31/01/2018
A coluna de desta quarta-feira já estava pronta, quando foi surpreendida pelo anúncio do Samae de Gaspar com a compra de mais um caminhão caçamba e um caminhão prancha, novinhos. “Estamos renovando a nossa frota”, estufou o peito o presidente da autarquia no comunicado que mandou fazer para a imprensa ler e publicar. Duas perguntas: o Samae de Gaspar vai fazer o serviço que é da secretaria de Obras? Quando de verdade o Samae vai fazer aquilo a que está obrigado: distribuir água tratada sem as constantes, e as vezes, longas interrupções aos seus clientes? Por que, antes não se compra um gerador para a ETA do Belchior que pára por falta constante de energia?
Não está sendo, até aqui, um verão seco.
Teoricamente, Gaspar ainda não tem déficit na produção de água tratada, mas diante de tanta reclamação, não por horas, mas por dias e semanas seguidas, sugerem que não há água no Rio Itajaí e ribeirões para se captar; que não há tratamento que de conta da demanda de consumo; que não há reservatórios suficientes para suportar essa demanda; ou que a rede de distribuição está sucateada.
O próprio Samae trata de dizer que não é isso. Então o que é que está acontecendo?
Desde que Kleber Edson Wan Dall, MDB, assumiu a prefeitura da Gaspar no dia primeiro de janeiro do ano passado, há constante falta de água em diversos pontos da cidade, onde nunca até então faltou água tratada com tanta frequência. E qual é a razão disso? Estranhamente, admite-se no próprio poder de plantão na prefeitura, deve-se à escolha na composição política e na “divisão” de poder que o prefeito fez no seu primeiro escalão (e outros...).
Pressionado pelas circunstâncias e tentando evitar danos políticos ao seu governo, Kleber nomeou para presidente do Samae, o mais longevo dos vereadores de Gaspar, José Hilário Melato, PP, pensando que lá, onde qualquer um se deu bem, numa máquina de fazer dinheiro e serviços suplementares para a prefeitura, teria encontrado o lugar certo para o político experiente e com mandato na mão.
Kleber está com um problema, dos grandes. Não sabe como resolve-lo. Qualquer solução, hoje, é “perigosa”, advertem os mais próximos.
Melato não conhecia nada de água tratada, estação de tratamento, captação, distribuição, bombas, produtos químicos, booster etc. E precisava? Não!
Tantos passaram pela presidência do Samae de Gaspar com os mesmos vieses de ignorância técnica. Todos foram indicação política, composição de poder, ou de confiança, tão comum no equilíbrio do poder de plantão para se dar a tal governabilidade política e administrativa. Teve até gente com escolaridade duvidosa nesse cargo. Nem por isso, os gasparenses ficaram sem água tratada.
Contudo, todos, sem exceção, saíram-se bem. Foram eficazes. Alguns até, foram boas surpresas. Melato, por enquanto, vem quebrando a boa escrita.
Então qual o segredo dessas pessoas de quem nada se esperava e se deram tão bem no Samae? Elas, supostamente limitadas, fruto de indicação política, foram líderes. Reconheceram desde logo seus limites; foram inteligentes. Prestigiaram o corpo técnico do Samae e fizeram-no funcionar a favor da cidade, dos consumidores que pagam mesmo não recebendo água. Pensaram também em si (reputação e reconhecimento) e no poder político que lhes concedeu o cargo, como retribuição pela indicação.
Por outro lado, Melato, cujo primeiro ato foi indicar a sua perpétua secretária Janete Silva para a autarquia, resolveu sinalizar aos de lá que ele existia acima de tudo; que era ele quem mandava em tudo. Exerceu, talvez pelo medo, a centralização ao extremo. Afinal, diz que é um “executivo experimentado” e que os funcionários de carreira e comissionados, se tivessem juízo, se subornariam.
Resultado? Uma parte do plano deu errado. Afinal chefe e líderes são coisas bem distintas.
Mexeu no corpo técnico, desintegrou a harmonia mínima no âmbito político e técnico, semeou a insegurança e colocou a gestão técnica nas mãos gente da sua “confiança”, mas que não conhecia o Samae, a rede de distribuição e o funcionamento do negócio do ponto de vista operacional e técnico. Por isso, quase todos os dias, foi um problema atrás do outro. Hoje se leva mais tempo do que o normal para se descobrir, criar gambiarras ou dar soluções. É mais fácil comprar carros, caminhões, máquinas...
