SEGURANÇA OU A PRIORIDADE DA GESTÃO É UM PROBLEMA EM GASPAR? - Por Herculano Domício - Jornal Cruzeiro do Vale

SEGURANÇA OU A PRIORIDADE DA GESTÃO É UM PROBLEMA EM GASPAR? - Por Herculano Domício

12/03/2018

Segundo o vereador Ciro André Quintino, MDB, a insegurança em Gaspar é um problema sério. E é, a julgar pelo noticiário, pelos relatos das redes sociais. E mencionou a Margem Esquerda, área do vereador Francisco Solano Anhaia, MDB, como um exemplo. E gente ligada ao vereador Ciro, cobrou-me uma repercussão sobre o tema.


Sério, vereador? A insegurança é um problema? Desde quando? Não é de hoje, certamente. Onde estão as estatísticas e as comparações do município e dos bairros, principalmente os “distantes” ou “portas de entradas e saída da cidade” como a Margem Esquerda, Barracão e Poço Grande, para ficar naqueles que o vereador citou no discurso na Câmara?


De verdade? Não é marcação ao vereador como ele reclama. É constatação. O discurso de Ciro não ajuda na solução, quase impossível, ou na mitigação, o objetivo da justa indignação comunitária e que ele reflete no palanque.


Os políticos são envolvidos por temas e problemas imediatos. Vivem da emoção alheia. São bichos sobreviventes. Não constroem soluções de longo prazo, ainda mais às portas de uma campanha eleitoral como a desse ano. E os vereadores, transformados em cabos eleitorais, dão vazão aos dramas e pedidos dos seus eleitores e eleitoras indignadas, mesmo sabendo que são parte do problema.


Então, os políticos fazem discursos ocos para satisfazer os que reclamam e ao mesmo tempo lhes são úteis na busca de votos, ao invés de liderar propostas concretas em favor desses mesmos eleitores cidadãos, expostos à crescente bandidagem.


Ah, mais segurança pública é uma obrigação do governo do estado ou da União, diriam os meus leitores e leitoras. Eu sei. O vereador também sabe, tanto que saiu com esse escape. Ou seja, transferiu a culpa. Não assumiu a sua parcela, que desde logo faço um parêntesis: é de todos nós. Um escape, uma acomodação, uma transferência cara que está custando o sossego de muitas comunidades como é o caso de Florianópolis, Joinville, para não citar o Rio de Janeiro que é manchete nacional e internacional da vez e projeto para palanque e alavanca eleitoral do próprio MDB do vereador.


A responsabilidade na busca de mitigação é dos outros (estado e União), mas, vejam, afeta o cidadão no bairro de Gaspar. Ou seja, algo está claramente errado nisso tudo. O cidadão e o eleitor percebem. Só político e o gestor local conseguem passar a bola para outros e tentar se sair limpo da sua responsabilidade solidária.


Se o município não faz segurança (policial), e é bom que não faça, porque aí vai ser a polícia de “A”, “B”, “C”..., vira cabide de emprego, vira milícia, vira bico e tudo na nossa conta, como já acontece no plano estadual e se replica por todos os cantos do Brasil, por outro lado, o município é vital na segurança social.


A FALTA DO ESTADO NO SUPORTE DO CIDADÃO CARENTE


Segurança não é apenas a do aparelho policial formal (inteligência, preventivo, repressor, judiciário, técnico), como cita e quer o vereador Ciro, e como quer a maioria das pessoas, diga-se, desde logo. Segurança está no jeito como o gestor público entende e protege a sua comunidade e os seus comunitários.


Segurança não é um jogo de palavras, palanque e uma ação partidária.

A insegurança é muito à falta do estado no suporte na vida do cidadão e dos mais carentes, justamente por serem mais vulneráveis. Coincidente, são eles os que os políticos preferencialmente usam como massa de votos, quando não compram com dinheiro e lábia fácil com o transferir a culpa para outras instâncias, passado e até mesmo adversários.


Em resumo o que é isso?


É a falta de creches e Gaspar está devendo 1.200 vagas por baixo e não em meio turno como faz; é a falta de contraturno escolar; é a falta de atividades esportivas continuadas inclusivas monitoradas para crianças e adolescentes; é a falta de urbanização de áreas degradadas; é a falta de apoio social a migração desordenada e ocupações irregulares com apoio de políticos e a omissão da prefeitura; é a falta de uma política de assistência social intensiva e organizada, uma área, entregue a um curioso, cuja única qualidade para o cargo era ser amigo do prefeito, e veja só, no partido que o deixou em minoria na Câmara.


Isso sem falar nos Conselhos Comunitários de Segurança nos bairros e áreas problemas, que lhes falta apoio técnico, e que por isso, às vezes, mais parecem redutos partidários ou miliciana.


Quando se olha as estatísticas, ou se percorre os gabinetes do Ministério Público, do juizado específico, do Conselho Tutelar ou do Conselho Municipal dos Direitos da Criança e Adolescente, sabe-se perfeitamente o tamanho da encrenca: por problemas específico e por região da cidade de Gaspar.


POLÍCIA É INSUFICIENTE E NÃO RESOLVE


Um corpo de gente especializada - e não de políticos, comissionados de nível médio ou de amigos do poder e ávidos por empregos seja lá o que for e como paga de campanha ou afinidade partidária -, teria capacidade para propor políticas e ações técnica. Só elas seriam capazes de diminuir as tensões no presente, mas principalmente, blindar parcialmente o futuro dos comunitários da insegurança que lhes ronda, retira o sossego e diminui a qualidade de vida.


Ao mesmo tempo, sem qualquer discurso utópico e ideológico da esquerda do atraso, corre-se o sério risco na inclusão mínima de que quem está na marginalidade social.


Ou o vereador Ciro, ou outro político acha que polícia vai resolver a omissão do governo municipal (e até estadual) na área de assistência, saúde, educação e lazer local?


A polícia formal só consegue trabalhar com o mau resultado da ausência das políticas públicas que antecedem ao ato criminoso decorrente da oportunidade ambiental, exatamente porque o gestor local falhou.


Falhou por não ter uma política pública. E por que não possui uma política pública? Por lhe faltar senso e prioridade. Então, como decorrência não há a obrigação para implementar a ações de governo nessa área. Tanto que um dos primeiros atos de Kleber foi “economizar” na “obrigação” do município para com o Fundo da Infância e Adolescência. Não tinha lei superior que o obrigava nessa voluntariedade. Só voltou atrás, quando denunciado aqui, com a intervenção do Ministério Público e aí se chegou num acordo.


A segurança social custa dinheiro? Custa! E não é pouco. Mas, traz qualidade de vida às pessoas; conhece-se mais facilmente às vulnerabilidades e se pode dar repostas mais imediatas e eficazes aos atuais e futuros problemas sociais e que alimentam a marginalidade e consequente descambam para a criminalidade de todos os tipos, mas principalmente a de menor tipicidade.


Mais: a segurança social ajuda a melhorar a vida da comunidade, diminui custos para as pessoas, encorajam investimentos, permite a integração. Ou seja, baixa os custos em outra ponta, o da segurança formal, “devolvendo” uma certa paz e confiança entre os próprios comunitários.


Esse custo para a segurança social, é, na ponta do lápis, por gente que lida com isso, se executados com critérios profissionais e não políticos, bem menor do que o investimento em polícia, policiais cada vez mais escassos e caros com aposentadorias precoces, armamento, inteligência, logística, presídios, estruturas de delegacias e no próprio aparelho judicial, incluindo o MP e Defensoria Pública.


