de ler tantas bobagens deste cidadão, posso dizer que é um analfabeto politico, nazifascista.
Herculano
01/06/2018 07:42
PRóXIMO PRESIDENTE TAMBÉM DEVE CAIR, por Reinaldo Azevedo, no jornal Folha de S. Paulo

Locaute e concessões indicam que estamos num ciclo de instabilidade institucional

O locaute, a reação da sociedade e as concessões feitas pelo governo indicam que estamos num ciclo de instabilidade institucional. Será longo. Ciclos são marcados por regularidade e reiteração de eventos e por fenômenos que se conectam em série. É como se existisse, de fato, um "espírito do tempo" a deitar sua sombra fatalista sobre a história.

É bobagem, mas a ideia é sedutora. Este escrevinhador considera estar além das suas sandálias responder se, afinal, há uma "causa não causada" para tudo o que existe. No debate público, prefiro o universo das coisas causadas.

Sociedades passam por desajustes que levam a reajustes e à formação de novos consensos. Diante da ameaça do colapso, as forças que contam adotam ou acatam medidas protetivas em defesa do sistema que lhes garante voz, identidade e voto.

O que se viu no Brasil não é inédito na história, mas é raro. Assistimos a um flerte com o suicídio coletivo - e, dentro deste, algo ainda mais exótico, que é o suicídio de retaliação: "Vou me vingar com a autoimolação". Exemplifico: sindicatos ligados ao agronegócio chegaram até a oferecer tratores para bloquear as estradas. Na pauta dos grevistas, desde sempre, estavam a majoração e o tabelamento do frete, o que eleva brutalmente os custos do... agronegócio.

Em 1959, "White Wilderness", produzido pela Disney, ganhou o Oscar de melhor documentário. Retratava o suicídio coletivo dos lêmingues, roedores que promovem migrações em massa atendendo ao instinto de... sobrevivência! O "documentário" é um misto de ignorância e farsa. Mas a Disney pode se redimir. Os brasucas estamos por aqui. Topamos saltar do abismo, cair no oceano e nadar, por nada, até que as águas traguem a nossa exaustão. Somos os verdadeiros roedores de presentes promissores e de amanhãs que não virão.

O Datafolha foi bastante eloquente. A esmagadora maioria dos brasileiros se solidarizou com a greve, mas rejeitou a satisfação da pauta. Apoia o festim, mas não topa pagar a conta. Essa massa está caminhando para as urnas, mais ou menos como os lêmingues da Disney seguiam para o desfiladeiro. Cálculos preliminares e, entendo, modestos apontam um prejuízo que roça os R$ 100 bilhões. O impacto negativo no PIB pode chegar a um ponto percentual - em números de 2017, R$ 66 bilhões. Será maior porque estamos em crescimento.

O que há de regular, reiterado, sérico e interconectado nestes dias? Resposta: a destruição do homem público, da ordem democrática, dos fundamentos legais. E os lêmingues verde-amarelos o fazem sob o pretexto de combater a corrupção, que seria a causa primeira, a "causa não causada", de todos os nossos males, o que é uma mentira por definição.

Em quatro anos, a Lava Jato recuperou, de fato, R$ 1,5 bilhão para a Petrobras. O resto ainda é promessa. Aplausos! O espírito que a operação engendrou, ou seu mau espírito - a causa causada do desastre -, no entanto, provocou só com a greve algo em torno de R$ 10 bilhões de prejuízo por dia.

A depredação do meio ambiente institucional, democrático e pluralista era um monopólio da esquerda. Setores da direita resolveram disputar esse mercado, mimetizando e, se me permitem, "memetizando" até a linguagem dos esquerdistas. Não por utopia mal digerida, mas por pilantragem.

Desde quando advirto, aqui e em toda parte, para os ricos? Não obstante, no dia 26, em meio ao caos, o ministro Roberto Barroso, do STF, notório depredador da Constituição e do direito de defesa, anunciou, num encontro de juízes em Maceió, a capital mais violenta do país para os pobres sem toga, que estamos
apenas num começo de era.

Uma amiga, admiradora, como sou, de "O Nome da Rosa", de Umberto Eco, notou: "Era o Bernardo Gui discursando...", numa referência ao inquisidor, personagem histórico (1262-1331) que aparece no romance.

E é do livro que extraio esta síntese: "Há pouca diferença entre o ardor dos Serafins e o ardor de Lúcifer porque nascem ambos de uma inflamação extrema da vontade".


Dificilmente o próximo presidente conclui o mandato.

Ciclo longo.
Herculano
01/06/2018 07:37
VIROU BADERNA

Conteúdo de IstoÉ. Texto de Ary Filgueira. Defensores da volta do regime militar, sindicalistas oportunistas e líderes trabalhistas que pedem a libertação do ex-presidente Lula se apropriaram da greve dos caminhoneiros e afundaram o País no caos. Os prejuízos econômicos ultrapassam os R$ 75 bilhões e atrasam o crescimento

Foram dias em que o País viveu sob o signo do caos, com cenas assustadoras como só se vê no cinema-catástrofe: pessoas brigando por comida nos mercados, ladrões roubando gasolina até de ambulâncias e muita gente preferindo ficar em casa a enfrentar o clima de salve-se quem puder que tomou conta das cidades. Ao menos quatro pessoas morreram em decorrência da baderna. A primeira vítima foi um homem que faleceu depois de ser atropelado durante um protesto na rodovia MG-010, em Minas Gerais, na quinta-feira 24. Na quarta-feira 30, o caminhoneiro José Batistella foi morto em Vilhena, Rondônia, após ser atingido por uma pedra quando tentou furar um bloqueio. O suspeito pelo ataque foi preso. Outros dois motoristas morreram ao longo da paralisação, vítimas de infarto. A greve dos caminhoneiros, que teve início na segunda-feira 21, deixou o Brasil sem combustível, sem alimentos, sem transporte público, sem insumos hospitalares, sem aulas. Portos não funcionaram, inclusive o de Santos, maior da América Latina , vários aeroportos cancelaram voos e terminais rodoviários refizeram as escalas de viagens porque não havia como tirar os ônibus do lugar. O que a paralisação provocou, porém, não foi apenas o desabastecimento e a insegurança. Ela ensejou o oportunismo de setores radicais que se infiltraram no movimento para espalhar o terror.

