Todos em sepulcral silêncio desde o dia 22 naquilo que lida com a integração e a mobilidade da cidade para os trabalhadores e estudantes. E tudo continuará precário. Incrível! - Jornal Cruzeiro do Vale

Todos em sepulcral silêncio desde o dia 22 naquilo que lida com a integração e a mobilidade da cidade para os trabalhadores e estudantes. E tudo continuará precário. Incrível!

28/10/2019

A licitação para a concessão do transporte coletivo de Gaspar ficou novamente deserta. Ninguém apareceu para encher as burras da prefeitura nos R$174 milhões que ela queria por 20 anos. Pudera. Era algo com cheiro de mofo e dúvidas. Estava escrito que ninguém queria.

Para os leitores e leitoras deste espaço, a falta de interessados à licitação 05/2019 que aconteceu no dia 22 de outubro não seria novidade nenhuma. Escrevi vários artigos sobre este assunto mostrando que o governo de Kleber Edson Wan Dall, MDB e Luiz Carlos Spengler Filho, PP, pouco se empenhava em atrair e de verdade, implantar um serviço diferenciado, atualizado, de futuro e cobiçado – tanto para o usuário, o munícipio e o investidor.

Queria apenas dinheiro, muito dinheiro, para um negócio sem qualquer atratividade, compensação, novidade ou lucratividade para quem se dispusesse a fazê-lo naquilo que é, vejam só, uma obrigação do poder público aos cidadãos de Gaspar.

Quem perdeu mais uma vez? O gasparense! Justamente o mais fragilizado e que mora nos bairros e precisa se deslocar pela cidade para trabalhar, estudar, fazer compras básicas ou até buscar assistência médica.

Qual era mesmo o título estendido do artigo que escrevi na edição impressa de sexta-feira do dia três de outubro – ou seja, bem antes do dia 22 – no jornal Cruzeiro do Vale? “A 'nova' licitação do transporte coletivo de Gaspar no século 21, mas concebido como se estivesse no século 20, não é prioridade para o governo. A chance de se perpetuar à precariedade contra a cidade, a mobilidade e os cidadãos é grande”.

E o que aconteceu? Bingo! Acertei, mais uma vez diante do que se praguejou nos gabinetes da prefeitura contra este escriba só porque esclareci ao povo o que acontecia de verdade no edital, na gestão e nos bastidores dos que mandam em Gaspar. Não sou nenhum vidente, mas era naturalmente evidente o que aconteceu, até para um analfabeto. Ou seja, era impossível que os “çabios” e que rodeiam Kleber, não sabiam desse desfecho.

O que escrevi num parágrafo daquele artigo, depois de ver que a Câmara muito tardiamente, e com a iniciativa do vereador Cícero Giovane Amaro, PSD, fez uma audiência pública no dia 25 de setembro, sem a devida representatividade do poder Executivo, exatamente o poder concedente do serviço?

“A minha alma está lavada porque tudo o que se discutiu no dia 25 eu antecipei em três artigos anteriores. O último no dia quatro de setembro tinha seguinte título: ‘Sem passageiros, os preços das tarifas no Sistema Coletivo Urbano tendem a aumentar e afastar ainda mais os usuários. É um ciclo vicioso. E em Gaspar, esta já é uma tendência em curso que fez a antiga concessionária do serviço correr daqui com a promessa de cobrar na justiça os prejuízos’. Ah, mas não é fácil a solução do problema, Herculano? Isto eu sei; todos sabem. Isto também mostra quanto pitocos são os gestores públicos e os políticos que escolhemos para dar conta desta situação. Como disse o ex-presidente da Câmara, Giovano Borges, PSB, ao externar o problema crucial que se tem no Bela Vista, onde conurbados os municípios de Blumenau e Gaspar não se integram no transporte coletivo urbano, ‘é preciso colocar o pau (?) na mesa’. Então o que estão esperando para fazer isso se o diagnóstico é antigo? Ou esta será novamente a falsa bandeira dos políticos para a eleição do ano que vem enganando os analfabetos, ignorantes e desinformados? Ai, ai, ai”

Era preciso ser algum adivinho ou ter bolas de cristal para saber o que aconteceria neste 22 de outubro? Estava na cara.

Parece até que foi de propósito. Ou seja, tudo para continuar precário, caro e desorganizado como está com quem faz o serviço por emergência, a Caturani. Ela inclusive, e mais uma empresa de Concórdia, uma tal de Hodierna, até ensaiaram em consultas no decorrer do certame estarem interessadas, mas desde que se mudassem às regras do jogo, coisa impossíveis de acontecerem à altura do “campeonato”.

Na hora da verdade, elas não apareceram, pois sabiam que o jogo não era para o bico delas e de nenhuma outra. E se ninguém aparecesse, a Caturani estaria no jogo e dando as cartas nos preços, nos roteiros e outras exigências em mais uma outra emergência.

Resumindo, mais uma que o prefeito Kleber, o vice Luiz Carlos e o prefeito de fato, secretário de Fazenda e Gestão Administrativa, e presidente do MDB, não conseguiram avançar em favor dos gasparenses: queriam dinheiro em caixa (talvez para obras) e não para dar transporte coletivo descente, do século 21 ao povo pobre, vulnerável e trabalhador.

Então por preguiça, eu vou encerrar este artigo repetindo o desfecho do que escrevi no dia três de outubro. Ele está atual e óbvio, que não é preciso mexer em qualquer vírgula naquilo que não conurba com Blumenau (Bela Vista, Belchior), principalmente, ou que não avança quando já temos até ônibus tipo Uber:

“Este é o verdadeiro desafio que as nossas falsas lideranças se negam à solução. A lei atual – baseada no século 20 - impede? Impede! Então é preciso mudá-la. Quem vai fazer isso? Não será um iluminado, mas muitos com o mesmo objetivo aqui, em Blumenau e Florianópolis. Ah, como calcular o quinhão de cada empresa ou consórcio nesta urgente e necessária integração e hoje impossível? A tecnologia, já resolveu e faz tempo: um passageiro com cartão chipado na entrada e na saída do ônibus, registrará o percurso percorrido e permitirá cálculos integrados, bem como a conciliação financeira no sistema repartido a parte de cada empresa. Ah, mas Gaspar tem um quinto da população de Blumenau num território semelhante o que aumenta os custos das passagens devido as grandes distâncias e sem passageiros? É só criar terminais e diminuir – ou controlar e com veículos menores - as viagens periféricas, privilegiando as troncais. Mesmo assim, as passagens tendem a ficar caras? É só tirar os cobradores num mundo digital – e que caminha até para veículos autônomos. Mas, o edital do século passado, com aval do Tribunal de Contas, dos encastelados bem pagos no MP e que não andam de ônibus, com a omissão dos çabios da prefeitura e da Agir, todos ainda no século 20, negam-se à realidade, ao desafio e à solução. Então quem vai se sacrificar ou pagar a conta desta incúria? Novamente os pobres, os vulneráveis, os excluídos do século 21. Acorda, Gaspar!”

Incrível.

Em Gaspar, o governo do prefeito Kleber pensa que Lei é um problema. Para ele, a norma só deveria ser aplicada aos adversários


O Tribunal de Contas barrou uma modalidade de licitação onde o prefeito Kleber Edson Wan Dall, MDB (a esquerda), queria passe livre para contratar obras de drenagens e que pela Lei das Licitações, obriga serem elas por concorrência, com dinheiro específico e em caixa para cada obra. A denúncia foi de Cicero Giovane Amaro, PSD, (centro) que não pode comemorar, pois está licenciado. O registro foi feito pelo vereador Silvio Cleffi, PSC (centro). O líder do governo Kleber, vereador Francisco Solano Anhaia, MDB, (à direita) minimizou e rebateu a decisão colegiada do TCE: “Cabe recurso. Vamos recorrer”. Enquanto isso...

Eu tinha este assunto como encerrado, o da licitação 58/2018 para se fazer serviços de drenagens por atacado, fora do que permite a Lei das Licitações, que manda individualizar as obras e elas estarem contempladas no Orçamento Anual aprovado pela Câmara.

É que o Tribunal de Contas de Santa Catarina, eloquente, técnico e unicamente no ambiente jurídico, desmascarou as ações, discursos e atitudes do prefeito Kleber Edson Wan Dall, MDB, do vice, Luiz Carlos Spengler Filho, PP, seus agentes políticos, assessores técnicos na área jurídica e de obras, bem como o do prefeito de fato, presidente do MDB de Gaspar e secretário de Fazenda e Gestão Administrativa, Carlos Roberto Pereira, que é quem orquestra tudo por aqui, inclusive a censura à imprensa.

A decisão colegiada de setembro do TCE também deveria calar os discursos dos vereadores que defendem nos erros, os equívocos e as dúvidas, do governo gasparense, dos que na Câmara defendem Kleber e repassam à culpa da incapacidade do atual governo de entregar resultados à cidade, para uma tal “oposição”. A incapacidade é única e absoluta da equipe de Kleber que ele escolheu por critérios políticos. É ela que não avança e não respondem aos resultados técnicos mínimos projetados, esperados ou até divulgados.

Como no estrume que fede quando se remexe nele, o governo de Gaspar, inconformado com o resultado contra ele, resolveu atiçar e tirar a casca desse estrume na Câmara. Disse por meio do seu líder de governo, o vereador Francisco Solano Anhaia, MDB, que o que o Tribunal decidiu, é, por enquanto, provisório e ainda cabe recurso. E cabe mesmo.

Pior: disse que a aplicação do entendimento e da Lei feito pelo TCE neste caso de Gaspar é o que menos importa para Kleber, pois para o governo, à falta de transparência, o que é feito ao arrepio da lei e o errado, seriam, vejam só, o melhor caminho para atender rapidamente, mas de forma torta, nas soluções que os eleitos prometeram à cidade e consequentemente no atendimento naquilo que povo espera, quer e precisa.

Já que remexeram no estrume e ele voltou a feder, vamos então vamos por partes, como diria Jack, o Estripador.

Na terça-feira passada, o assunto apareceu na Câmara, de relance, na voz do vereador Silvio Cleffi, PSC. E por que?

Primeiro porque tinha sido manchete e só aqui no dia 16 de outubro. Era algo, vejam só, que se escondia da comunidade e na imprensa – que não investiga e não pergunta - desde o dia 23 de setembro. E mesmo sendo manchete atrasada – não tenho obrigação com a notícia, mas com os seus reflexos -, todos ficaram bem quietinhos na Câmara.

E por que estavam quietinhos na Câmara? Por que o autor da denúncia no TCE, o vereador Cícero Giovane Amaro, PSD, está licenciado que não esteve nem aí para o assunto. Ou seja, Cícero não pode chutar a bola que o TCE levantou e que nesta jogada de um jogador atento ao jogo, foi vaiado por meses pelos adversários, membros do governo de Kleber.

Segundo, porque Silvio Cleffi, PSC, só fez o registro não apenas em solidariedade ao Cícero, ausente, mas principalmente, porque os discursos, entrevistas e acusações do governo eram contra uma tal “oposição”, onde Silvio está devidamente inscrito, manchado e marcado por Kleber para ser desmoralizado, enfraquecido, morto e enterrado. É que Kleber fez Silvio nascer politicamente, mas queria ser o dono dele. E Silvio criou as suas próprias asas. Kleber e seu grupo no MDB ficaram fulos. Nem mais, nem menos.

Nem o PSD onde está Cícero, um partido que está em cima do muro – uma hora ameaçando ter candidato próprio, outra hora atraindo dissimuladamente outros nanicos para leva-los no escurinho ao grupo de Kleber, e outra hora se reúne com o PT levando junto os mesmos satélites -, por meio do seu vereador Wilson Luiz Lemfers, presente a todas as sessões, não foi capaz de tratar ou fazer um mero registo sobre o assunto a favor da vitória de Cicero.

Volto. Eu poderia ir longe, novamente, nesse episódio. Entretanto, repasso como resumo o título estendido de outro artigo que escrevi e publiquei neste espaço no dia 16 de outubro.

Tribunal de Contas de SC diz em julgamento colegiado que Gaspar lançou edital errado para obras de drenagens. Mais... aplicou multas ao prefeito, aos seus assessores, aos técnicos e ao presidente do Samae. Elas somam mais de R$13,6 mil

O TCE, na verdade, acabou com o discurso maroto dos políticos da prefeitura para os analfabetos, ignorantes ou desinformados, bem como o de puxa-sacos que precisam das boquinhas e fazem onda a favor do erro e da falta de transparência do governo e aliados nas redes sociais e aplicativos de mensagens.

PARA O GOVERNO A DECISÃO DO TRIBUNAL É PROVISÓRIA E EQUIVOCADA. ESPERA DERRUBÁ-LA

Retomo.

Anhaia, inconformado com a repercussão negativa do assunto contra Kleber e principalmente à observação em tribuna feita por Silvio que leu parcialmente a minha coluna sobre o assunto, minimizado visivelmente contrariado, que da decisão do TCE cabe recurso. E cabe mesmo.

Entretanto, o embasamento técnico da decisão deixa pouca margem para isso. Pior, se Gaspar ganhar como quer Kleber e sua criativa equipe, abre uma brecha para outros municípios bem maiores naquilo tentam há muitos anos e que o Tribunal vem barrando sistematicamente.

Em tempos de decisões estranhas do Supremo contra à legalidade e à transparência, não seria tão raro um recurso como esse prosperar. Contudo vai demorar e não deverá sair ainda no mandato de Kleber. Por outro lado, a situação daqui não está tão boa assim. O Ministério Público que atua no Tribunal de Contas já colocou Gaspar em regime especial para monitorá-la radar dele. Então...

Essa ladainha da interpretação jurídica do caso já foi explicitada na Câmara e só reportada aqui há muito tempo quando o próprio Anhaia e vereadores obrigados a defenderem o governo Kleber como o líder do MDB, Francisco Hostins Júnior e Roberto Procópio de Souza, PDT, o ferrenho opositor, agora convertido em situação. Eles como advogados militantes que são, foram à tribuna minimizar a denúncia de Cícero.

Fizeram isso quando a denúncia ganhou o status de liminar no TCE, suspendendo a licitação 58. Isso foi feito de pronto pelo relator sorteado para analisar à matéria, o conselheiro Herneus de Nadal. Aliás, ele já foi deputado estadual do MDB de Kleber, Anhaia, Roberto Pereira, Júnior...

“É mera questão de interpretação”, diziam os vereadores advogados ou não, para justificar a decisão do relator. “A equipe [jurídica] de Kleber vai provar de que o caminho escolhido para a licitação é o correto”, apostavam, ao mesmo tempo que acusavam Cícero de estar atrapalhando o município por mera pecuínha. Como se viu, as teses dos defensores de Kleber no processo e no discurso, até o momento, não prosperaram quando assunto foi parar no Pleno do TCE. Há uma nova oportunidade de reversão: no recurso.

Agora, apostam mais uma vez, nos supostos recursos. Para a cidade não parar é bom se alinhando ao que manda explicitamente os gestores públicos fazerem na Lei da Licitação ainda em vigor e que tentaram dar criatividade, numa interpretação muito própria, segundo o próprio Tribunal deixou claro na condenação do prefeito e outros cinco, por duas vezes.

Kleber e seu grupo, aliás, já entenderam o recado do Tribunal, tanto que alguns editais já os refizeram conforme manda a lei e nem esperaram a decisão colegiada de setembro. Há convicção mais explicita do que esta e de quem sabe que errou ou que pelo menos entende que será difícil ter sucesso no recurso?

E para finalizar o Festival de Besteiras que Assola [o País] Gaspar – para parodiar Stanislaw Ponte Preta (pensador, jornalista, escritor e humorista carioca, Sérgio Porto, 1923/68) - no seu Febeapá -, Anhaia voltou a defender o que não está na lei, ou o que a lei proíbe, para facilitar a vida do prefeito Kleber e dificultar à transparência ou à fiscalização do que está fazendo com recursos público.

É prácabar. Não só para o governo de Gaspar, mas principalmente para o vereador. Perguntar não ofende: a função dele é, em nome de seus eleitores o de fazer leis ou fiscalizar permanentemente o Executivo no cumprimento das leis e exigir transparência dos atos públicos?

Se é para ser assim como defende Anhaia nos discursos, o de burlar a lei para atender o poder de plantão, fecha-se a Câmara de Gaspar. Ao mesmo tempo, o vereador que peça demissão da sua função, a qual, reiteradamente renega solenemente em nome de um projeto onde a lei é letra morta. E que esse gasto com ele e com a Câmara seja melhor empregado com na saúde, na abertura de mais creches, na implantação de contra-turnos, em turno integrais e até mesmo, o luxo de escolas bilíngues, como demonstrei na coluna feita especialmente para edição impressa de sexta-feira do jornal Cruzeiro do Vale: “enquanto Blumenau sem a pressão do Ministério Público anunciava aumento de vagas em creches, Gaspar comemorava estar livre de uma ação que obrigava a dar conta desse recado aos pobres e trabalhadores”.

No meio do caminho tinha uma pedra / tinha uma pedra no meio do caminho / tinha uma pedra / no meio do caminho tinha uma pedra / nunca me esquecerei desse acontecimento / na vida de minhas retinas tão fadigadas / nunca me esquecerei que no meio do caminho / tinha uma pedra / tinha uma pedra no meio do caminho / no meio do caminho tinha uma pedra (Carlos Drummond de Andrade – 1902/1987)

É raríssimo em abrir um artigo ou dar um título a um artigo meu, emprestando estrofes de poema, ainda mais de gente tão relevante como Drummond. Entretanto, nunca algo caiu (opa) tão bem como o recitado acima.

Refiro-me à reportagem capa do jornal Cruzeiro do Vale na edição de sexta-feira. Ela é o retrato do descaso do governo Kleber Edson Wan Dall, MDB e Luiz Carlos Spengler Filho, PP, para com sua cidade, cidadãos, as pessoas, naquilo que é essencial, à segurança, à qualidade de vida, o monitoramento para às leis ambientais locais, estadual e federal. Mostra também que o Ministério Público da Comarca vem falhando sucessivamente neste ambiente, mesmo quando demandado e solicitado por evidências.

O que estampa a capa da edição de sexta-feira do jornal Cruzeiro do Vale e que é uma “revista” semanal bem antes da NSC decidir fazer isso com os seus diários impressos Jornal de Santa Catarina, A Notícia e Diário Catarinense (aliás, penso que jornal impresso não deva mais ser vendido, mas distribuído em pontos, eliminando esse alto custo de circulação e que “engole” a estreita margem de eventual lucro e sobrevivência do negócio)?

“Pedra de 500 toneladas pode cair em cima de casas no bairro Arraial, em Gaspar”. Aliás, foi único veículo a tratar deste assunto comunitário ao invés de bajular os políticos, pré-candidatos.... Por isso, ele é acreditado. O que avançou em Gaspar? Uma pedra contra o povo.

E o que esta manchete acima e textos no jornal que podem ser encontrados no portal revelam? Uma cascata perigosa de sucessivos descasos e irresponsabilidades contra pessoas, comunidades, às normas, à fiscalização e naquilo que está como óbvio e na cara de todos, como a omissão de agentes públicos e políticos investidos ou eleitos para proteger a comunidade e as pessoas. Meu Deus!

Primeiro um particular resolveu “abrir” ou construir uma rua privada, num terreno particular no interior do município e que fica bem longe dos olhos das autoridades. E mesmo que ficasse bem a vista de todos, como já aconteceu aqui no Centro e vem acontecendo por ai, também nada seria questionado, como já se registrou aqui nas barrancas dos ribeirões Gasparinho e Gaspar Grande, fatos que já reportei aqui em vários comentários anteriores e foi também motivo de denúncias na Câmara.

Como a suposta estrada é numa área particular, pode até ser aceitável. Contudo, também não é bem assim. Ela fere o Código Ambiental e coloca em risco terceiros.

ONDE ESTÁ A FISCALIZAÇÃO, A AÇÃO, A REPARAÇÃO E A PUNIÇÃO?

Primeiro, a abertura da referida estrada estraçalha uma área verde. Isso demanda um licenciamento específico, ou ao menos uma consulta o poder público. Isto é cidadania. Isto é responsabilidade. Isso é respeito.

Segundo, a obra só foi feita às escondidas, nos finais de semana, porque quem a faz (o dono do trator da empreitada e o dono do terreno), sabe muito bem o que está fazendo: algo errado ou que pode ser exigido diferente daquilo que projetou na sua cabeça desorientada tecnicamente. Sabe ainda que o poder público não trabalha nem no horário normal de funcionamento público, muito menos em finais de semana – a não ser que seja um adversário político. Caso contrário, é dia de descanso da fiscalização, mas, vejam só, de trabalho intenso de quem está do lado errado da lei.

Resultado? Primeiro rolou uma pedra de 40 toneladas ameaçando patrimônio e pessoas. Agora, pela obra mal planejada e executada uma outra de 500 toneladas ameaça estrago maior e causa pânico aos moradores de uma área rural no Arraial do Ouro, interior de Gaspar.

É de se perguntar onde está a Gerência de Meio Ambiente da secretaria de Planejamento Territorial que foi avisada da obra e do perigo? Respondo: onde sempre esteve.

Não é ela, que para amigos permitiu que se construísse um prédio dentro da área de preservação permanente às margens do Ribeirão Gasparinho aqui no Centro e bem a vista de todos? E se não fosse a denúncia na Ouvidoria do Ministério Público em Florianópolis, tudo teria sido completado com aval de ambos?

Não é a gerência de meio ambiente da prefeitura que vem permitindo outras obras em áreas particulares de Preservação como se registrou recentemente num Boletim de Ocorrência na Polícia Militar Ambiental e que levou o prefeito Kleber Edson Wan Dall, MDB, a depor na delegacia, pois a secretaria de Agricultura e Aquicultura, do André Paqual Waltrick, PP, tinha até contribuído no suposto crime com máquinas prefeitura?

E como revanche, a prefeitura, a secretaria e o Sindicato Rural espalharam que a tal oposição, na verdade, o vereador Cicero Giovane Amaro, PSD, estava pela sua atuação, impedindo que os agricultores daqui recebessem adubo orgânico oriundo do processamento do fumo em folha na unidade de Blumenau da Souza Cruz? A fake news oficial foi logo desmascarada e desmoralizada aqui e pela própria Souza Cruz. Ela mesmo disse não dispor mais de tal produto, simplesmente porque a sua unidade de Blumenau foi fechada.

OLHOS FECHADOS DO PODER PÚBLICO O TORNA SOLIDÁRIO NOS PREJUÍZOS E VÍTIMAS

A gerência do Meio Ambiente da prefeitura de Gaspar sabia do caso e do perigo. Nada fez. Agora, aplicou uma multa. Simbólico. Precisou a Polícia Militar Ambiental ser notificada. Foi lá e aplicou multa de R$7.500,00 e que poderá ser reduzida em 90%. Então! Vai gerar um inquérito, e pode então parar no Ministério Público e com muita sorte dar alguma coisa contra os autores do desmatamento irregular, da abertura da estrada particular irregular, dos que colocaram em perigo patrimônio e vidas de outras pessoas. Terão os atingidos que ter sorte, muita sorte neste ambiente do faz de conta.

