STJ COLOCA ÁGUA FRIA EM PLANOS DE DONOS DE IMÓVEIS À BEIRA DO RIO ITAJAÍ AÇÚ. - Por Herculano Domício - Jornal Cruzeiro do Vale

STJ COLOCA ÁGUA FRIA EM PLANOS DE DONOS DE IMÓVEIS À BEIRA DO RIO ITAJAÍ AÇÚ. - Por Herculano Domício

24/08/2018

NÃO RECONHECE A CONSOLIDAÇÃO DA ÁREA E MANDA DEMOLIR UMA EDIFICAÇÃO EM ILHOTA NUM RECURSO QUE ACABA DE ANALISAR

 

 

CONSTRUÇÕES AMEAÇADAS DE DEMOLIÇÃO I

O sinal de alerta está aceso. No julgamento de um Recurso Especial no início do mês na segunda turma do Superior Tribunal Justiça, em Brasília, foi reformada uma decisão do TRF-4 e STJ mandou demolir uma edificação em área preservada à beira do Rio Itajaí Açú, em Ilhota. Esta decisão abre um precedente preocupante e que os envolvidos em situações assemelhadas, não vislumbravam mais como possível de serem revertidas. Há muitos litígios neste sentido da foz do Rio até a Ponte do Salto, em Blumenau (percurso definido como sujeito ao efeito das marés e assim considerado Terra de Marinha). Até então, era considerada uma área de ocupação consolidada como os centros urbanos de Ilhota, Gaspar e Blumenau. Especialistas ouvidos pela coluna e que possuem interesses em causas de seus clientes, estão divididos, mas todos preocupados. Ambientalistas e preservacionistas, comemoraram.

CONSTRUÇÕES AMEAÇADAS DE DEMOLIÇÃO II

A propriedade em Ilhota e que originou toda essa polêmica, é a de Oberdan Glasen. E quem recorreu da decisão do TRF-4, foi o Ibama. Quem relatou o caso na turma do STJ foi o ministro Og Fernandes. Os ministros Mauro Campbell Marques, Francisco Falcão (Presidente) e Herman Benjamin votaram com ele. Ou seja, houve unanimidade. Estava ausente a ministra Assusete Magalhães. O recurso especial interposto pelo Ibama, como assistente litisconsorcial, em Ação Civil Pública movida pelo Ministério Público Federal para que a obra feita às margens do Rio Itajaí-Açú fosse demolida e recuperada ambientalmente. O MPF contestou assim, o acórdão do TRF-4 que considerou suficiente a proibição de novas construções no espaço e a determinação de reflorestamento. Ou seja, nesta Ação, o STJ concordou com o MPF.

CONSTRUÇÕES AMEAÇADAS DE DEMOLIÇÃO III

Segundo a publicação Consultor Jurídico, “o Ibama afirmou que o TRF-4 foi omisso quanto à inviabilidade da permanência da construção em área de preservação permanente e quanto à teoria do fato consumado e à inexistência de direito adquirido para degradar o ambiente. A defesa ressaltou que o Código Florestal só permite o direito de continuidade em espaço preservado para a população de baixa renda, o que não é o caso do processo”. A pergunta que não quer calar: quem degrada mais e por que à permissão para tal à suposta baixa renda e não para todos, ou então à proibição para todos? Ora, o que se discute é a degradação e a ocupação de área que deveria ter preservação permanente ou o privilégio de uma classe social para degradar e outra para preservar a mesma área supostamente intocável pela lei geral?

CONSTRUÇÕES AMEAÇADAS DE DEMOLIÇÃO VI

Para o ministro Og Fernandes, de acordo o Consultor Jurídico ouvindo a assessoria de imprensa do STJ, “o TRF-4 se omitiu no exame das teses relevantes apresentadas nos embargos de declaração interpostos pelo Ibama, principalmente quanto à inaplicabilidade da teoria do fato consumado e do direito adquirido”. Segundo o relator, a aplicação da teoria do fato consumado equivale a perpetuar um suposto direito de poluir, o que vai contra o postulado do meio ambiente equilibrado. Conforme sua decisão, a proteção do direito adquirido não pode ser suscitada para mitigar o dever de salvaguarda ambiental, não servindo para justificar o desmatamento da flora nativa, a ocupação de espaços protegidos pela legislação, muito menos para autorizar à manutenção de conduta potencialmente lesiva ao meio ambiente. Resumindo: vem confusão por aí. E fica mais claro dois fatos: os que estão situados às margens, estão ameaçados pela demolição e que “reconstruir” em terreno nesta situação, é algo cada vez mais difícil às margens do Rio Itajaí Açú.

TRAPICHE

Enganado pelo governo petista e desmoralizado ‘novo’ do MDB e PP (caso da indicação da secretária de saúde), o ex-presidente da Bunge Alimentos, Sérgio Roberto Waldrich, resolveu pedir ‘licença’ do Conselho Municipal da Cidade de Gaspar.

Waldrich vai ampliar por mais um ano a sua residência em Londres. É uma baita diferença! Cansou-se de ser usado, oferecer ideias, abrir caminhos e ao fim, perceber que era ‘boicotado’ por políticos nos seus interesses paroquiais antigos e de sempre. Acorda, Gaspar!

Sintomático. Até junho, o campeão de uso das diárias na Câmara de Gaspar era o vereador Ciro Quintino, MDB, R$3.285,00, mais que o motorista da Câmara, Rui Donizete Góis Vieira, R$3.080,00, que vive na estrada levando esse pessoal para todos os lados.

Seguem, nesta ordem e bem distante dos demais, o presidente da Casa Silvio Cleffi, PSC, R$1.215,00 e Francisco Hostins Júnior, MDB, líder do prefeito na Câmara, com R$1.145,00.

O que chama a atenção, todavia, é o valor de diárias para o recém contratado assessor do presidente Silvio Cleffi, PSC, Itauby Bueno de Moraes: R$2.120,00. Desse total, só R$1.030,00 foram de diárias para participar no curso "Atuação dos Agentes Públicos na Função Administrativa - Prerrogativas e Responsabilidades", em Florianópolis.

Análise para licenciamento ambiental só pode ser feita por servidor efetivo. E para que seja assim, o Instituto do Meio Ambiente de Santa Catarina – IMA, antiga Fatma - firmou um TAC – Termo de Ajustamento de Conduta - com o Ministério Público.

Por ele, o IMA irá realizar concurso para contratação de servidores efetivos para substituir funcionários cedidos mediante termos de cooperação técnica. A ideia é boa, mas a notícia nem tanto. Sabe-se antecipadamente, como se aumentará a burocracia, como estarão ausentes esses funcionários e como tudo vai ficar mais lento do que já é.

A secretaria de Saúde, que é interventora no Hospital de Gaspar, criou uma ouvidoria. Excelente iniciativa. Antes da ouvidoria, o Hospital precisa melhorar à qualidade do atendimento, a começar pela recepção.

E a principal delas, é a esclarecer de quem é o Hospital de Gaspar. Ninguém sabe quem é ou são os donos. Afinal, ele possui uma dívida estimada em R$15 milhões. Quem está obrigado pagá-la? E não será com sopas, pedágios, doações de lençóis e nem com reunião de intenções por conselhos meramente opinativos. Acorda, Gaspar!

Essa discussão sobre a terceirização da merenda nas creches e escolas públicas municipais de Gaspar é resultado direto da inércia política e da falta de transparência do próprio governo de Kleber Edson Wan Dall, MDB e Luiz Carlos Spengler Filho, PP. Foram elas que permitiram à dita majoritária oposição crescer neste assunto na Câmara. É também resultado direto da perda da maioria de Kleber no Legislativo, também por culpa exclusiva e falta de habilidade política do prefeito, sua turma que lida com a comunicação fazedora de “press releases” e ignora à estratégica.

Ilhota em chamas. A prefeitura de Ilhota não pagou o que devia a ONG GAIAA que administrava a Casa Lar Sementes do Amanhã. A cobrança da dívida foi parar na Justiça. Até agora, nada.

 

Edição 1865

Comentários

Herculano
26/08/2018 18:28
DIVISÃO NA CAMPANHA DE BOLSONARO

Conteúdo de O Antagonista.A campanha de Jair Bolsonaro está dividida.

Diz o Estadão:

"Nos últimos dias, as diferenças ficaram explícitas em temas como o comparecimento do candidato a debates e a escolha do vice da chapa presidencial".

Um dos grupos é formado por antigos seguidores de Bolsonaro e seus filhos. O outro tem políticos do PSL.

Segundo o Estadão, quando Gustavo Bebianno - presidente do partido - e Julian Lemos tomam alguma decisão, enfrentam oposição dos três filhos.

"Frequentemente, Bolsonaro adota posição intermediária ou muda de rumo seguidas vezes, com decisões ou declarações contraditórias".

A divergência mais recente aconteceu quando Bebianno anunciou que o candidato do PSL não participaria dos debates, o que provocou uma reação de Carlos Bolsonaro no Twitter:

"Bolsonaro tem ido a palestras, entrevistas, sabatinas e debates desde o início, e desde o mesmo início de sempre (sic), os mesmos bandidos inventam a narrativa de que ele não iria".
Herculano
26/08/2018 18:23
da série: o erro de atacar ao invés de apenas mostrar fatos óbvios como posicionamentos e atitudes incoerentes com os discursos, bem como a falta de capacidade de gestão do mínimo que são os conflitos

BOLSONARO SOFRERÁ ATAQUE TRIPLO, AVALIAM ALIADOS, por Josias de Souza

Operadores políticos da campanha de Jair Bolsonaro avaliam que o presidenciável do PSL sofrerá um ataque triplo nos próximos 40 dias. Nas palavras de um de seus aliados, "o capitão será atacado simultaneamente pela artilharia de Geraldo Alckmin, pela cavalaria de Ciro Gomes e pela infantaria de Marina Silva."

Dono de um espaço de apenas 8 segundos no horário político na televisão, Bolsonaro organiza sua reação em duas trincheiras: as redes sociais e a Justiça Eleitoral. Na internet, o candidato do PSL dispõe de robôs e de uma milícia voluntária de defensores. No TSE, se necessário, moverá uma bateria de pedidos de resposta.

Entre todos os rivais, Alckmin é o que mais preocupa os estrategistas de Bolsonaro. Por duas razões: a candidatura tucana não terá viabilidade eleitoral se não recuperar parte do eleitorado do PSDB que migrou para Bolsonaro, sobretudo em São Paulo. Com uma vitrine de 5 minutos e 32 segundos no horário eleitoral, Alckmin pode se dar ao luxo de usar parte do seu tempo para "desconstruir" o adversário.

Os aliados de Bolsonaro tratam a ofensiva dos adversários não como uma possibilidade, mas como um dado da realidade. Estimam que, mesmo sob ataque, Bolsonaro estará no segundo turno, pois uma das características dos seus eleitores é a fidelidade canina. Receiam, entretanto, que a campanha negativa dificulte a estratégia no segundo round, quando será necessário ampliar o eleitorado.
Herculano
26/08/2018 11:34
REFÉM

No debate do GloboNews Painel, com Renata Lo Prete, o economista e ex-ministro da Fazenda dos governos da ditadura militar, Delfim Netto,PP, resumiu bem: O próximo presidente vai ser vítima da mesma coalizão que está aí...

Então se não mudar o Congresso, nada muda. Foram os atuais senadores e deputados que tiraram por exemplo R$1,7 bilhão da saúde, educação, segurança e obras - como a duplicação da BR 470 - para darem a si mesmos, entre poucos, sem chance aos novos, para fazerem campanha que os levará a reeleição.
Herculano
26/08/2018 11:29
COMO MONTAR UM PRESIDENTE: INSTRUÇõES, por Vinicius Torres Freire, no jornal Folha de S.Paulo

Ainda que inconclusiva, literatura sobre condicionantes do voto dá pistas sobre a eleição

"Se todos os economistas fossem enfileirados, eles não chegariam enfim a uma conclusão", diz a frase sarcástica atribuída a George Bernard Shaw.

Se todos os estudos de politólogos sobre os determinantes do voto brasileiro fossem empilhados, esse monte de indefinições acadêmicas nos deixaria com uma pilha ainda maior de dúvidas sobre como pensar a eleição. Ainda assim, essa literatura dá pistas para especulação menos desordenada sobre a disputa para presidente.

Uma hipótese que serve para delimitar as possibilidades dos candidatos é a de que extremistas teriam pouco apreço do eleitor. Sempre nuvem em movimento, a definição de extremismo ficou mais atrapalhada. A aparição de Jair Bolsonaro (PSL) deslocou para o que ora se chama de "centro" nomes como o de Geraldo Alckmin (PSDB). Mas passemos.

De fato, centro-esquerda e centro-direita dominaram as eleições de 1994 a 2014. Não foi assim justamente na eleição que é prima desta de 2018, a de 1989.

O que então passava por extremo, a salada liberal de Fernando Collor (PRN) e a feijoada esquerdista de Lula da Silva (PT), foi ao segundo turno. Porém, fizeram juntos apenas 48% dos votos válidos no primeiro turno. Nas demais eleições, tucanos e petistas tiveram no primeiro turno pelo menos 70% dos votos (2002) ou até 90% (2006).

Fragmentação de candidaturas e crise político-econômica talvez favoreçam extremos, que, porém, levam poucos ou menos votos. Ponto para Bolsonaro e para o duo Lula-Haddad (PT) se, e somente se, 2018 for dublê de 1989.

Proximidade com o governo é relevante, sujeita a restrições tais como a situação social e econômica. Nesse caso, o governismo é pestilencial e não tem representantes. Dos candidatos mais importantes, Geraldo Alckmin (PSDB) corre risco de ser associado ao programa temeriano.

Note-se que também está em julgamento o sistema político, mais do que um governo. Por motivos diferentes, Bolsonaro, Lula-Haddad, Marina Silva (Rede) e Ciro Gomes (PDT) podem se valer de seu oposicionismo.

Recursos materiais e políticos pesam: dinheiro, tempo de propaganda, tamanho da coalizão, máquina política e apoio informal de centros de poder. Nesse quesito, fantasias e alegorias, Alckmin vence com folga. Faltam enredo e evolução (estratégia e mensagem eleitoral).

Preferências partidárias têm alguma relevância. Apenas o PT tem adesão considerável, um quarto da torcida. Caso cumprissem suas juras de amor, os autodeclarados petistas levariam seu candidato ao segundo turno.

Convém que campanhas presidenciais e eleições majoritárias em geral sejam inclusivas. Isto é, não causem repulsa a parcelas relevantes do eleitorado (campanhas de eleições proporcionais, de deputados, podem se dirigir a nichos e regiões). Bolsonaro insulta eleitores de tipo variado; sua taxa de rejeição é a que mais cresce; já é a maior.