Quando finalmente os combustíveis começaram a chegar aos postos, a partir da quarta-feira e ainda de maneira muito lenta, filas imensas se formaram com motoristas angustiados e ansiosos para retomar a vida. O alívio de poder encher o tanque parecia trazer a normalidade de volta. No entanto, sobraram várias perguntas. A qual vida e a qual País retornaremos? Os impactos nas esferas social, política e econômica foram imensos, a maioria ainda impossível de ser estimada e que só chegará à luz de forma precisa depois de passar pela análise da história. Mas o que já é possível ser mensurado perturba. Do ponto de vista econômico, o País todo perdeu. Uma estimativa da soma dos prejuízos aponta para a cifra astronômica de R$ 75 bilhões. A principal reivindicação dos caminhoneiros que iniciaram a paralisação era a baixa no preço do diesel. Ainda na primeira semana de greve, lideranças dos caminhoneiros conseguiram arrancar do governo federal não só o compromisso de que o preço do diesel seria reduzido como o de que a Petrobrás só reajustaria os preços mensalmente. Estabeleceu-se uma trégua de quinze dias. Ela não durou sequer um. Nenhum caminhão deixou os bloqueios e o desabastecimento se agravou. Três dias depois, uma nova reunião de emergência realizada em Brasília selou um acordo que parecia ter encerrado de vez a paralisação. O preço do diesel foi reduzido em 0,46 centavos, os motoristas ficaram isentos do pagamento de pedágio dos eixos suspensos quando trafegam vazios e todas as outras reivindicações foram aceitas por um governo acuado. Também não bastou. Os bloqueios persistiram por mais quatro dias, perdendo adesão lentamente, até praticamente se esgotarem na quinta-feira 31.

Enquanto isso, o Brasil agonizou. A Petrobrás foi a primeira grande vítima. O impacto imediato foi ser derrubada do primeiro para o quarto lugar na lista de empresas mais valiosas do Brasil. A companhia retomou a liderança dias depois, mas um grande estrago havia sido feito. Os preços das ações da empresa despencaram por pregões seguidos e ela chegou a perder R$ 126 bilhões em valor de mercado. A estatal petrolífera não está sozinha no rombo fenomenal causado, em parte, pela própria estratégia de recuperação adotada há um ano por seu atual presidente, Pedro Parente. Só no setor agropecuário a conta das perdas chega a R$ 10 bilhões. Não havia como escoar a produção. Animais morreram por falta de insumos (foram cerca de 70 milhões de aves mortas) e alimentos, jogados fora. Estima-se que 300 milhões de litros de leite tenham sido descartados. No comércio, foram R$ 27 bilhões de perdas, basicamente porque as pessoas só saíram de casa quando realmente precisaram. Era preciso economizar o pouco de combustível para usar em situações imprescindíveis.

Nos hospitais, a situação foi se tornando cada dia mais dramática. A primeira providência tomada pela maioria dos estabelecimentos foi suspender procedimentos e exames que não fossem de emergência. A Federação Nacional dos Hospitais foi obrigada a fazer um apelo público aos caminhoneiros para que permitissem a passagem de veículos carregando insumos vitais, como oxigênio. Em clínicas de hemodiálise, cada dia a mais de paralisação foi um pesadelo. "Começamos a ficar muito preocupados, achando que os insumos chegariam no dia seguinte. E eles não chegavam", conta o nefrologista Luis de Miranda, dono de uma clínica de hemodiálise de Criciúma, em Santa Catarina, onde tratamentos foram redesenhados para que menos materiais fossem usados. Os estoques nos bancos de sangue desabaram. "Estamos apelando para que a população não deixe de doar. A situação é crítica", afirmou Dante Langhi, diretor da Hemorrede de São Paulo, no início da semana passada.

INFILTRADOS

Tão assustador quanto ver sumir itens essenciais à sobrevivência foi a percepção de que o governo havia perdido qualquer possibilidade de controle de um movimento que fugia ao comando inclusive daqueles que se intitulavam seus comandantes. O alerta soou depois que nada mudou após a primeira reunião entre representantes de algumas das entidades associadas aos caminhoneiros e os ministros Eduardo Guardia, Carlos Marun, Valter Casemiro e Eliseu Padilha. Depois do segundo encontro, no domingo, a celebração de um acordo divulgado em rede nacional pelo presidente Michel Temer e, mesmo assim, a permanência da paralisação por dias a fio, ficou evidente que o monstro andava sozinho.