E o que falar da Defesa Civil de Gaspar? Ela também foi avisada há mais de um mês, no dia 20 de setembro. E desde então, a obra prosseguiu e tudo se agravou. A Defesa Civil é uma peça decorativa um cabide de empregos. Veja o que disse ao jornal o titular da pasta, Evandro de Mello Amaral: “como não estava instalado nenhum risco, era apenas um desmatamento e abertura de via de forma ilegal, encaminhei para o Meio Ambiente”.

Ou seja, como não tomou nenhuma ação preventiva, não fez o que está obrigado pela função pública investida a realizar, não fez a avaliação adequada, não monitorou o que acontecia, o risco que não estava instalado se tornou algo potencialmente perigoso e até mortal, no jogo de empurra dentro da prefeitura e em outros que cuidam do ambiente de Gaspar. Se o dono do imóvel fosse um adversário político e isso pudesse gerar alguma vantagem ou desvantagem no jogo do poder, tudo já estaria embargado (e corretamente).

Este é o perfeito retrato de uma administração jovem, que jurou não imitar as velhas manhas políticas e que faz pior. É isto que verdadeiramente avança e se esconde na propaganda marqueteira, mas que a cidade inteira sabe pelas redes sociais e aplicativos de mensagens. E o poder de plantão não sabe a razão pela qual é mal avaliado nas pesquisas. Acorda, Gaspar!

TRAPICHE

Um sinal a ser consideradíssimo. Olho a rede social do jornal do Cruzeiro do Vale. Nela está a notícia de que o deputado Federal Carlos Chionini, MDB, de Jaraguá do Sul, está repassando verbas de emendas parlamentares às entidades de Gaspar.

É uma boa notícia para a cidade. Uma necessária divulgação aos políticos. Tudo está registrado em fotos para que os políticos possam usufruírem mais tarde do gesto. E nela, com o deputado está sorrindo e comemorando, o cabo eleitoral de Chiodini, Ciro André Quintino, MDB, presidente da Câmara daqui.

Contudo, os comentários na rede social de gente que não tem medo de esconder a cara, dizem que vão “pegar” ambos nas próximas eleições, negando-lhes votos. Se não for fogo amigo e de invejosos, é um recado de como estão armados os eleitores de outubro do ano que vem. Com muito mais munições, gana e surpresas do que aqueles que surpreenderam os candidatos em outubro do ano passado, desmontando os velhos esquemas de cabala de votos e pesquisas.

O que pesa nestas críticas? O fato deles serem políticos num ambiente contaminado de dúvidas, falta de transparência, prioridade e à proteção a bandidos de todos os tipos dado pelo Supremo? O MDB, PT, PP, PSDB, PDT, PSB, Rede e outros estão desgastados. Até o PSL começa a ficar igualzinho aos demais. Um perigo. E o presidente Jair Messias Bolsonaro bem como o governador Carlos Moisés da Silva, por isso, até ensaiam prudentes distâncias.

Alguns me perguntam se isso não vai ter um fim. Respondo: não! Estamos em ebulição, tentando descobrir os caminhos próprios. Estamos sob a influência das redes sociais, das fake news e principalmente da descoberta que temos autonomia para decidir o nosso destino, mesmo errando ou colocando o fígado nas nossas escolhas.

O Legislativo apodrecido, os privilégios garantidos para uma casta à custa de uma minoria de desfavorecidos, desempregados e até sem direitos; um Judiciário que diz que só ricos, poderosos com advogados caros possuem direitos, alimentam uma vingança que não será boa a curto prazo para todos, mas no longo prazo, encontrará o verdadeiro curso desse rio caudaloso de hoje. É como nas nossas enchentes.

Mas, até o nível baixar e o rio voltar ao leito normal, muita gente boa e alguns ruins ficarão ilhados ou até afogados nesta lama, ou com ela até o pescoço, farão escolhas erradas pensando em salvar a si mesmo e eventualmente os seus.

Nas reclamações e até ameaças que vi nesta notícia propaganda, está claro que Chiodini, Ciro, Kleber e Carlos Roberto Pereira estão todos no mesmo barco marcado para o naufrágio. Quem é que vai pular dele e escolher um novo rio para navegar, ao menos no curto prazo?

Aí fico imaginando, quando foleio páginas de jornais do interior, por migalhas e favores, editores ensaboando gente que está marcada pelo eleitorado como incompetente, esperta ou cheia de dúvidas. Quanto desperdício de espaço e dinheiro ( e as vezes público).

Você sabe quanto custa do seu bolso as Câmaras municipais brasileiras? R$15 bilhões por ano. E as Assembleias Legislativas? Outros R$ 10,8 bilhões de dinheiro que falta à saúde, educação, segurança, obras essenciais de infraestrutura. Vergonha. 

Comentários

Herculano
31/10/2019 16:10
da série: o Supremo vem dando mostras claras nos seus julgamentos de habeas corpus que a Justiça está comprometida com os bandidos endinheirados e políticos ladrões com caros advogados que postergam e anulam processos. Isto exige reação e da população que a Justiça diz não representar nos seus julgados fora da lei e numa hermenêutica toda própria. Mas, agora, impor ao país um AI-5, é uma demonstração de fraqueza da representação parlamentar cara a e sustentada com o dinheiro do povo, bem como o isolamento da soberania popular.

ENTIDADES E POLÍTICOS REPUDIAM FALA DE EDUARDO BOLSONARO SOBRE A POSSIBILIDADE DE NOVO AI-5, depoimentos ao portal G1

Deputado, filho do presidente Jair Bolsonaro, disse que novo Ato Institucional nº 5, instrumento da ditadura que suspendeu garantias constitucionais, poderá acontecer 'se esquerda radicalizar'.

Entidades da sociedade civil e políticos repudiaram nesta quinta-feira (31) a fala do deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) sobre a possibilidade de o governo reeditar um novo AI-5, se a esquerda "radicalizar".

Numa entrevista em vídeo divulgado nesta quinta no canal do YouTube da jornalista Leda Nagle, o deputado afirmou que chegará um momento "em que a situação vai ser igual ao final dos anos 1960 no Brasil, quando sequestravam aeronaves, quando se sequestravam, executavam-se grandes autoridades, cônsules, embaixadores, execução de policiais, de militares".

"Se a esquerda radicalizar a esse ponto, a gente vai precisar ter uma resposta. E uma resposta pode ser via um novo AI-5, pode ser via uma legislação aprovada através de um plebiscito como ocorreu na Itália, alguma resposta vai ter que ser dada", completou Eduardo.

Repercussão
Veja abaixo o que disseram políticos e deputados sobre a declaração do deputado:

Rodrigo Maia (DEM-RJ), presidente da Câmara dos Deputados: "O Brasil é um Estado Democrático de Direito e retornou à normalidade institucional desde 15 de março de 1985, quando a ditadura militar foi encerrada com a posse de um governo civil. Eduardo Bolsonaro, que exerce o mandato de deputado federal para o qual foi eleito pelo povo de São Paulo, ao tomar posse jurou respeitar a Constituição de 1988. Foi essa Constituição, a mais longeva Carta Magna brasileira, que fez o país reencontrar sua normalidade institucional e democrática. A Carta de 88 abomina, criminaliza e tem instrumentos para punir quaisquer grupos ou cidadãos que atentem contra seus princípios ?" e atos institucionais atentam contra os princípios e os fundamentos de nossa Constituição. O Brasil é uma democracia. Manifestações como a do senhor Eduardo Bolsonaro são repugnantes, do ponto de vista democrático, e têm de ser repelidas como toda a indignação possível pelas instituições brasileiras. A apologia reiterada a instrumentos da ditadura é passível de punição pelas ferramentas que detêm as instituições democráticas brasileiras. Ninguém está imune a isso. O Brasil jamais regressará aos anos de chumbo."


Davi Alcolumbre (DEM-AP), presidente do Senado e do Congresso: "Como presidente do Congresso Nacional da República Federativa do Brasil, honro a Constituição Federal do meu país, à qual prestei juramento, e ciente da minha responsabilidade, trabalho diariamente pelo fortalecimento das instituições, convicto de que o respeito e a harmonia entre os poderes é o alicerce da democracia, que é intocável sob o ponto de vista civilizatório. É lamentável que um agente político, eleito com o voto popular, instrumento fundamental do Estado democrático de Direito, possa insinuar contra a ferramenta que lhe outorgou o próprio mandato. Mais do que isso: é um absurdo ver um agente político, fruto do sistema democrático, fazer qualquer tipo de incitação antidemocrática. E é inadmissível esse afronta à Constituição. Não há espaço para que se fale em retrocesso autoritário. O fortalecimento das instituições é a prova irrefutável de que o Brasil é, hoje, uma democracia forte e que exige respeito."

Ordem dos Advogados do Brasil: "É gravíssima a manifestação do deputado, que é líder do partido do presidente da República. É uma afronta à Constituição, ao Estado democrático de direito e um flerte inaceitável com exemplos fascistas e com um passado de arbítrio, censura à imprensa, tortura e falta de liberdade."


Marco Aurélio Mello, ministro do Supremo Tribunal Federal: "Tempos mais do que estranhos quando há essa tentativa de esgarçamento da democracia. Ventos que querem levar ares democráticos (...) Péssimo. O presidente e familiares precisam ter mais temperança."

Bruno Araújo, presidente do PSDB: "Parece que não restam mais dúvidas sobre as intenções autoritárias de quem não suporta viver em uma sociedade livre. Preferem a coerção ao livre debate de ideias. Escolhem a intolerância ao diálogo. Ameaçar a democracia é jogar o Brasil novamente nas trevas. O PSDB nasceu na luta pela volta da democracia no Brasil condena de maneira veemente as declarações do filho do presidente da República".

Maria do Rosário (PT-RS), deputada federal: "Está claro que este foi escalado para tirar o foco dos outros que vizinham com o escritório do crime e milicianos do Rio. Ele não fala por seu mandato pífio. Ameaça o país e a própria Câmara dos Deputados que integra em nome da Presidência da República. Não adianta ficar de desculpinhas depois."

Carlos Sampaio (SP), líder do PSDB na Câmara: "É um comentário que afronta a democracia, agride o bom senso e que não ajuda em nada o país neste momento em que estabilidade política é essencial para avançarmos nas discussões que são importantes para o país [...] A democracia, os direitos e liberdades fundamentais, e o funcionamento das nossas instituições devem ser defendidos por todos os brasileiros. São valores sobre os quais não podemos retroceder um milímetro".

Roberto Freire, presidente do Cidadania: "Um golpista na verdadeira acepção da palavra. Atenta claramente contra a Democracia no país. Cabe à Câmara dos Deputados exigir do deputado Eduardo Bolsonaro respeito ao Estado de Direito censurando-o publicamente. Se houver insistência, medidas legais mais firmes se impõem."

Jandira Feghali (PCdoB-RJ), deputada federal: "É o Brasil com AI-5 em pleno 2019 que Bolsonaro quer vender para o mundo e investidores? Um país com censura prévia, perseguição às liberdades individuais e MORTES pelo Estado? É irresponsável, leviano! Essa família no poder é um erro grave na História do país."

Junior Bozzella, deputado federal (PSL-SP): "É espantoso para não falar repugnante. Nós representamos a democracia e a valorização da liberdade de expressão do cidadão brasileiro qualquer que seja a sua ideologia. É importante deixar bem claro que o deputado Eduardo Bolsonaro fala enquanto deputado mas que eu, enquanto deputado do PSL, tenho posição completamente diferente e repudio essa declaração. O discurso extremista é mais fácil de ser identificado pelas pessoas. O deputado sabe bem como inflamar os ânimos e busca pontos sensíveis que dividem o país para manter a chama do extremismo acesa. Eu não entendo como um deputado federal pode sequer cogitar algo assim."


Rubens Bueno (Cidadania-PR), deputado federal: "Trata-se de uma estupidez política, uma ameaça de golpe que precisa ser rechaçada por todos os democratas. Invocar o AI-5 é atentar contra a nossa Constituição, que rejeita qualquer instrumento de exceção. Somos um Estado Democrático de Direito, e um parlamentar não pode nem mesmo aventar uma possibilidade desse tipo. Creio que cabe até uma reprimenda pública por parte da Câmara ao deputado Eduardo Bolsonaro."

Kim Kataguiri (DEM-SP), deputado federal: "Assusta isso vir de uma pessoa que se diz conservadora, porque o conservadorismo é o conservadorismo de instituições e uma ruptura institucional é absolutamente o contrário do que ele diz pregar. É inaceitável, principalmente uma pessoa que faz parte do parlamento e da última esfera de poder do Legislativo da República Federativa do Brasil veicular ou sequer imaginar ou falar ainda seriamente em relação à volta de um ato institucional que acabou com o Poder Legislativo brasileiro. Sem tripartição de poder não existe democracia e a partir do momento que você atropela um poder em nome de outro, você enquanto filho do presidente da república, agindo como uma espécie de porta-voz, da uma demonstração autoritária."

Simone Tebet (MDB-MS), senadora e presidente da Comissão de Constituição e Justiça do Senado: "Estarrecedor e inaceitavável. Qualquer um que tenha vivido, ou tenha conhecimento mínimo, do que foram os atos institucionais, em especial o AI 5, não pode aceitar uma declaração como esta, não importa se de filho de presidente da República ou não, mas, especialmente de um integrante do Congresso Nacional, de quem se espera o cumprimento do juramento constitucional, feito no momento da posse, de defender a democracia e respeitar a Constituição brasileira. As crises da democracia somente podem ser resolvidas no bojo da própria democracia."

Fábio Trad (PSD-MS), deputado federal: "É uma fala que atenta criminosamente contra o estado democrático de direito e revela o absoluto despreparo enquanto homem público para a atividade político-partidária num estado democrático como o que vivemos hoje no Brasil. É um risco concreto [para a democracia] que deve ser combatido através de uma resistência permanente daqueles que têm vocação para a democracia, que me parece que não é o caso de quem falou. Eu creio que o Poder Legislativo federal deve reagir, enquanto instituição que representa um poder constituído, duramente a esta fala, que, como disse, é um atentado criminoso contra a ordem democrática."

Alessandro Molon (PSB-RJ), deputado federal e líder da oposição na Câmara: "O povo brasileiro não aceita e não tolera o fim da democracia. O presidente e sua família foram eleitos pela via democrática e juraram defendê-la. E democracia não combina com AI-5 ou qualquer outra medida autoritária."

Randolfe Rodrigues (Rede-AP), senador: "Nós da Rede Sustentabilidade iremos representar contra o deputado Eduardo Bolsonaro no Supremo Tribunal Federal e no Conselho de Ética da Câmara por atentar contra as instituições do Estado Democrático de Direito."

Júlio Delgado (PSB-MG), deputado federal: "É no mínimo irresponsável um membro do Poder Legislativo, filho do presidente da República e líder de um partido político na Câmara dos Deputados, colocar de forma ameaçadora a possibilidade de retorno do AI-5. No momento em que o estado democrático de direito está consolidado no nosso país. Respeitar as instituições, acima de tudo, quem é membro de uma delas. Não podemos permitir que essas atitudes venham a existir, num momento de profunda instabilidade política que vive o Brasil."

Baleia Rossi, deputado federal (SP) e presidente do MDB: "Como Movimento Democrático Brasileiro que nasceu e cresceu na defesa da Constituição, consideramos inaceitável qualquer menção a atos que possam colocar em risco, de novo, a liberdade do cidadão brasileiro. Lutamos contra a ditadura e seu pior mal, o AI-5, que nos marcou como o momento mais triste da nossa história recente. O Brasil espera que não percamos o equilíbrio e o foco no que mais precisamos: empregos e renda para as pessoas."

ACM Neto, presidente do DEM e prefeito de Salvador: A defesa intransigente da democracia está no DNA do Democratas. Condenamos e combateremos qualquer tentativa de ameaça à liberdade política e ao pleno funcionamento das instituições do nosso país. As declarações do deputado Eduardo Bolsonaro são uma inaceitável afronta à democracia. Nesse momento o país precisa de equilíbrio e responsabilidade, não de ameaças e radicalizações como as defendidas pelo parlamentar."

Ivan Valente (PSOL-SP), deputado federal: "Eduardo Bolsonaro deve ser cassado e responder criminalmente! Basta de ameaças à democracia. O filho do presidente da República, que age em consonância com o governo, sugeriu um novo AI-5. Não vamos permitir que o grupo que está no poder tente impor nova ditadura. Basta."


Major Olímpio (PSL-SP), senador, líder do PSL no Senado: "Acho lamentável, nos dias de hoje, se discutir ato semelhante ao AI-5 de 68. Cinco juízes, quatro senadores e 95 deputados foram cassados. O Congresso foi fechado. Como que eu, parlamentar, vou defender hoje o fechamento do Congresso, que representa a população brasileira? Bem ou mal, representa. O AI-5 permitia que se expulsasse imediatamente servidores públicos com estabilidade. O Brasil carece, justamente, da ampliação da democracia, do respeito, do respeito ao contraditório. Se o deputado que é filho do presidente fala uma coisa dessas... Não existe cargo de filho de presidente. É uma manifestação isolada de um deputado, em 513, que não querem defender fechamento do Congresso. Que haja bom senso em todos e que possamos mirar na melhoria do nosso país. É isso que a população tá querendo."

Joice Hasselmann (PSL-SP), deputada federal: "É uma declaração grave que não pode ser tratada como uma declaração qualquer. Qualquer um que flerte com autoritarismo é digno de repúdio numa democracia. Mas aqui temos um agravante. Estamos falando de um deputado federal eleito democraticamente nas urnas. Estamos falando do líder do partido, do meu partido, e estamos falando do filho do presidente da República, que não esconde claramente a sua intenção, o seu flerte, namoro com autoritarismo extremo. É preciso lembrar que o artigo 5º da Constituição Federal trata como crime qualquer atentado à democracia brasileira. A democracia deve prevalecer e todo cidadão que tem dignidade e respeito pelo estado democrático de direito tem que repudiar uma declaração como essa."

Partido Novo: "Condenamos a declaração de Eduardo Bolsonaro. Os políticos devem defender a liberdade do cidadão, e não medidas autoritárias, como vimos durante o período militar. O desenvolvimento de uma nação passa pelo fortalecimento das instituições. Atuar contra elas nos manterá no atraso."

David Miranda (PSOL-RJ), deputado federal: Essa declaração de Eduardo Bolsonaro prometendo um novo AI-5 é criminosa! Não vai passar batido: o PSOL vai entrar com pedido de cassação do mandato dele no Conselho de Ética e tomaremos as demais medidas cabíveis. Ditadura nunca mais.

Partido Republicanos: "O partido Republicanos repudia veementemente a declaração. Nós, republicanos, defendemos de forma intransigente a Constituição, a democracia e as instituições e não podemos aceitar, sob nenhuma justificativa, qualquer incitação a atitudes autoritárias. Infelizmente não é a primeira vez que Eduardo Bolsonaro, o deputado mais votado da nossa democracia, dá indícios de que flerta com o autoritarismo. É hora de investir no bom senso, no equilíbrio, na moderação e no diálogo. Nós, do Republicanos, colocamo-nos à disposição para ajudar nessa construção desde que qualquer simples menção aos momentos obscuros da nossa história fiquem para trás."

Frente Nacional de Prefeitos: "Flertar com o AI-5 é inaceitável e uma afronta à democracia. É crime previsto na Lei de Segurança Nacional. É lamentável e muito preocupante que um parlamentar cogite reeditar o pior período da história do Brasil republicano. Propor tamanho retrocesso é uma afronta à Constituição. Defender o Estado Democrático de Direito é dever de todos os brasileiros, especialmente por aqueles eleitos pelo voto direto. Por isso, é indispensável que a Comissão de Ética da Câmara dos Deputados, a casa do povo, tome urgentemente as providências cabíveis e necessárias para defender a democracia brasileira."

Coronel Tadeu (PSL-SP), deputado federal: Em pleno século 21, falar em ato institucional é algo inimaginável. O Brasil buscou a democracia e hoje vive e respira uma democracia. Se houver radicalização, se houver perturbação da ordem pública, é preciso combater com energia. O Ato Institucional de 1968 não cabe mais hoje, nos tempos atuais. É preciso buscar o entendimento, a convergência de ideias. A democracia está aí pra isso.
Herculano
31/10/2019 15:22
A CADA DIA UMA CONFUSÃO ONDE TODOS METE A COLHER ERRADA NO MASSA ERRADA

Do presidente da Câmara, Rodrigo Maia, DEM, no twitter, ao se referir às loucuras obscurantistas de que já quis ser embaixador nos Estados Unidos, mas não teve votos para isso, e agora é líder do PSL, um partido em ebulição pelos milionário dinheiro tomado dos pesados impostos do povo e que está faltando ao básico como saúde, segurança, pesquisa, educação, obras de infraestrutura básica...

Maia no seu twitter pessoal>

A apologia reiterada a instrumentos da ditadura é passível de punição pelas ferramentas que detêm as instituições democráticas brasileiras. Ninguém está imune a isso. O Brasil jamais regressará aos anos de chumbo."

Rodrigo Maia, presidente da Câmara dos Deputados
Herculano
31/10/2019 15:16
EDUARDO BOLSONARO DEFENDE NOVO AI-5

Conteúdo de O Antagonista. Depois de propor fechar o Supremo com "um cabo e um soldado", o deputado federal Eduardo Bolsonaro agora defende a edição de um novo AI-5 para conter a "radicalização da esquerda".

Ele disse isso em entrevista a Leda Nagle, divulgada há pouco em seu canal no Youtube, quando questionado sobre os protestos violentos no Chile e a eleição na Argentina.

Para o filho do presidente, é preciso reagir, caso a esquerda repita os atos de terrorismo da década de 60.

"Se a esquerda radicalizar esse ponto, a gente vai precisar ter uma resposta. E uma resposta pode ser via um novo AI-5, pode ser via uma legislação aprovada através de um plebiscito como ocorreu na Itália. Alguma resposta vai ter que ser dada."

Para Eduardo, "o que faz um país forte não é um Estado forte. São indivíduos fortes".
Herculano
31/10/2019 15:11
MIMADOS OU DOIDOS

Ao Miguel.

As vezes, fica a impressão que Jair Messias Bolsonaro é um passageiro do trem e pau mandado de seus filhos doidos, mimados e sem noção ao que a direita conquistou pela via democrática. Para quem disse que bastava um praça e um soldado para fechar o STF, agora admite que precisa de muito mais e do pior: o AI-5.