Então vereador Ciro, o que o governo Kleber Edson Wan Dall, MDB, Luiz Carlos Spengler Filho, PP, e Carlos Roberto Pereira, tem feito além de repassar recursos para as Polícias e os bombeiros do Estado? Pouco! E não vai adiantar. O problema só tende a agravar com essa visão e ação que já provaram serem ineficazes diante do agravamento da situação, como bem o senhor retratou no seu discurso.


Finalizado. Resta ao político, passivamente, fazer discursos indignados para satisfazer os eleitores indignados, como se isso fosse resolver o problema. Está na hora de mudar e agir. Ou seja, ser eficiente, como é (ou era?) o lema da atual administração. Acorda, Gaspar!



TRAPICHE

Como funciona. O presidente da Câmara, Silvio Cleffi, PSC, no primeiro discurso deste ano, jurou que, finalmente, daria transparência aos atos do poder, incluindo até um “painel” para os que forem lá na Casa. Excelente discurso. Já registrei isso.

Antes, devia ele cuidar do site, exatamente para quem não vai lá no prédio da Câmara e que possui horário restrito de funcionamento. O site, é uma ferramenta essencial de transparência e universalmente acessível, até então, malfeita e malcuidada. Ele é focado na promoção dos vereadores e de resto cumpre a missão institucional, incluindo a transparência.

Há semanas noticiei que faltavam seis Resoluções da Mesa Diretora. Não faltam mais. Contudo, elas estão fora da ordem numérica de expedição. Questionei a assessoria de imprensa. E quem me respondeu, foi o jornalista comissionado indicado pelo novo presidente. José Maurílio Moreira de Carvalho, já trabalhou na Câmara de Blumenau no mandato do presidente, o petista Vanderlei de Oliveira. A Câmara de Gaspar tem um outro assessor de imprensa efetivo, Vagner Cesar Campos Maciel.

“Senhor Herculano, a não sequência dos números das resoluções é decorrente de resoluções do ano passado que não haviam sido publicadas. O erro foi do portal. Assim, a Secretaria da Câmara abriu um chamado com a empresa responsável para a publicação. Em relação ‘enganar e dificultar a transparência’ é um juízo de valor do senhor”.

Meu juízo de valor? As resoluções estão fora da ordem sequencial. Isto é fato. Ou seja, engana à primeira vista, dificulta à transparência mesmo que isso não seja intencional. Mais contraria totalmente o sentido de transparência do site de um ente público. Ele deve prioritariamente essa transparência à sociedade, ainda mais como fiscalizador pago com os impostos de todos e chamado pelos seus próprios integrantes como a “Casa do Povo”.

É um erro do portal. Também se aceita. Contudo no dia nove de março, ou seja, desconsiderando a gestão anterior que findou no dia 20 dezembro do ano passado, e considerando que a Câmara só “voltou a funcionar” no dia primeiro de fevereiro, são 40 dias passados para prover a regularização de algo muito simples.

Nada se fez. Só agora, abriu-se um chamado à prestadora de serviços. Faltou iniciativa da área que executa e diligência da presidência que prega a transparência. Precisou ser cobrado. Para quem levou 70 dias para fazer uma simples reunião da Mesa Diretora, o juízo de valor não é meu, caro assessor.

Mais: inovaram. Estava lá anunciada a Resolução da Mesa Diretora 17, sem conteúdo. Ela trata da substituição de membros na Comissão Especial Temporária.

“A resolução 17 existe, apenas está em confecção”, escreveu o assessor de imprensa. Bonito isso! Se ela existe, é pública, está valendo e deveria estar publicada no site. Se está em confecção, ela não existe no mundo jurídico, seus efeitos e não deveria se fazer reserva no site com numeração e tudo.

Ou estão inventando resoluções orais e com acordo em fio de bigode? Já se provou várias vezes que acordos de fio de bigode na Câmara de Gaspar não valem nada. E sou eu que estou fazendo juízo de valor? Ou os fatos falam por si só? Seja bem-vindo Maurilio, mas começou mal. Ai, ai, ai!

Mas, na sessão de terça-feira passada, o vereador Francisco Solano Anhaia, MDB – e o mais inconformado até aqui com a eleição da nova mesa diretora - deu algumas pistas de como o cargo de presidente da Câmara não é apenas um título honorífico e exige demanda de representatividade de um poder.

Anhaia reclamou da ausência de Silvio Cleffi, PSC, em vários atos e reuniões na comunidade e órgãos do governo. Deve também estar faltando tempo para a gestão administrativa da Câmara. E o caso das resoluções é um sinal disso, do inesperado, de quem não se preparou para conciliar todas as atividades e somado ao viés centralizador do presidente.

Silvio é médico cardiologista, atende particular em Gaspar e Blumenau. Como cardiologista do município na policlínica já pediu o boné. Ficou como clínico geral no postinho do Bela Vista. É vereador, presidente da Câmara e como neófito, serve à oposição que o colocou no cargo.

Para complicar, Sílvio numa queda de braço, bandeira e discurso político para enquadrar o poder de plantão e mostrar força, quer comandar, paralelamente, a Saúde Pública de Gaspar metida num buraco só.

Estranhamente, Silvio já tinha essa ascendência sobre a Saúde Pública de Gaspar – que nada melhorou, ao contrário – quando ele era o queridinho e estava na base aliada do prefeito Kleber Edson Wan Dall, MDB. Ou seja, é de se esperar que com tanto acúmulo, sem delegação, alguma coisa não vá funcionar direito. Acorda, Gaspar!

 

Edição 1842 - Segunda-feira

 

Comentários

Herculano
13/03/2018 06:51
HOJE É DIA COLUNA OLHANDO A MARÉ INÉDITA AQUI NO PORTAL CRUZEIRO DO VALE, O MAIS ANTIGO, ATUALIZADO E ACESSADO DE GASPAR E ILHOTA.

AGUARDE.

O título do artigo, diz tudo: "Kleber está sem pão e só com o diabo lhe assando". Analiso o desgaste que a oposição em maioria na Câmara está lhe marcando. Não a correta, a que vai lhe deixar exposto definitivamente, mas a duvidosa feita para o palanque.
Herculano
13/03/2018 06:39
CORPORATIVISMO NOTA DEZ, editorial do jornal Folha de S. Paulo

Sistema de gratificações por desempenho mostra a aplicação aviltada de um princípio correto

Há um setor da sociedade para o qual o serviço público brasileiro constitui exemplo virtuoso de eficiência e produtividade ?"trata-se do próprio serviço público.

É o que se depreende, ao menos, da escalada das despesas do governo federal com gratificações por desempenho de seus funcionários. Como noticiou esta Folha, tais pagamentos atingiram R$ 42,3 bilhões em 2017, que se somaram ao montante não muito superior, de R$ 54,5 bilhões, pago em salários.

Esse gasto teve expansão de 6,5% acima da inflação no ano passado, em plena vigência do teto para os desembolsos da União. Podendo-se descartar a hipótese de um surto de hiperatividade nas repartições nacionais, o que se observa é tão somente a aplicação espúria de um princípio correto.

A partir de uma lei de 2008, ampliou-se na administração federal a concessão de bônus associados a metas para os resultados obtidos pelos servidores e pelos departamentos a que pertencem. A iniciativa, entretanto, continha vícios desde sua origem.