A estruturação da greve fugiu aos padrões que normalmente norteiam movimentos do tipo. Primeiro porque houve também participação das empresas transportadoras, o que configura locaute. A Polícia Federal abriu 54 inquéritos para apurar a questão. Depois, porque ela ganhou força graças à comunicação por redes sociais nas quais nem sempre o criador do grupo estava de fato ligado às entidades que se apresentaram como representantes dos grevistas. Isso fez com que a grande maioria dos caminhoneiros parados nas estradas obedecesse a lideranças de origens obscuras, que agiam por meio de uma rede de comunicação própria e afastada de qualquer comando central. Até a quarta-feira 30, a polícia havia prendido sete infiltrados - nenhum era caminhoneiro.

Ao longo dos três primeiros dias da semana passada, chegou-se a um ponto grotesco. José da Fonseca Lopes, presidente da Associação Brasileira dos Caminhoneiros e um dos interlocutores que visitaram o Palácio do Planalto, admitiu que havia gente infiltrada no movimento. Não se tratava mais da greve de uma categoria. Passou a se tratar de um movimento político insuflado por indivíduos que nada tinham a ver com os motoristas. Eles se apropriaram da mobilização e fizeram dela moeda de troca por bandeiras contrárias às regras da democracia. Um dos pleitos passou a ser a saída do presidente Michel Temer. Um dos expoentes do movimento foi André Janones, ex-candidato a prefeito de Ituiutaba, em Minas Gerais, pelo PSC, e filiado ao PT entre 2003 e 2012. Assim que pegou carona na mobilização dos caminhoneiros, Janones ganhou milhares de seguidores no Facebook e seus vídeos pedindo a continuidade da greve enquanto o presidente Michel Temer não saísse do cargo se espalharam. Nas redes, Janones se define como "mineiro, cristão, advogado e jornalista." Incita seus 700 mil seguidores a "quebrar o sistema."

Houve mais dois grupos atuantes, usando de força para impedir que a maioria dos motoristas retomasse o trabalho: os que pediam intervenção militar e os que defendiam a libertação do ex-presidente Luis Inácio Lula da Silva. Segundo líderes das entidades tradicionalmente representantes dos caminhoneiros, os três movimentos alheios à categoria representavam de 10% a 15% do comando da paralisação. Fora os que haviam se infiltrado, virando líderes do dia para a noite, houve apoio em manifestações públicas realizadas em pontos das estradas que estavam obstruídos e em outros locais das cidades. Em São Paulo e no Rio de Janeiro, viu-se com frequência grupos segurando cartazes pedindo a volta dos militares ao poder. Ao primeiro olhar, é difícil entender como três grupos com aspirações tão distintas podem ter se vinculado a um mesmo movimento. Cada um a seu modo, eles tentaram se apropriar de uma mobilização que, no princípio, contou com o apoio da população. Segundo pesquisa do DataFolha, 87% da população defendeu a paralisação. De alguma maneira, ela catalisou a insatisfação popular e o cansaço diante de uma recuperação econômica lenta depois de uma recessão que produziu os 13,4 milhões de desempregados existentes hoje no Brasil. Foi somente depois do agravamento do desabastecimento, da dificuldade para conseguir um ônibus ou atendimento médico, por exemplo, que manifestações mais críticas foram ouvidas.

ALÉM DOS CIFRõES

Outras categorias como motoristas de vans, motoboys e estivadores também promoveram protestos oportunistas. O maior exemplo foi a paralisação chamada pela Federação Única dos Petroleiros (FUP) para a quarta-feira 30 e suspensa no dia seguinte. O movimento havia nascido mês antes, logo após a prisão do ex-presidente Lula, com o objetivo de ser uma forma de resistência. Dias depois da prisão de Lula em Curitiba, documentos da própria entidade deixam o objetivo claro, tratando o ex-presidente como o "primeiro preso político desde 1964" e afirmando que o único caminho de protesto seria uma greve.

Passado o caos, a tendência é o País voltar à normalidade, porém ainda mais embalado pelo radicalismo de opiniões e encontrando dificuldade para acelerar o crescimento. Do ponto de vista político, o governo de Michel Temer se mostrou frágil. "Os oportunistas só conseguiram se infiltrar por causa da fragilidade da autoridade do presidente", analisa o cientista político Rodrigo Prando, do Instituto Mackenzie. No aspecto econômico, a previsão de crescimento do PIB, antes de 3% nesse ano, caiu para 2%. Mas o impacto futuro desses onze dias vai além dos cifrões. "Há perdas indiretas, como falta de credibilidade do governo, insegurança jurídica e imprevisibilidade regulatória", diz Cláudio Frischtak, presidente da Inter.B Consultoria. São problemas que o Brasil conhece muito bem.

OPORTUNISMO POLÍTICO

Na terça-feira 29, o ministro da Secretaria de Governo, Carlos Marun, telefonou para o líder do PT na Câmara, Paulo Pimenta (RS). Pediu que, em nome do País, o PT intercedesse para que os caminhoneiros retornassem e se evitasse a paralisação dos petroleiros. A resposta foi não. "Ligou para a pessoa errada", disse, depois, o líder do PT. Explicitava-se ali uma inusitada e irresponsável aliança entre a esquerda que grita "Fora Temer" e "Lula livre" e a direita que pede "intervenção militar". O conservador militar Jair Bolsonaro (PSL), em uma de suas postagens no twitter, escreveu: "O governo, de forma covarde, trabalha para colocar na conta dos caminhoneiros a responsabilidade pelos futuros prejuízos causados pela paralisação".

Bolsonaro assina o projeto de lei que prevê punição de até quatro anos de cadeia para quem obstruir vias públicas, como fizeram os caminhoneiros para dificultar a passagem dos colegas que não queriam aderir. Como se vende como o candidato da "ordem", nada melhor do que incitar a desordem para que, em outubro, ele surja na figura de salvador, um messias que colocará tudo no lugar, em meio ao caos.