Se um praça e um cabo resolvessem, que tal eles darem solução na confusão em que estão metidos eles e o PSL e que a lavação de roupa suja além de envergonhar todo mundo, prova que não são os santos que diziam ser?

Deus nos livre de gente sem desconfiômeto.
Miguel José Teixeira
31/10/2019 14:21
Senhores,

Na mídia (2):

"Eduardo Bolsonaro diz que se esquerda radicalizar, resposta pode ser 'um novo AI-5'"

Ou o Capitão zerozero amordaça seus recrutas zero 1, zero 2 e zero 3 ou seus milhares de eleitores poderão transformar-se em adélios bispos, já já!

Acorda, Senhor Presidente!
Herculano
31/10/2019 12:02
"SENSACIONALISMO BARATO" DIZ KIM KATAGUIRI

Conteúdo de O Antagonista.O deputado Kim Kataguiri (DEM), um dos líderes do movimento MBL, chamou de "sensacionalismo barato" a reportagem de ontem do Jornal Nacional sobre o caso Marielle Franco.

"O próprio jornal apurou que o presidente estava em Brasília. Sensacionalismo barato, disse ele a O Antagonista.

Para o parlamentar, as repercussões do depoimento do porteiro do condomínio onde Jair Bolsonaro morava não terão impacto político algum.
Herculano
31/10/2019 11:58

A BOMBA DE FESTIM

De J. R. Guzzo, no twitter:

A última crise mortal do governo Bolsonaro não chegou a completar 12 horas de vida. A testemunha-bomba da acusação, um porteiro do condomínio do Rio de Janeiro onde o presidente tem uma casa, mentiu no seu depoimento. Quem diz isso? O próprio Ministério Público. Aí fica difícil.
Herculano
31/10/2019 11:53
NO BRASIL, INVESTIGAÇõES, INQUÉRITOS, DENÚNCIAS, PROVAS, ACARIAÇõES, JULGAMENTOS SÃO FEITOS PARA PROTEGER BANDIDOS RICOS, PODEROSOS DE PLANTÃO E GENTE ENDINHEIRADA OU PARA FERRAR ADVERSÁRIOS DE TODOS OS TIPOS COMO IMPRENSA, POLÍTICOS, TESTEMUNHAS SÉRIAS E GENTE LIMPA.

SUSPEITO DE MATAR MARIELLE DESMENTE PORTEIRO DE BOLSONARO, por Mônica Bérgamo, do jornal Folha de S. Paulo

O próprio Ministério Público do Rio afirma que o funcionário mentiu

O ex-PM Élcio de Queiroz, um dos suspeitos de matar a vereadora Marielle Franco, já havia negado a investigadores que tivesse citado a casa 58 para o porteiro quando visitou o condomínio em que vive Jair Bolsonaro, no Rio - o imóvel é do próprio presidente.

FAZ TEMPO?
"Isso já havia sido esclarecido nos autos há bastante tempo. Ele foi à casa do Ronnie Lessa [outro suspeito do crime e vizinho de Bolsonaro]. Nunca disse na entrada que iria na casa do presidente", diz o advogado Henrique Telles, que defende o ex-PM.

PLANILHA?
"O porteiro anotou o número errado da casa. O problema é dele", segue Telles, afirmando que os investigadores mostraram a Élcio de Queiroz os registros da guarita do condomínio com o número 58 ao lado de seu nome. "Ele disse que estava errado."

PLANILHA 2?
Na terça (29), o Jornal Nacional revelou que o porteiro não apenas anotou o número da casa de Bolsonaro nas planilhas - mas também afirmou ter interfonado para a residência e falado com o "Seu Jair". Detalhe: o presidente estava em Brasília.

PIN?"QUIO?
O próprio Ministério Público do Rio afirma que o porteiro mentiu.

PARA TUDO?
E os advogados de Élcio e Ronnie Lessa vão apresentar à Justiça um pedido de suspensão do processo em que são acusados de matar a vereadora.

PEDRA DURA?
Eles vão sustentar que gravações que estão numa denúncia sobre obstrução da Justiça apresentada pela ex-procuradora Raquel Dodge citam novos suspeitos de cometer o crime. "É preciso suspender o processo até que esses fatos sejam esclarecidos", diz Telles.
Miguel José Teixeira
31/10/2019 11:16
Senhores,

Na mídia:

"Desemprego é de 11,8% e atinge 12,5 milhões..."

Parece-nos que definitivamente o Brasil está superando o legado 13.

Torçamos, pois!
Herculano
31/10/2019 08:01
COM JUROS DO BC NA MÍNIMA, HAVERÁ MAIS QUEIXAS CONTRA BANCOS E GUEDES por Vinicius Torres Freire, no jornal Folha de S. Paulo

Com Selic perto do piso, política econômica e juros bancários vão ficar na berlinda

Na virada de 2019 para 2020, a taxa básica de juros terá chegado a um nível baixo o bastante para ficar quase invisível nos debates sobre a retomada do crescimento. A conversa vai mudar de rumo. Os juros bancários e a possível ou provável lerdeza do PIB serão alvos ainda mais evidentes de queixas.

O Banco Central reduziu a taxa básica, a Selic, o piso do custo do dinheiro no país, de 5,5% ao ano para 5% ao ano, nesta quarta-feira. Afora desastres, a Selic deve ir a 4,5% na próxima reunião do Comitê de Política Monetária do BC, em 11 de dezembro. Com apenas moderado otimismo, pode-se chutar que deva cair a 4% até março de 2020. A taxa real de juros ficaria então abaixo de 0,5% ao ano. Por ora, anda em torno de 1% ao ano, mínima histórica.

Quais os riscos? Uma daquelas tormentas financeiras em países ricos ou "emergentes", um colapso no programa liberal deste governo e Congresso ou um tumulto político (desde 2013, tivemos pelo menos um por ano, com a exceção deste 2019 e olhe lá).

Mesmo sem solavancos graves, também não está escrito em pedra que os "juros do BC" cairão. Mas é o jeitão da coisa. Quais são os fatores que podem influenciar as decisões do BC, segundo o texto que comunicou a decisão sobre a Selic, nesta quarta-feira? O que pode modificar o cenário (análise do "balanço de riscos", no jargão), levando os juros mais para baixo ou para cima?

A lerdeza da economia, seu alto nível de capacidade produtiva ociosa, e a inércia ainda podem produzir inflação abaixo do esperado (os juros continuariam a cair). Inércia: a inflação passada baixa vai pressionar menos os preços no futuro, tudo mais constante, por meio, por exemplo, expectativas e de reajustes menores de contratos e outros acordos indexados a índices de preços (de alugueis a salários).

Mas pode haver também "riscos ruins" para a inflação. Ou melhor, haveria agora nova dificuldade de projetar o futuro dos preços, dado o ineditismo da situação, de taxas de juros historicamente baixas.

Na linguagem do comunicado do Banco Central: "o atual grau de estímulo monetário, que atua com defasagens sobre a economia, aumenta a incerteza sobre os canais de transmissão e pode elevar a trajetória da inflação no horizonte relevante para a política monetária". Esse risco aumenta em caso de confusão na economia mundial ou, ainda segundo a diretoria do BC, com a "eventual frustração em relação à continuidade das reformas e à perseverança nos ajustes necessários na economia brasileira".

Com taxa básica real de juro a 0,5%, o BC não teria mais nada a fazer que, em tese, pudesse ter efeito no crescimento, segundo a teoria e a prática convencionais. Não se trata de dizer que essa baixa histórica de juros terá necessariamente efeito sobre o ritmo de recuperação da economia. Caso o PIB não dê sinais de vida lá pelo primeiro trimestre de 2020, Paulo Guedes vai ficar na berlinda, por bons ou maus motivos e argumentos, não vem ao caso.

Seja como for, a Selic está perto de um piso, excluída a hipótese de anormalidade ainda maior na economia brasileira. No entanto, não é assim com os juros bancários.

O custo do dinheiro para os bancos desceu também a um nível próximo do piso. As taxas para empresas e famílias continuam altas. Seja qual for o argumento para justificá-la, a aberração das taxas bancárias vai ficar mais do que nua e crua: vai ficar sem pele, assim como ficam certos devedores dos bancos.
Herculano
31/10/2019 07:57
CPI PODE INVESTIGAR FAKE NEWS CONTRA BOLSONARO, por Cláudio Humberto, na coluna que publicou hoje nos jornais brasileiros

Parlamentares governistas articulam a apresentação de requerimento para investigar a notícia falsa sobre envolvimento do presidente Jair Bolsonaro no caso Marielle Franco. O próprio Ministério Público do Rio de Janeiro atestou em coletiva, nesta quarta-feira (30), que o porteiro do condomínio onde o presidente tem casa, na Barra da Tijuca, mentiu. Segundo a promotora, a mentira foi desfeita pelas provas técnicas.

TUDO FALSO

Além de a portaria não haver ligado à casa 58 de Bolsonaro, testes confirmaram que não é dele a voz que atendeu o interfone na casa 65.

ALVOS INDEFINIDOS

Ainda não está claro se, além do porteiro, a CPMI terá de decidir sobre convocação para depor dos responsáveis pela difusão da falsa notícia.

RELATORA SILENCIA

A oposicionista Lídice da Mata (PSB-BA), relatora da CPMI, não quis comentar a eventual investigação da fake news acusando o presidente.

DEPENDE DE CORONEL

Se o requerimento for feito e aprovado, dependerá do presidente da CPMI, senador Angelo Coronel (PSD-BA), a data que entrará na pauta.

óLEO DERRUBA PREÇOS DE VOO PARA NORDESTE EM 26%

As mais de mil toneladas de óleo que emporcalharam as belíssimas praias do Nordeste já surtem efeito no turismo, fonte de renda essencial na região, com cancelamentos de reservas em hotéis e queda no preço das passagens aéreas. Para Fortaleza, Natal, Recife, Maceió e Salvador, preços que superam voos ao exterior em qualquer época do ano, estão em queda de cerca de 26% no próximo feriado.

VALORES
Voos para capitais nordestinas chegavam até R$ 2 mil por trecho em datas festivas e feriados, mas estão em torno de R$ 1,5 mil. Ida e volta.

DESINFORMAÇÃO

O Procon-SP orientou cancelamento de viagens, mas Procons do NE afirmaram não haver "laudo que declare as áreas do litoral impróprias".

LADO BOM

A hora é de aproveitar a "promoção" para aproveitar outras delícias e belezas, além das praias. O Nordeste tem muito mais a oferecer.

FALAR É FÁCIL

Muitos criticaram, e com razão, a forte reação de Bolsonaro. Porém, dar palpites do conforto da plateia é fácil; difícil é reagir de improviso no palco a uma acusação que só ele sabia ser uma deslavada mentira.

SALVADOR DA PÁTRIA

O vereador Carlos Bolsonaro faz muitas tolices com suas postagens, prejudicando o próprio governo do pai, mas foi obra dele o início da reversão da crise provocada pela notícia falsa contra o presidente.

APURAÇÃO IN LOCO

Carlos Bolsonaro fez o que os acusadores do presidente não fizeram: mostrou no computador do condomínio que nem sequer houve a ligação de interfone para a casa 58, citada pelo porteiro mentiroso.

EMPURRA, BARRIGA

O presidente da Câmara, Rodrigo Maia, já afirmou que vai colocar o pacote anticrime ainda este ano em votação no plenário. Mas o grupo de trabalho já prorrogou a própria existência quatro vezes.

PIZZA EXPLICADA

A Lava Jato esclareceu um mistério do Congresso: as pizzas em CPIs. Segundo a operação, o presidente da CPI mista da Petrobras, Marco Maia (PT-RS), que presidiu a Câmara no governo Dilma, cobrou R$1,5 milhão para livrar enrolados na roubalheira à estatal. Levou R$200 mil.

TIRIRICA PRODUTIVO

O deputado Tiririca (PL-SP) já está no terceiro mandato na Câmara dos Deputados. Este ano já apresentou 17 propostas, desempenho notável do palhaço, que levou quatro anos para assinar apenas 16 propostas.

DE LAVADA

Enquete do site Diário do Poder com 700 leitores mostra que a grande maioria é favor das candidaturas independentes de políticos, ou seja, sem a filiação a um partido político: 96% a 4%.

MIGUEZIM SELECIONADO

O poema Casa de Taipa, de Miguezim de Princesa, foi selecionado no Volume IV da Antologia de Poesia Brasileira Contemporânea "Além da Terra, Além do Céu", da Chiado Books. Será lançado em novembro.

PENSANDO BEM...

...logo vai aparecer um advogado misteriosamente contratado afirmando que o porteiro "tem problemas mentais".
Herculano
31/10/2019 07:52
MODELO DE ATAQUE DE BOLSONARO À IMPRENSA TEM POUCOS À PARALELOS HISTóRICOS

Presidente se coloca na linha de frente dos embates sem intermediários, contrariando predecessores

Conteúdo do jornal Folha de S. Paulo. Texto de Fábio Zanini. Embora atritos entre presidentes e órgãos de comunicação não sejam algo inédito, a forma e a intensidade dos ataques de Jair Bolsonaro à imprensa têm poucos paralelos históricos.

Em transmissão pela internet feita ainda durante sua visita à Arábia Saudita, o presidente disse que a Rede Globo faz um jornalismo "canalha" e deu a entender que poderá não renovar a concessão da emissora em 2022.

Ela foi a responsável por revelar a existência do depoimento de um porteiro em que ele menciona que um dos acusados de envolvimento no assassinato da vereadora Marielle Franco teria feito contato com a casa de Bolsonaro, num condomínio fechado no Rio de Janeiro, no dia do crime.

O Ministério Público do Rio, contudo, diz que a informação dada pelo porteiro, cujo nome não foi revelado, não é verdadeira.

Bolsonaro também já fez diversas investidas contra a Folha, desde a campanha eleitoral do ano passado, quando disse em um comício na avenida Paulista que o jornal é a maior fake news do Brasil.

Além disso, o presidente entrou com processo contra o jornal em razão de reportagem mostrando que empresários bancaram disparos de WhatsApp contra o PT na campanha.

Tentativas de intimidar a imprensa também foram uma tônica dos governos petistas, embora sem ameaças tão radicais como a feita por Bolsonaro contra a TV Globo, a Folha e outros veículos.

Durante as Presidências de Luiz Inácio Lula da Silva (2003-2010) e Dilma Rousseff (2011-2016), houve a defesa por parte de diversas lideranças petistas do cancelamento ou redução do volume de verba publicitária oficial para órgãos de imprensa críticos ao governo, sobretudo a revista Veja.

Tais ameaças, contudo, se restringiam ao entorno dos presidentes, e não costumavam ser feitas por Lula e Dilma de viva voz.

Em 2016, pouco após o impeachment de Dilma, o PT lamentou, em documento interno, não ter "redimensionado sensivelmente a distribuição de verbas publicitárias para os monopólios da informação".

Houve também tentativas de se criar um órgão para regular a atividade jornalística e o anúncio da revogação do visto de trabalho do então correspondente do jornal americano The New York Times. A forte reação negativa gerou recuo nos dois casos, contudo.

Fernando Henrique Cardoso (1995-2002) queixava-se frequentemente da imprensa, como deixa claro nos quatro volumes de seus "Diários da Presidência", mas nunca passava do ponto de considerá-la exagerada e futriqueira.

A Folha era um alvo frequente, como num registro, feito em 2001, a respeito da publicação de reportagem sobre o dossiê Cayman, conjunto de papéis forjados sobre supostas contas de tucanos num paraíso fiscal.

"A Folha vai continuar sendo o que ela é: um jornal que não mede as consequências dos escândalos que gosta de provocar e de produzir", escreveu.

A Folha também entrou na mira de Fernando Collor (1990-1992), que mandou a Polícia Federal invadir o jornal, em 1990.

Voltando mais no tempo, há embates duros entre presidentes e a imprensa. Na Primeira República, era comum Redações de jornais, sobretudo no Rio, serem "empasteladas" por turbas a mando de autoridades federais da área de segurança pública.

No Estado Novo, a ditadura de Getúlio Vargas cometeu um dos atos mais duros de ataque à imprensa já registrados, ao intervir no comando do jornal O Estado de S. Paulo durante cinco anos (1940-1945). A direção do veículo não reconhece esse período como parte de sua história.

Na segunda passagem de Vargas pela Presidência (1951-1954), houve novos embates, mas desta vez concentrados na Tribuna da Imprensa, que tinha como sua maior estrela o jornalista e futuro político Carlos Lacerda.

O atentado a tiros contra Lacerda, que teve as digitais do então chefe da guarda presidencial, Gregório Fortunato, foi o elemento que, em última análise, levou à derrocada final de Vargas, culminando com seu suicídio, em agosto de 1954.

Durante a ditadura militar (1964-1985), é frequente atribuir como uma ação do regime e de aliados a asfixia financeira do Correio da Manhã, que viria a morrer em 1974, após uma lenta agonia.

Considerado um diário combativo e vanguardista desde seu surgimento, em 1901, até o golpe militar de 1964, o Correio acabou não resistindo ao novo clima político instalado pela ditadura, embora problemas internos do jornal também sejam apontados como uma das razões para seu desaparecimento.

O que as investidas atuais têm de incomum, além da virulência, é o fato de o próprio Bolsonaro se colocar na linha de frente dos ataques, sem recorrer a intermediários.
Herculano
31/10/2019 07:47
da série: como verdadeiramente funciona a Justiça para os políticos e os poderosos endinheirados. Recursos, recursos, recursos, recursos...

FACHIN MANDA PRENDER EX-DEPUTADO NELSON MEURER, PRIMEIRO CONDENADO PELO STF PELA LAVA JATO

Ele foi condenado em maio de 2018 a 13 anos, 9 meses e dez dias de prisão. É a primeira prisão determinada pelo Supremo na Lava Jato. Defesa disse que vai recorrer.

Conteúdo da G1, RPC Curitiba e TV Globo de Brasília. Apuração e texto de Mariana Oliveira, Rosanne D'Agostino e Michelli Arenza.

O ministro Luiz Edson Fachin, do Supremo Tribunal Federal, determinou nesta quarta-feira (30) a prisão do ex-deputado federal Nelson Meurer (PP-PR). Ele determinou o cumprimento do início da pena de 13 anos, nove meses e dez dias de prisão por corrupção passiva e lavagem de dinheiro.

Fachin também determinou que o filho de Meurer, Nelson Meurer Júnior, que também foi condenado, inicie a pena de 4 anos, 9 meses e 18 dias em regime semiaberto (quando é possível deixar o presídio durante o dia para trabalhar).

O ex-deputado e o filho dele foram presos em seguida, no Paraná.

Meurer e o filho foram condenados em maio de 2018. Trata-se da primeira prisão determinada pelo STF no âmbito da Lava Jato.

Segundo a denúncia feita pela Procuradoria Geral da República, Meurer teria recebido R$ 29,7 milhões em 99 repasses mensais de R$ 300 mil, operacionalizados pelo doleiro Alberto Youssef.

Fachin considerou protelatórios os recursos contra a condenação e mandou a prisão ser efetivada.

"Diante dessas particularidades, associadas ao intuito protelatório da irresignação defensiva até então pendente, determino a expedição de mandado de prisão para fins de início do cumprimento de pena por Nelson Meurer, em regime fechado", escreveu o ministro.

Em nota, o advogado de defesa de Meurer, Michel Saliba, afirmou que tomará as medidas legais cabíveis para reverter a decisão de Fachin.

"O histórico do andamento processual já é suficiente para esvaziar o fundamento de atitude procrastinatória por parte da defesa, com todas as vênias ao que decidido", diz o advogado (leia mais abaixo a íntegra da nota).

Maioria da 2ª Turma do STF condena Nelson Meurer, do Progressistas

Critérios para a prisão
Segundo Fachin, a PF deve cumprir a ordem "observando a máxima discrição e com a menor ostensividade, havendo auxílio de força policial somente em caso de extrema necessidade".

"Determino, ademais, que a autoridade policial evite exposição indevida, especialmente no seu cumprimento, abstendo-se de toda e qualquer indiscrição, inclusive midiática, bem como evitando o uso de armamento ostensivo."

Histórico da condenação
Meurer foi o primeiro condenado pelo STF na Lava Jato. Em abril deste ano, a Segunda Turma do Supremo negou recurso contra a condenação, abrindo caminho para a decretação da prisão.

A defesa ainda poderia recorrer novamente, mas, pelo entendimento consolidado do Supremo, estabelecido no julgamento do processo do mensalão do PT e em outros casos criminais, se os primeiros embargos são rejeitados, os segundos embargos são considerados protelatórios. Ou seja, têm intenção de atrasar o cumprimento da pena.

Por isso, a previsão era de que o novo recurso fosse rejeitado pelo colegiado para então determinar-se a prisão do ex-deputado.

Embargos de declaração são recursos que, em tese, não mudam a decisão condenatória, mas apontam supostas omissões ou contradições no processo, e podem resultar em redução de pena. Isso aconteceu, por exemplo, no processo do mensalão, quando três réus tiveram redução nas punições após embargos de declaração.


Leia a íntegra da nota enviada pela defesa de Meurer

A defesa, obviamente, respeita a decisão do Ministro Edson Fachin, mas irá tomar as medidas legais cabíveis para revertê-la, eis que há recurso muito bem fundamentado - que está longe de se caracterizar em medida procrastinatória - que precisa ser julgado pela 2ª Turma.

O histórico do andamento processual já é suficiente para esvaziar o fundamento de atitude procrastinatória por parte da defesa, com todas as vênias ao que decidido.

A defesa reafirma a necessidade de análise dos segundos embargos declaratórios, notadamente pelo fato de Nelson Meurer ter sido julgado em uma ação penal originária, decidida em instância única, sendo os embargos (os primeiros e os segundos, sim, o segundos!) as únicas oportunidades de o réu apresentar as razões que entende imprescindíveis ao justo deslinde da causa.
Herculano
31/10/2019 07:37
O VALOR DA IMPRENSA

O presidente da república, Jair Messias Bolsonaro, PSL, os da direita xucra, Luiz Inácio Lula da Silva, PT e os da esquerda do atraso, tem em comum, a desmoralização da imprensa independente e investigativa, quando lhes atinge.

Estranha coincidência.

Mas, é ela quem revela o que todos os lados tentam esconder os seus atos e interesses contra a sociedade ou a favor de amigos, bandidos, parentes, tudo com roubo dos pesados impostos dos brasileiros.

A rede sociais, berço e fomento da fake news, cada vez mais desacreditada neste fatos e propaganda de versões.