Atributos e símbolos do candidato contam: experiência e preparo, honestidade e credibilidade, esperança que inspira. A imagem depende de histórico, mastigado por uma boa estratégia de campanha, e de contexto. Vago, mas talvez decisivo em uma eleição apertada em um país de política gelatinosa.

Alckmin e Ciro seriam os "experientes". Bolsonaro, Marina e Ciro não se molharam na Lava Jato. Lula-Haddad soa a mistura de esperança e experiência de dias melhores. Mas sempre se pode bater essa salada de frutas de atributos para fazer uma vitamina de alguma outra candidatura.
Leo
26/08/2018 11:25
Esta marcado para terça feira na câmara de vereadores o confronto. Sintraspug x prefeitura.para tentar achar uma solução.sobre o cartão alimentação .de um lado a prefeitura convocando os seus comissionados,do outro lado o sintraspug mobilizando os servidores.quem vai eu não sei.mais quem sempre perde é a populaçã?..
Herculano
26/08/2018 11:25
OS IMIGRANTES PREFEREM O "ESTADO BABÁ" OU A LIBERDADE NOS ESTADOS UNIDOS? por Ricardo Bordin, no Instituto Liberal

Sabem aquela ladainha socialista segundo a qual "viver nos países cujos governos oferecem muitos serviços públicos (europeus em especial) é bem melhor do que viver nos EUA, onde há poucas ações de bem-estar social (welfare state)"?

Pois é. Uma pena mesmo que o fluxo migratório registrado entre a América e esses "paraísos" mantidos a base de carga tributária escorchante não contribua em nada com esta narrativa falaciosa.

Observem a seguir alguns dados demonstrados pelo economista polonês Wojciech Kopczuk relativos ao período entre 1990-2017.

Immigrants FROM the United States TO:

Belgium: 10,000
Canada: 310,000
Denmark: 10,000
France: 50,000
Norway: 20,000
Sweden: 20,000
UK: 190,000

Immigrants TO the United States FROM:

Belgium: 40,000
Canada: 890,000
Denmark: 30,000
France: 180,000
Norway: 30,000
Sweden: 50,000
UK: 750,000

Sim, isso mesmo: muito mais pessoas saem destas nações onde há um "Estado babá" em direção ao "capitalismo selvagem" americano do que o contrário.

As informações foram colhidas junto ao Pew Research Center, onde mais comparações do gênero podem ser simuladas, tornando inequívoca a constatação: MENOS governo = MAIS pessoas querendo entrar; e vice-versa.

http://www.pewglobal.org/2018/02/28/global-migrant-stocks/?

As estatísticas ainda apontam a Austrália como único destino para onde há mais cidadãos americanos indo do que vindo (120.000 X 90.000). E adivinhem só: o país da Oceania é uma referência mundial no quesito governo enxuto, figurando entre os mais livres do planeta no ranking da Heritage Foundation - confira nas palavras do empresário e pesquisador Roberto Rachewsky:

https://m.facebook.com/story.php?story_fbid=1762352330549803&id=188272077957844

Alexis de Tocqueville, no século XIX, retornou à Europa, após uma viagem aos Estados Unidos, maravilhado com os efeitos benéficos da extrema liberdade daquele povo perante as instituições estatais ?" sentimento que o inspirou a escrever a obra "A Democracia na América". Um século e meio mais tarde, bem que poderíamos tentar aprender essa lição aqui por terra brasilis...
Herculano
26/08/2018 11:20
da série: abundam espertos para ludibriar e confundir uma maioria de analfabetos, ignorantes e desinformados, na busca do voto para o poder. Vergonhoso

NA TV, MEIRELLES VINCULA SUA CANDIDATURA A LULA, por Josias de Souza

A estreia dos presidenciáveis no horário político na televisão ocorrerá no próximo sábado, 1º de setembro. Mas Henrique Meirelles (MDB) já veiculou nas redes sociais o que chama de "primeiro programa". Nele, o candidato do partido de Michel Temer recorre à mistificação para induzir o eleitor a acreditar que ele dispõe do apoio de Lula. Extraída de gravações antigas, a voz do ex-presidente petista soa na peça duas vezes. Em ambas Lula elogia Meirelles.

"Tenho muito respeito pelo Meirelles. E devo a esse companheiro", diz Lula na primeira participação involuntária. "Eu precisava de alguém competente no Banco Central", declara o cacique do PT noutro trecho. Meirelles presidiu o Banco Central durante os dois mandatos presidenciais de Lula, de 2003 a 2010. Sob Michel Temer, Meirelles foi ministro da Fazenda. Deixou o cargo há apenas quatro meses. Mas não faz questão de vincular sua imagem à figura tóxica do ex-chefe.

Além do áudio, Lula está presente no vídeo de Meirelles em fotos e vídeos. Quanto a Temer, nem sinal. O atual presidente, reprovado por sete em cada dez brasileiros, mereceu de Meirelles apenas uma citação anódina: "O mundo para mim não se divide entre quem gosta do Lula de um lado e quem não gosta. E entre quem gosta do presidente Michel Temer e quem não gosta. Para mim, se divide entre quem trabalha quando o Brasil precisa e quem não trabalha quando o Brasil precisa."

Empacado nas pesquisas na marca de 1%, Meirelles encosta sua candidatura em Lula num instante em que o candidato-presidiário do PT acaba de amealhar 39% no Datafolha. Na bica de ser enquadrado na Lei da Ficha Limpa pelo TSE, Lula indicará como seu substituto o petista Fernando Haddad, hoje com 4% das intenções de voto. Meirelles aproveita a transição da campanha petista para tentar tirar uma casquinha no prestígio eleitoral de Lula. O candidato revela-se capaz de tudo, menos de defender Michel Temer da má fama que o persegue na campanha de 2018.

A propaganda associa Meirelles ao vocábulo "confiança". O mote da peça é "Chama o Meirelles". Ironicamente, após realçar que foi chamado por Lula para o Banco Central, o candidato apresenta-se ao eleitor como responsável por retirar a economia do país da "UTI" em foi metida por Dilma Rousseff. "Eu sei quando e por que governos anteriores erraram", diz Meirelles no vídeo, tendo ao fundo imagens de uma Dilma transtornada, oscilando entre a carranca e uma expressão de sombrio desânimo.

Numa campanha marcada pela verba curta, o marketing de Meirelles é 100% financiado por sua fortuna. E o candidato não parece preocupado em economizar. Não faltam à propaganda inaugural as trucagens e uma certa espetaculosidade hollywoodiana - trilha animada; cenas externas; voos sobre estrada, ponte, rio e campo.

Tudo faz crer que a pujança das arcas da campanha de Henrique Meirelles será inversamente proporcional à penúria do cesto de votos do candidato, condenado a percorrer a campanha tentando se livrar da bola de ferro representada pela impopularidade de Michel Temer.
Herculano
26/08/2018 06:52
da série: o exemplo que os da esquerda do atraso no Brasil, PT, Psol, PSTU, PCO, MST, MTST, UNE, CUT... ou a direita xucra com o seu salvador da pátria e que defende o intervencionismo, ou à volta da ditadura, e até a Igreja Católica querem para o Brasil, mas agora fingem ser isso uma coisa distante de seus discursos ou debates.

VENEZUELA, OU COMO MORRE UM PAÍS, por Clóvis Rossi, no jornal Folha de S. Paulo

Nas falhas da democracia, entram os salvadores da pátria

Com a devida autorização, roubo texto no Facebook de Janaina Figueiredo, a excelente jornalista que é correspondente de O Globo em Buenos Aires.

Excelente, aliás, por DNA: é filha de Newton Carlos, precursor do colunismo em assuntos internacionais na mídia brasileira, principalmente nesta Folha, em que ficou por 25 anos. Minha referência quando comecei a trilhar os caminhos que ele conhecia tão bem.

O texto de Janaina demonstra sentimento, coração, coisas que o jornalista quase sempre tem que sufocar para cingir-se aos fatos secos e/ou à opinião baseada neles.

Ela escreveu sobre sua experiência de nove viagens à Venezuela, entre 2002 e 2018. "Vi esse país desmoronar lentamente e jamais imaginei, há 16 anos, que os pobres venezuelanos, que foram a base do chavismo, abandonariam a pé sua terra para não morrer de fome. A Venezuela dói, cada vez mais."

Tenho idêntico sentimento cada vez que vejo as fotos de venezuelanos marchando rumo ao Brasil, à Colômbia, ao Peru, ao Equador, até à Argentina e ao Uruguai, tão distantes. "A dimensão do êxodo rivaliza com aqueles de países devastados por guerras como Afeganistão e Sudão do Sul", escreve a revista The Economist no número que está nas bancas.

No total, a ONU calcula que 2,3 milhões de venezuelanos fugiram da ditadura fracassada. Posto como proporção das respectivas populações, corresponderia ao êxodo de uns 15 milhões de brasileiros, mais que toda a população da cidade de São Paulo.

Por isso e por todos os demais dados do colossal desastre econômico e social da Venezuela, atrevo-me a sugerir um complemento ao já clássico "Como Morrem as Democracias", de Steven Levitsky e Daniel Ziblatt.

O que está acontecendo na Venezuela vai muito além da morte da democracia, o que já seria desastroso. É a morte de um país.

Na coluna para a Folha de sexta-feira (24), Levitsky escreve, tendo em mente a Venezuela, entre outros países: "Hoje, a maioria das democracias morre não por ação de generais, mas sim de líderes eleitos --presidentes ou primeiros-ministros que usam as instituições da democracia para subvertê-la".

De pleno acordo, mas é importante ir além e investigar como se torna possível que se elejam líderes que acabam apunhalando a democracia.

A Venezuela seria o perfeito estudo de caso para explicar como essa tragédia ocorre. Fez em meio século o percurso de saída de uma ditadura (de Marcos Pérez Jiménez, 1952-58) para acabar caindo nas mãos de Hugo Chávez, o líder eleito que usou as instituições da democracia para comê-las pelas bordas até que seu sucessor, Nicolás Maduro, completasse a obra de destruição ?"da democracia e do país.

Como isso aconteceu é tema que cientistas políticos ou historiadores explicariam melhor. Minha opinião: a democracia venezuelana nunca foi inclusiva o suficiente para apaixonar as massas marginalizadas e empobrecidas.

Quando surge alguém como Hugo Chávez disposto a ouvi-las, vão atrás. Pouco importa se é demagogia, se é populismo, se é insustentável. Sentem uma atenção que jamais tiveram.

Não é diferente em grande parte da América Latina. A democracia precisa atender às maiorias. A alternativa, se e quando algum Chávez se instalar, será dizer que dói, como Janaina disse sobre a Venezuela.
Herculano
26/08/2018 06:47
PELAS PESQUISAS, GRITA ANTICORRUPÇÃO ERA HIPOCRISIA, por Cláudio Humberto, na coluna que publicou hoje nos jornais brasileiros

Após anos de investigações, denúncias e condenações de políticos ladrões, na Operação Lava Jato, o Brasil dá sinais de que não passava de encanação toda aquela aparente indignação com a ladroagem. A 43 dias das eleições de 7 de outubro, o líder nas pesquisas está preso por corrupção, segura a lanterna das pesquisas o único candidato a presidente que nunca foi político e no Congresso serão 75% reeleitos.

NÚMEROS CARTELIZADOS
Três institutos parecem ter combinado pesquisas simultâneas em que confirmam os números das outras, elevados, sem qualquer explicação.

CÂMARA SEM RENOVAÇÃO
Na Câmara, centro de tantos escândalos, estudo indica que 25% dos deputados não serão reeleitos, porque resolveram tomar outro rumo.

'MÍDIA GOLPISTA' AJUDA
A hipocrisia inclui a mentira reiterada diariamente, reproduza até pela "mídia golpista", que trata um presidiário ficha suja como "candidato".

PRESSA PRA QUÊ, MEU REI?
Protagonistas da hipocrisia, a própria Justiça "cozinha" sem pressa, porque está sob holofotes, a definição da pretensa candidatura Lula.

PT SEMPRE CEDE, MAS O PSB É QUE SAI PERDENDO
A direção do PT tem histórico de sufocar os próprios projetos eleitorais em Pernambuco para ajudar o PSB, mas curiosamente os socialistas sempre saem menores, cada vez mais regionais. Este ano, por ordem de Lula, Marília Arraes foi impedida de disputar o governo, apesar da forte posição nas pesquisas, em nome da reeleição Paulo Câmara, o governador. O PSB saiu da disputa presidencial e perdeu relevância.

MEU ESTADO, MEU PAÍS
A direção do PSB rachou o partido para não correr o risco de perder o governo de Pernambuco. O PSB em SP, MG e no DF se revoltaram.

PUXADINHO DO PT
Não é o primeiro ato de violência do gênero do PT em Pernambuco para "ajudar" o PSB, garantindo-lhe o papel apenas de um "puxadinho".

ATROPELAMENTO
Em 2012, Lula vetou a candidatura à reeleição do prefeito do bem-avaliado Recife para o PSB a eleger o prefeito. E o PT-PE cresceu.

NINGUÉM MERECE
Estimativas mais conservadoras apontam que o aumento salarial dos ministros do STF vai custar R$6,5 bilhões. O efeito cascata beneficiará toda a Justiça, procuradores, áreas jurídicas dos Três Poderes, todos os congressistas, deputados estaduais, vereadores?

ALGUÉM NOS SOCORRA
Com anuência ou por negligência da agência de Aviação Civil (Anac), a Gol resolveu aumentar a "multa" por alteração ou cancelamento de voos para R$230 ou 100% do valor da passagem. E ninguém é preso.

COISA FEIA
Sérgio Etchegoyen (GSI) e Raul Jungmann (Defesa) disseram que o governo repassou R$200 milhões para Roraima. Esqueceram o detalhe de que eram transferências obrigatórias ou emendas parlamentares. Para a crise dos venezuelanos, só míseros R$2 milhões.

POR ONDE ANDA?
Denunciado à Justiça Federal pelo MPF, em 2015, por tornar sigilosos documentos sobre a atuação de Lula em operações internacionais com a Odebrecht, o diplomata João Pedro Correa Costa se escafedeu.

TORCIDA POR UM MÁRTIR
Dirigentes do PT fazem de tudo para acabar com a greve de fome de um punhado de abestados acampados do lado de fora da sede da PF em Curitiba. Uma morte, um mártir, é o sonho campanha petista.

TRANSPARÊNCIA NÃO É FÁCIL
Entidades de juízes não se conformam com a decisão do ministro Luís Roberto Barroso (STF) de manter a obrigação de divulgar a remuneração deles, determinada pelo Conselho Nacional de Justiça.