Os petistas, assim como Bolsonaro, apostam no "quanto pior, melhor" por duas razões: consolidar a narrativa de que Lula e Dilma foram vítimas de um golpe político-jurídico e alimentar a tese de que Lula seria o único capaz de reunificar o País. Para quem hoje não tem nada em que se agarrar, qualquer coisa é lucro.

Na mesma esteira de oportunismo político, não poderiam faltar declarações da presidente nacional do PT, senadora Gleisi Hoffmann (PR). Ela conseguiu a proeza de dizer que, nos governos petistas, não houve prejuízos à Petrobras, mesmo com a política de intervenção na formação dos preços dos combustíveis, feita "a bem do cidadão", segundo reforçou. Em 13 anos do PT no poder, foram 16 reajustes, lembrou ela. Enquanto isso, desde 2016, no início da gestão Michel Temer, houve 229 correções. O que Gleisi não contou é que o saqueamento dos cofres da Petrobras quase quebrou a empresa.
Herculano
01/06/2018 07:28
SAUDADE DE DILMA

Conteúdo de O Antagonista. A Época dedicou uma longa reportagem aos manifestantes que bateram panelas pelo impeachment de Dilma Rousseff e que agora se dizem arrependidos.

E um professor da USP, em outra matéria, comentou:

"Quando a crise política se instalou e a remoção de Dilma foi posta como alternativa, muitos de nós, analistas políticos, alertamos que o remédio seria pior que a doença e que a solução poderia desencadear uma crise institucional e abalar as bases do próprio regime democrático. Penso que acertamos nessa previsão."

A Época está com saudade de Dilma Rousseff.

Deve estar com saudade também do tempo em que ainda era uma revista, e não um encarte.
Herculano
01/06/2018 07:26
DE QUEM É A CULPA?

Conteúdo de Diogo Mainardi, de O Antagonista. Os porta-vozes do PT mentem argumentando que, sem o impeachment, o Brasil estaria melhor.

E os porta-vozes de Michel Temer, remunerados por marqueteiros, imputam o caos governista à Lava Jato.

O maior risco à liberdade de imprensa não é a censura, e sim as verbas de publicidade estatais.
Herculano
01/06/2018 07:23
NEM ORDEM DE PRISÃO RENDE DEMISSÃO SOB TEMER, por Josias de Souza

A corrupção tornou-se tão corriqueira em Brasília que já sumiram da cidade a umidade relativa do ar e o bom senso. Leonardo Arantes, secretário-executivo do Ministério do Trabalho, número 2 na hierarquia da pasta, está com a prisão preventiva decretada desde quarta-feira. Só não se encontra atrás das grades porque cumpria "missão oficial" em Londres quando a Polícia Federal foi capturá-lo, por ordem do ministro Edson Fachin, do Supremo. Michel Temer teve um, dois, três dias para tomar alguma providência. E nada.

Temer arrisca-se a empurrar para dentro de sua biografia mais uma excentricidade. Primeiro presidente da história a colecionar duas denúncias e dois inquéritos por corrupção, Temer está prestes a adicionar ao seu rol de ineditismos um subordinado preso. A Polícia Federal decidiu incluir o nome de Leonardo Arantes na lista de procurados da Interpol.

Leonardo Arantes é sobrinho do líder do PTB na Câmara, Jovair Arantes. Por isso ganhou um cargo na Esplanada. É acusado de integrar um esquema de venda de registros de sindicatos no Ministério do Trabalho. Seu tio-deputado também é investigado no mesmo inquérito.

A PF foi informada de que Leonardo retornará ao Brasil nesta sexta ou no sábado. Se não for preso no estrangeiro, será detido ao pisar nesta terra de sabiás. Ou seja, Temer tem mais 24 horas, no máximo 48 horas para esboçar alguma reação, nem que seja uma cara de nojo. Do contrário, estimulará a suspeita de que mantém investigados, delatados e suspeitos à sua volta para garantir, por contraste, a falsa imagem de pureza.
Herculano
01/06/2018 07:20
A CULPA É DO GILMAR? por Hélio Schwartsman, no jornal Folha de S. Paulo

Julgamento da chapa de 2014 pelo TSE livrou Temer da cassação

A greve de caminhoneiros se prolongou tanto porque o governo de Michel Temer é especialmente fraco. FHC e Dilma também enfrentaram paralisações de motoristas, mas debelaram os movimentos em menor tempo e com menos ônus.

Com Temer é diferente. Na esteira de um impeachment polêmico, ele já chegou ao cargo sem prestígio popular. A maioria dos brasileiros era favorável à saída de Dilma, mas não à assunção de Temer. Ainda assim, políticos e empresários apostaram que ele conseguiria estabilizar a economia e promover algumas reformas necessárias para equacionar o problema fiscal do país.

Se essa era uma expectativa realista, deixou de sê-lo quando vieram à tona as gravações de Joesley Batista, colocando o presidente no centro de mais um escândalo. A partir dali, o capital político de Temer, que nunca fora alto, tornou-se negativo.

Cedendo às piores exigências das piores bancadas do Congresso, Temer conseguiu suspender o avanço dos processos, mas o custo foi alto. As reformas ficaram para o próximo presidente e a responsabilidade fiscal foi para o beleléu. Com os caminhoneiros não foi diferente. Sem respaldo político, o governo cedeu no que poderia e no que não deveria. Esperemos que outras categorias não decidam imitá-los.