Vivia-se o auge da bonança orçamentária do governo Luiz Inácio Lula da Silva, e o comando petista se empenhava em atender a demandas do funcionalismo ?"cujos sindicatos estão entre as bases mais influentes do partido.

Em vez de instrumento para premiar órgãos e funcionários mais diligentes, as gratificações logo passaram a ser encaradas como parte da remuneração fixa de todos.

Para tanto, bastam parâmetros pouco ambiciosos e generosidade nas avaliações, nas quais se adota a nota máxima como regra. A permissividade se tornou desfaçatez quando as vantagens acabaram estendidas aos aposentados.

Reconheça-se que fixar indicadores objetivos para o desempenho de funcionários é tarefa complexa ?"até no setor privado. Mesmo governos de países desenvolvidos reportam tentativas malsucedidas ou de resultados modestos.

No serviço público brasileiro, entretanto, ainda restam providências óbvias a serem tomadas na busca por eficiência. Destacam-se entre elas a profissionalização dos gestores, prejudicada pelo excesso de cargos sujeitos a indicações políticas, e a redução do alcance da estabilidade no emprego.

Faz-se necessário também ampliar a diferença entre os salários iniciais, hoje muito elevados, e os finais, de modo que estimule o profissional a produzir mais e melhor para progredir na carreira.

Há, enfim, uma cultura de corporativismo e defesa de privilégios a enfrentar, o que tem se mostrado um desafio inglório. O único impulso importante nessa direção, infelizmente, vem do esgotamento dos recursos orçamentários.
LUIS CESAR HENING
12/03/2018 17:57
A PRESIDENTE DO SINTRASPUG, SENHORA LUCIMARA, QUE POUCO OU QUASE NADA FEZ PARA OS SERVIDORES, AGORA RESOLVEU TRABALHAR CONTRA OS SERVIDORES QUE MANTEM O SINDICATO VIVO, PELA PRIMEIRA VEZ NA HISTORIA UM SINDICATO ENTRA CONTRA A CLASSE DELE, A MESMA ENTROU COM UMA LIMINAR REQUERENDO 60% DE UM DIA DE TRABALHO DO SERVIDOR, OBRIGANDO JUDICIALMENTE, CONTRARIANDO A REFORMA TRABALHISTA QUE DIZIA QUE A CONTRIBUIÇÃO SERIA FACULTATIVA. E PASMEM DESTA VEZ É O PATRÃO TENTANDO AJUDAR O FUNCIONÁRIO, POIS A PREFEITURA ESTA TENTANDO NA JUSTIÇA CASSAR A LIMINAR. A NOSSA PRESIDENTE ESTA QUERENDO SUSTENTAR OS FUNCIONÁRIOS DESNECESSÁRIOS QUE ELA EMPREGOU, COMO ASSESSOR DE IMPRENSA E ASSESSOR ECON?"MICO
Herculano
12/03/2018 17:29
HC DE LULA NÃO PODE SER JULGADO SEM ESTAR PAUTADO, DIZ CARLOS VELLOSO

Conteúdo de O Antagonista. O site jurídico Jota ouviu ex-presidentes do STF sobre a possibilidade de levar o pedido de habeas corpus preventivo de Lula "em mesa" para julgamento ?"ou seja, sem estar pautado.

Como publicamos na semana passada, Cármen Lúcia não incluiu na pauta do Supremo em abril nem o julgamento do HC de Lula nem a análise das ações declaratórias de constitucionalidade sobre prisão após condenação em segunda instância.

Para Carlos Velloso, ex-presidente do STF, o caso do petista não preenche os requisitos necessários para ser julgado sem estar pautado. Ele lembra que o entendimento firmado pelo STF é no sentido da execução antecipada de pena e não vê motivo para mudar esse precedente.

Ayres Britto, também ex-presidente do Supremo, evitou comentar a situação do HC de Lula, mas disse que é "muito raro" haver julgamento em mesa no Supremo.
Raimundo Nonato Sobrinho
12/03/2018 15:08
Sr. Herculano

Qual seria o motivo de inaugurar a Rua Artur Posso, fora da programação oficial do município e a festa só para amigos? Será que é por que a obra não é do atual prefeito?
E o pior o prefeito falou que iria arborizar a via, parabéns ele está arborizado, mas vai demorar, pois o que se vê é plantar um pé de ipe a cada 20 dias. Até agora só 4 plantadas, quem não acredita passa lá e confere.
Sidnei Luis Reinert
12/03/2018 12:16
segunda-feira, 12 de março de 2018
Picanha temperada com autocensura é indigesta



Edição do Alerta Total ?" www.alertatotal.net
Por Jorge Serrão - serrao@alertatotal.net

O Capitalismo de Estado é mole, não... Capimunismo ?" como o praticado no Brasil ?" é pior ainda. A China aprovou uma emenda à Constituição permitindo reeleições sem limites do Presidente Xi Jinping - craque em perseguir opositores e censurar a mídia e a Internet, enquanto posa de amante do futebol. Aqui em Bruzundanga, o chinês nem teria trabalho. Nossa mídia nem precisa ser censurada. Seus patrões preferem praticar a covarde autocensura...

A autocensura praticada pelos veículos de comunicação é muito pior do que a censura oficial, imposta pelos governos arbitrários ou pelos poderosos de plantão. Hoje de madrugada, a direção de jornalismo de algumas emissoras de televisão deixaram ordens expressas para que não fossem veiculados nos principais telejornais vários vídeos mostrando o recém-libertado empresário Joesley Batista sendo hostilizado e impedido de almoçar com a família no luxuoso Barbacoa ?" churrascaria famosa na Zona Sul de São Paulo. O mais engraçado da estória é que os revoltados confundiram a vítima: era o Wesley, irmão dele, quem estava lá... Tudo em família...

Autocensura é algo burro na era das redes sociais. Não adianta o editor-chefe-censor tentar omitir imagens que viralizam sobre um fato lamentável, porém sintomático. Os brasileiros, de todas as classes, estão enfurecidos com os acusados ou suspeitos de praticar corrupção com o dinheiro público. Políticos e empresários envolvidos em escândalos não conseguem escapar da fúria dos indignados nos locais públicos. Eles sabem do alto risco de tomarem vaias nos restaurantes, aeroportos e dentro das aeronaves ?" com filmagens indiscretas dos smartphones, divulgadas quase em tempo real.

A Polícia Militar chegou a ser acionada para ajudar Joesley e sua família a saírem do restaurante, sob vaias e xingamentos de quem não aguenta mais o Brasil do jeitinho que está (ou como sempre teve). A manobra burra de "censurar" imagens é um fenômeno que merece ser analisado junto com a agressão ao Joesley. Será que a ordem foi dada para poupar o poderoso da J&F (JBS/Friboi), que agora anda por baixo da carne seca? Ou a censura é para não macular a imagem do estabelecimento onde a cúpula do veículo de comunicação costuma comer, no famoso formato de "jabá", aquela carninha (que pode ser até fornecida pelas marcas do Joesley)?

A zelite jornalística tupiniquim tem comportamentos deploráveis, do ponto de vista moral e ético. Não é à toa que o lendário Gato Angorá (quando era Prefeito de Niterói no final dos anos 70) costumava se vangloriar que comprava a imprensa local com duas caixas de cerveja. Atualmente, parece que bastam dois bifinhos de picanha e alguns milhões de reais em publicidade oficial. É por isso que a carne dos autocensores é tão fraca...