AINDA HÁ TEMPO
O limite para a definição da viabilidade legal de candidaturas este ano é dia 17 de setembro. Ou seja, presidentes dos partidos ainda podem trocar candidatos até essa data. Caso de Fernando Haddad, no PT.

REPUBLIQUETA
Se merecem confiança as últimas pesquisas e a Justiça não agir, o Brasil pode assistir um presidente despachando de dentro da cadeia.
Herculano
26/08/2018 06:42
AS CHANCES DE ALCKMIN NA BRIGA POR UMA VAGA NO 2º TURNO, por Bruno Boghossian, no jornal Folha de S. Paulo

Tucano precisa dobrar eleitorado em cinco semanas para chegar a etapa final

Em contagem regressiva para o início da propaganda eleitoral, Geraldo Alckmin (PSDB) tem diante de si uma ladeira íngreme que o separa do segundo turno:

1) Não conseguiu penetrar em nichos tucanos; 2) Tem dificuldade para se destacar no congestionamento de candidatos do chamado campo azul; 3) Precisa, no mínimo, dobrar seu eleitorado em cinco semanas.
Com 9% nas pesquisas, Alckmin não deve ser descartado como jogador viável porque sua estrutura na TV e no rádio pode fazer a diferença.

O ex-governador não decolou como um tucano típico. Seu desempenho é modesto até em grupos que apoiaram o PSDB em outras disputas. Ele não rompe os 10% entre eleitores de classe média alta ou com curso superior -segmentos em que Aécio Neves batia os 30% em 2014.

Em mais um ano de polarização com o PT, rei do campo vermelho, Alckmin só chegará ao segundo turno se frear a dispersão na ala azul.

O tucanato perdeu espaço para Jair Bolsonaro: mais de 40% dos apoiadores do deputado do PSL votaram em Aécio na última eleição.

O capitão reformado cristalizou esse eleitorado, mas Alckmin vai atrás de grupos menos devotados. Precisará ainda evitar que o rival cresça ainda mais entre os azuis. Para absorver o voto antipetista, pretende se contrapor a Bolsonaro como uma opção segura, menos aventureira.

Estão na mira dos tucanos eleitores que já aderiram a Marina Silva, Alvaro Dias, Henrique Meirelles e João Amoêdo. Dentro desse campo, a rejeição a Bolsonaro é quase o dobro do índice de Alckmin.

Mais difícil será convencer a fatia desiludida da população. Em um embate direto entre PSDB e PT, 70% dos eleitores que declaram voto em branco ou nulo no primeiro turno tendem a repetir o gesto no segundo. O desgaste sofrido pelos tucanos com a corrupção não ajuda.

Alvo de hostilidade em território que julgava amigável, Alckmin luta para não ser abatido precocemente. Se não reconquistar algumas trincheiras, a guerra estará perdida.
Herculano
26/08/2018 06:40
A PRIMEIRA VÍTIMA, por Carlos Brickmann

Novidade eleitoral: a antiga assessoria de imprensa dos candidatos, que dava sua versão do que estava acontecendo, foi trocada por assessorias digitais, que dão sua versão do que não aconteceu. Inventa-se uma nova realidade política, que nada tem a ver com a realidade propriamente dita ?" tática utilizada, com êxito, pelos nazistas, orientados por Joseph Goebbels.

Espalhar que Bolsonaro não irá a todos os debates porque tem medo não é verdade: ele tem se saído bem, já que lhe fazem sempre as perguntas, para as quais já tem resposta. Não vai porque, líder nas pesquisas, é o alvo natural dos demais candidatos. Collor não foi a debates, também. E ganhou,

Espalhar que Lula é o favorito porque, embora não possa se candidatar, lidera as pesquisas, é falso. Se não pode se candidatar não é favorito. Ele sabe que não é candidato, finge que é mas já escalou seu reserva. E quer seu nome na urna para levar o eleitor menos informado a votar no reserva.

Os partidos que apoiam Alckmin dizem que ele crescerá com o domínio do tempo de TV. Pode ser ?" mas os partidos não acreditam no que dizem, tanto que seus dirigentes fazem comícios louvando candidatos adversários. Alckmin está mal nas pesquisas. Para subir, precisa mostrar que não é só um Picolé de Chuchu. Mas quem nasceu para Chuchu, Chuchu é e será.

Nas eleições de 2018, como nas guerras, a primeira vítima é a verdade.

PERNAS CURTAS

A propaganda falsa fantasiada de jornalismo traz riscos: comunicação não é o que se diz, mas o que se escuta, Um grande publicitário estudou o tema. E constatou que a palavra "populismo", que se considera pejorativa, é muito bem aceita: para boa parte dos eleitores, quer dizer "favorável ao povo". E "autoritário" não é um termo depreciativo: muitos o consideram positivo, atribuído a quem exerce de fato a autoridade. Insistir muito num tema é perigoso: um ótimo jornalista perguntou ao jardineiro em quem iria votar. Em qualquer um, menos Bolsonaro. "Eu voto lá nesse comunista?"

COISAS ESTRANHAS

Há coisas que só acontecem por aqui. O PT informou que o deputado Reginaldo Lopes é o coordenador da campanha Lula/Haddad/Manuela em Minas. Este colunista é do tempo em que dois cargos, presidente e vice, eram preenchidos por duas pessoas. Três, no lugar de dois, é novidade.

Duas gêmeas candidatas, uma a deputada federal, outra a estadual, são milagrosas. Se eleitas, o emprego vai voltar, a economia vai melhorar, a aposentadoria vai garantir e a pobreza vai acabar. Ruim? Não: ruim mesmo é o jingle, cantado aos berros por uma voz esganiçada. É mais agradável ouvir Suplicy imitando os Racionais MC e massacrando Bob Dylan.

A PESQUISA DE AGORA

Uma pesquisa fresquinha, recém-saída do forno, elaborada pelo IPESPE para a XP Investimentos: Lula (que, embora não possa ser candidato, está na planilha) cresceu dentro da margem de erro. Na menção espontânea, foi de 15 para 18%; na estimulada, de 31 para 32%. Num hipotético segundo turno, tem vantagem de oito pontos sobre Bolsonaro. Entretanto, Lula tem a maior rejeição entre os pesquisados: 60%, contra 59% de Bolsonaro. A alta rejeição dificulta seu crescimento e permite que surja um novo nome entre os favoritos. A TV, normalmente, influencia muito o eleitorado.

O POSTE

Como Lula não é candidato, qual a posição de seu reserva Haddad nas pesquisas? Haddad perdeu dois pontos no cenário em que aparece como "apoiado por Lula", caindo de 15% para 13%; e um ponto se substituir Lula como candidato, embora com nome e número de Lula na urna. Mas, como é provável que a Justiça examine a situação de Lula no início de setembro, se o ex-presidente entrar no horário gratuito ficará poucos dias. E a situação de Haddad se tornará clara para os eleitores.

BRASIL DE ONTEM

Este estudo não é partidário (abrange governos do PSDB e do PT), não tem nada a ver com campanha eleitoral, mas mostra qual tem sido o rumo do Brasil de 1995 até hoje: para baixo. Em 1995, o Brasil (com renda por habitante de US$ 8.524) era mais rico do que sete países com nível semelhante de desenvolvimento: Croácia (US$ 8.477), Uruguai (US$ 8.045), Estônia (US$ 7.314), Turquia (US$ 7.000), Polônia (US$ 6.540), Lituânia (US$ 5.324) e Letônia (US$ 5.135).

Em 2015, a Estônia liderava o grupo (US$ 17.003 ?" valor constante, dólar de 2010; seguem-se Lituânia (US$ 15.347), Polônia (US$ 14.655), Letônia (US$ 14.320), Uruguai (US$ 13.944), Croácia (US$ 13.876), Turquia (US$ 11.523). E, na rabeira, Brasil (US$ 11.212).

A pesquisa é da Fundação Índigo de Políticas Públicas, com números oficiais do Banco Mundial. Uma curiosidade, observada por este colunista: quem cresceu foram os países que reduziram o tamanho de seus governos.
Herculano
26/08/2018 06:36
NO FILME DE TANCREDO, UMA AULA PARA HOJE, por Elio Gaspari, nos jornais O Globo e Folha de S. Paulo

Em 1985 e 2018, fez-se o que a lei mandava, mas pode-se intuir a próxima crise

Vem aí uma aula de política. É o filme "O Paciente", de Sérgio Rezende. Conta a agonia e morte de Tancredo Neves, em 1985. Na véspera de sua posse, o presidente eleito foi internado às pressas para o que seria uma cirurgia banal, talvez de apendicite. Os médicos e os hierarcas de Brasília informaram que ele sairia do hospital em poucos dias, e os principais jornais do país noticiaram sua alta iminente em dez ocasiões. Tancredo entrou no Palácio do Planalto 36 dias depois, para o velório.

O filme conta uma história dramática de erros médicos, dissimulações e mentiras que hoje soam como uma narrativa concatenada. Para quem tem menos de 40 anos, o drama faz sentido e seu desfecho é minuciosamente exposto, mas, à época, tudo o que hoje se vê no filme era segredo.

"O Paciente" é uma aula. Mostra como se mentiu e como se manipulou a opinião pública. Horas depois da primeira cirurgia, oficialmente bem-sucedida, Tancredo teve uma parada respiratória e quase morreu, mas isso foi escondido. Daí em diante, tudo o que podia dar errado, errado deu.

Othon Bastos, o Corisco de "Deus e o Diabo na Terra do Sol", é um Tancredo impecável, apesar dos muitos quilos a mais. Suas expressões ressuscitam o memorável mineiro. Paulo Betti como o "professor doutor" Henrique Pinotti é um primor na exposição de um intrujão megalomaníaco e exibicionista. O egocentrismo das equipes médicas não tem exageros e é coisa de dar medo a quem entra hoje num hospital.

Quem matou Tancredo? Todos os personagens do filme, inclusive ele, que escondia seus padecimentos. Suas dores abdominais haviam começado em janeiro e ele se iludia tomando antibióticos. Deixou que os médicos falassem em apendicite, mas sabia que extraíra o apêndice havia 50 anos. (Essa é a única imprecisão do filme, pois informa que o apêndice estava lá.)

A morte de Tancredo mutilou a base da redemocratização do país, pois colocou na Presidência o vice José Sarney, assombrado pela contestação de sua legitimidade. As pessoas foram dormir esperando que na manhã seguinte veriam Tancredo com a faixa e acordaram com Sarney vestindo-a. A posse do ex-presidente do partido da ditadura era constitucional, mas não fazia sentido. Tudo bem, porque Tancredo ficaria bom.

Passaram-se 33 anos e hoje não há médicos na crise, mas algumas coisas também não fazem sentido. Assim como fingia-se que Tancredo reassumiria, finge-se que Lula preso, com 39% das preferências na pesquisa do Datafolha, é apenas um detalhe. Lula foi condenado em duas instâncias e garante que nunca ouviu falar das roubalheiras petistas. Ainda assim, em vez de cair nas pesquisas, sobe.

Em 1985, fez-se o que a lei mandava. Em 2018, faz-se o que a lei manda, mas pode-se intuir o tamanho da próxima crise. Felizmente, agora pode-se escolher o próximo presidente.


UMA GRANDE VIAGEM À RÚSSIA DE TODOS OS TEMPOS
Está chegando às livrarias "A Lanterna Mágica de Molotov - Uma viagem pela história da Rússia", um dos melhores retratos da terra do czarismo, do comunismo e do putinismo. A autora, Rachel Polonsky, é professora da Universidade de Cambridge e chegou a Moscou com um projeto de pesquisa literária. O acaso levou-a a alugar um apartamento no edifício onde vivera a nata da elite soviética. Outro acaso levou-a a encontrar um vizinho banqueiro que ocupava o apartamento de Molotov, o ministro das Relações Exteriores de Stálin. Mais um, e ela viu que a família do hierarca deixara por lá muitos livros e objetos. O banqueiro franqueou-lhe o tesouro. Molotov tinha uma volume de poemas de Anna Akhmatova ("a freira prostituta", segundo Stálin), de Marina Tsvetáieva (matou-se na Sibéria) e de Osip Mandelstam (morto a caminho do Gulag, chamava Molotov de "meia pessoa").

A viagem de Polonsky pela Rússia foi de Moscou ao Ártico, até Vladivostok, no mar do Japão. "A Lanterna de Molotov" não tem cronologia e seu roteiro é irrelevante. É o livro de uma autora erudita, que busca significados, misturando lugares e poetas, "uma barafunda do passado, causada por livros e lugares".

É na barafunda que está a mágica do livro, que mostra sem querer ensinar. A rua onde viviam os hierarcas era fechada por milicianos e hoje é povoada por agentes de empresas de segurança privada, com coletes a prova de balas. Ela vai da casa de banho de uma protegida de Catarina, a Grande, às casas de campo da elite cultural soviética, onde viveu um charlatão que prometia plantar trigo para colher cevada. Com a ajuda de Dostoievsky, Polonsky visitou em Novgorod a semente da Rússia de outrora, recuperada por Vladimir Putin.

O apartamento de Molotov foi vendido a um produtor de TV que já comprara outro, o último lar de Leon Trótski em Moscou. Sua mulher tinha uma galeria de fotos. Uma delas, com Miuccia Prada, a dos sapatos.

FARRA FINAL
Na sua farra de fim de governo, nomeando diretores de agências reguladoras com mandatos de vários anos, o governo se superou. Foi reanimado o Conselho de Saúde Suplementar, inativo desde 2000, quando suas atribuições passaram para a Agência Nacional de Saúde. Até aí, mais uma boquinha, mas a medida incluiu um jabuti, criando uma câmara técnica "destinada à análise técnica de resoluções pretéritas". Rever decisões tomadas há 18 anos seria coisa inútil, a menos que elas ricocheteiem, mexendo em normas criadas pela ANS.

Seria mais fácil fechar a ANS, entregando suas funções às operadoras amigas.

MARIN E SEU GATO
A sorte, essa trapaceira, fez com que num mesmo dia a Mesa da Câmara cassasse o mandato de Paulo Maluf e a Justiça americana condenasse o detento José Maria Marin a quatro anos de prisão.

Maluf foi governador de São Paulo de 1979 a 1982, quando deixou o cargo para disputar a eleição presidencial indireta. (Ele foi derrotado por Tancredo Neves.) Marin, seu vice, governou o Estado por quase um ano.

Estranho personagem o doutor Marin. Vivia num apartamento de abonados e um de seus vizinhos, o empresário Paulo Cunha, percebeu que sua conta de luz estava absurdamente alta. Foi atrás e descobriu que Marin tinha um "gato" roubando energia de sua rede. Até aí, golpe velho, mas a fé de Marin na própria impunidade era tamanha que, quando o repórter Juca Kfouri contou o caso, ele processou-o. O juiz que derrubou a queixa reconheceu que o cartola teria todos os motivos para processá-lo, salvo pelo fato de que a informação era verdadeira.