Retrospectivamente, dá para dizer que o grande erro foi não ter tirado o presidente quando a ocasião se apresentou, no julgamento da chapa Dilma-Temer pelo TSE. Estavam dadas ali as razões jurídicas e a necessidade política. Paro um pouco antes de concluir que a culpa é do Gilmar Mendes, que, no mesmo processo, votou de um jeito quando a titular era Dilma e de outro quando o mandatário passou a ser Temer.

Precisamos agora esperar um par de semanas para saber se a paralisação se tornará um episódio superado (mais provável) ou se passará a imprimir uma dinâmica nova, e mais populista, ao processo eleitoral. Se a segunda hipótese prevalecer, as consequências poderão ser trágicas.
Herculano
01/06/2018 07:16
UM NOVO DIREITO FUNDAMENTAL

A Justiça e seus particularidades muito próprias e distantes da realidade da sociedade.O ministro Edson Fachin, do Supremo, disse que acabar com a contribuição sindical - feita pelo Congresso - "fere direitos fundamentais".

Ou seja, é um direito fundamental os sindicatos roubarem, obrigatoriamente, os trabalhadores.
Herculano
01/06/2018 07:11
PT PAGA PREÇO ALTO AO MANTER LULA COMO CANDIDATO FANTASMA, por Bruno Boghossian, no jornal Folha de S. Paulo

Sigla insiste no nome do ex-presidente, afasta aliados e reduz peso político

O PT paga um preço alto ao carregar um candidato fantasma na etapa pré-eleitoral. Ao insistir na improvável participação de Lula na disputa, o partido afasta potenciais aliados, confunde eleitores e reduz seu peso na cena política cotidiana.

A percepção consolidada de que o ex-presidente terá seu registro negado torna absurdas as condições de negociação entre o PT e outras siglas.

Em uma reunião há três semanas, um dirigente do PSB tentou arrancar dos petistas o nome do substituto de Lula ?"já que a definição terá impacto sobre eleições locais. Um líder do PT respondeu o de sempre: o ex-presidente será candidato.

Ao ouvir o discurso, o socialista se irritou. Disse que era impossível fazer campanha para um político que não chegará às urnas, e que não daria um cheque em branco aos petistas em troca de apoio em seu estado.

O prejuízo dessa estratégia não convence o PT a apresentar outro candidato porque, segundo cálculos da sigla, o estrago é inevitável.

A presidente do PT, Gleisi Hoffmann, explicou essa lógica de maneira pragmática: "Nossa base não vai ver automaticamente se aquela pessoa [outro candidato] vai conseguir efetivamente substituir o Lula".

A tática envolve uma contradição em si. Os petistas querem manter viva a candidatura de Lula para evitar a desmobilização de seu eleitorado, mas a falta de um rosto presidenciável alternativo fragiliza a sigla.

Sem Lula, o PT perde fôlego em episódios como a greve dos caminhoneiros. Outros candidatos apareceram com suas ideias sobre a crise. O ex-presidente teve que se contentar com uma declaração sem sal de deputados que o visitaram na prisão.

Em 1º de junho de 2017, a Polícia Federal intimou pela primeira vez o coronel João Baptista Lima Filho, amigo e faz-tudo de Michel Temer. Há um ano, ele apresenta atestados médicos e se recusa a explicar suas relações empresariais e com o presidente. Os investigadores acreditam que ele tem muito o que falar
Herculano
01/06/2018 07:06
A CLASSE POLÍTICA I, por J.R. Guzzo, de Veja

Todos os políticos são seus inimigos. Com o país em agonia, estão envolvidos num surto esquizofrênico para aumentar ainda mais as despesas do Estado - que serão pagas inteiramente por você. Salvo exceções, querem roubar tudo o que puderem antes da explosão que vem vindo por aí.

Herculano
01/06/2018 07:04
A CLASSE POLÍTICA II, por Dário Júnior

A classe política brasileira é a mais cara, perdulária,
corrupta e incompetente do mundo. Isso vai mudar muito pouco após as eleições. Se conseguir encontrar um candidato menos nocivo já me darei por satisfeito e a vida seguirá.
Herculano
31/05/2018 19:36
PARENTE PERIGOSO, por J.R. Guzzo, na revista Exame

Está na cara que temos de estatizar tudo o que passar pela frente, do trióxido de molibdênio à cachaça 51, pregam os arquiduques do "Brasil forte"

Todas as vezes que ouvir falar em "recurso estratégico", ponha a mão no bolso e segure a carteira: alguém, com certeza, está querendo roubar você. Pode ser gente do governo - tanto faz que seja da situação ou da oposição. Podem ser sindicatos e CUTs. Podem ser, certamente, empreiteiros de obras públicas loucos para construir refinarias, "complexos industriais" e "plantas" disto ou daquilo. Podem ser todos os economistas do "campo progressista", sem exceção. Podem ser intelectuais, professores de universidade, artistas de novela. Existe à vista alguma coisa que possa ter um valor qualquer? Então, dizem todos os nomeados acima, é "estratégico". Se é estratégico ninguém pode mexer: a coisa tem de ser "do Estado", ou do governo. Como tanto o "Estado" quanto o "governo" são uma ideia e não um ser humano, a exemplo do ex-presidente Lula, isso quer dizer, obrigatoriamente, que gente de muita carne e muito osso vai mandar nela. Também obrigatoriamente, essa gente vai criar empresas imensas para cuidar da riqueza da "população", lotar cada uma delas com funcionários amigos e roubar o pobre do "recurso estratégico" até não sobrar um único osso.