Outra. Quando Bolsonaro quer dar a sua versão ou sua explicação para fatos e feitos, ele procura a mídia tradicional que tanto repudia e ameaça. Estranho isso? Wake up!
Herculano
31/10/2019 07:32
A RAZÃO DA IRA DO PRESIDENTE DA LIVE QUE ARMOU NA ARÁBIA

De Ricardo Noblat, de Veja, no twitter:

A reportagem do JN na noite de terça mostrando o depoimento ?" que se revelou mentiroso ?" do porteiro do condomínio de Jair Bolsonaro gerou uma onda de rejeição ao presidente nas redes. 57% das mensagens foram favoráveis à denúncia da Globo. Os críticos foram 37%.
Herculano
31/10/2019 07:30
da série:Marcola, tem razão, ele está sendo discriminado pela Justiça e o jornalismo

RODA VIVA QUER ENTREVISTAR LULA DENTRO DA CADEIA

Conteúdo de O Antagonista. A TV Cultura pediu à Justiça Federal do Paraná autorização para entrevistar Lula ao vivo no Roda Viva, diz a Crusoé.

Sim, é um escárnio.
Herculano
31/10/2019 07:26
TODOS NAS RUAS NO DIA NOVE DE NOVEMBRO CONTRA O SUPREMO

O movimento Vem Pra Rua, está mobilizando via as redes sociais e está marcado para o do dia nove de novembro, o protesto contra o fim da prisão em segunda instância que deverá ser decidida pelo Supremo na semana que vem;

O MDB está quieto.
Herculano
31/10/2019 07:24
da série: o retrato de como gente bandida, poderosa e influente m munda, truca, engana e cria versões para os seus crimes, dificulta esclarecimentos e incrimina adversários via polícia, ministério público, justiça, redes sociais e até imprensa.

CACOS DO PORTEIRO DEVE AMPLIAR INFLUÊNCIA DE CARLOS BOLSONARO NO PODER, por Bruno Boghossian, no jornal Folha de S. Paulo

Personagens que agiram para desarmar bomba, como Aras e Moro, ganham espaço

A tensão provocada por episódios como o depoimento do porteiro do condomínio de Jair Bolsonaro tem potencial para mexer nas relações do centro do poder. O papel dos atores políticos no caso deverá ter efeitos na balança de influências do entorno do presidente.

Alguns personagens saem fortalecidos. Um deles é Carlos Bolsonaro. Foi o vereador carioca quem divulgou uma peça-chave para rebater publicamente uma informação dada pelo funcionário, que vincularia o pai a criminosos que mataram Marielle Franco em 2018.

Depois que o Ministério Público apontou a contradição no depoimento, Carlos escreveu: "Sou seu soldado há quase 20 anos e isso não vai mudar, independentemente do que vier. Estou preparado!".

Embora Carlos goze de uma influência sobre o governo inédita para um filho de presidente, o próprio Jair o havia desautorizado duas vezes nos últimos dias. Apagou uma publicação que criticava a possível revisão das prisões em segunda instância e outra que comparava o STF a uma hiena a acossar o presidente.

Não será surpresa se Carlos enfrentar menos restrições a partir de agora. "Outras calúnias virão e estarei aqui", publicou o filho do presidente. O resultado seria um avanço da radicalização do governo, defendida pela chamada ala ideológica do Planalto --alimentando, inclusive, novos embates com outros Poderes.


O jogo também muda para um agente em especial: Augusto Aras. A presteza com que o procurador-geral anunciou que a menção a Bolsonaro havia sido arquivada pelo Ministério Público e não passava de um "factoide" tende a reforçar suas conexões com o presidente.

O trabalho de Sergio Moro também não passou despercebido. Políticos e integrantes de tribunais superiores observaram que o ministro demonstrou alinhamento incomum ao presidente em seu pedido de abertura de investigação sobre o depoimento do porteiro. Resta saber se Bolsonaro vai retribuir e aumentar o prestígio do desgastado auxiliar.
Herculano
30/10/2019 07:26
PGR REJEITA INVESTIGAÇÃO SOBRE WITZEL E APROVA ATUAÇÃO POLICIAL NO RJ, por Renan Ramalho, em O Antagonista

A subprocuradora Lindôra Maria Araujo recusou abrir investigação sobre Wilson Witzel por suposta incitação e apologia ao crime.

O PC do B pediu ao STJ a responsabilização do governador por declarações que estariam estimulando a violência policial no Rio de Janeiro.

Citou discurso de janeiro, logo após assumir, em que disse: "Quem usa fuzil e não usa uniforme é inimigo, é terrorista e será abatido."

Para a subprocuradora, embora "graves e despropositadas", as falas "foram proferidas de modo genérico, não havendo uma conduta humana consciente e voluntária dirigida com a finalidade de uma prática delituosa".

Acrescentou que, em conflitos, atiradores de elite agem de forma "ponderada e refletida" e que, quando abatem um bandido para proteger uma vítima, são imunes de punição pela excludente de ilicitude.

"É verdade que o Governador é o comandante supremo das forças de segurança do Estado, e que sua palavra pode ser interpretada como orientação de conduta. Mas os snipers - porque atiradores de elite -, sabem distinguir vozes populistas, dirigidas a emular a turba, de vozes de comando, orientadas para o agir responsável, o agir da lei, em defesa da sociedade."
Herculano
30/10/2019 07:22
da série: quem escolheu os milianos como amigos preferenciais, foram os próprios bolsonaros. Agora, com as milícias e milicianos expostos, os bolsonaros estão sendo cobrados e chantageados na lealdade para abafar as maldades...

ACOSSADO POR FOGO AMIGO, BOLSONARO DECLARA GUERRA À GLOBO E A WITZELL, por Andrei Meirelles, em Os Divergentes

O quadro é caótico. Queiroz e supostos aliados na milícia parecem fora de controle. Até Carluxo desmente o pai sobre o vídeo das hienas. São muitas as frentes de batalha de Bolsonaro

Por inexperiência ou excesso de confiança, Dias Toffoli parece ter sido imprudente ao meter a mão na cumbuca das investigações sobre o assassinato de Marielle Franco. No dia 17 de outubro, ele teria sido consultado por dois procuradores do MP do Rio de Janeiro sobre como deveriam proceder diante do fato do nome do presidente Jair Bolsonaro ter aparecido em uma das apurações. Segundo o Jornal Nacional, Toffoli até hoje não respondeu.

O que contaram a Toffoli é que registros no caderno de visitas e depoimentos do porteiro do Condomínio Vivendas da Barra indicam que uma suposta autorização da casa de Jair Bolsonaro foi usada como cobertura para o encontro entre os dois assassinos, horas antes do crime.

O fato de Toffoli já saber sobre a denúncia e o nome do presidente da República ter sido citado são suficientes para que as investigações migrem da Justiça do Rio para o STF. Toffoli e seu parceiro Gilmar Mendes têm se esforçado para baixar a bola nas crises com Bolsonaro. Fizeram vistas grossas, por exemplo, ao vídeo em que Bolsonaro aparece como um leão cercado de hienas representadas por entidades como o próprio Supremo, a ONU e outras entidades. Só não ficou barato pelo forte puxão de orelha do decano Celso de Mello em Jair Bolsonaro. E pela estocada do ministro Marco Aurélio relacionando o tal vídeo a volta à tona de Fabrício Queiroz, o elo dos Bolsonaros com os esquemas de rachadinhas e as milícias cariocas.

O pretexto para uma reação mais cautelosa às escancaradas agressões é que seriam mais uma "travessura" do filho Carlos Bolsonaro, o Carluxo. Até essa desculpa se esfarelou. Horas depois do presidente pedir desculpa, seu assessor internacional Filipe Martins, da ala liderada por Olavo de Carvalho, repetiu em seu Twitter o ataque às "hienas" do establishment. "Só mudará quando o Brasil se tornar nação dos leões", escreveu. O próprio Carluxo desmentiu a versão do pai e cravou, com letras maiúsculas, que foi Jair Bolsonaro quem postou o vídeo das hienas. Ninguém o desmentiu.

Mas por que filhos e seus aliados se empenham em mostrar que o radicalismo não é exclusivo deles, tem o aval do pai presidente? No mundo político e em alas do próprio governo, a leitura é de que os olavistas, assustados com o que vem rolando na América do Sul, apostam que só terão sucesso no Brasil se partirem já para o confronto. Esperam atrair o próprio Jair Bolsonaro para essa aventura como forma de escapar do cerco das tais hienas.

As ameaças veladas de Fabrício Queiroz e a suspeita de envolvimento no caso Marielle podem ser fogo amigo da milicia. Eles estariam cobrando proteção. É o que se fala nos bastidores das investigações em Brasília. Bolsonaro escolheu outros alvos para contra-atacar. Fez um live, por volta das 4 da manhã em Riad, em que desanca a Globo, inclusive com a ameaça nada sutil de atrapalhar a renovação da concessão pública da emissora em 2022. Não poupou xingamentos. Bradou contra a "patifaria". Acusou, também, de maneira frontal o governador Wilson Witzel, que, com o propósito de tirá-lo do caminho na sucessão presidencial, teria resolvido destruir a família Bolsonaro, orientando a polícia e o ministério público a buscar provas contra eles.

Bolsonaro viajou para a Ásia e Oriente Médio em guerra com seu próprio partido. Vai voltar a Brasília com um elenco bem maior de oponentes. Sem saber inclusive se deve se preocupar mais com os adversários de sempre ou com o fogo de novos inimigos.

A conferir.
Herculano
30/10/2019 07:06
BOLSONARO EXPLORA A PARANOIA COMO MÉTODO POLÍTICO, por Bruno Boghossian, no jornal Folha de S. Paulo

Presidente quer convencer o país de que é vítima de uma ameaça permanente

Cercado por hienas e conspirações socialistas, Jair Bolsonaro quer convencer o país de que é vítima de uma ameaça contínua. A insistência do presidente em retratar críticos como vilões e atribuir seus infortúnios a complôs delirantes mostra que ele pretende governar em estado permanente de paranoia.

Esse estilo político foi descrito pelo historiador americano Richard Hofstadter num ensaio de 1964. Ele tomou emprestado o termo clínico para descrever um discurso baseado no exagero, na suspeição, no alarmismo e em fantasias conspiratórias.

A tática é apresentar o jogo democrático como um conflito entre o bem e o mal, anulando qualquer expectativa de moderação e convocando uma luta constante. "Visto que o inimigo é considerado totalmente mau e desagradável, ele deve ser totalmente eliminado", escreveu.

Governos com inclinações autoritárias costumam se apegar a esse método para destruir a legitimidade de instituições que delimitam seus poderes. Conluios são a justificativa ideal para quem quer adotar medidas excepcionais e punir rivais.

Nos últimos dias, Bolsonaro e sua equipe sugeriram repetidas vezes que os protestos no Chile e o resultado de eleições livres na Argentina não são produtos da vontade popular, mas uma intentona esquerdista que ameaça também o Brasil. O presidente até alertou os militares e pediu que eles ficassem de prontidão para reprimir manifestações.

Ao divulgar o vídeo em que retrata quase todos os seus críticos como animais agressivos e aproveitadores, o bolsonarismo amplia o recado: a fonte do perigo não são apenas opositores formais, mas qualquer personagem disposto a contrariar seus interesses ou sustentar uma desaprovação legítima ao governo.

O próprio Bolsonaro deixa claro que tudo não passa de enganação. Depois de lançar o alerta sobre o risco vermelho, ele divergiu de si mesmo. Em entrevista ao jornal O Estado de S. Paulo, o presidente disse achar que a esquerda "não tem futuro no Brasil num curto espaço de tempo".
Herculano
30/10/2019 07:03
TAXAÇÃO CRIMINOSA 'MATA' ENERGIA SOLAR NO BRASIL, por Cláudio Humberto, na coluna que publicou hoje nos jornais brasileiros

A taxação criminosa de 60% em quem investe na geração de energia fotovoltaica, pretendida pela Aneel, "agência reguladora" de energia, pode liquidar de vez a energia solar no Brasil, adverte o deputado Léo Moraes (Pode-RO), da Comissão de Minas e Energia da Câmara. "Isso é crime de lesa-pátria!", afirma. A taxação atende as distribuidoras de energia, que ambicionam alguns bilhões a mais, virando "sócias" dos geradores de energia solar. O caso deveria ser investigado pela polícia.

APENAS GANÂNCIA

"É o lucro a qualquer custo e que se lasque o Brasil", diz o deputado, autor de proposta de "convite" ao presidente da Aneel para depor.

BLINDAGEM IMERECIDA

Por mais graves que sejam suas presepadas, como esta, dirigentes de agências reguladoras não podem ser convocados, apenas convidados.

GOLPE VAPT-VUPT

Após incentivar consumidores a investirem em geração de energia solar, a Aneel agora quer penalizá-los com o aumento de encargos.

CAMPO PREJUDICADO

Além dos consumidores domésticos que gastaram pequenas fortunas em energia solar, agricultores serão os mais prejudicados pelo conluio.

ÊXITO DA VISITA SILENCIA CRÍTICOS DA LIGAÇÃO A ISRAEL

Fingem-se de mortos os críticos da visita do presidente Jair Bolsonaro a Israel, no fim de março. Juravam que os árabes estavam ofendidos, e não economizaram previsões catastróficas para as relações comerciais com aqueles países. Bolsonaro foi muito bem recebido e homenageado em todos os países árabes. Na Arábia Saudita, investimentos de US$ 10 bilhões (quase R$40 bi). Antes, havia sido saudado em Abu Dhabi com uma enorme bandeira do Brasil projetada no prédio mais alto.

LOROTEIROS PROFISSIONAIS

"Especialistas em Oriente Médio", agora mudos, foram localizados para advertir que o Brasil sofreria boicote comercial e até a ira terrorista.

VALE-TUDO NO ANONIMATO

A reação à aproximação a Israel beirou a histeria. Jornalões chegaram a transformar em manchete uma carta apócrifa de supostos diplomatas.

O BOICOTE SUMIU

Apesar das cassandras de tragédias que jamais se confirmam, as exportações cresceram para os países árabes. Só em julho, 27%.

BLINDAGEM MISTERIOSA

É curiosa a dificuldade de Bolsonaro para reclamar do filho Carlos. Sempre o desculpa e homenageia, como não distingue qualquer outra pessoa ou líder político de cujo apoio (e votos) seu governo necessite.

EXCESSOS DO TCU

Presidente do Sindifisco, Kleber Cabral atribui ao TCU uma "cruzada" contra a Receita, "a ponto de adentrar indevidamente no campo correcional", por isso acha que a liminar do STF reconhece excessos do tribunal ao pedir a lista de auditores que investigaram autoridades.

QUEM QUER DINHEIRO?

O Brasil anda louco para atrair investimentos, gerador negócios. Neste momento discute acordos de livre comércio com Cingapura e Coreia do Sul, no âmbito no Mercosul, e também com Vietnã e Indonésia.

TUDO SOBRE CUNHA

Será lançado nesta quarta (30) às 19h na Livraria Saraiva, no Brasília Shopping, a biografia não-autorizada do ex-presidente da Câmara Eduardo Cunha "Deus tenha misericórdia dessa Nação" (Ed. Record), de Aloy Jupiara e Chico Otávio, referência de jornalismo investigativo.

MUITOS ANOS DE HISTóRIA

Na homenagem a 31 anos da Constituição de 1988, na Câmara, quatro personagens da História se destacaram: o ex-presidente José Sarney e os ex-senadores Mauro Benevides, Hugo Napoleão e Albano Franco.

ANOS DE CHUMBO

O general Emílio Garrastazu Médici assumia há 50 anos, em 30 de outubro a Presidência, dando início oficial aos "anos de chumbo" da ditadura brasileira. Ele permaneceu no cargo até 15 de março de 1974.

FORA DO RADAR

A Secretaria Geral da Presidência da República confirmou não haver qualquer estudo sobre a liberação do uso de armas não-letais (tasers, spray de pimenta) pela população. Armas de fogo, sem problemas.

PACOTE ANTICRIME

O Grupo de Trabalho que analisa o pacote Anticrime do ministro Sérgio Moro se reúne nesta quarta-feira (30) para continuar a discussão e, se tudo der certo, votar o relatório do deputado Capitão Augusto (PL-SP).

PENSANDO BEM...

...se houver ameaça de óleo em Copacabana, no Réveillon, a solução vai aparecer como passe de mágica.
Herculano
30/10/2019 06:57
da série: Bolsonaro padece de um ditado popular que diz, "diga-me com quem você anda e que lhe direi quem você é". E esta insistência de acusar e desmoralizar a imprensa, judiciário, ministério público, políticos, adversários e o próprio partido é algo errático e lhe enfraquece. São muitas frentes de problemas.

BOLSONARO ATACA GLOBO E WITZEL E NEGA ENVOLVIMENTO NO CASO MARIELLE

Globo e governador criticam declarações de presidente após reportagem sobre investigação

Conteúdo do jornal Folha de S.Paulo. Texto de Gustavo Uribe, da sucursal Brasília. O presidente Jair Bolsonaro (PSL) reagiu à citação de seu nome na investigação do assassinato da vereadora Marielle Franco (PSOL) e, em tom irritado e agressivo, fez uma transmissão em redes sociais na qual atacou a TV Globo e o governador do Rio de Janeiro, Wilson Witzel (PSC).

Em viagem à Arábia Saudita, Bolsonaro acordou na madrugada de quarta-feira (30), noite de terça-feira (29) no Brasil, para responder a uma reportagem do Jornal Nacional, baseada no depoimento à Polícia Civil de um porteiro do condomínio onde o presidente tem casa no Rio de Janeiro.

Segundo a reportagem, o ex-policial militar Élcio Queiroz, suspeito de envolvimento no assassinato de Marielle e do motorista Anderson Gomes em março de 2018, disse na portaria que iria à casa de Jair Bolsonaro, na época deputado federal, no dia do crime. Os registros de presença da Câmara dos Deputados, no entanto, mostram que Bolsonaro estava em Brasília nesse dia.

Além de negar envolvimento no assassinato da vereadora, Bolsonaro chamou o governador do Rio de "inimigo" e ameaçou a não renovação da concessão da emissora de televisão em 2022.

"Acabei de ver aqui na ficha que o senhor [Witzel] teria vazado esse processo que está em segredo de Justiça para a Globo. O senhor só se elegeu governador porque o senhor ficou o tempo todo colado no Flávio Bolsonaro, meu filho", disse o presidente.

Segundo ele, o governador do Rio teria vazado essa informação da investigação porque é pré-candidato à disputa presidencial em 2022 e estaria empenhado em, segundo ele, "destruir a família Bolsonaro".

"Deixa muito claro que algo muito errado está neste processo. Eu gostaria de falar muito neste processo, conversar com esses delegados. Colocar em pratos limpos o que está acontecendo em meu nome. Por que querem me destruir? Por que essa sede pelo poder, senhor Witzel?", questionou.

Bolsonaro disse ainda que o processo de investigação da morte da vereadora está "bichado" e ressaltou que uma solução seria que, a partir de agora, ele fosse supervisionado pelo Conselho Superior do Ministério Público.

"Agora querer me vincular à morte da Marielle? Não vai colar. Não tinha motivo para matar quem quer que seja no Rio de Janeiro. Conheci essa vereadora no dia em que ela foi executada, em 14 de março", disse.

O PSOL afirmou que tentará audiência com o presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Dias Toffoli, nesta quarta (30) para tratar do caso. O partido quer que a corte autorize a polícia a investigar a menção a Bolsonaro, que tem foro privilegiado em razão do cargo.

Em uma série de críticas, Bolsonaro acusou a TV Globo de querer infernizar a sua vida e disse que, se a emissora tivesse "o mínimo de decência", não teria divulgado detalhes de uma investigação em segredo judicial.

"Vocês vão renovar a concessão em 2022. Não vou persegui-los, mas o processo vai estar limpo. Se o processo não estiver limpo, legal, não tem renovação da concessão de vocês, e de TV nenhuma. Vocês apostaram em me derrubar no primeiro ano e não conseguiram", disse.

No Brasil, as emissoras de TV e de rádio funcionam por concessões públicas, que precisam ser renovadas periodicamente.

Bolsonaro já havia feito menção à TV Globo nesta semana. A atual permissão da emissora vence em abril de 2023. A concessão é renovada ou cancelada pelo presidente, e o Congresso pode referendar ou derrubar na sequência o ato presidencial em votação nominal de 2/5 das Casas (artigo 223 da Constituição).

Segundo lei sancionada no governo Michel Temer (MDB), o presidente pode decidir sobre a concessão até um ano antes de ela vencer - ou seja, em abril de 2022, último ano do mandato de Bolsonaro.

Em tom exaltado, Bolsonaro chamou ainda de "patifaria" a cobertura que a emissora faz de seu mandato e disse que é feito um jornalismo "podre" e "canalha". Ele chamou ainda a imprensa de "porca" e "nojenta".

"Não vou conversar com vocês da TV Globo. Temos uma conversa em 2022. Eu tenho que estar morto até lá. O processo de renovação da concessão não vai ser perseguição", disse. "Mas tem de estar enxuto, legal. Não vai ter jeitinho para vocês, nem para ninguém, essa é a preocupação de vocês", acrescentou.

Para ele, o objetivo da emissora de televisão é prender o seu filho e senador Flávio Bolsonaro (PSL-RJ), investigado pelo Ministério Público do Rio de Janeiro por suspeitas das práticas de lavagem de dinheiro, peculato e organização criminosa em seu gabinete parlamentar na época em que era deputado estadual.

"Parem de trair o Brasil. Não estão traindo a mim, não. Estão traindo o Brasil", disse. "Não tem dinheiro público para vocês. Vão ficar me infernizando até quando?", questionou.

Em relação ao caso Marielle, Bolsonaro afirmou ainda que o porteiro pode ter assinado o depoimento sem ler. "O que parece? Ou que o porteiro mentiu, ou que induziram o porteiro a cometer um falso testemunho, ou que escreveram algo no inquérito que o porteiro não leu e assinou na confiança. A intenção é sempre a mesma", afirmou.

Em entrevista à TV Record ainda na noite desta terça, Bolsonaro voltou a acusar Witzel de ter vazado à TV Globo as informações sobre o depoimento.

Bolsonaro afirmou que o inquérito da Polícia Civil do Rio de Janeiro está sendo mal conduzido e que há uma tentativa de criar uma cortina de fumaça para encobrir a real autoria do crime.

WITZEL CRITICA REAÇÃO DE PRESIDENTE; GLOBO LAMENTA DECLARAÇÕES

A Globo afirmou em nota que lamenta que o presidente demonstre "não conhecer a missão do jornalismo de qualidade e use termos injustos para insultar aqueles que não fazem outra coisa senão informar com precisão".

Disse que "não fez patifaria nem canalhice" e que a mera citação do nome do presidente leva o Supremo a analisar a situação.

"[A reportagem] ressaltou, com ênfase e por apuração própria, que as informações do porteiro se chocavam com um fato: a presença do então deputado Jair Bolsonaro em Brasília, naquele dia, com dois registros na lista de presença em votações. O depoimento do porteiro, com ou sem contradição, é importante, porque diz respeito a um fato que ocorreu com um dos principais acusados, no dia do crime."