Maluf está em prisão domiciliar no seu palacete paulista e Marin rala na carceragem de Nova York.

ETIQUETA
Michel Temer é um homem formal. Dá a impressão de que dorme de paletó e gravata. Por isso, bem que podia pedir aos ministros Moreira Franco e Raul Jungmann para calçarem meias quando forem a uma reunião pública no Jaburu, mesmo que ela aconteça num domingo.
Mário Pera
25/08/2018 20:34
Eu tenho acompanhado as manifestações os jornalistas de política , editorias e até matérias parciais quando se referem ao canididato Bolsonaro. Meu candidato e Alckmin , mas entendo que cabe aceitar a condição de direito do candidato do PSL em disputar o pleito. E tratá-lo como candidato como outro qualquer. Quando levantam o fato de seus filhos também estarem ocupando cargos na política não o fazem em relação a muitos outros . Por exemplo Alvaro e o irmão hs décadas vivem na política , Ciro Gomes e os irmãos idem, Sarney igualmente , e muitos outros . Sobre seu comportamento à direita é visto de forma nociva porém a extrema esquerda do Boulos e Haddad não há reparos. Pior que ter um Bolsonaro na disputa e aceitar que um condenado e preso seja posto na condição de candidato e até nas pesquisas eleitorais . O Bolsonaro talvez nem seja a solução mas está fazendo valer uma agenda mais efetiva na discussão obre Falta de Segurança Pública na proteção a sociedade. Estão todos os candidatos com viés no assunto porque este é um sentimento de total desamparo aos cidadãos com os mais de 60 mil homicídios anuais e o domínio da bandidagem sobretudo nas áreas periféricas das grandes e médias cidades. Ao invés do temor ao retrocesso que apregoam quanto à democracia convém considerar que não há ambiente à direita quanto à ruptura, porém com a esquerda podemos sim fazer um ajuntamento ao já instalado sistema do atraso que vigora sob o Foro de São Paulo. O Brasil foi levado a isso é isto é democracia . Discutir se as ideias de Bolsonaro são ou não solução pro Brassil faz parte do processo e deve ser feito com base nas suas viabilidade, o que não pode e não democrático é questionar seu direito de disputar as eleições. E se ele ameaça é porque encontra num universo hoje de quase 30 milhões de eleitores voz para representa.los. E cabe também a grande parte da imprensa a culpa por este momento porque na sua liberdade que tem de informar tem optado por proteger e defender mais os criminosos que as vítimas; mas movimentos que se dizem sociais porém são ideológicos e uma esquerda atrasada aqui no Brasil que ainda insiste em que o ideal são os modelos das republiquetas socialistas. Considero Alckmin mais preparado para acalmar e encaminhar o Brasil à normalidade.
Herculano
25/08/2018 16:55
MANCHETE DA BBC NEWS. MADURO DIZ QUE O QUE FAZ É EXEMPLO PARA O MUNDO. E COMEÇA PELO "MODELO" DEMOCRÁTICO...

ONU diz que crise migratória na Venezuela já está quase no nível de fluxo de refugiados no Mediterrâneo
Herculano
25/08/2018 14:10
WALL STREET JOURNAL: "DESILUSÃO" IMPULSIONA BOLSONARO, por José Fucs, do BR18

Em reportagem sobre o presidenciável Jair Bolsonaro, o The Wall Street Journal, bíblia do mercado financeiro americano, diz que a disputa é "a mais imprevisível em décadas". Segundo o Journal, a liderança de Bolsonaro nas pesquisas está em linha com o padrão observado em eleições recentes em outros países e é impulsionada por um público "profundamente desiludido" e ameaça chacoalhar o status quo.

"O ex-capitão do Exército ganhou seguidores fiéis entre eleitores amedrontados por uma violência épica e tão enojados da política incrustada no País que estão perdendo a fé na própria democracia", diz o jornal. "Num país que com a maior taxa de homicídios do mundo, o ex-militar fez da lei e da ordem sua principal plataforma."
Herculano
25/08/2018 09:43
TSE NÃO VÊ "TRANSGRESSÃO" EM COBERTURA DE LULA

Conteúdo do BR 18. A defesa de Lula sofreu nova derrota no TSE na última sexta-feira, 24. O ministro Sérgio Banhos negou pedido para que as emissoras de televisão incluíssem em suas coberturas jornalísticas a campanha do petista, que está preso na Superintendência da PF em Curitiba desde abril, e de sua coligação. Como informa a Coluna do Estadão, Banhos disse que "não se extraem dos autos elementos suficientes para configuração da transgressão ao dever de conceder tratamento isonômico aos candidatos a cargo de presidente da República".

O ministro pediu que as emissoras apresentem uma manifestação dentro de dois dias e irá aguardar a manifestação do MPE sobre o assunto.
Herculano
25/08/2018 09:40
A dúvida sobre Bolsonaro, é coisa antiga. Veja esta de Ricardo Setti, para a Veja, em 02 de maio de 2014.E não é mais piada. É algo real, possível e cercado cada vez mais de dúvidas à medida que é desnudado e fica exposto, fato que lhe incomoda muito, mas muito mais aos fanáticos, bem mais radicais que a maioria dos esquerdistas do atraso e petistas que lhe cercam...

BOLSONARO CANDIDATO A PRESIDENTE? É uma piada, mesmo. PIADA!

Meu amigo Lauro Jardim publicou uma nota em seu Radar On Line que explodiu na web dizendo que o deputado Jair Bolsonaro (PP-RJ) havia decidido "fazer mais uma graça" e "anunciou oficialmente à cúpula do PP que está disponível para se candidatar a presidente da República".

A nota provocou um aluvião de acessos e mais de 12 mil comentários - um número espantoso.

Pois eu acho que se trata mesmo apenas de uma "graça", uma piada, uma brincadeira, a suposta candidatura do deputado a presidente.

Digo isto não porque abomino a maioria das ideias, as posturas, a atitude e o jeito de fazer política do deputado Bolsonaro.

Em primeiro lugar, é uma piada porque o PP é um partido de raposas, e não vai embarcar numa fria, em uma candidatura com chance zero de vingar.

Boa parte do PP pretende continuar mamando no governo e, apesar de se tratar de um partido supostamente conservador, quer continuar tecnicamente apoiando o governo lulopetista da presidente Dilma.

Outros setores querem marchar com o tucano Aécio Neves, que emplacou um governador em exercício do PP em Minas, tem boas relações com o comando do partido, apoia a senadora pepista Ana Amélia na corrida para o governo do Rio Grande do Sul e é primo e muito próximo de um dos cardeais do PP, o senador Francisco Dornelles (RJ).

Em segundo lugar, a candidatura de Bolsonaro é uma piada porque ele não tem equilíbrio, nem postura nem preparo para ser presidente (e não me venham com o argumento de que, se Lula foi presidente, vale tudo, de que, se Collor foi presidente, tudo pode, de que, se Dilma, de quem se dizia "preparadíssima", chegou lá, tudo vale - não, não vale, porque quero o MELHOR para meu país. Nada de nivelar a exigência por baixo! Já sabemos o resultado disso). As ideias e atitudes do deputado estão longe daquilo que os brasileiros MERECEM ter no próximo ocupante do Palácio do Planalto.

Truculento e gritalhão, Bolsonaro já se envolveu em inúmeros entreveros repletos de insultos e próximos a briga de socos no Congresso. Ele zomba de quem defende direitos humanos, não hesitou em acarinhar publicamente, mais de uma vez, a ideia de golpes militares, defendeu a tortura em determinados casos - atropelando um dos valores mais sagrados da civilização ocidental a que ele supostamente pertence - e até chegou ao extremo grotesco de defender o "fuzilamento" de um presidente da República em exercício, no caso o presidente Fernando Henrique Cardoso. É homofóbico de carteirinha e orgulha-se deste e de outros preconceitos.

É um saudosista da ditadura e faz grossa demagogia dizendo-se, por ser ex-capitão do Exército, representante das Forças Armadas no Congresso.

NÃO, senhores: ele é delegado de 120.646 eleitores do Estado do Rio de Janeiro que o elegeram. Embora entre eles certamente se incluam militares da ativa e da reserva e pessoas de suas famílias, isso fica a anos-luz de se arrogar representante "das Forças Armadas".

Suposto crítico contumaz da "velha política", transformou-se por ironia em um ferrenho adepto do que condena e colocou a família para viver às custas da política: ele próprio está no sexto mandato de deputado federal, seu filho Flávio desempenha o terceiro mandato de deputado estadual, a ex-esposa Rogéria foi vereadora na Câmara Municipal do Rio e ele tem lá, hoje, outro filho, Carlos, já no segundo mandato.

Bolsonaro surgiu para a vida pública como um capitão da ativa do Exército que escreveu um artigo para a antiga seção "Ponto de Vista" de VEJA criticando a Força por diferentes razões, inclusive os baixos salários. Acabou sendo punido, ganhou as manchetes, foi para a reserva e pulou para a política, começando como vereador no Rio, embora seja paulista de Campinas.

Em seus 24 anos como deputado federal - consultem seu perfil oficial na Câmara dos Deputados e seu site na internet -, embora tenha apresentado montanhas de projetos e participado de incontáveis comissões, Bolsonaro não demonstrou qualquer preparo apreciável em gestão pública, em economia, em relações internacionais e em uma série de outros requisitos mínimos necessários a quem aspira ser presidente da República.

Seus cursos de aperfeiçoamento como pára-quedista e de mergulho treinado pelo Corpo de Bombeiros certamente são úteis e interessantes, e o fato de haver cursado a Escola de Aperfeiçoamento de Oficiais do Exército (EsAO) - um respeitável centro de excelência ?" é significativa. Mas trata-se de um currículo estreito demais para quem quer dirigir uma das 10 maiores economias do planeta.

Não concordo com as ideias de Bolsonaro e repudio a frequência com que ele as defende de forma grosseira, agressiva e pouco democrática. Acho, porém, que ele representa um segmento da opinião pública e tem absolutamente o direito de expressar o que pensa, sempre que aja dentro da lei.

Está muito bem que seja deputado federal e que tente se reeleger. (Já não acho tão bem que queira a família toda vivendo de salários do Legislativo?)

Ser presidente da República, porém, definitivamente não é para seu bico.
Miguel José Teixeira
25/08/2018 08:48
Senhores,

Da série "perguntar não ofende" destinada à "afilhada da lambisgóia defenestrada", vice do "ranzinza de Pindamonhangaba:

1) além de uma lojinha de 1,99 que deixou falir, o que a lambisgóia defenestrada administrou anteriormente?

2) já o presidiário, antes de ser "presimente" administrou o quê?
Herculano
25/08/2018 08:12
da série: os radicais de esquerda e de direita são iguaizinhos, pois não conseguem respeitar as escolhas e opinião dos outros

KÁTIA ABREU DESAFIA EMPRESÁRIO

Conteúdo do BR18. Vice de Ciro Gomes, a senadora Kátia Abreu não gostou de ver o dono das lojas Havan, Luciano Hang, apoiar Jair Bolsonaro à Presidência da República. Kátia fez um desafio em seu Twitter: deixar o deputado federal comandar por seis meses o negócio de Hang. "Faço este desafio a todos os grandes empresários que apoiam o capitão que nunca administrou nada na sua vida mas estão querendo colocar para gerir o Brasil. Coloquem como o principal executivo de suas grandes empresas", disse.

"Eu entregaria tranquilamente minha propriedade rural para Ciro administrar mesmo não sendo especialista na área. Mas é um gestor de primeira. Para o capitão não entregaria nem por um dia. E vc entregaria?"
Herculano
25/08/2018 08:05
da série: proposta ou chantagem, já que o STF senta há anos para decidir sobre uma causa própria e que ele sabe ser ilegal

A PROPOSTA DE TOFFOLI PARA "ZERAR" IMPACTO DO REAJUSTE NO STF

Conteúdo de O Antagonista. Em compromisso fora da agenda oficial, Michel Temer recebeu esta semana no Alvorada os ministros Dias Toffoli e Luiz Fux para discutir o reajuste dos ministros do STF.

Na reunião, Toffoli apresentou um cálculo que, segundo ele, 'zeraria' o impacto do reajuste nas contas públicas.

Diz a Folha:

"O aumento proposto pelo Supremo é de 16,38%, ou R$5,3 mil. O auxílio-moradia de juízes rende R$4.377 ?"livre de tributação. Segundo Toffoli, como os juízes terão que pagar imposto de renda de 27,5% sobre o reajuste, no fim, ele custaria quase o mesmo que o privilégio".

A proposta é que o auxílio-moradia seja extinto pela corte.
Herculano
25/08/2018 07:58
JUSTIÇA DECIDE EM 2ª INSTÂNCIA QUE MOTORISTA DA UBER DEVE SER SEU EMPREGADO, por Maria Cristina Frias, na coluna Mercado Aberto, no jornal Folha de S. Paulo

É a primeira derrota em segundo grau da empresa no país

A Justiça de São Paulo, em uma decisão de segunda instância publicada na sexta-feira (24), determinou que os motoristas da Uber deveriam ser seus empregados.

A empresa foi condenada a fazer o registro na carteira de trabalho de um condutor e pagar a ele valores referentes a aviso prévio, férias, FGTS, multa rescisória etc.

É a primeira vez que um colegiado que julga haver relação de emprego entre a Uber e um motorista, segundo Rodrigo Carelli, procurador do trabalho do Rio e professor da UFRJ.

"Já houve decisões em primeiro grau, mas essa é de segunda instância e pode ser replicada em outros estados. Agora, essa questão naturalmente será levada ao Tribunal Superior do Trabalho."

A Uber afirma, em nota, que vai recorrer. O motorista foi vinculado à empresa durante um ano, até junho de 2016.

Argumentos da companhia sobre a natureza da relação, como o de que se trata de uma plataforma de trabalho, foram rejeitados pela relatora do caso, a desembargadora Beatriz de Lima Pereira.

"O fato de ser reservado ao motorista o equivalente a 75% a 80% do valor pago pelo usuário não pode caracterizar a parceria", escreveu.

Existem características como habitualidade, pessoalidade e pagamento que dão ao vínculo entre a Uber e o motorista que o tornam um emprego, de acordo com a relatoria de Pereira.

Ela rechaça, em seu texto, a ideia de que há liberdade para o profissional tomar algumas decisões, como o valor da tarifa, por exemplo.

"Não se pode cogitar a plena autonomia a medida que a taxa de serviços não pode ser alterada", escreveu.