A esquerda nacional, historicamente, é a mãe desnaturada dos gêmeos "bem estratégico" e "empresa estatal", mas os beneficiários materiais de sua doutrina não são apenas os esquerdistas. Como acontece com tanta frequência na aplicação das ideias "progressistas", entra na festa todo o tipo de safado que a elite brasileira tem a oferecer ?" com o tempo, na verdade, vai se descobrindo que é justamente esse bonde do capitalismo terceiro-mundista, tão selvagem quanto a selva no inferno de Dante, quem mais ganha dinheiro com a história de que "o Brasil tem de defender as suas riquezas da cobiça internacional" etc, etc,. Vale qualquer coisa, aí. Está na cara que temos de estatizar tudo o que passar pela frente, do trióxido de molibdênio à cachaça 51, pregam os arquiduques do "Brasil forte" - assim fica tudo só para nós. Simples demais? Pode ser simples, mas não é demais: é apenas a verdade estabelecida pela observação dos fatos, diante da roubalheira que chegou ao ponto de fissão nuclear a partir dos governos Lula-Dilma e que tanta gente está hoje desesperada para colocar de novo em operação.

Em nenhum espaço da vida brasileira a ação dos saqueadores se mostra tão desesperada quanto no petróleo e na Petrobras. Trata-se, possivelmente, da área em que o brasileiro é roubado há mais tempo ?" espantosamente, desde 1953. Depois da implosão do PT, a Petrobras tem passado com excelentes resultados por um processo de reconstrução. O governo Michel Temer desistiu de encher a empresa de políticos-bandidos, o que deixa absolutamente transtornados os presidentes do Senado, da Câmara e as gangues do Congresso, e permitiu que um executivo de talento, Pedro Parente, tocasse a máquina como ela deve ser tocada. Deu certo. Parente salvou a estatal da falência e criou ali uma cultura de competência, responsabilidade e resultados. É claro que os políticos, de Lula ao extremo anti-Lula, querem matar esse Parente.

O pano de fundo da greve dos caminhoneiros, que tanto barulho levantou, é a guerra entre a liberdade econômica e as forças que querem continuar controlando o petróleo e os combustíveis no Brasil. Na superfície é uma disputa por preços, eliminação de impostos dementes e questões financeiras imediatas ?" por sinal esses caminhoneiros, onde Lula e a esquerda são detestados, mostraram uma capacidade de juntar gente e mostrar força infinitamente maiores que a "mobilização social" em favor do "Lula Livre". (A multidão que iria cercar a prisão "até Lula ser solto" nunca passou de 500 pessoas, e hoje está reduzida a nada. Virou uma palhaçada de artistas que agora usam Lula para promover seus shows.) Para além da greve, porém, está a discussão verdadeira: o fim da Petrobras e similares, o estabelecimento da livre concorrência e a construção de um Brasil com chances de progredir.
Herculano
31/05/2018 19:26
MORO DÁ BRONCA EM PROCURADORES DA LAVA JATO

Conteúdo de O Antagonista. Ontem, Sergio Moro deu um chega pra lá no MPF, depois que os procuradores disseram que ele havia omitido a corrupção passiva na sentença de 9 anos e dez meses de prisão do ex-tesoureiro petistas Paulo Adalberto Ferreira.

Moro disse que "em nenhum momento, foi imputado a Paulo Adalberto Alves Ferreira o crime de corrupção passiva, mas tão somente crimes de lavagem e associação criminosa,"

E, em seguida, veio a bronca:

"Não pode o MPF alegar, em embargos, que houve omissão ou obscuridade do Juízo. Omissão e obscuridade houve da denúncia e esta deve ser sempre clara quanto às imputações, sob pena de prejudicar a ampla defesa e gerar nulidade."

Mais de um observador já notou que a relação entre procuradores da Lava Jato e Moro não atravessa o melhor momento.
Herculano
31/05/2018 19:22
BRASIL PRECISA TROCAR TORCIDAS PARTIDÁRIAS FANÁTICAS POR DEBATE CIVILIZADO, por Rodrigo Constantino, no site da Gazeta do Povo, Curitiba PR

"Quando alguém está honestamente 55% do tempo certo, isso é muito bom e não faz sentido discordar. Se alguém está 60% certo, isso é maravilhoso, sinal de boa sorte e essa pessoa deve agradecer a Deus. Mas o que deve ser inferido sobre estar 75% certo? Os sábios diriam que é algo suspeito. Bem, que tal 100% certo? Quem quer que diga que está 100% certo é um fanático, um criminoso e o pior tipo de crápula." - Um velho judeu da Galícia

Essa passagem consta como epígrafe no livro Mente Cativa, de Czeslaw Milosz, polonês Prêmio Nobel de Literatura. Ele relata o ambiente tóxico das "democracias populares", eufemismo para os regimes ditatoriais comunistas, onde o debate de ideias fora substituído pela doutrinação ideológica e a necessária aquiescência com a opinião oficial estabelecida. É a mentalidade predominante das seitas fechadas.

"Os homens se agarram a ilusões quando não há nada mais a se agarrar", diz ele. O clima intelectual no Brasil de hoje nos remete a esse ambiente asfixiante. A crise social, econômica e moral causada pelos 14 anos de petismo abriu feridas quase mortais em nossa fé na democracia. O desespero leva à defesa de soluções drásticas, revolucionárias, aventureiras. Comunistas e fascistas disputam as alternativas, com os liberais espremidos no meio.