Ainda bem que logo mais o técnico Tite convoca a Seleção Brasileira para a Copa do Mundo da Rússia. Xi estará de olhos bem abertos. Lula, que também adora futebol, está mais preocupado com o dia 26. Não param de dizer que ele será preso nesta data. Na verdade, nós é que continuamos prisioneiros da corrupção, da canalhice, da violência e da insegurança (principalmente a jurídica).
Herculano
12/03/2018 10:15
PT: DE PARAÍSO DO TUIUTI A ACADÊMICOS DE HAWARD

Conteúdo de O Antagonista.

Cem professores de universidades americanas, entre as quais Harvard, Brown, Princeton e Yale, assinaram uma carta para repudiar a ação do ministro Mendonça Filho de investigar por improbidade administrativa o professor petista da UnB que inventou o curso sobre o "golpe de 2016".

Eles acusam o ministro de "tolher a liberdade de expressão nas universidades".

O grupo se intitula "Acadêmicos e Ativistas pela Democracia no Brasil". É nome de escola da samba. Pode sair na Sapucaí, no lugar da Paraíso do Tuiuti.
Herculano
12/03/2018 09:59
FAMÍLIAS VOLTAM A HÁBITOS DE CONSUMO DA FASE PRÉ-CRISE, COM MANTEIGA, REQUEIJÃO E AZEITE. JUÍZO NÃO VOLTOU À TURMA DO "CENTRO", por Reinaldo Azevedo, na Rede TV

Informa reportagem do Estadão desta segunda:

"Dados da consultoria Kantar Worldpanel mostram que, em 2017, mais de dois milhões de lares voltaram a comprar manteiga pelo menos uma vez no ano - indicador que mostra uma reação do mercado de consumo. No auge da crise, o produto estava presente em 32,94% dos lares brasileiros. Com a retomada, a participação subiu para 36,80% - superior à registrada antes da recessão, em 2014 (34,17%). O mesmo ocorreu com o azeite, que retornou à lista de supermercado de 1,4 milhão de famílias".

Mais um pouco? Vamos lá, ainda com a reportagem:
"Outro motor do consumo foi a redução do endividamento das famílias, que chegou a comprometer 22,8% da renda mensal em 2015. De lá pra cá, o indicador seguiu um movimento de queda. Segundo dados do Banco Central, em dezembro do ano passado, já estava em 19,9%."

Ou ainda:
"Cálculos do economista Maurício Molan, do Santander, mostram que o aumento da massa salarial e o recuo do endividamento dos brasileiros devem liberar cerca de R$ 124 bilhões para a economia. "Vemos um crescimento consistente do consumo neste ano, já que o emprego e a renda estão voltando. Tudo isso é muito poderoso." A expectativa é de que o varejo tenha um avanço de 4,7% em 2018 - o que deve ajudar a sustentar as previsões de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) em torno de 3%."

Então vamos ver.

Tenho chamado a atenção aqui, no rádio, no jornal, na TV e em toda parte para a recuperação da economia. Mais do que isso: critico aqueles que dizem que ela ainda não chegou às pessoas. Não é o que tenho ouvido de motoristas de táxi e de aplicativos, de lojistas, de empresários ligados à produção e até de camelôs.

Junto com tal constatação, tenho dado relevo a uma certa esquizofrenia, misturada à covardia, que toma conta do debate político. Como a opinião pública ainda é presa de uma "doxa", segundo a qual o governo Temer "é ruim", os políticos que pretendem disputar o "centro" na eleição de 2018 simplesmente ignoram as qualidades da gestão e a mudança efetiva que está em curso. Nota: havia a "doxa", na primeira semana de junho de 2013, de que o governo Dilma era "ótimo ou bom" ?" era essa a avaliação de 57%, segundo o Datafolha; na última semana daquele mês, o índice havia caído 27 pontos.

E onde está a esquizofrenia? Os candidatos se oferecem à opinião pública prometendo, exceção feita às esquerdas, aquilo que já está em curso, procurando, de resto, fugir de questões polêmicas, como a reforma da Previdência. É claro que a pregação política do Partido da Polícia ?" lava-jatismos e afins - contribui para a distorção: tanto a de opinião como a do alinhamento político. Até Rodrigo Maia, do DEM - que, obviamente, não vai deixar de ser candidato a deputado federal, com chance de presidir a Câmara de novo, para disputar o Planalto -, ao lançar a sua candidatura "fake", diz não ter compromisso com o passado - a gestão virtuosa que aí está -, mas "com o futuro", seja lá o que isso queira dizer.

Do tucano Geraldo Alckmin, também não se arranca um elogio ao governo nem debaixo de porrete; nem que fosse um aceno estratégico, já que o PMDB pode fazer uma baita diferença: em tempo de TV, em recursos, em rede de apoios, em eleitores. Todos os senhores do centro estão abrindo mão de fazer política - que é um trabalho de convencimento ?" para se colocar como caudatários daquela "doxa". Se eu achasse que isso pode dar certo, registraria aqui a injustiça, claro!, mas diria: "É eficaz!" Mas acho que não é.

Como informa a reportagem, "Aos poucos, as famílias brasileiras começam a retomar alguns hábitos de consumo adquiridos nos tempos de bonança da economia. Depois da longa recessão econômica que fez os consumidores cortarem ou substituírem produtos no dia a dia, a lista de compras voltou a ser incrementada com mercadorias um pouco mais caras. No lugar da margarina, a manteiga retornou à mesa; assim como o óleo de soja foi substituído pelo azeite de oliva. O requeijão, a batata congelada e o pão industrializado também estão de volta ao cardápio dos consumidores."

Sim, há muito pela frente. Vários estudos indicam que o país, se não tiver interrompida, de novo, a trajetória de crescimento, voltará só em 2021 ao patamar de consumo de 2013, o que indica a dimensão do estrago, o abismo em que nos jogou a desordem dilmo-petista. A depender do que aconteça nas urnas, essa data vai se perder no tempo. E pode acontecer o contrário: em vez da continuidade do crescimento, um novo mergulho no caos.

Lula, Ciro Gomes e esquerdistas menores, claro!, tratam o país como se vivêssemos num clima de terra arrasada. Em setores da "mídia" - porque a coisa é mais ampla do que a imprensa -, tem-se também a impressão de que o caos bate à porta. Meu WhatsApp foi inundado ontem por sugestões para que veja o que disse "Faustão" em seu programa deste domingo. Não tive tempo. Mas posso imaginar. Vou fazê-lo. O discurso do "Projaquistão" está cada vez mais previsível. Obviamente não há o que esperar desses territórios.

Já os candidatos e as forças políticas que têm um compromisso com os fatos precisam pôr a mão na consciência. Quem é que vai defender como base necessária, mas não suficiente, de sua postulação as regras do jogo que devolveram o crescimento ao país? Observem: eu escrevi "base necessária". É uma questão de responsabilidade com o país levar essas questões ao debate.

E, nesse caso, pouco imposta se é para ganhar ou para perder a eleição.

Alguém terá de dizer a verdade.
Herculano
12/03/2018 09:54
QUEM LEVOU E COMO LEVOU O BRASIL PARA O SOCIALISMO
por Percival Puggina.