Outras ações decididas por turmas de juízes já foram favoráveis à Uber, segundo a companhia afirmou em nota: "Já são 123 decisões favoráveis à empresa, 22 delas julgadas em segunda instância."

Em outros casos, a Uber tem procurado fechar acordos para evitar que o caso chegasse a instâncias superiores, segundo o procurador Carelli.

"Essa tática não é novidade do nosso país, a empresa já tinha feito isso nos Estados Unidos."

A judicialização das relações entre companhia e os motoristas tem ocorrido no mundo inteiro e o caso brasileiro deverá repercutir, segundo ele.
Herculano
25/08/2018 07:52
EUFEMISMO DA POLÍTICA BRASILEIRA, segundo Fernando Rocha, procurador da República, no Rio Grande do Norte

- Propina: doação eleitoral não contabilizada
- provas do crime : ilações da acusação
- Denúncia criminal: perseguição da oposição;
- colaboração premida: imaginação de um criminoso; contradição de ideias: dinamismo da política.
Herculano
25/08/2018 07:48
FRASE DO DIA, por Ricardo Noblat, de Veja

"O economista vai propor coisas duras, o presidente vai dar uma amaciada e depois, quando ele for negociar com o Congresso, vão dar outra amaciada". (Paulo Guedes, economista, o "Posto Ipiranga" de Jair Bolsonaro, futuro ministro da Fazenda caso ele se eleja.)
Herculano
25/08/2018 07:45
CôNSULES MORAM CARO E LONGE DOS BRASILEIROS, por Cláudio Humberto, na coluna que publicou hoje nos jornais brasileiros

Os cônsules do Brasil no exterior só escolhem os bairros mais chiques para morar, em especial na Europa e nos Estados Unidos, o que obriga o cidadão brasileiro a bancar aluguéis de valores ofensivos. Cônsul-geral do Brasil em San Francisco, posto de segunda linha, o diplomata Pedro Bório, chapinha da cúpula do Itamaraty, teve o "auxílio moradia" reajustado para US$150 mil (R$618 mil) por ano. Além do salário, o poderoso Bório terá US$13.800 (R$56.856) mensais para o aluguel.

CIRCUITO CHIQUE
O aluguel de Pedro Bório, no circuito Helena Rubinstein, supera o total de verba enviada à maioria de embaixadas do Brasil na Ásia e África.

UMA LOTERIA MENSAL
O "auxílio-moradia" dos diplomatas era só isso, um auxílio. Mas virou penduricalho. E uma burla ao abate-teto: afinal, "auxílio não é salário".

LONGE DA 'GENTALHA'
Alguns cônsules escolhem endereços exclusivos para ficar o mais longe possível de brasileiros, por considerá-los importunos e vulgares.

VIDA BOA NA CALIF?"RNIA
A jornada no consulado de San Francisco parece um tédio: das 9h às 11h retiram-se senhas, das 14h às 16 atende-se quem o sustenta.

MÉDIA DE ELEITORES SEM CANDIDATO CAIU, MAS É 54%
Levantamentos do Instituto de Pesquisas Sociais (Ipespe), a pedido da XP Investimentos, indicam na mais recente pesquisa presidencial, de agosto, que 54% dos eleitores ainda não tem candidato (29% de brancos e nulos e 25% ainda não sabem), considerando apenas o cenário espontâneo. Eram 67% no fim de maio, uma incerteza que se manteve nos mesmos padrões até a última semana de junho.

QUEDA NÃO-ACENTUADA
Vem caindo a indefinição de eleitores sobre os candidatos a presidente, mas era de 63% na primeira semana de agosto.

BOLSONARO E LULA
Em todos os 14 levantamentos XP/Ipespe desde maio, Jair Bolsonaro (PSL) e Lula estão empatados tecnicamente na pesquisa espontânea.

DADOS DA PESQUISA
A última pesquisa XP/Ipespe, da quarta semana de agosto, foi registrada no Tribunal Superior Eleitoral sob o nº BR-07829/2018.

MEU PIRÃO PRIMEIRO
Ministros do mesmo Supremo Tribunal Federal, que há meses investiga Michel Temer, estiveram com ele quinta (23) à noite para "convencer" um presidente fraco e acuado a não impedir o aumento que aprovaram para eles mesmos, de consequências bilionárias. Teriam eles chance?

QUEM AVISA...
Ao condenar a relação fisiológica entre o PT de Alagoas e Renan Calheiros, o candidato a presidente Guilherme Boulos disse que se trata da retomada de uma aliança que o Brasil todo "já viu no que deu".

NEGóCIO PROMISSOR
Comprador de carro no Paraná não paga R$300 pelo registro do contrato de financiamento, como esta coluna informou. Paga R$350. O Detran fica com R$80, a empresa registradora com o restante. Em São Paulo, custa R$87. No Amapá, R$ 397, mas são só 2 mil registros/mês.

HÁ OUTROS CULPADOS
O candidato Álvaro Dias (Pode) disse ontem que a incompetência dos governantes fez a criminalidade crescer. Esqueceu o seu Congresso, e suas leis que geram impunidade e abrem as portas da prisão.

COMO TRATAR BANDIDO
O Brasil precisa tratar criminosos assim: o matador de John Lennon cumpre pena há 38 anos, e esta semana sua liberdade condicional foi negada pela décima vez. E, pela lei, só pode fazê-lo a cada dois anos.

DEBOCHE TRABALHISTA
Após a denúncia de nepotismo, com duas irmãs subordinadas a ela, a desembargadora Solange Cordeiro, presidente do Tribunal Regional do Trabalho do Maranhão (TRT-16), divulgou foto das três juntas na repartição. Fará a delícia do Conselho Nacional de Justiça (CNJ).

LANÇAMENTO ESTRANHO
Ao contrário da maioria dos lançamentos, o livro do ex-ministro José Dirceu não será em livraria. Mas num sindicato, apesar de o maior sindicalista do PT já ter externado a aversão à leitura.

PENSANDO BEM...
...políticos e ministros não se preocupam com o salário mínimo porque o salário deles é o máximo.
Herculano
25/08/2018 07:31
NÃO ADIANTA ESCREVER: "SE A DINAMARCA TEM, POR QUE NÃO PODEMOS TER NO BRASIL?", por Rodrigo Zaidan, economista, Professor da New York University Shangai (China) e da Fundação Dom Cabral, para o jornal Folha de S. Paulo.

Nenhum brasileiro se sujeitaria a achar que não é especial e que deveria ficar no seu lugar sem chamar a atenção

Você não deve pensar que é especial. Você não deve pensar que é tão bom, inteligente ou importante quanto nós. Você não deve achar que qualquer um de nós se importa com você. Você não deve achar que pode nos ensinar qualquer coisa.

Essas formam parte das Leis de Jante. Esse código de conduta foi criado por um escritor dinamarquês-norueguês chamado Aksel Sandemose, numa sátira alegórica publicada em 1933.

Ainda hoje, as normas sociais dos países escandinavos refletem isso. A individualidade é muitas vezes suprimida pelo bem-estar coletivo.

Algumas adaptações são triviais - quando estou lá, todos os alunos se dirigem a mim pelo primeiro nome, já que somos todos iguais.

Outras são muito agradáveis - às vezes, mais de uma hora se passa até você comentar no que trabalha para alguém que acabou de conhecer.

Afinal, "no que você trabalha?" é usado por nós para estabelecer uma hierarquia clara quando somos apresentados a alguém.

Outras são bem estranhas - dar notas na Dinamarca significa escrever uma prova superdetalhada em que as regras de correção são claríssimas. Qualquer aluno pode pedir revisão de prova, que vai para uma banca, e o professor original não tem nenhuma participação no processo.

No Brasil, gostamos de usar o exemplo dos países escandinavos como modelos de sociedades que deram certo. De fato, são os países ocidentais mais desenvolvidos e deveriam sim ser o modelo de várias políticas públicas de sucesso.

Mas duvido que qualquer brasileiro vá querer seguir as Leis de Jante no dia a dia. E as normas sociais são parte integrante do desenho de políticas públicas e de como a sociedade se organiza.

Não adianta escrever: "Se a Dinamarca tem, por que não podemos ter no Brasil?". Em parte, não podemos porque nenhum brasileiro se sujeitaria a achar que não é especial e que deveria ficar no seu lugar sem chamar a atenção. O senso de justiça e igualdade é o que move a sociedade, e regras são seguidas, mesmo quando não fazem sentido.

Na prática, muitas vezes juízes, médicos e garçons não são somente iguais - são perseguidos se acharem que são diferentes dos outros.

Mas você não pode ou deve tocar música alta, gargalhar no bar, dizer para seu filho que ele é lindo ou especial, fazer qualquer coisa que incomode os outros, tentar ganhar os louros por um projeto no trabalho, dançar bem na boate, ou qualquer coisa que signifique chamar a atenção.

Claro que diferença de classes, racismo e homofobia ainda existem, mas suas dinâmicas são diferentes.
Há também uma elite bem clara, com suas casas de praia e uma montanha de desigualdade que está relacionada ao sistema tributário - como impostos sobre dividendos são altos, mas não há Imposto de Renda para reinvestimento, empresários normalmente têm todos os seus gastos, até compras de supermercado (sem falar nos jatinhos etc.), pagos pelas empresas.

Em parte, as normas sociais traçam o caminho de cada país ao desenvolvimento econômico. Não adianta querer importar soluções nórdicas e manter muito do que faz de nós brasileiros. Mas que podíamos pensar um pouquinho mais no coletivo, não resta dúvidas.

Numa campanha para presidente na qual um dos principais candidatos parece ter a inteligência de um chimpanzé e se comporta como tal, atirando excrementos para todos os lados, a busca por soluções que nos una a todos, em vez de nos dividir, deveria ser uma de nossas prioridades.
Herculano
25/08/2018 07:24
da série: desespero ou irresponsabilidade, em qualquer dos dois casos, sinaliza bem o perigo ambulante do candidato, que poderá se transformar num perigo real se eleito

BOLSONARO JÁ PROMETE AMPARO JURÍDICO E CONDECORAÇÃO A QUEM REAGIR A ASSALTO, por Josias de Souza

Na sua incursão pelo interior de São Paulo, Jair Bolsonaro passou nesta sexta-feira por São José do Rio Preto. Depois de acenar com a liberação do porte de armas e de declarar que os filhos manuseiam suas pistolas desde os cinco anos, o capitão prometeu em comício oferecer "retaguarda jurídica" e condecoração aos brasileiros que reagiram às tentativas de assato e de homicídio.

"Vamos buscar retaguarda jurídica não só para os nossos policiais civis e militares, mas para o cidadão de bem também poder reagir à tentativa de alguém surrupiar seu patrimônio ou atentar contra sua vida", disse Bolsonaro, para delírio da pequena multidão que o escutava. "Ele poderá reagir e não será processado. Muito pelo contrário. Será condecorado por essa ação de bravura."

A pregação do candidato vai na contramão de todos os manuais de segurança, que aconselham as vítimas de assalto a não reagir. Bolsonaro não explicou fará para aprovar as novidades no Congresso. Tampouco infirmou de onde virá o dinheiro e a mão de obra especializada para livrar de complicações jurídicas os futuros condecorados por bravura. De resto, absteve-se de esclarecer se garantirá amparo também às famílias dos mortos em tentativas frustradas de reação.

Especialista em dizer coisas definitivas sem definir muito bem as coisas, Bolsonaro também prometeu "proteger o trabalhador rural das invasões do MST". Em verdade, quis oferecer proteção não ao trabalhador rural, mas ao agronegócio, pujante na região. "A invasão de propriedade, rural ou urbana, tem que ser repelida com o uso da força", esclareceu na sequência, esquecendo-se de mencionar que o comando das polícias civis e militares é dos governadores, não do presidente da República.

Cavalgando o desgaste dos partidos e dos políticos, Bolsonaro açulou a alma dos seus seguidores, avessos a petistas e tucanos. "Nós temos que eliminar aquela nata, aquela corja de políticos que nos últimos 20 anos governaram, ou melhor, desgovernaram o nosso Brasil."

Caprichou nos adjetivos ao citar Lula. Lamentou que "um presidiário" ocupe espaço na imprensa como possível candidato. "Vagabundo tem que estar preso, não concorrendo à eleição presidencial. Isso é uma vergonha. Instituto de pesquisa botando o nome desse malandro, bandido, presidiário? E mentindo no tocante aos números."

Bolsonaro convidou seus apoiadores a abreviar o processo eleitoral: "Eu não acredito em pesquisas de institutos. A nossa pesquisa está aqui, no meio de vocês. (...) Vamos juntos acabar com as eleições no primeiro turno. Vamos botar de férias - ou quem sabe apontar o caminho da extinção - essa dupla de irmãos que não engana mais ninguém: PT e PSDB."

Não se ouviu no comício nada que pudesse ser considerado como uma proposta factível a ser implementada num hipotético governo comandado por Jair Bolsonaro. O candidato apenas ecoou a raiva que seus seguidores sentem do Estado em particular e do sistema político em geral.
Herculano
25/08/2018 07:19
O LULISMO EM MOVIMENTO, por André Singer, ex-assessor do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, no jornal Folha de S. Paulo

Mesmo preso, Lula conseguiu manter o seu nome vivo na política

Começo por um alerta usual, neste caso imprescindível: cada pesquisa de intenção de voto é apenas a fotografia do momento. Depois, tudo pode mudar. Mas o retrato tirado pelo Datafolha no começo desta semana (dias 20 e 21 de agosto) é de uma maré montante lulista.

Após quatro meses preso, Luiz Inácio Lula da Silva (PT) cresceu de 30% em junho para 39% em agosto, estabelecendo 20 pontos percentuais de vantagem sobre Jair Bolsonaro (PSL) no segundo posto.

Quando se observa o fenômeno por renda, percebe-se que é geral: Lula cresceu em todas as faixas econômicas. Mesmo entre os mais ricos houve um acréscimo na preferência pelo ex-presidente, que passou de 14% para 20%.

É possível que, nesse público abastado, a opção se dê apesar do conhecimento de que a sua candidatura, quase com certeza, será impugnada na Justiça.

Haveria, então, um conteúdo mais profundo, talvez de reação ao bolsonarismo, que, aliás, estagnou no ambiente próspero. Em troca, o apreço pelo militar reformado subiu de 21% para 25% no grupo cujas famílias vivem com 2 a 5 salários mínimos mensais.

Entre os mais pobres, porém, Bolsonaro despenca. Ali, Lula obtém 49% das preferências, contra 10% do deputado federal. Nessa camada, na qual estão os usuários do Bolsa Família, o petista aproxima-se da marca que alcançou, segundo o Ibope, em 2006, o ano do realinhamento: 55%.