A polarização é total, alimentada pelas redes sociais nesse clima caótico. Os grupos se organizam e exigem lealdade plena, caso contrário o sujeito se torna automaticamente um inimigo mortal. Ou está comigo, ou está contra mim: o lema tribal. Numa guerra pela vida ou morte, tal postura pode até fazer sentido. Eis, então, outra característica atual: tudo é visto como uma guerra mortal, bem definida. Fez algum elogio ao governo Temer por conta de uma reforma boa? Só pode ser um comunista do Foro de São Paulo!

A narrativa de ambos os lados vai contra a democracia, as instituições. Como elas estão mesmo enfraquecidas e podres, as meias-verdades ganham contornos de verdades absolutas e inquestionáveis. Do lado esquerdo, a prisão de Lula e o impeachment de Dilma foram "golpes das elites", que não toleram um líder popular. Do lado direito, as urnas eletrônicas são completamente manipuláveis e o establishment controla cada detalhe eleitoral, logo, o resultado das eleições não será legítimo. A menos que dê Bolsonaro, claro.

Se o indivíduo tece alguma crítica ao candidato, não pode ser um patriota, alguém que quer o melhor para o Brasil. Só pode ser um vendido, um traidor. Figuras que até ontem eram ícones da "nova direita" se transformam, quase da noite para o dia, em comunistas infiltrados, traidores, vendidos. Foram comprados pelo sistema, corrompidos, só pode! É a postura de quem demanda total adesão, pois daqueles 1% de discordância pode nascer uma "igreja" nova...

Golpe de um lado, golpe do outro, e quem vai morrendo aos poucos é a própria democracia, sempre imperfeita, bastante capenga em nosso caso. É perfeitamente compreensível o desânimo com nossa democracia, mas será que o caminho é mesmo um regime autoritário "do bem"? Que à esquerda sempre se pregou algo assim nós sabemos. Mas é lamentável ver a quantidade de gente que se diz conservadora pregando um caminho semelhante.

A eternidade, a perfeição será sempre imaginária, enquanto o real será sempre corrupto, finito. O homem, sonhando com a imortalidade imaginária, irá considerar corrupto tudo aquilo que representa um obstáculo a este ideal. O sacrifício destes "corruptos" parecerá um preço pequeno a se pagar em nome de uma salvação coletiva eterna. Para criar o paraíso terrestre de justiça, o que são algumas cabeças enforcadas pelo Terror de Robespierre?

A Revolução Francesa tinha um tom messiânico: ela iria moldar o novo homem, devolvê-los sua "virtude primária", salvá-los da corrupção. E seu líder era ninguém menos que o Incorruptível. Quem vai ligar para algumas mortes quando a pureza de Robespierre está por trás das ordens? Não podem ser inocentes, pois o próprio líder é o povo, e o povo não pode estar errado; a vontade geral é a vontade de Deus!

Como o universo dos incorruptíveis é imaginário e, portanto, nulo, conclui-se que o universo dos corruptos abrange a totalidade dos homens. Exceto, naturalmente, os Incorruptíveis, ou aqueles que nisso acreditam. Esses são as verdadeiras ameaças. Para eles, quem quer que faça críticas ao seu líder não pode mais ser considerado um "fiel patriota do bem", tem que ter pulado a cerca para o lado do inimigo. Alexandre Borges resumiu bem os passos dos revolucionários:

1) "Juntem-se à minha revolução, ela é diferente das outras!"

2) "As elites que se cuidem! O povo acordou!"

3) "Não se faz omelete sem quebrar alguns ovos."

4) "Desvirtuaram meus ideais, havia traidores infiltrados."

5) "Não sou uma pessoa, sou uma idéia. A história me julgará."

A mentalidade revolucionária, que transforma política em religião, está por trás da imensa maioria das desgraças históricas. Mas os fanáticos não querem parar para refletir, pois são movidos por ressentimento, medo, idealização ?" do futuro, no caso dos comunistas, ou do passado, no caso dos fascistas reacionários. O inimigo mortal de ambos é o indivíduo autônomo, que ousa pensar por conta própria, desconfiar de projetos utópicos, manter o saudável ceticismo com qualquer liderança política.

Esses, à medida que criticam os excessos do "seu" lado, acabam sendo colocados pelos ex-aliados no campo do inimigo, como se fossem espiões infiltrados ou traidores vendidos. Um a um, os nomes vão sendo cortados do rol de ícones do movimento, e passam a configurar a lista negra dos adversários que devem ser eliminados. Stalin mandava apagar das fotos antigas os camaradas que viraram traidores. A frota reacionária vai apagando os elogios intensos de ontem, para colocar em seu lugar xingamentos toscos, chulos.

Até restarem somente aqueles que estavam 100% certos desde o começo, ainda que tenham mudado de opinião várias vezes no decorrer do tempo. Coerência pra quê, se há a fidelidade fanática ao líder? Até o momento em que o próprio líder deve ser degolado também, claro, pois mesmo ele se corrompeu e debandou para o lado dos inimigos, pedindo cautela e moderação a uma turba descontrolada. Ele era apenas uma ideia, não uma pessoa de carne e osso, falha, corrupta...
Herculano
31/05/2018 19:16
UM TEXTO DE ÉLCIO DE SOUZA, gasparense, consultor de empresas

Transcrevo, abaixo, a resposta que dei a um amigo que me censurou por ser contra a "intervenção" militar. Disse que sou comunista e catequizado pela esquerda como boa parte dos professores. Repito aqui o que disse a ele para deixar bem clara minha posição sobre esse assunto, mas reiterando que tenho absoluto respeito a quem tem opinião contrária.