Atribuir ao capitalismo a culpa pelos problemas sociais do Brasil é das afirmações mais absurdas que se pode fazer sobre o tema. O Brasil conhece o capitalismo de ouvir falar. Jamais teve com ele sequer um aperto de mãos, que dizer-se de um abraço sincero à causa.

Em 2016 circulou nas redes sociais uma longa entrevista de Steven Brams, cientista político do Departamento de Política da Universidade de Nova Iorque. Não consegui identificar quem divulgou originalmente a matéria, mas as observações feitas sobre os rumos que vinham sendo tomados pelo Brasil merecem ser refletidas.

O Brasil é um país socialista na visão do senhor?
-Sim, bem próximo de um sistema que se assemelha ao sistema social democrático adotado em Cuba. O Brasil foi sendo transformado por dentro, as estruturas do Estado foram sendo modificadas de forma lenta e gradual. Hoje praticamente o Estado se encontra totalmente pavimentado e pronto para assumir um papel político totalmente voltado para o socialismo.

Quando se deram estas mudanças e quais foram estas modificações?

- Basicamente, as transformações foram implementadas no governo do ex-presidente brasileiro Fernando Henrique Cardoso. Cardoso, tentou introduzir um modelo político bem próximo do socialismo adotado na França, com mudanças radicais que permitiram a edificação dos pilares marxistas. No governo de Cardoso foram criados diversos sindicatos, financiamentos de grupos de esquerda, ONGs e políticas sociais que fortificaram o socialismo. O sistema político e a estrutura econômica também foram modificadas com a criação de uma carga tributária muito pesada, que serviria para sustentar os programas sociais. Desta forma, pode-se notar uma forte concentração de toda a renda gerada no país, nas mãos do governo. Há também o controle do Estado sobre a sociedade com a adoção de leis, normas e regimentos. Um exemplo foram as centenas de agências de controle e regulação sobre diversos setores do Estado.

E o PT? Qual o papel do PT nesta mudança política?

- O PT e o PSDB adotam um mesmo pensamento ideológico, não se diferem nesta questão quando o assunto é a implementação do atual sistema politico. São duas lideranças de esquerda com mais força política dentro do cenário brasileiro. O PT foi apenas uma complementação do projeto de reformas que o Estado já vinha sofrendo. Só que o PT é um partido mais radical e adotou, apressadamente, políticas que vinham sendo implementadas à conta gotas por Cardoso. Acredito que o PT apenas acelerou o processo de socialização e abriu a porta para se chegar em uma política bem próxima da política adotada em Cuba. Mas não foi só no Brasil que isto ocorreu. Todos os países latinos sofreram esta mesma mudança que muitos chamam de "bolivarianismo".

A diferença entre PSDB e PT não está no maior ou menor apreço ao socialismo. Ambos a ele se abraçam de bom grado. É a adesão à democracia constitucional que distingue o PSDB do PT, adepto que é da "democracia popular" inerente aos totalitarismos de esquerda. Por isso a insistência dos governos petistas com pautas como os conselhos populares, os controles sociais disto e daquilo (mídia incluída) e o aparelhamento partidário do Estado e da administração pública.

Felizmente, em que pesem as precariedades do nosso modelo institucional, seu viés democrático pode evitar a continuidade desse processo. Aproximam-se, no calendário, aquelas nove horas em que a soberania é entregue ao povo. Das 8 às 17 horas do dia 7 de outubro assumiremos o poder de escolha de nossos governantes e representantes. Como consequência inevitável, o país irá mudar. E mais importante do que o "quem" é discernir antes, adequadamente, o tipo de país que queremos ser.
Herculano
12/03/2018 09:51
AO RECEBER TEMER, CÁRMEN LÚCIA VIROU PROBLEMA, por Josias de Souza

O Palácio do Planalto virou um bunker. Nele, não há inocentes. Apenas suspeitos e cúmplices. Quem olha para a fortificação enxerga pus no fim do túnel. Uma evidência de que a corrupção infeccionou os escalões mais graúdos da República. Numa crise moral dessa magnitude, não há meio termo: ou a pessoa é parte da solução ou ela é parte do problema. No sábado, Cármen Lúcia recebeu em sua casa Michel Temer, um presidente que não tem cara de solução. Graças a esse encontro, a comandante do Supremo Tribunal Federal ganhou instantaneamente uma aparência de problema.

Há um esforço pueril para atribuir à reunião ares de normalidade. Nessa versão, tudo não teria passado de um encontro institucional entre dois chefes de Poderes. Conversa mole. O encontro foi 100% feito de esquisitices: o ambiente doméstico, a atmosfera frouxa do final de semana, a pauta desconhecida, a omissão na agenda oficial? Tudo isso mais o fato de que Cármen Lúcia recepcionou em casa não um presidente do Poder Executivo, mas um prontuário que inclui duas denúncias criminais, dois inquéritos por corrupção e uma quebra de sigilo bancário.

A conversa foi solicitada por Temer. Cármen Lúcia faria um enorme favor a si mesma se perguntasse aos seus botões: como os repórteres ficaram sabendo? Na saída, cercado por câmeras e microfones, o visitante foi questionado sobre o teor da prosa que tivera com a anfitriã. Perguntou-se se haviam tratado do inquérito sobre a propina de R$ 10 milhões da Odebrecht. E Temer: "Não. Só sobre segurança do Rio de Janeiro e do Brasil." Hã, hã?

A lorota de Temer pendurou Cármen Lúcia nas manchetes na desconfortável posição de alguém que precisa dar explicações sobre atitudes inexplicáveis. Pintado para a guerra, Temer vê inimigos em toda parte. Sobretudo no Supremo. Na Segunda Turma, o relator da Lava Jato, Edson Fachin, incluiu o presidente no rol de investigados do inquérito sobre a Odebrecht. Na Primeira Turma, Luís Roberto Barroso acaba de quebrar o sigilo bancário de Temer no inquérito sobre a troca de propina pela edição de um decreto na área de portos.

Pela primeira vez desde a chegada de Pedro Álvares Cabral o Estado investiga e pune oligarcas com poderio político e empresarial. Numa quadra tão inusitada da vida nacional, Cármen Lúcia deveria conversar com o espelho antes de receber investigados em casa.

Se a ministra tivesse consultado sua consciência, ouviria sábios conselhos: "Não encontre Michel Temer. Se encontrar, prefira a sede do Supremo. Se cair num sábado, transfira para um dia útil. Se lhe pedirem segredo, faça constar da agenda. Se não especificarem a pauta, não entre na sala com menos de duas testemunhas.

Não espanta que Temer ainda se sinta à vontade para constranger a presidente do Supremo com pedidos de encontro. De um personagem crivado de inquéritos não se espera um comportamento recatado. O espantoso é que Cármen Lúcia aceite recebê-lo de qualquer jeito.

A suavidade imprópria reservada a Michel Temer não orna com a rigidez adequada que aproxima Lula da cadeia. Pela experiência que já acumulou na vida, a doutora já deveria saber que todo grande problema começa com pequenas explicações.
Herculano
12/03/2018 09:48
MÍSTICA É A BUSCA DE REFAZER O MUNDO ONDE AS COISAS SE TRANSFIGURAM NA FACE DE DEUS, por Luiz Felipe Pondé, filósofo, no jornal Folha de S. Paulo

Qualquer pessoa que decida se deter de modo um pouco mais atento sobre o tema da religião e da mística perceberá que ele está longe de ser óbvio. Um dos pecados do mundo contemporâneo é sua pressa "ontológica". Não tenhamos pressa, pelo menos hoje.