Melato, está mais preocupado em descobrir quem são as minhas fontes dentro do Samae, para persegui-las, do que olhar o facebook e ver o que os seus clientes estão reclamando da sua empresa. Gasta energia em foco errado. Até a sua assessoria de imprensa é cumplice. Nega conhecimento de vazamento que são públicos, denunciados na própria autarquia, mas que não mereceram soluções tão logo informados. Desperdício de água.
Ah! Há exageros nas críticas dos seus subordinados técnicos ou desta coluna contra o presidente do Samae! Ou os que estão com sede e não têm água estão sabotando a imagem do Melato!
Acidentes ou incidentes podem ocorrer na distribuição de água em qualquer lugar. Pode! Mas, não com a alta incidência onde não havia; não com a demora para se descobrir as causas da secura e coisas simples, como o desligamento bombas, boosters, inversão de fases e isolamento de redes ou se saber como elas são abastecidas. Veja o caso do Barracão, o mais recente: quase três dias para se descobrir o que causava a falta de água por lá.
A inversão de prioridade começou com os conflitos internos nas equipes técnicas do Samae. Isso se refletiu nas ruas e para os consumidores de água tratada do Samae. Somou-se à falta de planejamento e principalmente à execução falha, ou sofrível dos trabalhos para detectar e consertar a rede. Aqui, neste espaço, todas as semanas há relatos de casos ridículos. E pior: a equipe é a mesma. Trocou-se apenas a chefia, a forma de agir e seguir os protocolos.
Para encerrar. Na semana passada, quatro importantes bairros de Gaspar ficaram sem água e não foi por curto período não. Foram horas e dias: Belchior (e não foi pelo isolamento temporário da Estação de Tratamento da Rua Nova Iguaçú devido as barreiras que lá deslizaram), Margem Esquerda, Bateias e Barracão.
A soma de tudo isso? Desgastes para o governo Kleber, Luiz Carlos Spengler Filho, PP e o prefeito de fato, Carlos Roberto Pereira, o secretário de Fazenda e Gestão Administrativa, bem como para os vereadores da base, que são pressionados exatamente no momento em que se transforaram em cabos eleitorais dos candidatos de outubro deste ano e estão “mais próximos” do povo.
Quando o Samae não funciona e não responde, são eles que cobrados publicamente a toda hora não por esta coluna, nem pelo jornal ou as rádios que controlam, mas pelas redes sociais. “Festa” sem controle! E Melato? Culpando Deus, o mundo e eu. E daí?
Mas o que o executivo Melato fez para mitigar o que já perdura um ano e um mês se ele mesmo é o centro do problema? Comprar mais maquinário ou fazer funcionar a sua equipe para diminuir os erros, negligências e queixas?
Então tudo tende a piorar. E por que? Melato é intocável e ele acha que está certo! E se ele não funciona administrativamente, são em tese, para os cidadãos, o prefeito Kleber, é o vice Luiz Carlos, é o prefeito de fato, o doutor Pereira, os vereadores da base que não funcionam. E se eles não têm medo do “estrago” que o Melato, pode fazer na coligação, então nada vai mudar.
E se Melato voltar para a Câmara. Já há um estrago lá que terá que ser consertado. Kleber está provisoriamente, ou teoricamente, em minoria. E por que? Exatamente por um gesto desastrado (ou intencional) do Melato. Ele não assinou a tempo a tal ata de compromissos da coligação nas futuras eleições da mesa da Câmara.
O mais longevo dos vereadores inchou impressionantemente a Câmara nos seus mandatos. Da Câmara, Melato conhece as manhas como ninguém, mas do Samae, até agora, só as múltiplas queixas e as manchetes das más notícias, ou as como a de ontem: ao invés de água nas torneiras, caminhões. Melato, politicamente, sempre soube se transformar em um ente político imprescindível em situações de fragilidade. Gerava o caos e dele emergia como a solução. Afinal, como “opositor”, foi o que mais facilitou a vida do PT de Pedro Celso Zuchi na Câmara, apesar da minoria que os petistas tinham lá. Kleber, agora está em minoria. E quem fez essa minoria? Melato!