Sobre as declarações de Bolsonaro de que renovará em 2022 a concessão se o processo estiver "enxuto", a Globo disse que não poderia esperar do presidente outra atitude. "Há 54 anos, a emissora jamais deixou de cumprir as suas obrigações."

O governador Wilson Witzel divulgou nota no fim da noite dizendo lamentar profundamente a "manifestação intempestiva do presidente" e que foi "atacado injustamente".

"Jamais houve qualquer tipo de interferência política nas investigações conduzidas pelo Ministério Público e a cargo da Polícia Civil. Em meu governo, as instituições funcionam plenamente e o respeito à lei rege todas nossas ações. Não transitamos no terreno da ilegalidade, não compactuo com vazamentos à imprensa", disse o governador.

Ele também afirmou que defenderá o equilíbrio e o bom senso nas relações pessoais e institucionais, como fez nos anos em que exerceu a magistratura.

O procurador-geral de Justiça do Rio de Janeiro, Eduardo Gussem, disse que as investigações sobre as mortes de Marielle Franco e do motorista Anderson Gomes continuam a cargo da Delegacia de Homicídios subordinada à Polícia Civil do Rio. Também afirmou que o trabalho é acompanhado pelo Ministério Público e tramita sob sigilo.
Herculano
30/10/2019 06:43
O REI DOS ANIMAIS, por Carlos Brickmann

Era uma vez um leão criado entre hienas e, tendo assimilado seus hábitos, pouco temido por elas. Quando os animais o elegeram seu rei, tomou posse do cargo com toda a pompa. Mas que fazer com as hienas, íntimas, que sabiam o que ele tinha feito no verão passado?

Num belo dia, desfilando sua juba e seus urros, nosso leão foi desafiado por um grupo de hienas - que, embora portassem cartazes de identificação, tipo Supremo, PSL, Isentão, não se preocuparam em ser reconhecidas: foram para cima do leão, que urrava, ameaçava e continuava sendo atacado. Por pouco não pereceu, mas foi salvo por uma bela fêmea, identificada como Patriota Conservadora. E tudo terminou bem, num merecidíssimo descanso.

Este é o filme que foi repassado do Twitter do presidente Jair Bolsonaro. É copiado da BBC Earth, https://www.huffpostbrasil.com/2018/12/03/um-leao-contra-mais-de-20-hienas-o-video-de-natureza-mais-eletrizante-de-2018_a_23607031/, e deve ter custado caro. Mesmo assim, foi retirado do ar tão logo o Governo percebeu com quem estava puxando briga. Mais caro ainda custou ao presidente: o STF inteiro se irritou ao ser chamado de bando de hienas, o PSL, ninho dos Bolsonaros, dificilmente aceitará em paz ser comparado a hienas, ficou claro a jornais e jornalistas que o Governo os detesta. Haverá reação - e a oportunidade está aí, a CPI das Fake News.

Joice diz que sabe o que fizeram no verão passado. E não é a única.

MODERNO A JUBA

Quem vai depor na CPI das fake news? Um nome certo é Paulo Marinho, em cuja casa, no Rio, esteve montado o QG da distribuição bolsonarista de fake news.

Bolsonaro, terminada a eleição, nunca mais procurou Marinho. Ele se ligou a João Doria, que quer ser candidato. Alexandre Frota conhece muito. Há outros - embora não se saiba se todos estão com raiva suficiente para contar o que sabem. Gustavo Bebbiano, por exemplo. Ou o general Santos Cruz, ambos demolidos pelo trio 000, os filhos do presidente. Como estará Magno Malta, rejeitado por Bolsonaro para o governo? E há Joice.

SOSSEGA, LEÃO

Joice Hasselmann, ainda antes da CPI, já está batendo duro, e lançando as bases do que poderá ser um pedido de impeachment do presidente. Ela já disse que as notícias falsas eram produzidas por um grupo comandado por funcionários dos filhos de Bolsonaro. E, na televisão, completou a história: esse pessoal teria atuado até mesmo no gabinete do presidente da República, no Palácio do Planalto. Isso, se for confirmado, configura crime eleitoral e abre campo legal para a cassação do mandato do presidente.

FRASE

Do decano Celso de Mello, o mais respeitado ministro do Supremo, sobre o filme em que Bolsonaro chama o tribunal de "hiena": "O atrevimento presidencial parece não encontrar limites". No tribunal, houve lembranças dos ataques da família presidencial, inclusive a declaração do 03 Eduardo Bolsonaro sobre o número de soldados necessário para fechar o Supremo.

Digamos que, nos julgamentos de interesse do presidente, nenhum dos ministros do STF estará com ânimo claramente favorável a Bolsonaro.

CADÊ A DIPLOMACIA?

A julgar pelas primeiras atitudes do presidente eleito argentino com relação ao Brasil e de Bolsonaro com relação a ele, o relacionamento entre os dois países, grandes parceiros comerciais, enfrentará tempos turbulentos. O novo presidente argentino ignorou que o Brasil é uma democracia e tem instituições consolidadas, e disse que Lula está preso injustamente. Culminou com o grito de "Lula Livre". Bolsonaro se negou a cumprimentar o presidente argentino pela vitória, e seu chanceler, Ernesto Araújo, disse que "as forças do mal comemoram" a vitória da chapa Fernández-Kirchner.

As negociações entre ambos, prevê-se, deverão ser muito difíceis. A função da diplomacia é permitir que os países cheguem a acordos mesmo quando seus mandatários não se entendem. Se a diplomacia é ignorada ?" e isso acontece de ambos os lados ?" como irá, por exemplo, funcionar o Mercosul? E como fica o acordo do Mercosul com a União Europeia?
Herculano
30/10/2019 06:26
da série: político que vende pureza precisa ser puro, ainda mais quando não tem base política mínima para protegê-lo. Bolsonaro para se defender sempre está atacando, vive rodeado de filhos bombas e que estão destruindo o seu discurso; seu passado estava "protegido pela desimportância dele na política, agora é alvo natural dos adversários e quando revelado se torna um problema, e para completar Bolsonaro está atirando no próprio partido.... É muita coisa de uma só vez... O sairá disso como super-heroi, ou vi ser moído...

FANTASMA MARIELLE ROMPE CORTINA DE FUMAÇA DO CLÃ BOLSONARO, por Igor Gielow, no jornal Folha de S.Paulo

Aos poucos, casos Queiroz e Marielle vão convergindo, mas citação ao presidente precisa ser apurada

Que não há nada de casual na mais recente impropriedade institucional de Jair Bolsonaro, até ministro do Supremo já fala em voz alta. É o Queiroz, estúpido, diria o velho marqueteiro James Carville.

Aparentemente, a julgar pelas informações veiculadas pelo Jornal Nacional desta terça (29), talvez não só o antigo carregador de malas do clã Bolsonaro. O fantasma do caso Marielle Franco voltou com força a rondar a família presidencial, como tem feito de forma cíclica desde o começo de seu mandato.

Resumidamente, registros de portaria e um depoimento indicam que o acusado de dirigir o carro usado na execução da vereadora carioca disse que ia visitar a casa de Bolsonaro em um condomínio na Barra da Tijuca (Rio) antes do crime.

Ele foi para outra residência e Bolsonaro, apesar de um depoimento frágil dizer que ele estaria lá, estava com presença registrada na Câmara em Brasília. O álibi factual é bom, mas combinemos: só o fato de o nome do presidente estar numa investigação rumorosa como essa, e o STF (Supremo Tribunal Federal) ter de se posicionar sobre o caso, já é bastante ruim politicamente para o grupo ora no poder.

A primeira reação de Bolsonaro ao caso pode até funcionar para sua base de apoio, mas um observador mais imparcial viu um presidente descontrolado, aos berros de um hotel na Arábia Saudita, dizendo que não matou ninguém. Por óbvio, se a investigação nada demonstrar contra ele ou os seus, terá sido uma aposta razoável.

Assim como no episódio do tuíte com o STF e outros sendo chamados de hienas, não deve passar despercebido como o bolsonarismo anda alimentando uma paranoia de conspiração esquerdista continental. Se depender do filho deputado do presidente, o agora sem-embaixada Eduardo (PSL-SP), o Brasil pode até namorar práticas ditatoriais se houver uma radicalização pelas ruas daqui - se alguém viu algo, reporte, porque até onde a vista alcança a tese de contaminação de protestos chilenos não passa de um delírio. Mas o fumo segue subindo e infectando o ambiente.

Há outros elementos. Além dessas graves ilações do caso Marielle, que obviamente demandam apuração, também corre em círculos do Judiciário a informação de que a investigação sigilosa envolvendo Carlos Bolsonaro, o famoso vereador Carluxo (PSC-RJ) responsável pelo tuíte mundo animal do pai presidente, começou a engrossar. O Ministério Público do Rio avançou em frentes importantes relativas àquilo que já se sabe, a contratação de supostos funcionários fantasmas.

Quem conhece o assunto diz que há novos veios sendo explorados, e que talvez haja convergências nas apurações já existentes acerca do papel de Fabrício Queiroz, que resolveu mandar recados acerca de seu isolamento financeiro e político na forma de áudios vazados com indiscrições envolvendo o presidente e seu último empregador no clã, o hoje senador Flávio (PSL-RJ).

A batata quente da citação a Bolsonaro caiu, segundo o relato do JN, no colo do presidente do Supremo, Dias Toffoli. Egresso das hostes petistas e convertido ao gilmar-menderismo, Toffoli opera num registro de acomodação que, para muitos observadores, embute pretensões políticas maiores.

E é notável como, quando os rolos de Flávio dependeram de decisão sua, ele matou no peito. Se alguns o acusam de acerto com o Planalto, outros podem ver controle situacional, agora ainda maior.

Tais gravidades, que precisam da luz da informação para não se prestarem apenas a histerias rasas, não deveriam deixar a descoberto um aspecto importante do episódio das hienas, refletido na ligeireza com a qual Marco Aurélio Mello tratou do tema ao comentá-lo. Falo do efeito no médio e longo prazos dessa esgarçadura metódica do tecido institucional brasileiro.

Para acalmar bolsonaristas e petistas, é sempre possível argumentar que ela está em expansão eterna desde a formação do Brasil colônia. Mas é inevitável apontar que a degradação sob Bolsonaro é de deixar corado até Lula, que sempre se esmerou em fazer um jogo cínico com aspecto de esperteza malandra e gregária.

E nem falo aqui do modus operandi da base. Bolsonaristas aprenderam todos os truques petistas e os desenvolveram ao paroxismo: mentiras, distorções, ataques a reputações, enfim, tudo o que se sabe. O que o mensalão e o petrolão foram para o aprimoramento de métodos larápios da turma da esquerda, o mundo das redes é para os radicais da direita na disputa de imagem.

Bolsonaro consegue sempre dar um passo mais abaixo, como notou o decano Celso de Mello ao falar das hienas presidenciais. E quase invariavelmente o comportamento do titular do Planalto tem a ver com as atividades de seus filhos, uma coisa inédita nesses campos, como observou recentemente o guru da centro-direita Jorge Bornhausen.

Tudo isso é temperado pelo misto da ignorância de qualquer traço de urbanidade cosmopolita e absoluta crença numa preconceituosa sabedoria popularesca ?"vide os comentários machistas na Arábia Saudita. E servido num prato com a esperança de que os sinais de melhoria econômica sejam mais do que isso.

É uma versão baratinha do já vulgar Donald Trump, cujos efeitos sobre uma sociedade muito mais estruturada como a norte-americana ainda não são claros. Aqui, se forma um legado tóxico, mas cujo impacto está num horizonte algo avançado. No mais imediato, o que chama a atenção mesmo é a convergência dos casos Queiroz e Marielle, que obviamente dependem de apuração técnica e desapaixonada. Isso dito, é de se esperar mais fumaça pela frente.
Herculano
30/10/2019 06:10
da série: novamente enxergando as hienas erradas, muitas delas (milicianos) fizeram parte do seu passado via os filhos que mandam e desmandam e agora Bolsonaro é vítima dessa aproximação

"GOSTARIA MUITO DE SER OUVIDO", DIZ BOLSONARO SOBRE CASO MARIELLE

Conteúdo de O Antagonista. Pouco depois de o Jornal Nacional noticiar, com base no depoimento do porteiro que estava na guarita, que um dos suspeitos de participar do assassinato de Marielle Franco esteve no condomínio de Jair Bolsonaro, no Rio, no dia 14 de março de 2018, o presidente - que já havia feito uma live para tratar do caso - concedeu uma entrevista ao Jornal da Record.

Bolsonaro disse que está à disposição das autoridades, voltou a negar qualquer envolvimento no caso Marielle e acusou o governador do Rio, Wilson Witzel, de estar por trás dessa acusação.

"Posso ser ouvido. Estou disposto a colaborar nesse processo. [O processo] Está mal conduzido e eles querem jogar uma cortina de fumaça e jogar para cima de mim a responsabilidade dessa execução", disse. "Gostaria muito de ser ouvido nesse inquérito, não tem problema."

Repetindo o que já havia dito na live, Bolsonaro destacou que estava em Brasília, na Câmara dos Deputados, naquela data.

"Estava em Brasília. Logicamente, vou querer saber do porteiro se ele ligou para lá de verdade, para o meu apartamento. Pelo que me consta, nenhum homem mais estava em casa nesse horário", afirmou Bolsonaro. "Nesse mesmo dia, eu não estava no Rio de Janeiro."

Sobre Witzel, Bolsonaro disse:

"Quem vazou para a TV [Globo] foi o senhor governador Witzel. (...) O governador se elegeu graças ao meu filho Flávio Bolsonaro. Ao assumir o governo do Rio de Janeiro, imediatamente ele tornou-se inimigo do Flávio e da minha família."
Herculano
30/10/2019 06:05
da série: o carteiro é o culpado pela notícia da carta que ele entrega.

"A GLOBO NÃO FEZ PATIFARIA NEM CANALHICE"

A Rede Globo enviou a seguinte nota a O Antagonista, sobre a fala de Jair Bolsonaro na sua última live:

"A Globo não fez patifaria nem canalhice. Fez, como sempre, jornalismo com seriedade e responsabilidade. Revelou a existência do depoimento do porteiro e das afirmações que ele fez. Mas ressaltou, com ênfase e por apuração própria, que as informações do porteiro se chocavam com um fato: a presença do então deputado Jair Bolsonaro em Brasília, naquele dia, com dois registros na lista de presença em votações. O depoimento do porteiro, com ou sem contradição, é importante, porque diz respeito a um fato que ocorreu com um dos principais acusados, no dia do crime. Além disso, a mera citação do nome do presidente leva o Supremo Tribunal Federal a analisar a situação. A Globo lamenta que o presidente revele não conhecer a missão do jornalismo de qualidade e use termos injustos para insultar aqueles que não fazem outra coisa senão informar com precisão o público brasileiro. Sobre a afirmação de que, em 2022, não perseguirá a Globo, mas só renovará a sua concessão se o processo estiver, nas palavras dele, enxuto, a Globo afirma que não poderia esperar dele outra atitude. Há 54 anos, a emissora jamais deixou de cumprir as suas obrigações."

"A Globo não fez patifaria nem canalhice. Fez, como sempre, jornalismo com seriedade e responsabilidade. Revelou a existência do depoimento do porteiro e das afirmações que ele fez. Mas ressaltou, com ênfase e por apuração própria, que as informações do porteiro se chocavam com um fato: a presença do então deputado Jair Bolsonaro em Brasília, naquele dia, com dois registros na lista de presença em votações. O depoimento do porteiro, com ou sem contradição, é importante, porque diz respeito a um fato que ocorreu com um dos principais acusados, no dia do crime. Além disso, a mera citação do nome do presidente leva o Supremo Tribunal Federal a analisar a situação. A Globo lamenta que o presidente revele não conhecer a missão do jornalismo de qualidade e use termos injustos para insultar aqueles que não fazem outra coisa senão informar com precisão o público brasileiro. Sobre a afirmação de que, em 2022, não perseguirá a Globo, mas só renovará a sua concessão se o processo estiver, nas palavras dele, enxuto, a Globo afirma que não poderia esperar dele outra atitude. Há 54 anos, a emissora jamais deixou de cumprir as suas obrigações."
Herculano
29/10/2019 16:41
da série:em defesa das boquinhas e do Brasil do atraso orquestrado pelos políticos que comem os nossos pesados impostos


PDT ACIONA SUPREMO CONTRA PRIVATIZAÇõES

Conteúdo de O Antagonista. O PDT pediu ao STF que suspenda a privatização de seis estatais.

São elas: a Casa da Moeda do Brasil, o Serviço de Processamento de Dados (Serpro), a Empresa de Tecnologia e Informações da Previdência Social (Dataprev), a Agência Brasileira Gestora de Fundos Garantidores e Garantias S/A (ABGF) e a Empresa Gestora de Ativos (Emgea) e o Centro Nacional de Tecnologia Eletrônica Avançada S/A (Ceitec).

Segundo a legenda, a venda das empresas não pode ser feita por meio de decretos, "em violação ao princípio constitucional da legalidade, mas por lei específica aprovada pelo Congresso Nacional".
Herculano
29/10/2019 12:00
TÁTICA

No twitter do presidente Jair Messias Bolsonaro, PSL, ontem, um vídeo mostrava um leão sendo atacado pelas hienas, e quando elas fazem isso em bando e de forma coordenadas, acusam e botam o leão - o rei da selva - para correr.

Um fafafá. O vídeo saiu duas horas depois do ar.

O decano ministro Celso de Mello, tomou as dores do STF retratado como uma das hienas

Há pouco, o próprio presidente reconheceu que teria sido um erro o vídeo (talvez postado pelo filho Carlos na sua conta do twitter). Pediu desculpas.

Jogo. O recado foi dado. A reação mostra isso. O objetivo atingido. Mas, haverá danos colaterais. Não no STF, onde a coisa está fora de controle não contra os Bolsonaros e o poder de plantão, mas contra os brasileiros pagadores de pesados impostos e que foram roubados pela quadrilha organizada do PT, da esquerda do atraso e do Centrão que foi comprado por essa gente.

O STF fazendo a festa e os brasileiros - os verdadeiros leões - acuados pelas predadoras e famintas hienas.
Herculano
29/10/2019 11:48
da série: um aviso aos daqui com mandato e que treinam para pular a cerca com ajuda de técnicos mal informados.

AÇõES DE TABATA E DO PSL POR MANDATOS FORTALECEM SIGLAS, DZI EX-MINISTRO DO TSE

Para Cesar Asfor Rocha, que ajudou a cristalizar jurisprudência no tema, deputados terão que provar justa causa

Conteúdo do jornal Folha de S. Paulo. Texto e entrevista de Joelmir Tavares. Relator da ação que consolidou em 2007 o entendimento de que o mandato pertence ao partido nos cargos proporcionais, o ex-ministro do TSE (Tribunal Superior Eleitoral) Cesar Asfor Rocha, 71, vê como improvável uma mudança na regra.

O assunto voltou a ser discutido por causa dos processos da deputada federal Tabata Amaral (PDT-SP) e de outros parlamentares que entraram na Justiça para deixar suas legendas sem perder a cadeira no Congresso.

PDT e PSB declararam guerra a 19 deputados que descumpriram a orientação de votar contra a reforma da Previdência e marcaram sim ao projeto, em julho. Para as siglas, eles incorreram em infidelidade partidária.

Neste mês, sete dissidentes das duas legendas recorreram ao TSE. Tabata argumentou estar sofrendo perseguição e pediu para ser liberada do PDT. O tribunal ainda não julgou as ações.

Em outro caso que deve ser judicializado, parlamentares que cogitam deixar o PSL se o presidente Jair Bolsonaro romper de vez com a sigla devem requerer o direito de trocar de agremiação e conservar o mandato.


Asfor Rocha disse à Folha que o debate jurídico deve girar em torno da existência ou não de justa causa - uma das hipóteses em que a lei permite ao deputado se desfiliar e manter o cargo para o qual foi eleito.

No caso que relatou, o ministro aposentado, que agora é advogado, respondeu a uma consulta feita pelo PFL (hoje DEM). O voto dele foi favorável à tese de que o partido exerce papel fundamental na eleição do candidato e, portanto, detém a propriedade do mandato.

Para o ex-magistrado, a avalanche de ações, em vez de enfraquecer a regra, ajudará a cristalizá-la. "Eu acho que isso será profilático."

Asfor Rocha atuou de 2003 a 2007 no TSE e de 1992 a 2012 no STJ (Superior Tribunal de Justiça), corte que presidiu de 2008 a 2010.

Como o sr. vê esses questionamentos na Justiça sobre a propriedade do mandato? Acho que o foco da discussão não será sobre a quem pertence o mandato. Seria provocar a Justiça Eleitoral e o próprio Supremo a recuar de um entendimento que foi muito bem recebido pela sociedade e pela classe política também. O grande tema será a justa causa.

Há insinuações de que essas ações em série podem embaralhar o ordenamento jurídico, descredibilizar um entendimento consolidado. Acho que a Justiça Eleitoral terá serenidade para decidir e não vai banalizar o tema. É uma ótima oportunidade. Vez por outra, é bom haver um pronunciamento sobre conceitos que já estão consolidados, sem que haja necessariamente modificação da lei. São as releituras daquilo que está posto.

Se os deputados obtiverem sucesso, a norma sobre a propriedade do mandato não sai fragilizada? Não, eu acho que não. Porque nem todos vão conseguir [decisão favorável]. Penso que é o contrário: no fim de tudo, o que vai se verificar é que realmente o partido é que é forte. Vamos ver que do jeito que está está certo.

Não se cria uma insegurança jurídica? Não. Vamos ver que não haverá nem omissão nem exageros por parte do Judiciário, e a lei vai prevalecer.

Conhecendo a Justiça Eleitoral como eu conheço, não tenho dúvida de que tudo isso será julgado com muito temperamento. Será dada a liberdade de mudar de partido àquele que comprovar as razões previstas na lei.

Essa onda de processos, então, não lhe parece problemática? Mudar de partido não é ilicitude. A lei prevê a perda do mandato justamente para proteger o partido pelo qual o candidato foi eleito. Não é para penalizar quem mudou de partido, mas para prestigiar o partido.

Isso é extremamente relevante, porque o partido é o esteio por onde devem fluir todas as reivindicações populares.

O sr. reitera a necessidade e a importância dos partidos na democracia, a despeito de todos os ataques que eles vêm sofrendo. Por quê? O prestígio ao partido político é a pedra de toque da democracia. Você pode ter alguns líderes partidários que realmente cometam desmandos, mas a grande maioria não é assim.

Nos casos atuais, o sr. vê alguma razão fortuita ou mal justificada nos pedidos de desfiliação? Uma das possibilidades previstas na norma é grave perseguição pessoal. A deputada Tabata diz que sofreu discriminação e, pelo que li, ela tem dados convincentes.