A ideia de que mística seja assunto simples e objeto de pessoas incultas é evidência de pressa intelectual e pobreza de repertório. As duas andam juntas. A inteligência alocada na tentativa de entender o que as pessoas querem dizer por um conhecimento direto da divindade (vou simplificar os termos, não vou contemplar os maníacos da pluralidade hoje) é enorme e múltipla, em todas as religiões históricas.

Dentre os muitos especialistas em mística (judaica, no caso), Gershom Scholem (1897-1982) é um dos maiores. Considerado fundador do estudo acadêmico da cabala, Scholem hoje, seguramente, ficaria chocado ao ver a cabala ser usada como fórmula de autoajuda feita ao sabor do consumidor. Cabala como consultora de sucesso, de saúde, de alimentação balanceada, enfim. Melhor evitarmos pronunciar a palavra cabala até ela passar de moda.

A teoria da religião de Scholem e o lugar da mística nela (principalmente a judaica) são vastamente conhecidos, inclusive por conta de sua hipótese "herética" acerca da origem da mística em geral, e, especificamente, da mística judaica.

Para Scholem, as religiões têm, grosso modo, três grandes estágios. O primeiro, o mítico, se caracteriza por envolver o homem, a natureza e as coisas num todo permeado pela presença das divindades. Cada gesto do mundo carrega a assinatura dos deuses. O homem, nesse habitat naturalmente espiritual, se sente acompanhado e acolhido.

O segundo, doutrinário, social, político e racional (mais propriamente "histórico"), é o momento em que as grandes religiões se constituem como tecido social constitutivo da vida. Nesse estágio, por exemplo, se dá o surgimento da Torá no judaísmo. Os deuses (e Deus, nesse processo) se distanciam, tornam-se abstratos, normatizadores, organizadores das coisas e da vida. O acolhimento presente nas formas míticas desaparece, e tomam seu lugar as demanda moral, racional e política. O homem se sente só. Instaura-se o abismo (termo preciso do próprio Scholem) entre o homem e Deus.

O terceiro é o místico. Para Scholem, sem a "catástrofe" da perda da natureza mítica, sem o abismo que surge como decorrência da "evolução" da religião em direção à sua condição doutrinária e racionalista, não há mística. Por isso, ele diz que a mística é o momento "romântico" das religiões.

Esse romantismo metafórico significa que o místico é uma pessoa que "sente saudades de Deus", nos termos do cineasta português Manoel de Oliveira (1908-2015). A mística é o esforço para se refazer o mundo no qual as coisas se transfiguram na face de Deus. A busca dessa "substância" perdida no instante "intelectual" da religião. Daí a mescla de gozo e agonia típica das narrativas místicas.

"A Noite Escura da Alma", poema do místico espanhol católico são João da Cruz (1542-1591), é uma chave conceitual essencial em estudos de mística: a agonia do sentir-se longe de Deus é fundamento e parte da experiência mística.

A tese de Scholem, segundo a qual o racionalismo e o moralismo das religiões "atrapalham" a vida estética religiosa (ou seja, a vida das sensações de estar em contato direto com a divindade) e que, portanto, o fundamento da mística é uma "perda de Deus", é objeto de muita polêmica. Nesse sentido, ele é visto como um scholar herético em estudos de mística, uma vez que o fundamento desta seria uma espécie de consciência religiosa estética perdida.

Para piorar sua condição de teórico herético diante da ortodoxia teórica que associa a mística prioritariamente ao gozo, é conhecida a sua tese segundo a qual a cabala (coração da mística judaica) vem de fontes exteriores (neoplatonismo, religiões iniciáticas gregas ou persas) ao judaísmo "oficial" (o que faria dela "menos" judaica aos olhos de muitos judeus). Por isso, ela é, em si mesma, herética na sua natureza.
Herculano
12/03/2018 09:42
PLANO B DO PT PôS O BRASIL NA VANGUARDA DO ATRASO, por Cláudio Humberto, na coluna que publicou nesta segunda-feira nos jornais brasileiros

Apontado como uma das opções do PT a Lula, na eleição presidencial, o ex-ministro Celso Amorim deve ter maior afinidade ideológica com a turma de Jair Bolsonaro, que certamente aprecia o seu nacionalismo botocudo, que há décadas vem causando estragos. Foi o caso da reserva de mercado da informática, da qual foi um dos ideólogos, que atrasou o desenvolvimento nacional em pelo menos uma década.

VANGUARDA DO ATRASO
Em seu livro Lanterna na Popa, Roberto Campos registrou a ignorância de Amorim e Luciano Coutinho, parceiros do protecionismo atrasado.

PIRATARIA ALEGRE
Amorim e Coutinho não distinguiam "pirataria alegre de autonomia tecnológica", dizia Campos. A dupla se reencontrou no governo Lula.

CHEFE DE CARTóRIO
"Enfant terrible" da ditadura, Celso Amorim foi designado presidente da Embrafilme, cartório do regime militar que bancava o cinema nacional.

FALTA EXPLICAR
Celso Amorim também não explicou a esquisita tentativa de fazer o Brasil comprar baterias antiaéreas russas Pantsir-S1 por R$3,2 bilhões.

DF TEM 35 OFICIAIS DA PM GANHANDO ACIMA DO TETO
Entre os marajás do serviço público do Distrito Federal, há 35 coronéis, majores e capitães da Polícia Militar que em janeiro receberam gordos salários acima do limite constitucional de R$ 33,7 mil, correspondentes aos vencimentos de ministro do Supremo Tribunal Federal. Entre os campeões dos altos salários, há três tenentes-coronéis e uma coronel que receberam bem acima do teto mesmo após todos os descontos.

CAMPEÃO APOSENTADO
O maior salário na PM de Brasília, em janeiro, foi do tenente-coronel Helio Ferreira da Costa, da reserva, que recebeu R$ 37,7 mil líquidos.

MULHER NA LIDERANÇA
Entre os policiais militares da ativa, o maior salário foi o da coronel Andreia Gonçalves Bastos, com exatos R$36.896,49, também líquidos.

FESTA NA POLÍCIA
O balanço final traz 16 tenentes-coronéis, nove majores, oito coronéis e dois capitães que receberam mais que os ministros do STF em janeiro.

ALOYSIO DEVE FICAR
O palpite - e a torcida - de diplomatas que atualmente trabalham em Brasília, no Ministério das Relações Exteriores, é que o chanceler Aloysio Nunes desistirá da eleição e continuará no cargo até dezembro.

VIVA O CAMPO
Após o crescimento chinês de 13%, em 2017, garantindo 70% do primeiro crescimento do PIB em quatro anos, o setor de alimentos continua dando boas notícias ao Brasil. Derrubou o ritmo da inflação em fevereiro, quando o IPCA foi o mais baixo nos últimos 18 anos.

APOSTA É DÍVIDA
O líder do PSDB na Câmara, deputado Nilson Leitão (MT), ainda aguarda Jean Wyllys (PSOL-RJ) honrar uma dívida. Ele apostou que Dilma escaparia do impeachment. Mas até agora não pagou o jantar.

É DA BOCA PRA FORA
Na Bahia, ninguém acredita que ACM Neto (DEM), ainda tenha dúvidas sobre a própria candidatura ao governo estadual. Reeleito prefeito de Salvador com 74% dos votos, ele lidera com folga todas as pesquisas.