Com perdão pela metáfora analógica, se o fotograma de agosto for transformado no filme de uma tendência, setembro poderá mostrar a plena recomposição da potência lulista.

Convém observar que, historicamente, o lulismo, embora divida o eleitorado, tende a perder em todas as camadas de renda, menos na mais baixa. Ocorre que, nela, tira todas as desvantagens e vence as eleições. Trata-se de sintoma da desigualdade brasileira, em que os pobres, excluídos de todo o resto, decidem, em condições democráticas, o destino dos pleitos.

Se, uma vez impedido de concorrer, Lula vai conseguir transferir os seus votos para o atual vice, Fernando Haddad, é outro problema.

O acontecimento da hora é que o ex-mandatário, mesmo preso, conseguiu manter o seu nome vivo na política. Em decorrência, o lulismo tem chance, caso os próximos instantâneos confirmem o atual, de se converter em movimento.

++++

Ao transformar o pluralismo político em programa da Folha, criando um parâmetro para o conjunto da imprensa nacional, o jornalista Otavio Frias Filho (1957-2018) deu contribuição importante para a construção democrática no país. Fará falta neste momento perigoso para a democracia brasileira.
Herculano
24/08/2018 18:36
da série: a coragem dos sem votos. Quando estão na possibilidade de eleição, perdem a coragem

BOULOS PEDE"NÃO VOTE EM MIM"

Conteúdo do BR18. Guilherme Boulos é o primeiro candidato nesta eleição a pedir para não votarem nele. Em evento na última quinta-feira, 24, o presidenciável do PSOL avisou banqueiros e milionários para "não votarem" nele. "Eu quero deixar um recado. Você, banqueiro. Você, empresário milionário. Você, juiz que recebe auxílio-moradia tendo casa. Não vote em mim, porque eu vou cortar seu privilégio!"
Herculano
24/08/2018 16:05
O óBIVO QUE SE ESCONDE: A DITADURA É UMA CONSEQUÊNCIA

Mário Sabino, de O Antagonista e editor da revista eletrônica Crusoé, definiu bem no twitter

A TV brasileira continua a dizer que os venezuelanos que chegam ao Brasil e outros países fogem "da crise". Não, eles fogem da ditadura implantada na Venezuela. Depois dizem que combatem as fake news.
Herculano
24/08/2018 12:26
CABO DACIOLO: UM PERIGOSO CANDIDATO CARICATO, Thiago Kistenmacher, no Instituto Liberal

Nosso debate político atual é um verdadeiro show de horrores. Mas hoje quero dar destaque a um candidato completamente caricatural, ou seja, Cabo Daciolo. Como é possível que um homem como ele esteja no debate político enquanto João Amoêdo, do NOVO, não está? A disparidade de preparo entre os dois é abissal, mas isso é objeto para outra reflexão.

Cabo Daciolo é caricato. Repetidor de slogans paranoicos envolvendo teorias da conspiração, os chamados Illuminati, a dita Nova Ordem Mundial e a Maçonaria, sua fala se reduz a uma tragicomédia. Tudo, para ele, é em "honra e glória do Senhor Jesus Cristo", até mesmo seu aparelho celular. Parece piada. Mas não é. Num vídeo ao mostrar seu simples celular, ele fala: "Meu telefone é isso aqui, ó. Para honra e glória do Senhor Jesus Cristo." Estaria ele usando o nome de Cristo em vão?

Nesse vídeo citado li um comentário que levantava uma questão importante: será mesmo que tal candidato respeitaria a pluralidade religiosa e não faria maiores concessões à sua própria? Será que ele respeitaria as outras religiões como prega a Constituição? Haveria uma infinidade de coisas para serem discutidas a este respeito.

O problema não é a fé per se, mas a forma de atuação do candidato. Fé cada um tem - ou não - a sua. E não quero dizer que ele esteja errado em tudo o que fala, no entanto, está errado em como e quando fala. Ler a Bíblia num debate político - por mais que ele tenha o direito de fazê-lo - não aumenta, mas reduz sua credibilidade. Cada vez que foi ao centro do palco do programa de debate com a Bíblia em mãos, ele ridicularizou a fé.

No mesmo vídeo citado acima Daciolo diz que os Illuminati, a Maçonaria e a Nova Ordem Mundial não terão mais espaço no Brasil; diz também que todas as autoridades são constituídas por Deus. Pela lógica, então, Deus colocou tudo isso no poder. Enfim, sabemos que Deus é um nome, um conceito, uma ideia com a qual cada um faz e interpreta como quer.

Quando ele diz que "Eles vão tentar me matar", Daciolo recupera a imagem do mártir cristão. Mas quando diz - ainda no mesmo vídeo: "Satanás! Tu és derrotado. Pega tudo o que é seu e saia da nação brasileira. A nação brasileira vai clamar ao Senhor Jesus Cristo", ele próprio martiriza o cristianismo, já tão atacado por nossa era secular.

Depois disso tudo, ainda podemos nos perguntar: Cabo Daciolo é realmente um candidato perigoso? Por um lado, sim - haja vista o seu claro fanatismo. Por outro, absolutamente não. Isso porque sua figura se tornou caricata e sua credibilidade se igualou a zero ?" ou a 1%, no máximo.

Diz o candidato que "quando virarmos presidente da República eu vou derrubar um por um" - referindo-se às placas das lojas maçônicas. "Aquele templo maçônico lá na entrada da cidade. Vocês vão adorar Satanás lá na casa dos senhores. Vocês vão fazer na casa dos senhores [...] em área pública, não." Mas e as igrejas - sejam lá quais forem - e que colocarem placas pelas ruas? Onde está a tolerância do candidato? E ele completa: "Todas as entradas de cidades, de municípios, que tem lá uma escultura, algo construído lá, da Maçonaria, eu vou derrubar, para honra e glória do Senhor Jesus, cada um que estiver [...] e o povo brasileiro vai adorar o Senhor." O Estado Islâmico também mata qualquer um em nome de Alá.

Cabo Daciolo é realmente um homem de fé, afinal, o que é senão a fé que o faz acreditar que um dia, com esse discurso repetitivo e caricato, ele possa se tornar o presidente do Brasil? O que é senão fé dizer que "dia primeiro de janeiro nós vamos tomar posse na cadeira presidencial"? Daciolo, em vez de se dar ao trabalho de criar um programa de governo, deveria ter escaneado a Bíblia. Deus nos livre de um presidente assim.
Herculano
24/08/2018 12:20
da série: a esperteza quando é demais, como o dono (Tancredo Neves)

BOLSONARO NO EVEREST

Conteúdo de O Antagonista. Jair Bolsonaro, segundo a Veja, "tem abusado do uso de robôs para impulsionar o candidato nas redes - alguns deles sediados em países como Chipre e Nepal".
Herculano
24/08/2018 11:37
CALMA QUE O DóLAR É MANSO, por Carlos Alberto Sardemberg, no jornal O Globo

Há uma diferença enorme nas contas externas. Em 2002, Brasil era devedor em dólares. Hoje, é credor
Iniciado o ano eleitoral de 2002, o dólar estava na casa de R$ 2,30. Oscilou bastante desde então, mas sempre em tendência de alta. Em julho, bateu e superou os R$ 3. No fim de setembro e início de outubro, foi negociado em alguns momentos acima dos R$ 4.

Era o medo de Lula. Ao longo do ano, ficou claro que Lula seria eleito presidente - e tudo que o PT falava de política econômica indicava um desmonte do real, mais calotes na dívida externa e interna. Logo, o negócio era comprar dólares e, quem podia, deixar o mercado local.

Foi quando Lula assinou a Carta ao Povo Brasileiro, comprometendo-se a manter toda a política do real. Ou seja, prometeu ser ortodoxo em economia, e Antonio Palocci circulava pelos mercados jurando que seria assim.

A mensagem pegou, e a prática do primeiro governo Lula, com a equipe econômica mais ortodoxa da história recente, manteve a estabilidade das regras e dos contratos.

Nisso, Lula iniciou seu governo com a moeda americana a R$ 3,50. No fim do primeiro ano, já estava na casa de R$ 2,80. Concluído o primeiro mandato, dezembro de 2006, o dólar estava valendo R$ 2,13. Para encurtar a história, no fim do segundo mandato, dezembro de 2010, a dólar valia um ridículo R$ 1,66.

Era a farra das viagens internacionais (a bolsa Miami), o consumo acelerado, Lula pai dos pobres e eleitor do poste Dilma.

Não foi apenas a política econômica, claro. Os países emergentes tiveram uma década de ouro. Preços das commodities (petróleo, minério de ferro, alimentos, como a soja) dispararam com o crescimento mundial e, especialmente, com a demanda chinesa. Com as taxas de juros muito baixas nos países desenvolvidos, investidores buscaram negócios no mais arriscado porém mais rentável mundo emergente. Choveram dólares neste lado do mundo, as moedas locais se valorizaram, dando aquela sensação de riqueza.

A indústria, o agronegócio e todos os produtores nacionais odiavam a taxa de câmbio, mas os consumidores estavam adorando.

Aí vieram a era Dilma e a nova matriz. Tendo iniciado com o dólar bem abaixo de R$ 2, a ex-presidente deixou o poder com a moeda americana acima de R$ 3,50, tendo batido nos R$ 4 em alguns momentos.

Agora, estamos de novo em ano eleitoral, Lula está de novo na parada, de um modo ou de outro, e o dólar voltou aos R$ 4. Está passando disso.

Mas a história hoje é diferente. Primeiro, os R$ 4 de 2002 valiam mais. Fazendo um cálculo simples, considerando a inflação brasileira e a americana, a taxa de câmbio equivalente seria hoje de R$ 7,20 por dólar. Comparando, pois, com o ambiente de 2002, o dólar hoje a R$ 4 está, digamos, barato.

O estresse eleitoral é intenso, como antes. Mas há uma diferença enorme nas contas externas. Em 2002, o Brasil era devedor em dólares. Hoje, é credor ?" quer dizer que as reservas, US$ 380 bilhões, são superiores ao total da dívida externa e muito mais que a dívida externa pública. Além disso, o comércio externo tem saldo positivo, graças à recuperação dos preços de commodities.

O problema do país está no desastre das contas públicas e isso explica boa parte da falta de confiança. Mas não há falta de dólares.

A subida da moeda americana se explica, de um lado, pela alta dos juros nos EUA e, de outro, pela incerteza eleitoral.

Contra a alta de juros lá, não há o que fazer a não ser adaptar-se. E a incerteza eleitoral, bem está aí ?" e só vai passar quando despontar um candidato com uma política econômica clássica e voltada para o controle das contas públicas.

Mas, acreditem, dólar a quatro, hoje, é menos complicado do que parece.

'Competitivo'

Alguns candidatos, como Ciro e Haddad, pregam uma taxa de câmbio competitiva. Eles não dizem, mas isso quer dizer dólar caro ou real desvalorizado, para ajudar a produção local.

É curioso que o PT volte a isso, à heterodoxia, quando o sucesso de Lula foi justamente o dólar baratinho, o real superforte, que deu aquela inesquecível sensação de bem-estar. O que também explica os 39%.
Herculano
24/08/2018 11:30
PRINCIPAL ADVERSÁRIO DE BOLSONARO É A SUA LÍNGUA, por Josias de Souza

No momento, nenhum outro adversário constitui maior ameaça a Jair Bolsonaro do que sua própria língua. Quando fala, sempre meio fora de si, ela revela o que o capitão tem por dentro. Quando cala, ela escancara a falta que sempre lhe faz a companhia de um Posto Ipiranga.

Nesta quinta-feira, de passagem pela cidade paulista de Glicério, a língua de Bolsonaro contou que os filhos dele manuseiam armas desde os cinco anos. ''A arma é inerente à defesa da sua vida e à liberdade de um país", declarou. Munição "real", fez questão de enfatizar. "Não é de ficção nem de espoleta não, tá ok?''.

Fale de Educação com Bolsonaro que a língua dele puxa logo um colégio militar. Fale de segurança pública que ela puxa logo uma pistola para cada brasileiro. Fale de economia que ela puxa logo meia dúzia de frases do ecomomista Paulo 'Posto Ipiranga' Guedes, fale de bom senso que ela puxa logo o ronco.

Um dos calcanhares de Bolsonaro na campanha é a desconfiança que ele desperta nas mulheres. Parte do majoritário eleitorado feminino é incapaz de enxergar as qualidades do candidato do PSL. E sua língua é incapaz de demonstrá-las. No caso das crianças de cinco anos, por exemplo, as mães talvez prefiram que seus filhos tenham porte de livros, não de armas.
Herculano
24/08/2018 11:27
NA DITADURA - DE DIREITA OU DE ESQUERDA, NÃO IMPORTA - É ASSIM: A FAMÍLIA FICA RICA E O POVO POBRE, DESINFORMADO E HUMILHADO, COM FOME, DOENTE E PRECISANDO FUGIR DO PAÍS.

NA DEMOCRACIA, AO MENOS HÁ CHANCE DE UMA OPERAÇÃO LAVA JATO PARA INTIMIDAR E ATÉ PUNIR POLÍTICOS E GESTORES PÚBLICOS CORRUPTOS E LADRõES

EX-BANQUEIRO SUÍÇO FECHA DELAÇÃO SOBRE FORTUNA DA FAMÍLIA MADURO

Conteúdo do jornal O Estado de S. Paulo. Enteados do ditador venezuelano, Nicolás Maduro, são suspeitos de terem desviado uma fortuna de mais de US$ 180 milhões para contas secretas. Investigações feitas nos Estados Unidos, com a colaboração da Suíça, fazem parte de um acordo de delação premiada com o ex-banqueiro suíço Matthias Krull. O executivo europeu é acusado de ter permitido a existência de um esquema que lavou mais de US$ 1,2 bilhão, principalmente ao promover desvios da PDVSA, a estatal do petróleo da Venezuela.


O ex-banqueiro foi detido pela polícia americana e, nesta semana, fechou um acordo de delação premiada, admitindo sua participação em um esquema de corrupção em Caracas. De acordo com o Departamento de Justiça dos EUA, Krull "admitiu culpa em uma denúncia de conspiração para cometer lavagem de dinheiro".

"Como parte de sua delação, Krull admitiu que em sua posição num banco suíço, ele atraia clientes privados, especialmente clientes da Venezuela", indicou o Departamento de Justiça americano. "Em seu papel, os clientes de Krull incluíam Francisco Convit Guruceaga, que foi indiciado por lavagem de dinheiro", explicou. Convit é um empresário venezuelano sócio do governo em uma empresa mista, a Petrozamora.