A discriminação tem que ser decidida caso a caso. Quem quiser mudar de partido sob esse argumento tem que provar isso. Não pode ser um mero aborrecimento, tem que ser algo mais contundente.

No caso do PSL, uma das hipóteses que os advogados levantam seria usar como justa causa a falta de transparência no uso dos recursos pela atual direção do partido. A lei comporta essa interpretação? Se forem gritantes os desmandos praticados pelos dirigentes, é evidente que isso gera desconforto às pessoas que integram o partido. Mas teria que ser uma coisa muito gritante.

É uma alegação plausível, mas não vou dizer que é terminativa. Depende da carga de prova que eles levarem e se o tribunal vai concordar.

Então há chance de os deputados conseguirem fazer valer esse argumento? Olha, os advogados são muito criativos, né? Eu digo no bom sentido mesmo. Pode ser, por exemplo, que consigam algum elemento que possa ser transmudado em desvio do programa partidário, que é uma das possibilidades explicitadas na lei.

Pode haver uma inovação jurídica, uma rediscussão, mas sem esticar os limites. Acho que isso tudo será profilático. Para esclarecer, nesta nova era da política brasileira, o que a lei quis realmente reger sobre fidelidade partidária.

Os deputados de PDT e PSB descumpriram orientação de voto, uma das situações que caracterizam infidelidade partidária. Fechamento de questão é um instrumento é autoritário? Acho que não. O partido pode ter na sua linha programática determinados valores que têm que ser obedecidos, sob pena de desconfiguração do discurso da legenda para atrair seus eleitores.

Se foi descumprido estritamente aquilo que está posto, eu não vejo autoritarismo [em punir]. O que pode ter acontecido é algum movimento interno que autorize o deputado a votar de maneira diferente. Aí, se existir essa brecha, uma punição seria autoritarismo.

É o caso de Tabata, que afirma não ter descumprido o fechamento de questão do PDT. Ela fala que a reforma à qual deu sim não era a mesma recusada pelo partido, já que o texto enviado pelo governo foi aperfeiçoado na Câmara. Agora cabe à Justiça decidir se ela estava autorizada a votar a favor da reforma da Previdência, sob esse aspecto do que foi acordado com o partido.

??No caso dos cargos escolhidos em eleição majoritária (prefeito, governador, senador e presidente da República), o Supremo confirmou em 2015 que o mandato pertence ao eleito, e não ao partido. O sr. concorda? Se eu soubesse, em 2007 eu teria avançado no voto também para os majoritários, com a posição de que o eleito também não poderia mudar de partido. Eu fui muito pelo aspecto do apoio que o partido dá aos candidatos proporcionais. Só que esse apoio também é dado aos majoritários.

As duas regras são conflitantes? Realmente, é uma contradição muito grande. Na eleição proporcional, uma pessoa pode ser eleita sem ter os votos necessários para ser eleita. Na majoritária, embora se vote na pessoa, também há influência do partido.

Algumas pessoas veem como solução a permissão no Brasil de candidaturas independentes, ou seja, sem a exigência de filiação a partido. O STF deve julgar uma ação sobre o caso. O que o sr. pensa? Eu, particularmente, sou contra as candidaturas avulsas. Quantas candidaturas você iria ter? Eu não consigo saber como seria a política feita dessa forma.

Um dos argumentos dos que defendem a esse formato é que se estabeleceria uma competição para os partidos, que teriam que se esforçar para ser atrativos. Aí eu pergunto: quem é que tem condições de ser eleito como candidato avulso? Esse ajuste, como é que vai ser? Se for para fazer alguma alteração, que seja a implementação do voto distrital misto.
Herculano
29/10/2019 11:38
PROTESTOS NO CHILE E O CINISMO DA ESQUERDA, por João Cesar de Melo, no Instituto Liberal e publicado no site da Gazeta do Povo, Curitiba PR

Duas semanas atrás, começou uma onda de vandalizações no Chile. Grupos de marginais mascarados promoveram todo tipo de depredação, forçando o governo a reagir de forma violenta, chegando a decretar toque de recolher em Santiago.

Os vândalos diziam que protestavam pelo aumento de 30 pesos (equivalente a vinte centavos de real) no preço das passagens de metrô e pediam o fim do "projeto neoliberal fracassado", marcado pela desigualdade social e pela privatização da previdência e do sistema de saneamento urbano.

De trás para frente...

Já faz algum tempo que o Chile se tornou o país mais desenvolvido da América Latina, tendo os melhores índices econômicos e sociais.

A privatização da previdência foi a substituição do sistema estatal em que os mais pobres sustentavam as pensões dos mais ricos por um sistema privado de capitalização em que cada cidadão recebe como pensão valores proporcionais ao que investiu. Isso é ótimo! Cada cidadão passa a ser responsável por seu futuro. Aos mais pobres, o governo assegura uma pensão que lhes garante uma renda mínima na velhice. O valor médio das pensões no Chile é de 400 dólares. Quem quer uma pensão maior deve investir mais.

Reclamam da privatização do sistema de abastecimento e saneamento como se o resultado tivesse sido ruim. Não foi. Muito pelo contrário. Os chilenos contam com quase 100% de assistência.

Quanto à "desigualdade", é a ladainha cretina de sempre, que julga as diferenças de renda, não o padrão de vida das pessoas consideradas pobres, que, no Chile, é superior ao de todos os países do continente - o país está na posição 44° no IDH e o Brasil em 79°.

Quanto ao "projeto neoliberal fracassado", ele não aconteceu porque tal projeto não foi aplicado. O que o Chile implementou foi LIBERALISMO mesmo.

Considerando o que a esquerda define como neoliberalismo, os melhores exemplos foram os governos do PSDB e do PT, que tentaram promover uma falsa liberdade econômica baseada em regulações e subsídios - por isso fracassaram. O Chile, já nos tempos de Pinochet, iniciou um processo de desregulamentação do mercado, de concessão de serviços públicos à iniciativa privada e de garantias à liberdade econômica e à austeridade fiscal do estado, impedindo que a cada novo governo houvesse mudanças nessas políticas.

Obviamente, o país não é um modelo perfeito sob a ótica liberal, mas, comparado ao Brasil, ele está disparado na frente. No ranking de liberdade econômica, o Chile está na 18° posição e o Brasil na 150°.

Chegamos, então, aos "vinte centavos" dos black blocs chilenos. Os brasileiros já viram esse filme: grupos de esquerda tentando impor a ideia de serviços públicos "gratuitos e de qualidade", levando na mochila outras pautas socialistas. Só que, no caso chileno, há outras intenções.

Na semana passada, a OEA denunciou expressamente que Venezuela e Cuba estão por trás das ondas de violência no Equador, na Colômbia, no Peru e no Chile. A última edição da Revista Crusoé informa que as autoridades chilenas têm evidências da participação de venezuelanos e cubanos em alguns dos 25 ataques a estações de metrô que ocorreram num intervalo de dez minutos. Uma semana antes, Nicolás Maduro reconheceu que tais eventos foram delegados na última edição do Foro de São Paulo, realizado em Caracas no final de julho.

A intenção desses atos era dar material para a imprensa reportar as ondas de vandalismo como "manifestações populares" e a reação do governo de direita como "violência contra estudantes" e "repressão política". Tiveram êxito. A popularidade do presidente Sebastián Piñera despencou. O povo tomou as ruas para manifestar suas queixas contra o atual governo.

Porém, há um abismo gigantesco entre a vontade de derrubar um governo por meio do terrorismo e o ato de manifestar pacificamente certas insatisfações contra ele.

O que houve foi uma bem-sucedida campanha de manipulação da opinião pública. De forma alguma essas multidões representam as ideias condensadas no Foro de São Paulo. Se a esquerda contasse com tanto apoio, ela não precisaria ter recorrido à violência para ser ouvida. A esquerda sabe que a grande maioria das pessoas não concorda com seu radicalismo, mas também sabe que as massas podem ser manipuladas ?" eis a serventia da imprensa ?' a apoiar algumas pautas que, mais à frente, dão poder para a esquerda implantar outras, impopulares.

O cinismo da esquerda espanta. Manifestações como as de sexta-feira em Santiago seriam vistas por ela mesma como fascistas e golpistas se fossem contra seus governos. A esquerda chamou de fascistas golpistas as dezenas de milhões de brasileiros que foram às ruas pacificamente pedir o impeachment de Dilma; chamou de fascistas golpistas os venezuelanos que protestaram contra a ditadura socialista que jogou o país na miséria; está chamando de fascistas golpistas os bolivianos que estão protestando contra a fraude eleitoral que deu o 4° mandato de presidente a Evo Morales, integrante do Foro de São Paulo.

É importante que os brasileiros atentem ao que está acontecendo. A esquerda liderada pelo PT está tentando criar factóides para enfraquecer o governo de Jair Bolsonaro ou até para derrubá-lo. Tentaram com os hackers. Tentaram com as queimadas na Amazônia. Tentaram com o petróleo derramado propositadamente no litoral brasileiro pela ditadura de Nicolás Maduro, algo que deveria ter sido reconhecido como ataque ao Brasil.

O esforço do STF em beneficiar a elite criminosa tem como objetivo fortalecer os inimigos do atual governo ou forçar uma reação de Jair Bolsonaro - a dissolução da Corte, por exemplo - que possa alimentar ainda mais as acusações de que seu governo chegou para instalar uma nova ditadura militar no Brasil.

O cinismo da esquerda não tem limites. Quem conhece a história do comunismo sabe que seus atores não dormem, não descansam, atuam em diversas frentes ao mesmo tempo, estão dispostos a fazer qualquer coisa para derrubar ou desgastar um governo de direita.

É preciso estarmos atentos ao que está acontecendo não como defesa a Jair Bolsonaro, mas das reformas liberais que parte da equipe dele tenta aprovar. Este Congresso não aprovará nada de um governo fraco. Não aprovando, o país não anda para frente. Abre, mais uma vez, o caminho para a volta do PT ao poder, provavelmente ainda mais radicalizado.

O golpe que está sendo preparado pela esquerda não mira apenas o atual governo. Mira, sobretudo, a "nova direita" que está se organizando e crescendo no Brasil."
Herculano
29/10/2019 11:01
SEM EXPLICAÇÃO

De Augusto Nunes, de Veja e Jovem Pan, no twitter

No julgamento do Mensalão, Celso de Mello resumiu em 4 palavras - projeto criminoso de poder - o programa de governo de Lula e seus comparsas. Se aprovar o fim da prisão dos condenados em 2ª instância, garantirá a impunidade do bando q ajudou a enquadrar. Oq houve? Só Gilmar sabe
Herculano
29/10/2019 10:53
da série: o dono do STF e do Brasil

"SE DEU PODER PARA GENTE MUITO CHINFRIM, MUITO RUIM, MEQUETREFE DO PONTO DE VISTA MORAL E INTELECTUAL"

Gilmar Mendes, em entrevista a El País, atacou a prisão de Lula:

"Eu acho que a prisão do Lula só é viável num contexto de total destruição do sistema político, e é isso que a Lava Jato conseguiu. Nada foi mais delirante que aquele episódio do Joesley, onde o Janot chega a dizer que iria investigar ministros do Supremo. O STF permaneceu intacto, mas o sistema num todo foi levado de roldão. O STJ foi levado de roldão. De fato, se deu poder para gente muito chinfrim, muito ruim, mequetrefe do ponto de vista moral e do ponto de vista intelectual. Foi essa a combinação que produziu a mídia e esse empoderamento do MPF."

Ele disse que a Segunda Turma está pronta para julgar a parcialidade de Sergio Moro, que pode anular a pena do chefe da ORCRIM:

"Em novembro a gente volta nisso."
Herculano
29/10/2019 08:55
da série: todos gatos pardos num mesmo balaio à noite?

FLÁVIO BLINDA VENEZUELA

Conteúdo de O Antagonista.O inquérito sobre o esquema de propinas envolvendo Brasil e Venezuela - ou lulismo e chavismo - está parado por causa da blindagem de Flávio Bolsonaro.

Diz Jamil Chade:

"Documentos e extratos bancários de contas na Suíça apontam para a existência de um esquema que poderia estar desviando milhões de dólares a partir de exportações brasileiras para a Venezuela.

As informações foram enviadas ao Brasil de forma confidencial pelo Ministério Público de Berna, em julho. Mas, por ter inicialmente contado com dados da Receita Federal, o inquérito foi suspenso. Por precaução, a Justiça brasileira interrompeu o caso depois que o presidente do STF, Dias Toffoli, mandou suspender processos que usavam informações da Receita Federal ou do Coaf."
Herculano
29/10/2019 06:53
ACORDÃO CONTRA A LAVA JATO RESISTE A TROPEÇOS DE QUEIROZ E CARLUXO, por Andrei Meireles, em Os divergentes.

Gravação de Queiroz foi anterior à canetada de Toffoli que suspendeu as investigações sobre a Rachadinha de Flávio Bolsonaro. A Rachadinha de Carlos Bolsonaro, que controla o Twitter do pai, ficou fora do guarda-chuva do STF

Até agora nada parece abalar a trégua na cúpula entre os poderes em Brasília. Nem as gravações mal explicadas de monólogos de Fabrício Queiroz, com suas ameaças veladas ou explícitas, e nem os inacreditáveis ataques ao STF e a outras instituições no Twitter do presidente Jair Bolsonaro, postados por seu filho Carlos Bolsonaro. Nas contas do establishment, o combinado continua saindo mais barato. Segue, portanto, de vento em popa o acordão entre as elites políticas, com o aval dos presidentes Dias Toffoli, Rodrigo Maia e Bolsonaro, para barrar a Lava Jato e outras investigações sobre corrupção política país afora.

O vídeo divulgado ontem à tarde em que Jair Bolsonaro aparece como um leão cercado de hienas - partidos, imprensa, ongs, CNBB, ONU e STF, entre outras entidades - ficou no ar durante cerca de duas horas no twitter presidencial antes de ser apagado. Foi mais ou menos um repeteco, muito mais agressivo, do que o post para pressionar o STF que foi publicado e apagado pouco antes da sessão do tribunal para julgar em que instância judicial condenados podem começar a cumprir a pena. Da outra vez, Carlos Bolsonaro pediu desculpa por ter publicado o tal tuíte em nome do pai. Até essa madrugada, ele ainda não havia passado recibo pela paródia de mau gosto de uma cena do filme Rei Leão.

No entorno do clã Bolsonaro, dúvida alguma sobre a autoria de Carlos Bolsonaro, o Carluxo. O que ainda fica no ar é a sua motivação para incluir o STF no rol das hiena. O explosivo desabafo de Fabrício Queiroz, personagem central nos escândalos sobre a Rachadinha e o envolvimento com as milícias no Rio do hoje senador Flávio Bolsonaro, é autoexplicativo. "É o que eu falo, o cara lá está hiperprotegido. Eu não vejo ninguém mexer nada para tentar me ajudar? Ver e tal? O MP tá com uma pica do tamanho de um cometa para enterrar na gente. Não vi ninguém agir".

Se fosse gravado hoje, Fabrício Queiroz certamente não repetiria a mesma queixa. Em 15 de julho, em pleno recesso do STF, o presidente Dias Toffoli acatou um pedido de Flávio Bolsonaro e mandou suspender todas as investigações e ações penais baseadas em relatórios do Coaf, da Receita Federal e do Banco Central sem prévia autorização judicial. Até ali elas eram autorizadas pelo tribunal. Foi uma pancada. De acordo com levantamento da Procuradoria-Geral da República, a canetada de Toffoli paralisou cerca de 700 investigações, entre elas o Caso da Rachadinha na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro em que Queiroz e Flávio Bolsonaro são investigados. Toffoli promete submeter sua liminar ao pleno do Supremo em novembro.

Toffoli tem dito a interlocutores que a tendência do tribunal é atribuir a decisão sobre cada investigação ou ação penal com base nos relatórios dos órgãos de controle aos juízes do caso. Entre os parceiros do acordão, a convicção é de que o Caso Flávio Bolsonaro não volta para a Justiça no Rio. É tudo o que seu pai presidente quer. E Queiroz reclama.

O problema é que o Ministério Público abriu duas investigações sigilosas sobre outro caso de rachadinha, que teria ocorrido no gabinete de Carlos Bolsonaro na Câmara Municipal do Rio. Estão sendo investigadas as nomeações de Ana Cristina Siqueira Valle, ex-mulher de Jair Bolsonaro e de outros seis funcionários, alguns sob suspeita de serem fantasmas. Como os procedimentos não se basearam em relatórios do Coaf, o guarda-chuva da decisão de Toffoli não abriga Carlos Bolsonaro.

O vereador Carlos Bolsonaro, com antigas pendengas por ter se sentido preterido em outras ocasiões pelo primogênito Flávio, estaria mais uma vez incomodado. Ele é explosivo e tem o gatilho do Twitter do presidente Bolsonaro na mão.


Em alguns poderosos gabinetes em Brasília, inclusive no Supremo, chegou a se avaliar que talvez fosse melhor ignorar essa nova "travessura" atribuída a Carlos Bolsonaro. Prevaleceu a necessidade de dar um basta a esse tipo de agressão com um puxão de orelha no presidente Bolsonaro. A tarefa coube ao decano Celso de Mello: "A ser verdadeira a postagem feita pelo Senhor Presidente da República em sua conta no `Twitter`, torna-se evidente que o atrevimento presidencial parece não encontrar limites na compostura que um Chefe de Estado deve demonstrar no exercício de suas altas funções".

As elites políticas até fingem incômodo. Aparentam constrangimento com a sucessão de agressões, gafes e escândalos na cozinha dos Bolsonaros, mas no fundo estão satisfeitas. A cada pisada na bola, Bolsonaro se torna mais igual, parceiro compulsório na luta para esvaziar as investigações sobre corrupção. Só assim ele assegura uma salvo conduto para a sua família. Enquanto assim se mantiver, será poupado. É a República Avestruz.

A conferir.
Herculano
29/10/2019 06:48
NINGUÉM VAI PARA A CADEIA

Conteúdo de O Antagonista. Se alguém tinha dúvida sobre o voto de Dias Toffoli no julgamento da prisão em segundo grau - e O Antagonista não tinha -, ontem ele mostrou o que pretende fazer.

Ele quer que o Congresso Nacional aprove uma lei interrompendo os prazos prescricionais no STJ e no STF, porque o plano do amigo do amigo é esse: ninguém vai para a cadeia, mas ninguém é inocentado.
Herculano
29/10/2019 06:36
QUEIROZ E AS UVAS, por Álvaro Costa e Silva, no jornal Folha de S. Paulo

WhatsApp do ex-assessor de Flávio Bolsonaro mostra que ele continua dando consultorias de como fazer rachadinha

O Queiroz parece a Magda. No melhor estilo da personagem de Marisa Orth no humorístico "Sai de Baixo", ele se vangloriou de seu capital político e influência na indicação de nomes para o Legislativo: "Salariozinho bom desse aí, cara, pra gente que é pai de família, cai como uma uva".

Apesar da burrice, a mensagem é de fácil entendimento. Quem recebeu o áudio de WhatsApp (tinha de ser WhatsApp, o software da nossa nova era) sabe muito bem do que ele está falando e pouco se importa com a confusão entre uva e luva. Em outra gravação, na qual o ex-policial se mostra preocupado com as investigações do Ministério Público do Rio, a linguagem é semelhante à de Caco Antibes, o personagem pilantra interpretado por Miguel Falabella: "O MP tá com uma pica do tamanho de um cometa para enterrar na gente".

Assessor de Flávio Bolsonaro na Alerj entre 2007 e 2018, Fabrício Queiroz é suspeito de praticar "rachadinha" --quando um servidor comissionado devolve parte do salário. A pedido da defesa de Flávio, o presidente do STF, Dias Toffoli, suspendeu as investigações abertas a partir de relatórios do Coaf -com o que, numa penada só, travou outras 700 investigações e processos judiciais baseados em informações de órgãos de controle como a Receita e o Coaf (este até mudou de nome).

Queiroz continua em atividade - dando consultorias, comentando a atuação do presidente, quem sabe ainda "rachando". Para ficarmos na mesma fruta citada no áudio, sua atuação nos bastidores do poder lembra o samba "Uva de Caminhão", de Assis Valente, sucesso de Carmen Miranda: "Já me disseram/ Que você andou pintando o sete/ Andou chupando muito uva/ E até de caminhão".

Questionado sobre o amigo, Bolsonaro soltou uma frase que aparentemente não diz nada, mas pode significar tudo: "Ele cuida da vida dele e eu cuido da minha". Só faltou gritar: "Cala a boca, Magda!".
Herculano
29/10/2019 06:33
AUDITORES DRIBLAM TCU E CAEM NAS GARRAS DO STF, por Cláudio Humberto, na coluna que publicou hoje nos jornais brasileiros

Saiu pela culatra a liminar obtida pelo Sindifisco no Supremo Tribunal Federal (STF) para impedir a Refeita Federal de informar ao Tribunal de Contas da União (TCU) auditores que investigaram ilegalmente dados fiscais de autoridades. É que, ao driblar o TCU, o sindicato de auditores caiu nas garras do STF: o ministro Alexandre de Moraes, que deu a liminar, conduz inquérito sobre crimes e ameaças a ministros do STF. Gilmar Mendes teve a vida fiscal devassada por auditores fiscais. Um deles foi preso no Rio acusado de achacar alvos da Lava Jato.

DUAS BOLAS FORA

O Sindifisco jogou o peso institucional da Receita para proteger cerca de 20 auditores fiscais, e incluiu mais de mil deles no inquérito do STF.

TCU PEGA MAIS LEVE

No TCU, a maior medida seria punir os chefes por desvio de finalidade, com ordem para corrigir distorções. No STF, a consequência é criminal.

ORDEM FOI DE DANTAS

O ministro Bruno Datas, do TCU, notificou a Receita Federal a informar os auditores. Ele próprio alega ter sido vítima de investigação ilegal.

BICO CALADO

Apesar de solicitado a fazê-lo quase três horas antes do fechamento da edição, o Sindifisco não se pronunciou sobre o assunto.

NO BRICS, Só BRASIL DISCUTE PRISÃO NA 2ª INSTÂNCIA

O presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Dias Toffoli, enforcou a semana, suspendendo o julgamento de prisão após condenação em segunda instância, a pretexto de sediar um seminário das Altas Cortes do BRICS (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul). O STF deveria se espelhar nos demais países do grupo: nenhum deles proíbe e tampouco rediscute prisão após a segunda instância.

VERGONHA BRASILEIRA

Cada país do BRICs julga crimes segundo a gravidade. Nenhum deles adota regras que dificultam a prisão de corruptos condenados.

