08/03/2018
NO FIO DO BIGODE I
O executivo ouviu a comunidade e cumpriu uma promessa de campanha. Fez e a Câmara de Gaspar aprovou um projeto – o 90/2017 - para “instituir o enquadramento empresarial simplificado municipal, o tal EESM. O que é isso? A prefeitura vai agilizar a criação de novas empresas – principalmente as individuais e micros – de pouco impacto e sofisticação - e vai confiar nas declarações dos empreendedores, amparado basicamente, naquilo que já está previsto na estadual 17.071, de 12 de janeiro de 2017. Excelente. Até que enfim, um avanço e com ajuda das entidades de classe locais e de profissionais, como a dos contabilistas. Uma empresa em Gaspar poder ser aberta agora em praticamente 48 horas e a prefeitura tem 180 dias para checar se as declarações dadas são verdadeiras. Uau!
NO FIO DO BIGODE II
Entretanto, esse “avanço” necessário e competitivo nos dias de hoje pois os vizinhos já se anteciparam, deve ser precedido de mecanismos e estruturas de fiscalização, acompanhamento e punições. E é aí que mora o perigo em Gaspar. E por que? Primeiro porque ela envolve quatro secretarias que não se “conversam”. E não me refiro à comunicação de bicudos e jogos de poder no ambiente da gestão pública, mas à integração tecnológica para essa finalidade nas secretarias da Saúde com Vigilância Sanitária; Secretaria da Fazenda e Gestão Administrativa; Secretaria de Planejamento Territorial; e Superintendência de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável.
NO FIO DO BIGODE III
Segundo: é uma lei, pois está aprovada, mas muito genérica e dependerá de regulamentação acurada, entretanto, não a tal ponto de torna-la inviável, burocrática. Terceiro: não há estrutura de fiscalização capaz de verificar se as declarações são realmente verdadeiras. Como exemplo: basta saber que o meio ambiente de Gaspar dispõe de apenas um fiscal e roda solta as autorizações para desmate, terraplanagens e aterros, quase todos fora daquilo que oficialmente foi autorizado. E por que acontece isso? Porque se não é um acerto prévio, é falta de responsabilidade do agente público na fiscalização. Sabe o que vai dar isso? Não apenas penalização para os infratores, quando pegos, denunciados, confrontados com as autorizações, mas, e principalmente, para o próprio agente. Quarto: o óbvio, não há fiscalização. E não havendo fiscalização, cria-se problemas, perde-se dinheiro e se fica vulnerável perante o Ministério Público. Resumindo: estão brincando de modernização. E isso terá preço caro.
NO FIO DO BIGODE IV
Para encerrar. Fazem de uma boa e necessária ideia, um escracho, uma propaganda, uma porta aberta para os amigos farrearem e a administração pública ficar exposta. Gaspar não é um bom lugar para fio do bigode. É só ver os acordos que foram feitos para a presidência da Câmara: faltou fio, sobraram bigodes. E quando se vê a secretaria de Desenvolvimento Econômico, Renda e Turismo, sem licitação, comprar um bolo de aniversário dos 84 anos da cidade por R$6 mil, sabe-se bem como todos esses processos de concessão e renovação de alvarás, de abertura, alteração, licenciamento e fechamento de empresas, bem como de emissão de atestados, inclusive de entidades de fins não econômicos cujas atividades sejam consideradas com baixa probabilidade de risco de incêndio vão ser controlados. Quem e como vai se punir quem mentir, enganar, ludibriar e ainda mais com padrinhos políticos? Como vai se fechar algo que já está funcionando se a lei não dá previsão legal para interditá-la? Qualquer liminar na jurisdição, fará do erado, do improviso e do ilegal, algo permanente. Todos rindo de nós que estamos nas filas esperando o carimbo do barnabé para o papel ir adiante. Acorda, Gaspar!