Respondi a ele que, em primeiro lugar, não sou professor de carreira, mas que tenho enorme prazer em lecionar à noite para o Curso de Administração da Unisociesc, já há muitos anos. Meu principal trabalho é como consultor em empresas privadas. Em segundo lugar, não sou de esquerda nem comunista, como dizia ele e muito menos "catequizado" e que bastaria ler minhas postagens para saber disso. Em terceiro lugar, disse que tenho responsabilidade suficiente para com a nação e para com o povo brasileiro para saber que "intervenção" militar, que se transformará em uma ditadura militar não é solução. Pode até parecer que seja, dado ao ponto em que chegamos. Mas não é solução nem aqui e nem em lugar algum. E ele, se informado fosse, também deveria saber disso.

Pedi que apontasse algum país onde a qualidade de vida seja boa, onde haja desenvolvimento, onde as pessoas tenham liberdade e que seja uma ditadura militar. Se ditadura, seja militar ou civil, seja de direita ou de esquerda, fosse uma coisa boa, alguém acha que os Estados Unidos, o Canadá, a Alemanha, a França, a Inglaterra, a Suíça, a Áustria, a Suécia, a Noruega, a Espanha, a Finlândia, a Dinamarca, a Bélgica, a Itália, Portugal, a Holanda, a Austrália, a Nova Zelândia, o Japão, a Coreia do Sul e inúmeros outros já não teriam tratado de implantar?

Ao desejar uma ditadura militar, disse-lhe, ele sim, é que está se equiparando aos comunistas e socialistas, só que do outro lado. Em geral os socialistas daqui apoiam ditaduras como Cuba, Venezuela, Coreia do Norte, algumas africanas, etc. Então, ditadura é coisa de radical de direita ou esquerda, de quem pensa de forma totalitária, de quem admite que um país possa ter um dono que nos diga o que assistir, o que ouvir, o que ler, o que pensar, que não nos deixa protestar, que não permite que nos reunamos e tudo mais. Quem quer uma ditadura, seja militar ou civil, admite terceirizar a gestão do país para um grupo que não foi escolhido, e na democracia a escolha tem papel fundamental, ela é a base.

Concordei com ele que a coisa por aqui está muito feia. Está difícil. Há muita corrupção, violência, roubalheira. Sobre a violência, disse que nem me daria ao trabalho de lembrar a ele que antes de 1964 o país era pacato, a violência era mínima e, portanto, não foram os militares que resolveram isso, porque nem era um problema. É mais uma balela sem fundamento. Se o país piorou - coisa que discordo em muitos aspectos -, a culpa foi exclusivamente nossa, de ter votado nas pessoas erradas, de ter ouvido promessas que sabíamos não poder ser cumpridas. Agora nos cabe resolver essa situação toda.

É muito fácil fazer a burrada e depois chamar os militares para que resolvam. Só que eles não vão resolver nada! Eles não vão fazer nada que nós não possamos fazer se quisermos. O que eles farão? Mudarão as leis? Acabarão com as garantias individuais? Transformarão o Brasil em mais uma republiqueta africana ou latino-americana onde pessoas são catadas nas ruas e levadas a prisões para serem torturadas e condenadas sem julgamento?

Não pense, disse a ele, que eu não admire e não respeite as Forças Armadas e os militares. Ao contrário. Respeito-os muito, admiro-os muito e gosto muito deles, mas sei qual é sua função constitucional. Disse ao amigo que, embora contrária à minha, respeitava a opinião dele, e que felizmente estamos em uma democracia onde cada um tem o direito de pensar e se expressar como quiser, o que é ótimo. Assim como é ótimo podermos debater ideias, sem ofensas, sem ódios e sem caráter pessoal.

Finalmente disse a ele que, se houver uma votação séria em que o povo, na sua maioria, se manifeste a favor de uma "intervenção" militar, terei que aceitá-la mesmo que não goste, não porque seja a vontade de alguns generais, mas porque o povo, soberanamente assim o decidiu, mesmo que depois se arrependa, como tem acontecido com frequência nas nossas escolhas.
Herculano
31/05/2018 19:12
UM TEXTO DE CARLOS TONET

Intervencionistas e apoiadores da greve agitaram o centro de Gaspar ontem [quarta-feira] à noite.

Depredaram a prefeitura e não deixaram a turma abastecer.

Um dos vídeos mostra mais um choque de realidade para os que defendem o intervencionismo cívico patriota militaresco

A PM chega e se posiciona.

Espalha alguns homens com armas de bombas de efeito moral.

Protestadores e empinadores de bicicleta se preparam para ouvir a voz da autoridade fardada.

Uma autoridade que para eles só é vista batendo em vagabundo da CUT, não em gente de bem e patriótica.

Alguns manifestantes gritam:

- Silêncio, escuta um pouquinho.

Todos quietos para ouvir a autoridade militar mão amiga, braço forte.

E eis que o oficial da PM se sai com essa pérola, que cala fundo no orgulho cívico e fere o brio patriótico:

- A brincadeira por hoje deu.

O povo cívico reage:

- Isso não é brincadeira.

Tarde demais: PMs já estão empurrando os protestadores e empinadores de bicicleta.

- Sai, sai, acabou, acabou.

E dá-lhe bomba e cacetete na lomba.

Um consolo para os protestadores: na época da ditadura militar que vocês defendem, ia ser pior.

Ia ter gente sendo detida sem registro e com o risco de a família uma semana depois ser informada de que tal pessoa nunca esteve na delegacia e nem foi detida...

Vocês iam ter na sua família mais um dos tais "desaparecidos"...

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