13/12/2018
A história a seguir é uma ficção. Qualquer semelhança com fatos acontecidos ou sabidos por estas bandas, por favor, é mera coincidência. Eu diria que é intriga, de gente invejosa e incapaz ao galanteio fortuito ou como assédio do macho. Na lei, genericamente, tudo isso é definido como assédio moral – ou sexual. Mesmo que alguém jure ser a história verdadeira, peça para apresentar provas, dar nomes, locais e referência dos fatos. Caso contrário, desconfie. Vou contá-la porque não aguento mais guardá-la nos meus arquivos um conto fortuito e popularesco. É apenas para tornar a coluna desta sexta-feira mais leve sem fugir dos temas políticos. É que alguns poderosos de plantão – de ontem, hoje e os se armam para o futuro - reclamam da minha acidez e cobranças diretas, ou das apresentações de provas irrefutáveis que os apequenam nas suas jogadas e mentiras contra a cidade, os cidadãos e os pagadores de pesados impostos que sustentam suas farras distantes dos discursos morais. Então, aqui está a trégua que pediram...
Poder e confusão I
Não há provas, pois como lhe escrevi: é ficção, é algo inventado, feito para preencher este espaço nobre na penúltima edição impressa do ano. A menos que alguém... Era uma vez, numa aldeia, um jovem cheio de forma e apreciador do poder – a qualquer custo. Usava outros para exercê-lo além de seus poderes originais outorgados pelas leis dos aldeões. Gastava o espelho. Exibia e buscava nova riqueza, influência. Dizia ter conhecimento, soluções e relações para tudo. Defeitos? Tinha! E quem não os têm? Eu, o contador de estórias, por exemplo, tenho aos montes. Contudo, o nosso jovem personagem, ao contrário, auto se reconhece como não ter nenhum. Um deles, que não reconhece, é o de não ser contrariado; mesmo nas pequenas coisas. Um Bórgia – aquele papa da força, da fé, promiscuidade moral e da esbórnia ética. Mandava recados; espalhava medo contra detratores, ou contra gente que não o bajulava, ou o que não o colocava no centro do seu próprio universo. Os recados eram diretos. As atitudes também. Vingança, vingança, vingança. Sempre foi um péssimo perdedor.
Poder e confusão II
Virtudes? Hum! Sim, uma: a infidelidade não ao par sexual propriamente dito, mote deste conto, mas aos amigos e próximos que não atendiam mais nos momentâneos seus múltiplos interesses para se manter e ter mais poder. Insaciável. Perdia força, mas não percebia. Tinha, porém um hobby estranho, mas muito próprio aos machos da sua aldeia. Contava aos outros como era fácil copular com as jovens que as atraia por todas as suas virtudes e promessas – mesmo que sabidamente falsas ou passageiras de servi-lo na faina cotidiana. Aliás esse era o truque que funcionava nas trocas das experimentações de suas incursões e aventuras: a promessa de proteção eterna, carreira, poder, presentes, fantasias nos esquemas que sempre estava metido. Foi assim com uma sonhadora que quis ser mais do que a guardiã dos jovens num clube administrado pelo sedutor garanhão. Não deu muito certo. Surpreendido pela oficial, sem alternativas, descartou o engate promissor num escândalo visível em toda a aldeia.
Poder e confusão III
- Que m... é essa? Teria dito ela, indignada e com razão, ao galã que tinha a primazia de pelo menos de tê-la como “oficial”. Ele colocou tudo no meio das pernas e com caros presentes, jurou ser intrigas.... E a aldeia rindo (até hoje). Resultado, uma briga de rua e um trabalhão danado – e caro com dividendos e chantagens até hoje - para abafar se abafar tudo da alcova, inclusive o que não se pode mais apagar hoje em dia, como nos aplicativos de mensagens. Ufa! Tudo bem. Todos têm direito de errar. Eu erro. Não sou nenhum santo, mas longe eu de ser um João de Deus. Resultado disso tudo? Aprendizado zero. Refeito do susto, por instinto, sob o signo no poder, do vale tudo, o caçador foi à caça. Um dia, precisando de dinheiro para o caixa dois para a eleição de um amigo um próximo, o nosso pega-moça, para mostrar serviço e se fortalecer no novo círculo de confiança que criou, foi dar num artesão da aldeia. E como contrapartida também com dinheiro alheio, prometeu a oportunidade a indicação de cinco pessoas da confiança do artesão para trabalhar para o povo da aldeia, pago com o dinheiro do povo. O artesão doador compareceu ao caixa. E inicialmente, não usou da contrapartida ofertada do sedutor. Escaldado, conhecia desse riscado há muito. Entretanto. Lá pelas tantas, com muito tempo passado, resolveu cobrar parte da fatura – até como teste. Foi dar com o interlocutor pedinte já instalado no poder.
Poder e confusão IV
- Olha! Preciso de um favor. Uma moça recém-formada, de boa origem e índole, que coloco a mão no fogo por ela – recado cifrado para bom entendedor -, está necessitando de uma colocação. Aqui na minha fábrica de artesanato não está sobrando dinheiro, não tenho vaga. Conheço-a e avalizo. Posso indicá-la?” Trato feito. De pronto foi atendido. As coisas iam bem, até que a indicada foi ao “padrinho” artesão se queixar de que estava sendo assediada, exatamente por quem lhe empregou e era o portador da reciprocidade. Indignado com tudo, o artesão quis cortar o mal pela raiz e se livrar de qualquer culpa solidária naquilo em que havia metido a moça – que cá para nós, também pouco se cuidou nessa troca. Pediu ao fiador empregados para demiti-la. Nada aconteceu! Insatisfeito com o desenrolar da situação, foi mais adiante. Pediu a um amigo comum da aldeia para atrair o aldeão líder e o empregador a um encontro, num ambiente particular e reservado. E lá, surpreendido, com uma arma sobre a mesa, a conversa foi direta. “Ou demite a moça, dá um corretivo em quem tem que ser corrigido ou vai ter escândalo”.
Poder e confusão V
Um Deus nos acuda. Não teve nem um, nem outro. O aldeão líder pediu seis meses para resolver o assunto, pois tudo era muito delicado. Ou seja, o líder-banana, na verdade, provou, que estava nas mãos do assediador e que prometeu resolver e limpar tudo. Seis meses? Pediu a terceiros para fazer a gestão da crise, inclusive econômica do affair. Tudo começa no amor, mas quando termina, sai no suor, no bolso... Passados seis meses da carência pedida, finalmente o desemprego e mais uma problema: a ameaça da infelicitada de colocar a boca no trombone contra o empregado e o líder da aldeia. Uma correria de dar dó. Uma confusão de dar dó, no trabalho, na casa, no “harém” e nas viúvas do assédio. O chefe da aldeia começou a orar. Está desconfiado de que isso tudo ainda não vai terminar bem. E o revólver. Dizem que ficará tão oco, quantos os que se dizem santos na aldeia. Virão novos capítulos desta obra de ficção. O trombone das meninas. Aguardem!
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