NÃO CHEGA AO JUDICIÁRIO
A ministra aposentada do STJ Eliana Calmon disse à TV do Migalhas, prestigiado site de notícias jurídicas, que a Lava Jato não vai chegar ao Judiciário, segundo procuradores disseram a ela, por orientação da defesa dos delatores. "Os juízes ficam e os advogados se inutilizam..."

QUEM PERDE E GANHA
O troca-troca partidário mostra que o Solidariedade é o que mais tem perdido parlamentares. O sigla do deputado Paulinho da Força (SP) vai perder faturamento na divisão do bolo bilionário do fundo partidário.

UM DEPUTADO VOLÚVEL
No troca-troca partidário, o deputado Sérgio Zveiter (RJ), que já foi do MDB, usou mensagem de Whatsapp, em vez de comunicação oficial, para informar aos deputados do Podemos sua filiação ao DEM.

BLAIRO FICA
Uma dezena de ministros deve deixar os cargos até 7 de abril para se candidatarem a cargos eletivos em outubro. Só que não: Blairo Maggi (Agricultura) desistiu de retornar ao Senado. Continuará ministro.

PERGUNTA NO PARLATóRIO
Depois de o criminoso confesso Joesley Batista ser solto por "excesso de tempo" na prisão, também serão soltos os 248 mil presos provisórios brasileiros, alguns detidos há anos?
Herculano
12/03/2018 09:35
a cara de quem não é de direita, de centro, de esquerda, situação ou oposição, mas esta sempre onde está o poder de plantão para dele usufruir completamente

UM ALGORITMO CHAMADO KASSAB, por Vinicius Mota, secretário de redação do jornal Folha de S. Paulo

A exclusão do ex-presidente Lula da disputa pelo Planalto e o naufrágio da popularidade do presidente Temer estimulam um enxame de pretensos candidatos. De um lado, abre-se uma vaga no segundo turno. Do outro, o portador da faixa mostra escasso poder de aglutinar forças.

As condições materiais para a sustentação de uma candidatura presidencial, entretanto, provavelmente são as mais adversas desde a reinstalação do voto direto. Fechada a porta do financiamento empresarial, a divisão dos fundos públicos eleitorais dentro dos partidos será determinante para saber, afinal, quantos desses propalados estadistas aparecerão na cédula em 7 de outubro.

Optar pela candidatura ao Planalto significa destinar menos dinheiro do pote às campanhas para deputado e senador.

Quanto menor a competitividade do presidenciável, maior a chance de ser jogado ao mar pelos chefes do partido até o início de agosto, quando serão definidas as chapas. O retrato atual das pesquisas, com uma multidão de nanicos de intenção de votos, não mudará muito até lá.

Políticos com baixo desempenho que já venham com cofre particular podem escapar do facão, pois não há limites para o autofinanciamento. O ministro Henrique Meirelles, da turma do 1%, pode viabilizar-se por essa via caso troque de sigla.

Se há vetores que estimulam a profusão de candidaturas a presidente, a grana curta para os partidos atua na contramão. No meio dessa confusão, há um algoritmo que já demonstrou alguma capacidade de predição. Chama-se Gilberto Kassab.

O ex-prefeito de São Paulo é o mais hábil operador político da sua geração. Sente o cheiro do poder com meses de antecedência e não tem preconceito identitário. Kassab não aposta na fragmentação. Rifou Meirelles, negocia com Alckmin e Doria e preserva os recursos do seu partido para as eleições proporcionais.
Herculano
12/03/2018 09:29
JANOT, QUE SE COMPORTOU COMO BOTEQUEIRO DA PGR, RESO O ENCONTRO ENTRE TEMER E CÁRMEN . UM POUCO DE MEMóRIA... por Reinaldo Azevedo, na Rede TV.

Rodrigo Janot é mesmo um fanfarrão de quinta categoria. E demonstra não ter senso de ridículo. Compartilhou no Twitter uma nota publicada no jornal O Globo, segundo a qual, em seus meses à frente da Procuradoria-Geral da República, Raquel Dodge ainda não fechou nenhum acordo de delação premiada. O botequeiro aproveitou, também, para censurar o encontro havido no sábado entre o presidente Michel Temer, e Cármen Lúcia, que preside o Supremo. Temer foi à casa da ministra. Então vamos ver.

A página que publicou a cobrança feita a Dodge, que Janot endossou, é a mesma que divulgou o "furo" que nunca existiu, a saber: Temer teria dado aval a Joesley Batista para comprar o silêncio de Eduardo Cunha. Lembram-se disso? O dito aval não estava na gravação, era uma invenção, que saiu das catacumbas da PGR de Janot para a imprensa. O "aval" inventado, a "fake news" de Janot, era o centro de uma articulação para derrubar o presidente Michel Temer. A reforma da Previdência, por exemplo, começava a morrer ali.

É de uma ousadia espetacular que aquele que entregou tudo aos irmãos Batista - na verdade, negociou com eles a impunidade em troca da entrega das respectivas cabeças dos presidentes da República e do PSDB, Michel Temer e senador Aécio Neves ?" venha agora posar de moralizador, fazendo exigências à sua sucessora. Foi o jeito de Rodrigo Janot conduzir delações que quase levou o país ao abismo. De tal sorte foram dolosos os procedimentos que as delações dos Batistas e sua turma estão suspensas, e só falta agora que Edson Fachin, o relator, homologue o fim da patuscada.

Raquel Dodge está falhando, sim, mas de um modo distinto. Cumpre saber quando a atuação de Janot no caso da delação dos irmãos Joesley e Wesley será investigada. Até agora, não se tem notícia de nada. Já resta evidente - e comprovado - que o ex-procurador Marcelo Miller atuou ao mesmo tempo como auxiliar do então procurador-geral e como advogado da JBS.

Assim, é mesmo do balacobaco que Janot, que deveria estar sendo investigado, faça cobranças sobre investigações.

Temer-Cármen
Setores da imprensa e moralistas de meia-pataca censuram o encontro entre Michel Temer e Cármen Lúcia - ele foi à casa dela no sábado, não o contrário. Por que o berreiro? Porque a conversa não constava da agenda de ambos. E daí? Todos sabem que um encontro como esse não fica jamais à escondidas. Tampouco era essa a intenção. No dia em que o chefe do Poder Executivo não puder se encontrar com a chefe do Poder Judiciário, bem, aí o país estará mesmo perdido. Eu me nego a fazer qualquer especulação sobre o que conversaram ou não.

Não custa lembrar. Existe uma lei que prevê a obrigatoriedade da divulgação da agenda. É a 12.813, que trata de conflitos de interesses. Os respectivos presidentes dos Três Poderes não estão entre as autoridades obrigadas a tornar públicos seus compromissos. Logo, o encontro, que imoral não é, desde sempre, também não é ilegal.

Mas Janot resolveu tirar a sua casquinha, não é? Escreveu ele: "Causa perplexidade que assuntos republicanos de tamanha importância sejam tratados em convescotes matutinos ou vespertinos".

Ah, como esquecer? Em setembro de 2017, Janot foi flagrado num boteco, na periferia de Brasília, em companhia de ninguém menos do que Pierpaolo Bottini, advogado de Joesley. À diferença do que ocorre com Temer e Cármen - que não têm como esconder o encontro ?" o bate-papo do procurador-geral que, havia garantido a impunidade ao empresário, com o advogado que representava o chefão da JBS deveria ter permanecido secreto. Ocorre que alguém flagrou o tête-à-tête, mediada por cerveja - uma exceção na vida de Janot: ele prefere uísques no plural.