PARTIDÃO QUE MANDA

Toffoli disse que o ministro chinês se impressionou com o volume de ações do STF. Claro. Lá, a Justiça não permite a chicana à brasileira.

VIRA-VIRA POR LULA

O julgamento foi suspenso com 4x3 votos favoráveis à prisão, mas a tendência é que o STF cometa o vexame de cancelar a regra em vigor.

DIAGNóSTICO DEMORADO

O prefeito paulistano Bruno Covas é mais outro ilustre que o Hospital Albert Einstein perde para a concorrência. Somente no Sírio Libanês foi diagnosticado o que atormentava o prefeito: um câncer com metástase.

CHEGA DE PICUINHAS

Bolsonaro e o argentino Alberto Fernández têm em comum o fato de terem sido eleitos democraticamente e precisam respeitar a soberania das urnas. Nas relações bilaterais, não há espaço para picuinhas.

REALISTA É Só O REI

Enquanto Bolsonaro fazia pirraça recusando-se a cumprimentar o presidente eleito da Argentina, seu amigo Maurício Macri, o derrotado, mostrando como se faz, recebia o sucessor para um café da manhã.

O MUNDO FICOU MELHOR

Já foi tarde o terrorista Abu Bakr Al-Bhagdadi, que se explodiu quando se viu cercado. Covarde, fez três crianças de escudos humanos. Elas morreram na explosão. Foi para o inferno levando na consciência crimes cruéis, como os 180 assassinatos no ataque de Paris, em 2015.

É UM VEXAME

Os áudios do tal Queiroz, aqueles de linguagem chula, têm toda pinta de que foram vazados para ameaçar Bolsonaro e os filhos. Intriga como o presidente se permitiu envolver com gente dessa laia.

REMÉDIO FUNCIONA

O governo tem obtido bons resultados em relação ao rombo nas contas públicas. Com contingenciamentos nada populares, o déficit acumulado nos oito primeiros meses de 2019 foi 14,6% menor que 2018, diz o IFI.

REVISTA DOS DELEGADOS

Será lançada nesta terça-feira (29) a revista dos delegados federais, no Plenário 14 da Câmara dos Deputados, em Brasília. A publicação vai tratar da atuação nacional dos delegados da PF em todo o País.

GERENCIAMENTO PRIVADO

O governador do Pará, Helder Barbalho, comemora a nova certificação de excelência dos Hospitais Oncológico Infantil Octávio Lobo e Galileu. Ambas as unidades de saúde são gerenciadas pela OS Pró-Saúde.

PENSANDO BEM...

...após 12 dias fora, a crise política estará de volta nesta quinta (31).
Herculano
29/10/2019 06:26
BOLSONAROS DEVEM EXPLICAÇõES SOBRE O QUE FIZERAM EM VERõES PASSADOS, por Ranier Bragon, no jornal Folha de S. Paulo

Se inocentes, presidente e filhos podem provar que não praticaram mutretas; por que não o fazem?

"O pessoal quer pegar fantasma e rachadinha o tempo todo."

A reclamação de Jair Bolsonaro diz respeito aos áudios em que Fabrício Queiroz comenta com vigor juvenil a pica-cometa de posse do Ministério Público e a suspeita da existência de uma funcionária fantasma no gabinete de Carlos Bolsonaro. Sobre esse último ponto, o presidente conseguiu se contradizer na mesma frase.

"A Cileide (...) sabia que não ia continuar conosco porque, eu eleito, o Flávio eleito, o eleito viria para Brasília. Se bem que ela estava no gabinete do Carlos. Mas é mudança normal, não tem nada para espantar."

Além de Cileide, a Folha revelou outros casos. Wal na verdade vendia açaí. Nadir afirmou nunca ter trabalhado para Carlos. Nathalia, filha de Queiroz, figurava no gabinete de Jair, mas atuava como personal trainer.

Merecem destaque também Marta e Gilmar, 2 dos 17 - sim, 17 - familiares da segunda mulher de Bolsonaro que compunham a lista de pagamento dos gabinetes do clã. Localizados pela revista Época, os dois disseram jamais ter trabalhado para Carlos. Sobre os outros também há cheiro de fantasmagoria. Para onde ia o salário de toda essa gente?

Bolsonaro confirmou nesta segunda ter discutido com Queiroz a exoneração de Cileide, mas voltou a afirmar que nunca mais teve contato com o amigo desde que o escândalo veio à tona. A investigação foi revelada pelo jornal O Estado de S. Paulo em 6 de dezembro. A exoneração de Cileide só foi publicada 34 dias depois. Ou há aí mais uma contradição presidencial ou o clã gasta tempo demais entre a tomada de decisão e o seu efetivo cumprimento.

Apurar fantasmas e rachadinhas é obrigação da imprensa. O que não é normal é que a família Bolsonaro trate suspeitas dessa gravidade com silêncio prepotente, versões tortas, evasivas, ameaças a veículos de comunicação ou entrevistas amigáveis à imprensa amiga. A não ser que se considerem califas de uma republiqueta de bananas podres, eles devem explicações minuciosas. Espanta não terem feito isso até agora.
Miguel José Teixeira
28/10/2019 18:23
Senhores,

Enquanto isso na Argentina. . .

"Los hermanos aceptan el amargo regreso"

Vade retro!
Herculano
28/10/2019 12:30
RELATóRIO FOCUS. ECONOMISTAS ELEVAM PREVISÃO PARA O PIB DE 2019 E VEEM SELIC A 4,5% EM 2020

Conteúdo do Banco Central e agências de notícias. Texto Infomoney. A informação consta do boletim Focus, publicado às segunda pelo BC, com projeções de instituições para os principais indicadores econômicos

Após onze semanas em queda, as instituições financeiras consultadas pelo Banco Central (BC) aumentaram a estimativa para a inflação este ano. A projeção para o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA - a inflação oficial do país) subiu de 3,26% para 3,29%.

A informação consta do boletim Focus, publicado às segundas-feiras pelo Banco Central (BC), com projeções de instituições para os principais indicadores econômicos.

Para 2020, a estimativa de inflação caiu de 3,66% para 3,60%, na quinta redução seguida. A previsão para os anos seguintes não teve alterações: 3,75% em 2021, e 3,50% em 2022.

As projeções para 2019 e 2020 estão abaixo do centro da meta de inflação que deve ser perseguida pelo BC. A meta de inflação, definida pelo Conselho Monetário Nacional, é 4,25% em 2019, 4% em 2020, 3,75% em 2021 e 3,50% em 2022, com intervalo de tolerância de 1,5 ponto percentual para cima ou para baixo.

O principal instrumento usado pelo BC para controlar a inflação é a taxa básica de juros, a Selic, atualmente em 5,5% ao ano.

De acordo com as instituições financeiras, a Selic deve cair para 4,5% ao ano até o fim de 2019. Para 2020, a expectativa é que a taxa básica permaneça nesse mesmo patamar. Para 2010 e 2022, as instituições financeiras estimam que a Selic termine o período em 6,38% ao ano e 6,5% ao ano, respectivamente.

Crédito mais barato
Quando o Comitê de Política Monetária (Copom) do BC reduz a Selic, como prevê o mercado financeiro este ano, a tendência é que o crédito fique mais barato, com incentivo à produção e ao consumo, reduzindo o controle da inflação e estimulando a atividade econômica.

Já quando o Copom aumenta a taxa básica de juros, o objetivo é conter a demanda aquecida, e isso causa reflexos nos preços porque os juros mais altos encarecem o crédito e estimulam a poupança. E a manutenção da Selic indica que o Copom considera as alterações anteriores suficientes para chegar à meta de inflação.

Atividade econômica
A projeção para a expansão do Produto Interno Bruto (PIB) - a soma de todos os bens e serviços produzidos no país - subiu de 0,88% para 0,91%. As estimativas para os anos seguintes não foram alteradas: 2% em 2020; e 2,50% em 2021 e 2022.

A previsão do mercado financeiro para a cotação do dólar também permanece em R$ 4 para o fim deste ano e para 2020
Herculano
28/10/2019 12:25
UM ANO DEPOIS, por Alexandre Schwartsmann, economista e ex-diretor do Banco Central, no Infomoney

Tivemos progressos inesperados, mas há uma noção clara que muito ainda precisa ser feito

O presidente Bolsonaro foi eleito há um ano. É verdade que só tomou posse em janeiro, mas, ainda assim, a efeméride requer um balanço do período, em particular o que se materializou em termos das expectativas que existiam naquele momento e o que ainda está por fazer, se é que será feito.

A principal conquista é a reforma da previdência. Ainda que bastante desidratada com relação à proposta enviada ao Congresso no começo de 2019, a atual versão não apenas supera o impacto esperado do projeto do governo Temer, mas também ultrapassa, e em muito, o que se antecipava no período imediatamente após as eleições.

Vale aqui um mea culpa particular: depois do fracasso na aprovação da reforma em 2017 e 2018, eu acreditava que o Congresso, representação imperfeita, mas não totalmente infiel, da sociedade, não permitiria nada de monta nesta área, porque esta não parecia convencido da necessidade de mudanças, preferindo lutar cada qual pelo seu privilégio.

Houve obviamente muito disto, traduzido em parcela considerável da "desidratação" do projeto atual, mas o Congresso, em particular a Câmara, se mostrou muito mais disposto, talvez refletindo um entendimento mais profundo da população sobre o tema, bem maior do que imaginava possível à luz da barragem publicitária e mentiras acerca dos impactos da reforma.

Em que pese o protagonismo do Legislativo, muito do mérito cabe também à administração, que iniciou o processo.

Não foi sua única ação bem-sucedida. A Medida Provisória da Liberdade Econômica foi uma expressão da nova orientação de política econômica, mais liberal. Ainda é cedo para avaliarmos seus efeitos, mas, caso a lei "pegue" (sempre uma incógnita por aqui), há motivos para crer que a facilitação da atividade econômica redundará, em alguma medida, em ganhos de produtividade.

Espera-se mais em termos de reformas microeconômicas, mas um passo importante já foi dado.

Da mesma forma, o acordo comercial entre Mercosul e União Europeia pode ter efeitos importantes por este lado. Sim, as conversas começaram muito antes do atual governo e seria injusto esquecer que várias equipes estiveram envolvidas, construindo as bases para o acordo.

Ainda assim, cabe o mérito para o atual governo (outros governos, vale lembrar, poderiam simplesmente ignorar o progresso anterior), lembrando sempre que o acordo ainda está para ser sacramentado e que um pouco de cuidado diplomático no mínimo reduziria as justificativas do protecionismo europeu.

Tenho, por outro lado, frustrações consideráveis, relativas à privatização e à reforma tributária.

Confesso que já não nutria grandes esperanças sobre o primeiro tópico, apesar do tom grandioso de Paulo Guedes, então indicado para o posto de Ministro da Economia, que prometia R$ 1 trilhão relativo à venda de ativos governamentais, tendo inclusive oportunidade de expressar minhas dúvidas a respeito.

Não apenas o montante era exagerado, como o próprio presidente eleito já havia afirmado que Petrobras, Banco do Brasil e Caixa Econômica Federal não fariam parte do processo.

De todo o resto, houve avanço interessante na venda da BR Distribuidora (cuja receita, diga-se, foi para a Petrobras, não para o Tesouro), principalmente no que se refere ao formato pulverizado da venda ?" e pouco mais se pode dizer a respeito.

Já quanto à reforma tributária a frustração é bem maior. Um consenso parece ter sido forjado no Congresso Nacional acerca da fusão dos principais impostos indiretos num único imposto sobre valor adicionado a ser repartido entre União, estados e municípios, envolvendo enorme simplificação e uma distribuição mais equitativa da carga tributária entre os diversos setores da economia, em particular taxando mais os serviços (cuja carga hoje é menor) e menos a indústria.

Apesar disto, o governo federal tem contribuído pouco para o tema, se é que podemos chamar suas ações de "contribuição". À parte a tentativa fracassada de ressuscitar a CPMF sob nova roupagem, o governo nada fez, além de prometer enviar, sempre na "próxima semana", seu projeto de reforma.

Muito embora se espere que resultados desta reforma só apareçam depois de alguns anos, a verdade é que perdemos boa parte de 2019 sem que nada concreto tenha se originado do Executivo, de quem se espera a liderança no processo, nem sequer seu apoio às iniciativas do Legislativo.

Por outro lado, no que se refere ao desempenho fiscal, não diria que houve frustração, com a notável exceção de Paulo Guedes, que acreditava poder eliminar o déficit primário já em 2019.

Alertado agora por economistas do calibre de Mansueto Almeida o ministro parece ter finalmente entendido que o problema é bem mais difícil do se se afigurava e que novas reformas, além da previdenciária, serão necessárias para lidar com o assunto.

Considerando que tem gente para quem a ficha ainda não caiu, o ministro até que não está entre os mais atrasados...

Para o que mais interessa diretamente à população, o progresso foi modesto. Não houve aceleração do crescimento, que permanece na casa de 1% ao ano, e a criação de empregos (1,8 milhão nos 12 meses até agosto), embora mais robusta, levou à queda apenas marginal do desemprego, hoje pouco abaixo de 12%.

A fraqueza da economia manteve a inflação baixa, o que permite ao Banco Central seguir reduzindo a taxa de juros, mas duvido que quem ainda busca emprego se sinta particularmente consolado com a perspectiva de Selic a 4,5%.

Ao final das contas, tivemos progressos inesperados, mas há uma noção clara que muita coisa ainda precisa ser feita. A enormidade da tarefa, contudo, não parece ter sido ainda compreendida pelo presidente.

As brigas com seu partido, com Emmanuel Macron, tuítes sobre temas de gosto duvidoso podem até energizar seus seguidores em redes sociais. Contribuem, porém, muito pouco para recolocar o país na rota do crescimento mais vigoroso.
Herculano
28/10/2019 12:17
TECNOLOGIAS DE PROTESTO, por Ronaldo Lemos, advogado, diretor do Instituto de Tecnologia e Sociedade do Rio de Janeiro, no jornal Folha de S. Paulo.

App Tsunami D funciona como plataforma anônima para manifestações

Há uma nova onda de protestos se propagando pelo mundo. Junto com ela há uma evolução nas tecnologias usadas para coordenar ou provocar manifestações. Assim como a primavera árabe esteve intimamente ligada à emergência das redes sociais, os movimentos recentes estão usando novas tecnologias para colocar em prática táticas cada vez mais sofisticadas.

Um exemplo é o aplicativo Tsunami Democràtic, surgido na Catalunha. Primeiro, vale observar seus efeitos. Graças ao aplicativo, os manifestantes conseguiram o impensável: ocuparam o aeroporto El Prat, de Barcelona, com 10 mil pessoas.

Várias publicações chamaram o evento de "o protesto mais disruptivo da história do país", resultando no cancelamento de mais de cem vôos e provocando o que o jornal El País chamou de "caos aéreo" em uma das principais cidades turísticas da Europa.

Toda ação foi organizada online, de forma anônima.

Aliás, o próprio movimento "Tsunami Democràtic" é uma novidade. Ele apareceu nos últimos dias na internet, ao lado de movimentos separatistas tradicionais como a Assembleia Nacional Catalã (ANC).

Até agora sua filiação política não foi estabelecida. Há quem diga que grupo foi criado pelos antigos membros do governo catalão que saíram do país após o último referendo.

Mas há também quem diga que o grupo é uma operação pequena de alguns poucos programadores ativistas, que conseguiram gerar um efeito massivo.

O que faz o app Tsunami D? Ele consiste em um aplicativo de código aberto (open source) lançado no dia 14 de outubro. Em poucos dias mais de 300 mil pessoas baixaram o app. Ele funciona como uma plataforma de comunicação anônima para organização de protestos baseada em "células".

Para entrar no aplicativo é necessário receber um código QR de alguém que já esteja dentro dele. Quando o aplicativo é baixado, ele mostra outras pessoas que estão próximas na mesma região geográfica.

A partir daí há diversas estratégias para coordenar as diferentes células, que podem ser chamadas a executar ações em conjunto ou separadamente. Se um celular é apreendido, as únicas informações disponíveis serão relativas àquela única célula.

O resultado do aplicativo tem sido explosivo. O Tsunami Democràtic conseguiu, em poucos dias, 200 mil seguidores no Twitter, 162 mil no Instagram e 375 mil no Telegram.

Em outras palavras, o grupo tornou-se rapidamente uma plataforma completa de mídia, além de uma central de comando para ações de protesto.

A reação a isso veio forte. O endereço da página web do grupo foi derrubado e operadoras de telecomunicação têm bloqueado o grupo.

O app em si nem sequer entrou nas lojas da Apple ou do Google.

Seus criadores optaram por oferecê-lo diretamente pela página do grupo (o que exige alguns passos adicionais por parte do usuário para instalá-lo).

Diante de tudo isso, vale sempre lembrar de Marshall Mcluhan: mudanças de mídia condicionam diretamente a realidade. As tecnologias de protesto estão evoluindo de forma constante. Os resultados estão atualmente em exibição nas ruas dos mais diversos países para quem quiser conferir.

Reader
Já era
desenvolver remédios apenas com pesquisas offline

Já é
desenvolver novos medicamentos usando modelos de inteligência artificial

Já vem
desenvolver novas drogas psicotrópicas usando modelos de inteligência artificial
Herculano
28/10/2019 12:12
REI ARTHUR CONFIRMA: RIO 2016 FOI COMPRADO

Conteúdo de O Antagonista.O Globo informa que o empresário Arthur Menezes Soares Filho, conhecido como "Rei Arthur", preso na última sexta-feira, confirmou o esquema de pagamento de propina para delegados africanos na escolha do Rio de Janeiro para sede dos Jogos Olímpicos de 2016.

A revelação faz parte dos termos de um acordo de colaboração premiada que está em andamento junto ao Departamento de Justiça dos Estados Unidos (DOJ) e revelado por O Antagonista.

"Rei Arthur" também admitiu o crime de lavagem de dinheiro envolvendo contas bancárias nos EUA, no âmbito do esquema que montou para pagar propina a Sergio Cabral. Enquanto estiver sob 'jurisdição' americana, ele não corre risco de ser extraditado para Bangu 8.
Herculano
28/10/2019 12:01
da série: gente unida na desgraça dos mais vulneráveis, desempregados e desorientados. Maurício Macri perdeu porque prometeu reverter o quadro de miséria do peronismo (uma espécie de petismo) e não conseguiu, ou foi incompetente. Ai...

GLEISI CELEBRA A "LINDA VITóRIA DO POSTE DE CRISTINA

Conteúdo de O Antagonista. A deputada Gleisi Hoffmann, presidente do PT, divulgou nota em que celebra a "linda vitória" da esquerda na Argentina.

"De maneira inequívoca o povo argentino demonstrou seu rechaço às políticas neoliberais que tanto sofrimento trazem aos nossos povos."

A petista acrescenta que "somos irmãos na luta por justiça social e pela democracia na América Latina de todos nós".
Herculano
28/10/2019 12:01
da série: quem mesmo nos levou à insolvência se não os políticos da esquerda do atraso, com a omissão da direita xucra e que ainda não encontrou o seu verdadeiro discurso.

REFORMA Só AFASTOU A FALÊNCIA, FALTA CRESCER, AVISA BLOOMBERG, por Nelson Sá, no jornal Folha de S. Paulo

Rodrigo Maia diz ao Financial Times que tem 'grandes esperanças' com novas reformas

A nova edição da revista Bloomberg Businessweek avisa que a reforma da Previdência "vai ajudar o Brasil a evitar falência, mas não vai provocar crescimento".

Avalia que ela "não forneceu o impulso de confiança que muitos analistas previam" e que "os investidores estrangeiros estão em sua maioria à margem" do mercado financeiro do país. A aprovação "já havia sido precificada" e "alguns temem que oportunidade tenha passado".

Ouve, do economista-chefe do Itaú Unibanco, que "a emergência continua" e que "reformas para fazer o Brasil crescer, como a tributária, são mais complicadas".

Já o Financial Times entrevista Rodrigo Maia, o presidente da Câmara, e destaca que ele "diz que tem grandes esperanças para o ritmo de mudança", agora com as reformas, pela ordem, administrativa e tributária.

Ele se apresentou como "uma força de continuidade", distanciando-se do atual governo e tratando a recém-aprovada reforma da Previdência como "baseada naquela proposta em 2017".
Herculano
28/10/2019 12:00
CÂMARA INVESTIGA ATAQUE DA ANEEL À ENERGIA SOLAR, por Cláudio Humberto, na coluna que publicou hoje nos jornais brasileiros

A consulta pública malandra da "agência reguladora" Aneel, destinada a alterar as regras de 2012 para consumidores investirem em geração de energia solar, enfureceu o líder do Podemos na Câmara, deputado José Nelto (GO). "É muito grave", diz, "a Aneel foi criada para regular e defender a população!". Para ele, a agência está a serviço das empresas de distribuição de energia. Os responsáveis pelo golpe contra os consumidores serão chamados a dar explicações na Câmara.

DISTRIBUIDORAS MANDAM

A Aneel tenta obrigar quem investe em energia solar a pagar pedágio às distribuidoras e também "encargos" da conta de energia.

GOLPE BAIXO

Investindo na geração de energia solar, os consumidores podem ficar livres da dependência das distribuidoras. É o que a Aneel tenta impedir.

PERDA DE CREDIBILIDADE

Quando muda as próprias regras, beneficiando desavergonhadamente distribuidoras, a Aneel mostra que abriu mão da própria credibilidade.

DEPOIMENTO NA CÂMARA

Esta semana, a Câmara vai definir a data do depoimento do ministro Bento Albuquerque (Minas e Energia) sobre esse golpe da Aneel.

DESEMPREGO ATINGIRÁ UM DÍGITO ANTES DA ELEIÇÃO

O emprego é o último a sentir os efeitos de uma crise ou recuperação econômica, mas as quedas nos últimos meses, de 12,7% para 11,8%, na taxa de desemprego aumentaram a expectativa entre economistas de que o índice rompa a barreira psicológica de 10% antes mesmo das eleições do ano que vem. O governo trata o tema com reservas, mas a aprovação da reforma da Previdência deixa mais difícil conter a euforia.

DEU CONFIANÇA

Segundo Walter Franco, professor do Ibmec, a reforma foi "uma grande vitória", mas o impacto maior virá com as "reformas microeconômicas".

AINDA VAI MELHORAR

Franco cita a reforma trabalhista ao prever queda mais acentuada com "contratações de fim de ano e no período até o carnaval" de 2020.

REDUÇÃO INEGÁVEL

Dados do IBGE comprovam tendência de queda no desemprego. Eram 12,7% no trimestre terminado em março e 11,8% no último trimestre.

RIVALIDADE DO MAL

Brasil e França disputam liderança do ranking de país com maior carga tributária sobre empresas que criam empregos. O tributarista Eliézer Martins conta que a França vai cortar de 34,4% para 25% até 2022. Enquanto os "gênios" no Brasil só cogitam mudar nome de impostos.