Ainda de acordo com a investigação americana, entre os clientes do ex-banqueiro estavam também outros três venezuelanos. Pessoas próximas ao caso confirmaram que eles são os três enteados de Maduro. Como parte do acordo com a Justiça americana, Krull aceitou colaborar com as investigações relativas às pessoas próximas a Maduro.

O dinheiro que eles teriam desviado seria quatro vezes superior ao que a ONU pede para atender aos refugiados venezuelanos espalhados por oito países da América Latina.

Em três anos, 300 mil venezuelanos pediram asilo no exterior e, no total, 2,3 milhões de pessoas deixaram o país diante de uma crise econômica e política que levou a Venezuela ao colapso.

O esquema
Nos documentos oficialmente publicados até agora pelo Departamento de Justiça dos EUA, os nomes dos enteados e mesmo o de Maduro estão mantidos em sigilo. Investigadores que fizeram parte do processo, porém, confirmam que eles se referem a essas pessoas próximas ao presidente venezuelano.

Por meio de um esquema de câmbio entre o bolívar e o dólar, Krull teria lavado cerca de US$ 1,2 bilhão, dinheiro desviado de esquemas de corrupção na PDVSA. Ele confessou ter usado propriedades na Flórida, falsas declarações de investimentos e esquemas com administradores de contas para permitir que o valor desviado fosse lavado.

"Entre os co-conspiradores indiciados ao lado de Krull estão membros da direção da PDVSA, profissionais de escritórios de lavagem de dinheiro e membros da elite venezuelana, conhecida como 'boliburguesia'", explicou o Departamento de Justiça.

Com 44 anos, Krull trabalhava para o banco suíço Julius Baer. De nacionalidade alemã e residente do Panamá, ele havia deixado a instituição em julho.

Em comunicado, o banco afirmou que está "conduzindo investigações internas com base em informações disponíveis no acordo de delação do ex-funcionário". "O Julius Baer está cooperando com as autoridades competentes, como tipicamente fazemos em casos envolvendo alegações ligadas à instituição".
Herculano
24/08/2018 11:15
VICE DE ALCKMIN REFORÇA DEFESA DO PORTE DE ARMAS NA ZONA RURAL, por Diego Amorim, de O Antagonista.

A senadora Ana Amélia reafirmou a O Antagonista sua posição favorável ao porte de armas de fogo na zona rural.

A candidata a vice na chapa de Geraldo Alckmin comentou:

"Produtores rurais são reféns da violência. O crime organizado avançou da zona urbana para o campo. Assaltos, roubos de gado e de insumos, latrocínios: tudo isso tem ocorrido porque o agricultor e o pecuarista estão relegados à própria sorte, sem proteção alguma."

Ela continou:

"O maior patrimônio deles são suas famílias e, vítimas da bandidagem, os trabalhadores do campo não têm hoje o direito de ter em casa uma arma para se defender."
Herculano
24/08/2018 11:09
A BENGALA DEMISSÍVEL

O candidato à presidente da República, Jair Bolsonaro, PSL, escreveu twitter:

"Se possível, peço que pesquise e assista a entrevista do economista Paulo Guedes na Globo News (23/08). Como nunca negamos, sempre estivemos dispostos a aprender e somar com quem demonstre o real interesse nas mudanças que o Brasil precisa. Grato sempre pela consideração!"

O editor de livros Carlos Andreazza, retrucou no twitter

"Lembrando apenas que: vota-se em Bolsonaro; não em Guedes. Quem deu ótima entrevista foi o segundo, um permanente demissível. Só quem teria poder, se eleito, seria o primeiro. Crer num governo Bolsonaro liberal, à luz da história, é crer na projeção estável de uma única relação".

Só para lembrar: Bolsonaro votou contra o Plano Real e sempre defendeu o estado como dono de tudo. Agora, é privatista, liberal. Como o seu próprio economista disse na entrevista à Globonews, a sua proposta é a ideal, mas terão duas coisas em jogo: ele terá que convencer o Bolsonaro e não poderá fazer nada mais além disso; segundo, vai depender da Câmara e do Senado, onde estão todos os problemas do Brasil, e onde ficou por 27 anos quase sem fazer nada o próprio Bolsonaro.
Herculano
24/08/2018 10:59
DIRCEU LIVRE DÁ ESPERANÇA A LULA. MAS É MÍNIMA, por Cláudio Humberto, na coluna que publicou hoje nos jornais brasileiros

A decisão da Segunda Turma do Supremo Tribunal Federal de deixar livre o ex-ministro José Dirceu deu esperanças a Lula para obter sua soltura. A Segunda Turma poderia acatar recurso de "plausibilidade jurídica", como no caso de Dirceu. Mas o problema é que os recursos de Lula vão para Edson Fachin, o "juiz prevento". E ele sempre leva demandas do petista ao plenário do STF e não à Segunda Turma.

INELEGÍVEL JÁ ESTÁ
O caso na Justiça Federal não altera o fato de Lula estar inelegível. "Não interfere", crava com segurança o eleitoralista Daniel Falcão.

FALTA TEMPO
Para João Paulo Martinelli, professor de direito do IDP-SP, a decisão pode até ser usada pela defesa de Lula, mas requer um novo recurso.

MAIORIA DESFEITA
Com sua posse na presidência do STF, Dias Toffoli deixará a Segunda Turma em 13 de setembro. Será substituído pela colega Cármen Lúcia.

SEGUNDA INSTÂNCIA
Para Toffoli, "questões" do recurso de Dirceu precisavam ser "dirimidas no STJ", antes do cumprimento de penas. A defesa de Lula se animou.

NINGUÉM É DE FERRO: EXPERT EM SÍRIA FICA NA SUÍÇA
Há sete anos ganhando diárias que podem chegar a 600 dólares, no bem-bom das Nações Unidas em Genebra, para "monitorar" a guerra civil da Síria, o brasileiro Paulo Sérgio Pinheiro tem sido apontado no Itamaraty como um dos articuladores da "liminar da ONU" pró-Lula, uma enorme lorota. Especialista em esticar sua relação, ele produz relatórios para a ONU que, a rigor, em nada afetam o conflito sírio.

PERNAS CURTÍSSIMAS
A lorota da "liminar da ONU" é baseada no tratado de direitos humanos engavetado e não promulgado desde? o governo Lula.

VIDA DE SONHO
Pinheiro não mora, mas circula em Genebra desde 2011 quando foi indicado pelo governo Dilma para um comitê na ONU.

MULTIFUNÇÃO
Em 2012, Dilma deu a ele vaga na "Comissão da Verdade". Não por acaso, já foi flagrado jantando ?" em Genebra, claro - com a petista.

NEGóCIO MILIONÁRIO
O governo do Paraná aumentou de R$16 para mais de R$300 o preço do registro de contratos de financiamento de veículos, cobrado dos cidadãos. O negócio de R$140 milhões gerado em plena campanha eleitoral deveria chamar atenção do Ministério Público Federal.

Só FALTA ENTERRAR
É tão crítico o declínio da estatal Correios, condenada à morte no governo Dilma, que na agência do shopping Deck, do Lago Norte, em Brasília, já não tem cola para o cliente lacrar a correspondência.

POLÍTICOS-MALAS
As eleições deste ano fizeram surgir em várias regiões, sobretudo no Nordeste, os "políticos-malas", que, desprezados pelo PT, dizem apoiar Lula. Mas estão apenas interessados nos votos dos abestados.

LULA-SEM-BRAÇO
Um dos juristas mais admirados do País, Modesto Carvalhosa representou criminalmente contra Lula, acusando-o, no popular, de tentar passar a perna na Justiça Eleitoral, omitindo sua condenação a 12 anos de cadeia pelo Tribunal Regional Federal da 4ª Região.

JARBAS PODE VOLTAR
Cientistas políticos pernambucanos afirmam que Jarbas Vasconcelos (MDB) nem precisa de campanha, já está eleito senador. E que haveria uma tendência de a segunda vaga ficar com Mendonça Filho (DEM).

OPS, NÃO VAI DAR
Assim como Marina Silva e João Amoêdo, já entrevistados, a TV Brasil aguarda o candidato pré-registrado Lula (PT) para ser entrevistado no dia 29. Mas parece que ele está preso a outro compromisso.

FAZEM O QUE QUEREM
Empresas aéreas continuam se comportando como se tivessem oficializado a apropriação da agência de aviação civil (Anac). Ninguém duvida que a Anac está a serviço delas, mas isso (ainda) não é oficial.

APOIO NOS ESTADOS
A consultoria Radar Governamental informa que se conseguir viabilizar sua candidatura presidencial, o petista Lula terá o apoio de nove governadores, enquanto o tucano Geraldo Alckmin contará com sete.

PENSANDO BEM...
...como presidiário, Lula deveria escolher se a foto na urna eletrônica será de frente ou de perfil.
Herculano
24/08/2018 10:52
GOVERNO DE 2019 TEM DE COMEÇAR HOJE, por Vinicius Torres Filho, no jornal Folha de S. Paulo

Conversa mole de candidatos importantes sugere alheamento desvairado da crise

Os candidatos mais importantes a presidente ainda não se deram conta de que precisam governar o país mesmo antes da posse. Mais grave, mesmo antes de vencerem a eleição.

Estabilizar a economia e organizar a política são tarefas imensas, sabe-se desde 2014 (sic). Depois do impeachment, quase não houve progresso quanto à penúria do governo, à pane econômica e ao desarranjo odiento da política - houve estabilização da crise, apenas.

Pior, desde maio começou nova onda de degradação. Há aperto das condições financeiras, aumento das taxas de juros reais na praça do mercado, alta ainda modesta do dólar.

Há desânimo renovado de consumidores e empresas. Índices de mercado e de confiança econômica são voláteis e volúveis, decerto. Mas é preciso começar desde já o governo das expectativas.

Mais grave do que esses primeiros calafrios dos donos do dinheiro grosso (e mesmo dos menos afortunados) é o alheamento desvairado quanto à gravidade da situação.

Jair Bolsonaro (PSL), líder das pesquisas sem Lula, reconhece e alardeia que nada entende de políticas públicas, em particular de problemas de administração econômica ("entender de economia" é outra coisa, não se faça confusão ainda mais ignorante). Logo, confessa que pode ser marionete de seu eventual superministro, Paulo Guedes.

Não é atitude que inspire muita confiança em um presidente. Ou seria um títere que sempre pode vir a ganhar vida e assumir seus cordéis, dando sabe-se lá qual direção ao governo, ou pode ser o contrário: usa o economista ultraliberal como fachada de campanha.

Para piorar, seu caráter atrabiliário, seu personalismo destrambelhado, sua desconexão partidária e suas ideias socialmente divisivas provocam descrença na sua capacidade de articular pactos sociais e políticos necessários para aprovar reformas delicadíssimas.

Aspirante a herdeiro dos votos de Lula e, pois, a favorito, Fernando Haddad (PT) é um possível candidato de uma candidatura (programa) incerta.

Em pessoa sensato, Haddad por ora tem de escolher algum dos gatos do saco programático petista, que, em economia, vão do fraco ao lunático, mistura "vintage" do PT pré-2002 com as modas de Dilma Rousseff. Vai se contentar com isso?

Quanto mais tarde tomar decisões, o PT mais próximo estará do estelionato eleitoral ou da ingovernabilidade pré-governo.

Em grau menor, Ciro Gomes (PDT) têm o mesmo ressaibo.

Marina Silva (Rede) conta com votos voláteis, um par de bons assessores econômicos, a simpatia da carreira íntegra e mais nada. Nem mesmo com crédito de que terá futuro: apesar do destaque nas pesquisas, o mundo político acredita que sua candidatura se dissolverá no ácido da campanha. Ainda é uma dúvida em uma incógnita.

Geraldo Alckmin (PSDB), em tese o ansiolítico perfeito dos donos do dinheiro grosso, de candidatura mais articulada, não mostrou como conseguirá votos do cidadão comum. Na prática, é o avesso da candidatura petista, com problemas de sinal trocado.

Note-se que tais críticas não pressupõem uma escolha programática única e correta, mesmo em economia. Os candidatos precisam é mostrar um programa coerente para a crise fiscal e condições políticas de implementá-lo.

Apesar do estreitamento de opções, mais escassas a cada ano desde 2013, ainda há alternativas, como por exemplo recorrer a mais ou menos impostos.

Mas, por ora, ainda ouvimos apenas conversas no salão de baile do Titanic.
Herculano
24/08/2018 10:48
MAGISTRADOS SUPREMOS SE REUNEM COM INVESTIGADO-MOR! SEGURE A SUA CARTEIRA, por Josias de Souza

O presidente Michel Temer recebeu na noite desta quinta-feira, no Palácio da Alvorada, os ministros do Supremo Dias Toffoli e Luiz Fux. Protagonista de duas denúncias e um par de inquéritos que correm na Suprema Corte, o anfitrião é matéria-prima para futuros veredictos dos visitantes. Nesse tipo de encontro, a fragilidade moral costuma se unir ao interesse corporativo para planejar emboscadas contra o erário.

Toffoli e Fux assumem no mês que vem, respectivamente, a presidência e a vice-presudência do Supremo. Discutiram com Temer o reajuste salarial que as togas desejam se autoconceder ?"de R$ 33,7 mil mensais para R$ 39 mil. Alega-se que o tônico salarial não é aumento, mas mera reposição inflacionária. Que seja. Ainda assim, o debate é ofensivo e assustador. É insultuoso porque tripudia sobre o drama dos 13 milhões de desempregados. Assusta porque a União está quebrada.

Há, de resto, um pano de fundo malcheiroso. Com autorização do Supremo, a Polícia Federal acaba de interrogar Temer por escrito. Coisa relacionada aos R$ 10 milhões transferidos do departamento de propinas da Odebrecht para figurões do MDB, em 2014. Tudo negociado num jantar oferecido por Temer a Marcelo Odebrecht no Palácio do Jaburu.

Na seara administrativa, Temer discute com autoridades da área econômica o congelamento dos reajustes salariais dos servidores. Algo inevitável, pois o buraco nas contas públicas de 2019 já está orçado em R$ 139 bilhões.

Nos porões onde são guardados os acontecimentos esquisitos que alimentam a nobiliarquia de Brasília, a conversa de Temer com Toffoli e Fux é chamada de "diálogo institucional". O diabo é que, no breu da Capital da República, todos os gastos são pardos. Portanto, convém levar a mão à carteira. Vem aí a tunga. Ela descerá sobre o organograma como uma cascata ?" irrigando as folhas do Judiciário, do Ministério Público e de um exasperante etcétera.
Herculano
24/08/2018 10:44
da série: para quem defende a intervenção dos militares como a solução dos problemas sociais, segurança e até econômicos que criamos, está ai mais um retrato acabado da falácia desse imaginário simplista e tosco.