É estupefaciente que Janot, um dos artífices da crise política que ameaça devolver o país ao buraco de ontem Temer o retirou, esteja por aí a expelir regras.
Herculano
12/03/2018 09:24
AO ENVIAR CARTA A DODGE E VISITAR CARMEM, TEMER AGE COMO CIDADÃO DIFERENCIADO, por Leandro Colon, diretor da sucursal de Brasília do jornal Folha de S. Paulo

O ministro da Justiça, Torquato Jardim, defendeu, em entrevista à Folha neste domingo (11), que Michel Temer receba tratamento diferenciado em qualquer investigação da qual ele seja alvo, inclusive sobre suspeita de corrupção.

Nas palavras do aliado fiel, o presidente merece a honraria em razão do cargo que ocupa. "Não é sobre apenas a pessoa, mas a incolumidade da função. Ele tem funções essenciais de chefe de Estado que ficam prejudicadas com essa suspeita não fundamentada", afirmou.

Jardim refere-se à quebra dos sigilos bancário e fiscal determinada pelo ministro Luís Roberto Barroso (STF) no inquérito que apura a suspeita de que Temer recebeu propina de empresas na edição de um decreto em 2017 para o setor portuário.

O ministro da Justiça ainda criticou a inclusão de Temer, a pedido da procuradora-geral, Raquel Dodge, na investigação de repasses da Odebrecht ao MDB em 2014, discutidos em estranho jantar no Jaburu.

O discurso de Jardim de que um presidente é um cidadão diferente já vem sendo praticado pelo chefe.

Na quinta (8), Temer enviou uma carta a Dodge, indicada por ele ao cargo de PGR, para criticar a inserção de seu nome no inquérito da Odebrecht. Temer diz na mensagem que tomou a "liberdade" de escrevê-la com o objetivo "acadêmico".

No sábado (10), o emedebista esteve na casa da presidente do STF, Cármen Lúcia. A versão oficial é de que trataram da intervenção no Rio ?"sendo que a ministra foi alijada da discussão desde o começo da ação.

Em 2009, Lula, então presidente, declarou que José Sarney, na ocasião pivô de um escândalo no Senado, não deveria ser tratado como um "comum". O petista apenas verbalizou o pensamento da elite da classe política. De lá para cá, nada mudou.

Afinal, um cidadão tem de ser diferenciado para enviar uma carta ao seu investigador e visitar em casa, no fim de semana, a presidente do tribunal que um dia poderá julgá-lo.
Herculano
12/03/2018 09:22
O "OPERÁRIO" DE FHC - FERNANDO HENRIQUE REDESCOBRE UM LULA QUE NUNCA EXISTIU, por J.R. Guzzo, na revista Veja

Se Lula se livrar da penitenciária, ninguém do PT e da "esquerda", e muito menos o próprio Lula, vai dizer uma única palavra de agradecimento a FHC

O Lula que o ex-presidente Fernando Henrique deu para elogiar de uns tempos para cá é um homem imaginário. Até agora ninguém parece ter entendido direito o que ele está querendo dizer com essa súbita descoberta de virtudes no personagem que até outro dia, pelo menos em público, o tratava como o político mais desprezível do Brasil. Lula, na verdade, passou anos a fio cuspindo em Fernando Henrique. Jamais admitiu que o seu antecessor na presidência da República tivesse tido o menor mérito em nada do que fez durante os oito anos em que esteve no governo. Ao contrário: inventou a mentira de que tinha recebido dele uma "herança maldita", responsável por tudo que havia de errado no Brasil. Dirigiu-lhe ofensas pesadas. Tratou-o sempre com rancor, despeito e inveja. Mais que tudo, Lula agiu no Palácio do Planalto de maneira oposta às ideias gerais de Fernando Henrique. Agora, sem que se saiba por que, tornou-se um líder político exemplar na opinião do adversário de sempre. Mudou Lula ou mudou FHC? Lula, com certeza não mudou nada ?"? ou melhor, mudou para muito pior do que jamais foi em toda a sua carreira. Quem mudou, então, foi FHC. É melancólico. Mas a vida tem dessas coisas ?"? como mostra tão bem a experiência, o cérebro humano não é necessariamente um lugar coerente.

Na falta de uma explicação capaz de fazer algum nexo, o que se pode imaginar, com base no "Manual de Psicologia Para Amadores", é que Fernando Henrique está de volta aos seus sonhos de 40 anos atrás. Lembram-se dele? Era, então, o retrato acabado do intelectual de esquerda brasileiro enquanto jovem - ou, se preferirem, mais ou menos jovem. Trazia na alma e na mente as fantasias clássicas do socialista de Terceiro Mundo, armado de leituras europeias e à procura de um regime que até hoje só existiu na imaginação das salas de aula da universidade: o "socialismo com liberdade". Ou, então, uma nova "ditadura do proletariado", que viesse só com proletariado e sem ditadura. Na São Bernardo do final dos anos 70, FHC e seus pares se deslumbravam com a possibilidade de ver um operário de carne e osso, ou pelo menos um líder sindical, virar uma força política de verdade. Até então, como tantos dos intelectuais brasileiros, talvez nunca tivesse visto um operário ao vivo e a cores. De repente, não só vê, mas descobre que um "homem do povo" como Lula pode crescer num sistema de liberdades, com eleições, direitos individuais, separação de poderes, etc. Bom demais, não é mesmo? Encantada, a classe intelectual da época "pirou", como se diz.

Depois, na vida real, Fernando Henrique esqueceu por completo a figura da fábula ?"? ao constatar que Lula, o herói das massas populares que iria fazer a "passagem pacifica para o socialismo", era apenas uma invenção. Pior do que um simples equívoco, Lula era uma falsificação, como ficou comprovado assim que passou a mandar. Junto com o PT, transformou o seu governo, e o da sucessora que inventou, numa caçamba de lixo a serviço de empreiteiras de obras públicas, fornecedores da Petrobras e outros marginais hoje na cadeia, réus confessos e condenados por corrupção em massa. Onde acabou caindo o líder operário? Foi apenas mais uma quimera desfeita ?"? só isso.

No percurso entre São Bernardo e a 13ª. Vara Criminal de Curitiba rolou uma vida inteira. Lula e FHC passaram a ser inimigos ?"? os mais extremados da política brasileira moderna. Agora, aos 87 anos de idade, Fernando Henrique faz um salto espetacular rumo ao passado ?"? e passa a orar para um herói que nunca existiu, nem na época e muito menos agora. Justamente agora, aliás, Lula está no seu ponto mais baixo ?"? condenado como ladrão em três instâncias, por nove magistrados diferentes, abandonado pelas "massas" e necessitado de um golpe no Supremo Tribunal Federal para não acabar na cadeia. O ex-presidente, ex-sonhador e ex-inimigo migrou para o seu lado, é verdade, mas nenhum dos dois parece ter grande coisa a ganhar com isso. Se Lula se livrar da penitenciária, ninguém do PT e da "esquerda", e muito menos o próprio Lula, vai dizer uma única palavra de agradecimento a FHC. Se não se livrar, o seu apoio não terá servido para coisa nenhuma. Esse mundo é mesmo injusto.

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