A jornalista formada em faculdade, Franciele Daiane Back, a mais jovem vereadora que se elegeu por aqui e do PSDB do MDB, usou o horário da liderança tucana para tratar de um assunto pessoal, corporativo, com cheiro vingança e censura.
Ela quer aprovação da PEC 206/2012 que obriga o exercício do jornalismo só por gente que passou pela faculdade específica. Eu também desejo. No debate ela está certa. O projeto já passou no Senado e está parado na Câmara desde 2012. Uau!
Franciele mostrou dois depoimentos em vídeo de tucanos catarinenses: um da deputada Federal Giovânia de Sá; ela fez um requerimento à mesa da Câmara para colocar o assunto na pauta de votação; o outro, do senador Paulo Bauer, meio fora de contexto, pois no Senado a matéria já foi aprovada.
Ele, lá pelas tantas, Bauer que quer ser candidato a governador, revelou a razão da iniciativa da vereadora: ela está preocupada com a sua cidade. Hum! E na complementação, Franciele revelou que quer banir por suposta falta de diploma, quem está opinando na internet e a desagrada.
A PEC não vai eliminar os incompetentes e os maus profissionais da comunicação, infelizmente. Simples assim. Isso é inerente à todas as profissões. Inclusive, os com diploma e formados nas faculdades de jornalismo, as quais viraram madrassas da esquerda do atraso. Elas inclusive, têm no PSDB, o alvo preferido de todos os males e erros passados e futuros do Brasil. É só ir a uma delas ou às redações.
O diploma de jornalista não vai impedir que qualquer cidadão opine nas redes sociais, o terror dos políticos que não aceitam serem desmascarados na hipocrisia e incoerência, além de lembrados nas promessas e obrigações e contrariados naquilo que fazem. Ainda mais quando se é jovem.
Também não vai impedir o exercício da profissão dos que já estão no rádio, tevês, portais, jornais, revistas e até assessorias. Ou seja: a censura e vingança que arma, será inócua, como foi anunciada na eleição perdida de Franciele para a presidência da Câmara. Para quem censurou e tirou do ar o próprio site do partido, a preocupação faz sentido.
O diploma e a formação numa escola específica de comunicação também não vão dar consciência ética a quem mistura política partidária, exercício paralelo de cargo político, com suposto jornalismo imparcial. Eu, quando fui para o outro lado do balcão na gestão empresarial, por exemplo, fiquei em quarentena por quase 30 anos. E refiz a formação acadêmica com contabilidade, administração e direito só para ser mais eficaz no novo desafio.
A minha experiência com jornalismo e jornalistas vêm do início da década de 1970 (grupo Folha que naquele tempo tinha seis jornais em São Paulo e Santos), Jornal de Santa Catarina e TV Coligadas, ambos na época estaduais, referências para os catarinenses e poderosos.
Em SC fui entre outras, chefe de reportagem e editor, com participação num Prêmio Esso Regional. Conheço, tudo isso e gente como a planta dos meus pés. As que me deixam ereto. Nunca desliguei.
E tudo bem antes da RBS tomar de assalto e acabar com a concorrência, transformar o jornalismo num ente pasteurizado, seletivo, distante das comunidades, enfraquecendo-as, sem opinião, causas e resultados locais.
Para a RBS, o jornalismo em SC se tornou apenas um negócio de família e que a levou a sair daqui depois de exploração do território, de todas as formas e manchar as identidades regionais. Agora coloca à venda por R$2 bilhões, o que restou do “império” nascido no Rio Grande do Sul com Maurício Sirostky Sobrinho.
Encerrando. Paulo Bauer, blumenauense com raízes em Jaraguá do Sul e o Norte Catarinense, experimentado na política e gestão pública, deveria conhecer antes a história de um capricho. Por causa desse capricho adolescente, o governo de Kleber e do MDB perderam a maioria na Câmara de Gaspar, estão comendo o pão que o diabo amassou. O poder e a reeleição estão seriamente comprometidos.
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