TORTURA NÃO PODE

As sessões de julgamento do STF fazem lembrar o velho professor de Direito Constitucional, para quem todos os votos daqueles ministros são inconstitucionais. Por quê? "A Constituição proíbe tortura", dizia.

COMO PODE?

Eric Berthelot, presidente do Naval Group, ex-DCNS, empresa francesa enrolada até o pescoço nas propinas da Odebrecht pelo submarino nuclear brasileiro, vai à Câmara esta semana para "discutir a indústria".

TUDO A VER

A ex-prefeita de Fortaleza Luizianne Lins (PT-CE), que já foi muito maltratada pelos próprios petistas, como na eleição de 2004, convidou o "neotucano" Alexandre Frota (SP) para depor na CPI das Fake News.

PIZZA NO FORNO

A CPI da Vale, rebatizada de "CPI de Brumadinho", na Câmara, vai votar relatório de Rogério Correia (PT-MG) indiciando a mineradora e alemã Tüv Süd. Não se falam nos criminosos pessoas físicas.

É Só ALEGRIA

Após o STF fazer a alegria de advogados acabando a prisão após a segunda instância, que renderá milhões em honorários, a CCJ do Senado discute projeto de Efraim Filho (DEM) que dispensa licitação para contratar advogados e contadores pelo Poder Público.

MAIS DUAS REFORMAS

Apesar da torcida contrária, a grande margem de apoio ao governo Bolsonaro na reforma da Previdência anima seus apoiadores no Congresso, que já esperam as reformas Administrativa e Tributária.

PROPRIEDADE INTELECTUAL

O Instituto Nacional de Propriedade Industrial (INPI) fechou acordos com diversos países, incluindo EUA, China e Japão para tentar agilizar o registro de marcas e patentes. Atualmente o processo leva até 4 anos.

PERGUNTA NA 2ª INSTÂNCIA

O STF também beneficiará acusado de mandar matar o ex-prefeito de Santo André Celso Daniel?
Herculano
28/10/2019 12:00
SEGUNDA INSTÂNCIA, O JULGAMENTO QUE NUNCA TERMINA, por Vinicius Mota, secretário de Redação do jornal Folha de S. Paulo

Desapreço pela estabilidade das regras do jogo no STF sugere novas reviravoltas

Rosa Weber tornou-se o modelo a que todo magistrado deveria aspirar. Só fala nos autos, respeita e aplica a jurisprudência assentada, mesmo contra a sua convicção, e não alimenta guerras de vaidades no supremo tribunal dos narcisos.

Foi divertido ver quem a criticou por negar o habeas corpus do ex-presidente Lula, em abril de 2018, agora soltar fogos pelo seu voto nas ações diretas de constitucionalidade que pleiteiam o cumprimento da pena de prisão só após o fim dos recursos.

Rosa foi exemplo de coerência no supremo tribunal dos inconstantes. Disse em 2018 que aquela ação de habeas corpus não era própria para rever a orientação de fundo do STF.

Ali só cabia aplicar a jurisprudência vigente, que validava a prisão após condenação em segundo grau, sob pena de colocar em risco a estabilidade e a credibilidade das orientações proferidas pelo próprio Supremo para as instâncias inferiores.

Já nesta quinta (24), quando se questionava a constitucionalidade abstrata de um dispositivo do Código de Processo Penal, então estava dada a ocasião para reavaliar a jurisprudência ela mesma. Rosa Weber, votando de acordo com seu entendimento da Carta, rechaçou a possibilidade de execução da pena antes do chamado trânsito em julgado.

Mas no Supremo há apenas uma Rosa preocupada de fato com a estabilização das regras do jogo, e por isso a questão da segunda instância não há de ser encerrada tão cedo.

Como Dias Toffoli achou normal pautar o tema pela sexta vez (!) desde 2009, seu sucessor na presidência a partir de setembro de 2020, Luiz Fux, dificilmente hesitará em organizar a sétima votação. Logo depois, em novembro, aposenta-se o ministro Celso de Mello, da ala "garantista", e o provável posicionamento de seu substituto será o oposto.

Os adeptos da execução da pena após a segunda condenação terão o controle da pauta, com Fux, e retomarão a maioria na corte. A suprema metamorfose ambulante vai atacar novamente. Rosa nos acuda.
Herculano
28/10/2019 11:59
da série: o PSL mais desorienta do que orienta os seus. Coisa de quem nunca comeu mel.

SCHIOCHET PERMANECE PRESIDENTE, por Cláudio Prisco Paraíso

Deputado federal Fábio Schiochet, presidente estadual do PSL, é um dos parlamentares mais fieis ao governo Bolsonaro entre os 56 listados num ranking de infidelidade da base aliada. Inclusive se comparado aos três de Santa Catarina e que votaram em Eduardo Bolsonaro para líder do partido na Câmara.

Pelo ranqueamento que está sendo divulgado, o dirigente do PSL no estado aparece entre os cinco mais assíduos nos posicionamentos a favor dos interesses do Palácio do Planalto. Os números levam em consideração as votações deste primeiro ano da legislatura e da própria gestão federal.

Em que pesem as pressões, Fábio Schiochet continuará na proa partidária e seguirá votando junto com o governo, aliado ao presidente da República. Ele nem cogita a hipótese de renunciar à presidência estadual da sigla. Entende que a poeira vai baixar. A intenção do dirigente é reaglutinar tanto os seis deputados estaduais quanto os quatro federais em torno de Jair Bolsonaro e de Moisés da Silva, que se elegeram no mesmo movimento.

ASSENTAMENTO

Schiochet aposta nesse refluxo até pensando em 2020, no sentido de que o PSL possa fazer bons resultados nas eleições municipais. O deputado percorre o estado e trabalha sob esta perspectiva de pacificação e unificação partidária.

MODUS OPERANDI

A opinião da coluna sobre a destituição do deputado delegado Waldir da liderança na Câmara: faltavam apenas dois meses para ele cumprir seu período nesta função. Poderiam ter deixado ele concluir o mandato para efetivar a troca por Eduardo Bolsonaro. Se havia pressa, como houve, Bolsonaro poderia ter chamado a bancada e colocado as cartas na mesa, pedindo para delegado Waldir abrir mão em favor do filho.

BRONCA

Não fizeram e a bronca se estabeleceu, com reflexos no Congresso, nos estados, na política e na economia. Tudo isso poderia ter sido evitado, mas o modus operandi do presidente e aliados não foi o mais assertivo.
Herculano
28/10/2019 11:58
QUEIROZ VOLTOU, por Helena Chagas, em Os Divergentes.

Fabrício Queiroz não apenas reapareceu, mas parece estar fazendo questão de mostrar isso - ou ele ou alguém interessado em fazer andar as investigações paralisadas desde que o ministro Dias Toffoli suspendeu os inquéritos baseados em informações do Coaf sem autorização judicial. No mundo político, opiniões se dividem em relação aos vazamentos de conversas dos últimos dias veiculados pela Folha de S.Paulo e por O Globo. Aliás, as atenções se concentram no espantoso conteúdo das afirmações de Queiroz, que faz pose de conselheiro presidencial, cacique do PSL e uma ameaça velada ao "chefe" - ninguém está muito preocupado com a suposta ilegalidade das gravações.

A dúvida que amanheceu nesta segunda-feira é sobre quem teria maior interesse na veiculação das conversas: o Ministério Público e outras autoridades de investigação que querem forçar a reabertura do caso ou o próprio Queiroz, que declaradamente se sente abandonado pelo chefe? A única certeza é de que o escândalo primordial do governo Bolsonaro voltou ao primeiro plano, e que o presidente da República, ainda em seu giro pela Ásia e pelo Oriente, terá que enfrentar o assunto.

Queiroz voltou, com um linguajar chulo e uma impensável postura de quem fala como se fizesse parte do governo, tratando de nomeações e de "lapidar a bagunça " do PSL. No conjunto da obra das crises do governo Bolsonaro, pode ser um fator decisivo.
Herculano
28/10/2019 11:58
da série: esta confusão de alhos com bugalhos é proposital e serve apenas aos poderosos que querem trabalhar contra a lei sem serem importunados pela imprensa capaz, investigativa, in dependente e de credibilidade.

O ALVO DA CPI, editorial do jornal Folha de S. Paulo

Congresso pode combater milícias virtuais, sem prejudicar liberdade de expressão

A Comissão Parlamentar de Inquérito criada por deputados e senadores para investigar a disseminação de notícias falsas na internet durante a campanha presidencial do ano passado promete fazer barulho nos próximos meses.

Instalada em setembro, ela inclui entre seus objetivos a investigação de ataques cibernéticos contra a democracia, perseguições nas redes sociais e até casos de crianças que teriam cometido suicídio por influência de grupos virtuais.

Tudo indica que ações do governo Jair Bolsonaro (PSL) na área de comunicação merecerão atenção especial, em particular sua articulação com as legiões de agitadores que se dedicam a defendê-lo e a atacar seus adversários na internet.

Seis assessores do Palácio do Planalto já foram convocados para depor à comissão, entre eles o chefe da Secretaria de Comunicação, Fabio Wajngarten, e colaboradores que trabalham para o presidente desde a campanha eleitoral.

A CPI deverá apreciar em breve um requerimento para que seja ouvido também o vereador Carlos Bolsonaro (PSC), filho do presidente que desde sempre exerce grande influência na definição da sua estratégia de comunicação digital.

Defenestrados há uma semana pelo presidente das posições de liderança que ocupavam na Câmara, os deputados Joice Hasselmann (SP) e Delegado Waldir (GO) foram convidados a falar e se prontificaram a contar à comissão tudo que sabem sobre a atuação do governo e de seus seguidores nesse campo.

As redes sociais se tornaram nos últimos tempos terreno fértil para a proliferação de verdadeiras milícias virtuais, que usam a internet para espalhar desinformação e confundir o debate público.

A CPI cumprirá bem seus objetivos se contribuir para o entendimento desse fenômeno e para o desenvolvimento de instrumentos capazes de conter os danos que esses grupos causam ao bom funcionamento do regime democrático.

Essas atividades parecem ter se tornado corriqueiras no interior da máquina de propaganda oficial e mesmo em gabinetes parlamentares. Caberá certamente um exame rigoroso do emprego de recursos públicos no financiamento dessas ações, e o Congresso fará bem se apertar controles para coibi-lo.

Mas a comissão certamente afundará no descrédito se seus integrantes a transformarem em mais um palco para a guerra entre o governo e seus opositores, ou para acertos de contas entre as facções em conflito nas hostes bolsonaristas.

Cabe aos parlamentares evitar um perigo ainda maior, o de que a CPI seja usada para impor limites à liberdade de expressão e à circulação de ideias na internet, a pretexto do combate às fake news.

Se é certo que a atuação de grupos inescrupulosos no ambiente virtual merece escrutínio, seria inaceitável que os políticos usassem a CPI?apenas como mais um instrumento para combater seus adversários e silenciar os críticos.
Herculano
28/10/2019 11:57
da série: abrindo caminho, para quem já não vinha sendo bem avaliado.

"VOU VENCER ESSE DESAFIO", DIZ PREFEITO DE SÃO PAULO SOBRE TUMOR NO TRATO DIGISTIVO

Bruno Covas está internado na UTI

Boletim médico saiu neste domingo

Conteúdo do Poder 360, Brasília. O prefeito de São Paulo Bruno Covas (PSDB) publicou na sua conta do Instagram, nesta segunda-feira (28.out.2019), post onde afirma não ter dúvidas de que vai vencer o tumor no trato digestivo, diagnosticado no domingo pela equipe médica do Hospital Sírio-Libanês.

"Quero agradecer as centenas de mensagens que tenho recebido de inúmeras pessoas. Ajuda muito a atravessar a tempestade", escreveu. Ainda não foi divulgado se o tumor é benigno ou maligno.

O prefeito está internado, sem previsão de alta. Ele deu entrada no hospital na última 4ª feira (23.out.2019) para o tratamento de erisipela, uma doença infecciosa aguda. Na 6ª feira (25.out.2019), foi diagnosticado com trombose venosa nas veias fibulares. Exames subsequentes diagnosticaram tromboembolismo pulmonar.
Herculano
28/10/2019 11:57
da série: a biruta que obedece ao vento e dssorienta

"PEQUENOS DESVIOS E EXCESSOS"

Conteúdo de O Antagonista. Augusto Aras disse ao SBT que as mensagens roubadas da Lava Jato indicaram apenas "pequenos desvios e excessos", que serão corrigidos junto à PGR.

Ele defendeu também a prisão em segunda instância, dizendo que é "uma forma de o Estado defender não só as garantias dos condenados, mas também os direitos das vítimas"
Herculano
28/10/2019 11:56
O CONGRESSO QUE REPRESENTA E ELEITO COM O DINHEIRO DOS PESADOS IMPOSTOS DO POVO E QUE FALTA AO ESSENCIAL, ESTÁ MUDO E SUBMISSO AOS BANDIDOS, PODEROSOS E ENDINHEIRADOS

De: J.R.Guzzo, no twitter:

Diante da divisão absoluta de posições quanto à prisão em segunda instância, a única atitude correta do STF seria suspender qualquer decisão sobre o tema- e entregar tudo ao Congresso, a quem cabe fazer as leis neste país. Só ali a questão pode ser resolvida de uma vez por todas.
Herculano
28/10/2019 11:55
da série: sem conseguir gerar empregos,dar qualidade de vida e domar a inflação alta, eleitores desempregam Macri na Argentina para colocar no poder os peronsita que criaram este tipo de crise permanente. Bolsonaro tem sido um pé frio. Apoiou Macri e ele perdeu. Apoiou Benjamim Metaneharu, em Israel, e ele cnão conseguiu vencer. Apoia Donald Trump e o estadunidense tem dito uma coisa a favor e feito outra contra o Brasil...

ALBERTO FERNÁNDEZ VENCE MACRI E É ELEITO EM 1º TURNO NA ARGENTINA

Resultados contrariam pesquisas, que indicavam vitória avassaladora sobre Mauricio Macri

Conteúdo do jornal Folha de S. Paulo. Texto de Sylvia Colombo, de Buenos Aires.

Quatro anos depois, o kirchnerismo está de volta ao poder na Argentina.

Em meio a uma grave crise econômica que afeta a população e atingiu em cheio o atual líder do país, Mauricio Macri, a eleição deste domingo (27) coroou a estratégia da ex-presidente Cristina Kirchner, que surpreendeu ao decidir se candidatar a vice numa chapa liderada por Alberto Fernández.

Com 96,22% das urnas apuradas por meio do sistema rápido de contagem, o opositor havia conquistado 48,03% dos votos contra 40,44% de Macri.

Na Argentina, é necessário obter índice superior a 45% para ser eleito em primeiro turno ?"ou votação acima de 40% desde que com uma diferença de 10 pontos percentuais para o segundo colocado.

Ainda que não tenha sido necessária uma nova rodada, a margem entre Fernández e Macri surpreendeu, uma vez que as pesquisas chegaram a indicar 20% de distância, o que seria uma tremenda lavada.

Os kirchneristas também obtiveram outras vitórias, como a conquista do governo da Província de Buenos Aires, que sai das mãos da macrista María Eugenia Vidal -"Hoje Deus me deu um descanso para que eu recupere as minhas forças" - e foi para as do ex-ministro da Economia Axel Kicillof, com 52,18% dos votos até a publicação desta reportagem.

Em discurso conciliador na noite deste domingo, Macri reconheceu a derrota nas eleições e prometeu fazer uma transição organizada para o governo do próximo presidente, Alberto Fernández.

"Convidei Alberto Fernández para tomar café da manhã na Casa Rosada [sede do governo argentino] amanhã, para começar um período de transição ordenada", afirmou. "A única coisa que importa é o futuro dos argentinos." Quando parabenizou o adversário, ouviu vaias dos apoiadores.

A posição do candidato derrotado destoa da última eleição, em 2015, quando Cristina sequer foi à posse ao ser derrotada pelo atual presidente. À época, ele recebeu a faixa do presidente do Senado.

Com pouco mais de 40% dos votos, e mantendo a chefia de governo da cidade de Buenos Aires, o partido de Macri, o PRO, não sai completamente derrotado. Como o sistema eleitoral argentino é feito a partir de listas, a legenda deve manter uma boa presença no Congresso, além de sinalizar uma frente oposicionista forte.

Já na esquina das avenidas Corrientes e Dorrego, no bairro de Chacarita, em Buenos Aires, foi armado o local para celebrar a vitória kirchnerista.

No começo da noite, apoiadores chegavam em grupos. Um vendedor de rua vendia bandeiras com os dizeres "Macri, decime que se siente", em alusão à música dos torcedores argentinos durante a Copa do Mundo do Brasil.

No palco, após a divulgação dos resultados, Cristina, com um vestido vermelho, pediu a Fernández que "exerça com responsabilidade o cargo que recebeu" e que "alivie a situação dramática em que o povo está".

O público a interrompeu mais de uma vez, entoando canções kirchneristas. Pediu, ainda, que a população apoie o presidente eleito para enfrentar os projetos neoliberais. Em seguida, Fenandéz pegou o microfone e prometeu um governo "para todos os argentinos".

Com inflação anual de 53,5%, um acordo com o Fundo Monetário Internacional para negociar e 35,4% da população abaixo da linha de pobreza, a economia é o maior desafio do presidente eleito.

Fernández disse que irá ao café com Macri e agradeceu o gesto do atual mandatário.

Mais cedo, o kirchnerista fez um aceno ao Brasil. Publicou uma foto em uma rede social em que faz a letra L com as mãos, símbolo do movimento Lula Livre, e parabenizou o ex-presidente brasileiro pelo aniversário de 74 anos completados neste domingo (27).

"Também hoje faz aniversário meu amigo Lula, um homem extraordinário que está injustamente preso faz um ano e meio", escreveu Fernández.

O domingo foi de sol e movimento tranquilo em Buenos Aires. Apesar das filas nos centros de votação, não houve agitação ao menos até as 17h, quando alguns carros passaram a tocar buzinas e acenar com bandeiras da Argentina nas avenidas. Era comum ouvir o canto de "vamos voltar" dos peronistas.

Em um centro de votação no bairro de Colegiales, um senhor de 84 anos era amparado pelo filho para votar. "Eu sei que não preciso votar [na Argentina, a partir dos 70 é facultativo], mas se é para tirar Macri, achei que valeria a pena vir, pedi para me trazerem."

Em outro colégio, no bairro da Recoleta, havia um grupo de mulheres esperando que outra amiga fosse votar. "Estamos votando juntas e torcendo por uma vitória do presidente. Daqui vamos almoçar e mais tarde iremos para o comitê, temos certeza de que houve fraude nas primárias e de que hoje iremos celebrar."

Alguns ciclistas andavam pelas ciclovias com cartazes feitos à mão e colados no banco com pequenas mensagens. "Tchau Macri" foi a mais vista, mas também havia "Cristina, não volte mais" e "Cristina e Alberto são iguais".

Nas redes sociais e na imprensa local, ficou famoso o cidadão que, vestido do personagem Coringa ("Guasón", em espanhol) foi votar dando gargalhadas na cidade de Lanús.

Durante o dia, o governo fez uma série de denúncias de irregularidades à autoridade eleitoral.

"Vemos que nem sempre os presidentes das mesas são neutros e isso se compensa tendo um fiscal", disse o ministro de Transporte, Guillermo Dietrich, que espalhou fiscais da aliança governista Juntos por el Cambio. "Nosso sistema eleitoral é obsoleto e requer um exército de gente."

Nas redes sociais, publicou: "Estão chegando dezenas de denúncias de nossos fiscais na Província de Buenos Aires, de Merlo, La Matanza, Pilar e Almirante Brown, de eleitores que aparecem com cédulas de identidade anteriores ou diferentes ao que está no padrão".

Os principais candidatos votaram pela manhã. Assim como nas eleições primárias, Alberto Fernández saiu para passear com seu cachorro, Dylan, e só depois se dirigiu ao centro de votação perto de sua casa, em Puerto Madero.

Na saída, disse que "a situação econômica era muito preocupante e todos devemos nos preocupar". Pois, logo após o encerramento da votação, foi convocada uma reunião do Banco Central, a pedido do presidente Macri, para discutir medidas para barrar o aumento do dólar, tendência indicada na semana passada e que pode se acentuar após a vitória kirchnerista.

QUEM É ALBERTO FERNÁNDEZ
Ao final de suas declarações, Fernández disse que se lembra de Néstor Kirchner todos os dias e que gostaria de ter falado com ele neste dia, afirmando que ajudaria a Argentina a se levantar novamente.

Sempre que pode, Fernández reforça o vínculo que teve com Néstor, pois fez parte fez da equipe que assumiu a Presidência após a hecatombe política e econômica de 2001 e ajudou a reconstruir o país a partir das cinzas.

Mas a biografia do novo presidente começou antes e tem elementos para agradar ou desagradar distintos campos ideológicos. Seu início na política, quando ainda era estudante de direito, deu-se por meio de uma pequena agrupação nacionalista de direita, na qual se destacou como bom orador.

Depois, integrou o governo de Raúl Alfonsín (1983-1989), no qual ocupou o cargo de subdiretor geral de assuntos jurídicos do ministério da Economia.

Durante o governo de Carlos Menem, Fernández foi superintendente de seguros da nação argentina. Nesta época, começou a se relacionar com muita habilidade com os grandes meios de comunicação do país, como o Clarín e o La Nación.

Do menemismo, saltou para o kirchnerismo. Primeiro, foi chefe da campanha de Néstor. Depois, passou a comandar seu gabinete. Permaneceu no posto durante toda a gestão e no primeiro ano do governo de sua sucessora, Cristina.

Depois disso, curiosamente, foi se afastando do kirchnerismo e passou a criticar com intensidade o governo daquela que agora é sua vice-presidente. O camaleão ideológico, agora, é presidente da Argentina.

TRAJETóRIA DO PERONISMO
Surgimento?O Dia da Lealdade (17 de outubro de 1945) é considerado seu marco inicial. Milhares vão à praça de Maio, em Buenos Aires, pedir a libertação do então coronel Juan Domingo Perón. Com 50 anos à época, ele havia sido destituído dos cargos de vice-presidente e de ministro da Guerra e preso pelos militares

Na presidência- Perón assume, em 4 de junho de 1946, o cargo pela primeira vez, após vencer a eleição com 52% dos votos. Ele seria eleito novamente em 1951 e em 1973, mas não termina nenhum dos mandatos. Morre em 1º de julho de 1974

Volta do peronismo- A corrente retorna ao poder, no período democrático, com a vitória de Carlos Menem, em 1989

Ascensão do kirchnerismo- Néstor (1950-2010) vence a eleição presidencial de 2003 e é sucedido por sua mulher, Cristina, em 200

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