Kleber já disse que não vai mudar o seu secretariado. Disse – até que alguma razão nova o contrarie - que confia nesse time, mesmo ele não esteja funcionando e esteja fazendo-o sangrar. É uma escolha! E se houver perdedor, será Kleber e o MDB. E se continuar com Melato no Samae, a população possui a grande chance de ficar sem água, do nada, em algum instante, por falta de liderança e manejo sobre as equipes técnicas.
Pior: Kleber já disse publicamente, que o Samae vai ser um dos alavancadores da sua reeleição. Será? Com a implantação do esgoto sanitário? Com verbas públicas que não existem e quando distribuídas estão vigiadas como ninguém pelo Ministério Público? Com Melato? Votarei ao tema. É obvio. Acorda, Gaspar!
O site da Câmara de Gaspar mudou no visual, mas continua com o vício antigo, o de esconder informações, ou ao menos, dificultando o acesso delas ao povo.
Festa. O deputado Federal Rogério Peninha Mendonça, MDB, esteve aqui fazendo política para “plantar” a coleta de votos visando a sua reeleição, tendo o prefeito Kleber Edson Wan Dall, MDB, como seu cabo eleitoral.
Peninha trouxe R$292 mil para a pavimentação da Rua Itália. O dinheiro é dos nossos impostos e é da tal emenda impositiva a que o deputado tem direito no Orçamento Federal.
Estavam lá se esbaldando na foto com o tal papelinho para gente desavisada, não só os próceres do governo de Kleber, mas os da oposição que diz ser este tipo de verba – e que também recebe e distribui com a mesma técnica do papelinho – um tipo de compra de votos do golpista Michel Temer, MDB, e que os próprios petistas e os da esquerda do atraso elegeram-no como vice do PT e de Dilma Vana Rousseff.
Aliás, Peninha que é do MDB anda de braços com Jair Bolsonaro, PSL. Traição à vista? Mais: sendo da base de Michel Temer, Peninha se diz “neutro” na Reforma da Previdência que privilegia uma elite políticos e servidores públicos.
Políticos e uma casta de servidores se aposentam precocemente aos 45/50 anos, com salários milionários integrais de R$20, 30, 40 e até 100 mil por mês, enquanto 63% - os tais analfabetos, ignorantes e desinformados manipulados por seus cabos eleitorais - dos que elegem Peninha de verdade para ele estar lá em Brasília, aposentam-se em média, só aos 66 anos, com apenas um salário mínimo. Incrível!
E ainda sobre a festança do comício político com o papelinho para a pavimentação da Rua Itália. Quem estava lá? A sumida e estranha secretária de Educação, Zilma Mônica Sansão Benevenutti. Ela não consegue visitar as escolas e CDI com problemas (ou até sem), nem consegue falar com vereadores ou ir à Câmara para defender suas ideias, mas teve tempo para estar no comício, aplaudir os políticos nos seus discursos e sair na foto. Fez, mais uma vez o papel de cabo eleitoral e não de secretária. Então está garantida. Já a imagem do governo...
Outro sinal torto da foto. O presidente da Câmara, Silvio Cleffi, PSC, não estava lá. Foi “representado” pelo vereador Roberto Procópio de Souza, PDT, que com Mariluci Deschamps Rosa, PT, deu o tombo na candidata de Kleber à presidência da Câmara, Franciele Daiane Back, PSDB.
E para terminar porque amanhã tem mais. Nada como um dia após o outro, ou o tempo é o senhor da razão. Nas cercanias do gabinete do prefeito Kleber Edson Wan Dall, nas conversas de pé de ouvido, já se admite que o MDB se não foi ativo, facilitou a eleição de Silvio Cleffi, PSC, na presidência da Câmara de Gaspar, quebrando o trato que tinha com Franciele Daiane Back, PSDB.
Só a Franciele com os vereadores do MDB próximo a ela, além de Claudionor da Cruz Souza, Luciano Odair Coradini, ambos do PSDB do MDB, e o próprio prefeito Kleber, proponente e fiador do acordo com Franciele, acreditaram no jogo que marcaram e juraram.
O verdadeiro jogo do poder de plantão é jogado em outra banca com o ex-prefeito Osvaldo Schneider, o Paca; Carlos Roberto Pereira, Ivete Mafra Hammes, Walter Morello, Celso Oliveira... Acorda, Gaspar!
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