FRUSTRAÇÃO NO RIO, editorial do jornal Folha de S. Paulo

Próximos governantes terão que buscar estratégia mais eficiente para combater o crime no estado

Iniciada em fevereiro, a intervenção federal na segurança pública do Rio alcançou resultados frustrantes, e até os dividendos políticos que o presidente Michel Temer (MDB) esperava colher com a iniciativa começaram a evaporar.

Pesquisa realizada pelo Datafolha no início desta semana mostra que o apoio dos moradores da capital do estado à medida caiu de 76% para 66% desde meados de março. Os que se declaram contrários passaram de 20% para 27%.

O levantamento indica também que é grande a decepção do eleitorado carioca. Para 59% da população, nada melhorou. Outros 12% acham que a situação piorou, e só 27% veem alguma melhora.

Com a intervenção, as Forças Armadas assumiram o comando da área de segurança pública no Rio. Temer nomeou um general do Exército como interventor e lhe deu autoridade sobre as polícias estaduais e o sistema penitenciário.

Descrita pelo presidente como uma "jogada de mestre", a ação nasceu torta. Não havia um plano definido, nem recursos financeiros para apoiar os militares.

A providência foi uma reação a uma onda de assaltos em bairros ricos que aumentou a sensação de insegurança, num estado que parece ter perdido a capacidade de combater o crime em meio a uma grave crise financeira.

Para Temer, que entrou no último ano de seu mandato preocupado com o desprestígio do governo, era uma oportunidade valiosa para associar sua imagem a uma iniciativa de apelo popular e, quem sabe, recuperar a força necessária para influir na própria sucessão.

Passados seis meses, os efeitos do improviso se fazem notar. Índices de criminalidade continuam elevados, recursos destinados ao estado só foram liberados recentemente e um plano divulgado em junho já está sendo revisto.

Apesar da comoção causada pelo assassinato da vereadora Marielle Franco e de seu motorista, em março, as autoridades ainda não conseguiram esclarecer o crime.

O Exército indicou que pretende se livrar da missão o quanto antes. Já avisou ao ministro da Segurança Pública, Raul Jungmann, que não quer a renovação do decreto da intervenção quando o prazo da medida terminar, em dezembro.

Três militares foram mortos nesta semana, após entrarem em confronto com criminosos durante operação em três favelas da zona norte da capital.

Com a proximidade das eleições, a alternativa que parece ter restado é esperar que os próximos governantes tenham a habilidade que faltou para lidar com o problema.

O combate ao crime no Rio requer inteligência e coordenação de esforços do novo presidente e do futuro governador. Sem isso, a força bruta nas ruas será sempre insuficiente diante da violência.
Herculano
24/08/2018 10:40
da série: de coerência estamos todos devemos a começar pelos eleitores e nos atos de cidadania. E exigir isso do Supremo, neste momento e que a omissão da sociedade, dos cidadãos permitiu que a incoerência ambulante fosse a jurisprudência predominante na alta corte da insegurança jurídica, é pedir demais...

SE HOUVER COERÊNCIA NO STF, O RÉU BOLSONARO NÃO PODE SER CANDIDATO EM RAZÃO DE DECISÃO DE 2016 APLAUDIDA POR BOLSONARISTAS! FUI CONTRA!, por Reinaldo Azevedo, na Rede TV

O ministro Marco Aurélio, do STF, decidiu antecipar para a próxima terça, a pedido da própria defesa, o julgamento do recebimento de uma denúncia contra o presidenciável Jair Bolsonaro. O magistrado é relator do inquérito. A Procuradoria Geral da República acusa o deputado de racismo em razão de declarações feitas por ele durante uma palestra no clube A Hebraica, no Rio. Disse então: "Eu fui em um quilombola em Eldorado Paulista. Olha, o afrodescendente mais leve lá pesava sete arrobas. Não fazem nada. Eu acho que nem para procriador ele serve mais". Nota: o candidato costuma trocar, como nessa fala, a palavra "quilombo" por "quilombola", que é o morador de um quilombo.

A sessão estava marcada para 4 de setembro, mas os advogados de Bolsonaro pediram a antecipação justamente em razão da campanha eleitoral. Se a Primeira Turma receber a denúncia, ele se torna réu pela segunda vez no Supremo. Ele já responde a ação penal por incitação ao estupro por ter dito, em 2014 - e não em 2003 - que não estupraria a deputada Maria do Rosário porque ela não merece. Em entrevista, na sequência, ao jornal "Zero Hora", acrescentou mais uma razão: ela não merecia ser estuprada por ser "muito feia". Tomou o cuidado, claro, de dizer que não é um estuprador. Falava por hipótese: se fosse... Ah, bom!

Nos dois casos, a defesa do deputado alega que sua fala está protegida pela imunidade parlamentar. Segundo o Artigo 53 da Constituição, "Os Deputados e Senadores são invioláveis, civil e penalmente, por quaisquer de suas opiniões, palavras e votos."

Não foi o que entenderam quatro ministros do Supremo: Luiz Fux (relator), Rosa Weber, Edson Fachin e Roberto Barroso. Acataram o voto de Fux, segundo quem, como relata o site do Supremo,

"as declarações do deputado Bolsonaro não têm relação com o exercício do mandato. 'O conteúdo não guarda qualquer relação com a função de deputado, portanto não incide a imunidade prevista na Constituição Federal', disse. Ele acrescentou que, apesar de o Supremo ter entendimento sobre a impossibilidade de responsabilização do parlamentar quanto às palavras proferidas na Câmara dos Deputados, as declarações foram veiculadas também em veículo de imprensa, não incidindo, assim, a imunidade. Observou, ainda, que não importa o fato de o parlamentar estar no gabinete durante a entrevista, uma vez que as declarações se tornaram públicas. Segundo o relator, para que possam ser relacionadas ao exercício do mandato, as afirmações devem revelar 'teor minimamente político', referindo-se a fatos que estejam sob o debate público e sob investigação do Congresso Nacional ou da Justiça, ou ainda sobre qualquer tema relacionado a setores da sociedade, do eleitorado, organizações ou grupos representados no Parlamento ou com a pretensão à representação democrática."

Prossegue o site do Supremo:

"O ministro também salientou que o deputado disse, implicitamente, que deve haver merecimento para ser vítima de estupro, uma vez que o emprego do vocábulo 'merece' conferiu o atributo de 'prêmio' à mulher que merece ser estuprada por suas aptidões e qualidades físicas. 'As palavras do parlamentar podem ser interpretadas com o sentido de que uma mulher não merece ser estuprada quando é feia ou não faz o gênero do estuprador', afirmou. 'Nesse sentido, dá a entender que o homem estaria em posição de avaliar qual mulher poderia e mereceria ser estuprada', disse Fux, ressaltando que tal declaração menospreza a dignidade da mulher."

No caso, o único voto divergente foi o de Marco Aurélio, segundo quem a garantia constitucional é incondicional. É ele o relator da denúncia sobre racismo. É certo que votará pela rejeição. Mas a decisão caberá à Primeira Turma. Dizer que um quilombola se pesa em arrobas e que nem mais serve para a reprodução, por óbvio, associa o indivíduo a uma espécie não-humana. Nesse caso, a fala está coberta pela imunidade? É racismo? Define o Artigo 20 da lei 7.716 tratar-se de racismo "praticar, induzir ou incitar a discriminação ou preconceito de raça, cor, etnia, religião ou procedência nacional." Foi o que fez Bolsonaro?

E há uma questão adicional, da qual o Supremo não pode fugir. O Artigo 86 da Constituição determina que um presidente seja afastado do cargo por até 180 dias se o STF receber uma denúncia contra ele por crime comum ou se o Senado o fizer por crime de responsabilidade. Se não for julgado nesse período, volta ao cargo. Pois bem. Em dezembro de 2016, o Supremo decidiu que réus que estejam na linha sucessória não podem assumir a Presidência nem interinamente. O raciocínio é óbvio: se um presidente não pode ser réu no cargo, também não pode sê-lo quem assume o seu lugar, ainda que temporariamente.

É claro que está criada a questão: se quem já é presidente tem de se afastar porque é réu; se quem está na linha sucessória não pode assumir o cargo nem por alguns dias porque réu, como é que um réu pode se tornar presidente? Convenham: não faz sentido. Mas que fique claro: a decisão tomada pelo Supremo é omissa a respeito desse assunto. Nada diz sobre candidatos à Presidência.

A Constituição nada diz a respeito de candidatos réus. Mas também nada diz sobre os que estavam na linha sucessória. A ação do PSOL buscava, originalmente, impedir o então deputado Eduardo Cunha, presidente da Câmara, de assumir a Presidência. Depois serviu para barrar Renan Calheiros, que presidia o Senado. Eu me opus à decisão do STF. Argumentei que assumir interinamente a Presidência da República era uma prerrogativa do cargo, não da pessoa. Se Renan presidia o Senado, não havia como lhe cassar uma das prerrogativas.

Mas os movimentos de rua, estimulados pela Lava Jato, e os bolsonaristas aplaudiram a decisão do STF. Se é assim, os valentes têm agora de arcar com o peso da escolha que fizeram, não?

O Supremo não pode agir como se a questão não existisse.
Herculano
24/08/2018 10:32
O GAÚCHO GETÚLIO DORNELLES VARGAS, PTB, DEPOIS DE SER DITADOR, NA DEMOCRACIA NÃO AGUENTOU O TRANCO E SE SUICIDOU NO DIA 24 DE AGOSTO DE 1954. HOJE É DIA 24 DE AGOSTO
Herculano
24/08/2018 10:28
da série: por que os políticos que elegemos para nos representar na Câmara Federal, Senado,Assembleias e Câmaras Municipais - onde tudo se trama, combina-se, paga-se e se decide - não enxergam o óbvio que está aos olhos de cada um? Em outubro, por óbvio também, não perca a peleja, não reeleja.

DINHEIRO MALCUIDADO, por Pedro Luiz Passos, empresário, conselheiro da Natura, para o jornal Folha de S. Paulo

A generosa lista de favores fiscais dissipa recursos que faltam a áreas essenciais

Sufocado pela expansão descontrolada dos gastos e por receitas tributárias que andam de lado, o país ainda não deu a devida atenção a um ralo pelo qual escorre uma montanha de recursos que pouco contribui para a eficiência da economia e o bem-estar da sociedade.

A cada ano, o país destina o equivalente a 4,1% do PIB, R$ 270 bilhões em 2017, aos chamados gastos tributários, a coleção de isenções, desonerações e incentivos concedidos com dinheiro público.

Não é assunto novo.

Há quatro anos, abordei o tema neste espaço. Reproduzo um trecho em que descrevia a inoperância das autoridades diante do problema e cujas palavras infelizmente continuam atuais: "Não é possível que uma profunda revisão no inventário desses incentivos, empilhados durante décadas de ajuda oficial a diversos setores para atender diferentes finalidades, não encontre itens que possam ser repensados ou simplesmente eliminados".

De lá para cá, pouco mudou.

No geral, houve até uma queda das liberalidades tributárias a partir de 2015, quando atingiram o pico de 4,6% do PIB. Mas, em boa parte, a sangria se acentuou.

É só observar a evolução de três dos 64 itens da lista de renúncias fiscais: o Simples, os rendimentos isentos e não tributáveis no IRPF e a Zona Franca de Manaus.

Juntos, respondem por quase 50% do montante das desonerações. Pior: nos últimos dez anos registraram aumentos reais significativos.

No caso do Simples, a renúncia avançou 130%, atingindo R$ 75,6 bilhões em 2017.

É certo que o programa colaborou para a formalização de micro e pequenas empresas, mas não podemos ignorar que os generosos limites de enquadramento vis-à-vis os padrões internacionais desestimulam o crescimento empresarial e a busca por eficiência.

É consenso entre especialistas que tais fatores contribuem para a baixa produtividade da economia.

Considere-se a Zona Franca: seus 50 anos de existência não foram suficientes para fazê-la andar sem a muleta de subsídios que, em 2017, somaram R$ 21,6 bilhões, 60% mais que em 2007.

Quanto à renúncia dos rendimentos isentos e não tributáveis no IRPF, seu valor quase quadruplicou em dez anos, alcançando R$ 28 bilhões em 2017.

Há dois outros itens custosos e de duvidosa serventia social: as deduções de gastos com educação e saúde no IRPF (elas não beneficiam os mais pobres e consomem R$ 17,5 bilhões anuais) e a desoneração da folha de salários, que desfalca a receita tributária em mais R$ 13,3 bilhões.

Incentivos fiscais pressupõem data de validade. Mas pressões de grupos de interesse levam a sucessivos adiamentos dos prazos.

É dinheiro precioso que se esvai. São recursos que poderiam estar à disposição do Tesouro para investimentos, por exemplo, em infraestrutura e em ciência e tecnologia, segmentos, aliás, muito mal aquinhoados na distribuição dos dinheiros públicos.

Poderiam ainda ser direcionados para reduzir o déficit fiscal ou mesmo para a formação de um colchão que compense perdas provenientes da reforma tributária.

É evidente a dificuldade para mexer num vespeiro com tal dimensão, seja pelas resistências políticas e corporativas, seja pela complexidade para definir o que rever.

Não há alternativa, porém. Sem distinguir prioridades, tratá-las com transparência e monitorar os resultados, os recursos da sociedade jamais serão aplicados de acordo com os princípios republicanos que caracterizam as boas democracias.
José Pedro Heinck
24/08/2018 09:09
Herculano,

SAMAE INUNDADO

O DERETOR EXECUTIVO, pouco aprendeu neste 2 anos frente a autarquia, ainda nao sabe diferenciar estrume de lixo orgânico e reciclável. Também não aprendeu diferenciar areia de macadame industrializado e barro.
Na quarta feira pp depois de um longo período de espera pelo deretor, um grupo da rua Porto Belo, onde o dirigente nem sabe onde fica, tivemos um show de falta de consideração, enrolação e conversa de político sem vergonha na cara.
O Samae fez uma obra nesta via, não se sabe qual motivo, pois nunca faltou água e raramente tinha vazamentos.
Feito a obra há mais 90 dias, o pó de barro (pois nunca foi macadame, provavelmente a licitação de macadame) come solto.
O deretor pensa que somos burros, disse que não tem o que fazer. Como assim deretor? Cadê a máquina com vassoura de aço do Samae? Cadê o caminhão pipa ( que o Samae comprou) pra Secretaria de Obras?
Não com essa conversa fiada que vai deixar assim, agora vamos pras rádios redes sociais e TV.
Nos aguarde dei caco, pra nós receber foi praticamente a força.
Cambada de jaguara e enroloes.
Obrigado seu Herculano pelo espaço

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